Universidade Tecnológica Federal DO Paraná Departamento Acadêmico DE Eletrotécnica Engenharia Elétrica

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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ

DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE ELETROTÉCNICA


ENGENHARIA ELÉTRICA

LEONARDO VERHAGEN KAVA

RAMON MUNHOZ AMARAL

VITOR MORMUL CORREIA

DESENVOLVIMENTO DE PLATAFORMA DE MONITORAMENTO REMOTO PARA


GERADORES SÍNCRONOS

TRABAHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Curitiba
2021
LEONARDO VERHAGEN KAVA

RAMON MUNHOZ AMARAL

VITOR MORMUL CORREIA

DESENVOLVIMENTO DE PLATAFORMA DE MONITORAMENTO


REMOTO PARA GERADORES SÍNCRONOS

DEVELOPMENT OF A REMOTE PLATFORM FOR SYNCHRONOUS GENERATORS


MONITORING

Trabalho de Conclusão de Curso de


Graduação em Engenharia Elétrica
apresentado à disciplina de Trabalho de
Conclusão de Curso 2, Departamento
Acadêmico de Eletrotécnica (DAELT) da
Universidade Tecnológica Federal do
Paraná (UTFPR) como requisito para
obtenção do título de Engenheiro
Eletricista.
Orientador: Prof. Dr. Thiago de Paula
Machado Bazzo

Curitiba
2021

Esta licença permite remixe, adaptação e criação a partir do trabalho,


para fins não comerciais, desde que sejam atribuídos créditos ao(s)
autor(es) e que licenciem as novas criações sob termos idênticos.
Conteúdos elaborados por terceiros, citados e referenciados nesta obra
4.0 Internacional não são cobertos pela licença.
LEONARDO VERHAGEN KAVA
RAMON MUNHOZ AMARAL
VITOR MORMUL CORREIA

DESENVOLVIMENTO DE PLATAFORMA DE MONITORAMENTO REMOTO PARA


GERADORES SÍNCRONOS
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação
apresentado como requisito para obtenção do título de
Bacharel em Engenharia Elétrica da Universidade
Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).

Data de aprovação: 12 de agosto de 2021

___________________________________________________________________________
Prof. Thiago de Paula Machado Bazzo
Doutor
Universidade Tecnológica Federal do Paraná

___________________________________________________________________________
Prof. Bruno Akihiro Tanno Iamamura
Doutor
Universidade Tecnológica Federal do Paraná

___________________________________________________________________________
Prof. Adriano Ruseler
Doutor
Universidade Tecnológica Federal do Paraná

CURITIBA
2021
RESUMO

Este trabalho apresenta o desenvolvimento de uma plataforma remota para


monitoramento de geradores síncronos. Tendo em vista a importância dos geradores
síncronos, o objetivo é suprir as necessidades do mercado, que demanda por
sistemas integrados, ágeis e seguros. Foi realizado o levantamento das variáveis mais
importantes a serem monitoradas e os sistemas que melhor atendem ao propósito do
projeto. A plataforma de monitoramento desenvolvida é hospedada em nuvem via
Amazon Web Services (AWS) e possui interface com o usuário simples e de operação
intuitiva, com a possibilidade de ser acessada por diversos usuários através de um
site. Também foi desenvolvido um modelo responsável por gerar os dados e
disponibilizá-los em uma base de dados. Após essa etapa, foi desenvolvido o back-
end, responsável pela aquisição e tratamento dos dados. Por fim, a conexão entre
back-end e interface foi executada e a plataforma está pronta para testes e operação.
Palavras-chave: Geradores síncronos. Monitoramento. Nuvem.
ABSTRACT

This paper deals with the development of a remote platform for synchronous
generators monitoring. Knowing the important part synchronous generators have, the
objective is to fulfill the market’s needs, which demands integrated, fast and secure
systems. A research was conducted of the most important variables to be monitored
and systems that best serve the purpose of the project. The monitoring platform
developed is hosted in cloud environment via Amazon Web Services (AWS) and has
a simple and intuitive user interface, with the possibility of multiple user access through
one website. A model responsible for generating the data and making it available in a
database was also developed. Next, the back-end was developed, which is
responsible for acquiring and processing the data. Finally, the connection between
back-end and user interface was executed and the platform is ready for testing and
operation.
Keywords: Synchronous generators. Monitoring. Cloud.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Gerador de Polos Salientes................................................................................................... 18


Figura 2 – Sistema de Isolação para Alta Tensão em Máquina Síncrona .............................................. 19
Figura 3 – Rotor de Máquina Síncrona.................................................................................................. 20
Figura 4 - Descida do Rotor do Gerador Síncrono................................................................................. 21
Figura 5 – Fluxo Magnético do Gerador Síncrono................................................................................. 22
Figura 6 - Representação Campos Magnéticos ..................................................................................... 23
Figura 7 – Circuito equivalente de uma fase ......................................................................................... 25
Figura 8 – Circuito equivalente Gerador Síncrono ................................................................................ 25
Figura 9 – Diagrama fasorial com carga puramente resistiva ............................................................... 26
Figura 10 – Diagrama fasorial com carga indutiva ................................................................................ 27
Figura 11 – Diagrama fasorial com carga capacitiva ............................................................................. 27
Figura 12 - Eixo Direto e de Quadratura ............................................................................................... 28
Figura 13 - Diagrama fasorial carga indutiva Eixos Direto e de Quadratura ......................................... 29
Figura 14 - Influência Saliência de Polos ............................................................................................... 31
Figura 15 - Limite de Aquecimento de Campo ...................................................................................... 31
Figura 16 - Tensão induzida x Corrente de campo ................................................................................ 35
Figura 17 - Triângulo de Potência.......................................................................................................... 36
Figura 18 - Limite Térmico Estator ........................................................................................................ 37
Figura 19 - Limite Térmico Rotor........................................................................................................... 37
Figura 20 - Limite Máquina Primária ..................................................................................................... 38
Figura 21 - Limite Prático de Estabilidade ............................................................................................. 38
Figura 22 - Limite de Mínima Excitação ................................................................................................ 39
Figura 23 - Quadrante mágico para serviços de infraestrutura em nuvem .......................................... 42
Figura 24 - Design inicial da tela da aplicação ....................................................................................... 50
Figura 25 – Modelo de acoplamento mecânico de gerador síncrono com sistema de excitação ........ 52
Figura 26 - Adaptação das cargas no sistema para a variação de carga. .............................................. 53
Figura 27 - Cenário com variação de algumas cargas na simulação. .................................................... 54
Figura 28 - Cenário de operação ideal, com carga constante. .............................................................. 54
Figura 29 - Adaptação do sistema para exportação dos dados. ........................................................... 55
Figura 30 - Diagrama Fasorial Adaptado ............................................................................................... 56
Figura 31 – Limite de aquecimento armadura ...................................................................................... 57
Figura 32 - Adaptação Limite de aquecimento armadura .................................................................... 58
Figura 33 - Análise inicial Limite de aquecimento de Campo ............................................................... 58
Figura 34 - Diagrama fasorial com carga indutiva adaptado ................................................................ 59
Figura 35 - Diagrama fasorial do gerador síncrono de polos salientes ................................................. 60
Figura 36 - Limite de Mínima Excitação ................................................................................................ 61
Figura 37 - Limite de Estabilidade ......................................................................................................... 62
Figura 38 - Curva de Capabilidade......................................................................................................... 62
Figura 39 - Função no serviço AWS Lambda ......................................................................................... 66
Figura 40 - Visão geral do processo de CI/CD ....................................................................................... 68
Figura 41 - Visão geral da aplicação e suas tecnologias ........................................................................ 73
Figura 42 - Tela de cadastro de usuários da plataforma ....................................................................... 74
Figura 43 - Tela de acesso à plataforma................................................................................................ 75
Figura 44 - Tela principal da plataforma ............................................................................................... 76
Figura 45 - Tela de edição de limites ..................................................................................................... 77
Figura 46 - Tela com alerta para limite de potência reativa excedido. ................................................. 77
Figura 47 - Gráficos obtidos no MATLAB para a opção Multicenário. .................................................. 78
Figura 48 - Opção multicenário para os primeiros instantes. ............................................................... 79
Figura 49 - Opção multicenário para os últimos instantes. .................................................................. 79
Figura 50 – Cenário de operação ideal com informativo sobre transitório da máquina. ..................... 80
Figura 51 - Cenário de alerta capacitivo com perda de sincronismo. ................................................... 80
LISTA DE SÍMBOLOS

∅ Fluxo magnético
𝜃𝑎𝑒 Ângulo elétrico
𝜃𝑚 Ângulo mecânico
𝑝 Número de polos
𝑓𝑒 Frequência elétrica
𝑁 Número de espiras
𝐵𝑆 Campo magnético do estator
𝐵𝐿𝑖𝑞 Campo magnético líquido

𝐵𝑅 Campo magnético do rotor

𝐼𝑎̇ Corrente de armadura

𝐼𝑓 Corrente de campo

𝑅𝑎 Resistência de Armadura
𝑅𝑎𝑗 Resistência ajustável para controle de campo

𝑅𝑓 Resistência de campo

𝐿𝑓 Reatância de campo

𝑋𝑠 Reatância síncrona
𝐹𝑃 Fator de potência
𝑆 Potência aparente
𝑃 Potência ativa
𝑃𝑠𝑎í𝑑𝑎 Potência de saída
𝑃𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 Potência de entrada
𝑄 Potência reativa

𝑉∅̇ Tensão terminal

𝑉𝑓 Tensão de campo

𝑉𝑎 Tensão terminal máxima

𝐸̇𝑎 Tensão interna induzida

𝜀𝑖𝑛𝑑 Tensão induzida


𝜂 Rendimento
µ Permeabilidade magnética
𝑛 Velocidade mecânica
𝑡 Tempo
LISTA DE SIGLAS

5G Quinta geração de redes móveis


AWS Amazon Web Services
AWS RDS Amazon Web Services – Relational Database Service
CC Corrente contínua
CSS Cascading Style Sheets
DCS Distributed Control System
FP Fator de potência
GHz Giga Hertz – unidade de frequência
HART Highway Addressable Remote Transducer
HTML Hypertext Markup Language
Mpbs Megabits por segundo – unidade de transmissão de dados
RPM Rotações por minuto
Saas Software as a service
TCC Trabalho de conclusão de curso
TI Tecnologia da informação
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................11
1.1 TEMA ..................................................................................................................................................... 11
1.2 PROBLEMAS E PREMISSAS ........................................................................................................................... 12
1.3 OBJETIVOS............................................................................................................................................... 13
1.4 JUSTIFICATIVA .......................................................................................................................................... 13
1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ............................................................................................................. 14
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO ......................................................................................................................... 15
2 GERADORES SÍNCRONOS ........................................................................................................................17
2.1 ASPECTOS CONSTRUTIVOS .......................................................................................................................... 17
2.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO .................................................................................................................. 20
3 MONITORAMENTO .................................................................................................................................33
3.1 CORRENTE DE ARMADURA .......................................................................................................................... 33
3.2 VELOCIDADE ............................................................................................................................................ 34
3.3 CORRENTE DE CAMPO................................................................................................................................ 34
3.4 TENSÃO DE ARMADURA ............................................................................................................................. 35
3.5 FATOR DE POTÊNCIA.................................................................................................................................. 35
3.6 POTÊNCIAS ATIVA E REATIVA....................................................................................................................... 35
3.7 LIMITES DE OPERAÇÃO - CURVA DE CAPABILIDADE .......................................................................................... 36
4 PROGRAMAÇÃO EM NUVEM ..................................................................................................................40
4.1 MODELOS DE INFRAESTRUTURA ................................................................................................................... 40
4.2 PROVEDORES DE SERVIÇOS EM NUVEM ......................................................................................................... 41
5 DEFINIÇÕES DA APLICAÇÃO ....................................................................................................................43
5.1 ARQUITETURA DE REDE .............................................................................................................................. 43
5.2 ESCOLHA DAS LINGUAGENS DE PROGRAMAÇÃO .............................................................................................. 43
5.3 BANCO DE DADOS ..................................................................................................................................... 45
5.4 DESENVOLVIMENTO EM NUVEM .................................................................................................................. 47
6 DESENVOLVIMENTO DA APLICAÇÃO ......................................................................................................49
6.1 PREPARAÇÃO DO AMBIENTE........................................................................................................................ 49
6.2 SIMULAÇÃO DO GERADOR ........................................................................................................................... 50
6.3 TRAÇANDO CURVA DE CAPABILIDADE............................................................................................................ 55
6.4 PROGRAMAÇÃO DA APLICAÇÃO ................................................................................................................... 63
7 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................................................74
8 CONCLUSÃO ...........................................................................................................................................81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................................82
11

1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA

O estado atual de desenvolvimento da indústria é um exemplo concreto do


avanço da tecnologia na sociedade. A implementação de máquinas e motores permitiu
a manufatura de produtos antes sequer imagináveis. Durante a revolução industrial
no século XVIII seria inconcebível produzir peças de centenas de quilos com a
precisão de milímetros. Além das estruturas físicas em si, a virtualização também é
um grande passo. Um exemplo são novas tecnologias que vem substituindo hábitos
antigos, como é o caso da relação de livros e ebooks (CONNAWAY, 2003).
Ainda que essas inovações sejam benéficas, outros setores também
precisaram se desenvolver para suprir esse crescimento. Um desses setores é o
energético, especialmente aquele que envolve a energia elétrica (IEA, 2014).
A eletricidade também está presente em ambientes residenciais, comerciais
e industriais. Então, buscar o máximo aproveitamento desse recurso permite
economias que serão refletidas em todos os âmbitos onde ele é utilizado
(HOLMBERG, 2015).
A fim de se ter um aproveitamento da produção energética, é preciso ter
conhecimento do que acontece nesse meio. Com enfoque na produção, sabe-se que
só no Brasil, 90% da energia produzida provém de geradores síncronos (CARCASI,
2012).
Geradores síncronos são característicos por manter a frequência constante.
Por serem responsáveis pela geração, falhas e defeitos podem causar grandes
distúrbios no fornecimento e implicar em despesas. Para evitar esses efeitos
indesejáveis, é necessário realizar o monitoramento destes dispositivos, o que permite
mais agilidade para reagir a estes problemas (GOPINATH, 2016).
Monitorar um gerador permite ter soluções melhores, tendo maior
embasamento para detectar as causas dos problemas e decidir a melhor ação a ser
tomada. Além disso, na presença de uma base de dados histórica do equipamento, é
possível aprimorar as manutenções preventivas e preditivas, pois o histórico pode
sinalizar antecipadamente que um problema grave está por vir (GOPINATH, 2016).
12

Com a tecnologia atual, ações remotas e mais flexíveis são facilitadas, pois
os dispositivos comercializados para população em geral, como celulares e
computadores, possuem grande capacidade de processamento chegando a 4,9 GHz
(INTEL, 2021) e uma alta velocidade de transmissão de dados via Internet. Então,
diante das novas possibilidades que a tecnologia oferta, o monitoramento remoto e
em tempo real torna-se uma alternativa aos métodos de monitoramento puramente
locais como Distributed Control System (DCS), um sistema de controle distribuído de
processos industriais, e comunicação Highway Addressable Remote Transducer
(HART), um protocolo de comunicação para automação industrial com troca de dados
através de sinais analógicos via corrente.

1.1.1 Delimitação do Tema

Diante do contexto de máquinas e monitoramento, o tema é delimitado ao


monitoramento de geradores síncronos através da disponibilização dos seus
parâmetros, após tratamento das informações numéricas, à um sistema web.
O sistema tem como função permitir o monitoramento do gerador em tempo
real e remotamente, promovendo flexibilidade no acompanhamento do equipamento.
Além disso, existe um banco de dados armazenado em servidores em nuvem para
registrar o histórico do gerador, o que também permite análises passadas para auxílio
no planejamento de manutenções futuras.

1.2 PROBLEMAS E PREMISSAS

Geradores síncronos estão sujeitos a falhas, ocasionando instabilidades ou


interrupção no fornecimento de energia elétrica, por exemplo. Por isso, é necessário
monitorar tais geradores a fim de trazer ao conhecimento do operador essa
informação o mais rápido possível.
O monitoramento de processos exige muito cuidado em relação ao tratamento
de dados, pois várias etapas estão sujeitas a falhas. Etapas referentes a aquisição,
transmissão, tratamento e seleção de dados de interesse devem apresentar alta
confiabilidade para, posteriormente, permitir disponibilidade destas informações.
Já as questões de interferência, perdas de pacotes e atrasos são problemas
que podem afetar os dados e causar falhas de monitoramento e tomadas de decisão.
De forma a evitar isso, usou-se um mecanismo de análise de transitório apresentado
13

no Capitulo 6. Dessa forma a validação de valores foi realizada nas etapas de testes
para identificar valores que divergem dos valores gerados.
As possibilidades de variações nas características de saída fazem o
monitoramento ser necessário para assegurar a qualidade do fornecimento de
energia, por isso todos os parâmetros citados devem ter o mesmo nível de priorização
em um sistema de monitoramento.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Objetivo Geral

Desenvolver uma plataforma em nuvem de monitoramento remoto para


geradores síncronos.

1.3.2 Objetivos Específicos

a) Pesquisar sobre geradores síncronos, abordando os seus aspectos


construtivos e princípios de funcionamento;
b) Pesquisar sobre monitoramento de dados, definindo quais parâmetros e
porquê serão monitorados junto a interpretação de cada um;
c) Estudar a plataforma em nuvem AWS, melhorando o conhecimento nos
módulos necessários para a aplicação de banco de dados e serviços em
nuvem, assim como analisar a viabilidade econômica da utilização do
serviço;
d) Aprofundar o conhecimento através de pesquisas e estudos nas
linguagens de programação JavaScript e Python a fim de desenvolver uma
interface com o usuário e executar cálculos e funções do sistema;
e) Desenvolver a plataforma em nuvem;
f) Realizar testes da plataforma desenvolvida junto à professores.

1.4 JUSTIFICATIVA

Os geradores síncronos têm papel fundamental para a sociedade moderna,


pois 90% da energia elétrica é gerada através dessas máquinas (CARCASI, 2012).
Eles são responsáveis por controlar a tensão e frequência no sistema, logo, um
gerador pode influenciar pontualmente na tensão e frequência de um barramento.
Desta forma, um monitoramento remoto permite aquisição e gestão de dados de forma
14

eficiente, verificando se parâmetros como tensão, corrente e frequência estão dentro


das faixas de operação desejadas.
Além disso, manter um histórico de dados é de extrema importância, pois
dessa forma pode-se analisar o comportamento do gerador em situações de falhas
semelhantes no passado, ou planejar paradas estratégicas de manutenção baseando-
se na variação dos seus parâmetros.
Mais do que nunca, é importante realizar o monitoramento de forma remota
através de servidores em nuvem, pois a indústria está cada vez mais vinculada à
tecnologia e necessitada de soluções que disponibilizem as informações rapidamente
(SHIN, 2001). Além disto, o armazenamento destas informações em servidores em
nuvem é mais seguro em relação aos servidores físicos devido às redes de
redundância, ou seja, caso um dos servidores seja desconectado, outros manterão as
informações disponíveis.

1.5 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A solução proposta neste trabalho aborda um software de monitoramento,


dividido em front-end (interface com o usuário) e back-end (cálculos e tratamento dos
dados).
Foram realizados estudos bibliográficos baseado em livros, artigos, teses,
dissertações, trabalhos de conclusão de curso (TCC) e demais fontes que possam
contribuir com o trabalho a fim de desenvolver um projeto alternativo às tecnologias
de monitoramento existentes.
Os estudos em geradores síncronos abrangem seus aspectos construtivos e
princípios de funcionamento. Com essa etapa consolidada, foi possível definir os
parâmetros mais importantes a serem monitorados.
Após essa etapa, os estudos são focados no monitoramento em si, com o
objetivo de definir a melhor utilização dos dados adquiridos e apresentando a
interpretação de cada variável.
A plataforma em nuvem utilizada é a AWS (AMAZON WEB SERVICES, INC.,
2020) - Amazon Web Services - por possuir um modelo de computação escalável,
tornando aplicações com escopo pequeno e poucos desenvolvedores mais baratas
para serem desenvolvidas. A AWS também possui diversos serviços que facilitam a
programação de todo o sistema.
15

O desenvolvimento da aplicação é realizado nas linguagens de programação


JavaScript (MOZILLA DEVELOPER NETWORK, 2020), através do framework React
(FACEBOOK INC., 2020) para o front-end. Enquanto o back-end é desenvolvido na
linguagem de programação Python (PYTHON SOFTWARE FOUNDATION, 2020)
através do serviço AWS Lambda (AMAZON WEB SERVICES, INC., 2020). Toda a
programação leva em consideração as melhores práticas de versionamento de código
Git, através do serviço AWS CodeCommit (AMAZON WEB SERVICES, INC., 2020).
O banco de dados da aplicação é definido levando em consideração os tipos de dados
a serem armazenados e sua estrutura geral. O acesso do usuário ao sistema também
se dá através do AWS, agora pelo serviço Amazon Cognito (AMAZON WEB
SERVICES, INC., 2020).
Os testes preliminares da plataforma foram realizados, com o professor
orientador e membros da equipe, os quais puderam experimentar a aplicação e gerar
feedback de melhorias para a mesma.
Para os testes finais, a interface com o usuário (front-end) está disponível para
acesso através de um link e diferente usuários são capazes de acessar as
informações.

1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO

Este trabalho de conclusão de curso é dividido em 8 capítulos, sendo eles:


1. Introdução
2. Geradores Síncronos
3. Monitoramento
4. Programação em Nuvem
5. Definições da Aplicação
6. Desenvolvimento da Aplicação
7. Resultados e Discussões
8. Conclusões
O primeiro capítulo foi desenvolvido na disciplina de metodologia aplicada ao
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) e aborda o tema de forma ampla, visando
contextualizar o projeto e justificar sua necessidade para aplicações.
O segundo capítulo descreve as teorias e conceitos de máquinas síncronas,
abordando seus aspectos construtivos e princípios de funcionamento.
16

O terceiro capítulo apresenta conceitos para leitura e interpretação adequada


dos parâmetros de um gerador síncrono, assim como a melhor forma para
apresentação dos dados.
O quarto capítulo tem como objetivo mostrar as opções de desenvolvimento
e provedores de servidores em cloud disponíveis no mercado e comparações desse
modelo com um modelo de arquitetura de rede mais conservador.
A consolidação das informações descritas nos capítulos anteriores e a
definição das tecnologias que serão utilizadas no desenvolvimento está apresentadas
no quinto capítulo.
O sexto capítulo tem como objetivo detalhar o desenvolvimento da interface
de usuário em si, do simulador computacional do gerador síncrono e da curva de
capabilidade do gerador síncronos.
A apresentação dos resultados alcançados em cada etapa do projeto estão
presentes no sétimo capítulo.
No último capítulo, as conclusões tiradas após o fim de todo o ciclo de
desenvolvimento são apresentadas.
17

2 GERADORES SÍNCRONOS

As máquinas síncronas são aplicadas em diversas modalidades de geração


de energia elétrica, as mais populares são citadas a seguir:

a) As termoelétricas, que podem usar carvão ou biomassa como combustível


ou ainda usinas nucleares. Estas usinas aproveitam a energia cinética do
vapor de alta pressão proveniente da caldeira para girar as pás de um
turbo gerador;
b) As hidroelétricas que utilizam a diferença de potencial de reservatórios de
água ou declives naturais passando por uma turbina que deverá girar suas
pás para gerar energia elétrica;
c) E, por fim, um modelo que vem se destacando nos últimos anos: a energia
eólica que utiliza a energia cinética dos ventos para girar suas pás
acopladas ao gerador e gerar energia elétrica.

Como a principal matriz energética do país é a energia hidroelétrica, esse


trabalho terá como foco os geradores utilizados nesse modelo de geração que são os
geradores de polos salientes com rotor bobinado. Esse capítulo tem como objetivo
apresentar os aspectos construtivos de um gerador síncrono de polos salientes e
apresentar o seu princípio de funcionamento.

2.1 ASPECTOS CONSTRUTIVOS

Um gerador síncrono tem como principais componentes o rotor e o estator. O


primeiro é responsável pela geração do campo magnético e o segundo pela criação
de tensão induzida em suas bobinas, a fim de permitir que uma corrente alternada
seja fornecida à carga.
No que diz respeito à construção de um gerador, deve-se levar em
consideração o material magnético do rotor e do estator. Esse material deve ter uma
alta permeabilidade magnética (µ) para que o fluxo magnético tenha um caminho
facilitado nesse sentido. Isso permite também que o projetista modele a forma dos
campos magnéticos e distribua-os segundo as exigências do projeto (FITZGERALD,
18

2014). A Figura 1 mostra um corte transversal de um gerador síncrono com quatro


polos salientes.

Figura 1 – Gerador de Polos Salientes

Fonte: Fitzgerald, 2014

O estator possui três partes principais: Carcaça; Núcleo Ferromagnético e as


Bobinas.
A Carcaça tem como principais funções apoiar, proteger e resfriar o gerador.
Em algumas máquinas o resfriamento pode contar com o suporte de um ventilador ou
até mesmo trocadores de calor (ar-água ou ar-ar). A carcaça pode ser construída nos
tipos horizontal e vertical (conforme orientação do eixo da máquina) e com grau de
proteção de acordo com as necessidades do ambiente. Em sua maioria, as carcaças
são construídas em chapas e perfis de aço soldado, formando um conjunto sólido e
robusto que é a base estrutural da máquina e suporta esforços mecânicos de vibração
e curtos-circuitos (WEG, 2015).
O Núcleo Ferromagnético possui ranhuras onde são alojadas as bobinas e é
construído de forma laminada, isolando uma chapa da outra para diminuir os efeitos
das correntes parasitas. Essas correntes são basicamente correntes induzidas em
materiais condutores pelo campo variante no tempo e são causas de perdas de
potência e aquecimento (FITZGERALD, 2014).
A bobinas do estator, ou de armadura, são constituídas de cobre e são nelas
onde, devido ao campo magnético girante gerado pelo rotor, a tensão é induzida. Para
máquinas de baixa tensão (até 1000 V) (NBR 5410, 2004), o isolamento das bobinas
de cobre é realizado através de um esmalte isolante. Para máquinas de maior tensão,
utiliza-se camadas de fita de mica e outros isolantes, como mostrado na Figura 2
(RODRIGUES, A., 2010).
19

Figura 2 – Sistema de Isolação para Alta Tensão em Máquina Síncrona

Fonte: Adaptado de Vonroll, 2020.

O rotor também é composto por três componentes principais: eixo; polos e


bobinas de campo, como representado na Figura 3.
O eixo é constituído de aço forjado a fim de apresentar uma estrutura
homogênea e resistente. Sua função é realizar a transferência de energia cinética da
turbina para o gerador. Esse eixo é apoiado em mancais que, dependendo da
aplicação, podem ser de rolamento ou mancais de deslizamento (WEG, 2015). Além
disso, é no eixo onde se acoplam ventiladores de resfriamento nas máquinas
autoventiladas.
Os polos, assim como o Núcleo Magnético do estator, são formados por
lâminas isoladas uma chapa da outra para diminuir os efeitos das correntes parasitas.
Para máquinas síncronas de polos salientes o entreferro é variável, vide Figura 1, e
são nesses polos que são enroladas as bobinas do rotor (enrolamento de campo).
As bobinas do rotor, ou de campo, também são de cobre, mas têm uma função
bem diferente das bobinas do estator. Neste enrolamento é imposta corrente contínua
com o objetivo único de gerar um campo magnético radial. Esse campo é responsável
pela indução de tensão nas bobinas do estator quando a máquina possui rotação,
embora o mesmo campo também pode ser gerado através de imãs permanentes.
20

Figura 3 – Rotor de Máquina Síncrona

Fonte: Bueno, 2017.

2.2 PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

Esse capítulo descreve em linhas gerais o funcionamento de geradores


síncronos aplicados a usinas hidroelétricas. Para auxiliar na visualização do estudo, a
Figura 4 mostra uma fotografia da instalação do rotor da usina hidroelétrica mais
conhecida do Brasil: a Usina Hidroelétrica de Itaipu Binacional.
Em uma usina hidroelétrica, a energia é gerada através de um gerador
síncrono de polos salientes e rotor bobinado. A primeira etapa para gerar energia
utilizando um gerador síncrono é produzir o campo magnético no rotor, o que ocorre
ao se aplicar uma corrente contínua CC nos terminais dos enrolamentos de campo,
gerando um campo magnético contínuo.
Em seguida, abre-se as comportas de água que passam por uma turbina e
fazem o eixo girar. Assim o campo gerado no passo anterior, em referência aos
enrolamentos de armadura, passa a ser variante no tempo.
A consequência da etapa anterior é a indução de tensão nos enrolamentos de
armadura. Devido ao campo magnético variante no tempo, os enrolamentos de
armadura passam a ter uma tensão induzida.
Acoplando uma carga ao gerador, uma corrente de armadura surge e flui pela
carga. Essa corrente de armadura gera um campo magnético conhecido como reação
de armadura, que interage com o campo gerado pelo rotor e causa dois efeitos: cria
um conjugado que se opõe ao sentido de rotação, dificultando assim o movimento de
giro; altera a tensão terminal, se a carga for indutiva, a reação de armadura reduz
21

significativamente a tensão terminal, se a carga for capacitiva, a tensão terminal se


eleva.
O controle da frequência ocorre através do ajuste da vazão de água na
turbina, a fim de fornecer mais potência ativa e suprir a demanda da nova carga. O
controle da tensão ocorre ajustando a corrente de campo que altera o valor da tensão
interna induzida.

Figura 4 - Descida do Rotor do Gerador Síncrono

Fonte: Acervo Histórico Itaipu, 1984

Com a visão geral de um gerador síncrono estruturada através do estudo de


caso, pode-se abordar de forma mais específica cada tópico dos princípios de
funcionamento.
Com o objetivo de gerar um campo magnético no rotor, aplica-se uma corrente
CC no enrolamento de campo o que criar um fluxo magnético que flui radialmente do
rotor para o estator e de volta para o rotor. Assim que o eixo começa a girar, o campo
magnético passa a ser visto pelas bobinas de armadura por ele enlaçadas como
variante no tempo (FITZGERALD, 2014), como representado de forma simplificada na
Figura 5:
22

Figura 5 – Fluxo Magnético do Gerador Síncrono

Fonte: Fitzgerald, 2014

Esse fluxo magnético tem como objetivo gerar tensão induzida nos
enrolamentos de armadura. Em sistemas trifásicos, as tensões das diferentes fases
devem ser defasadas em 120º elétricos, por isso se faz necessário estabelecer uma
correlação entre graus mecânicos e elétricos.
Para uma máquina com mais polos é usual considerar o comportamento de
um par de polos e converter a unidade de medida de graus mecânicos para graus
elétricos em que um par de polos corresponde a 360 graus elétricos (FITZGERALD,
2014), tem-se:
𝑝
𝜃𝑎𝑒 = ( ) . 𝜃𝑚 (1)
2
onde:
𝑝 – Número de polos
𝜃𝑎𝑒 – Ângulo elétrico
𝜃𝑚 – Ângulo mecânico
Em linhas gerais, uma máquina de 2 polos terá suas bobinas de armadura
defasadas fisicamente em 120º, sendo assim, a tensão trifásica gerada possui uma
defasagem de 120º elétricos entre si.
De forma análoga, pode-se definir a frequência elétrica (𝑓𝑒) da tensão de
armadura como uma correlação da velocidade angular mecânica (RPM) e o número
de polos (FITZGERALD, 2014):
𝑝 𝑛
𝑓𝑒 = ( ) . (2)
2 60
onde:
𝑛 – Velocidade mecânica (rpm)
23

Com a relação entre velocidades elétrica e mecânica definida, é possível


determinar a tensão induzida aplica-se a Lei de Faraday, como segue:
𝑑∅
𝜀𝑖𝑛𝑑 = −𝑁. ( ) (3)
𝑑𝑡
onde:
𝑁 – Número de espiras
∅ – Fluxo Magnético
Considera-se o sinal negativo na equação 3 para indicar que a força
eletromotriz é induzida em oposição a variação do fluxo magnético.
O campo magnético líquido é a resultante entre o campo magnético do rotor
e do estator (se operando a vazio o campo magnético do estator é zero, logo o campo
líquido é igual ao campo do rotor).
A Figura 6 mostra vetorialmente o campo do rotor (𝐵𝑅 ) e o campo do estator
(𝐵𝑆 ). E a resultante do campo magnético líquido (𝐵𝐿𝑖𝑞 ). Como consequência de se
conectar uma carga ao gerador, ocorre a reação de armadura que em outras palavras,
é a corrente que circula na armadura criando um campo magnético que interage com
o campo do rotor dificultando o movimento de giro.
A reação de armadura é responsável por alterar o módulo e ângulo do vetor
𝐵𝑙𝑖𝑞 , causando assim alterações na frequência e na tensão terminal.

Figura 6 - Representação Campos Magnéticos

Fonte: Chapman, 2013

Devido a variação angular entre os campos, o conjugado magnético se altera,


dificultado o movimento de giro do gerador, o que altera sua frequência. Para ajustar
24

a frequência adaptando-o à nova condição, deve-se aumentar a velocidade mecânica


de giro da máquina primária, dessa forma ajustando a frequência elétrica de acordo
com a equação 2.
Outra consequência da reação de armadura é a alteração da tensão terminal.
Isso ocorre devido a alteração da corrente de armadura que gera o campo magnético
do estator 𝐵𝑆 , tendo como consequência a alteração do 𝐵𝐿𝑖𝑞 . A fim de corrigir a tensão
para seus valores nominais se ajusta a corrente de campo, fazendo com que o campo
𝐵𝑅 , compense a alteração em 𝐵𝑆 .

2.2.1 Circuito Equivalente

Por se tratar de circuitos magnéticos, o gerador possui uma indutância que


precisa ser levada em consideração para definir o circuito equivalente. Sendo ela a
composição da indutância do rotor, do estator e a indutância mútua entre elas.
Combinando essas indutâncias, tem-se a indutância síncrona (FITZGERALD, 2014).
Além da indutância síncrona, deve-se considerar também uma resistência de
armadura devido ao longo comprimento que a corrente elétrica deve percorrer que
causa uma queda de tensão que não pode ser ignorada.
Com o objetivo de simplificar o equacionamento e apresentação conceitual de
geradores. Será apresentado inicialmente o equacionamento para um gerador
síncrono de polos lisos e em seguida as equações serão desenvolvidas para
contemplar o gerador síncrono de polos salientes.
Para mensurar a tensão terminal deve-se descontar a queda de tensão devido
a reatância síncrona, proveniente da indutância síncrona, e a resistência de armadura.
Equacionado da seguinte forma:
𝑉∅̇ = 𝐸̇𝑎 − 𝑗𝑋𝑠 𝐼𝑎̇ − 𝑅𝑎 𝐼𝑎̇ (4)
Onde:
𝑉∅ – Tensão Terminal
𝐸𝑎 – Tensão Interna Induzida
𝑋𝑠 – Reatância Síncrona
𝑅𝑎 – Resistencia de Armadura
𝐼𝑎 – Corrente de Armadura
Pela lei das tensões de Kirchhoff se tem o circuito equivalente conforme Figura
7:
25

Figura 7 – Circuito equivalente de uma fase

Fonte: Adaptado de Chapman, 2013

O mesmo se aplica para as demais fases. Além disso, há uma semelhança


para o circuito equivalente de campo, conforme Figura 8:

Figura 8 – Circuito equivalente Gerador Síncrono

Fonte: Adaptado de Chapman, 2013


26

Onde:
𝐼𝑓 – Corrente de Campo
𝑉𝑓 – Tensão de Campo
𝑅𝑎𝑗 – Resistencia ajustável para controle de campo
𝑅𝑓 – Resistencia de campo
𝐿𝑓 – Reatância de campo
Adotada a premissa que o gerador será conectado em estrela, por se tratar
de um sistema trifásico, a corrente terminal é igual a corrente de armadura e a tensão
terminal de linha é igual a √3 vezes a tensão terminal por fase.

2.2.2 Diagrama Fasorial

Um diagrama fasorial representa vetorialmente as relações de uma fase entre


as grandezas de um gerador (FITZGERALD, 2014). Considerando que as fases são
simétricas e equilibradas, o circuito equivalente da Figura 7 é referência dos
diagramas fasoriais apresentados a seguir.

2.2.2.1 Carga puramente resistiva


Um gerador conectado à uma carga puramente resistiva não sofre defasagem
angular entre o ângulo de corrente e tensão terminais. Onde 𝛿 representa esse ângulo
de carga, como mostra na Figura 9:

Figura 9 – Diagrama fasorial com carga puramente resistiva

Fonte: Chapman, 2013

2.2.2.2 Carga indutiva


Uma carga indutiva tem o comportamento de atrasar a corrente com relação
a tensão, assim o ângulo de carga fica defasado. Essa carga causa um efeito de
desmagnetização no gerador que deve ser compensado por um aumento na corrente
27

de campo a fim de manter a tensão terminal constante (WEG, 2017), conforme Figura
10:

Figura 10 – Diagrama fasorial com carga indutiva

Fonte: Chapman, 2013

2.2.2.3 Carga capacitiva


Uma carga capacitiva tem o comportamento de adiantar a corrente com
relação a tensão, assim o ângulo também fica defasado. Essa carga causa o efeito
magnetizante no campo indutivo que deve ser compensado por uma diminuição na
corrente de campo a fim de manter a tensão terminal constante (WEG, 2017), ilustrado
na Figura 11:

Figura 11 – Diagrama fasorial com carga capacitiva

Fonte: Chapman, 2013

Por fim, através do diagrama fasorial é possível obter da curva de capabilidade


de um gerador síncrono. O funcionamento de uma máquina síncrona em regime
permanente é descrito pelas interrelações existentes entre a tensão terminal, a
corrente de campo, a corrente de armadura, o fator de potência e o rendimento
(FITZGERALD, 2014).
A curva de capabilidade de um gerador síncrono fornece os carregamentos
máximos de potência reativa correspondentes a diversas cargas de potência ativa
operando na tensão terminal nominal (FITZGERALD, 2014). Essa curva fornece
28

informações valiosas como suporte tanto no planejamento do sistema quanto na


operação do gerador.
Antes de apresentar a curva de capabilidade se faz necessário definir os
conceitos de eixo de quadratura e direto. Esses eixos tem como objetivo decompor os
vetores das variáveis, tornando possível analisar as reações de cada componente de
forma segregada como apresentado na Figura 12. Dessa forma facilitando cálculos e
a representação dos diagramas fasoriais (CHAPMAN, 2013).

Figura 12 - Eixo Direto e de Quadratura

Fonte:Adaptada de Chapman, 2013

Assim tem-se a tensão total do estator como:


𝑉𝑓̇ = 𝐸𝑓̇ + 𝐸𝑑̇ + 𝐸𝑞̇ − 𝑅𝑎 . 𝐼𝑎̇ (5)
Onde 𝐸𝑑 é a componente de eixo direto da tensão de reação de armadura e
𝐸𝑞 é a componente de eixo em quadratura da tensão de reação de armadura. Cada
tensão de reação de armadura é diretamente proporcional à sua corrente de armadura
e está atrasada de 90° em relação à corrente do estator, assim tem-se que:
𝐸𝑑̇ = −𝑗𝑋𝑑 𝐼𝑑̇ (6)
𝐸𝑞̇ = −𝑗𝑋𝑞 𝐼𝑞̇ (7)
Combinando as equações 5, 6 e 7. A tensão total do estator torna-se:
𝑉𝑡̇ = 𝐸𝑓̇ − 𝑗𝑋𝑑 𝐼𝑑̇ − 𝑗𝑋𝑞 𝐼𝑞̇ − 𝑅𝑎 𝐼𝑎̇ (8)
De forma análoga para as reatâncias tem-se:
𝑋𝑑 = 𝑥𝑑 + 𝑋𝑚 (9)
𝑋𝑞 = 𝑥𝑞 + 𝑋𝑚 (10)
29

Por fim, a determinação da potência aparente é dada por:


𝑆 = 𝑉𝑡̇ 𝐼𝑎∗̇ (11)
Desconsiderando a resistência de armadura ,sabe-se:
𝐼𝑎̇ = 𝐼𝑞̇ + 𝐼𝑑̇ = 𝐼𝑞 − 𝑗𝐼𝑑 (12)
Logo, tem-se:

𝑆 = 𝑉𝑡 < −𝛿. (𝐼𝑞 − 𝑗𝐼𝑑 ) (13)

𝑆 = 𝑉𝑡 < −𝛿. (𝐼𝑞 + 𝑗𝐼𝑑 ) (14)


Através de análise de malhas tem-se:
𝐸𝑓 − 𝑉𝑡 cos 𝛿
𝐼𝑑 = (15)
𝑋𝑑
𝑉𝑡 sin 𝛿 (16)
𝐼𝑞 =
𝑋𝑞
Substituindo (15) e (16) em (14):
𝑉𝑡2 𝐸𝑓 𝑉𝑡 𝑉𝑡2
𝑆= sin 𝛿 < −𝛿 + < (90° − 𝛿) − cos 𝛿 < (90° − 𝛿) = 𝑃 + 𝑗𝑄 (17)
𝑋𝑞 𝑋𝑑 𝑋𝑞
Assim obtêm-se as potencias ativa e reativa como segue:
𝐸𝑓 𝑉𝑡 𝑉𝑡2 . (𝑋𝑑 − 𝑋𝑞 )
𝑃= sin 𝛿 + sin 2𝛿 (18)
𝑋𝑑 2𝑋𝑑 𝑋𝑞
𝐸𝑓 𝑉𝑡 sin2 𝛿 cos 2 𝛿 (19)
𝑄= cos 𝛿 − 𝑉𝑡2 ( + )
𝑋𝑑 𝑋𝑞 𝑋𝑑
Assim o novo diagrama fasorial para uma carga indutiva, desconsiderando o
efeito da resistência de armadura, se dá como apresentado na Figura 13.

Figura 13 - Diagrama fasorial carga indutiva Eixos Direto e de Quadratura

Fonte: Adaptada de Castro 2014


30

Por fim obtêm-se tensão interna induzida como segue:


𝐸𝑓̇ = 𝑉𝑡̇ + 𝑗𝐼𝑑̇ 𝑋𝑑 + 𝑗𝐼𝑞̇ 𝑋𝑞 (20)
A curva de capabilidade pode ser traçada a partir da Figura 13, onde o limite
de aquecimento de armadura é definido pelo limite de aquecimento dos
enrolamentos de armadura. Assim, as variáveis a serem consideradas são tensão
terminal e corrente de armadura.
Logo da Figura 13, traça-se uma circunferência com centro em O e raio igual
ao produto de tensão terminal e corrente de armadura. Dessa forma tem-se que o
limite de aquecimento de armadura é determinado pela máxima potência que a
máquina é capaz de fornecer (PEDRO DA COSTA JR., 2010).
O limite de aquecimento de campo, representa o limite de aquecimento dos
enrolamentos do rotor, responsáveis pela geração do campo magnético.
Diferente da máquina síncrona de polos lisos, a máquina de polos salientes
com excitação constante apresenta para cada valor do ângulo de potência 𝛿 um
segmento assimétrico para a tensão de excitação, por isso além do limite máximo de
aquecimento deve-se considerar o efeito de saliência de polo no limite de excitação
mínima (PEDRO DA COSTA JR., 2010).
O limite de campo tem o mesmo ponto de origem que o diagrama fasorial
adicionando o efeito de saliência de polos. Para obter a curva em termos de potência,
𝑉𝑡
deve-se multiplicar a equação (20) por , assim obtem-se distância entre o ponto O
𝑋𝑑

𝑉𝑡2
e a origem é a soma de e o efeito de saliencia. De forma análoga ao limite de
𝑋𝑞

armadura, esse limite também pode ser representado como uma circunferência.
No entanto, por se tratar de uma máquina de polos salientes, essa
circunferência que define o limite possui um raio variável. O segmento O”O’ na Figura
14 representa o diâmetro de uma circunferência e determina a influência da saliência
dos polos. Para máquinas de polos lisos onde 𝑋𝑑 = 𝑋𝑞 , logo não possui tal
característica, além disso a Figura 14 desconsidera a resistência de armadura.
31

Figura 14 - Influência Saliência de Polos

Fonte: Adaptada de Castro (2014).

A partir do ponto O” são traçadas diversas retas que cruzam a circunferência


de diâmetro O”O’. O ponto de intersecção dessas n retas com a circunferência
determina um ponto F e a partir desse ponto F se adiciona um segmento de reta de
𝐸𝑓 𝑉𝑡
modulo igual a 𝑂′𝐵 = .
𝑋𝑑

Logo, a curva de limitação térmica de campo se dá pela linha tracejada


externa apresentada na Figura 15:

Figura 15 - Limite de Aquecimento de Campo

Fonte: Adaptado de PEDRO DA COSTA JR., 2010

Além dos limites térmicos apresentados, deve se considerar três limites


adicionais. O limite da turbina, que diz respeito a capacidade máxima de
32

fornecimento de potência da turbina ou máquina primária. Trata-se de uma reta


horizontal que limita a potência ativa que o gerador pode fornecer.
O limite de mínima excitação, necessária para atender pré-condições de
funcionamento do gerador e pode ser considerada entre o intervalo de 5 a 10% da
corrente nominal de campo (IEEE, 2005).
Por fim o limite de estabilidade do gerador síncrono é o limite de operação
para que o gerador não perca o acoplamento magnético entre seus campos, dessa
forma perdendo sincronismo. Quanto maior a diferença angular entre os campos
maior é o conjugado, para maquinas de polos lisos esse limite máximo teórico é de
90°. Ultrapassado o ângulo de 90°, a tendência do campo magnético do rotor será se
alinhar com o campo magnético do estator no sentido oposto de giro, perdendo assim
o sincronismo. Porém, em uma máquina de polos salientes existe o torque de
relutância que altera esse limite máximo (MONTICELLI, 2003).
O limite de estabilidade para máquinas de polos salientes possui uma
variação de acordo coma tensão interna induzida. O ponto de máxima potência ativa
pode ser determinado através da potência de sincronização (OLIVEIRA, 1999) dada
como mostra a equação 42:
𝑑𝑃 (21)
𝑃𝑆 =
𝑑𝛿
Aplicando (21) em (18):
𝐸𝑓 𝑉𝑡 𝑉𝑡2 . (𝑋𝑑 − 𝑋𝑞 ) (22)
𝑃𝑆 = cos 𝛿 + cos 2𝛿
𝑋𝑑 𝑋𝑑 𝑋𝑞
O limite teórico de estabilidade se dá para 𝑃𝑆 = 0, ou seja, determinar o cada
ângulo que torna a equação (44) verdadeira.
𝐸𝑓 𝑉𝑡 𝑉𝑡2 . (𝑋𝑑 − 𝑋𝑞 ) (23)
0= cos 𝛿 + cos 2𝛿
𝑋𝑑 𝑋𝑑 𝑋𝑞
33

3 MONITORAMENTO

Com base no histórico comportamental de uma máquina em operação, se


levantam as características sobre ela. Existem certas características que se tornam
periódicas e, através do monitoramento, criam-se dados que evidenciam isso.
Um exemplo de aplicação do monitoramento é através da relação de uso de
uma máquina e o desgaste de suas peças. Dado que, quanto mais se exige de uma
máquina, mais suas peças se desgastam, ao levantar o histórico de uso da máquina
é possível planejar a revisão ou troca dessas peças (CAVALCANTE, 2005). Então,
com o monitoramento, os parâmetros obtidos da máquina, assim como os calculados
a partir de tais parâmetros também se tornam úteis para outras ações relacionadas.
Outras ações podem ser manutenções preditiva e preventiva, controle ou até mesmo
aplicação de outras tecnologias, como aprendizado de máquina que identifica padrões
para auxiliar a manutenção (KANAWADAY, 2017).
A fim de detalhar o que será monitorado, a seguir estão as variáveis
relevantes, de forma direta ou indireta, para o levantamento da curva de capabilidade.

a) Corrente de armadura;
b) Velocidade;
c) Corrente de campo;
d) Tensão terminal;
e) Fator de potência;
f) Potência ativa;
g) Potência reativa.

Esse capítulo apresenta a motivação para seleção de cada variável e como


interpreta-las. Por fim, o objetivo principal desse capítulo é estabelecer o escopo de
monitoramento delimitado à apresentação da curva de capabilidade em plataforma
para o usuário e outros parâmetros relevantes.

3.1 CORRENTE DE ARMADURA

A corrente de armadura deve ser monitorada com o objetivo de acompanhar


o acoplamento de cargas, pois a mudança de tais cargas ocasiona um aumento na
34

corrente para suprir a nova demanda de potência e verificar se está dentro do limite
de corrente definido pelo fabricante, que se ultrapassado causará sobreaquecimento
e em um caso extremo o rompimento dos condutores. Além disso a potência aparente
(S) é calculada pela multiplicação fasorial da corrente de armadura pela tensão
terminal, conforme Equação 6 (FITZGERALD, 2014).

3.2 VELOCIDADE

É necessário monitorar a velocidade, pois é desse fator que se obtém a


frequência do gerador, fator de grande relevância para a estabilidade do barramento
em que está acoplado. Para regular a velocidade é necessário operar a abertura e
fechamento de válvulas de água para o caso de uma usina hidroelétrica.

3.3 CORRENTE DE CAMPO

A corrente de campo é responsável por gerar o campo magnético do rotor, por


isso a tensão interna induzida no estator é diretamente ligado a ela, como mostrado
na Figura 16. Quando uma grande carga é acoplada ou removida do sistema, a tensão
terminal sofre uma variação, motivo pelo qual é importante monitorar essa variável.
Em cargas isoladas, para suprir essa variação deve ser realizado um ajuste
na corrente de campo a fim de trazer a tensão novamente para seus valores nominais.
Conectado à rede, a corrente de campo tem outra função muito importante, o
controle de potência reativa pelo gerador síncrono, sendo capaz de absorver ou gerar
reativos. Considerando uma carga indutiva, quando o gerador é sobrexcitado, produz
um campo magnético maior, que por sua vez induz uma tensão nos enrolamentos de
armadura maior que a tensão terminal, assim ele fornece potência reativa. Por outro
lado, quando subexcitado, produz um campo magnético menor, que por sua vez induz
uma tensão nos enrolamentos de armadura menor que a tensão terminal, absorvendo
potência reativa (NEVES, 2013).
35

Figura 16 - Tensão induzida x Corrente de campo

Fonte: Fitzgerald, 2014

3.4 TENSÃO DE ARMADURA

A tensão de armadura, assim como a corrente de armadura, deve ser


monitorada com o objetivo de acompanhar o acoplamento de cargas. A adição de
carga reduzirá a tensão, logo se faz necessário verificar se o parâmetro está dentro
do limite de operação definido previamente com variação de 5% da tensão nominal
(FITZGERALD, 2014).

3.5 FATOR DE POTÊNCIA

O fator de potência (𝐹𝑃) é determinado dependendo se o gerador está


alimentando carga isolada, ou conectado à rede (FITZGERALD, 2014). Podendo ser
indutivo ou capacitivo dependendo das características da carga, se operando
isolado, ou da excitação de campo, se o gerador estiver conectado à rede. É
importante monitorar essa variável, pois o fator de potência permite acompanhar o
aproveitamento da potência gerada, usualmente o 𝐹𝑃 deve ficar entre 0,8 e 0,9
(FITZGERALD, 2014).
Ignorando o fator de distorção, FP = cos 𝜃, onde 𝜃 é o ângulo de defasagem
entre tensão terminal e corrente de armadura.

3.6 POTÊNCIAS ATIVA E REATIVA

A potência ativa é a potência responsável pelo fornecimento de trabalho


de um sistema. Por sua vez, a potência reativa é gerada pelas características
indutivas da carga e não é capaz de gerar trabalho.
36

As potências ativa, reativa e aparente fornecidas a uma carga se


relacionam entre si pelo triângulo de potência mostrado na Figura 17 (CHAPMAN,
2013).

Figura 17 - Triângulo de Potência

Fonte: Chapman, 2013

Onde novamente 𝜃 é o ângulo de defasagem entre tensão e corrente. Por


relações trigonométricas se obtém as potências ativa e reativa a partir da potência
aparente.

3.7 LIMITES DE OPERAÇÃO - CURVA DE CAPABILIDADE

Nessa seção cada limite da curva de capabilidade foi abordado com o objetivo
de apresentar sua função e o comportamento da plataforma desenvolvida durante a
operação, os limites são representados pelas áreas escuras nas figuras.

3.7.1 Limite Térmico Estator

O limite térmico do estator delimita o máximo de temperatura que os


isolamentos dos enrolamentos de armadura são capazes de suportar, apresentado na
Figura 18, caso esse limite seja ultrapassado os isolamentos se degradam o que pode
causar curto circuitos.
A plataforma de monitoramento apresenta um alarme que é acionado se esse
limite for ultrapassado por mais de 5 segundos, notificando em forma de janela
flutuante na interface.
37

Figura 18 - Limite Térmico Estator

Fonte: Autores, 2021

3.7.2 Limite Térmico Rotor

O limite térmico do rotor, assim como o limite térmico do estator, delimita o


máximo de temperatura que os isolamentos dos enrolamentos de campo são capazes
de suportar, apresentado na Figura 19, caso esse limite seja ultrapassado os
isolamentos se degradam o que pode causar curto circuitos.
A plataforma de monitoramento apresenta um alarme, que é acionado se esse
limite for ultrapassado por mais de 5 segundos, notificando em forma de janela
flutuante na interface.

Figura 19 - Limite Térmico Rotor

Fonte: Autores, 2021

3.7.3 Limite Máquina Primária

O limite da máquina primária delimita o máximo de potência mecânica que ela


é capaz de fornecer ao gerador, como apresentado na Figura 20.
38

A plataforma de monitoramento apresenta um alarme, que é acionado se esse


limite for ultrapassado por mais de 5 segundos, notificando em forma de janela
flutuante na interface.

Figura 20 - Limite Máquina Primária

Fonte: Autores, 2021

3.7.4 Limite Prático de Estabilidade

O limite prático de estabilidade é determina o limite de operação do gerador


sem que perca o acoplamento magnético entre seus campos, dessa forma perdendo
sincronismo, apresentado na Figura 21.
A plataforma de monitoramento apresenta um alarme que é acionado assim
que o valor predefinido através da curva for ultrapassado, notificando em forma de
janela flutuante na interface.

Figura 21 - Limite Prático de Estabilidade

Fonte: Autores, 2021


39

3.7.5 Limite de Mínima Excitação

O limite de mínima excitação determina a corrente de campo mínima


necessária para atender pré-condições de funcionamento do gerador. Considerada
entre o intervalo de 5 a 10% da corrente nominal de campo (IEEE, 2005)., limite
apresentado na Figura 22.
A plataforma de monitoramento apresenta um alarme. Acionado se esse limite
for ultrapassado por mais de 5 segundos, notificando em forma de janela flutuante na
interface.

Figura 22 - Limite de Mínima Excitação

Fonte: Autores, 2021


40

4 PROGRAMAÇÃO EM NUVEM

4.1 MODELOS DE INFRAESTRUTURA

A infraestrutura de rede de computadores e servidores vem avançando de


maneira cada vez mais agressiva e rápida com o passar dos anos e a necessidade
de mais poder de processamento, armazenamento e, consequentemente,
manutenção, espaço físico e resfriamento acabou levando diversas empresas a
adotarem o modelo em nuvem (KRATZKE, 2012).
Um modelo já bastante consolidado, principalmente quando se trata de
gigantes da tecnologia mundiais é chamado de on premise, no qual a empresa realiza
a gestão de seus próprios servidores, com espaço físico adequado para tais, equipe
de TI e manutenção devidamente treinadas, entre outros gastos iniciais (FISHER,
2018).
Já o modelo emergente da última década é o chamado de Software as a
Service (SaaS), ou seja, o software desenvolvido pela empresa funciona como um
serviço, tornando a gestão de infraestrutura algo feito por uma empresa externa, ou
seja, na nuvem, fazendo com que a aplicação seja acessada diretamente pela Internet
(RABETSKI e SCHNEIDER, 2013).
Apesar de ser o modelo emergente, esse não vem sem suas desvantagens e,
é claro, suas vantagens, assim como o modelo on premise, que também possui suas
qualidades e defeitos.

4.1.1 Vantagens e Desvantagens

Apesar do modelo on premise estar sendo cada vez menos utilizado, devido
principalmente ao fato de que as empresas criadas mais recentemente - as chamadas
de start-ups - que possuem um capital inicial muito menor, ele ainda possui suas
vantagens, o que faz com que muitas empresas mantenham esse modelo.
Esse modelo permite uma autonomia com relação à Internet, pois com
servidores dedicados, pode-se criar acessos diretos através de redes privadas, ao
invés de depender sempre da conexão com a Internet. Permite também um maior
controle sobre a infraestrutura em si, sem necessitar de contato ou assistência de
pessoas de fora de sua organização para realizar melhorias ou customizações
maiores nos softwares. Uma das principais vantagens é a maior segurança dos dados,
41

pois o acesso pode ser extremamente restritivo quando controlado pela empresa em
si, ao invés de controlado por uma empresa externa, a qual pode possuir acesso a
seus dados (FISHER, 2018).
Porém, existem desvantagens na utilização desse modelo. Questões de
conformidade de regras internas e externas, além de regulações em alguns ramos
específicos como saúde podem apresentar dificuldades adicionais para a gerência de
dados locais. Há também um grande aumento do risco de perda de dados,
principalmente por não haver redundância dos dados, possuindo ao máximo um
backup, porém presente no mesmo local físico. Como principal desvantagem, a
limitação da escalabilidade de toda a arquitetura e o enorme custo inicial e constante
envolvido em comprar todo o equipamento necessário, contratar e treinar uma equipe
de TI e realizar a manutenção acaba servindo como uma desvantagem crucial para a
decisão de levar a plataforma deste trabalho para a nuvem.
Já um ambiente online, ou seja, na nuvem, também não está livre de
desvantagens. O acesso realizado pela Internet significa que a qualidade dessa ditará
a experiência do usuário a esse ambiente, sendo uma má conexão ou até mesmo a
falta dela crucial para acesso de diversos dados. Os custos, apesar de possuírem um
valor muitas vezes menor que o investimento inicial de um ambiente on premise, pode
escalar rapidamente assim que o uso da plataforma ganhe cada vez mais acessos.
Além disso, os dados em si podem ser acessados por uma empresa terceira, podendo
gerar algum vazamento, as vezes causado até mesmo pelos próprios funcionários da
companhia contratante da plataforma de nuvem (FISHER, 2018).

4.2 PROVEDORES DE SERVIÇOS EM NUVEM

O ano de 2020 veio com grande avanço por parte de provedores de serviços
em nuvem, devido a um aumento da necessidade de serviços disponíveis de maneira
online e escaláveis para grande quantidade de acessos (ALASHHAB, ANBAR, et al.,
2020).
Segundo a Gartner, gigante de consultoria na área de tecnologia, a disposição
no mercado para empresas do ramo são as mostradas na Figura 23 (BALA, GILL, et
al., 2020):
42

Figura 23 - Quadrante mágico para serviços de infraestrutura em nuvem

Fonte: Adaptado de Gartner Research, 2020.

De maneira geral, as empresas representadas como de nicho realizam


soluções somente em algumas partes do mundo, como é o caso do Alibaba Cloud e
Tencent Cloud, enquanto as outras duas oferecem serviços somente para empresas,
não possuindo uma habilidade de execução profunda o suficiente para caracteriza-los
como desafiantes. Além disso, estas não apresentam uma completude de visão, ou
seja, uma gama de serviços suficiente para determinar elas como visionárias, segundo
o estudo.
As três líderes do mercado são nomes muito conhecidos do mundo da
tecnologia e, por oferecerem serviços para pessoas físicas e jurídicas, além de
servirem o mundo todo, possuindo tanto uma boa abrangência de serviços quanto a
competência para executá-las.
43

5 DEFINIÇÕES DA APLICAÇÃO

5.1 ARQUITETURA DE REDE

Após a comparação e discussão de vantagens e desvantagens entre os dois


modelos mais utilizados de arquitetura de rede de computadores, on premise e em
nuvem, a decisão se dá pela arquitetura cloud.
As vantagens da nuvem são decisivas para levar o projeto apresentado neste
trabalho para ela, principalmente pela questão financeira, no qual conforme menor o
projeto e sua utilização em massa, menor o custo, ao invés de um enorme
investimento inicial, flexibilizando os gastos conforme a realidade dos
desenvolvedores. Além da clara vantagem monetária, a velocidade de implantação e
a redundância dos dados e constantes backups realizados na nuvem também são de
grande importância para o objetivo e escopo do trabalho apresentado nesse
documento, pois o tempo de desenvolvimento é bastante limitado e possuir uma série
temporal com diversos dados é de grande interesse para o usuário final da aplicação.
Sobre os provedores de serviços em nuvem, devido ao conhecimento pessoal
dos integrantes da equipe através de contato prévio, além de ser a opção com maior
gama de serviços atualmente no mercado, somado ao fato de possuir faixa de
utilização grátis para diversos destes, o provedor Amazon Web Services (AWS) foi
escolhido para este trabalho. A AWS conta com os serviços necessários para que o
trabalho realize seu objetivo, permitindo que o projeto não possua custos elevados,
principalmente no início de seu ciclo de desenvolvimento. Além disso, é a plataforma
que possui o maior número de usuários, o que permite o acesso à uma base de dados
e informações maiores que em outros provedores, facilitando o desenvolvimento,
também.

5.2 ESCOLHA DAS LINGUAGENS DE PROGRAMAÇÃO

Uma das partes mais importantes é a escolha da linguagem de programação


adequada para a aplicação a ser desenvolvida, levando em consideração a
experiência que os desenvolvedores possuem, se suas capacidades se adequam ao
requerido pelo projeto e se existem bibliotecas que possam facilitar ou dar suporte a
funcionalidades chaves da aplicação.
44

Essa decisão é sempre dividida em front-end e back-end. O primeiro é a parte


web da aplicação, ou seja, a parte visual e que interage diretamente com o usuário,
representando os dados tratados de maneira que agrade mais o cliente do serviço. Já
o back-end funciona como o servidor da aplicação, interagindo e gerenciando o banco
de dados, realizando cálculos e tratamento de dados, autenticações de serviço, assim
como comunicação com outras plataformas ou sites.

5.2.1 Linguagem escolhida para o Front-end

O front-end possui a função demostrar e determinar como mostrar as


informações para o usuário, de uma maneira que esse se sinta o mais confortável
possível dentro da aplicação, realizando suas interações da maneira mais intuitiva
possível.
Para realizar isso, existem algumas linguagens de programação no mercado.
Uma das linguagens mais famosas e antigas é o HTML, Hypertext Markup Language,
que já está em sua quinta versão e é considerado como o padrão oficial da web
(SILVA, 2018).
Apesar disso, o HTML não oferece suporte à conteúdos dinâmicos, o que
deixa a linguagem altamente restrita. A partir desse problema, o JavaScript foi criado
para trabalhar em conjunto com o HTML para trazer diversos conteúdos dinâmicos
para as páginas atuais. Juntamente com essas linguagens, o CSS, Cascading Style
Sheets, trabalha para facilitar a parte de estilização de toda a aplicação, visando
compor o kit de ferramentas necessárias para desenvolver as páginas web atuais
(SILVA, 2018).
Porém, a junção de todos esses mecanismos pode deixar o processo de
criação de uma aplicação bastante complicado, e é por essa razão que existem alguns
frameworks disponíveis no mercado que permitem centralizar e facilitar esse
desenvolvimento, como Angular, Vue.js e React, todas baseadas na linguagem de
programação JavaScript (MARIANO, 2017).
A partir destas opções, levando em consideração o conhecimento pessoal dos
membros da equipe, o framework escolhido foi o React, o qual possui características
bastante parecidas com os outros, porém por ser mantido pelo Facebook, possui
sempre novas versões e grande engajamento da comunidade (AGGARWAL, 2018).
O React permite que a aplicação carregue entre diversas páginas sem sair de
dentro de um encapsulamento principal, fazendo com que seu desempenho seja muito
45

bom. O grande número de bibliotecas que podem ser utilizadas em conjunto com ele
também chama atenção, o que facilita a construção de telas adequadas para os
usuários e os gráficos que a aplicação necessitará (AGGARWAL, 2018).

5.2.2 Linguagem escolhida para o Back-end

Como o próprio nome diz, trata-se da “parte de trás” da aplicação, a qual


permite que o usuário realize requisições para outros sistemas, aplicações, para o
banco de dados do sistema e, além disso, permite que esse realize cálculos e trate os
dados antes de interagirem com o banco de dados.
As linguagens de programação disponíveis para a parte de back-end são
ainda mais variadas que as presentes no mercado para front-end, contando com
linguagens bastante antigas e já consolidadas através do uso em empresas gigantes
de tecnologia, como Java, C# e PHP, até linguagens mais recentes, como Node.js e
Python.
A linguagem de programação que será utilizada é a Python e para realizar
essa decisão, levou-se novamente em consideração o conhecimento pessoal dos
desenvolvedores do projeto, porém aliado com grandes vantagens com relação ao
tipo de cálculos e tratamentos de dado que serão feitos pela aplicação.
Python é uma linguagem de programação que realiza cálculos matemáticos
bastante complexos de maneira relativamente simples, possuindo diversas bibliotecas
que o ajudam, além de possuir uma excelente interação com o provedor de nuvem
escolhido, o Amazon Web Services.

5.3 BANCO DE DADOS

A fim de registrar os valores medidos de tensão, corrente e outros parâmetros


para o processamento do sistema, será utilizado um banco de dados para
armazenamento das informações.

Um banco de dados é uma coleção de dados relacionados. Os


dados são fatos que podem ser gravados e que possuem um significado
implícito. Por exemplo, considere nomes, números telefônicos e endereços
de pessoas que você conhece. Esses dados podem ter sido escritos em uma
agenda de telefones ou armazenados em um computador, por meio de
programas como o Microsoft Access ou Excel. Essas informações são uma
coleção de dados com um significado implícito, consequentemente, um banco
de dados (ELMASRI, 2011).
46

Com a utilização da plataforma em nuvem AWS, a escolha do banco de dados


se restringiu àqueles ofertados pelo provedor.
Pela decisão de armazenamento de tensão, corrente, potências, velocidade e
temperatura, a escolha foi de um banco de dados relacional. As opções se resumiram
àquelas vinculadas a AWS RDS, isto é, o serviço de banco de dados relacionais da
plataforma (Relational Database Service).

Um banco de dados relacional é um tipo de banco de dados que


armazena e fornece acesso a pontos de dados relacionados entre si. Bancos
de dados relacionais são baseados no modelo relacional, uma maneira
intuitiva e direta de representar dados em tabelas. Em um banco de dados
relacional, cada linha na tabela é um registro com uma ID exclusiva chamada
chave. As colunas da tabela contêm atributos dos dados e cada registro
geralmente tem um valor para cada atributo, facilitando o estabelecimento
das relações entre os pontos de dados (ORACLE, 2021).

Dentre as opções, estão listadas na plataforma os seguintes bancos de dados:

a) Amazon Aurora
b) PostgreSQL
c) MySQL
d) MariaDB
e) Oracle
f) Microsoft SQL Server

Em função do trabalho estar em uma fase de desenvolvimento, sem a


aplicação em escala do mesmo, todas as opções são capazes de atender os requisitos
técnicos de operação. Caso o volume de dados fosse maior devido a um maior número
de máquinas monitoradas, o estudo teria que considerar questões como volume de
dados armazenados e velocidade de acesso aos mesmos.
A escolha se restringiu a dois fatores de comparação: custos e acessibilidade.
Por custos, refere-se ao valor monetário que cada serviço exige para sua utilização.
Para acessibilidade, refere-se ao acesso de informações e documentações para
melhor desenvolvimento do projeto.
Devido ao fato da plataforma AWS fornecer 1 ano de serviço gratuito de
alguns de seus serviços com limitações, a decisão de banco de dados se limitou
àqueles que se enquadram nesse contexto. Dentre os serviços gratuitos, para bancos
de dados relacionais, as limitações são o tipo de instância, as horas de uso mensais
47

e capacidades de armazenamento. Ainda com estas limitações, todos os bancos


atendem as necessidades do projeto.
Abaixo estão listados os bancos que apresentam o uso gratuito:

a) PostgreSQL
b) MySQL
c) Oracle
d) Microsoft SQL Server

Considerando a acessibilidade de cada banco de dados, ou seja, sua


disponibilidade de documentações e informações, todos têm suas respectivas
documentações disponíveis ao público. O MySQL, por ser amplamente utilizado
(STACKOVERFLOW, 2021), ter mais registros de aplicações, soluções e casos na
rede, foi o banco escolhido para o projeto.

5.4 DESENVOLVIMENTO EM NUVEM

Todas as definições mencionadas anteriormente servem de base para toda a


aplicação, porém para realizar a conexão e levar tudo o que for desenvolvido
localmente para a nuvem, será utilizado o Serverless Framework, uma ferramenta
utilizada para prover e implantar os diversos serviços para os servidores da nuvem
em si.
Dessa maneira, as configurações, funções e parâmetros definidos ficam todos
centralizados e são disponibilizados para todos os desenvolvedores, ao invés de
descentralizados dentro do portal da AWS, fazendo com que a manutenção e
alteração desses serviços possa ser realizada de maneira mais rápida e eficaz.
Como uma maneira de organização e gerência de projetos, será utilizado o
software Jira, o qual ajuda com modelos de desenvolvimento ágil, pois arquitetura em
nuvem permite e funciona muito bem com ciclos de desenvolvimentos curtos e
iterativos. Juntamente com o Jira, outra tecnologia que será utilizada visando facilitar
a organização dos desenvolvedores é o Git, um sistema de controle de versões
distribuídas que serve desde projetos pequenos a projetos enormes (GIT
COMMUNITY, 2021), algo que atende perfeitamente as necessidades para a
aplicação em questão.
Assim, as escolhas realizadas para o desenvolvimento da aplicação, são:
48

e) Amazon Web Services como provedor de serviços em nuvem;


f) MySQL como banco de dados da aplicação;
g) Python como linguagem de programação para o back-end da aplicação.
h) Serverless Framework como uma maneira de configurar e manter
alterações de arquitetura da aplicação;
i) React como framework para desenvolvimento front-end, o qual se utilizará
das linguagens HTML, CSS e JavaScript;
j) Jira como uma ferramenta para organização de sprints de metodologia ágil
de desenvolvimento de software;
k) Git como ferramenta para versionamento de código para acesso local e
remoto;

Portanto, com uma combinação dessas diversas ferramentas mencionadas, a


aplicação será desenvolvida e disponibilizada através da Internet para que haja
acesso necessário por qualquer parte interessada.
49

6 DESENVOLVIMENTO DA APLICAÇÃO

6.1 PREPARAÇÃO DO AMBIENTE

O desenvolvimento se iniciou com a criação da conta na plataforma AWS, no


qual houve um estudo mais detalhado sobre quais e em que capacidade os serviços
são disponibilizados sem custo pela Amazon, para que houvesse um planejamento
maior de utilização dos recursos.
Houve, também, a criação do projeto no Jira, para organização de tarefas que
devem ser realizadas por toda a equipe, a qual já deu início em sprints iniciais do
desenvolvimento, realizando tarefas de estudo e aprofundamento em algumas
tecnologias a serem utilizadas.
Foi realizado também um breve teste de comunicação do banco de dados
escolhido para a aplicação, para certificação que o mesmo será adequado. Além
disso, houve o estudo sobre uma aplicação base, feita com as mesmas tecnologias
utilizadas neste trabalho, como um meio de se aprofundar no conhecimento destas.
Outro estudo realizado pela equipe foi um comparativo com outras aplicações,
para que a parte visual da aplicação se assemelhasse àquelas utilizadas no mercado.
A parte de dashboards, porém, foi substituída pela curva de capabilidade do gerador
síncrono, a qual possui maior complexidade de realização e leitura, porém oferece
informações mais valiosas para os usuários da aplicação. Foi então realizado um
primeiro esboço da tela principal, assim como algumas funcionalidades iniciais, as
quais seriam o dashboard inicial da aplicação, mostrando a curva de capabilidade do
gerador síncrono, além de uma tela para configuração de alertas e uma tela para
escolha de diferentes simulações, como mostra a Figura 24:
50

Figura 24 - Design inicial da tela da aplicação

Fonte: Adaptado de (PEDRO DA COSTA JR., 2010)

6.2 SIMULAÇÃO DO GERADOR

Com a finalidade de gerar uma base de dados válida para o teste do sistema
de monitoramento de geradores síncronos, o software MATLAB foi utilizado para uma
simulação.
O programa permite a execução de cálculos e roteiros a partir da programação
de linhas de código (MATHWORKS, 2021g). Além disso, o Simulink, uma ferramenta
anexada ao MATLAB, também foi utilizado. Este tem por finalidade modelar e simular
sistemas lineares e não lineares através de diagramas de blocos (MATHWORKS,
2021e).
Vale ressaltar que devido ao esforço computacional para a simulação dos
dados, foram realizadas diversas simulações e estas armazenadas em tabelas no
banco de dados. Parte das simulações realizadas levaram até 30 vezes mais tempo
do que o intervalo simulado, isto é, para 10 segundos de simulação foram 300
segundos passados. Porém, no cenário de simulação instantânea do gerador ou
conexão a uma máquina real, a visualização dos dados seria em tempo real, somado
o tempo de tráfego de dados.
51

6.2.1 MATLAB

No MATLAB foi desenvolvido um roteiro para execução da simulação do


modelo de gerador presente no Simulink, para depois realizar a extração dos dados
desejados e então exportá-los para o banco de dados. Com as informações no banco,
essas tornam-se disponíveis para o consumo do sistema de monitoramento.
De forma mais detalhada, para a simulação foram feitas configurações como
tempo de simulação, tipo de passo e filtragem dos dados a serem exportados ao
banco de dados.
Por tempo de simulação e filtragem de dados, referem-se a configurações que
definem o tempo que a simulação é executada e quais dados são enviados ao banco
de dados, respectivamente.
Por tipo de passo, define-se o comportamento que um intervalo entre um
ponto e o próximo simulado assume, podendo ser variável ou fixo (MATHWORKS,
2021f). No caso da simulação do gerador, foi utilizado um passo variável, uma vez
que, ao acioná-lo, o transitório resulta em significativas oscilações. Com muitas
oscilações, o passo é minimizado para compreender todos os pontos do sistema. Um
passo constante e pequeno poderia ser utilizado, porém acarretaria em um excesso
de dados desnecessários gerados em cenários de regime permanente.
Já para o banco de dados, foi aberta a conexão com o MySQL e o
apontamento para a tabela desejada. Posteriormente, após a simulação, os dados
são exportados para a tabela informada e a conexão é fechada. A conexão é fechada
já que bancos de dados podem ter limitações de conexões abertas (MATHWORKS,
2021c).

6.2.1.1 Simulink
Dentro do Simulink existem diversos tipos de blocos para a simulação. Alguns
podem ter finalidade para uso matemático, como o controle de sinais abstratos. Já
outros podem ter finalidade de simulação de características físicas, como motores e
geradores.
Alguns blocos que atuam como máquina síncrona foram cogitados, porém não
há uma padronização. Alguns disponibilizam apenas determinados parâmetros do
bloco ou requerem um funcionamento que não se adequa ao necessário no trabalho.
Por exemplo, um não informa as impedâncias necessárias para o cálculo da curva de
capabilidade. E outro necessita estar conectado a um outro bloco que representa um
52

barramento infinito e, portanto, o bloco de gerador não é sensível à variação de carga


(supõe-se que o bloco de máquina síncrona tenha finalidade de motor).

Figura 25 – Modelo de acoplamento mecânico de gerador síncrono com sistema de excitação

Fonte: MATHWORKS, 2021b.

O modelo denominado Mechanical Coupling of Synchronous Generator with


Exciter System (MATHWORKS, 2021b), traduzido como modelo de acoplamento
mecânico de gerador síncrono com sistema de excitação e ilustrado na Figura 25, foi
utilizado. O sistema possui um gerador síncrono alimentado por um modelo que
fornece potência mecânica através de um bloco de gerador a diesel e, para a tensão
de campo, um subsistema com outro gerador síncrono e retificadores atua como
excitatriz. O Simscape presente no nome é uma biblioteca que reúne vários blocos
para simulação física no Simulink.
Para utilização do modelo basta a instalação da biblioteca Simscape, que
pode ser incluída durante a própria instalação do MATLAB. Com a biblioteca, basta a
execução do comando power_SM_exciter que o modelo será carregado no Simulink.
Com a parte funcional do gerador existente, este foi adaptado no lado de
consumo de potência. As cargas foram alteradas para que o sistema de
monitoramento pudesse ter diversos cenários a serem validados e apresentados.
Exemplo de alguns desses casos são atuação no ponto de operação ideal, ponto de
operação fora dos limites do gerador, ou operação no lado indutivo ou capacitivo da
curva.
53

Além do uso de diferentes tipos de cargas, isto é, resistiva, capacitiva e


indutiva, o uso de chaves também foi utilizado para simular cenários com cargas que
variam ao longo do tempo, conforme Figura 26.

Figura 26 - Adaptação das cargas no sistema para a variação de carga.

Fonte: adaptado de MATHWORKS, 2021b.

Em função da presença das chaves, a variação da carga resultou em saltos


para cada chaveamento, comportamento visível na Figura 27. O uso de outros blocos
para a simulação foi avaliado para uma transição contínua de carga, porém pelos
blocos pertencerem ao conjunto Simscape, não foi possível acoplar blocos do
Simulink de simulações matemáticas (MATHWORKS, 2021a). A Figura 28 ilustra um
caso onde não houve fechamento ou abertura de chaves.
54

Figura 27 - Cenário com variação de algumas cargas na simulação.

Fonte: Autores, 2021

Figura 28 - Cenário de operação ideal, com carga constante.

Fonte: Autores, 2021


55

Finalizado o modelo para simulação do gerador, na Figura 29 mostra os sinais


desejados direcionados a um bloco de escopo (MATHWORKS, 2021d). Com a
utilização desse bloco foi possível a configuração de exportação de dados ao roteiro
executado no MATLAB acionando a seção log data to workspace, onde ocorre a
filtragem e exportação ao banco.

Figura 29 - Adaptação do sistema para exportação dos dados.

Fonte: adaptado de MATHWORKS, 2021b.

6.3 TRAÇANDO CURVA DE CAPABILIDADE

Para a obtenção da curva de capabilidade considerou-se tensão, corrente de


campo e frequência constantes. Assim, esse trabalho inicia a obtenção da curva de
capabilidade baseada no procedimento apresentado por Pedro da Costa Jr., 2010.
Onde a partir do diagrama fasorial adaptado, que desconsidera a resistência de
armadura, Figura 30, traça-se o limite de aquecimento de armadura:
56

Figura 30 - Diagrama Fasorial Adaptado

Fonte: Adaptada de Castro (2014).

Por analise trigonométrica tem-se que os triângulos destacados são


semelhantes. Logo pode se obter a seguinte relação:
𝑂′𝐷 𝑂𝐴
= (24)
𝐷𝐸 𝐴𝑆
Substituindo os segmentos pelas suas grandezas tem-se:
𝐼𝑑 𝑋𝑑 𝐼𝑑
= (25)
𝐼𝑞 𝑋𝑞 𝐼𝑞 + 𝐵𝑆
Isolando BS:
𝐵𝑆 = (𝑋𝑑 − 𝑋𝑞 )𝐼𝑞 (26)
Assim para determinar o segmento AS combina-se a equação 12 com o valor
da Figura 30:
𝐴𝑆 = 𝐴𝐵 + 𝐵𝑆 = 𝑋𝑞 𝐼𝑞 + (𝑋𝑑 − 𝑋𝑞 )𝐼𝑞 = 𝑋𝑑 𝐼𝑞 (27)
Dessa forma aplicando relações trigonométricas pode-se determinar OS como
segue:
𝑂𝑆 = 𝑋𝑑 𝐼𝑎 (28)
Novamente por relações trigonométricas tem-se:
𝐴𝑆 𝐵𝑆
= (29)
𝑂𝑆 𝐶𝑆
Substituindo os segmentos pelas suas grandezas tem-se:
𝑋𝑑 𝐼𝑞 (𝑋𝑑 − 𝑋𝑞 )𝐼𝑞
= (30)
𝑋𝑑 𝐼𝑎 𝐶𝑆
Isolando CS:
𝐶𝑆 = (𝑋𝑑 − 𝑋𝑞 )𝐼𝑎 (31)
57

Da Figura 30 sabe-se que OS é a soma de OC com CS e OC é a subtração


OS com CS. Dessa forma tem-se:
𝑂𝐶 = 𝑋𝑑 𝐼𝑎 − (𝑋𝑑 − 𝑋𝑞 )𝐼𝑎 (32)
𝑂𝐶 = 𝑋𝑞 𝐼𝑎 (33)
A definição de OC e CS são determinantes para relacionar a corrente de
armadura com o limite de aquecimento. Do diagrama fasorial da Figura 30 variando o
fator de potência de -90° a 90° o fasor 𝐼𝑎̇ descreve o semicirculo centrado em O e raio
𝑂𝑆 = 𝑋𝑑 𝐼𝑎 expresso na Figura 31 que determina o limite de aquecimento de armadura.

Figura 31 – Limite de aquecimento armadura

Fonte: Adaptada de Castro (2014).

Tendo em vista a necessidade de expressar as variáveis em termos de


𝑉𝑡
potência, pode se realizar a seguinte operação, multiplicando a equação (20) por 𝑋𝑑

como descrito no Capítulo 2, tem-se:


𝑉𝑡 𝑉𝑡2 𝑉𝑡
𝐸𝑓̇ = + 𝑗𝐼𝑑̇ 𝑉𝑡 + 𝑗𝐼𝑞̇ 𝑋𝑞 (34)
𝑋𝑑 𝑋𝑑 𝑋𝑑
Aplicando a nova parametrização na Figura 31 tem-se a Figura 32:
58

Figura 32 - Adaptação Limite de aquecimento armadura

Fonte: Adaptada de Castro (2014).

Por fim, pode-se expressar OS como:


𝑉𝑡
𝑂𝑆 = 𝑋𝑑 𝐼𝑎 = 𝑉𝑡 𝐼𝑎 (35)
𝑋𝑑
Seguindo para a determinação do limite de aquecimento do campo, deve-se
considerar a tensão de excitação constante. Partindo da Figura 32 traça-se uma reta
paralela à O’B até o eixo Q. perpendicular a essa nova linha traça-se a linha C’O’ como
mostra a Figura 33:

Figura 33 - Análise inicial Limite de aquecimento de Campo

Fonte: Adaptada de Castro (2014).


59

Da Figura 33 sabe-se que:


𝐸𝑓 𝑉𝑡
𝐶 ′ 𝑆 = 𝑂′𝐵 = (36)
𝑋𝑑
Por se tratar de uma máquina de polos salientes, deseja-se obter a distância
entre O” e O’ que determina o efeito de saliência de polos como apresentado no
Capitulo 2, para isso se faz necessário alguns passos prévios como segue:
𝑋𝑞
𝐵𝑆 = 𝑂′𝐶′ = 𝑉𝑡 𝐼𝑞 (1 − ) (37)
𝑋𝑑
Analogamente ao que foi realizado na determinação do limite de armadura
𝑉
multiplica-se AB por 𝑋𝑡 , assim:
𝑑

𝑋𝑞 𝑉𝑡2
𝐴𝐵 = 𝑂𝑋 = 𝑉𝑡 𝐼𝑞 = sin 𝛿 (38)
𝑋𝑑 𝑋𝑑
Da Figura 33:
𝐴𝐵 𝑂′𝐶′
sin 𝛿 = = (39)
𝑂𝑂′ 𝑂"𝑂′
Isolando O”O’ tem-se a equação 40 que determina o efeito de saliência de polo:
1 1
𝑂"𝑂′ = 𝑉𝑡2 ( − ) (40)
𝑋𝑞 𝑋𝑑
Novamente da Figura 33 deseja-se determinar o centro da curva de limite de
aquecimento do campo:
𝑉𝑡2
𝑂"𝑂=O"𝑂′ + 𝑂′𝑂 = (41)
𝑋𝑞
Como o modelo de máquina utilizado e máquinas físicas não fornecem a
tensão interna induzida 𝐸𝑓 de forma direta é necessário obtê-la de forma analítica.
Para obter maior precisão no valor calculado considerou-se todos os fatores da
máquina, incluindo resistência de armadura, asisim tem-se a Figura 34:

Figura 34 - Diagrama fasorial com carga indutiva adaptado

Fonte: Autores, 2021


60

Assim, seguindo o diagrama fasorial pode-se determinar a tensão interna


induzida.
𝐸𝑓 = 𝑉𝑞 + 𝐼𝑞 𝑅𝑎 + 𝑋𝑑 𝐼𝑑 (42)
Adicionalmente é necessário determinar as correntes de eixo direto e de
quadratura. Para isso deve-se inicialmente determinar o ângulo de carga 𝛿 obtido
através de relações trigonométricas da Figura 35:

Figura 35 - Diagrama fasorial do gerador síncrono de polos salientes

Fonte: SEN, 2013

𝐼𝑎 .𝑋𝑞 .cos ∅−𝐼𝑎 .𝑅𝑎 sin ∅


𝛿 = tan−1 (𝑉𝑡 ) (43)
+𝐼𝑎 .𝑋𝑞 sin ∅+𝐼𝑎 .𝑅𝑎 cos ∅
√3

Determinado o ângulo de carga 𝛿, obtêm-se as correntes de eixo direto e de


quadratura como segue:
𝐼𝑑 = 𝐼𝑎 sin Ψ = 𝐼𝑎 sin(∅ − 𝛿) (44)
𝐼𝑑 = 𝐼𝑎 cos Ψ = 𝐼𝑎 cos(∅ − 𝛿) (45)
Como mencionado no Capitulo 2, o limite de campo possui um raio variável
devido ao efeito de saliência dos polos. No entanto para simplificar a representação,
pode-se considerar que o limite de aquecimento de campo se dá por uma
circunferência centrada em O” com raio como mostra a equação:
𝑟 = 𝑂"𝑂′ + 𝑂′𝐵 (46)
1 1 𝐸𝑓 𝑉𝑡 (47)
𝑟 = 𝑉𝑡2 ( − )+
𝑋𝑞 𝑋𝑑 𝑋𝑑
O limite da turbina, que se trata de uma limitação física de fornecimento de
potência, esse limite independe dos parâmetros do gerador, no entanto é usual levar
em consideração o fator de potência do gerador para garantir que será capaz de
operar nesse ponto, para esse trabalho definiu-se o limite como 95% da potência
aparente do gerador.
61

O limite de mínima excitação, como mencionado no Capitulo 2, deve


atender às pré-condições de funcionamento do gerador e se considerado 10% da
corrente nominal de campo. Corresponde a um círculo centrado em O”, de raio 𝑟′
como mostra a equação 48:
1 1 𝐸𝑓 𝑉𝑡 (48)
𝑟 ′ = 0,1. 𝑉𝑡2 ( − ) +
𝑋𝑞 𝑋𝑑 𝑋𝑑
Dessa forma obtém-se a curva representada na Figura 36:

Figura 36 - Limite de Mínima Excitação

Fonte: Autores, 2021

O limite de estabilidade do gerador síncrono, como citado no Capitulo 2, é o


limite de operação para que o gerador não perca o acoplamento magnético entre seus
campos, dessa forma perdendo sincronismo. Para delimitar a curva que define o limite
de estabilidade de forma empírica segue-se o seguinte procedimento:
A partir da curva O”O’ na Figura 37, que representa o efeito de saliência dos
polos. Traça-se linhas retas dos pontos O” e O’, tangenciando a curva de saliência
dos polos. Em seguida traça-se novas circunferências tangenciando as mesmas retas
com intervalo entre elas de aproximadamente 37,5% da potência aparente da
máquina escolhida.
Os pontos onde as retas tangenciam as circunferências a direita são
marcados como O1, O2, etc. Em seguida traça-se linhas que unem o ponto O” aos
pontos O1, O2, etc. Que cortam as circunferências em H1, H2, etc. A curva que
delimita o limite de estabilidade é traçada conectando os pontos H0, H1 e etc. (PEDRO
DA COSTA JR., 2010). Onde H0 é o ponto de raio máximo vertical da curva O”O’.
Como representado na Figura 37:
62

Figura 37 - Limite de Estabilidade

Fonte: Autores, 2021

Existem diversas formas de se obter o limite prático de estabilidade. O método


adotado nesse trabalho foi deslocar a curva de limite teórico do ponto O” para o ponto
médio entre O” e O’. Obtendo uma aproximação fiel e simplificada.
Assim com todos os limites definidos, tem-se a representação completa da
curva de capabilidade, apresentada na Figura 38.

Figura 38 - Curva de Capabilidade

Fonte: Autores, 2021


63

6.4 PROGRAMAÇÃO DA APLICAÇÃO

Como mencionado e justificado em capítulos anteriores, a programação da


aplicação foi realizada utilizando a infraestrutura provida pela plataforma de serviços
de computação em nuvem Amazon Web Services (AWS) e utilizando como
linguagens de programação Python para desenvolvimento back-end e JavaScript
através do framework React, para desenvolvimento front-end. Para auxílio no
desenvolvimento, foram utilizadas também algumas ferramentas, como Serverless
Framework para orquestração de serviços utilizados dentro da gama da plataforma
AWS e Git para versionamento e gerenciamento de código a fim de compartilhar entre
membros da equipe.

6.4.1 Centralização e orquestração de serviços

O Serverless Framework permite desenvolver, implantar e proteger


aplicações sem servidor gerenciado (serverless) de maneira simplificada, oferecendo
uma interface de linha de comando grátis para utilização com diversas plataformas de
serviços de computação em nuvem, incluindo a AWS (SERVERLESS, INC., 2021).
Através dessa ferramenta, a configuração dos serviços utilizados dentro da
plataforma AWS pode ser realizada de maneira centralizada e programática utilizando
um arquivo chamado serverless.yml dentro do projeto. Com esse arquivo, pode-se
escrever ou referenciar outros arquivos que indicam como determinados serviços
dentro da plataforma AWS devem ser instanciados ou criados para utilização pela
aplicação desenvolvida. Esse arquivo, quando utilizado com o framework para
implantação de novas configurações ou atualização de configurações de serviços já
existentes, realiza uma conexão direta com o serviço AWS CloudFormation, o qual
oferece uma maneira de criação de uma coleção de recursos relacionados à AWS ou
produtos terceiros, realizando a provisão rapidamente e consistentemente,
gerenciando todo o seu ciclo de vida a partir de um modelo (serverless.yml), iniciando
e configurando tais serviços em conjunto como uma pilha (AMAZON WEB SERVICES,
INC., 2010).
Na parte de código vindo do arquivo de configurações serverless.yml a seguir,
pode-se analisar como é realizada a importação de outros arquivos separados para
alguns serviços AWS.
64

# Criando diversos recursos com modelos CloudFormation


separados
resources:
# Erros de API
- ${file(resources/api-gateway-errors.yml)}
# Serviço de autenticação de usuários Cognito
- ${file(resources/cognito-user-pool.yml)}
- ${file(resources/cognito-identity-pool.yml)}
# Banco de dados MySQL
- ${file(resources/mysql-table.yml)}

Fonte: Autores, 2021

Abaixo se encontra o arquivo mysql-table.yml, a fim de demonstrar como


funciona a configuração de um serviço em específico, no caso o Amazon Relational
Database Service (RDS) o qual pode ser controlado e alterado diretamente no arquivo,
possuindo essas alterações refletidas em ambiente nuvem assim que confirmada. O
Amazon RDS permite configurar, operar e escalar bancos de dados relacionais
diretamente na nuvem (AMAZON WEB SERVICES, INC., 2021).
Resources:
DBelectricheck:
Type: 'AWS::RDS::DBInstance'
Properties:
DBName: data
DBInstanceClass: db.t2.micro
AllocatedStorage: 20
Engine: MySQL
EngineVersion: 8.0.20
MasterUsername: root
MasterUserPassword: *********
AvailabilityZone: us-east-1a
PubliclyAccessible: false

Fonte: Autores, 2021

Pode-se verificar que diversos parâmetros podem ser configurados


diretamente no arquivo em questão, facilitando as mudanças futuras, caso
65

necessárias, além de ajudar na disseminação de informação de qualquer alteração


para outros membros da equipe.
Outra parte crucial de configuração são as funções que ficam disponíveis em
nuvem para serem rodadas através de endereços web específicos. Essas funções são
códigos empacotados e armazenados em nuvem, prontos para rodarem assim que
algum gatilho configurado faça a chamada para essa função, fazendo com que a
plataforma AWS rode essa função em uma máquina por um curto período de tempo.
O serviço que realiza essa operação é chamado de AWS Lambda, o qual permite
executar códigos em diversas linguagens de programação diferentes sem a
necessidade de provisionar ou gerenciar servidores para tal (AMAZON WEB
SERVICES, INC., 2021).
O serviço que realiza a gerência dos endereços web específicos para que
essas funções rodem dentro do serviço AWS Lambda é o Amazon API Gateway, o
qual permite a criação, publicação, manutenção, monitoramento e proteção de
Application Programming Interfaces (APIs), administrando o recebimento e
processamento de milhares de requisições, acionando os demais serviços, quando
necessário (AMAZON WEB SERVICES, INC., 2021). Uma API serve como uma porta
de entrada para requisições e troca de informações entre sites, sistemas ou somente
entre o front-end e back-end de uma mesma aplicação.
Outra parte do arquivo serverless.yml realiza a configuração de tais serviços,
com o nome da função e sua rotina principal, qual sua linguagem de programação
utilizada, tempo limite de resposta, tamanho de memória disponível para que o código
rode, onde o arquivo base se encontra, assim como a configuração do evento que
ficará disponível através do Amazon API Gateway.
functions:
ListData:
handler: list_data.lambda_handler
runtime: python3.7
timeout: 30
memorySize: 512
events:
- http:
path: generator
66

method: get
cors: true
authorizer: aws_iam
package:
artifact: functions/ListData/ListData.zip

Fonte: Autores, 2021

A função já disponível no console da plataforma AWS, dentro do serviço AWS


Lambda pode ser visto na Figura 39, a qual possui um gatilho vindo do serviço Amazon
API Gateway.

Figura 39 - Função no serviço AWS Lambda

Fonte: Autores, 2021

6.4.2 Configuração de Git e pipelines de CI/CD

Como explicado no item 5.4 a gerência, armazenamento e controle de


arquivos do projeto é realizado pela tecnologia Git, a qual está integrada diretamente
com o serviço AWS CodeCommit, o qual permite a hospedagem de repositórios
privados do Git, facilitando a colaboração entre equipes, sempre com foco em
segurança de informações (AMAZON WEB SERVICES, INC., 2020).
CI/CD é a sigla usada para continuous integration/continuous delivery o qual
pode ser traduzido para integração contínua/entrega contínua e é um processo
bastante utilizado para plataformas com tempo de disponibilidade constante. Esse
processo é aplicado através de um pipeline, uma série de passos que são realizados
67

em um servidor de maneira automatizada, gerando artefatos ao fim de cada passo,


que pode ser utilizado para o próximo passo. O objetivo desse pipeline é testar,
compilar e disponibilizar na plataforma acessível pelo usuário final de maneira
automática todas as alterações realizadas por desenvolvedores e aprovadas por
testes preliminares de times de qualidade. Isso permite que melhorias ou ajustes
estejam disponíveis poucos momentos após sua aprovação diretamente para o cliente
final, mantendo a plataforma sempre acessível (BARBOSA e CARDOSO, 2018).
O AWS CodePipeline é um serviço gerenciado de entrega contínua, ajudando
a automatizar pipelines de liberação que oferecem atualizações rápidas e confiáveis
de aplicativos e infraestruturas (AMAZON WEB SERVICES, INC., 2015). Juntamente
com o AWS CodePipeline, o serviço AWS CodeBuild é utilizado para completar o
processo, pois é um serviço de integração contínua que compila o código-fonte,
realiza testes e produz pacotes de software prontos para implantação (AMAZON WEB
SERVICES, INC., 2016).
Com os três serviços mencionados, forma-se o pipeline completo de
integração contínua, o qual, assim que detecta uma alteração no ramo principal de
desenvolvimento dentro do AWS CodeCommit, dá início ao processo dentro do AWS
CodePipeline, acionando o AWS CodeBuild em cada passo para realizar a compilação
e teste do back-end e front-end, oferecendo, no fim do processo, os novos arquivos já
compilados. Os arquivos de back-end compilados ficam disponíveis no serviço AWS
Lambda, como descrito no item 6.4.1. Os arquivos de front-end compilados ficam
disponíveis no serviço Amazon Simple Storage Service, o qual armazena objetos,
oferecendo escalabilidade, disponibilidade de dados, segurança e performance
(AMAZON WEB SERVICES, INC., 2020).
Portanto, o diagrama básico de CI/CD com serviços AWS e as tecnologias
utilizadas para a aplicação desenvolvida está ilustrado na Figura 40.
68

Figura 40 - Visão geral do processo de CI/CD

Fonte: Autores, 2021

6.4.3 Programação do back-end

O back-end da aplicação foi programado sempre com o serviço AWS Lambda


em mente, ou seja, cada função realizada pela parte de trás da aplicação é segregada
em um bloco específico, realizando uma arquitetura de micro serviços.
Essa função roda em um servidor gerenciado pela plataforma AWS quando
há uma requisição Hyper Text Transfer Protocol (HTTP) no endereço específico
gerenciado pelo serviço Amazon API Gateway. O HTTP é um protocolo de camada
de aplicação para transmissão de documentos hipermídia, sendo desenvolvido para
comunicação entre navegadores e servidores web, utilizando um modelo cliente-
servidor clássico, no qual um cliente abre uma conexão, executa uma requisição e
espera até receber uma resposta (MOZILLA, 2021). Um avanço realizado após a
consolidação e a utilização por vários anos do HTTP é o Hyper Text Transfer Protocol
Secure (HTTPS), o qual adiciona uma camada a mais de segurança para todas as
requisições realizadas entre navegadores e servidores, garantindo integridade e
confidencialidade dos dados (GOOGLE DEVELOPERS, 2021), o qual é utilizado pelo
Amazon API Gateway, a fim de garantir o maior grau de segurança disponível no
mercado.
A função criada possui o objetivo principal de armazenar informações do
banco de dados MySQL e se conectar com esse, o qual está disponível a partir do
serviço Amazon RDS. A conexão é realizada através de uma biblioteca especializada
69

em comunicação com bancos MySQL na linguagem Python, chamada de PyMySQL


(NAOKI, 2021). Com essa conexão realizada, a função recebe através da requisição
HTTPS qual a tabela do banco de dados que deverá ser utilizada para a busca dos
dados (cenários), assim como qual o valor de tempo que será utilizado. Com esses
valores, é realizado uma query, ou seja, uma busca no banco de dados com os
parâmetros especificados através da requisição, retornando como resposta se a
busca foi bem sucedida e qual o valor encontrado para tal, assim como qual o próximo
valor de tempo que deve ser utilizado na próxima requisição. Isso é necessário devido
à natureza de funções que rodam no serviço AWS Lambda, pois após o retorno da
função, qualquer dado armazenado naquele código é perdido, o qual deve realizar
uma nova conexão e busca toda vez que for rodada. O código está disponível a seguir
em sua totalidade, com exceção das informações confidenciais sobre o banco de
dados utilizado.
import sys
import logging
import json
import pymysql
#Configurações do RDS
rds_host = "endereço do banco de dados"
name = 'usuário'
password = 'senha'
db_name = 'nome do banco de dados'

logger = logging.getLogger()
logger.setLevel(logging.INFO)

def lambda_handler(event, context):


try:
conn = pymysql.connect(host=rds_host, user=name,
passwd=password, db=db_name, connect_timeout=5,
cursorclass=pymysql.cursors.DictCursor)
except pymysql.MySQLError as e:
logger.error("ERRO: Não foi possível se conectar à
instância MySQL.")
70

logger.error(e)
sys.exit()

logger.info("SUCESSO: Conexão com RDS MySQL bem


sucedida.")
item_count = 0
time = int(event['queryStringParameters']['time'])
table = str(event['queryStringParameters']['table'])
next_time = time + 1

with conn:
with conn.cursor() as cur:

sql = f"SELECT * FROM `{table}` WHERE


`tempo`={time} LIMIT 1"
cur.execute(sql)
result = cur.fetchone()

response = {
'message': 'Sucesso ao obter dados',
'powerData': json.dumps(result),
'nextTime': next_time
}

return {
'statusCode': 200,
'headers': {'Content-Type': 'application/json;
charset=utf-8', 'Access-Control-Allow-Origin' : '*'},
'body': json.dumps(response)
}

Fonte: Autores, 2021


71

6.4.4 Programação do front-end

O front-end da aplicação, como explicado em itens anteriores, foi


desenvolvido utilizando o framework React. Essa ferramenta auxilia o
desenvolvimento de interfaces de usuário interativas, criando visualizações para cada
estado diferente da aplicação, renderizando de maneira eficiente somente o
necessário conforme a mudança dos dados. A programação em React leva em
consideração a criação de diversos componentes (funções) que gerenciam seu
próprio estado, os quais podem ser combinados para criar interfaces de usuário
complexas. Toda a programação com a ferramenta React é realizada na linguagem
JavaScript (FACEBOOK INC., 2020).
Uma das ferramentas de auxílio para o desenvolvimento da aplicação utilizada
foi o serviço AWS Amplify, um conjunto de ferramentas e serviços que podem ser
usados simultaneamente ou individualmente, permitindo aplicações web e mobile
utilizarem mecanismos de segurança e acesso ao back-end diretamente (AMAZON
WEB SERVICES, INC., 2021).
Outra ferramenta utilizada para auxiliar o desenvolvimento da aplicação foi o
React Router, o qual permite realizar a configuração de rotas dentro da aplicação, ou
seja, indica para cada rota ou endereço que for acessado, qual arquivo deverá ser
renderizado, assim como a definição da necessidade de autenticação, ou não, em
cada uma delas (REACT TRAINING, 2021).
Mais uma ferramenta complementar utilizada para auxiliar o projeto foi o
JSXGraph, o qual permite plotar gráficos matemáticos dinâmicos com JavaScript
(JSXGRAPH ORG, 2021). Essa ferramenta foi utilizada para plotar as curvas
matemáticas que compõem a curva de capabilidade do gerador síncrono na página
principal da aplicação.
A última ferramenta utilizada principalmente para auxiliar na construção de
componentes estilizados, garantindo boa usabilidade da aplicação foi o Ant Design, o
qual possui diversos componentes de alta qualidade para a construção de interfaces
ricas e interativas (ANT DESIGN, 2021).
A aplicação possui quatro telas e, ao acessar a aplicação web, o sistema
analisa se o usuário está ou não autenticado no sistema. Caso o usuário não esteja
autenticado, será encaminhado para a tela de login, na qual o mesmo pode digitar seu
e-mail e senha caso já possua cadastro, ou prosseguir para a tela de cadastro, onde
72

fará seu cadastro com e-mail e senha, confirmando seu e-mail através de código
automático. Assim que o usuário realizar login na aplicação, o mesmo será
encaminhado para a tela principal, na qual um cenário obtido do banco de dados
começará a rodar e mostrar ao usuário as informações obtidas. As informações são
renovadas a cada segundo, obtendo os novos valores disponíveis. Os cenários
representam diversas simulações realizadas através do software MATLAB e
armazenadas no banco de dados. Alguns cenários possuem pontos de operação
deliberadamente alarmantes, enquanto outros mostram um funcionamento com ponto
de operação considerado normal. Caso o usuário deseje, pode-se acessar também a
tela de alarmes, através do menu lateral da aplicação, na qual o mesmo poderá alterar
os limites inferiores e superiores de cada parâmetro e salvá-lo, para que esse então
passe a servir como novo parâmetro para análise de riscos da máquina. Ao observar
a tela de monitoramento da aplicação, caso algum dos parâmetros definidos passe do
limite definido por um tempo de cinco segundos, um alerta será mostrado na tela, o
qual mostrará qual o parâmetro alarmado, ficando na tela até o usuário reconhecer tal
alerta. Outra informação mostrada, acima do gráfico da curva de capabilidade, é caso
o gerador síncrono ainda estiver se adaptando a um novo incremento de carga,
fazendo com que o mesmo trabalhe em transitório, no qual a curva de capabilidade
do gerador síncrono não representa valores exatos.

6.4.5 Visão geral da aplicação

Portanto, após o desenvolvimento dos arquivos back-end e front-end,


configuração do arquivo serverless.yml e a passagem de todo o código pelo processo
de pipeline, a aplicação fica disponível ao usuário para acesso externo.
Assim que o acesso é realizado, os arquivos já compilados através do
processo de pipeline do front-end, os quais utilizam a tecnologia React, são acessados
pelo serviço Amazon S3. Esse serviço, em conjunto com o AWS Amplify e AWS
Cognito fazem a parte de gestão de usuários da aplicação, permitindo cadastro e login.
Assim que a página principal da aplicação é carregada, essa realiza requisições para
o back-end para obter os dados a serem mostrados através do serviço AWS API
Gateway. Esse serviço serve como gatilho para outro serviço, o chamado AWS
Lambda, o qual armazena o arquivo compilado de back-end em linguagem Python.
Essa função é responsável por acessar o banco de dados MySQL instanciado no
73

serviço Amazon RDS o qual, por sua vez, recebeu dados vindos do MATLAB após a
simulação com o Simulink.
Essa visão geral dos serviços e tecnologias utilizadas são mostradas na
Figura 41.

Figura 41 - Visão geral da aplicação e suas tecnologias

Fonte: Autores, 2021


74

7 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O principal resultado é uma plataforma de monitoramento de geradores


síncronos através da curva de capabilidade, possuindo tela de cadastro, login e
configurações de alarmes. Todos os dados apresentados na plataforma vêm de um
banco de dados, o qual pode ser populado diferentes dados de outros geradores
compatíveis.
Inicialmente, para acesso à plataforma é necessário um cadastro com e-mail
válido e senha para posteriores acessos, como pode ser visto na Figura 42. Após a
realização do cadastro, pode-se utilizar esse e-mail e senha para entrar na plataforma,
como mostrado na Figura 43. Esta parte é uma implementação realizada visando
contemplar o controle de acesso aos dados que possam ser considerados sensíveis.

Figura 42 - Tela de cadastro de usuários da plataforma

Fonte: Autores, 2021


75

Figura 43 - Tela de acesso à plataforma

Fonte: Autores, 2021

O uso desse tipo de acesso permite vários usuários utilizarem a plataforma


sem torna-la pública. No mesmo contexto, cada usuário também pode escolher seus
próprios limites e cenários desejados para visualização.
Acessada a plataforma de monitoramento é possível ver os parâmetros de
potência ativa, potência reativa, tensão terminal, corrente de armadura, velocidade e
fator de potência em valores escalares. Já graficamente, com a construção da curva
de capabilidade, é possível visualizar o ponto de operação do gerador síncrono
simulado, em vermelho, com os valores de potência ativa e reativa para a ordenada e
abcissa, respectivamente, como pode ser visto na Figura 44.
76

Figura 44 - Tela principal da plataforma

Fonte: Autores, 2021

A fim de disponibilizar diversos cenários de operação do gerador ao usuário,


também se encontra um menu que permite a seleção entre algumas opções:

a) Ideal: para o cenário de ponto em operação ideal;


b) Resistiva: para o cenário de operação operando majoritariamente com
potência ativa;
c) Alerta indutivo: para o cenário de operação em zona que ultrapassa o limite
de potência reativo indutivo e aciona o alerta;
d) Alerta capacitivo: para o cenário de operação em zona que ultrapassa o
limite de potência reativa capacitiva e aciona o alerta;
e) Multicenário: para o cenário em que o ponto parte de uma operação com
somente potência ativa e, a partir do fechamento das chaves, começa a
aumentar sua carga e operar também com uma parcela de potência
reativa.

Uma seção de limites também foi desenvolvida para que o usuário possa
incluir limites superiores e inferiores para os valores disponibilizados, permitindo ao
usuário uma maior liberdade de controle de sua máquina, não dependendo somente
das curvas de capabilidade, como por ser visto na Figura 45.
77

Figura 45 - Tela de edição de limites

Fonte: Autores, 2021

Assim que os valores estabelecidos como limites são atingidos, um alerta é


acionado na tela para o usuário, como pode ser visto na Figura 46. Valores padrões
já vem por definição para o gerador simulado, portanto a inclusão de novos limites é
opcional. Vale ressaltar os limites da curva de capabilidade também acionam os
alertas.

Figura 46 - Tela com alerta para limite de potência reativa excedido.

Fonte: Autores, 2021


78

Devido ao uso de dados provenientes da simulação, a validação da plataforma


também valida o sistema simulado. É visível que a alteração de carga reflete na
variação das potências e dos outros parâmetros, como pode ser visto na Figura 47.

Figura 47 - Gráficos obtidos no MATLAB para a opção Multicenário.

Fonte: Autores, 2021

Nas Figuras 48 e 49, utilizando a opção multicenário, ao ver a variação da


carga através do gráfico no MATLAB, o mesmo acontece na plataforma. Através das
figuras abaixo, da plataforma, é possível ver os primeiros instantes do ponto
coincidindo com os valores do gráfico acima.
No início da simulação existe uma carga de 500 kW. O mesmo também é
ilustrado para os instantes finais, em que cerca de 1,5 MW e 400 kVAr são presentes
na plataforma e no MATLAB.
79

Figura 48 - Opção multicenário para os primeiros instantes.

Fonte: Autores, 2021

Figura 49 - Opção multicenário para os últimos instantes.

Fonte: Autores, 2021

Ainda que a mesma validação poderia ter sido feita no MATLAB através da
visualização dos valores, a integração dos conjuntos permitiu mostrar a validação dos
alertas gerados.
Além disso, para quando a máquina se encontra em um período transitório,
cenário em que a curva de capabilidade não seria válida, é disponibilizado uma
mensagem informando tal estado, como visto na Figura 50.
80

Figura 50 – Cenário de operação ideal com informativo sobre transitório da máquina.

Fonte: Autores, 2021

Para o cenário capacitivo, em que a máquina sai de sincronismo, também é


visível esse estado através dos parâmetros disponibilizados, como visto na Figura 51.

Figura 51 - Cenário de alerta capacitivo com perda de sincronismo.

Fonte: Autores, 2021


81

8 CONCLUSÃO

Com a implementação da plataforma de monitoramento de um gerador


síncrono, validada através do gerador simulado, é possível sugerir uma proposta
alternativa aos métodos que se limitam a um monitoramento puramente local.
Os resultados mostraram que a plataforma consegue atender o
monitoramento da operação de um gerador síncrono mostrando sua operação junto a
uma curva de capabilidade. Inclusive os alertas foram acionados para quando a
máquina ultrapassa os valores definidos pelo usuário. O acesso de vários usuários
também foi validado quando a plataforma foi disponibilizada na internet.
Em relação à simulação, o gerador também atuou conforme esperado
teoricamente. Ao atingir valores que passam dos limites da curva de capabilidade, foi
vista a perda de sincronia através dos outros parâmetros que a máquina disponibiliza.
Com as validações citadas, é concluído que a plataforma em cloud permite o
uso de novas funcionalidades para o monitoramento remoto de máquinas, visto a
curva de capabilidade em plataforma web. Além disso, também permite o acesso de
vários usuários e, ainda que mais vulnerável do que um sistema on premise, também
é possível incluir camadas de segurança de acesso.
Com a premissa de que os dados são exportados ao banco de dados, seja
por simulação ou via máquina física, o sistema também se tornou apto a atualização
de funcionalidades de forma remota e flexível. A utilização de tecnologias como CI/CD
com publicação automatizada no ambiente produtivo permite a inclusão de novas
funções no sistema.
Como ponto negativo, identificou-se uma possível latência na disponibilização
dos dados. Uma desvantagem proveniente da indisponibilidade ou instabilidade de
conexão à rede por parte do usuário.
Apresentada as conclusões e vantagens da tecnologia cloud, propõe-se para
trabalhos futuros a escalabilidade do sistema a fim de comportar tanto o
monitoramento de mais de uma máquina como a disponibilização de dados em outros
sistemas, como em dispositivos móveis, sistemas de análise de dados ou emissão de
alertas via e-mail e telefone.
82

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