4 - Dissidio Coletivo

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CONFLITO COLETIVO DE TRABALHO

Resolução extrajudicial

Conflito coletivo de natureza econômica é aquele em que se verifica a discussão sobre a fixação de condições de
trabalho, como reajustes, aumentos, jornadas de trabalho, a serem observados no âmbito dos contratos individuais
de trabalho. Conflito coletivo de natureza jurídica tem por objetivo a interpretação de disposição normativa
especifica da categoria.

NEGOCIAÇÃO COLETIVA DE TRABALHO - é uma série sucessiva de atos, de tratos sucessivos entre os protagonistas
de uma disputa coletiva, para a discussão das reivindicações formuladas por uma das partes à outra, desde a
preparação, o desenvolvimento e a conclusão, com a formalização de um instrumento de acordo ou o impasse,
superável pela mediação, arbitragem ou decisão judicial”.

Funções: 1) promover o diálogo pa solucionar os conflitos entre as partes, perante a divergência de interesses; 2)
criar normas que são aplicadas nos contratos individuais de trabalho; preencher lacunas da lei e estabelecer
direitos e obrigações para as partes envolvidas, ou seja, os sindicatos.

PREVISÃO LEGAL
 Artigo 7º, inciso XXVI, da CF: consagra o reconhecimento das convenções e acordos coletivos de trabalho;
 Artigo 8º, inciso VI, da CF: tornou imprescindível a presença de sindicatos de empregados e empregadores nas
negociações coletivas de trabalho;
 Artigos 611 e seguintes da CLT.
INSTRUMENTOS DA NEGOCIAÇÃO COLETIVA

• Convenção Coletiva de Trabalho – artigo 611 da CLT - é o “acordo de caráter normativo pelo qual dois
ou mais sindicatos representativos de categorias econômicas e profissionai estipulam condições de
trabalho aplicáveis, no âmbito das respectivas representações, às relações individuais de trabalho”. É
fonte formal do direito de trabalho, por estabelecer normas genéricas e abstratas, a serem aplicadas no
âmbito das relações individuais de trabalho abrangidas pelos sindicatos representantes das respectivas
categorias.

• Acordo Coletivo de Trabalho – artigo 611, § 1º, da CLT - ocorre quando dois ou mais sindicatos
representativos da categoria profissional negociam diretamente com as empresas da correspondente
categoria econômica, de forma a estipular condições de trabalho aplicáveis, no âmbito da empresa ou
empresas acordantes às respectivas relações de trabalho.

Requisitos das CCT e ACT: A natureza jurídica das act e cct é dupla: contratual e normativa. Contratual, pois é
fruto de acordo de vontades, e é normativa pois tem efeitos erga omnes, gerando direitos e obrigações para
todos os integrantes da categoria profissionais e econômicas, mesmo aos não associados. São requisitos:

a) Ato formal, deve ser celebrado por escrito, sem emendas e rasuras, em tantas vias quantos forem os
sindicatos convenentes ou as empresas acordantes, além da destinada a registro;
b) Capacidade sindical, a legitimidade para celebrar act ou cct, pressupõe capacidade sindical adquirida com o
registro sindical no MTE;
c) Quorum, art 612 CLT - para celebrar cct ou act os sindicatos deverão convocar assembleia
geral especifica com quorum de 2/3 dos associados/interessados da entidade em primeira convocação, e 1/3
na segunda convocação. Para comparecimento e votação, o quorum será de 1/8 dos associados em segunda
convocação, nas entidades com mais de 5.000 associados;
d) Vigor, art.614, § 1º, CLT – entrarão em vigor somente 3 dias após a data da entrega no MTE;
e) Publicidade, cópias autenticas deverão ser fixadas de modo visível, nas sedes dos sindicatos e empresas;
f) Deposito e registro no DRT, deverá os sindicatos e as empresas convenentes, dentre 8 dias da assinatura do
act ou cct, o deposito de uma via para fins de registro e arquivo na Secretaria de Emprego e Salário. Tal
procedimento foi normatizado pela instrução normativa 01/2004 do MTE;
g) Validade, não será permitido estipular duração de act ou cct por prazo superior a 02 anos; Art. 614. § 3o Não será
permitido estipular duração de convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho superior a dois anos, sendo
vedada a ultratividade.
h) Prazo de instauração, havendo act ou cct em vigor, novo dissídio coletivo deverá ser instaurado dentro dos 60 dias
anteriores ao termo final;

CLAUSULAS OBRIGATÓRIAS
a) Designação dos Sindicatos convenentes ou dos Sindicatos e empresas acordantes;
b) Prazo de vigência;
c) Categorias ou classes de trabalhadores abrangidas pelos respectivos dispositivos;
d) Condições ajustadas para reger as relações individuais de trabalho durante sua vigência;
e) Normas para a conciliação das divergências sugeridas entre os convenentes por motivos da
aplicação de seus dispositivos;
f) Disposições sobre o processo de sua prorrogação e de revisão total ou parcial de seus dispositivos;
g) Direitos e deveres dos empregados e empresas;
h) Penalidades para os Sindicatos convenentes, os empregados e as empresas em caso de violação de seus
dispositivos.
Observações:
 Sobreposição das ACT ‘s - Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre
prevalecerão sobre as estipuladas em convenção coletiva de trabalho.
 Prevalência da ACT ou CCT sobre a lei - Art. 611-A. A convenção coletiva e o acordo coletivo de trabalho têm
prevalência sobre a lei quando, entre outros, dispuserem sobre:
Limites da negociação coletiva - Art. 611-B. Constituem objeto ilícito de convenção coletiva ou de acordo coletivo
de trabalho, exclusivamente, a supressão ou a redução dos seguintes direitos.

CONFLITO COLETIVO DE TRABALHO -- DISSÍDIO COLETIVO

DISSÍDIO COLETIVO DE TRABALHO (DCT) - é uma ação judicial em que as partes buscam a solução de um conflito que
ultrapasse as relações individuais de trabalho (conflito coletivo). É, portanto, um dos meios de composição dos
conflitos coletivos. Disso se infere que, nos dissídios coletivos, o "interesse controvertido é de todo um grupo,
genérica e abstratamente considerado", ou seja, o interesse, no dissídio coletivo, é transindividual, e a sua solução
deverá ocorrer pela via jurisdicional. Classificação:

1. Dissídios de natureza jurídica


2. Dissídios de natureza econômica
3. Dissídios de greve.
Tem-se o dissídio econômico ou de interesse, destinado à criação, manutenção, modificação ou extinção de normas
e condições de trabalho, abrangendo o originário e o revisional;

O dissídio jurídico ou de direito, também chamado declaratório ou interpretativo, destinado à interpretação de


norma jurídica trabalhista.

O dissídio de greve, conforme o caso, assumiria dupla característica, sendo declaratório (da abusividade ou não do
movimento) e econômico (no tocante à apreciação das reivindicações dos trabalhadores), sendo um dos
exemplos de dissídio misto, por envolver conteúdo econômico e jurídico.

COMPETÊNCIA - Nos Dissídios coletivos a competência funcional e territorial transcende às varas trabalhistas. A
regra básica é a seguinte:
 se o conflito restringir-se à competência de um Tribunal Regional, é este o competente para solucioná-
lo;
 se exceder essa competência, o TST é quem vai julgar a ação.

A competência originária do dissídio coletivo é do TST, se a base territorial sindical for superior à da jurisdição de
um TRT, e é do TRT, quando o dissídio envolver categorias profissionais sob sua jurisdição. No TST, a competência
para julgamento dos dissídios coletivos é da SDC (art. 2º, Lei 7.701/1988).
Trata-se de competência hierárquica e não territorial, como possa parecer inicialmente, o que importará no
reconhecimento da incompetência pelo juiz ex officio e na remessa dos autos para o Tribunal competente. Nos TRTs
onde não há turma especializada para a solução dos conflitos coletivos, a competência para examinar os dissídios
coletivos é do pleno.

Exceção a essa regra de competência originária do TST é o Estado de São Paulo, o qual comporta os TRT da 2ª
Região e da 15ª Região.

Nesse Estado da federação, caso o dissídio envolva a jurisdição dos dois Tribunais Regionais, a competência será do
TRT da 2ª Região (Lei 7.520/1986, art. 12, I, a qual instituiu o TRT da 15ª Região, com a redação dada pela Lei
9.254/96). Caso o dissídio envolva apenas a jurisdição de um desses TRTs, a competência será do TRT.

LEGITIMIDADE:
1. sindicatos
2. federações e confederações sindicais
3. empresas individualmente
4. comissões de trabalhadores
5. tribunais
6. ministério público do trabalho
7. associações civis e profissionais

PRESSUPOSTOS PROCESSUAIS DO DISSÍDIO COLETIVO


1. Negociação prévia
2. Autorização assemblear
3. Cumprimento do estatuto do sindicato

PROCEDIMENTO - Elementos da petição Inicial:


1. Elementos objetivos:
a) edital de convocação da assembleia geral da categoria;
b) ata da assembleia geral;
c) lista de presença;
d) correspondência, registros e atas referentes à negociação coletiva tentada ou realizada diretamente ou
mediante o Ministério do Trabalho;
e) norma coletiva anterior, se o dissídio for revisional;
f) procuração passada pelo presidente do suscitante ao advogado subscritor da representação.
2. Elementos subjetivos:
a) designação da autoridade competente – Presidente do TRT ou TST;
b) qualificação dos suscitantes e suscitados;
c) bases da conciliação;
d) fundamentos da demanda.

O Dissídio Coletivo tem seu procedimento disciplinado nos arts. 856/875 da CLT, admitindo-se aplicação
subsidiária da legislação processual civil, com fulcro no art. 769, CLT. A propositura da ação é feita mediante petição
inicial escrita, formulada por um dos legitimados acima referidos, dirigida ao presidente do TRT ou TST, conforme a
abrangência territorial do conflito ou a representação das entidades sindicais que estão no pólo ativo e passivo da
relação processual. Não se admite o Dissidio coletivo verbal, pois o art. 856, CLT, impõe a forma escrita.
A conciliação é tentada numa única audiência, que é designada exclusivamente para tal fim, conduzida
pelo Presidente do Tribunal ou, segundo o Regimento Interno, por outro membro do órgão. O presidente da
audiência não fica adstrito às propostas das partes, podendo apresentar soluções que entender pertinentes ao caso
(art. 862, CLT). Havendo acordo, este será submetido ao Tribunal para ser homologado. A decisão que homologa o
acordo é também uma sentença normativa.

Frustrada a conciliação, o processo será distribuído a um relator, mediante sorteio. Em seguida será
encaminhado ao revisor e depois submetido a julgamento pelo pleno ou órgão especial. No TST, a competência
para dirimir o conflito é da SDC. O MPT emitirá parecer escrito, antes da distribuição do feito, ou oral, na sessão de
julgamento (art. 11, Lei nº 7.701/88). Segue-se a sentença normativa.

Sentença normativa
Na sentença proferida no Dissídio econômico ou de interesse, o tribunal cria direito novo ou modifica um já
existente, criado também por meio de instrumento normativo judicial (sentença normativa) ou extrajudicial
(acordo, convenção ou contrato coletivo). No Dissídio jurídico, o tribunal profere uma decisão declaratória sobre o
alcance da norma interpretada. O julgamento sempre será por órgão colegiado dos tribunais.

No caso de acordo nos autos do DCT, há quem entenda ser dispensável sua homologação, carecendo de
competência a Justiça do Trabalho para tanto, pois o acordo e a convenção coletiva (art. 614, CLT)
adquirem validade apenas com o depósito de uma via perante um dos órgãos do MTE. Assim, havendo acordo
extrajudicial, basta às partes pedirem o arquivamento do processo em face da perda do objeto.
EFEITOS E VIGÊNCIA

EFEITOS - Em face do disposto no art. 611, CLT, conclui-se que os instrumentos coletivos de trabalho, quer judiciais,
como as sentenças normativas, quer extrajudiciais, como os acordos, convenções e contratos coletivos e os laudos
arbitrais possuem efeitos erga omnes. Desta forma, as disposições estabelecidas aplicam-se a todos os integrantes
das categorias econômica e profissional, presentes e futuros, dentro dos prazos de vigência.

VIGÊNCIA - A eficácia da sentença normativa deve ser vista sob dois aspectos: o prazo de duração ou vigência e o
início deste. Embora se preveja a possibilidade de sentenças normativas com prazo de duração de até 4 anos, isto,
na prática, não tem ocorrido em razão das grandes mutações que o país atravessa em matéria de economia e com
relação às constantes alterações da legislação trabalhista, em face da malfadada globalização da economia. Assim,
os tribunais, por praxe arraigada, estabelecem o prazo de vigência das sentenças normativas por apenas um ano.

Quanto ao início da vigência, o art. 867, pár. ún., “a” e “b”, CLT, estabelece que a sentença normativa passará a
vigorar:
a) imediatamente após o término do instrumento anterior, se existente, e desde que ajuizado o DCT dentro do
prazo de 60 dias anteriores à data-base da categoria (art. 616, § 3º, CLT);
b) a partir da publicação da sentença, quando houver perda da data-base e o DCT for ajuizado além do prazo de
que trata o art. 616, § 3º, CLT;
c) da data do ajuizamento do DCT, quando for o primeiro da categoria (art. 867, pár. ún., alínea “a”, CLT).

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