Miopatias - Generalidades
Miopatias - Generalidades
Miopatias - Generalidades
MIOPATIAS - GENERALIDADES
Richard J. Barohn
Tradução e adaptação
Prof. Dr. João Aris Kouyoumdjian
[email protected]
Introdução
Hereditárias
Distrofias musculares
Miopatias congênitas
Miotonias e Canalopatias
Miopatias metabólicas
Miopatias mitocondriais
Adquiridas
Miopatias inflamatórias
Miopatias endócrinas
Miopatias associadas com doenças sistêmicas
Miopatias medicamentosas e tóxicas
Avaliação Clínica
O aspecto mais importante na avaliação do paciente com miopatia é a informação
obtida da história. Após a obtenção da história, o médico deve formular um
4
História
Sintomas
Negativos
Fraqueza
Sintomas de fraqueza proximal, distal ou cranial
Constante ou episódico?
Monofásico ou recidivante?
Progressivo ou não-progressivo?
Agudo, subagudo ou crônico?
Fatiga e intolerância ao exercício?
Positivos
Dor - mialgia
Cãibras
Contraturas
Rigidez ou inabilidade para o relaxamento - miotonia
Urina escura (vermelho-escura)
Idade de início
História familial
Fatores precipitantes: fármacos ou exposição a toxinas; exercício; dieta; temperatura
Exame Neurológico
Distribuição da fraqueza
Proximal: "cintura dos membros"
Proximal nos MMSS e distal nos MMII: "escápulo-peroneal"
Proximal nos MMII (Quadriceps) e distal nos MMSS (dedos e flexores do pulso): "miosite por
corpos de inclusão"
Distal: "miopatia distal"
Ocular ou faríngea
Extensores do pescoço
Atrofia ou aumento de massa muscular
Miotonia ou rigidez
História
Sintomas Negativos
Sintomas Positivos
Dor muscular (mialgia) é outra queixa não específica que acompanha certas
miopatias. Mialgias podem ser episódicas (exemplo, miopatias metabólicas) ou
quase constantes (exemplo, miopatias inflamatórias). Contudo, a dor muscular é
surpreendentemente pouco freqüente na maioria das doenças musculares e as
dores nos membros que aparecem estão mais relacionadas a desordens ósteo-
articulares. É rara uma doença muscular ser responsável pela dores vagas e
desconforto em regiões musculares na presença de exame neurológico e achados
laboratoriais normais.
Outro ponto crucial na história é a idade de início dos sintomas. A fraqueza (ou
outros sintomas) apareceu já ao nascimento ou depois durante a primeira,
7
5 - Normal.
4 - Vence a gravidade com contra-resistência diminuída ao examinador.
3 - Vence a gravidade sem contra-resistência ao examinador.
2 - Movimenta apenas sem a ação da gravidade.
1 - Contrações musculares perceptíveis sem movimentação segmentar.
0 - Plegia.
Padrões da fraqueza
Esses 6 padrões de miopatia tem limitações, mas são úteis para reduzir o
diagnóstico diferencial. Além das miopatias, outras doenças neuromusculares
podem se apresentar com algum destes padrões de fraqueza. Por exemplo,
embora a fraqueza proximal seja maior que a distal nas miopatias, pacientes com
neuropatias desmielinizantes adquiridas (síndrome de Guillain-Barrè e
polineuropatia inflamatória crônica desmielinizante), frequentemente apresentam
fraqueza proximal em igual proporção que distal; tais neuropatias apresentam,
claro, achados adicionais sensitivos e perda de reflexo, não encontrados nas
miopatias. Fraqueza ocular, faríngea e proximal em membros é característica das
doenças da junção neuromuscular como a miastenia gravis. Contudo, tais
pacientes também apresentam diplopia, fraqueza flutuante e achados laboratoriais
adicionais que conduzirão ao diagnóstico correto. A tabela 6 sumariza os pontos
de distinção entre desordens do músculos, corno anterior da medula, nervo
periférico e junção neuromuscular.
11
elevados de CK-MM são típicos de miopatia, mas a CK-MB também está elevada
nas miopatias e não indica presença de cardiopatia.
Eletromiografia (EMG)
Distribuição Geralm/ proximal e simétrica Distal, assimétrica e bulbar Distal e simétrica Extraocular, bulbar, membros proximal
Atrofia Leve início; acentuada tardia Acentuada e precoce Moderada Ausente
Fasciculações Ausentes Freqüentes Presente algumas vezes Ausente
Reflexos Ausentes tardiamente Variável Ausentes precocemente Normal
Dor Difusa na miosite Ausente Variável, distal qdo presente Ausente
Cãibras Raras Freqüentes Ocasional Ausente
Perda sensitiva Ausente Ausente Geralmente presente Ausente
CK sérica Geralmente elevada Normal ou levemente elevada Normal Normal
Biópsia muscular
Fragmento muscular pode ser obtido por meio de biópsia a céu aberto ou
procedimento fechado (agulha ou "punch"). Independente do método, o tecido
deve ser processado em laboratório especializado com pessoal treinado na
manipulação de técnicas para análise tecidual. Músculos fixados em parafina têm
pouco auxílio para o diagnóstico. Os músculos escolhidos para biópsia devem
estar moderadamente fracos, evitando-se aqueles com fraqueza grave (MRC 2);
deve-se evitar também aqueles submetidos a EMG de agulha recente. O tecido
muscular da biópsia é analisado por microscopia óptica e eletrônica, estudos
bioquímicos e estudos por genética molecular. Na maioria dos casos, o estudo por
microscopia óptica é suficiente para o diagnóstico patológico. O tecido muscular
examinado por este método é primariamente realizado usando-se material
congelado. O tecido é examinado observando-se o tamanho e forma das fibras
musculares, a distribuição dos tipos de fibras, presença de degeneração (necrose)
e regeneração das fibras musculares. Anormalidades estruturais, tais como
núcleos centrais, desorganização das miofribrilas e do sarcoplasma (exemplos,
fibras em alvo, fibras em anel, "core" centrais) e vacúolos podem ser observados.
O tecido conjuntivo e os vasos sanguíneos são observados para inflamação e
para aumento de colágeno e gordura. As colorações de ATP-ase da miosina em
pH alcalino (9,4) e ácido (pH 4,3 e 4,6) distinguem as fibras musculares 1 e 2. As
fibras musculares tipo 1 (contração lenta, resistente à fadiga e com metabolismo
oxidativo) ficam claras no pH alcalino e escuras no pH ácido. As fibras musculares
tipo 2 (contração rápida, pouco resistente à fadiga e com metabolismo glicolítico)
ficam escuras no pH alcalino e claras no pH ácido. As colorações para enzimas
oxidativas (dinucleotídeo de nicotinamida-adenina reduzida ou NADH, succinato
desidrogenase ou SDH e citocromo-c-oxidase ou COX) são úteis para
identificação de anormalidades miofibrilares ou mitocondriais. Colorações para
enzimas bioquímicas qualitativas podem ser realizadas para fosforilase e
fosfofrutoquinase. Técnicas imunológicas podem ser utilizadas para corar
proteínas musculares deficientes em algumas distrofias musculares.
O resultado da biópsia muscular pode ser útil para a diferenciação entre desordem
neuropática ou miopática. Nas desordens neuropáticas pode haver atrofia por
desnervação com fibras pequenas angulares, grupos de fibras atróficas, e, como
resultado da reinervação, grupos de fibras musculares com o mesmo tipo
histoquímico, além de fibras em alvo. Tais achados não são encontrados nas
miopatias. As anormalidades miopáticas típicas incluem núcleos centrais, fibras
musculares pequenas e hipertróficas arredondadas, fibras fendidas e fibras em
degeneração/regenerativas. Miopatias inflamatórias produzem células
inflamatórias mononucleares no tecido conjuntivo endo e perimisial entre as fibras
musculares e, ocasionalmente, ao redor dos vasos sanguíneos. A atrofia de fibras
musculares na periferia dos fascículos (atrofia perifascicular), é particularmente
comum na dermatomiosite. Miopatia crônica de longa duração pode produzir
aumento de tecido conjuntivo e gordura. Desordens mitocondriais são muito
prováveis quando aparecem as fibras rasgadas vermelhas ("ragged-red fibers") na
coloração pelo Gomori e várias anormalidades nas colorações oxidativas. As
16
Outros testes