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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA

CURSO DE DIREITO – DISCIPLINA DIREITO ELEITORAL


PROFESSOR EMMANUEL ROBERTO GIRÃO PINTO

UNIDADE V – ALISTAMENTO ELEITORAL

1. CONCEITO – é o processo através do qual o indivíduo se integra ao universo de eleitores,


viabilizando o exercício da soberania popular, através do voto, e consagrando a cidadania. É através do
alistamento eleitoral que o indivíduo se qualifica perante a Justiça Eleitoral, operando-se a sua inscrição
no corpo eleitoral. Somente pode ser considerado eleitor o nacional devidamente alistado.

Atenção: O Código Eleitoral não trata do alistamento eleitoral por intermédio do processamento
eletrônico de dados, introduzido pela Lei 7.444/85. Esta matéria encontra-se regulamentada pela
Resolução n.º 23.659/2021 do Tribunal Superior Eleitoral.

- capacidade eleitoral é a aptidão para o exercício dos direitos políticos. Os direitos políticos mais
importantes são o direito de votar e de ser votado. A capacidade eleitoral ativa consiste na prerrogativa
assegurada a cada cidadão de escolher, através do voto, os representantes que, durante certo período,
conduzirão a chefia do Governo ou integrarão o Poder Legislativo. A capacidade eleitoral passiva
consiste no direito de ser votado, de submeter seu nome à avaliação do eleitorado por ocasião da
escolha, através do processo eleitoral, daqueles que devem exercer as funções eletivas. A capacidade
eleitoral ativa se obtém através do alistamento eleitoral, já a passiva exige, além do alistamento eleitoral,
outros requisitos denominados de condições de elegibilidade.

2. OS DIREITOS POLÍTICOS NA CONSTITUIÇÃO – Segundo o art. 14, § 1º - O alistamento


eleitoral e o voto são:
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos;
II - facultativos para:
a) os analfabetos;
b) os maiores de setenta anos;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar
obrigatório, os conscritos.
2.2. Projeção do dispositivo constitucional do art. 14 da CF sobre o art. 6º do Código Eleitoral:
Regra geral – o alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros maiores de 18 anos, salvo:
I – quanto ao alistamento (exceção):
a) aos inválidos;
b) aos maiores de 70 anos;
c) aos que se encontram fora do país;
d) os analfabetos;
e) os maiores de 16 e menores de 18 anos.
Parágrafo único. Os militares são alistáveis, desde que oficiais, aspirantes a oficiais, guardas-marinha,
subtenentes ou suboficiais, sargentos ou alunos das escolas militares de ensino superior para formação
de oficiais.
II – quanto ao voto (exceção):
a) os enfermos;
b) os que se encontram fora de seu domicílio eleitoral;
c) os funcionários civis e militares em serviço que os impossibilitem de votar;
d) os maiores de 70 anos;
e) os analfabetos;
f) os maiores de 16 anos e menores de 18 anos.
- Como já visto, o artigo 14, §§ 1º e 2º, da Constituição Federal trouxe novas disposições sobre a
obrigatoriedade do alistamento e do voto, de modo que ambos são obrigatórios para os maiores de 18
anos; facultativos para os analfabetos, os maiores de 70 anos e os maiores de 16 e menores de 18 anos; e
vedados para os estrangeiros, conscritos (durante o serviço militar obrigatório) e para os que estejam
privados dos direitos políticos.

3. PROCESSAMENTO ELETRÔNICO DE DADOS – a Lei 7.444/85 dispôs sobre o processamento


eletrônico de dados no alistamento eleitoral e a revisão do eleitorado, compondo um cadastro de
eleitores implantado e mantido por meio magnético, permanentemente expurgado da pluralidade de
inscrições, através de batimentos, realizados interna e rotineiramente, no âmbito de cada circunscrição
eleitoral e, em âmbito nacional antes das eleições pelo TSE, de modo que as relações de eleitores de
cada seção eleitoral espelhem um eleitorado íntegro.
Cadastro eleitoral é o banco de dados do sistema de alistamento eleitoral que contém informações
sobre o eleitorado brasileiro, inscrito no país e no exterior, armazenado em meio eletrônico a partir da
Lei nº 7.444/85. O cadastro eleitoral, unificado em nível nacional, contém registro de dados pessoais de
todo o eleitorado e de ocorrências pertinentes ao histórico de cada inscrição (título eleitoral),
relacionadas, entre outras, ao não-exercício do voto, à convocação para o desempenho de trabalhos
eleitorais, à apresentação de justificativas eleitorais, à existência e à quitação de débitos com a Justiça
Eleitoral, à perda e à suspensão de direitos políticos e ao falecimento de eleitores. A supervisão,
orientação e fiscalização voltadas à preservação da integridade de suas informações estão confiadas à
Corregedoria-Geral da Justiça Eleitoral, em âmbito nacional, e às corregedorias regionais eleitorais, nas
respectivas circunscrições.
Batimento é o procedimento que compara dados mantidos nos cadastros do Tribunal Superior Eleitoral,
com a finalidade de aferir se cada pessoa mantém apenas uma única inscrição eleitoral.

- a RESOLUÇÃO 23.659/2021 dispõe sobre a gestão do cadastro eleitoral e sobre os serviços eleitorais
que lhe são correlatos.

4. AQUISIÇÃO E DO EXERCÍCIO DOS DIREITOS POLÍTICOS – Os direitos políticos são


adquiridos mediante o alistamento eleitoral, que é assegurado: 1) a todas as pessoas brasileiras que
tenham atingido a idade mínima constitucionalmente prevista, salvo os que, pertencendo à classe dos
conscritos, estejam no período de serviço militar obrigatório e dele não tenham se desincumbido; e 2) às
pessoas portuguesas que tenham adquirido o gozo dos direitos políticos no Brasil, observada a
legislação específica.
4.1 Da Pessoa indígena – É direito fundamental da pessoa indígena ter considerados, na prestação de
serviços eleitorais, sua organização social, seus costumes e suas línguas, crenças e tradições, contudo,
não se exclui a aplicação das normas constitucionais, legais e regulamentares que impõem obrigações
eleitorais e delimitam o exercício dos direitos políticos (art. 13, Resolução 23.659/2021).
- Não se exigirá a fluência na língua portuguesa para fins de alistamento, assegurando-se a cidadãos e
cidadãs indígenas, o uso de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.
- Estas disposições se aplicam, no que for compatível, a quilombolas e integrantes de comunidades
remanescentes.
4.2 Da Pessoa com deficiência – É direito fundamental da pessoa com deficiência, inclusive a que for
declarada relativamente incapaz para a prática de atos da vida civil, estiver excepcionalmente sob
curatela ou tiver optado pela tomada de decisão apoiada, a implementação de medidas destinadas a
promover seu alistamento e o exercício de seus direitos políticos em igualdade de condições com as
demais pessoas. (art. 14, Resolução 23.659/2021).
4.2.1 Direitos da Pessoa com deficiência:
I - escolher, no ato de alistamento, transferência ou revisão, local de votação que permita sua vinculação
a seção eleitoral com acessibilidade, dentro da zona eleitoral;
II - indicar, no prazo estipulado pela Justiça Eleitoral para cada pleito, local de votação, diverso daquele
em que está sua seção de origem, no qual prefere exercer o voto, desde que dentro dos limites da
circunscrição do pleito; e
III - ser auxiliada, no ato de votar, por pessoa de sua escolha, ainda que não o tenha requerido
antecipadamente ao juízo eleitoral.
- É vedada a criação de seções eleitorais exclusivas para pessoas com deficiência.
4.2.2 Sanções legais - A Justiça Eleitoral não processará solicitação de suspensão de direitos políticos
amparada em deficiência, em decisão judicial que declare incapacidade civil ou em documento que
ateste afastamento laboral por invalidez ou fato semelhante (art. 15, Resolução nº 23.659/2021).
- Não estará sujeita às sanções legais decorrentes da ausência de alistamento e do não exercício do voto
a pessoa com deficiência para quem seja impossível ou demasiadamente oneroso o cumprimento
daquelas obrigações eleitorais.
- A pessoa nessas condições poderá, pessoalmente ou por meio de curador/curadora, apoiador/apoiadora
ou procurador/procuradora devidamente constituído(a) por instrumento público ou particular, requerer:
a) a expedição de certidão de isenção de sanção decorrente do não cumprimento das obrigações
eleitorais de alistamento ou de comparecimento às urnas, com prazo de validade indeterminado, se ainda
não houver se alistado eleitora; ou
b) caso já possua inscrição eleitoral, o lançamento da informação no Cadastro Eleitoral, mediante
comando próprio que a isentará da sanção por ausência às urnas ou aos trabalhos eleitorais.
- O requerimento deverá ser dirigido ao juízo eleitoral, acompanhado de autodeclaração da deficiência
ou documentação comprobatória, devendo, na avaliação da impossibilidade ou da onerosidade para o
exercício das obrigações eleitorais, serem consideradas, também, a situação socioeconômica da pessoa
requerente e as barreiras de qualquer natureza que dificultem ou impeçam o seu alistamento ou voto.
- Essas disposições não constituem exceção ao alistamento eleitoral obrigatório e não exclui o gozo de
direitos políticos que dele decorram, cabendo ao tribunal regional eleitoral, sempre que possível,
viabilizar o atendimento em domicílio para fins de alistamento.
4.3 Da Pessoa Transgênera – é direito fundamental da pessoa transgênera, preservados os dados do
registro civil, fazer constar do Cadastro Eleitoral seu nome social e sua identidade de gênero (art. 16,
Resolução nº 23.659/2021).
- Considera-se nome social a designação pela qual a pessoa transgênera se identifica e é socialmente
reconhecida e identidade de gênero a atitude individual que diz respeito à forma como cada pessoa se
percebe e se relaciona com as representações sociais de masculinidade e feminilidade e como isso se
traduz em sua prática social, sem guardar necessária relação com o sexo biológico atribuído no
nascimento.
- É vedada a inclusão de alcunhas ou apelidos no campo destinado ao nome social no Cadastro Eleitoral.
- A Justiça Eleitoral não divulgará o nome civil da pessoa quando for ela identificada por nome social
constante do Cadastro Eleitoral, salvo as hipóteses em que for legalmente exigido o compartilhamento
do dado; ou para atendimento de solicitação formulada pelo titular dos dados.

5. DAS OPERAÇÕES DO CADASTRO ELEITORAL – são efetivadas as seguintes operações no


cadastro eleitoral: 1) alistamento; 2) transferência; 3) revisão; e 4) segunda via.
5.1. Da coleta de dados (art. 8º, Res. 23.659/2021) - no atendimento durante o serviço ordinário de
alistamento, revisão ou transferência eleitoral ou durante a revisão de eleitorado, serão coletados dados
biométricos, mediante inclusão de impressões digitais roladas dos dez dedos, ressalvada
impossibilidade física, fotografia no padrão ICAO e, salvo se se tratar de pessoa analfabeta ou para o
qual seja impossível manejar a caneta de coleta, assinatura digitalizada da eleitora ou do eleitor.
- Nas operações de revisão, transferência e segunda via será dispensada a coleta de dados biométricos da
pessoa que já esteja digitalmente identificada, desde que satisfeitos os requisitos de qualidade exigidos e
que a última coleta não tenha sido feita há mais de dez anos.
- O exercício do voto não será impedido em razão de eventual defeito ou não recepção dos arquivos de
impressões digitais, fotografia ou assinatura digitalizada no banco de dados do Cadastro Eleitoral,
devendo-se oportunamente convocar o eleitor para a regularização das pendências verificadas, sem
prejuízo da apuração de responsabilidades pela respectiva corregedoria regional eleitoral.
- O eleitor ou a eleitora que, em decorrência de ausência, insuficiência ou desatualização de
identificação biométrica, for habilitado(a) por código para votar, será orientado(a) pelo(a)presidente da
mesa receptora de votos a comparecer, após a reabertura do cadastro, a unidade de atendimento da
Justiça Eleitoral, a fim de regularizar seus dados cadastrais e biométricos.
5.2 ALISTAMENTO ELEITORAL – O Código Eleitoral estabelece que o alistamento se faz
mediante a qualificação e inscrição do eleitor. Qualificação é o ato ou efeito de qualificar-se, isto é, a
comprovação de preencher os requisitos para determinado ato. Inscrição é o ato de inserir o eleitor no
Cadastro Nacional de Eleitores.
- O alistamento é ato do Juiz Eleitoral que, verificadas as condições de qualificação, defere o pedido,
determinando a inscrição do eleitor na listagem geral de eleitores.
- o alistamento é o resultado da qualificação e da inscrição; é a consumação da inscrição.
5.2.1 Domicílio Eleitoral – O interessado deve se alistar no município onde tem domicílio eleitoral.
Atenção: Para o Direito Eleitoral, residência e domicílio são distintos. Residência é o lugar onde a
pessoa habita ou tem o centro de suas ocupações. Domicílio é um conceito puramente jurídico.
De acordo com o Código Eleitoral (art. 42, § único), para efeito de inscrição, o domicílio eleitoral é o
lugar de moradia ou residência do indivíduo e, se este tiver mais de uma, considerar-se-á qualquer delas.
O conceito de domicílio eleitoral não se confunde com o de domicílio civil. Segundo o Código Civil, o
domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua residência com ânimo definitivo. Se,
porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, alternadamente, viva, considerar-se-á seu
domicílio qualquer delas (arts. 70 e 71, CC). É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações
concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. Se a profissão for exercida em lugares diversos,
cada um deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem (art. 72, CC). Já o
domicílio eleitoral é mais abrangente, identificando-se com a residência e o lugar onde o interessado tem
vínculos (políticos, sociais, familiares, patrimoniais, negociais, etc.. Nos acórdãos nº 16.397/2000 e
18.124/2000, o TSE entendeu que é possível se alistar no local de residência, de trabalho, de residência
dos pais (vínculos familiares), onde possui imóvel (vínculo patrimonial) e de nascimento (vínculo
afetivo).
- Para fins de fixação do domicílio eleitoral no alistamento e na transferência, deverá ser comprovada a
existência de vínculo residencial, afetivo, familiar, profissional, comunitário ou de outra natureza que
justifique a escolha do município (art. 23, Resolução 23.659/2021).
5.3 Procedimento do alistamento eleitoral (art. 41 e seguintes, Res. 23.659/2021):
5.3.1 Requerimento de Alistamento Eleitoral (RAE) - no cartório eleitoral ou no posto de
alistamento, o atendente da Justiça Eleitoral preencherá o RAE ou digitará as informações no sistema de
acordo com os dados constantes do documento apresentado pelo eleitor, complementados com suas
informações pessoais, de conformidade com as exigências do processamento de dados. O preenchimento
ou digitação do RAE será feito na presença do requerente.
5.3.2 Local de Votação – será definido conforme a preferência manifestada pela pessoa, dentre os
locais disponíveis na zona eleitoral, os quais constarão, com os respectivos endereços, de listagem
disponibilizada no momento do atendimento e, também, nos sítios eletrônicos e aplicativos da Justiça
Eleitoral.
5.3.3 Documentos - para o alistamento, a pessoa requerente apresentará um ou mais dos seguintes
documentos de identificação:
I - carteira de identidade ou carteira emitida pelos órgãos criados por lei federal, controladores do
exercício profissional;
II - certidão de nascimento ou de casamento expedida no Brasil ou registrada em repartição diplomática
brasileira e transladada para o registro civil, conforme a legislação própria.
III - documento público do qual se infira ter a pessoa requerente a idade mínima de 15 anos, e do qual
constem os demais elementos necessários à sua qualificação;
IV - documento congênere ao registro civil, expedido pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI);
V - documento do qual se infira a nacionalidade brasileira, originária ou adquirida, da pessoa
requerente; VI - publicação oficial da Portaria do Ministro da Justiça e o documento de identidade de
que tratam os arts. 22 do Decreto nº 3.927, de 2001, e 5º da Lei nº 7.116, de 1983, para as pessoas
portuguesas que tenham obtido o gozo dos direitos políticos no Brasil.
- A apresentação de certificado de quitação militar somente é obrigatória para alistandos do gênero
masculino que pertençam à classe dos conscritos, nos termos da legislação militar, os brasileiros
nascidos entre 1º de janeiro e 31 de dezembro do ano em que completarem 19 anos de idade, os quais
compõem a classe chamada para a seleção, tendo em vista a prestação do Serviço Militar inicial (Lei nº
4.375/64 e Decreto nº 57.654/66).
- Em caso de eleitor alistado antes do início do período de conscrição, a inscrição eleitoral terá seus
efeitos suspensos uma vez comunicado pela autoridade competente o início da prestação do serviço
militar inicial obrigatório.
5.3.4 Alistamento presencial – Durante o atendimento, a pessoa que o estiver realizando formulará
perguntas objetivas relacionadas aos campos do RAE e se disponibilizará a prestar esclarecimentos,
utilizando-se de linguagem não discriminatória e que torne acessível à pessoa que está sendo atendida o
significado e a finalidade das informações solicitadas.
- Ao final do atendimento presencial, será facultada a verificação dos dados pela pessoa atendida,
devendo a(o) atendente proceder à leitura oral das informações registradas para conferência pelas
pessoas com deficiência, analfabetas ou que não leiam em português.
- No atendimento em que for utilizado o sistema biométrico, a coleta de assinatura digitalizada suprirá
a assinatura manuscrita no formulário impresso.
- Na hipótese de pessoa analfabeta ou impossibilitada de manejar a caneta de coleta, será registrado pelo
atendente o motivo da ausência de assinatura e, sendo o caso de pessoa que não tenha membros
superiores, de impressão digital.
- Concluída a operação, a(o) atendente informará de que o deferimento fica sujeito à verificação, pelo
juízo eleitoral, da regularidade do pedido e do atendimento a eventuais diligências, e que lhe é possível
verificar o resultado da análise junto ao cartório eleitoral, por meio do aplicativo desenvolvido pela
Justiça Eleitoral ou mediante consulta da sua situação eleitoral no sítio do TSE e o título eleitoral será
expedido e entregue à pessoa, salvo se for por ela dispensado o recebimento do documento.
5.3.5 Alistamento pela internet – realizado mediante utilização de serviço disponibilizado no sítio do
TSE na internet para essa finalidade: Título Net(art. 44, II, Res. 23.659/2021).
- A existência de restrições cadastrais ao requerimento da operação impedir a utilização desse serviço, a
pessoa deverá comparecer à unidade de atendimento da Justiça Eleitoral para regularização.
- Os dados informados no formulário eletrônico comporão o RAE. O protocolo gerado após o envio
eletrônico dos dados não comprova a regularidade da inscrição ou a quitação eleitoral, destinando-se
exclusivamente a informar o número e a data da solicitação.
- Tratando-se de pessoa cujos dados biométricos já constem do banco de dados da Justiça Eleitoral, e
estando disponível funcionalidade que permita a inequívoca identificação da pessoa requerente, a
operação poderá ser concluída remotamente, por intermédio de aplicativo desenvolvido pela Justiça
Eleitoral ou pela utilização de serviço disponibilizado no sítio do TSE. Em caso contrário, a operação
somente será efetivada com o comparecimento da pessoa requerente à unidade de atendimento da
Justiça Eleitoral, a fim de apresentar os documentos que comprovem os dados informados e, quando for
o caso, o recolhimento da multa devida.
- O requerimento prévio será excluído do sistema a pedido da pessoa que o formulou ou se, no prazo de
30 dias, não for convertido em RAE e os documentos remetidos à Justiça Eleitoral por meio digital, à
exceção da foto selfie, devem ser descartados da base de dados do TSE em 90 dias a contar do
deferimento do RAE, salvo se pendente diligência ou apuração de irregularidade. Esse descarte
observará as normas legais relativas à eliminação de documentos digitais, sendo precedido de
publicação de edital e autorização do setor competente do TSE.
- Concluída a operação, a pessoa será informada de que o deferimento fica sujeito à verificação, pelo
juízo eleitoral, da regularidade do pedido e do atendimento a eventuais diligências, e que lhe é possível
verificar o resultado da análise junto ao cartório eleitoral, por meio do aplicativo desenvolvido pela
Justiça Eleitoral ou mediante consulta da sua situação eleitoral no sítio do TSE.
Protocolo de Solicitação – atribuído número de inscrição, o atendente, após assinar o formulário,
destacará o protocolo de solicitação, numerado de idêntica forma, e o entregará ao requerente, caso a
emissão do título não seja imediata.
5.3.6 Decisão do Juiz - O RAE será submetido à apreciação do juízo da zona eleitoral para a qual foi
requerida a operação. Havendo dúvida quanto à identidade da pessoa, do vínculo invocado para a
fixação do domicílio ou de outro requisito indispensável para o deferimento do pedido, o juízo poderá
determinar a adoção de diligências ou notificar a(o) requerente para que compareça ao cartório eleitoral
(art. 52, Res. 23.659/2021).
- O juízo eleitoral decidirá, cabendo-lhe, na apreciação da prova do domicílio eleitoral, conferir primazia
à escolha da pessoa eleitora, salvo se dos documentos apresentados não se puder concluir pela existência
de vínculo com a localidade.
5.3.7 Encaminhamento das Listas Deferidas - Será disponibilizada aos partidos políticos, em sistema
específico, e ao Ministério Público Eleitoral, mediante ofício, nos dias 1º e 15 de cada mês ou no
primeiro dia útil que lhes seguir, listagem contendo as inscrições eleitorais paras as quais houve
requerimento de alistamento ou transferência deferido ou indeferido.
5.3.8 Dos Recursos - qualquer partido político e o Ministério Público Eleitoral poderão interpor recurso
contra o deferimento do alistamento ou da transferência, no prazo de 10 dias, contados da
disponibilização da listagem (art. 57, Res. 23.659/2021).
- Indeferido o alistamento ou a transferência, poderão interpor recurso, no prazo de 5 dias: a) o eleitor
ou a eleitora, contando-se o prazo respectivo a partir da data em que for realizada a notificação; e b) o
Ministério Público Eleitoral, fluindo o prazo respectivo da disponibilização da listagem.
5.4. Prazo – Incorrerá em multa a ser imposta pelo juízo eleitoral e cobrada no ato do alistamento a
pessoa brasileira:
I - nata, nascida em território nacional, que não se alistar até os 19 anos;
II - nata, nascida em território nacional ou nascida no exterior, filha de brasileiro ou brasileira registrada
em repartição diplomática brasileira, que não se alistar até os 19 anos; e
III - naturalizada, maior de 18 anos, que não se alistar até um ano depois de adquirida a
nacionalidade brasileira.
- Não se aplicará a sanção pelo alistamento fora do prazo:
a) à pessoa brasileira nata que requerer sua inscrição eleitoral até o 151º dia anterior à eleição
subsequente à data em que completar 19 anos, ou à data em que se completar um ano de sua opção
pela nacionalidade brasileira; (CE, art. 8º c/c. Lei nº 9.504/97, art. 91).
b) à pessoa que se alfabetizar após a idade de 18 anos; e
c) à pessoa que declarar, perante qualquer juízo eleitoral, sob as penas da lei, seu estado de pobreza.
5.5 Alistamento do Menor de 16 anos – A partir da data em que a pessoa completar 15 anos, é
facultado o seu alistamento eleitoral. Nos anos em que se realizarem eleições ordinárias, o alistamento
deverá ser solicitado até o encerramento do prazo fixado para requerimento de operações do cadastro
(até o 151º dia anterior à eleição. O alistamento será requerido diretamente pela pessoa menor de idade e
independe de autorização ou assistência de seu/sua representante legal. O título eleitoral emitido nas
condições deste artigo somente surtirá efeito quando a pessoa completar 16 anos. (art. 30, R.23.659/21).
5.6 Título de Eleitor (art. 68 e ss. Res. 23.659/2021) – a via impressa do título eleitoral será
confeccionada com informações, características, formas e especificações definidas na Resolução
23.659/2021, constando a expressão “identificação biométrica”, quando a sistemática de coleta de dados
biométricos tiver sido utilizada.
- A via digital do título eleitoral será expedida por meio de aplicativo da Justiça Eleitoral (e-título) e
deverá observar as normas de acessibilidade, na forma da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com
Deficiência e dos protocolos técnicos aplicáveis.
- Para a obtenção da via digital do documento, serão exigidos dados mínimos acerca da identidade da
pessoa eleitora, sendo obrigatória a coincidência dos dados informados pelo eleitor ou pela eleitora com
os constantes do Cadastro Eleitoral.
- O eleitor que tenha biometria registrada na Justiça Eleitoral poderá utilizar a via digital do título de
eleitor como identificação para fins de votação, devendo respeitar a vedação legal ao porte de
aparelho de telefonia celular dentro da cabine de votação.
5.6.1. Prova da Quitação - O título eleitoral impresso ou digital comprova o alistamento e a existência
de inscrição regular ou suspensa na data de sua emissão, mas não faz prova da quitação eleitoral ou da
regularidade de obrigações eleitorais específicas.
- A via impressa do título somente será entregue pelo atendente da Justiça Eleitoral à pessoa eleitora,
vedada a interferência ou intermediação de terceiros.
5.6.2 Número do Título de Eleitor (art. 36, Res. 23.659/2021) - A atribuição do número de inscrição à
pessoa alistanda será feita de forma automática pelo sistema O número de inscrição compor-se-á de até
12 algarismos, por unidade da Federação, assim discriminados: a) os oito primeiros algarismos serão
sequenciados, desprezando-se, na emissão, os zeros à esquerda; b) os dois algarismos seguintes serão
representativos da unidade da Federação de origem da inscrição, conforme códigos constantes na Res.
23.659/21 (Ceará – Código 07); os dois últimos algarismos constituirão dígitos verificadores.

Atenção: O artigo 91 da Lei n.º 9.504/97 determina que “nenhum requerimento de inscrição eleitoral ou
de transferência será recebido dentro dos cento e cinquenta dias anteriores à data da eleição. Este é o
período do fechamento do cadastro eleitoral, no qual o TSE realizará o batimento das inscrições em
todo o território nacional a fim de verificar possíveis pluralidades, além de adotar as providências
necessárias para a realização da votação.

6. SEGUNDA VIA (art. 40, Res. TSE 23.659/2021) - No caso de perda, extravio, inutilização ou
dilaceração do título eleitoral, a pessoa que possuir inscrição regular ou suspensa poderá requerer ao
juízo de seu domicílio eleitoral a expedição de segunda via do título eleitoral.
- Alternativamente à segunda via, poderá ser emitida a via digital do título eleitoral por meio de
aplicativo da Justiça Eleitoral ou reimpresso o documento a partir do sítio eletrônico do TSE.

7. TRANSFERÊNCIA ELEITORAL – A transferência será realizada quando a pessoa desejar alterar


seu domicílio eleitoral, em conjunto ou não com eventual retificação de dados ou regularização de
inscrição cancelada, e for encontrado em seu nome, em município diverso ou no exterior, número de
inscrição regular, suspensa ou, se cancelada, por motivo que permita sua reutilização(Art. 37, Res.
23.659/2021).
7.1 Exigências para transferência (Arts, 55 a 61, CE e art. 38, Res. 23.659/2021):
1) apresentação do requerimento perante a unidade de atendimento da Justiça Eleitoral do novo
domicílio no prazo estabelecido pela legislação vigente;
2) transcurso de, pelo menos, um ano do alistamento ou da última transferência;
3) tempo mínimo de três meses de vínculo com o município, dentre aqueles aptos a configurar o
domicílio eleitoral, declarado, sob as penas da lei, pela própria pessoa (Lei nº 6.996/1982, art. 8º);
4) regular cumprimento das obrigações de comparecimento às urnas e de atendimento a convocações
para auxiliar nos trabalhos eleitorais.
Dispensa dos prazos - os prazos previstos no itens 2 e 3 não se aplicam à transferência eleitoral de: a)
servidora ou servidor público civil e militar ou de membro de sua família, por motivo de remoção,
transferência ou posse (Lei nº 6.996/1982); e b) indígenas, quilombolas, pessoas com deficiência,
trabalhadoras e trabalhadores rurais safristas e pessoas que tenham sido forçadas, em razão de tragédia
ambiental, a mudar sua residência.
- Não comprovada de plano a regularidade das obrigações eleitorais indicadas no item 4, e não sendo o
caso de isenção, será cobrada do eleitor ou da eleitora multa no valor arbitrado pelo juízo da zona
eleitoral de sua inscrição. Feito o pagamento da multa, será concluída a transferência.
7.2 Processamento e Recurso – semelhantes aos do alistamento eleitoral.

8. REVISÃO (art. 39, Res. 23.659/2021) – a revisão deve ser realizada quando a pessoa necessitar:
1) alterar o local de votação no mesmo município, ainda que não haja mudança de zona eleitoral;
2) retificar os dados pessoais; ou,
3) nas hipóteses em que for permitida a reutilização do número de inscrição, regularizar a situação de
inscrição cancelada.

9. CANCELAMENTO DA INSCRIÇÃO E EXCLUSÃO DO ELEITOR – O artigo 71 do Código


Eleitoral traz a previsão das hipóteses em que deve ser realizado o cancelamento da inscrição eleitoral.

Atenção: O cancelamento da inscrição eleitoral não se confunde com a privação dos direitos políticos.
O cancelamento da inscrição é uma medida judicial-administrativa utilizada para preservar a lisura do
cadastro eleitoral e do próprio processo eleitoral. A privação dos direitos políticos ocorre nas hipóteses
previstas na Constituição Federal (art. 15), impedindo a pessoa de votar e concorrer a cargos eletivos
temporária (suspensão) ou definitivamente (perda).

9.1 A inscrição eleitoral será cancelada nas seguintes hipóteses:


a) Infração ao artigo 5º do Código Eleitoral – O artigo 5º do Código Eleitoral trata das hipóteses de
vedação ao alistamento eleitoral. O artigo 14, §§ 1º e 2º da Constituição Federal dispôs de forma
diferente sobre a matéria, de modo que o alistamento eleitoral é vedado somente para os estrangeiros;
para os conscritos, durante o período do serviço militar obrigatório; e para os que estiverem privados,
temporária ou definitivamente, dos direitos políticos.
b) Infração às regras do domicílio eleitoral – Será cancelada a inscrição quando realizada em
jurisdição eleitoral diversa daquela que abrange fisicamente o domicílio do eleitor.
c) Suspensão ou perda dos Direitos Políticos – Será cancelada a inscrição quando o eleitor perder ou
tiver seus direitos políticos suspensos, o que ocorre nas hipóteses previstas no art. 15 da CF/88: a)
cancelamento da naturalização por sentença transitada em julgado; b) incapacidade civil absoluta (art.
3º, Código Civil); c) condenação criminal transitada em julgado, enquanto durarem seus efeitos; d)
recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII; e)
improbidade administrativa, nos termos do art. 37, § 4º, CF (Lei 8.429/92).
- a incapacidade civil relativa superveniente à inscrição não é causa de cancelamento da inscrição do
eleitor, por falta de previsão legal.
d) Pluralidade de inscrição – Quando for detectada nos batimentos mais de uma inscrição do mesmo
eleitor, deverá haver o cancelamento de uma das inscrições, de modo que o eleitor permaneça somente
com uma delas. O juiz eleitoral, diante da pluralidade de inscrição, ao efetuar o cancelamento deverá
seguir a seguinte preferência (art. 87, Res. 23.659/2021/TSE): 1) na inscrição mais recente, efetuada
contrariamente às instruções em vigor; 2) a inscrição que não corresponda ao domicílio eleitoral; 3) a
inscrição cujo título não tenha sido entregue ao eleitor; 4) a inscrição cujo título não tenha sido utilizado
para o exercício do voto na última eleição; 5) a mais antiga.
e) Falecimento - Os oficiais de Registro Civil, sob as penas do Art. 293 do CE, enviarão, até o dia 15 de
cada mês, ao juiz eleitoral da zona em que oficiarem, comunicação dos óbitos de cidadãos alistáveis,
ocorridos no mês anterior, para cancelamento das inscrições. Denomina-se de eleitor fantasma o eleitor
falecido cujo título ainda é utilizado para votação.
f) Abstenção reiterada – (art. 7º, § 3º, CE) será cancelada a inscrição do eleitor que não votar em três
eleições consecutivas, não pagar a multa ou não se justificar no prazo de seis meses, a contar da data da
última eleição a que deveria ter comparecido. A abstenção alternada não é causa de cancelamento do
título, ainda que ocorra por mais de três vezes.
Abstenção eleitoral ou ausência às urnas é o termo usado para definir a não-participação do eleitor no
ato de votar. O índice de abstenção eleitoral é o percentual de eleitores que, tendo direito, não se
apresentam às urnas. É diferente dos casos em que o eleitor, apresentando-se, vota em branco ou anula o
voto.
De acordo com a Resolução 23.659/2021, artigo 130, será cancelada a inscrição do eleitor ou da
eleitora que se abstiver de votar em três eleições consecutivas, salvo se houver apresentado
justificativa para a falta ou efetuado o pagamento de multa. Para fins de contagem das três eleições
consecutivas, considera-se como uma eleição cada um dos turnos do pleito. O cancelamento não se
aplica às pessoas para as quais: a) o exercício do voto seja facultativo; b) em razão de deficiência que
torne impossível ou demasiadamente oneroso o exercício do voto; ou c) em razão da suspensão de
direitos políticos, o exercício do voto esteja impedido.
Para o cancelamento, a Secretaria de Informática colocará à disposição do juiz eleitoral do respectivo
domicílio, em meio magnético ou outro acessível aos cartórios eleitorais, relação dos eleitores cujas
inscrições são passíveis de cancelamento, devendo ser divulgado no edital no sítio do TRE na internet e
afixado no cartório eleitoral.
Decorridos 60 dias da data do batimento que identificar as inscrições sujeitas a cancelamento, caso não
haja pagamento da multa ou justificativa, a inscrição será automaticamente cancelada pelo sistema.
g) Revisão do eleitorado – (art. 102 e ss. Resolução 23.659/2021/TSE) – Poderá ser determinada
correição de eleitorado, observada a conveniência e a disponibilidade de recursos:
I - pela Corregedoria-Geral Eleitoral, quando:
a) o total de transferências ocorridas no ano em curso seja 10% superior ao do ano anterior;
b) o eleitorado for superior ao dobro da população entre dez e quinze anos, somada à de idade superior a
setenta anos do território daquele município; e
c) o eleitorado for superior a 65% e menor ou igual a 80% da população projetada para aquele ano pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE);
II - pela corregedoria regional, quando houver indícios consistentes ou denúncia fundamentada de
fraude ou outras irregularidades no alistamento em zona ou município.
- Se na correição do eleitorado for comprovada a fraude em proporção que comprometa a higidez do
Cadastro Eleitoral, o tribunal regional eleitoral, comunicando a decisão ao TSE, ordenará a revisão do
eleitorado, obedecidas as instruções da Resolução 23.659/2021 e as recomendações que
subsidiariamente baixar.
A Revisão do eleitorado é o procedimento pelo qual a Justiça Eleitoral convoca os eleitores inscritos
numa zona eleitoral para que compareçam pessoalmente ao cartório eleitoral ou em postos criados para
esse fim, como o objetivo de se verificar a regularidade da sua inscrição eleitoral. Concluídos os
trabalhos de revisão, o juiz juntará aos autos relatório sintético das operações de RAE realizadas,
extraído do Sistema Elo e, ouvido o Ministério Público, determinará o cancelamento das inscrições
relativas a eleitoras e eleitores que não tenham comparecido.
- O Tribunal Superior Eleitoral poderá, de ofício, determinar a revisão do eleitorado do município,
observada a conveniência e a disponibilidade de recursos, quando:
I - o total de transferências ocorridas no ano em curso seja 10% superior ao do ano anterior;
II - o eleitorado for superior ao dobro da população entre dez e quinze anos, somada à de idade superior
a setenta anos do território daquele município; e
III - o eleitorado for superior a 80% da população projetada para aquele ano pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).

10. FISCALIZAÇÃO DO ALISTAMENTO ELEITORAL – toda a legitimidade de um processo


eleitoral se inicia com a regularidade da inscrição daqueles que, habilitados ao voto, exercerão o poder
de escolha. A lisura das demais fases do processo eleitoral (registro de candidatos, propaganda eleitoral,
votação, apuração e diplomação) não será suficiente para eliminar o vício de um eleitorado eivado de
pluralidades e fraudes no alistamento.
- é de suma importância a fiscalização dos partidos políticos e do Ministério Público. A fiscalização
pelos partidos políticos está regulamentada nos arts. 75 e seguintes da Resolução n.º 23.659/2021 do
TSE. Os partidos políticos poderão manter até 4 delegados perante o TRE e até 3 em cada zona
eleitoral, que se revezarão, não sendo permitida a atuação simultânea de mais de um delegado de cada
partido. Os delegados credenciados no TRE poderão representar o partido, na circunscrição, perante
qualquer juízo eleitoral do Estado.
- Os partidos políticos, por suas delegadas e seus delegados, poderão:
I - acompanhar os requerimentos de alistamento, transferência, revisão, segunda via e quaisquer outros,
bem como a emissão e entrega de via física de títulos eleitorais, previstos nesta Resolução;
II - requerer cancelamento de inscrição eleitoral com fundamento em inobservância de requisito legal;
III - examinar, mediante assinatura de termo de confidencialidade dos dados pessoais a que tenha
acesso, sem perturbação dos serviços e na presença de servidor ou servidora, os documentos relativos às
operações de alistamento, transferência, revisão, segunda via e revisão de eleitorado, deles podendo
requerer cópia, de forma fundamentada à autoridade judiciária, sem ônus para a Justiça Eleitoral.

11. DO CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES ELEITORAIS – Para cumprimento das obrigações


relacionadas ao voto, o eleitor deve: votar nas datas designadas; se justificar perante o juiz eleitoral no
prazo de sessenta dias da eleição; ou efetuar o pagamento da multa imposta pelo Juiz Eleitoral.
- Estabelece o Código Eleitoral em seu art. 7º: O eleitor que deixar de votar e não se justificar
perante o Juiz Eleitoral até trinta dias após a realização da eleição incorrerá na multa de três a dez por
cento sobre o salário mínimo da região, imposta pelo Juiz Eleitoral e cobrada na forma prevista no art.
367.
De Acordo com o artigo 16 da Lei 6.091/74 e art. 126 da Resolução TSE 23.659/2021, incorrerá em
multa a ser arbitrada pelo juiz ou pela juíza eleitoral e cobrada na forma prevista na legislação eleitoral e
nas normas do TSE que dispuserem sobre a matéria o eleitor ou a eleitora que deixar de votar e:
I - não se justificar, nos seguintes prazos:
a) 60 dias, contados do dia da eleição; e
b) 30 dias, contados do seu retorno ao país, no caso de se encontrar no exterior na data do pleito, salvo
se lhe for mais benéfico o prazo da alínea a deste inciso.
II - tiver o processamento de seu pedido de justificativa rejeitado pelo sistema, em razão do
preenchimento com dados insuficientes ou inexatos, que impossibilitem sua identificação no cadastro
eleitoral, ou
III - tiver seu pedido de justificativa indeferido pelo juiz da zona a que pertence sua inscrição eleitoral.
- o eleitor ou a eleitora poderá formular o requerimento de justificativa por ferramenta eletrônica
disponibilizada pela Justiça Eleitoral ou perante o juízo de qualquer zona eleitoral em que se encontre,
devendo o cartório providenciar a remessa ao juízo competente.
- A fixação da multa observará a variação entre o mínimo de 3% e o máximo de 10% do valor utilizado
como base de cálculo, podendo ser decuplicado em razão da situação econômica do eleitor.
- Para fins de fixação da multa, considera-se como uma eleição cada um dos turnos do pleito, inclusive
em caso de renovação das eleições, bem como o dia de votação em plebiscito ou referendo.
- Antes de arbitrada a multa pelo juízo competente, o eleitor ou a eleitora que pretender obter certidão de
quitação ou requerer operação por meio do serviço disponibilizado no sítio do TSE poderá quitá-la pelo
pagamento do valor máximo, correspondente a 10% do valor utilizado como base de cálculo.

12. RESTRIÇÕES AO ELEITOR INADIMPLENTE – O artigo 7º, § 1º do Código Eleitoral


estabelece que, sem a prova de que votou na última eleição, pagou a respectiva multa ou de que se
justificou devidamente, não poderá o eleitor:
I - inscrever-se em concurso ou prova para cargo ou função pública, investir-se ou empossar-se neles;
II - receber vencimentos, remuneração, salário ou proventos de função ou emprego público, autárquico
ou paraestatal, bem como fundações governamentais, empresas, institutos e sociedades de qualquer
natureza mantidas ou subvencionadas pelo governo ou que exerçam serviço público delegado,
correspondentes ao segundo mês subsequente ao da eleição;
III - participar de concorrência pública ou administrativa da União, dos Estados, dos Territórios, do
Distrito Federal ou dos Municípios, ou das respectivas autarquias;
IV - obter empréstimos nas autarquias, sociedades de economia mista, caixas econômicas federais ou
estaduais, nos institutos e caixas de previdência social, bem como em qualquer estabelecimento de
crédito mantido pelo governo, ou de cuja administração este participe, e com essas entidades celebrar
contratos;
V - obter passaporte ou carteira de identidade;
VI - renovar matrícula em estabelecimento de ensino oficial ou fiscalizado pelo governo;
Segundo o caput do art. 1º da Lei nº 6.236/1975, “a matrícula, em qualquer estabelecimento de ensino,
público ou privado, de maior de dezoito anos alfabetizado, só será concedida ou renovada mediante a
apresentação do título de eleitor do interessado”.
VII - praticar qualquer ato para o qual se exija quitação do serviço militar ou imposto de renda.
- A proibição de obter passaporte não se aplica ao eleitor no exterior que requeira novo passaporte para
identificação e retorno ao Brasil.

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