Daniel e Ezequiel - Álvaro C. Pestana

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

EBNESR

VT210 - Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados

Álvaro César Pestana

VT210-01 – Introdução ao Livro de Daniel

EBNESR
Recife, PE
2013
(C) 2013 Álvaro César Pestana
Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR


CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento
Rua Baronesa de Palmares, 190 - Boa Viagem
51030-110 – Recife, PE. (81) 3341-6514 / 3342-5269
[email protected]

Dedicatória:

Às igrejas de Cristo em Maracanaú, CE,


Por sua fraternidade, hospitalidade e apoio.

PESTANA, Álvaro César. Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados. – VT210-01- Introdução
ao Livro de Daniel. Recife: EBNESR, 2013.

39 p: 30 cm.

1. O livro de Daniel; 2. O livro de Ezequiel 3.


Introdução ao Estudo Bíblico; 4. Profecia
Bíblica; 5. História do mundo antigo.

© 2013 Álvaro César Pestana

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

APRESENTAÇÃO

Esta disciplina está dividida em três partes principais. Na


primeira, trataremos de temas introdutórios ao livro de
Daniel, discutindo questões históricas, literárias e de
outras naturezas. A segunda parte é um estudo do livro de
Daniel em duas partes: a vida de Daniel (Dn 1-6) e as
visões de Daniel (Dn 7-12). A terceira parte é dedicada ao
estudo introdutório do livro de Ezequiel.
Para o melhor aproveitamento da disciplina, o estudante
deve ler estas Web-Aulas e também assistir os vídeos
sobre a disciplina antes de fazer as tarefas de cada semana.
A segunda parte do curso, que trata do texto de Daniel está
dividida em 13 lições de modo que pode ser utilizada no
ensino em um trimestre da Escola Dominical, desde que
ensinado de forma mais simples e de conformidade com a
natureza da classe.
Que Deus seja glorificado com a compreensão de seus
propósitos nos Livros de Daniel e Ezequiel!
Em Cristo,
Álvaro César Pestana
EBNESR, Recife, PE
2013

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DANIEL
O livro foi escrito por Daniel, na Babilônia (Dn 12.4, 13). A
última data da obra é o ano 537 a.C. (Dn 10.1). Assim, a obra foi
terminada pouco depois desta data. Daniel foi levado cativo para
Babilônia em 605 a.C. e ficou lá, aparentemente, até o fim de seus
dias.1
Contestações da autoria e data têm como base o anti-
sobrenaturalismo, ou seja, a fé no fato que Deus não poderia
prever o futuro, conforme descrito no livro.
Esta obra tem conhecimento de detalhes da vida nos Impérios
Babilônico e Medo-Persa, provando assim ser obra daquele
período. O fato de Nabônido, último rei do Império Babilônico
ser co-regente com seu filho Belsazar era um dado ignorado pelos
historiadores antigos e modernos. Somente muito recentemente
descobriu-se esta co-regência e que Daniel preservava detalhes
históricos que nenhum outro historiador da antiguidade preservou.
Daniel torna-se um tratado de história antiga do Oriente Médio,
por meio das profecias que faz sobre os sucessivos impérios que
dominariam a Palestina: Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma.
O livro profetiza sobre Jesus com precisão e grandiosidade de
expressão. O título “Filho do Homem”, amplamente usado por
Jesus, tem neste livro, sua melhor e mais lógica origem.
A obra foi escrita em, basicamente, dois gêneros literários.
Narrativas (1-6) e visões proféticas (7-12). As narrativas são
históricas e ao mesmo tempo didáticas. As visões e profecias
usam a linguagem apocalíptica. Prosa e poesia se alternam dentro
do livro.
Daniel é um livro selado, que implica que ele só seria entendido
por completo em período posterior (Dn 12.4).
Este livro é um dos mais utilizados e aludidos pelo Apocalipse de
João. As chamadas “versões católicas” da Bíblia têm dois

1
Um dos melhores comentários de Daniel é a obra de BALDWIN, Joyce G. Daniel: Introdução e
Comentário. São Paulo: Ed. Vida Nova, 1983.

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capítulos a mais neste livro, com lendas judaicas apócrifas. Estas


Bíblias também têm acréscimos litúrgicos no capitulo 3. Todo
este material não é inspirado por Deus, mas veio da Septuaginta, a
versão grega do Velho Testamento2.
Em algumas Bíblias Hebraicas, Daniel é colocado entre os
Profetas, e em outras, entre os Escritos. O fato de Daniel ser um
estadista e de seus escritos não serem pregações devem tem
contribuído para isto.
Daniel sublinha o fato de ser Deus o soberano regente do mundo
(2.47; 3.28-29; 4.2-3, 34-35, 37; 6.26-27). Não pode ser mera
coincidência o fato de quase toda narrativa histórica terminar com
uma confissão de fé no Altíssimo, muitas vezes feitas por reis
pagãos.
São narradas várias histórias de vitória do povo sob opressão,
tendo, assim, o objetivo de inspirar fidelidade durante as
perseguições religiosas que viriam.
O livro também apresenta uma forte noção espiritual do reino de
Deus, uma vez que os judeus perderam o reino terreno de Davi e
não o recuperariam mais. Daniel faz a transição entre os velhos
conceitos de reino temporal, para a ideia de um reino espiritual.
É uma obra que prepara o povo para viver sob domínio pagão,
mas assim mesmo, continuar servindo a Deus.
Um esboço simples de Daniel pode ser:
I. Vida de Daniel (1-6)
II. Visões de Daniel (7-12)
Esta obra profética pode ser organizada pelas línguas nas quais foi
escrito. Daniel começa escrevendo em hebraico, vai para o
aramaico e depois volta para o hebraico.
Um esboço das línguas do livro ficaria assim:

2
A versão de Daniel da Septuaginta era muito mal feita, com muitas lacunas. Os cristãos utilizavam
preferencialmente a versão de Teodocião do livro de Daniel em suas Bíblias gregas.

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1.1-2.4a – HEBRAICO = Para os hebreus


2.4b-7.28 – ARAMAICO = Para as nações
8.1-12.13 – HEBRAICO = Para os hebreus

A parte aramaica do livro, que é o miolo, foi escrita na língua


internacional da época, pois era a língua dos babilônicos. Logo,
podemos concluir que esta parte do livro interessa às nações
enquanto que os outros textos são mais do interesse dos judeus –
por isso, escritos em hebraico.
O centro aramaico do livro está construindo quiasticamente, ou
seja, tem uma construção concêntrica. Repare no esboço abaixo (o
número é o do capítulo, seguido pelo tema geral).

2 = Os 4 reinos do mundo e o de Deus


3 = Deus livra os fieis perseguidos
4 = O orgulho dos ímpios é abatido
5 = O orgulho dos ímpios é abatido
6 = Deus livra o fiel perseguido
7 = Os 4 reinos do mundo e o de Deus

Também os últimos três capítulos em hebraico estão organizados,


só que de uma forma concêntrica, mas um pouco mais
progressiva, ou seja, as últimas revelações vão sendo muito mais
detalhadas que as primeiras.
8 – A vinda do inimigo do povo de Deus
9 - O plano de Deus para a cidade de Jerusalém
10-12 - As lutas celestes e terrestres e a vinda e superação do inimigo
do povo de Deus

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Desta forma, o livro se mostra cuidadosamente estruturado para


transmitir sua mensagem de coragem em tempos maus.
Uma leitura do livro de Daniel, com o devido entendimento da
história secular, é suficiente para provar que história humana não
é governada pelo caos ou pela brutalidade do mais forte. Deus
comanda a história. Embora os reinos humanos, bestiais, se
engalfinhem pelo domínio do mundo, no fim, quem vai triunfar é
Deus e seu povo: o Filho do Homem é que vai reinar!
Toda a previsão profética deste livro e seus maravilhosos acertos
históricos são provas da inspiração da Bíblia. Nenhum ser
humano pode prever a história com tantos detalhes. O livro de
Daniel é a maior prova da inspiração da Bíblia e o maior desafio
aos incrédulos e desobedientes.3
Tanto as narrativas históricas como a parte profética do livro
sempre mostram oposição aos que são fiéis a Deus. Não há reino
de Deus, sem oposição e sem perseverança. Por isto, Daniel é um
livro do heroísmo da fidelidade a Deus.

A HISTÓRIA DO LIVRO DE DANIEL4


Daniel teve uma história turbulenta e agitada depois de sua
redação. Este pequeno resumo do artigo de J. E. Smith percorrerá
esta trajetória.
1. Citado por um profeta contemporâneo.
Ezequiel cita Daniel em seu livro (Ez 14.14, 20; 28.3). Muitos
querem atribuir tal citação para “outro Daniel”, que teria sido um
sábio cananeu citado nos textos ugaríticos como “Dan’el”. A meu
ver, tal atribuição cria mais problemas do que resolve. Claro que
os homens citados por Ezequiel, junto com Daniel eram homens
da antiguidade: Noé e Jó. Contudo, nada impede de Ezequiel usar
um contemporâneo famoso por sua sabedoria em conjunto com os
antigos nomes de homens que “foram salvos de grandes
3
Assim o faz o excelente livro MCDOWELL, Josh. Profecia: Fato ou Ficção. São Paulo: Ed. Candeia,
1991.
4
Ampliação e adaptação de SMITH, J. E. The Major Prophets. Joplin: College Press. 1992.

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catástrofes”. Daniel já estava na corte babilônica e podia ter


adquirido notoriedade até a época de Ezequiel. Assim, Daniel, em
vida, foi citado por um contemporâneo como um homem que
Deus livrou por causa de sua justiça e sabedoria.
2. Usado por um Sumo Sacerdote.
Conforme o escritor judaico, Flávio Josefo5, quando Alexandre
Magno veio a Jerusalém para atacá-la, em 332 a.C., um encontro
com o Sumo Sacerdote e a citação do livro de Daniel que falava
sobre ele, impediu o ataque.
O problema ocorreu pelo fato dos judeus, que tinham uma boa
aliança com os persas, recusaram ajudar Alexandre no cerco de
Tiro. Alexandre, portanto, teria decidido destruir Jerusalém, mas
quando foi para a cidade, o Sumo Sacerdote e outros sacerdotes,
saíram ao encontro de Alexandre, paramentados com as roupas
sacerdotais em procissão sacerdotal.
Josefo diz que Alexandre prostrou-se diante do Sumo Sacerdote.
Também, neste momento, o Sumo Sacerdote e os outros teriam
falado a Alexandre que Daniel havia profetizado que um grego
iria destruir o império persa. Alexandre teria visto a si mesmo na
profecia e ao invés de atacar Jerusalém, ele foi ao templo e
providenciou sacrifícios para serem oferecidos em seu favor.
3. Aumentado por escritores anônimos.
Durante o período intertestamental, foram criadas várias lendas
sobre Daniel. Estas lendas circularam tanto a ponto da
Septuaginta, a versão grega do Velho Testamento, acabar
incorporando-as em muitos manuscritos.
A igreja cristã, que usava a Septuaginta, logo tomou
conhecimento e também usou estes textos, embora não fossem
realmente parte do livro de Daniel escrito em Hebraico e
Aramaico. A igreja católica ainda hoje tem estas adições em suas
versões bíblicas.

5
FLÁVIO JOSEFO, Antiguidades 11.8.4, 5.

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A primeira adição é a chamada “Canção dos Três Jovens” que


fica incorporada entre os versos 23 e 24 de Daniel 3.
A segunda adição é a famosa “História de Suzana”. Nas versões
da Septuaginta, esta história é colocada antes do capítulo 1 de
Daniel. Na Vulgata Latina e na maioria das versões católicas, esta
narrativa é o capítulo 13 do livro.
A terceira adição é a “Lenda de Bel e o Dragão”. Na Septuaginta,
este conto segue Daniel 12.13, mas na Vulgata Latina e versões
romanas, tornou-se o capítulo 14 do livro.
Estas adições posteriores ao livro de Daniel mostram o vigor da
obra e o interesse e influência que ela teve em tempos posteriores.
4. Traduzido para o grego.
O livro de Daniel foi traduzido para o grego e incorporado à
Septuaginta, a versão grega do Antigo Testamento, feita pelos
judeus de Alexandria, no Egito. Contudo, a tradução de Daniel foi
feita de modo muito defectivo. A tradução omite e comete muitos
erros. Contudo, as dificuldades do tradutor mostram que o livro
de Daniel tinha origem no Século VI a.C. e não no Século II a.C.,
pois várias palavras hebraicas já eram pouco familiar para os
tradutores.
Por esta causa, mais tarde a igreja cristã de fala grega resolveu
usar, no livro de Daniel, a tradução feita por um judeu chamado
Teodocião. Assim, a tradução do livro de Daniel recuperou a
fidelidade aos originais hebraicos e aramaicos. A igreja antiga já
dava mostras de procurar boas traduções da Bíblia para o melhor
trabalho de ensino.
5. Citado por fontes antigas.
Temos pelo menos três citações do livro de Daniel em fontes não
bíblicas pré-cristãs. (i) Os “Oráculos Sibilinos” (3.397-400)
escritos em cerca de 140 a. C. parecem aludir a Daniel 7.7-8.
O livro de 1Macabeus 2.59 em diante alude às narrativas de
Daniel 3 e 6. Este livro foi escrito cerca de 80 a.C.

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O livro de Baruque (1.15-2.19) tem muitas alusões e paralelos


verbais com Daniel 9.4-19.6
Alguns críticos fazem um grande alarde do fato de Eclesiástico, o
livro intertestamental de Jesus Ben Siraque não citar Daniel. De
fato, Siraque cita Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze Profetas
(Os chamados Profetas Menores, que eram agrupados em um
livro único). Mas ele não cita Daniel. Isto fez com que alguns
dissessem que Daniel não estava escrito em 180 a.C., quando
Eclesiástico foi escrito.
Contudo, o livro de Eclesiástico também não cita Jó, os Juízes, os
reis Asa, Josafá e nem ainda Mordecai ou Esdras.
Pode ser que a omissão do nome de Daniel entre os profetas era
devida ao fato dele ser considerado mais um estadista do que um
profeta. Alguns estudiosos tem sugerido que Ben Siraque
menciona apenas homens de Deus ligados ao templo judaico.
Como Daniel não teve tal ligação, a omissão de seu nome é
natural e não diz nada sobre a data do livro de Daniel. Em todo
caso, o argumento do silêncio é muito fraco para construir uma
afirmação de datação de um livro bíblico.
A mais importante citação do livro de Daniel é feita pelo próprio
Senhor Jesus, no evangelho de Mateus.7 Jesus chamou-o de
profeta (Mt 24.15). Isto parece negar a tese de W. H. Green que
dizia que Daniel tinha o dom de profecia mas não era profeta.8
O uso dos termos “Filho do Homem” e as várias expressões sobre
o Reino de Deus ou Reino dos Céus vem, certamente, de Daniel.
A parábola do grão de Mostarda faz clara alusão ao sonho de
Nabucodonosor em Daniel 4.
As grandes visões de Daniel influenciaram grandemente o livro
de Apocalipse a ponto de podermos dizer que Daniel é a
6
Para mais alusões ao livro Daniel veja MARGOLIOUTH, D.S. Lines of Defense of the Biblical
Revelation. London: Hodder & Stoughton, 1900, p. 177–182.
7
As alusões de Daniel em Mateus são: 10.23; 16.27ss; 19.28; 24.30; 25.31; 26.64. Sobre o uso do livro de
Daniel no Novo Testamento veja WRIGHT, C. H. H. Daniel and his Prophecies. Minneapolis: Klock &
Klock, 1983 [1906], p. 97–100; e também KENNEDY, John. The Book of Daniel from the Christian
Standpoint. London: Eyre & Spottiswoode, 1898, p. 5–28.
8
GREEN W.H. General Introduction to the Old Testament: the Canon. New York: Scribners, 1926,
p. 84-85.

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“pedreira” de onde João encomendou muito do material usado


para construir seu livro de Apocalipse.
6. Colocado entre “os Profetas”.
Daniel foi colocado ao lado de Isaías, Jeremias, Ezequiel e dos
Doze profetas. Esta classificação é evidente pela consulta à
Septuaginta, uma versão pré-cristã do Velho Testamento. Josefo
também testemunha a colocação do livro de Daniel entre os
históricos, já que entre os Escritos ele coloca apenas 4 livros que
devem ser Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares. Também a
antiga versão Siríaca, feita pela igreja cristã, coloca Daniel entre
os profetas, indicando que a antiga posição do livro no cânon
hebraico e judaico era “entre os profetas”.
7. Deslocado para “os Escritos”.
Mais tarde, na história da organização e edição do Velho
Testamento, Daniel é encontrado na Terceira Divisão dos livro da
Bíblia Hebraica: os Escritos Santos, ou, conforme o nome
hebraico, Kethubhim.
Em algum momento da história, entre os anos 100 AD e o ano
400 AD, o livro foi definitivamente deslocado para os Escritos. O
testemunho mais antigo deste deslocamento é o Talmude, cujos
textos que datam de 400 AD mencionam esta nova posição para o
livro. As razões para este deslocamento não são totalmente claras.
Pode ser que se pensou que Daniel não atuava como os outros
profetas que eram “pregadores” mas ele agiu mais como um
“estadista”, logo, seus livros ficariam mais bem classificados na
terceira divisão do cânon hebreu. Por outro lado, pode ser que o
uso tão intenso e favorável que os cristãos faziam do livro levou
os judeus a relegarem o livro para uma parte menos auspiciosa do
cânon.
8. Atacado pelos inimigos.
Um dos mais ferrenhos e brilhantes oponentes do cristianismo
antigo foi Porfírio. Ele nasceu em Tiro, cerca de 242 AD, estudou
em Atenas e Roma. Quando tinha cerca de quarenta anos escreveu
“Contra os Cristãos” uma obra em quinze livros. Esta obra teve
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ampla circulação. Mais tarde, quando o cristianismo caiu nas


graças do Império, Constantino e outros tentaram destruir este
livro, tal destruição chegou ao fim apenas no Século V. Contudo,
Jerônimo, em seu comentário sobre o livro de Daniel, preservou
as críticas de Porfírio sobre o livro de Daniel. No livro Décimo
Segundo de sua obra ele afirma, como alguns eruditos modernos,
que Daniel é profecia depois do evento. Ele afirma que o livro
teria sido forjado no tempo Antíoco Epífanes, cerca de 165 a.C.,
como se fosse profecia. Claro que, atacar o livro de Daniel em seu
caráter profético era necessário para atacar o uso cristão do
mesmo. Infelizmente, muitos estudiosos modernos, que não são
deliberadamente inimigos do cristianismo, defendem esta mesma
posição sobre a obra de Daniel.
9. Abusado pelos amigos.
Infelizmente, durante toda a história, o Livro de Daniel também
tem sido abusado e mal utilizado por seus amigos. Muitos
estudiosos bem intencionados, mas equivocados, usaram as cifras
de Daniel para calcular a data do fim dos tempos. Entre estes
grupos temos vários movimentos que persistem até hoje, como os
Adventistas e os Testemunhas de Jeová.
Por outro lado, grupos fundamentalistas cristãos também abusam
de Daniel, usando a profecia das setenta semanas como chave de
compreensão do fim dos tempos e dos eventos que precederiam a
vinda de Jesus. Muitos destes estudos não pensam no sentido da
obra para Daniel e os judeus do pós-exílio, mas apenas aplicam o
texto aos temas escatológicos modernos.
Assim, até mesmo os amigos e pessoas que valorizam a obra de
Daniel acabam por contribuir com sua má interpretação.
10. Lido pela igreja e pelo cristão comum.
Apesar dos pesares, o livro de Daniel continua sendo lido e
apreciado. As história dos amigos de Daniel escapando da
fornalha de fogo e também a história de Daniel escapando da cova
dos leões são histórias bíblicas conhecidas por quase todas as
crianças da cultura ocidental. As visões de Daniel, apesar de

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pouco compreendidas, ainda circulam entre os estudantes da


Bíblia e a vida de Daniel, ainda hoje, motiva fidelidade a Deus e
confiança em sua providência.
Muitos livros passaram, mas Daniel, juntamente com as
Escrituras, permanece.
I. QUESTÕES HISTÓRICAS.
(Alegadas contradições históricas)
A. O cerco de Jerusalém e o terceiro ano de Jeoaquim (Dn
1.1).
1. PROBLEMA: Jeremias indica que a batalha de Carquemis (605
a.C.) ocorreu no quarto ano de Jeoaquim (Jr 46.2). Além disto não
é mencionada a presença de Nabucodonosor na Judéia nesta
ocasião.
2. SOLUÇÃO: O livro de 2 Reis menciona a presença de
Nabucodonosor (2Rs 24.1; Cf. 2 Cr 36.6) na Judéia neste tempo.
A diferença de data vem do fato de Daniel usar o método de
contagem da Babilônia e Jeremias usa o da Palestina:
(Dn) NA BABILÔNIA ------------------NA PALESTINA (Jr)
Ano da elevação--------------------------Primeiro ano
Primeiro ano------------------------------Segundo ano
Segundo ano------------------------------Terceiro ano
Terceiro ano------------------------------Quarto ano
Além disto a evidência arqueológica das "Crônicas Babilônicas"
mostra o movimento de Nabucodonosor neste ano (605 a.C.),
passando pela Judéia:
Jan/Fev - O exército retorna de uma campanha para Babilônia.
Abr/Ago - Batalha de Carquemis e perseguição dos Egípcios no sul.
15/Ago - Morte de Nabopolassar, pai de Nabucodonosor.
7/Set - Ascensão de Nabucodonosor.

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Assim podemos notar que nesta incursão pelo sul, os babilônicos


devem ter passado por Jerusalém e feito o relatado em Daniel 1.
Jerusalém caiu em três invasões:
605 a.C.--- Dn 1.1-2 (aludido em 2 Rs 24.1 e 2 Cr 36.6-7)
597 a.C.--- 2 Rs 24.10-17
587 a.C.--- 2 Rs 24.20-25.7
B. Os tesouros do templo.
1. PROBLEMA: Os tesouros do templo foram saqueados em que
narrativa de Dn 1.1-2 (605 a.C.) ou nas outras?
2. SOLUÇÃO: De acordo com o cronista, sempre levou-se
tesouros a cada invasão (2 Cr 36.7(605?); 36.10 (597); 36.18
(587).
C. O rei Belsazar.
1. PROBLEMA: Ele não era o rei, mas sim seu pai Nabônido.
Nem era filho ou descendente de Nabucodonosor.
2. SOLUÇÃO: O livro de Daniel tem consciência de que o rei é
Nabônido (note 5.7,16,29), mas como ele era o rei "em exercício"
é justo que o livro o chame como tal. Evidências arqueológicas
indicam a possibilidade de uma co-regência com seu pai. O fato
de ser chamado "filho de Nabucodonosor" tem razões políticas
(eles queriam ter direito ao trono) e talvez genealógicas (talvez
ele realmente fosse descendente de Nabucodonosor).
D. O uso do termo "Caldeus".
1. PROBLEMA: Daniel usa o termo caldeu para designar duas
coisas: a. a raça dos conquistadores babilônicos; b. um grupo de
sábios da corte babilônica. A objeção é que este segundo uso é
posterior e não se aplicaria no país onde todos são caldeus.
2. SOLUÇÃO: Heródoto (cerca de 450 a.C.) já conhecia o termo
no seu segundo sentido. Daniel usa as palavras nos dois sentidos e
está escrevendo a redação final de sua obra no período persa. Não

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há evidência que diga que os termos não eram usados como


Daniel faz no tempo de Nabucodonosor.
E. Dario, o Medo.
1. PROBLEMA: Este personagem é desconhecido na história e
Daniel é acusado de erro histórico e de inserir um reino medo
entre o babilônico e o grego. Outros acusam Daniel de confundi-
lo com reis posteriores que tinham este nome.
2. SOLUÇÃO: Várias soluções são possíveis para explicar isto:
a) Não sabemos atualmente quem é este Dario por falta de
conhecimento da arqueologia, mas algum dia, futuras descobertas
vão revelar que Daniel estava certo (como no caso de Sargão (Is
20.1) e de Belsazar, que eram desconhecidos pela arqueologia até
recentemente).
b) Dario é outro nome de Ciro. Daniel 6.28 pode ser traduzido:
"Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, isto é, no reinado de
Ciro, o persa".
c) Dario é um governador de Babilônia conhecido nos registros
como Gubaru, e confundido com Ugbaru (este último morreu
somente 3 semanas depois da conquista de Babilônia em 539
a.C.).
d) A acusação de que Daniel acreditava em um império meda
independente é desfeita pela leitura das visões onde a Média e a
Pérsia são sempre tomadas juntas como uma só unidade (8.20).
F. O Daniel dos textos de Ras Shamra.
1. PROBLEMA: O Daniel seria um personagem lendário da
mitologia ugarítica (Dan'il) mencionado nos textos (tabuinhas de
barro) encontrados em Ras Shamra (1500-1200 a.C.). Este Daniel
lendário também teria sido mencionado por Ezequiel (Ez
14.14,20; 28.3).
2. SOLUÇÃO: a) A base para tal identificação é muito precária: a
semelhança de nomes. Daniel não era um nome incomum entre os
israelitas (2 Cr 3.1; Ed 8.2; Ne 10.6). b) O personagem mitológico

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não recebe, pelo que sabemos da lenda, nenhuma atribuição de


justiça (Ez 14.14,20) ou de sabedoria (Ez 28.3). Estas, contudo,
são muito adequadas para descrever Daniel na Babilônia. c) O
ministério de Ezequiel começou cerca de quatorze anos depois da
deportação de Daniel, de modo que este já teria notoriedade
quando Ezequiel profetizou.
G. Outras dificuldades:
1. Belsazar poderia se chamado de rei?
Sim, no aramaico MALKA nem sempre significa rei absoluto.
Além disto, ele estava em co-regência com o pai.
2. O livro de Daniel afirma a existência independente de um
Reino da Média depois da queda de Babilônia?
Não. Só Dario que é medo. Nunca rei da Média. (Ciro o Persa,
6.28; Dario o medo, 5.3, 11.1; Linhagem dos medos 9.1). Os que
tentam interpretar estas referências como indicação da existência
de um Reino Meda evitam o contexto do livro que associa o
império Medo-Persa em todas as visões como uma espécie de
reino unido.
3. A divisão do Reino Persa em muitas satrapias é posterior.
Como é que o livro de Daniel afirma que Dario queria dividir o
reino em cento de vinte satrapias?
O texto fala da instituição de sátrapas no sentido geral e não
necessariamente da criação de 120 satrapias oficiais. Também
temos que lembrar que o texto fala da intenção do rei e não de
uma ação que ele tenha levado a cabo desta forma.
4. A menção de sátrapas em 3.3, durante o império Babilônico
não seria um anacronismo, visto que este é um termo persa,
utilizado na administração do império Medo-Persa?
Não é um erro nem um anacronismo. O livro foi terminado no
período persa (terceiro ano de Ciro), e portanto, um título persa
(equivalente moderno) pode ter substituído termo ou título um
antigo. Também pode ter havido empréstimo do termo para o uso

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na corte babilônica mesmo antes de antes de Daniel escrever seu


livro.
5. Como que Daniel poderia usar os livros da Bíblia para chegar
ao entendimento de que o Exílio tinha terminado se os livros do
Velho Testamento só seriam aceitos e canonizados muitos anos
depois (Dn 9.2)?
Este verso (Dn 9.2) prova que os textos do Velho Testamento já
estavam sendo usados e aceitos como “canônicos” pelos judeus,
antes do retorno do Exílio. A teoria que diz que só o Pentateuco
estava “canonizado” antes do Exílio é uma teoria que é destruída
por este versículo que supõe que Daniel usou não apenas o
Pentateuco, mas também os Profetas e os Escritos. Sim. A
coleção, armazenamento e consulta dos livros do Velho
Testamento era um processo iniciado com Moisés e que ainda
estava em curso. Dizer que Daniel não podia consultar “os livros
sagrados” porque eles ainda não existiam é uma pressuposição
que não pode ser provada. Pelo contrário, a Lei já estava completa
há muitos anos e as coleções dos Profetas e dos Escritos estavam
quase completos. Não há erro aqui, pois os críticos teriam
primeiro que provar que estes livros não existiam no tempo de
Daniel para depois acusá-lo de anacronismo.
6. Chamar Nabucodonosor de rei em Daniel 1 não seria um erro,
visto que só depois ele tornou-se rei?
Não há erro. Embora seu pai reinasse naqueles dias, logo ele seria
rei. O texto fala do “rei Nabucodonosor” em sentido proléptico,
da mesma forma que falarmos da infância do presidente Getúlio
Vargas (Se era infante, ainda não era o presidente, mas seria...).
7. Daniel não está entre os livros dos profetas, na classificação
judaica, portanto, não seria um livro posterior a todos os profetas?
Não, de modo nenhum. Há várias coisas a desafiar nesta
proposição. Josefo, em sua contagem dos livros do Velho
Testamento, coloca Daniel entre os Profetas e não entre os
Escritos. Na Septuaginta ele também fica entre os profetas. Melito
de Sardes, bispo cristão, coloca-o entre os profetas. O fato dos

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judeus colocarem Daniel entre os Escritos, a terceira coleção dos


livros do VT não tem nada a ver com a data de composição de
Daniel, mas com o autor e com o conteúdo do livro. Daniel, o
homem, não é um profeta, mas um estadista como Neemias.
Apesar de ter o dom profético, Daniel não desempenhou o papel
de profeta, falando ao rei a ao povo sobre a palavra de Deus. Os
profetas eram primeiro pregadores e depois escritores. Daniel,
contudo, era escritor; e pelo que sabemos não era um pregador.
Assim, as diferenças fizeram os judeus colocarem o livro entre os
Escritos e não sua suposta data atrasada de composição e
aceitação.
8. O livro de Eclesiástico (apócrifo) não cita Daniel em sua lista
de heróis da fé do passado. A conclusão que alguns querem tirar
disto é que: ou Daniel um herói mítico ou é muito recente para ser
citado?
Não. De fato, Eclesiástico não cita Asa, Josafá, Esdras,
Mardoqueu (Mordecai) e muitos outros heróis do Velho
Testamento. A omissão do nome de Daniel não prova nada.

II. QUESTÕES LITERÁRIAS


(Algumas questões sobre as línguas
e a forma literária de Daniel).
A. O livro de Daniel seria composto de dois ou mais livros por
ter sido escrito em duas línguas diferentes?
Não. A verdade é que o uso de duas línguas neste livro acaba
sendo uma prova de sua integridade e unidade e não sugere o uso
de diferentes fontes ou diferentes livros. Também não é possível
supor diferentes autores.
Veja como o livro de Daniel se apresenta
1. O núcleo aramaico: 2.4b-7.28 (uso da terceira pessoa do
singular)

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2. O invólucro hebraico: 1.1-2.2s, 8.1-12.13 (uso da primeira do


singular)
3. Tal construção advoga pela unidade da obra, impedindo a
divisão em "dois Daniéis", visto que a divisão das línguas não
obedece a divisão entre os textos narrativos (1-6) e as visões (7-
12). Se estas duas divisões fossem escritas em duas línguas,
alguém poderia ter um pouco mais de razão de falar de dois
documentos ou autores. Mas as diferentes línguas do livro
“cimentam” as duas partes do livro uma na outra de modo que é
impossível separar os textos.
4. Uma explicação possível para as diferentes linguagens é: o
texto aramaico trata de assuntos de interesse internacional e por
isto foi escrito na língua internacional da época, o aramaico; já o
texto escrito em hebraico fala de assuntos que dizem respeito aos
judeus e a seus interesses.
Em termos gráficos, a estrutura e esboço de Daniel é a seguinte:
Estruturação concêntrica nas línguas empregadas: ABA.
1.1-2.4a 2.4b-7.28 8.1-12.13
A B A’
hebraico aramaico Hebraico

Estruturação concêntrica dos capítulos aramaicos (2-7):


ABCCBA.
2 3 4 5 6 7
A B C C’ B’ A’
Deus julga os ímpios
Deus livra os seus servos fiéis
Os reinos dos homens e o Reino de Deus

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Veja que a própria ordem dos capítulos escritos em aramaico tem


um relacionamento;
Os capítulos 2 e 7 falam dos quatro impérios antes da chegada do
Reino de Deus
Os capítulos 3 e 6 falam dos fiéis sendo perseguidos e libertados
pelo poder de Deus
Os capítulos 4 e 5 falam de Deus humilhando os orgulhosos
governantes deste mundo
Entrosamento de vários capítulos: Os capítulos 2, 7, 8, 9 e 11 tem
muitos pontos de contato.
Observe que a parte aramaica (Dn 2-7), de interesse internacional
ou mundial, trata dos quatro reinos. A parte hebraica (Dn 8-12),
fica mais preocupada com os impérios Medo Persa e Grego e na
sua atuação para com os judeus. No fim, a atenção dado aos
reinos gregos é desproporcional a qualquer outro reino.
Daniel 2 Daniel 7 Daniel 8 Daniel 10-12
Babilônia Babilônia
Medo-Pérsia Medo-Pérsia Medo-Pérsia Medo-Pérsia
Grécia Grécia Grécia
Grécia  
Roma Roma
Paralelismo progressivo nas secções profético-visionária.
1. O capítulo 2 é simples, o 11 é complexo.
2. O capítulo 2 e o 7 tratam da mesma ideia, mas no capítulo 7
tudo fica mais detalhado e nítido.
3. O capítulo 7 é o centro e clímax do livro. Em torno dele giram
todas as outras visões, que são detalhamentos ou derivações deste.
4. Os capítulos 8 e 10-11 concentram-se num único tema, o
confronto com as potências gregas.

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5. Pode-se notar a seguinte linha de progresso na especificidade


das revelações:
PARALELOS COM PROGRESSO
------>------->------->-------->
8 9 10 11 12
6. Os capítulos 8-12 tem uma estrutura quiástica, apenas com três
elementos: ABA´ - Ou seja, as visões iniciais e finais tratam com
detalhes da opressão por Antíoco IV Epifânio enquanto que o
capítulo 9 fala do futuro de Jerusalém no plano redentor.
OPRESSÃO GREGA OPRESSÃO
GREGA
8 9 10-11-12
O DESTINO DE
JERUSALÉM
A unidade da obra pode ser demonstrada por um estudo do
conteúdo, do estilo, do uso das línguas e pela estrutura da obra.
1. Sobre o conteúdo: A segunda parte pressupõe a primeira e a
primeira é complementada na segunda.
2. Sobre o estilo: há constantes repetições de frases ressonantes e
também adição de novos detalhes às visões, quando da
interpretação das mesmas. Estes traços de estilo são comuns a
toda a obra e dificilmente seriam copiados por um imitador, visto
tratar-se de uma prática quase inconsciente do escritor.
3. Sobre o uso das línguas: O uso de duas línguas não pode ser
utilizado como prova de que há dois autores. Não era incomum
usar duas línguas ou estilos em um mesmo documento. O famoso
Código Legal de Hamurabi (séc. XVII a.C.) tinha a introdução e a
conclusão em acadiano semi-poético e as leis em prosa. O fato da
língua aramaica ser utilizada no capítulo sétimo, que já pertence
às visões, mostra que não é possível dividir o livro em duas obras

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distintas. Sobre a estrutura: O livro só pode ser obra de um único


autor, pois todas as partes se relacionam.
B. As palavras persas, gregas e o uso do aramaico são um
prova que o livro de Daniel foi escrito durante a existência dos
reinos gregos do Oriente?
1. Afirmação enganosa dos críticos: "As palavras persas
pressupõem um período em que o império persa já esteja bem
estabelecido; as palavras gregas exigem, o hebraico apoia e o
aramaico permite uma data após a conquista da Palestina por
Alexandre Magno (332 a.C.)".(S. R. Driver - 1909).
2. Refutação: Tal argumento precisa ser analisado e refutado por
partes:
a) O Hebraico não foi um língua que passou por alterações
radicais de modo que com base nele, pouco pode se dito sobre a
data de um documento. O hebraico do Cântico de Débora é muito
similar ao do Eclesiastes, apesar de todas as diferenças que
alguém possa ressaltar entre estes documentos.
b) O aramaico é uma prova de que Daniel foi escrito no período
Babilônico e Medo-Persa, pois esta era língua internacional do
período. Se o livro tivesse sido escrito durante as guerras
nacionalistas dos judeus contra os gregos, o hebraico seria a
língua usada do início ao fim, por pura repulsa a tudo que é
estrangeiro e imperialista. Além disto, o aramaico de Daniel é
exatamente o aramaico antigo, e, portanto, não corresponde ao
aramaico encontrado no período grego ou romano.
c) As palavras persas que há em Daniel são poucas (umas vinte) e
todas do persa antigo (antes de 300 a.C.). Muitas delas já tinham
entrado no aramaico antes do império Medo-Persa conquistar o
Oriente Médio. Devemos lembrar também, que Daniel fez a
última redação de seu livro durante o império Medo-Persa, de
modo que estes termos persas podem ter sido introduzidos nesta
ocasião.
d) As únicas três palavras gregas no livro de Daniel são
descrições de instrumentos musicais (Dn 3.5 – 3ª palavra, 5ª
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palavra, 6ª palavra: - harpa, saltério e gaita de foles). Se o livro


tivesse sido escrito no período grego seria lógico esperar muito
mais palavras gregas. De fato, o número tão reduzido de palavras
gregas é uma prova de que o livro foi escrito antes destes
dominarem o mundo. Como estes instrumentos musicais deviam
ser estrangeiros, é natural que seu nome também o fosse.
e) Em conclusão: A linguagem do livro de Daniel é prova de sua
antiguidade e autenticidade e não o contrário.
C. Não é verdade que o livro de Daniel, em algumas edições
da Bíblia Hebraica, é colocado entre os escritos e não entre os
profetas, testemunhando assim sua data recente de
composição?
Tal afirmação não é verdadeira e não força a uma data recente
para a composição de Daniel. A questão da classificação de
Daniel entre os Escritos e não entre os profetas não existe por
causa da data de composição do livro, mas por causa da
dificuldade de classificar o gênero literário de Daniel, quando
comparado com os outros livros da Bíblia hebraica.
"Como classifico este livro?" era a pergunta que faria qualquer
bibliotecário do mundo antigo, ao contemplar uma cópia do livro
de Daniel. Tal dificuldade é expressa pela posição do livro nas
edições do Velho Testamento, ora contado entre os Profetas
(Josefo, Septuaginta e Vulgata) ora entre os Escritos (Texto
Massorético). Um fator que contribui para aumentar este
problema é o oficio do autor, Daniel, que nunca foi profeta, mas
sim um estadista e um sábio. Parte de sua narrativa é histórica (1-
6) e parte consta de visões e revelações num estilo que lhe é
característico (7-12).
Para entender as dificuldades de “classificar” o livro de Daniel é
necessário entender que ele tinha raízes nas literaturas proféticas,
sapienciais e apocalípticas. Estes três gêneros literários estão
profundamente interrelacionados entre si no livro de Daniel. O
gênero apocalíptico já teria tímidos representantes do Velho
Testamento, mas será plenamente desenvolvido por Daniel.

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Observemos a situação do livro de Daniel dentro destas três


categorias de literatura de Israel:
1. Daniel dentro da tradição profética:
Embora se faça alarde de que os judeus não colocam Daniel entre
os Profetas, mas nos Escritos, devemos notar que nem sempre as
coisas foram assim. Josefo colocou Daniel entre os profetas e
assim também a LXX, que é anterior ao arranjo do chamado
Texto Massorético. Em defesa de Daniel como profeta podemos
citar o maior de todos os profetas, o Senhor Jesus que colocou o
autor como profeta (Mt 24.15). Sua visão do perdão divino,
condicionado pelo arrependimento nacional, é nítido no capítulo 9
de sua obra. Esta visão é nitidamente profética e foge do
determinismo que os eruditos tentam impor à textos apocalípticos,
onde o papel do homem nada tem a ver com o agir de Deus. Da
mesma forma, os conselhos dados a Nabucodonosor, no capítulo
4, mostram a mesma atitude dos profetas que sabiam que uma
maldição pode não se cumprir se houver arrependimento. Não só
o modo de pensar, mas os temas dos profetas são retomados em
Daniel. Há uma forte ênfase contra a idolatria, um ensino positivo
sobre o futuro glorioso do povo de Deus, etc.
2. Daniel dentro da tradição sapiencial:
Assim como José, Daniel é um sábio temente a Deus em uma
corte pagã. O que se destaca nele é a sabedoria e a retidão, vindas
de sua fidelidade ao Deus Vivo. A interpretação de sonhos, a
solução de enigmas, o aconselhamento em questões difíceis, e a
própria administração secular são virtudes de Daniel que o
colocam como um modelo ideal do sábio-estadista do mundo
antigo. O livro mostra que a melhor sabedoria vem de Deus, e que
somente nele há verdadeira resposta para as questões humanas.
Assim como o livro de Provérbios, Jó, Salmos, Eclesiastes e
Cantares, o livro de Daniel tem lições práticas sobre como viver
sob a vontade de Deus em situações adversas.
3. Daniel dentro da tradição apocalíptica:

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Muito do que se fala sobre a literatura apocalíptica baseia-se em


generalizações ou em particularizações que acabam sendo inúteis
para descrever toda a grandeza deste tipo de obra. A raiz do
apocalipcismo está no Velho Testamento, nos livros da Lei, nos
Profetas e em textos poéticos onde a metáfora passa para o
simbolismo. Os profetas manifestaram uma preocupação com a
história que foi aprofundada mais ainda pelos textos
apocalípticos. Daniel é, na verdade, um protótipo deste tipo de
literatura. Ele emprega números, símbolos misteriosos, visões,
previsões detalhadas da história e outras coisas que caracterizam
este gênero. Na primeira parte do livro há narrativas históricas
mostrando que a literatura apocalíptica é fluída suficiente para
acomodar vários gêneros literários numa só obra para atingir seu
objetivo. O livro de Zacarias e o de Apocalipse devem ser
comparados com Daniel e desta observação pode-se ver o que há
de melhor neste gênero literário, ao mesmo tempo em que
podemos apreciar sua diversidade.
Se há uma conexão entre adversidade e apocalipcismo, então o
Século VI a.C. e o Exílio são o tempo e a hora ideias para o
nascimento da literatura apocalíptica, pois ali os judeus
experimentaram a maior adversidade de sua história até aquele
momento. O livro de Daniel procura não somente mostrar a
vitória do povo de Deus diante da adversidade do exílio, mas
também prepará-lo para futuras adversidades que viriam. O Exílio
era o resultado do pecado de Israel, mas as futuras adversidades
não eram resultado disto, mas sim do convívio de Israel com
nações pagãs opressoras. O livro de Daniel preocupa-se em
preparar o povo para aqueles momentos, antes que eles venham.
O Exílio também marcou a virada da antiga teocracia para uma
nova forma de viver: o judaísmo. A Antiga Era, aquela iniciada
no Sinai, para Israel, que culminou na família de Davi estava
agora terminada. Novas esperanças eram necessárias. Os profetas
anunciaram consolações no futuro. O que temos na apocalíptica é
um novo modo de Deus lidar com Israel, a história e as nações.
O Exílio preparou o terreno e as mentes para a vinda do Reino de
Deus numa forma espiritual, universal e eterna, por meio de Jesus
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Cristo. Portanto, o papel da apocalíptica e de Daniel neste sentido


foi muito importante.
Daniel acaba sendo, ao mesmo tempo, a origem, um exemplo e
uma exceção da apocalíptica. Alguns autores preferem classificar
Daniel como "apocalíptico-profético", por perceberem que nele
uma só classificação seria inadequada. De fato, Daniel está na
origem do que chamamos de literatura apocalíptica. Muitas obras
posteriores, inclusive o Apocalipse do Novo Testamento, usam
abundantemente os símbolos e métodos de Daniel. Ele é um
exemplo deste tipo de literatura e ao mesmo tempo tem
particularidades que fazem dele uma exceção: não é
pseudoepígrafo, não profetiza depois do evento, não se dirige a
uma situação imediata de opressão. Assim, embora Daniel seja
origem e exemplo de literatura apocalíptica, ele resiste a uma
simples classificação nesta categoria.
"Também Daniel entre os profetas?" Sim, o ditado que tanto
assombrava Israel, ao ver Saul entre os profetas, também se aplica
a este livro. Eis Daniel, um autêntico profeta de Deus.
D. O livro de Daniel teria indicações de ter sido escrito na
Palestina e não na Mesopotâmia?
Claro que não. A leitura de Daniel mostra o autor muito a vontade
para falar da Mesopotâmia e do Oriente, mas com poucas
referências e detalhes da Palestina. A obra indica que o autor
viveu na Mesopotâmia e o livro originou-se deste único local de
origem.
A leitura e estudo cuidadoso do livro de Daniel revelam uma obra
originária do Oriente, da Mesopotâmia e não da Palestina. O livro
contém informações de primeira mão sobre os acontecimentos
Babilônicos que, até recentemente, eram desconhecidos para a
maioria das pessoas.
 Daniel sabia ser Nabucodonosor o criador da Nova
Babilônia (4.30);
 Também sabia ser Belsazar o regente na época da conquista
pelos Medo-Persas (5).
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 Sabia dos escrúpulos dos Persas sobre o fogo e, portanto, o


castigo era realizado não por atirar alguém numa fornalha
(como os babilônicos fizeram), mas jogar a pessoa em uma
caverna onde os leões eram guardados para as caçadas reais.
O livro só podia ter todos estes detalhes sobre a vida na
Mesopotâmia se tivesse sido escrito ali.
Aqueles que insistem em afirmar que o livro foi escrito na
Palestina, no período de dominação grega, não podem explicar
bem todos os detalhes babilônicos e persas da obra.
E. O livro de Daniel não seria uma obra escrita depois do
período dos Macabeus?
Não. É fácil perceber que o livro não se encaixa bem na época da
revolta dos Macabeus. As narrativas mostram os heróis (Daniel e
seus amigos) cooperando e convivendo com o paganismo
babilônico e medo-persa. No tempo dos Macabeus este convívio
era impossível e a palavra de ordem era total separação de tudo
que era estrangeiro. No período Macabeu, a forma de convívio
com os opressores estrangeiros era a guerra até a morte! Se Daniel
fosse escrito nesta época, as histórias selecionadas para a parte
inicial do livro teriam que ser diferentes. O livro trata com
relativa gentileza aos monarcas pagãos como Nabucodonosor e
Dario. Até mesmo Belsazar, que é punido, não recebe um
tratamento muito ruim. Isto não combina com o período Grego.
F. Qual a razão pela qual muitos datam o livro de Daniel
como uma obra do Segundo Século antes de Cristo?
Há uma grande discussão dos comentaristas versa sobre este
assunto. Abaixo veja as considerações sobre as duas datas mais
propostas para Daniel.
1. A data no Segundo Século:
Muitos creem que o livro não foi escrito na Babilônia, no século
VI a.C., mas sim que seria obra de um judeu na Palestina que
viveu durante a revolta dos Macabeus, no século II a.C.

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A principal razão para a data no Século II é a falta de fé na


capacidade do profeta de prever o futuro. Como as previsões do
capítulo 11 são detalhadas até a época de Antíoco IV, tais
estudiosos concluem que o autor escreveu depois dos eventos,
narrando a história como se fosse profecia. Em Daniel 11.40 ele
chega ao seu tempo e a partir de então começa a falar em termos
vagos e imprecisos. Usando este texto como base, o livro seria de
165/4 a.C. A única e verdadeira razão para esta data no Segundo
Século é a fé de que os milagres e profecias não existem.
Contudo, o livro vai mais adiante: prevê o império Romano como
força mundial, prevê a futura destruição de Jerusalém na profecia
das 70 semanas. Se fosse assim, o livro só poderia ser escrito
depois do ano 70 depois de Cristo! Isto seria um absurdo.
2. A data no Sexto Século:
Para quem não tem dúvidas sobre o poder de Deus de anunciar o
futuro antecipadamente, não há razão para fugir da data no tempo
do Exílio, sendo Daniel histórico o autor.
Todas as considerações sobre a língua, conteúdo, historicidade,
etc. favorecem a data no Século Sexto. O último oráculo do livro
é datado de 537 a.C., e a redação final da obra deve ter sido
realizada imediatamente depois desta visão.
Em nenhum aspecto o livro se encaixa com a revolta dos
Macabeus, e a mudança de tom em Daniel 11.40 pode ser
entendida à luz das intenções do próprio texto de se desprender de
uma única situação histórica e fazer uma transição do pensamento
para um futuro mais distante. Isto será notado na exegese do
texto.
As evidências arqueológicas vindas das descobertas de
manuscritos de Daniel em Qumran também apoiam uma data no
Sexto Século. As descobertas de muitos manuscritos bíblicos nas
cavernas de Qumran, em 1947, mudaram completamente as datas
que eruditos liberais davam para alguns livros como Crônicas e
Eclesiastes.

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O fato é que uma cópia de Daniel foi datada de 100-50 a.C. Isto,
praticamente, impossibilita a origem do livro no Segundo Século.
Apesar disto, muitos ainda teimam em uma origem recente para
Daniel. A evidência, contudo, afirma o contrário, já que é
necessário um bom tempo para que uma obra como esta
encontrasse aceitação e fosse adotada pelos essênios de Qumran.
Assim, por todos estes motivos, a data no Século Sexto é a única
que, ao nosso ver, faz justiça ao livro.
G. Como interpretar o livro de Daniel?
Devemos interpretá-lo à luz do seu contexto histórico e ao mesmo
tempo à luz da história posterior. Lembre-se que Daniel é um
livro selado (Dn 12.4). Ou seja, sua mensagem não seria bem
entendida na época, mas seria entendida depois. O próprio Daniel,
em várias visões, mostra que compreendeu pouco do que foi
revelado. Devemos lembrar que ele tinha o dom de relevar sonhos
e visões! Assim, é bom usar o contexto histórico e também a
história posterior neste processo interpretativo.
O Novo Testamento interpreta alguns textos deste livro. Veja
abaixo duas interpretações importantes – uma de Jesus e outra de
João.
Jesus interpretou o "abominável da desolação" (Mc 13.14; Mt
24.15) de Daniel como o exército romano (Lc 21.20). A expressão
ocorre em vários contextos de Daniel: 8.13(24); 9.26-27; 11.31;
12.11. O que mais se encaixa diretamente no ensino de Jesus aqui
é 9.26-27, como veremos no estudo deste texto.
Também a expressão o "Filho do homem", expressão que é a
autodesignação de Jesus nos evangelhos, vem de Daniel 7.13-14.
Esta interpretação, que Jesus dá a este personagem do livro de
Daniel é inédita. Também é brilhante a ligação que Jesus faz deste
personagem com a figura do Servo Sofredor de Isaías, compondo,
desta forma, sua compreensão do Messias.
O “Reino de Deus” que era um dos ensinos fundamentais de Jesus
encontra sólidas bases em Daniel, assim como o ensino sobre a
ressurreição.

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O livro de Apocalipse apresenta visões construídas com e sobre as


imagens de Daniel. A besta de Apocalipse 13.1-10 é quase a soma
dos quatro animais de Daniel 7, com elaborações e acréscimos.
Percebe-se que o quarto animal de Daniel 7 e a besta que vem do
mar de Apocalipse 13 são basicamente a mesma entidade: o
Império Romano. Logo, sem exagerar, temos em Apocalipse uma
interpretação de Daniel.
Fora do Novo Testamento, mas ainda no Primeiro Século da Era
Cristã, o judeu Flávio Josefo também apresenta sua forma de ver
este livro. Ele tinha o livro de Daniel em grande consideração,
não somente por predizer o futuro com precisão, mas também por
fixar o tempo do cumprimento das suas previsões. Josefo
interpretava Daniel 11-12 em conexão com Antíoco Epifânio. Em
uma famosa e controvertida narrativa, Josefo afirma que
Alexandre Magno encontrou-se com os sacerdotes judaicos de
Jerusalém, quando estava conquistando o mundo, e eles teriam
lido para ele os textos relativos a suas vitórias relatados em
Daniel (Ver "Antiguidades" 11.8.1ss). Se a história é verdadeira
ou não, isto não interessa nos interessa tanto, mas sim, provar
como Josefo interpretou o livro, já em sua época.
Também o Talmude, compilação de ensinos rabínicos trata o livro
de Daniel como um bom modelo de ensino de purificação
sacerdotal para o dia da Expiação. Relata também a história de
Alexandre Magno que Josefo menciona (Yoma 69).
Os Antigos comentaristas cristãos como Hipólito de Roma,
Policrônio, Teodoreto, Jerônimo e outros interpretaram o livro em
seu sentido histórico. Embora discordassem nos detalhes, estavam
de acordo no teor geral da exposição.
Os doutores do judaísmo medieval desprezaram um pouco o livro,
provavelmente por causa do grande recurso que ele dava aos
cristãos.
A Crítica Racionalista do Século XIX, duvidando do sobrenatural,
ressuscitou ideias que já haviam sido ventiladas no Século
Terceiro, na obra "Contra os cristãos" de Porfírio, um filósofo
neoplatônico. Ele era descrente e afirmou que o livro foi escrito
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no século II antes de Cristo. Ele não podia acreditar que Deus


revelasse o futuro com tamanha precisão. Ele foi um exemplo
isolado e Jerônimo combateu sua exegese em seu comentário de
Daniel. Contudo, nos Séculos XIX e XX, o ponto de vista de
Porfírio dominou a mente dos que não creem nos milagres e no
sobrenatural.
Contudo, nossa tese é que o livro de Daniel faz previsões
surpreendentes que mostram o poder de Deus para o povo que
confia nele.
H. Porque em algumas Bíblias o livro de Daniel tem 14
capítulos ao invés de 12?
Estes capítulos adicionais são adições apócrifas, ou seja, não
inspiradas por Deus, colocadas no livro de Daniel mais tarde por
tratarem de assuntos aparentemente relacionados ou por tratarem
dos personagens envolvidos no livro. Estes textos são uma oração
colocada na história da fornalha de fogo (3.24-90) e dois relatos
lendários atribuídos ao Daniel histórico (13.1-14.42).
1. Transmissão destas lendas:
Só ocorrem em versões gregas. Por isso é difícil provar que tenha
existido um original hebraico ou aramaico por traz do texto. No
caso da oração de Azarias e dos três jovens há mais concordância,
o que faz alguns postularem um original hebraico.
Assim mesmo, estas histórias quebram toda a simetria e equilíbrio
com o qual o livro foi construído, sendo, claramente, adições
posteriores, feitas por um autor que não poderia ser Daniel.
2. A Lenda de Susana:
a. A versão de Teodocião. e a Septuaginta divergem sobre a
estória, mas concordam as vezes no uso da língua em certos
pontos.
b. Deve ter se originado na Palestina (onde era possível aplicar
pena de morte), com o propósito de incentivar um melhor
procedimento judicial.

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c. Alguns datam esta estória na segunda metade do séc. I a.C. (50-


0 a.C.).
3. A oração de Azarias e dos três jovens na fornalha de fogo:
a. Análise:
3.24-25 - introdução em prosa
3.26-45 - oração de Azarias em poesia
3.46-51 - texto intercalar em prosa
3.52-90 - oração dos três jovens em poesia.
b. As orações devem ser palestinianas, tardias e originadas em
épocas diferentes.
4. Bel e o dragão;
a. Também neste caso a versão de Teodocião e a Septuaginta
divergem consideravelmente. A Septuaginta coloca o título
"Extraído da profecia de Habacuque, filho de Jesus da tribo de
Levi", no início desta estória.
b. É uma lenda polemizando contra os ídolos dos pagãos.
c. Data: na segunda metade do século I a.C.

Falando sobre os textos originais de Daniel, devemos lembrar que


o texto hebraico-aramaico que temos hoje nos chamados Textos
Massoréticos, já é atestado já nos manuscritos de Qumran.
As versões gregas mais famosas do livro foram feitas para duas
grandes traduções: a Septuatinta (LXX) e a versão de Teodocião.
A igreja preferiu a segunda pelo fato da Septuaginta, neste livro,
não ter uma tradução muito fiel. A Septuaginta só foi preservada
pelo Codex 88 (Chisianus), na versão Siro-Héxapla e
fragmentariamente no papiro 967. A tradução de Daniel feita por
Teodocião, um judeu prosélito efésio do século II AD, suplantou
desde muito cedo a Septuaginta no uso das igrejas cristãs, logo,
ela é encontrada nos manuscritos unciais e minúsculos da igreja.
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A canonicidade de Daniel nunca teve desafiada sua origem


divina. Era muito influente em Qumran. É um dos livros mais
frequentes entre os fragmentos encontrados lá.
As descobertas de manuscritos bíblicos nas cavernas de Qumran
em 1947 mudou completamente as datas que eruditos liberais
davam para alguns livros como Crônicas e Eclesiastes. O fato é
que uma cópia de Daniel foi datada de 100-50 a.C., e isto
praticamente impossibilita a origem do livro no segundo século.
Apesar disto, muitos ainda teimam em uma origem recente para
Daniel. A evidência contudo, afirma o contrário, já que é
necessário um bom tempo para que uma obra como esta
encontrasse aceitação e fosse adotada pelos essênios de Qumran.
A posição de Daniel no cânon tem variado um pouco. Primeiro
entre os Profetas (Josefo) depois entre os Escritos (Texto
Massorético). Talvez pela dificuldade de definir que tipo de livro
era ou por preconceito rabínico contra o uso cristão da obra.

III. A DATA E A UNIDADE DO LIVRO


A. Organização cronológica dos eventos/oráculos do livro.
Império Babilônico Textos de DANIEL (data)
Nabucodonosor (605-562) 1.1-21 (605)
2.1-49 (604)
3.1-30
4.1-37 (antes de 562)
Evil Merodaque (562-
560)
Neriglissar (560-
556)
Labasi-Marduque (556)
Nabônido (Belsazar) (556-539) 7.1-28 (552-551)
8.1-27 (550-549)
5.1-31 (539)
Império Medo-Persa
Dario-Ciro (539-530) 9.1-27 (539)
6.1-28 (538-537)
10.1-12.13 (537)

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Um único autor
A unidade da obra pode ser demonstrada por um estudo do
conteúdo, do estilo, do uso das línguas e pela estrutura da obra.
Sobre o conteúdo: A segunda parte pressupõe a primeira e a
primeira é complementada na segunda. Sobre o estilo: há
constantes repetições de frases ressonantes e também adição de
novos detalhes às visões, quando da interpretação das mesmas.
Estes traços de estilo são comuns a toda a obra e dificilmente
seriam copiados por um imitador, visto tratar-se de uma prática
quase inconsciente do escritor. Sobre o uso das línguas: O uso de
duas línguas não pode ser utilizado como prova de que há dois
autores. Não era incomum usar duas línguas ou estilos em um
mesmo documento. O famoso Código Legal de Hamurabi (séc.
XVII a.C.) tinha a introdução e a conclusão em acadiano semi-
poético e as leis em prosa. O fato da língua aramaica ser utilizada
no capítulo sétimo, que já pertence às visões, mostra que não é
possível dividir o livro em duas obras distintas. Sobre a estrutura:
O livro só pode ser obra de um único autor, pois todas as partes se
relacionam. Este ponto ficará mais evidente quando falarmos
sobre a estrutura do livro.
IV. DATAS IMPORTANTES PARA O LIVRO.
606 a.C. – primeira deportação = Daniel é levado para Babilônia
597 a.C. – segunda deportação = Ezequiel é levado para o Exílio
586 a.C. – terceira deportação = Destruição de Jerusalém
536 a.C. – Decreto de Ciro = Libertação dos Judeus
V. DANIEL E O NOVO TESTAMENTO.
A. Citações e alusões de Daniel no NT (especialmente
Apocalipse).
B. Vocabulário e teologia de Daniel no NT: o Filho do homem,
Ap, Ev, Pa.

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C. Filosofia da história. Deus controla a história. Os reinos deste


mundo, finalmente serão abatidos e o reino de Deus irá impor-se a
todos os filhos de Deus.
D. Daniel e Apocalipse. Daniel é a pedreira de onde João cortou
as pedras para construir o Apocalipse.
VI. VOCABULÁRIO E EXPRESSÕES ESPECIAIS.
A. Títulos divinos: Ancião de Dias é um título fora do comum
dado a Deus. Deus Altíssimo é o titulo divino utilizado diante dos
gentios, mostrando que o Senhor (Yahweh) não é apenas um deus
nacional, mas o único e soberano Deus.
B. Mistério: aparece apenas no livro de Daniel no Velho
Testamento.
C. Últimos dias e outras expressões de tempo: já constavam nos
profetas, mas em Daniel são usados de modo mais específico,
referindo-se não apenas ao futuro geral, mas ao tempo do
cumprimento de certas profecias do livro.
D. Vive para sempre (para Deus):
E. Doxologias e orações: Estão presentes no livro de modo
constante, exaltando Deus em seu poder e glória. Estas
doxologias e orações fazem parte da estratégia e da mensagem do
livro que quer glorificar Deus em tudo e de todos os modos como
o regente do universo.

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INTRODUÇÃO da NVI de Estudo


Daniel
Autor, data e autenticidade
O livro apresenta Daniel como autor em vários trechos, como 9.2
e 10.2. O fato de Jesus confirmar essa autoria fica claro quando se
refere ao “‘sacrilégio terrível’, do qual falou o profeta Daniel”
(Mt 24.15), citando 9.27, 11.31 e 12.11. O livro foi
provavelmente finalizado em c. 530 a.C., pouco depois de Ciro
conquistar a Babilônia, em 539.
O conceito amplamente sustentado de que o livro de Daniel é, em
grande parte, fictício, baseia-se na pressuposição filosófica de que
a profecia preditiva de longo alcance é algo impossível. Seguindo
essa teoria, alega-se que todas as predições de Daniel que foram
cumpridas não podem de forma alguma ter sido escritas antes do
período dos macabeus (séc. II a.C.), depois dos respectivos
cumprimentos. As evidências objetivas, no entanto, excluem essa
hipótese, como se expõe a seguir:
1. Para excluir o cumprimento de profecias preditivas de longo
alcance no livro, os partidários da teoria da data tardia, em geral,
sustentam que os quatro impérios dos capítulos 2 e 7 são:
Babilônia, Média, Pérsia e Grécia. Mas, na mente do autor, “os
medos e os persas” (5.28) juntamente consistiam no segundo da
série de quatro reinos (2.36-43). Assim, torna-se claro que os
quatro impérios são o Babilônio, o Medo-Persa, o Grego e o
Romano. V. quadro “As visões de Daniel”.
2. A própria linguagem defende uma data anterior ao séc. II
a.C. As evidências lingüísticas dos rolos do mar Morto (que
fornecem amostras autênticas de escritos em hebraico e em
aramaico no séc. II a.C.; v. “O período entre os Testamentos”)
demonstram que os capítulos em hebraico e em aramaico de
Daniel devem ter sido escritos séculos antes. Além disso, como
foi demonstrado recentemente, as palavras persas e gregas de
Daniel não exigem data tardia. Alguns dos termos técnicos que
aparecem no capítulo 3 já eram tão obsoletos no séc. II a.C., que

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os tradutores da Septuaginta (a tradução do AT em grego) os


traduziram incorretamente.
3. De qualquer forma, vários dos cumprimentos das profecias de
Daniel não podiam mesmo ter-se dado até o séc. II a.C., de modo
que o elemento profético futurista não pode ser excluído. O
simbolismo ligado ao quarto reino revela que, sem possibilidade
de engano, trata-se de predição do Império Romano (v. 2.33;
7.7,19), que não assumiu o controle da Siro-Palestina senão em
63 a.C. Além disso, a profecia a respeito da vinda do “Ungido, o
líder”, 483 anos depois “do decreto que manda restaurar e
reconstruir Jerusalém” (9.25), mostra, segundo os cálculos, a
época do ministério de Jesus.
As evidências objetivas, portanto, parecem excluir a hipótese da
data tardia, e indicam que não há razão suficiente para negar a
autoria do livro pelo próprio Daniel.
Tema
O tema teológico do livro é a soberania de Deus: “o Deus
Altíssimo domina sobre os reinos dos homens” (5.21). As visões
de Daniel sempre demonstram Deus triunfando (7.11,26,27; 8.25;
9.27; 11.45; 12.13). O apogeu de sua soberania é descrito em
Apocalipse: “O reino do mundo se tornou de nosso Senhor e do
seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15; cf. Dn
2.44; 7.27).
Gênero literário
O livro é composto principalmente de narrativas históricas
(sobretudo nos caps. 1—6) e de material apocalíptico,
revelacional (principalmente nos caps. 7—12). Esse pode ser
considerado profético, simbólico e visionário, em geral escrito em
condições opressivas, com teor teológico preponderantemente,
escatológico. Os escritos apocalípticos são sobretudo material de
incentivo para o povo de Deus (v. “Introdução, Zacarias: Gênero
literário”; v. tb. “Introdução, Apocalipse: Gênero literário”).
Quanto ao uso simbólico das cifras nos escritos apocalípticos, v.
“Introdução, Apocalipse: Característica própria do livro”.

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Esboço
I. Prólogo: Antecedentes históricos (cap. 1; em hebraico)
A. Introdução histórica (1.1,2)
B. Daniel e seus amigos são levados cativos (1.3-7)
C. Os jovens são fiéis (1.8-16)
D. Os jovens são elevados a posições de destaque (1.17-21)
II. Os destinos das nações do mundo (caps. 2—7; em Aramaico,
a partir de 2.4b)
A. Sonho de Nabucodonosor: uma grande estátua (cap. 2)
B. Nabucodonosor fez uma imagem de ouro e decretou que
fosse adorada (cap. 3)
C. Sonho de Nabucodonosor: uma árvore enorme (cap. 4)
D. Queda de Belsazar e da Babilônia (cap. 5)
E. Livramento de Daniel (cap. 6)
F. Sonho de Daniel: quatro animais (cap. 7)
III. O destino da nação de Israel (caps. 8—12; em hebraico)
A. Visão de Daniel: um carneiro e um bode (cap. 8)
B. Oração de Daniel e sua visão das setenta semanas (cap. 9)
C. Visão de Daniel: o futuro de Israel (caps. 10—12)
1. Revelação das coisas futuras (10.1-3)
2. Revelação do mensageiro angelical (10.4—11.1)
3. Profecias a respeito da Pérsia e da Grécia (11.2-4)
4. Profecias a respeito do Egito e da Síria (11.5-35)
5. Profecias a respeito do anticristo (11.36-45)
6. Aflição e livramento (12.1)
7. Duas ressurreições (12.2,3)
8. Instruções a Daniel (12.4)
9. Conclusão (12.5-13)

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BIBLIOGRAFIA
ARCHER Jr, Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? São
Paulo: Vida Nova, 1974.
BALDWIN, Joyce G. Daniel: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida
Nova, 1983.
BONHOME, Manuel Jiménez F. Os Misteriosos Habitantes do Deserto
de Judá – Sua vida e seus escritos. São Paulo: Verbo Divino, s.d.
FLÁVIO JOSEFO, Antiguidades
GREEN W.H. General Introduction to the Old Testament: the Canon.
New York: Scribners, 1926.
KENNEDY, John. The Book of Daniel from the Christian Standpoint.
London: Eyre & Spottiswoode, 1898.
MARGOLIOUTH, D. S. Lines of Defense of the Biblical Revelation.
London: Hodder & Stoughton, 1900.
MCDOWELL, Josh. Profecia: Fato ou Ficção. São Paulo: Candeia, 1991.
PESTANA, Álvaro C. Daniel: Vida e Obra. Campo Grande: SerCris,
2007.
SMITH, J. E. The Major Prophets. Joplin: College Press. 1992.
STEWART, Ted. Um Exame da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia
(apostila), São Paulo: IEB, s.d.
WALLACE, Ronald S. A Mensagem de Daniel. São Paulo: ABU, 1985.
WRIGHT, C. H. H. Daniel and his Prophecies. Minneapolis: Klock &
Klock, 1983 [1906].
YOUNG, Edward J. "DANIEL" in DAVIDSON F. O Novo Comentário
da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1963.

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

EBNESR

VT210 - Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados

Álvaro César Pestana

VT210-02 – DANIEL 1 A 3

EBNESR
Recife, PE
2013
(C) 2013 Álvaro César Pestana
Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR


CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento
Rua Baronesa de Palmares, 190 - Boa Viagem
51030-110 – Recife, PE. (81) 3341-6514 / 3342-5269
[email protected]

Dedicatória:

Às igrejas de Cristo em Maracanaú, CE,


Por sua fraternidade, hospitalidade e apoio.

PESTANA, Álvaro César. Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados. VT210-02 – DANIEL 1
a 3. Recife: EBNESR, 2013.

26 p: 30 cm.

1. O livro de Daniel; 2. O livro de Ezequiel 3.


Introdução ao Estudo Bíblico; 4. Profecia
Bíblica; 5. História do mundo antigo.

© 2013 Álvaro César Pestana

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APRESENTAÇÃO

Nesta Web-Aula, retomaremos a situação histórica no tempo de


Daniel e estudaremos os três primeiros capítulos do livro. O
temas das lições são:

Lição #1 O Livro de Daniel e a História do Mundo


Bíblico – Introdução

Lição #2 Como Continuar Cristão em um Mundo


Pagão - Daniel 1

Lição #3 Como Resolver Problemas - Daniel 2

Lição #4 Os Intocáveis - Daniel 3

É importante que o aluno leia os textos bíblicos correspondentes


de cada lição para uma melhor compreensão da mensagem e das
lições do texto.

Fiquem com Deus!

Álvaro C. Pestana

Seminário EBNESR, Recife, PE

2013.

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LIÇÃO #1 - O LIVRO DE DANIEL E A HISTÓRIA DO


MUNDO BÍBLICO
Introdução: Os temas e os acontecimentos narrados no livro de
Daniel ocorrem em um momento crucial da história de Israel. O
Exílio do reino de Judá na Babilônia marcará o fim de uma era e o
início de outra. O chamado “judaísmo” estará nascendo. Por isto,
é necessário compreender muito bem a história anterior à época
de Daniel e também a história posterior, para ver o cumprimento
de suas profecias.
Discussão:
I. A HISTÓRIA DE ISRAEL.
Criação.
Queda.
Dilúvio.
Babel.
Patriarcas,
Escravidão no Egito,
Êxodo,
Conquista de Canaã,
Juízes,
Reino Unido,
Reino Dividido,
Reino de Judá sozinho,
Cativeiro Babilônico,
Restauração,
Intertestamento,
Novo Testamento.

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II. A HISTÓRIA DAS POTÊNCIAS DO CRESCENTE FÉRTIL.


A. O livro de Daniel foi escrito em um momento histórico muito
importante no mundo antigo. Não havia mais o Reino de Israel
nem o de Judá. Nenhum reino terrestre tinha como rei um
representante do Deus Verdadeiro. Não havia mais um
descendente de Davi reinando em Jerusalém. O povo de Deus
vivia subjugado por potências gentílicas. Daniel escreve
mostrando que Deus estava controlando a história e os reinos do
mundo, apesar de todas estas circunstâncias adversas. O alvo de
Deus era estabelecer o seu Reino Eterno no decorrer da história
humana. Por isto estudar esta história é estudar também a
realização dos planos de Deus.
B. Para nosso estudo é bom utilizar bons mapas e compreender a
sucessão de potências mundiais que atuaram no "Fértil Crescente"
(ou "Crescente Fértil" é o nome que se dá a uma faixa de terra em
formato de meia lua que vai do Egito ao Golfo Pérsico, passando
pela Palestina, Síria e Mesopotâmia) deste os tempos de Abraão
até o período do Novo Testamento.
POTÊNCIAS MUNDIAIS----------------------------ÉPOCA
BÍBLICA
Antigo Império Babilônico----------------------------Patriarcas
Antigo Império Egípcio----------------------------Patriarcas-Êxodo
Nenhum (Todos muito debilitados)---------------Juízes-Davi
Império de Salomão------------------------------------Salomão
Nenhum (Forças: Egito, Síria, Israel, etc)--------Reino Dividido
Império Assírio-----------------------------------Destruição de Israel
Império (Neo-)Babilônico-----------------------Cativeiro de Judá
Império Medo-Persa---------------------Restauração (fim do VT)
Império Grego (Alexandre e outros)-----Período Interbíblico
(Período de independência (Macabeus)--Período Interbíblico)

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Império Romano--------------------------do Interbíblico até o NT.


III. DANIEL E A HISTÓRIA.
A. Enquanto Daniel vive na época dos Impérios Babilônico e
Medo-Persa, suas profecias e visões abrangem não apenas estes,
mas também os Impérios Grego e Romano. Assim, na lista
anterior, os impérios grifados são assuntos do livro de Daniel.
B. O livro de Daniel não foi escrito na ordem em que as coisas
ocorreram e foram reveladas. Como poderá ser notado abaixo,
Daniel resolveu agrupar os materiais por sua natureza literária e
não por ordem cronológica. Nos capítulos 1-6 temos as narrativas
históricas onde Daniel conta coisas que se passaram com ele ou
com seus colegas. Algumas destas histórias tal como a história de
Daniel na cova dos leões ocorreu depois que Daniel tinha
recebido quase todas as visões dos capítulos 7-12. Assim, o livro
primeiramente ensina pela VIDA (1-6) de Daniel e depois pelas
VISÕES (7-12).
Organização cronológica das narrativas e visões do livro de
Daniel:
IMPÉRIOS MUNDIAIS Textos de DANIEL (data)
Império Babilônico
Nabucodonosor (605-562) 1.1-21 (605)
2.1-49 (604)
3.1-30
4.1-37 (antes de 562)*
Nabônido (Belsazar) (556-539) 7.1-28 (552-551)
8.1-27 (550-549)
5.1-31 (539)
Império Medo-Persa
Dario-Ciro (539-530) 9.1-27 (539)

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6.1-28 (538-537)
10.1-12.13 (537)
*Depois de Nabucodonosor reinaram Evil-Merodaque (562-560),
Neriglissar (560-556) e Labasi-Marduque (556). Estes não são
mencionados no livro.
Conclusão: Este ambiente histórico é a base para a compreensão
do livro, tanto no que diz respeito à vida do personagem principal,
que é Daniel, como também para as profecias dele, que
geralmente exigem um conhecimento da história para ver o.seu
cumprimento.

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LIÇÃO #2 - COMO CONTINUAR CRISTÃO EM UM


MUNDO PAGÃO - Daniel 1
INTRODUÇÃO
Daniel capítulo 1 fornece o ambiente histórico do livro de Daniel:
a situação, os principais personagens e os problemas para pó povo
de Deus são apresentados. O palco e o enredo fica estabelecido.
Foi escrito em hebraico e trata da decisão de quatro jovens de
continuar servindo a Deus, mesmo em condições adversas. Para o
povo de Israel, este capítulo estabeleceria um padrão de
comportamento para conseguir continuar praticando sua religião
num mundo que se opunha a ela. Eles tinham que continuar
judeus em um mundo pagão. O mesmo dilema vivemos hoje:
como continuar cristão em um mundo pagão?Daniel vai nos
ajudar.
DISCUSSÃO
I. A HISTÓRIA DE DANIEL E SEUS COMPANHEIROS
A. O Novo Poder Mundial (1-2)
Babilônia era a nova "dona do mundo" após vencer a Assíria e o
Egito na batalha de Carquemis em 605 a.C. Assim, o reino de
Judá, passou das mãos do Egito para as dos Babilônicos. Esta
visita de Nabucodonosor a cidade deve ter ocorrido logo depois
da referida batalha e não é citada em fontes extra-bíblicas
conhecidas até o momento (2 Reis 24.1 e 2 Crônicas 36.6-7
podem estar aludindo a ela).
B. O Programa de Difusão da Cultura Babilônica (3-7)
Nabucodonosor pretendia construir um império mundial, e para
tanto, precisava amalgamar elementos de todas as suas conquistas
debaixo da influência e do controle de Babilônia. Como fazer com
que todos os povos diferentes aceitassem o jugo do Império
Babilônico? Era necessário transformá-los em babilônios!
Podemos supor que o que Nabucodonosor estava fazendo com os
judeus, estivesse fazendo também com outras nações, e que este

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programa era "internacional". Um “programa de babilonização”


de todos os povos:
O programa consistia em:
1. Escolher jovens de todas as nações: Escolheram jovens por
serem mais fáceis de moldar. O processo seria muito difícil para
pessoas completamente formadas. O futuro da nação seria
treinado para ser “babilonizado”.
2. Os escolhidos eram inteligentes e cultos de modo que já
pudessem receber treinamento avançado e que suas perspectivas
de progresso fossem as maiores.
3. A carreira oferecida era a melhor possível: posição de comando
na maior corte do mundo, a corte de Nabucodonosor. Isto seria
para os que passassem no teste, no final do treinamento.
4. Os privilégios e mordomias eram irrecusáveis: os jovens
receberiam a mesma comida que o rei comia. Comer da mesa do
rei significava privilégio, mas também ligação de fidelidade e
intimidade.
5. Os estudos seriam de alto nível: cultura e língua dos caldeus.
Tornar-se-iam babilônios por adoção da cultura e costumes.
6. Havia um programa de reeducação, cujo alvo era o de romper
os laços e vínculos anteriores com o país, família, alimentação,
ocupação, cultura e nomes. Tudo seria trocado.
7. A mudança de nomes era feita por conveniência, mas também
como parte do processo de aculturação. As mudanças dão a
entender uma tentativa de mudar o caráter e a religião dos jovens:

DANIEL------------------------------------BELTESSAZAR
Deus é meu Juiz Bel proteja sua vida
(Senhora, proteja o rei)
MISAEL---------------------------------------MESAQUE*

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Quem é como Deus? Quem é esse?/Quem é como Aku?


(Tenho pouca importância)
HANANIAS-------------------------------------SADRAQUE
Javé e misericordioso Marduque(?)/Amigo do rei
(Tenho muito temor)
AZARIAS------------------------------------ABEDE-NEGO
Javé é meu socorro Servo de Nego
(Servo daquele que brilha)
* MESAQUE é um nome que não tem sido explicado satisfatoriamente.

d) Os novos nomes eram sinal da tentativa de aculturar estes


jovens, cortando suas raízes em Deus e ligando-os aos deuses
falsos.
C. A Contracultura do Povo de Deus (8-16)
1. Quatro jovens judeus perceberam o que estava em jogo. Não
era só questão de costumes. A questão era de fidelidade a Deus.
Seria muito fácil para estes quatro jovens ceder às novas
tentações: estavam sozinhos, afastados dos pais e das tradições de
sua nação, habitando entre inimigos. De fato, estavam no
cativeiro por culpa espiritual e incompetência bélica de seus
antepassados. Sim, seria fácil ceder e pecar, como outros jovens
judeus deviam estar fazendo. Contudo, sua postura é muito bonita
e encorajadora. Eles decidem manter sua identidade com o povo
de Deus. Eles decidem não comer as comidas oferecidas pelo rei.
2. As comidas e bebida seriam ilícitas por um ou mais dos
motivos abaixo:
a) Teriam sido sacrificadas aos ídolos – toda comida da
antiguidade teria algum compromisso com a idolatria;
b) Seriam cerimonialmente impuras – não eram preparadas com
animais puros;

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c) Teriam sido preparadas de modo contrário à Lei – os animais


não eram abatidos corretamente, haveria sangue nos pratos e
misturas proibidas aos judeus (como misturar leite e carne, etc.);
d) Representariam um compromisso exclusivo e incondicional
com Nabucodonosor – comer da mesa de alguém significa ser
íntimo e ser aliado incondicional desta pessoa. Para estas jovens,
dedicar a Deus seu único compromisso incondicional era uma
ação necessária.
3. Seu modo de agir nesta questão é muito instrutivo:
a. Eles foram delicados no falar. (8) – falar com brandura e
cuidado sempre é sábio.
b. Eles tinham uma decisão firme. (8) – apesar da delicadeza do
pedido, a decisão era forte e corajosa.
c. Eles receberam a ajuda de Deus. (9) – esta é a chave da
questão: Deus sempre abençoa a obediência.
d. Eles perceberam os riscos. (10) –não havia garantia que tudo ia
dar certo; servir a Deus pode custar muito, até a vida.
e. Eles apresentaram uma alternativa. (11-14) – ao invés de
dizerem apenas “não” eles disseram “não” a uma coisa, mas um
“sim” para outras coisas que mereciam ser feitas.
f. Eles venceram pela bênção de Deus. (15-16) – mais uma vez, a
doutrina da Providência Divina aparece.
D. A Bênção de Deus sobre os Fiéis (17-21) – O resultado de
fidelidade é agradar a Deus.
1. Conhecimento. Como resposta a sua fidelidade, Deus resolveu
abençoar estes jovens com conhecimento que nenhum dos outros
chegou alcançar. Daniel recebeu algo mais. Estes dons de Deus
seriam utilizados no cumprimento de seus propósitos, que ficarão
evidentes no transcorrer do livro (17-18). Deus dá dons aos fiéis
para que os utilizem com fidelidade, dentro de sua vontade santa e
salvadora.

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2. Eles acabaram superando a todos. Seus colegas de treinamento


(19); os sábios oficiais da Babilônia (20); e superaram o próprio
império Babilônico, pois Daniel exerceu funções de alto
funcionário no início do Império Medo-Persa (21).
II.APLICAÇÕES PRÁTICAS PARA HOJE - Romanos 12.2
A. O mundo quer nos conformar, isto é, colocar-nos na sua forma.
A palavra grega SYSCHEMATIZESTHAI que é traduzida pelo
verbo "conformar" (Romanos 12.2) dá a ideia de participar de um
esquema que molda nossa vida. Conformar-se com o mundo é
deixar que ele diga qual vai ser a estrutura do nosso viver. (Este
termo ocorre também em 1 Pedro 1.14).
B. Há muitos modos práticos pelos quais o mundo tenta nos
conformar com suas ideias: as propagandas da TV e outros
veículos de comunicação, amigos, coisas que todo mundo faz, os
valores de nossa sociedade corrupta. Todas estas coisas são a
forma pela qual o mundo quer nos conformar com este século.
B. O cristão deve viver numa “contracultura”:
1. O cristão deve transformar-se pela renovação da mente. O
verbo traduzido "transformar" em Romanos 12.2 é o
METAMORPHOUSTHAI, que é o mesmo que descreve a
transfiguração de Jesus (Mateus 17.2 e Marcos 9.2). Designa uma
mudança que atinge o interior e o exterior. Esta mudança é
realizada por Deus que se instrumentaliza da renovação da mente,
ou seja, pela adoção deliberada de um novo padrão de pensar,
valorizar e decidir, ou seja, de uma contracultura baseada em
Jesus Cristo.
2. Nem tudo da cultura brasileira está errado. Não estamos
querendo brigar com todos por puro desejo de discordar. Podemos
viver uma vida normal quando esta está de acordo com a vontade
de Deus.
3. Mas muitas coisas chamadas de "normais" pela cultura
brasileira são pecaminosas. Contra estas devemos reagir.
4. O jeito de propor a Contracultura vem em duas etapas:

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a) Negar o pecaminoso. Diga: Não!


b) Propor o caminho alternativo, que é santo: Sim para a
santidade e a justiça.
5) Uma religião “crente” [no sentido pejorativo] muitas vezes é
baseada em “coisas que minha religião não permite fazer”. Esta
não é a opção cristã. Temos que pensar no que Deus quer que
façamos e ocupar nossa mente e esforço em praticar o bem e não
em pensar no mal.
CONCLUSÃO:
Não devemos ir com a correnteza. O que todo mundo faz não é o
critério. Devemos mudar o ambiente e não ser mudados por ele;
devemos apresentar soluções e opções que viabilizem o propósito
de continuar cristão em um mundo pagão.

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LIÇÃO #3 - COMO RESOLVER PROBLEMAS - DANIEL 2


INTRODUÇÃO
Embora este capítulo profetize os quatro impérios mundiais que
precederiam o início do Reino de Deus e o início da igreja, a lição
que iremos apresentar será de cunho mais prático. O modo como
Daniel resolveu o problema no qual foi envolvido será o assunto
da lição.
DISCUSSÃO
I. A ORIGEM DO PROBLEMA (1-3)
A. O Sonho Que Acabou Com o Sono (1).
O rei sentia-se inseguro: era mau agouro (para ele) esquecer um
sonho.
B. A Primeira Busca de Solução (2).
O rei buscou a solução nos especialistas que tinha em mãos. O rei
confiou em homens.
C. A Apresentação do Problema (3).
O rei sabia que tinha um problema (sonho). O rei não sabia qual o
problema (o significado do sonho) e queria resolvê-lo (interpretar
o sonho). Se o rei tinha esquecido, ou não, o conteúdo do sonho, é
difícil saber. Ele poderia ter esquecido o sonho, mas estar
suficientemente preocupado com ele para querer lembrá-lo de
novo. Por outro lado, pode ser que ele sabia todo o sonho, mas
por não querer ser enganado nesta questão, exigiu que, os que,
supostamente, tinham poder para interpretar, tivessem também
poder para revelar.
II. O AUMENTO DO PROBLEMA (4-13).
Ao invés dos especialistas resolverem o problema, aumentaram a
encrenca.
A. A Tentativa de Fugir do Problema Principal e Ficar com o
Secundário (4).

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Eles tentaram resolver a questão de interpretação do sonho, mas


nem de leve tentaram revelar o sonho. Fizeram-se de surdos em
relação ao apelo do rei para saber qual era o sonho. De fato, eles
não podiam revelar o sonho, mas se o rei contasse o sonho, eles
podiam inventar algo para interpretá-lo.
B. O Aumento do Problema (5-6).
1. Ameaça (5)
2. Recompensa (6)
C. Nova Tentativa de Fugir do Problema Maior, Ficando Com o
Menor (7).
Não houve humildade. Só havia orgulho e tentativa de escapar
sem se rebaixar: escapismo. Eles não podiam confessar que não
podiam nem revelar e nem interpretar de verdade o sonho do rei.
D. O Aumento do Problema (8-9).
1. Introduziu-se a DESCONFIANÇA no problema, que já era
grande. O rei mostra claramente que não confia em seus “homens
de confiança”.
2. Percebeu-se que o problema verdadeiro não seria tratado.
3. Os especialistas estavam querendo:
a) Tempo para que o problema morresse;
b) Ocasião para mentir.
E. A Última Tentativa de Fuga (10-11) – eles passam a acusar o
rei e mostrar que o pedido era impossível: não há solução!
1. “Ninguém pode resolver isto”.
2. “Ninguém nunca exigiu tal resolução”.
3. Depois de tudo, o rei é acusado e culpado pela situação.
F. O Aumento do Problema (12-13) – a coisa ficou muito feia
para todos.

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1. O rei irado e com insônia.


2. Os sábios sob sentença de morte.
NOTA DE APLICAÇÃO:
Muitas vezes, quando vamos resolver problemas sem orientação
divina, de modo humano, sem humildade, com intenções de
manter as aparências ou apenas para “rolar o problema para o
futuro” – tudo isto estava sendo feito pelos sábios de Babilônia –
o resultado é catastrófico. As coisas só pioram.
III. A RESOLUÇÃO DO PROBLEMA (14-45)
Agora iremos apresentar o estudo na forma de sugestões para
resolução de problemas.
A. Comece com Calma (14).
Daniel começou o assunto com prudência e sabedoria.
Precipitação só gera problemas maiores.
B. Arranje Tempo (15-16).
Daniel, com humildade, arranjou mais um tempo para resolver o
problema. Geralmente parte do problema é não entender os prazos
para a realização das soluções.
C. Tenha Fé (16).
Daniel não sabia ainda a resposta, mas acreditou na bênção de
Deus em dar-lhe aquela solução dali a pouco. Essa atitude de
confiança em Deus gera coragem.
D. Procure Comunhão, Oração e Conselho (16-17).
Daniel buscou a comunhão e a oração e os conselhos de seus
amigos. Quando estamos com problemas, não devemos
abandonar a igreja e os irmãos, mas muito pelo contrário,
devemos recorrer a eles pedindo ajuda.
E. Fique Tranqüilo e Tenha Calma para Receber a Resposta de
Deus (19).

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Daniel ficou tranquilo depois de orar, tanto que podia dormir e


nos sonhos Deus revelou-lhe a solução do problema.
F. Agradeça a Deus (20-23).
Daniel louvou e agradeceu a resposta. Não houve ingratidão e
muito menos um orgulho de pensar que a solução foi alcançada
por mérito ou esforço individual.
G. Uma Vez que Tenha a Solução, Seja Rápido (24).
Daniel não demorou para resolver o caso, uma vez sabendo o que
é certo. Deixar as coisas para amanhã só atrapalha mais a
situação.
H. Mostre que a Solução Vem de Deus (25-29).
Daniel não procurou receber vantagens ou glórias por resolver o
mistério. Ele sabia que o crédito público devia ser oferecido a
Deus.
I. Mantenha-se Humilde (30).
Seria fácil deixar que o rei tivesse uma impressão errada da
importância de Daniel. O importante sempre é Deus, e não as
pessoas.
J. Seja Simpático (26-45).
Daniel sabia que provocar o rei furioso só traria mais problemas.
A apresentação da questão foi feita com toda a simpatia.
K. Apresente o Problema e a Solução (26-45).
Daniel falou do sonho e da interpretação. Sem o lado positivo,
apresentar o sonho seria ainda ter um grande problema.
IV. FINAL FELIZ (46-49)
A. A Reação do Rei (46-47). O rei reconheceu a Daniel e
reconheceu ao Deus de Daniel.

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B. O Progresso de Daniel e seus Amigos (48-49). O fato de ter


ajudado o rei fez com que o rei se agradasse dele e ele tornou-se
importante na corte.
CONCLUSÃO
I. O contraste neste estudo é entre a tentativa de resolver os
problemas com métodos humanos e a resolução dos problemas
com o método de Deus.
II. Problemas não resolvidos aumentam.
III. O método de Daniel (ponto III da Discussão) vale a pena ser
discutido e aplicado.

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ANEXO DA LIÇÃO 3:
OBSERVAÇÃO FINAL: Veja o significado histórico da estátua.
cabeça de ouro império babilônico
peito e braços de prata império medo-persa
quadris e barriga de bronze império grego
pernas e pés de ferro império romano
(pés com barro)
pedra reino de Deus
(Cristo)

OBSERVAÇÃO
Uma comparação entre os reinos da
estátua e o de Deus.
OS REINOS DO MUNDO (O "COLOSSO") O REINO DE DEUS
ORIGEM humana divina
DURAÇÃO temporários eterno
PODER mutável invencível
BASE frágil sólida

INTERPRETAÇÕES DOS QUATRO REINOS DO LIVRO DE


DANIEL.
I II III IV V VI VII VII
#1 ³ BABILÔNIA BABILÔNIA NABUCO- ASSÍRIA BABILÔNIA BABILÔNIA NABUCO-
BABILÔNIA   DONOSOR DONOSOR

#2 MEDO- MEDIA MEDO- BELSAZAR BABILÔNIA GRÉCIA MEDO- EVIL-


PÉRSIA PÉRSIA PÉRSIA MERODAQUE
#3 GRÉCIA PÉRSIA ALEXANDR MEDO- MEDO- ROMA GRÉCIA NERIGLISSAR
E PÉRSIA PÉRSIA
#4 ROMA GRÉCIA SUCESSOR GRÉCIA GRÉCIA EUROPA ROMA NABÔNIDO
ES ANTICRIST BELSAZAR
O
LEGENDA:
I = MELHOR INTERPRETAÇÃO;
II a V = interpretações erradas que datam o livro no segundo
século AC;
VI a VII = interpretações erradas dos futuristas;
VIII = interpretação errada de preteristas.
Nota: QUATRO OU CINCO REINOS? Quatro reinos encaixa-se
melhor com o contexto do livro (Dn 7), com a transição dos
metais, com a necessidade dos reinos serem sucessivos, com o
estabelecimento do reino por Jesus no Novo Testamento, nos
tempos dos romanos.

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LIÇÃO #4 - OS INTOCÁVEIS - DANIEL 3


INTRODUÇÃO
No passado houve uma série de filmes na TV e no cinema sobre
um grupo de policiais chamados "Os Intocáveis". Eles eram
homens fiéis à lei e não aceitavam subornos ou ameaças para
abandonar a justiça: era impossível “tocar” nestes homens com
suborno ou dinheiro sujo. Neste capítulo de Daniel, Sadraque,
Mesaque e Abede-Nego foram homens fiéis, intocáveis em sua
fidelidade a Deus. Seu exemplo inspira todos nós.
DISCUSSÃO
I. A TENTATIVA DE UNIFORMIZAR A CULTURA
MUNDIAL (1-7)
A. O Monumento de Identificação Ideológica: (1)
Nabucodonosor construiu uma grande estátua: um verdadeiro
colosso. Talvez ela tivesse relação com a imagem que ele viu em
seu sonho, mas sua interpretação e realização nada tinha a ver
com aquilo que Daniel falou sobre a estátua do sonho. Esta
estátua construída por Nabucodonosor devia ter o aspecto de
obelisco um (30 m de altura e 3 m de largura). Era coberta de
ouro. O texto não diz de quem era a imagem. Ela estaria associada
aos deuses de Nabucodonosor, ao próprio Nabucodonosor e seu
poder real. O propósito da mesma parece ter sido o de exaltar a
Nova Babilônia e unificar a cultura através de uma religião
nacional. Religião é um eficaz e notório cimento social e
nacional.
B. O Decreto de Identificação Ideológica: (2-7)
1. Envolvia razões político-sociais (2-3):
Visto que só a liderança das nações estava presente, devemos
imaginar que ela não era um artefato para o culto popular, mas
inicialmente um instrumento de moldar a liderança da nação aos
novos ideais religiosos e políticos de Nabucodonosor. Assim, a
adoração da estátua seria uma celebração dos triunfos, a criação
de uma nova ideologia de poder e também um modo de testar a
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lealdade ao rei. Quem não adorasse revelar-se-ia como traidor dos


ideais do novo Império.
2. Apresentava-se como evento cultural (5):
Havia uma enorme orquestra internacional designada para tocar
no evento. A celebração procurava associar pompa, poder, senso
estético e cultura com os ideias políticos do rei.
3. Envolvia todos os povos (4):
Embora Babilônia reinasse sobre muitos povos de diferentes
línguas e culturas, na adoração da estátua de ouro, todos seriam
iguais. Todos podiam e deviam fazer a mesma coisa – adorar os
ideais do novo rei..
4. Havia uma ameaça (6):
Boa vontade não seria a única coisa esperada. Assumir os novos
ideais do rei era uma ordem e haveria uma demonstração de força
contra os opositores. O terror babilônico ainda existia.
5. Havia pressão social (7):
Além da força do decreto, o fato de todos se dobrarem diante do
decreto, do rei e da estátua representava uma imensa pressão
social para que todos se conformassem com a nova realidade.
“Todo mundo está fazendo isto”!. Todos queriam ser iguais. Não
havia contestação. Todo mundo estava obedecendo.
II. A RESISTÊNCIA POR FIDELIDADE A DEUS (8-18)
Os três amigos de Daniel resolveram não comprometer sua fé
nesta ritual de adoração dos ideais nacionais. Daniel não estava
presente. Talvez ele tivesse poder para conseguir evadir-se deste
confronto. Os seus três colegas, entretanto, não tinham este poder.
Estavam em um nível da hierarquia administrativa que exigia sua
participação nos rituais. Eles não se dobraram: foram “intocáveis”
A. A Difamação da Fidelidade a Deus: (8-12)
Os que cederam e adoraram a estátua não se conformavam em ver
alguém que tivesse procedimento contrário (Por esta mesma razão

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o mundo nos persegue). Não se aceita os que pensam diferente do


que todos se sentem obrigados a fazer.
1. Não perderam tempo (8).
2. Fizeram a cabeça do rei, falando mal dos homens (9-11).
3. Transformaram tudo em ofensa pessoal, para agravar a situação
(12).
B. A Luta Contra a Fidelidade a Deus: (13-15)
Os jovens tinham decidido ser fiéis a seu Deus, mas o rei não
pediu nem aceitou explicações. Ele simplesmente tentou, mais
uma vez, obter completa submissão.
1. O rei estava furioso (13). Ficar diante de alguém tão poderoso
em estado de ira e fúria não deve ter sido fácil.
2. O rei não podia acreditar em um desafio (14). Nabucodonosor,
acostumado a atemorizar com muito menos quase não podia
acreditar que estava sendo desafiado pelos três jovens.
3. O rei deu-lhes uma segunda chance (15). Há uma certa
“misericórdia” do rei, oferecendo uma nova oportunidade de
aceitar os seus ideais.
4. O rei não via outra opção (15). No fim de tudo, o rei também
lançou seu desafio. Ou obedecem ou morrem! E acrescentou:
“Nenhum deus os livrará!” Ele percebeu que a recusa em adorar a
estátua era baseada em sua confiança em seu Deus. Assim, ele já
foi avisando que, “na prática”, o ateísmo é a única “religião”
verdadeira.
C. A Inflexibilidade dos Três Jovens: (16-18)
Esta resposta dos três jovens deve ser colocada em um quadro na
melhor parede de nossa casa. Sua resposta constou de 3 simples
ideias:
1. Não precisamos falar sobre isto: (16)

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Não é necessário falar muito, o principal é agir - o silêncio é mais


eloquente.
2. Deus pode livrar-nos se ele quiser (17).
Não há dúvida sobre o poder de Deus. A fé nele é inabalável e
não se “julga” o poder de Deus pelos acontecimentos que nos
sobrevém.
3. Se Deus não quiser livrar seus fiéis, mesmo assim ele merece a
fidelidade deles (18).
“Livrando ou não. Querendo agir ou não, nossa submissão a ele
não será condicional.” Fidelidade a Deus não é fruto de barganha
com Deus, mas de aceitação de sua sabedoria e divindade.
III. O CONFRONTO E TESTE DA FIDELIDADE (19-23)
A. A Ira do Rei (19-20)
Nabucodonosor não estava acostumado a ser contrariado. Além
do mais, se ele perdesse sua autoridade diante de todos, por causa
destes três teimosos, rebeliões seriam iniciadas em toda parte. O
rei iria aparentar fraqueza. Assim, tudo foi preparado com
especial requinte para não somente destruir estes rebeldes, mas
também para deixar claro para todos quem era a autoridade
suprema do mundo. Ironicamente, logo todos saberão quem é o
mais poderoso do universo!
1. O rosto do rei –estava transfigurado de ira e ódio
2. A fornalha – estava no limite superior de seu calor: sete vezes
mais quer dizer, muito mais do que o normal necessário.
3. Os soldados – os mais fortes e capazes foram designados para
esta tarefa
B. A Execução do Castigo (21-23)
1. Os executores morreram – o calor era tanto que os soldados
encarregados de matar os três jovens perderam a vida na
proximidade de tanto calor.

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2. Os jovens estavam com vida ao serem jogados no fogo: a ideia


de sentir o suplício era o que se pretendia com este tipo de pena.
IV. A VITÓRIA DA FIDELIDADE (24-30)
Como se sabe, os jovens não morreram, pelo contrário, foram
salvos por Deus e ao invés de serem alvos da ira do rei acabaram
sendo alvos da admiração e do cuidado do rei.
A. Fidelidade Dá Liberdade: (24-25)
Foram lançados presos. Mas ficaram soltos. Não estavam mais
amarrados, mas livres.
B. Fidelidade Dá Comunhão com Deus: (26-27)
Três homens foram lançados no fogo, mas o rei podia ver uma
quarta pessoa com eles. Deus enviou sua presença entre eles.
Quem seria este personagem. O próprio rei, homem cheio de
superstições e deuses vai dizer que é um “filho dos deuses” ou um
“anjo”. Há quem pense que realmente era um anjo, pois estes
ocorrem no livro de Daniel. Outros chegam a dizer que era uma
Teofania, ou seja, uma manifestação do próprio Deus, vindo
andar com seus servos. Dentro deste pensamento, associam esta
presença com a pessoa de Jesus, como se ele estivesse fazendo
uma aparição antes dos dias de sua encarnação. De qualquer
forma, mesmo sem saber exatamente quem era o quarto
personagem, sabemos Deus estava ajudando seus filhos.
C. Fidelidade Dá Segurança: (28-29)
Depois deste evento fora do comum, o rei ficou convencido de
seu erro. Havia, sim, um Deus que podia salvar os jovens da mão
do rei. Havia um poder maior do que o dele. Pela sua fidelidade
estes três 3 jovens deram oportunidade a Deus para ensinar a
Nabucodonosor quem é o mais poderoso.
D. Fidelidade Traz Vitória: (30)
O fim da história é irônico. Os inimigos que queriam destruí-los
acabaram promovendo-os. Os jovens, ao invés de caírem em

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desgraça, caíram nas graças do rei que confiava em pessoas tão


protegidas pela divindade.
CONCLUSÃO
I. Não seja domado pelo mundo.
Sempre enfrentaremos momentos em que o mundo e as pessoas
ao nosso redor dirão que estamos errados por não aceitar fazer “o
que todo mundo faz”. Não ceda às exigências mundanas.
II. Ouse ser diferente do mundo e fiel a Deus.
Para um utensílio ser santo, conforme certos autores, ele precisava
ser separado dos outros e de outros usos para ser usado e para
servir somente a Deus. Ele se tornava um objeto de uso exclusivo
de Deus. Com base nisto, tornava-se diferente de todos os outros.
É isto que tem que ocorrer conosco: somos separados do mundo
para Deus, consagramo-nos a ele e por isto, ousamos ser
diferentes do mundo. Temos que insistir nas diferenças que Deus
exige de nós.
III. Siga a vontade de Deus qualquer que seja o resultado.
Hoje em dia, muitos querem fazer a vontade de Deus apenas se
houver garantias de sucesso, proteção e prosperidade. Se
pensarmos assim, nunca faremos a vontade de Deus. A bela
resposta daqueles três jovens (16-18), ainda precisa ser proferida
por cada um de nós hoje. Que bela resposta!

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BIBLIOGRAFIA
ARCHER Jr, Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? São
Paulo: Vida Nova, 1974.
BALDWIN, Joyce G. Daniel: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida
Nova, 1983.
BONHOME, Manuel Jiménez F. Os Misteriosos Habitantes do Deserto
de Judá – Sua vida e seus escritos. São Paulo: Verbo Divino, s.d.
FLÁVIO JOSEFO, Antiguidades
GREEN W.H. General Introduction to the Old Testament: the Canon.
New York: Scribners, 1926.
KENNEDY, John. The Book of Daniel from the Christian Standpoint.
London: Eyre & Spottiswoode, 1898.
MARGOLIOUTH, D. S. Lines of Defense of the Biblical Revelation.
London: Hodder & Stoughton, 1900.
MCDOWELL, Josh. Profecia: Fato ou Ficção. São Paulo: Candeia, 1991.
PESTANA, Álvaro C. Daniel: Vida e Obra. Campo Grande: SerCris,
2007.
SMITH, J. E. The Major Prophets. Joplin: College Press. 1992.
STEWART, Ted. Um Exame da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia
(apostila), São Paulo: IEB, s.d.
WALLACE, Ronald S. A Mensagem de Daniel. São Paulo: ABU, 1985.
WRIGHT, C. H. H. Daniel and his Prophecies. Minneapolis: Klock &
Klock, 1983 [1906].
YOUNG, Edward J. "DANIEL" in DAVIDSON F. O Novo Comentário
da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1963.

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

EBNESR

VT210 - Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados

Álvaro César Pestana

VT210-03 – DANIEL 4 A 6

EBNESR
Recife, PE
2013
(C) 2013 Álvaro César Pestana
Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR


CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento
Rua Baronesa de Palmares, 190 - Boa Viagem
51030-110 – Recife, PE. (81) 3341-6514 / 3342-5269
[email protected]

Dedicatória:

Às igrejas de Cristo em Maracanaú, CE,


Por sua fraternidade, hospitalidade e apoio.

PESTANA, Álvaro César. Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados. VT210-03 – DANIEL 4
A 6. Recife: EBNESR, 2013.

19 p: 30 cm.

1. O livro de Daniel; 2. O livro de Ezequiel 3.


Introdução ao Estudo Bíblico; 4. Profecia
Bíblica; 5. História do mundo antigo.

© 2013 Álvaro César Pestana

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

APRESENTAÇÃO

Estudaremos os últimos capítulos da parte narrativa de


Daniel, tratando, especialmente, da queda dos arrogantes e
da proteção divina para o seu povo.
Os temas das lições são:
Lição #5 O Homem que Aprendeu Pastando - Daniel 4

Lição #6 O Salão de Festa Virou Sala de Aula - Daniel 5

Lição #7 Como Não Virar Comida de Leões - Daniel 6

Novamente, incentivamos o estudante a ler a estes


capítulos de Daniel em sua Bíblia antes de ler o texto da
Web-Aula e de fazer os seus estudos.
Que Deus seja exaltado!
Álvaro C. Pestana
Seminário EBNESR,
Recife, PE
2013.

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LIÇÃO #5 - O HOMEM QUE APRENDEU PASTANDO -


DANIEL 4
INTRODUÇÃO
O ser humano se ilude com aparências. O visível tem ascendência
sobre o invisível. Na época de Daniel, o rei Nabucodonosor
parecia bem maior que Deus. Será que era mesmo? Quando o
homem não aprende com humildade, será humilhado. Tomar que,
nesta condição, aprenda e reconheça sua condição e seus pecados.
Nabucodonosor passou à história como um homem orgulhoso,
cheio de si, como muitos grandes homens da história e também
como muitos outros que se julgam grandes aos seus próprios
olhos.
Neste estudo veremos que ele vai “pastar” para aprender. Na gíria
e na conversa popular, quando alguém fala: “Pastei muito para
aprender isto!” geralmente quer dizer “Sofri e penei muito para
aprender isto!” Contudo, o “pastar” de Nabucodonosor será
sofrimento e pena de, literalmente, pastar comendo grama como
se fosse um animal hebívoro.
A lição principal que será destacada neste estudo é que “Deus é
soberano”. Ninguém está acima dele. As autoridades humanas,e
muitas vezes cruéis, devem sua posição a ele. Este ensino se acha
nos versos 17, 25, 32 e 35.
A insistência nesta ideia ajudaria os judeus a entenderem a
história que se descortinaria depois do exílio. Eles não seriam
mais uma nação independente, exceto por uns poucos anos antes
do nascimento de Jesus. Apesar de não terem mais poder político,
deviam entender que Deus é quem controla os poderosos e os
tiranos. Se eles continuarem com sua arrogância e orgulho, logo
irão pastar também.
DISCUSSÃO
I. A EPÍSTOLA DE NABUCODONOSOR:
A. Este capítulo é um texto fora do comum.

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É uma narrativa feita na primeira pessoa do singular (eu) e o


narrador é nada mais nada menos que o próprio Nabucodonosor.
B. Trata-se de uma carta.
Note que ela tem todas as características das cartas da
Antiguidade, como as cartas do Novo Testamento:
1. REMETENTE: O autor declara seu nome: “O rei
Nabucodonosor...” (4.1)
2. DESTINATÁRIOS: Os destinatários são apontados: “... a todos
os povos, nações e homens de todas as línguas, que habitam em
toda a terra”. (4.1)
3. SAUDAÇÃO: comum em muitas cartas: “Paz vos seja
multiplicada” (4.1)
4. MOTIVO DA CARTA: A razão do rei escrever: falar das
maravilhas que Deus fez em sua vida (4.2-3)
5. O CORPO DA CARTA: Uma narrativa autobiográfica
explicando como Deus agiu na vida do rei (4.4-36)
6. CONCLUSÃO: O fecho da carta retoma o motivo da sua
redação: glorificar Deus (4.37)
C. O único texto que não é narrado pelo próprio Nabucodonosor
na primeira pessoa do singular (eu) é o texto que fala da
condenação do rei (4.28-33). Neste período de insanidade, não
seria adequada a narração na primeira pessoa do singular, e por
esta causa, o rei, Nabucodonosor é narrado como “ele”, usando-se
a terceira pessoa do singular. Isto não afirma que o rei não
escreveu ele mesmo este texto, afinal, os escritores da
Antigüidade (e também os atuais) não poucas vezes descrevem a
si mesmos na terceira pessoa do singular.
II. O SONHO DE NABOCODONOSOR - (4-17)
A. O sonho veio ao rei em um momento em que tudo estava bem
com ele, mas o conteúdo espantou o rei (4.4-5).

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Esta situação é semelhante àquela que ocorreu no capítulo 2,


quando o rei teve o primeiro sonho.
B. Como sempre, o rei contava com os sábios da corte para ajudar
a resolver estas questões, mas eles não conseguiram ajudar (4.6-7)
Note as semelhanças e os contrastastes com a situação do sonho
do rei no capítulo 2.
1. Naquela ocasião o rei não contou o sonho que tinha, pois os
sábios iriam enganá-lo sobre a interpretação.
2. Agora, o rei conta o sonho, mas os sábios confessam,
honestamente, sua incapacidade de interpretação.
3. Uma explicação para esta mudança está no fato que, agora, já
se passaram muitos anos, e que Daniel era o chefe dos
conselheiros reais. Ninguém ousaria enganar o rei e ser
desmascarado por Daniel. Ou talvez, os sábios da corte
aprenderam bastante com Daniel, não eram mais enganadores, e,
agora, agiam com honestidade. Certamente, isto é só uma
suposição nossa.
C. Daniel se apresenta e o sonho é narrado a ele na certeza de que
ele dará a interpretação correta (4.8-18)
1. Em poucas palavras, o sonho falava de uma árvore majestosa
que seria cortada, perdendo sua posição de destaque. A cepa, ou
seja, a parte do tronco que ficou no solo com as raízes, seria,
estranhamente, amarrada ao solo com correntes. Tal “prisão”
duraria sete tempos. O objetivo é declarado no verso 17: para que
o rei saiba que o Deus Altíssimo é quem domina sobre os
homens.
2. Os versos 8-9 e 18 falam da certeza que o rei tinha no fato que
Daniel daria a interpretação do sonho.
III. A INTERPRETAÇÃO DO SONHO DE
NABUCODONOSOR - (19-27)
A. O espanto e tristeza de Daniel (4.19)
1. Daniel ficou triste, pois já era amigo do rei.
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2. O rei percebeu a dificuldade, mas pediu que Daniel falasse do


sonho assim mesmo.
3. Daniel daria a interpretação, mas faz questão de mostrar que
gostaria que aquele castigo ocorresse com os inimigos do rei e
não com o próprio rei.
B. A interpretação do sonho (4.20-26)
1. A árvore era o rei – ele era glorioso e poderoso [20-22]
2. A árvore seria cortada e presa na terra – o rei perderia seu
poder e seria humilhado [23-26]
3. O alvo era que o rei reconhecesse a grandeza e o poder de
Deus.[25, 26]
C. O conselho profético para o rei (4.27)
Embora o rei não estivesse pedindo conselhos sobre o que fazer,
Daniel tenta mostrar como escapar desta sentença divina:
arrependimento. Se o rei mudasse de atitude, Deus poderia mudar
a sentença. Isto coloca Daniel entre os profetas, cujas predições
sempre são condicionais, ou seja, ocorrerão ou não conforme a
atitude dos homens.
IV. O CUMPRIMENTO DO SONHO DE NABUCODONOSOR
- (28-33)
A. Neste texto, Nabucodonosor deixa de narrar na primeira pessoa
do singular (eu) e passa a falar de si na terceira pessoa do singular
(ele). Isto combina com os acontecimentos, pois o rei cairá em
insanidade mental.
B. Depois de um ano, a sentença foi cumprida (4.28-29).
O rei teve um ano de “chance” para o arrependimento, mas não
mudou.
C. A “gota d’água” foi o rei jactar-se de seus projetos de
construção (4.30)

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Lembre-se que os chamados “Jardins suspensos da Babilônia”,


construídos por Nabucodonosor, eram considerados uma das sete
maravilhas do mundo antigo.
D. A sentença divina tirou dele o poder real e o fez ficar louco,
como um animal, pastando como um boi (4.31-33)
Podemos imaginar que o rei só não foi morto ou substituído por
algum outro pretendente ambicioso por haver na coorte pessoas
fiéis ao rei, tais como Daniel.
Entre os manuscritos de Qumran, que pertenciam a uma seita
judaica dos tempos do Novo Testamento, encontrou-se uma lenda
sobre uma doença similar atingindo um rei posterior, chamado
Nabônido. É difícil resolver todos os problemas ligados a esta
documento chamado “A Oração de Nabônido”, mas é possível
que ela seja uma tradição independente, mas corrompida, desta
história da doença e arrependimento de Nabucodonosor.
V. O ARREPENDIMENTO E A CONFISSÃO DE
NABUCODONOSOR - (34-37)
A. Nabucodonosor aprendeu pastando o que não aprendeu
reinando: (4.34-35)
Deus é Deus e é soberano e único. A exaltação humana é
estultícia, é um comportamento digno de um animal!
B. Nabucodonosor recuperou a sanidade mental quando entendeu
a soberania divina: (4.36)
Ele voltou a reinar.
C. Nabucodonosor confessou e proclamou o poder de Deus (4.37)
Esta confissão do v.37 é digna de um discípulo de Cristo. No fim
de tudo, este capítulo ensina a mensagem principal do livro de
Daniel: Deus é soberano. Os reis estão debaixo do seu poder. Os
que se exaltam serão humilhados, mas os que se humilham, serão
exaltados. “Humilhai-vos na presença do Senhor, e ele vos
exaltará” (Tiago 4.10).
CONCLUSÃO:
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I. Deus avisa e revela. A revelação divina está visando o


arrependimento. Hoje é o tempo do arrependimento. Se não
aprender ouvindo, teremos que aprender “pastando”.
Infelizmente, há quem não aprenda nem mesmo “pastando”. Estes
casos são trágicos.
II. Hoje os homens estão bestializados: comportam-se como
bestas do campo, comedoras de erva verde. Não tem bom senso,
perderam a razão. Estes homens julgam ter poder e domínio sobre
suas vidas, seu futuro, suas atividades. “Eu... eu... eu...” Estão
loucos! Saúde mental e fé vão juntos. Somente quem confia em
Deus e se humilha diante dele é que tem bom senso

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ANEXO DA LIÇÃO 5:
COMO OS "TESTEMUNHAS DE JEOVÁ" CHEGARAM A
1914?
A título e curiosidade, veja abaixo como os Testemunhas de
Jeová “descobriram a “data de volta de Jesus” e do “fim dos
tempos” usando uma informação deste capítulo 4 de Daniel. Note,
contudo, que eles não somente erraram em sua previsão (pois
Cristo não voltou em 1914) mas erraram também em entender o
texto. Este texto não tem nada a ver com a volta de Jesus ou
qualquer coisa ligada ao fim dos tempos. Todos os raciocínios
propostos por eles são falsos, e nós só os apresentamos aqui por
curiosidade e para mostrar o ridículo de sua enunciação.
Cada uma das premissas assumidas abaixo é falsa e pode ser
facilmente contraditada. Todos os textos foram tirados de seu
contexto e podem ensinar qualquer coisa errada que o falso
exegeta quiser ensinar.
RACIOCÍNIO DOS TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
PREMISSA #1 - Daniel 4.1-17 cumpriu-se em Nabucodonosor,
mas os versos 20-37 mostram que a profecia tem outro
cumprimento maior.
Versos 3 e 17 falam do reino de Deus
E verso 17 fala da promessa de dar o reino ao mais humilde, que
seria Jesus.
Logo, o sonho fala do tempo em que Deus vai dar o reino aos
homens. Antes disto, o reino seria governado pelo "toco" com
coração de animal: urso = URSS; águia = EUA; leão = GR.BR.;
dragão = China.
PREMISSA #2 - Os "sete tempos" são o tempo dos governos do
mundo controlarem tudo até a vinda do reino.
PREMISSA #3 - Os sete tempos são os tempos dos gentios de
Lucas 21.24.

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Jerusalém representava o reino de Deus e os outros gentios iriam


dominar o reino até o fim deste período.
PREMISSA #4 - Cada tempo corresponde a um ano
Nos cálculos de tempos proféticos: um dia = um ano (Ez 4.6; Nm
14.34).
O ano deve ser de 360 dias, pois em Apocalipse 11.2,3 temos que:
42 meses = 1260 dias = 3,5 anos.
Sete anos seriam 2520 dias.
PREMISSA #5 - Cada dia do ano corresponde a um ano
Os sete tempos (2520 dias) precisam ser tomados em anos = 2520
anos.
PREMISSA #6 - O início da contagem dos "sete tempos" ou do
"tempo dos gentios" deve ser outubro de 607 a.C. com a
deposição de Zedequias.
PREMISSA #7 - Jeová confiou o governo da humanidade a seu
Filho desde o fim do tempo dos gentios, em outubro de 1914 d.C.
REFUTAÇÃO DO FALSO RACIOCÍNIO
PREMISSA #1 – Esta afirmação é falsa! Não há nada que indique
outro cumprimento maior desta profecia. Também a referência
“ao mais humilde” não trata de Jesus, mas de qualquer um que
Deus queira fazer rei sobre uma nação. O reino tratado aqui não é
o Reino de Deus, mas os impérios humanos.
PREMISSA #2 – Arbitrário e absurdo! Os “sete tempos” são o
tempo da doença de Nabucodonosor.
PREMISSA #3 – Ligação absurda! Quem diz que Lucas 21.24
tem ligação com Daniel 4. Os tempos dos gentios em Lucas fala
dos tempos em que o evangelho estará sendo pregado aos gentios,
ou seja, a era cristã!
PREMISSA #4 – Não é fato que cada tempo corresponde a um
ano! Sete tempos é uma expressão genérica. É pouco provável

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que um rei pudesse ficar doente tantos anos e depois ainda voltar
ao poder! Além disto, todas estas contas de cálculos de tempos
são estranhas a este texto.
PREMISSA #5 – Mais uma arbitrariedade. Porque cada tempo
não seria um dia? Ou um mês? Se cada tempo é um ano, porque
agora cada ano é transformado em dias (365 dias) para depois ser
transformado em anos de novo? Resposta: para conseguir marcar
a data da volta de Cristo!
PREMISSA #6 – Porque não começar nesta data? Arbitrário. Os
sete tempos falam do castigo de Nabucodonosor e não da dinastia
de Davi.
PREMISSA #7 – Ops! Jesus está reinando desde o dia de
Pentecostes (Atos 2.33, 36).

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LIÇÃO #6 - O SALÃO DE FESTA VIROU SALA DE AULA


- DANIEL 5
INTRODUÇÃO
I. O livro de Daniel nos leva agora para o último dia do Império
Babilônico. O exército medo-persa estava às portas de Babilônia.
Naqueles dias reinava em Babilônia o rei Belsazar. Na verdade,
ele era só um rei substituto, já que o verdadeiro rei era Nabônido,
seu pai. Nabônido, contudo, não estava na cidade, mas em seus
habituais retiros. A cidade irá cair, seu filho irá morrer, mas ele
mesmo continuará a viver sua vida na região de Teima.
II. No passado, o livro de Daniel foi muito criticado pelos ateus
que diziam que ele tinha um erro histórico enorme. Ou seja, o
livro de Daniel afirmaria que o último rei do império Babilônico
tinha sido Belsazar, quando na verdade o último rei, conhecido
pela história foi Nabônido. Os historiadores antigos não
conheciam o tal Belsazar.
III. Hoje esta crítica já caiu por terra, pois os arqueólogos já
acharam as evidências necessárias para mostrar que, embora
Nabônido fosse o rei de direito, seu filho Belsazar era o regente
de fato em Babilônia. O rei passava muito tempo escavando
templos antigos nas regiões desérticas e deixava o governo para o
filho. Assim, o livro de Daniel prova, não apenas estar certo, mas
que tinha conhecimentos dos acontecimentos antigos que nenhum
outro historiador posterior sabia.
IV. De fato, o livro de Daniel já estava mostrando que sabia da
existência de Nabônido, quando Belsazar promete “o terceiro
lugar” para quem ajudasse o rei na sua situação de crise. Porque
“o terceiro lugar”? O primeiro era o de Nabônido, o segundo era
de Belsazar e o terceiro era o que havia de maior a ser oferecido.
Daniel sabia da existência de Nabônido, sem citá-lo na narrativa.
V. O que este capítulo vai ensinar é que Deus julga cada homem.
Precisamos estar prontos para sermos pesados (julgados) por
Deus. O rei Belsazar não estava pronto e foi julgado e condenado.

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Nós podemos aprender do erro dele e não cair na mesma


condenação.
DISCUSSÃO
I. A REUNIÃO DOS PECADORES (1-4)
Os inimigos estavam cercando a cidade e Belsazar estava fingindo
que tudo estava bem. É assim que procedem os homem em face
ao juízo de Deus: fingem que tudo vai acabar bem.
A. Pecados presentes:
1. Descuido - em face da situação político-militar.
2. Orgulho - grande banquete de autoglorificação.
3. Impureza - mulheres.
4. Intemperança - vinho.
5. Sacrilégio - uso de vasos sagrados do Templo do Deus
Altíssimo.
6. Idolatria - deuses falsos sendo honrados.
B. Pecadores presentes:
O rei e seus nobres. Não importa a condição social, todos eram (e
são) pecadores.
II. A REUNIÃO DOS MEDROSOS (5-9)
Na hora do maior pecado e de alegria da festa ocorre algo
assustador.
A. “Uma mãozinha” para o rei: (5)
Não vai se tratar de uma “mãozinha” para ajudar, mas para julgar!
B. O medo do rei: (6)
A coragem do beberrão acabou – um terror fora do comum tomou
conta do rei. De fato, ele tinha um exército inimigo fora da cidade
e estava insultando uma divindade em sua reunião.

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C. A ignorância do rei: (7-9)


O rei sabia que algo ia mal, mas não sabia o que era. O pecador
típico também fica deste modo muitas vezes: sabe que algo está
errado em sua vida mas não tem nem ideia de como arrumar tudo.
Consultar outros pecadores não resolve. Aquilo que Deus escreve,
o homem não pode ler sozinho, desprezando Deus.
III. A REUNIÃO DE ENSINO (13-28)
Agora o salão de festa vai virar sala de aula. A festa vai virar
julgamento.
A. A palavra do Rei (13-16)
Belsazar, conforme sugestão de sua mãe (10-12), chamou Daniel.
Assim mesmo ele ainda tenta disfarçar o seu terror e apresenta a
questão a Daniel com menos importância do que tinha feito
inicialmente. Ele tenta recompensar Daniel em caso de bom
desempenho.
B. A Palavra de Daniel (17-28)
1. Aula de caráter (17)
A verdade não se fala por recompensa. A verdade não se muda
por recompensa. Daniel ia falar a verdade, não por causa da
promessa do rei, mas por ter caráter submisso a Deus.
2. Aula de história (18-21)
A história dos erros e acertos do passado deve ser estudada para
que não cometamos os mesmos erros, e para que possamos
sempre acertar. Belsazar não tinha aprendido nada da vida e
testemunho de Nabucodonosor.
Daniel dá uma aula de história mostrando que a humildade devia
ter sido o caminho do rei, e não o orgulho.
3. Aula de boas maneiras (educação moral) (22-23)
Daniel enunciou os pecados do rei. O erro básico do rei (e de
todos os pecadores em geral) foi o de viver e agir como se Deus

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não existisse, como se Deus não tivesse poder. De fato, o


problema está em que os homens pensam que são deuses. Logo
este pecado de Belsazar seria punido.
4. Aula de leitura (24-28)
Note a coragem de Daniel, agora um velho, ao falar ao rei e seus
valentes tantas coisas negativas. Lembre-se que ele foi chamado
para ler a parece, e não "dar uma lição de moral".
a) A origem da mão: Deus.
b) A leitura: MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM (contado,
contado, pesado e dividido).
c) A interpretação:
Mene 1. Deus contou teu reino - Deus havia determinado.
2. Deus deu fim ao teu reino - viria o fim.
Tequel 1. Foste pesado na balança - juízo, avaliação.
2. Foste achado em falta - reprovação.
Peres 1. Dividido o teu reino - para dar a outros.
2. Dado a medos e persas - que estavam nos portões.

IV. ACABOU A REUNIÃO (29-31)


A. O rei tentou cumprir o que prometera a Daniel (29).
B. A profecia de Daniel sobre a derrota para os medo-persas
cumpriu-se horas depois (30-31).
CONCLUSÃO
I. Deus sempre “dá uma mãozinha” ao homem, portanto, devemos
viver com cuidado! O juízo de Deus sempre encontra o homem
pecador não arrependido.
II. Não esqueça as lições da história. O passado é a instrução para
o futuro. As histórias de julgamento da Bíblia são um incentivo
para que não cometamos os mesmos erros.

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III. Arrependa-se hoje: pode não haver o amanhã.


IV. DEUS JULGA OS HOMENS: contando, pesando, dividindo.
No fim dos tempos, nossa vida será avaliada. Que ele não nos
ache em falta.

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ANEXO DA LIÇÃO 6:
Nota sobre a escritura na parede.
Como é que eles não puderam ler ou entender a frase? Várias
respostas são possíveis:
Possibilidade #1 – As palavras podiam ser lidas, mas não fazer
sentido imediato ao leitor. Soariam como medidas de peso:
“MINA, MINA, SICLO., 1/2 MINA”. O problema seria dar
sentido à frase.
Possibilidade #2 – Outro aspecto que contribuía para tornar a
escritura da parede ilegível e incompreensível são os trocadilhos
que são feitos com as palavras para dar o sentido que Daniel dá a
elas. As palavras recebem sempre dupla interpretação e não são
interpretações de pesos, mas de ações que Deus iria fazer. As
mesmas palavras lidas com outras vogais davam outros
significados que Daniel explora em sua interpretação da escritura:
MENE pode ser lido como “mana” que é medir;
TEQUEL pode ser lido como “shaqal” que é pesar;
PARSIN pode ser lido como “paraç”, que é dividir e também a
palavra para persas.
Possibilidade #3 – Além dos dois problemas anteriores, as
palavras podiam estar grafadas na vertical e não na horizontal. As
pessoas tentaria ler na horizontal, mas as palavras não fariam
sentido. O aramaico antigo era lido da direita para a esquerda. A
pessoa leria MMTP, NNKR e ‘‘LS e não entenderia nada.
P T M M
R K N N
S L ‘ ‘
Possibilidade #4 – As palavras seriam particípios passivos cada
um com dois sentidos que corrobora com todas as dificuldades já
mencionadas anteriormente para a leitura.

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BIBLIOGRAFIA
ARCHER Jr, Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? São
Paulo: Vida Nova, 1974.
BALDWIN, Joyce G. Daniel: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida
Nova, 1983.
BONHOME, Manuel Jiménez F. Os Misteriosos Habitantes do Deserto
de Judá – Sua vida e seus escritos. São Paulo: Verbo Divino, s.d.
FLÁVIO JOSEFO, Antiguidades
GREEN W.H. General Introduction to the Old Testament: the Canon.
New York: Scribners, 1926.
KENNEDY, John. The Book of Daniel from the Christian Standpoint.
London: Eyre & Spottiswoode, 1898.
MARGOLIOUTH, D. S. Lines of Defense of the Biblical Revelation.
London: Hodder & Stoughton, 1900.
MCDOWELL, Josh. Profecia: Fato ou Ficção. São Paulo: Candeia, 1991.
PESTANA, Álvaro C. Daniel: Vida e Obra. Campo Grande: SerCris,
2007.
SMITH, J. E. The Major Prophets. Joplin: College Press. 1992.
STEWART, Ted. Um Exame da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia
(apostila), São Paulo: IEB, s.d.
WALLACE, Ronald S. A Mensagem de Daniel. São Paulo: ABU, 1985.
WRIGHT, C. H. H. Daniel and his Prophecies. Minneapolis: Klock &
Klock, 1983 [1906].
YOUNG, Edward J. "DANIEL" in DAVIDSON F. O Novo Comentário
da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1963.

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LIÇÃO #7 - COMO NÃO VIRAR COMIDA DE LEÕES -


DANIEL 6
INTRODUÇÃO
O episódio que vamos estudar é o que mais contribuiu para a
fama de Daniel (Hb 11.33). Todas as crianças já ouviram falar do
homem que foi jogado na cova dos leões, mas escapou ileso pois
um anjo de Deus fechou a boca dos leões e estes não o atacaram.
Este relato ilustra como proceder em face da oposição e das
situações difíceis da vida. Fidelidade a Deus é a chave. Agir por
conveniência ou com esperteza humana não é solução.
DISCUSSÃO
I. O PROGRESSO DE DANIEL (1-3)
Apesar da mudança de império, Daniel ainda ocupava posição de
destaque. Com idade ao redor de 85 anos, ele ainda era um grande
estadista. Seus atributos estavam para elevá-lo acima de todos os
outros administradores. Deus ainda abençoava seu servo. É
possível que Daniel tivesse sido instrumento de Deus para que o
decreto de Ciro, libertando os judeus (e também outros povos)
fosse tão generoso e bondoso com os judeus.
II. A OPOSIÇÃO A DANIEL (4-9)
A. O desejo de derrubar Daniel (4) podia ter origem em diversos
fatores: racismo (ele era judeu), idade (era velho), sua
honestidade, seus precedentes (não deixava ninguém roubar), ou
simplesmente inveja e ambição. Porém, no seu procedimento
profissional, nada podia ser utilizado contra ele.
B. O caminho escolhido para atacar Daniel teria de ser o caminho
das convicções mais profundas que governavam toda sua vida.
Duas eram as possibilidades: ou Daniel ficaria com sua fé e
desagradaria o rei (hipótese mais provável), ou ele quebraria a lei
do seu Deus para agradar o rei, mas isto seria uma decadência, já
que suas convicções sustentavam todo o seu sucesso (5).
C. A armadilha foi feita de tal modo que um inocente, o rei,
mataria outro, Daniel (6-9). A arma que venceu o rei foi a mentira
(eles mentiram dizendo que a lei era fruto da concordância de
todos – Daniel não tinha sido consultado), associada à ferramenta
dos interesseiros: a lisonja (a ideia deve ter agradado ao rei). O rei
por sua falta de análise da situação, acabou entrando na
armadilha.
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III. A ACUSAÇÃO DE DANIEL (10-13)


A. A reação de Daniel (10) foi imediata:
Ele não apresentou a menor dúvida perante o desafio. Sua ação
não variou com a situação. Ele foi orar como sempre fazia. Se a
crise foi desencadeada para privá-lo de sua comunhão com Deus,
ele logo mostrou que isto não ocorreria.
B. A ação dos inimigos (11-13) foi imediata:
Investigaram (11), comprometeram (12) e acusaram (13).
IV. A CONDENAÇÃO DE DANIEL (14-18)
O rei relutou em abandonar seu amigo (14), mas sua ação
anterior, precipitada, começou a mostrar-se prejudicial para ele.
Os acusadores não deixaram de advogar a causa de justiça (15). E
por fim, o rei teve que ceder (16-18). Dario ainda tinha uma
pequena esperança (16). Não poderia haver fraudes (17). E o rei
estava curtindo imensa dor (18).
V. A SALVAÇÃO DE DANIEL (19-24)
A pequena esperança do rei (19-20) foi grandemente
recompensada ao ver que ela realmente havia se cumprido (21-
22). O rei já havia testado o poder do Deus de Daniel (23) e agora
resolveu testar também a ferocidade dos leões que, de fato, eram
bravos e famintos (24).
VI. A VITÓRIA DE DANIEL (25-28)
Os vs 25-27 falam da vitória religiosa de Daniel e o v.28 de sua
vitória política. A preservação de Daniel nas cortes medo-persas
talvez tenha sido instrumento de Deus para o favorecimento do
povo judeu quando da sua libertação. Daniel era uma "eminência
parda" no Império Persa.
CONCLUSÃO
I. O QUE PODEMOS APRENDER DO PROCEDER DOS
INIMIGOS DE DANIEL?
A. A inveja destrói quem a tem. Amar é ficar contente com o
progresso dos outros
B. Não proponha testes que não possa vencer. “Com a medida
que medirmos, seremos medidos”.
II. O QUE PODEMOS APRENDER DO PROCEDER DO REI
DARIO
A. Cuidado com a lisonja: ela semeia manipulação do nosso
orgulho e nos induz ao mal.
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B. Cuidado com decisões impensadas - às vezes não se pode


voltar atrás.
III. O QUE PODEMOS APRENDER DO PROCEDER DE
DANIEL (Como não virar comida de leões)
A. Sempre seja íntegro (1-4): a vida correta é o melhor modo de
evitar problemas.
B. Espere oposição religiosa (5-9): nossa convicção cristã sempre
vai causar embaraço para pessoas que vão nos perseguir.
C. Seja espiritualmente disciplinado (10): as disciplinas de
oração, leitura e meditação serão úteis nos momentos angustiosos,
mas já devem existir em nossas vidas antes que os problemas
aconteçam.
D. Confie em Deus (19-24). Tenha confiança em Deus e não
reclame. Deus sempre cuida dos seus servos do melhor modo
possível.

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

EBNESR

VT210 - Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados

Álvaro César Pestana

VT210-04 – DANIEL 7 E 8

EBNESR
Recife, PE
2013
(C) 2013 Álvaro César Pestana
Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR


CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento
Rua Baronesa de Palmares, 190 - Boa Viagem
51030-110 – Recife, PE. (81) 3341-6514 / 3342-5269
[email protected]

Dedicatória:

Às igrejas de Cristo em Maracanaú, CE,


Por sua fraternidade, hospitalidade e apoio.

PESTANA, Álvaro César. Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados. VT210 – DANIEL 7 E
8. Recife: EBNESR, 2013.

19 p: 30 cm.

1. O livro de Daniel; 2. O livro de Ezequiel 3.


Introdução ao Estudo Bíblico; 4. Profecia
Bíblica; 5. História do mundo antigo.

© 2013 Álvaro César Pestana

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

APRESENTAÇÃO

Os capítulos 7 e 8 do livro de Daniel são dos mais


impressionantes do livro todo. O capítulo 7 tem a visão
historicamente mais abrangente o livro e o capítulo 8
prepara o leitor para a maior parte das visões posteriores
que se ligam com o período histórico referido nele.
São dois capítulos dos mais fundamentais para a
compreensão do livro e sua mensagem.
Os temas são:
Lição #9 O Domador de Feras - Daniel 7

Lição #10 Os Bichos Briguentos - Daniel 8

Leia os capítulos de Daniel antes de ler esta Web-Aula


para que tenha um melhor aproveitamento.
Seja o Senhor glorificado!
Álvaro C. Pestana
Seminário EBNESR,
Recife, PE,
2013.

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LIÇÃO #9 - O DOMADOR DE FERAS - Daniel 7


Introdução: Este capítulo é o centro de gravidade do livro de
Daniel. Está escrito em aramaico, como as narrativas históricas
(2.4b-6.29), mas seu conteúdo pertence às visões e revelações da
parte profética do livro (7-12). Há uma exata correspondência
entre este texto e a visão da estátua do capítulo 2: os quatro reinos
apresentados em Daniel 2 e 7 são os mesmos. Há, também,
relações deste capítulo com os posteriores, pois as nações
profetizadas nele reaparecem nos outros capítulos em visões mais
específicas sobre sua atuação. O carneiro e o bode de capítulo 8
correspondem ao urso e o leopardo do capítulo 7. Nestes e noutras
características pode-se notar a importância e centralidade de
Daniel 7.
Observação: Embora as versões em português não mostrem
(exceto a Bíblia de Jerusalém) há textos poéticos neste capítulo. O
original aramaico fica dividido assim, conforme o gênero
literário:
PROSA POESIA
1-8 9-10
11-12 13-14
15-22 23-27
28
A importância de constatar esta diferença de gêneros de gêneros
literários é devida à necessidade de interpretar textos poéticos
levando-se em conta o paralelismo e outras características da
poesia hebraica.
DISCUSSÃO
I. A VISÃO (1-14):
Daniel vê quatro animais medonhos vindos do mar agitado pelos
ventos. Estes obtêm o domínio dos reinos do mundo. O quarto
animal age com arrogância. Surge, então, um juiz celeste (Ancião
de dias), que julga os animais, especialmente o último. Este é
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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

destruído enquanto os outros sobrevivem perdendo o poder.


Aparece neste momento, vindo dos céus, o Filho do homem, que
é conduzido até o Ancião de dias. Ele recebe o reino eterno.
II. A INTERPRETAÇÃO GERAL (15-18):
Daniel questiona um dos anjos presentes e este interpreta a visão.
Os versos 17-18 dão o sentido básico dela: os animais
representam sucessivos impérios que dominarão o mundo até a
vinda do Reino de Deus. Esta vinda do reino coincide com o
inicio da igreja, após o ministério de Jesus.
A correspondência entre os animais e os reinos é a seguinte:
Leão alado = Império Babilônico
Urso com costelas na boca = Império Medo-
Persa
Leopardo de quatro cabeças e quatro asas =
Império Grego
Animal terrível e feroz = Império Romanos
Depois de apresentar estes reinos, a visão fala
que o reino dos filhos do Altíssimo seria dado ao Filho do
homem, que é ao mesmo tempo um personagem celeste e também
uma personificação do povo de Deus. A visão ensina que apesar
dos reinos deste mundo lutarem e se sucederem, quem vai reinar
no fim é o Filho do homem. Nós cristãos sabemos que isto se
refere a Jesus e sua igreja que já reina com ele e reinará para
sempre.
III. A INTERPRETAÇÃO DE ALGUNS DETALHES (19-27):
Daniel quer saber mais sobre o quarto animal. Sua descrição do
mesmo mostra novos detalhes que antes não tinham sido
mencionados (19-22). Ele fica sabendo que este último reino
(reino=rei, veja v.17 e v.23) perseguiria o povo de Deus,
especialmente o décimo primeiro rei, que agiria como se fosse um
deus, mas finalmente seria destruído e os fiéis a Deus
prevaleceriam.

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Os detalhes desta interpretação estão no anexo, mas é interessante


notar que apesar do povo de Deus sempre enfrentar oposição, a
vitória é sempre dada a eles. Esta é a grande lição da visão.
IV. FECHAMENTO (28):
Tudo isto preocupou Daniel - Ele não entendeu tudo. Assim
mesmo, registrou o texto que seria melhor compreendido por nós,
que do privilegiado ponto de vista de quem já viu a história se
passar, podemos dar sentido aos animais e símbolos do texto.
CONCLUSÃO:
I. OS REINOS DO MUNDO SÃO ANIMALESCOS - O REINO
DE DEUS É HUMANO.
O nítido contraste de símbolos usados nos ajuda a ver onde há o
verdadeiro respeito ao ser humano. As nações falam de justiça e
direitos humanos (e as vezes nem falam), mas somente no reino
de Deus estes ideais deixam de ser utopias. Daniel não está
contradizendo o ensino de que os governos são instituídos por
Deus para o bem dos homens (Rm 13.1ss), mas sim afirmando
que os impérios humanos geralmente vem contaminados com
maldade e crueldade. O homem só é verdadeiramente humano
quando observa a Deus.
II. DEUS DIRIGE A HISTÓRIA.
Nesta sequência de reinos podemos notar o momento em que
Deus ia começar seu reino na terra. Isto mostra que ele está
utilizando a história para realizar seus planos. Mesmo quando
surgem oponentes de Deus, ele sempre os vence e realiza sua
vontade.
III. DEUS É O JUIZ.
A grandeza ou poder em termos humanos não significam bênção
divina. Deus é quem julga os homens, conforme sua obediência a
sua vontade. As maiores nações do mundo foram julgadas por
Deus. Não há como escapar de sua justiça. Cumpre-nos, portanto,
viver em harmonia com sua vontade.

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IV. DEUS ESTABELECEU UM REINO.


Os profetas falaram dele, João Batista e Jesus disseram que ele
estava próximo e Pedro, no dia de Pentecostes, disse que ele havia
chegado. Jesus, o Filho do homem está reinando, e este á o grande
interesse de Deus na história humana. A profecia de Daniel fala
dos reinos até o período romano, pois neste é que foi estabelecido
o Reino de Deus. Ele não menciona o que vem depois, por não ser
mais importante. O mais importante, o Reino de Deus, já chegou.
V. A BÍBLIA É INSPIRADA E INFALÍVEL.
Como Daniel poderia saber a sequência exata dos reinos mundiais
e suas características se não estivesse sendo guiado por Deus?
Como poderia saber dos reis romanos que perseguiram a igreja?
Só um verdadeiro profeta de Deus pode escrever a história
antecipadamente.

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GLOSSÁRIO DE ALGUNS SÍMBOLOS DE DANIEL 7


E SUA INTERPRETAÇÃO.
GRANDE MAR = Não necessariamente o Mediterrâneo. O mar agita do
representa os povos e a nações em seus movimentos. Os reinos se levantam
da terra (v.17).
LEÃO = Rei dos animais selvagens.
ÁGUIA = Rainha das aves.
URSO = Devorador de tudo.
LEOPARDO = Agilidade e velocidade.
CHIFRE = Símbolo de poder. São reis dentro do quarto reino (v.24). O
décimo-primeiro chifre é o mais personalizado (v.7,20-21,24-25).
QUATRO = Número que representa o mundo todo, por suas dimensões
cardiais (norte, sul, leste e oeste). No terceiro animal pode ser menção
específica dos quatro reinos que se levantaram daquele.
DEZ = Número de inteireza. Cinco vezes a quantidade normal de chifres
para um animal: simboliza grande poder.
UM TEMPO E UM PRAZO = Período de tempo indeterminado e não
importante.
ANCIÃO DE DIAS = Deus, o Eterno.
FILHO DO HOMEM = Jesus Cristo. A identificação com os santos do
Altíssimo não é boa, pois estes sofrem perseguição (v.21,25) enquanto
aquele vem da glória celeste. Os versos 18, 22 e 27 devem ser explicados
não pela identificação dos santos com o Filho do homem, mas com o fato
que este, ao receber o reino, transfere-o a aqueles.
SANTOS DO ALTÍSSIMO = O povo de Deus, e no momento do
cumprimento da profecia, a igreja.
UM TEMPO, DOIS TEMPOS, METADE DUM TEMPO = Três e meio.
Metade de sete. Designa o período de tribulação pelo qual passa o povo de
Deus. O número é simbólico e significa um tempo curto.

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ANEXO DA LIÇÃO 9
DANIEL 7 - A VISÃO DOS QUARTO ANIMAIS E O FILHO DO HOMEM
PERSONAGEM ATUAÇÃO SIGNIFICADO REINO
DESCRIÇÃO (Dn 2)
LEÃO 1. Asas 1. Poder, realeza [Leão alado = simbolo de realeza IMPÉRIO
(Majestoso) 2.asas arrancadas na Mesopotâmia] BABILÔNIC
3.posto em pé e pensava 2-3. A situação de Nabucodonosor em Dn 4 O
como homem (ouro)
(32,37-38)
URSO 1. Levanta-se sobre um de 1. A pérsia era maior que a Média (Um chifre IMPÉRIO
(Forte) seus lados maior que outro em Dn 8.3) PERSA
2. Três costelas na boca 2. Voracidade ou três reinos conquistados (Lidia, (prata)
3. Ordem: devorar muita Babilônia e Egito) (Ocidente, Norte e Sul - Dn 8.4) (32,39)
carne 3. Grande extensão territorial
LEOPARDO 1. Quatro asas 1. Reino rápido e ágil IMPÉRIO
(Ágil) 2. Quatro cabeças 2. Dimensões mundiais ou quatro divisões futuras GREGO
3. Domínio (Dn 8.8) (bronze)
3. O maior reino até aquela época (32,39)
QUARTO 1. Terrível, espantoso e forte 1-2. Poder e capacidade de destruição enormes IMPÉRIO
ANIMAL 2. Dentes de ferro e unhas de 3. Crueldade e prepotência ROMANO
(Terrível) bronze 4. Dez reis (7.24): Augusto, Tibério, Calígula, (ferro)
3. Devorava e pisava os Cláudio, Nero, Galba, Oto, Vitélio, Vespasiano, (33,40-43)
pedaços que caíam Tito
4. Dez chifres 5. O undécimo rei, que ajudou a derrubar três reis
5. Caem três chifres com a (Galba, Oto e Vitélio) é Domiciano).
vinda do undécimo, que 6. Domiciano perseguiu a igreja e é a besta de
parece homem e fica mais Apocalipse 13
robusto que os outros
6. O undécimo chifre luta
contra os santos
ANCIÃO DE 1. No trono de fogo com 1. Deus: soberano, juiz em grande glória DEUS, PAI
DIAS rodas de fogo 2. Pureza, santidade e glória DE NOSSO
2. Veste e cabelos brancos 3. Poder e juízo divinos SENHOR
3. Rio de fogo 4. Julgamento JESUS
4. Tribunal e livros 5. Condenação e ruína do Império Romano, mas os CRISTO: O
5. O quarto animal é governos humanos permancem ALTÍSSIMO
destruído; os outros ficam
mais um tempo
FILHO DO 1. Vem das nuvens, não do 1. Tem origem divina JESUS
HOMEM mar 2. Poder e autoridade para chegar a Deus CRISTO
2. Vai ao encontro do Ancião (a pedra)
de Dias 3. Rei do Reino de Deus (34-35,44-45)
3. Recebe o reino eterno [o reino]
Nota #1 - Os dez chifres parecem ser reis contemporâneos assim como os reinos representados pelos animais. No
cumprimento histórico, contudo, estes são consecutivos.
Nota #2 - Os santos do Altíssimo recebem o reino do Filho do homem. Há portanto, uma ligação entre ele e os santos.

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OS QUATRO REINOS E A VINDA DO REINO DE DEUS

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LIÇÃO #10 - OS BICHOS BRIGUENTOS - Daniel 8


Introdução:
Num mundo em que a ganância e a luta pelo poder geram todo
tipo de conflito, os cristãos devem esperar que algum sofrimento
caia sobre eles, Apesar de não estarem eles envolvidos
diretamente nestas questões, alguns sofrimentos cairão sobre eles.
Este capítulo de Daniel focaliza um dos mais típicos
perseguidores do povo de Deus de todos os tempos: Antíoco
Epifânio. Embora não seja um personagem famoso na história
mundial, para os judeus, ele tornou-se o símbolo de perseguidor
daqueles que são fiéis a Deus. O que Daniel vai esforçar-se por
demonstrar, neste capítulo, é que o povo de Deus, apesar de
oprimido, sempre irá vencer. Esta é a mensagem básica de toda a
literatura simbólica e apocalíptica da Bíblia como o livro de
Zacarias e, principalmente, o livro de Apocalipse.
Discussão:
I. A VISÃO (1-14):
A. Situação histórica de Daniel: (1-2)
1. Terceiro ano do reinado de Belsazar seria 550 ou 549 a.C
(supondo que não coincide com o primeiro ano de Nabônido seu
pai).
2. Esta visão é 2 a 3 anos posterior a do capítulo 7, mas tem
alguma relação com ela. Como se verá, ela é um detalhamento do
relacionamento entre o segundo e o terceiro reino da seqüência de
quatro reinos.
3. Daniel estava (fisicamente ou somente na imaginação que a
visão provocava?) em Susã, na província de Elão, perto do rio
Ulai. O local era uma cidade fortificada. O local é apropriado,
pois fazia pensar na nova potência que viria: império Medo-Persa.
B. O confronto dos dois animais: (3-8)
1. O carneiro (3-4).

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Possuía dois chifres altos sendo que o mais novo era mais alto.
Ele estava dando golpes com a cabeça (dando chifradas) para três
direções: oeste, norte e sul (deduz-se que este carneiro vem do
Oriente). Nenhum outro animal podia com ele. Ele estava com o
completo domínio da situação e engrandecia-se.
2. O bode peludo (5-6).
Surge em cena, vindo do oeste (Ocidente). Ele já tinha percorrido
toda a terra e vinha tão rapidamente contra o carneiro que parecia
estar voando, sem tocar no chão. Ele tinha apenas um grande
chifre entre os olhos e investiu rápida e furiosamente contra o
carneiro.
3. O bode venceu o carneiro (7).
Ele feriu-o, quebrou-lhe os chifres
e o pisou aos pés, de modo que o
carneiro tornou-se presa do bode.
Ninguém podia ajudar o carneiro a
libertar-se do bode.
4. O colapso do bode (8).
No auge de seu poder, o imenso chifre é quebrado e outros quatro
surgem em seu lugar, voltados para os quatro pontos cardeais.
C. O desenvolvimento de um inimigo (9-14)
1. O chifre pequeno que surgiu de um dos quatro chifres (9-12):
a. Ficou forte no sul, no oeste e na Palestina (9).
b. Perseguiu o exército dos céus (isto é, povo de Deus) (10).
c. Engrandeceu-se e desafiou Deus, tirando dele os sacrifícios do
templo e profanando as coisas santas (11).
d. Ficou impune e teve certo progresso em sua ação maligna (12).
2. A conversa de dois anjos sobra a duração deste problema (13-
14):

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a. Um anjo perguntou a outro quanto tempo duraria esta opressão


(13).
b. O outro responde para Daniel: 2300 dias (=tardes e manhas,
referindo-se aos sacrifícios diários da tarde e da manhã). A ordem
"tardes e manhãs" relembra o modo judeu e contar os dias (por
exemplo Gn 1.5,8,13,19,23,31). O número 2300 dias é
aproximadamente 6,3 anos ou um pouco menos que sete anos.
II. A INTERPRETAÇÃO (15-26)
A. Gabriel enviado para interpretar a visão para Daniel (15-16):
É o primeiro anjo nomeado no livro, seu nome significa "Deus se
mostrou forte". A voz que fala é a voz de Deus. Aquele com
aspecto de homem é o próprio Gabriel.
B. A reação de Daniel (17-18):
Primeiramente houve temor (17), mas depois que ele começou a
falar, Daniel desmaio (18).
C. Colocação de tempo (17,19):
A profecia é anunciada como pertencente ao "tempo do fim",
"último tempo da ira", "tempo determinado do fim". Pode ser uma
expressão falando de um momento onde um juízo de Deus seria
executado (Am 8.2; Ez 21.25,29; 35.5). Todas estas expressões
são também simples modos de falar de "dias ainda muito
distantes" (26), ou seja, o futuro.
D. Explicação detalhada: (20-26)
1. O carneiro é o Império Medo-Persa.
O chifre mais alto que nasceu por último refere-se ao fato da
Pérsia dominar sobre a Média, apesar de ter sido anteriormente
um reino vassalo dos Medos. Assim, a Pérsia é o chifre mais novo
e forte. (20)
2. O bode é o Império Grego, cujo primeiro rei é representado
pelo chifre enorme e único (21).

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Temos aqui uma notável e sobrenatural previsão da existência de


Alexandre, o Grande ou Alexandre Magno, rei macedônio que
usou a Grécia, unificada por seu pai Filipe, para conquistar o
mundo antigo.

3. O fato do chifre do bode ser quebrado é uma referência à morte


de Alexandre.
Com a morte prematura de Alexandre Magno (em 323 a.C), seu
reino é dividido. Os quatro chifres menores representam esta
divisão, significando que quatro reinos surgiriam do reino de
Alexandre. Os generais que o sucederam em quatro reinos foram:
Seleuco, Lisímaco, Ptolomeu e Cassandro. (22)
4. O “chifre do chifre”, ou o chifre pequeno, é Antíoco IV
Epifânio (175 a 163 a.C.).
Sua atuação e caráter são as de um oportunista ganancioso,
politiqueiro e metido. Herdou grande poder de seu pai e tentou
agir como se fosse um grande monarca. Atacou o Egito e
Jerusalém. Atuou na Síria. Estas correspondem às três regiões
mencionadas em verso 9. Perseguiu os judeus. Instalou no templo
um culto a Zeus e tentou obrigar os judeus a renegarem sua
religião e adotarem cultura, religião e costumes gregos: uma
helenização forçada. Sacrificou porcos no altar do templo judaico.
Os judeus se rebelaram contra ele, liderados pelos chamados
"Macabeus". Antíoco morreu misteriosamente. (23-25)
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5. A revelação era verdadeira, mas referia-se a um futuro distante.


Daniel está ainda no império Babilônico, mas já está prevendo as
lutas entre os impérios que sucederiam a este grande império.
III. FECHAMENTO (27):
Pessoalmente, Daniel ficou abalado com a visão e não a
compreendia completamente. Certamente a história posterior iria
mostrar como estes eventos iriam ser cumpridos.
Conclusão:
I. Deus tem o controle da história. Nada escapa ao seu poder e
conhecimento. Tudo acaba por cumprir seu propósito.
II. Os maus parecem prosperar, mas sua destruição é certa e o
bem triunfará. Com Deus não há tragédia.
III. O homem não pode desafiar Deus.
IV. As guerras e disputas de poder geram problemas para os
cristãos, mas Deus vai conduzir a história para o triunfo dos seus.
V. A revelação de Deus é exata.
Esta capítulo é mais uma prova da inspiração da Bíblia. Como
Daniel poderia prever Alexandre Magno e os quatro reinos que o
sucederam? Como saber da atuação de Antíoco IV? Estes dados
só podem ser explicados pela origem sobrenatural da Bíblia.
VI. Quando estiver sofrendo, lembra-se que Deus vai mudar isto
um dia, nem que seja na eternidade, isto mudará.

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ANEXO DA LIÇÃO 10
COMPARAÇÃO DAS BESTAS DE DANIEL 7 E 8
Esta comparação mostra que temos animais e reinos diferentes
sendo tratados.
DANIEL 7 DANIEL 8
vem do mar vem do oeste (Ocidente) sobre a
terra
terrível, forte, diferente voando sobre a terra
não descrito por analogia Bode
dentes de ferro ---
unhas de bronze ---
devorando e pisando vencendo o carneiro
10 chifres um grande chifre depois quatro
menores
surge mais um surge um chifre em um chifre
blasfemo, arrogante cessar o sacrifício
luta contra os santos Destruir
morto Quebrado
o reino de Deus virá ---
SIMBOLIZAVA O IMPÉRIO SIMBOLIZAVA UMA
ROMANO FRAÇÃO DO IMPÉRIO
GREGO

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As  2300  tardes  e  manhãs  -­‐  Daniel  8  


Oferecemos   abaixo,   um   esquema   cronológico   para   a   profecia  
das   2300   tardes   e   manhãs.   Certamente,   há   outros   modos   de  
fazer  as  contas  e  ajustar  os  números  ao  período  descrito,  mas  
o  esquema  apresentado  é  um  início  de  trabalho.  
Trabalhamos   com   a   hipótese   que   as   2300   tardes   e   manhãs  
referem-­‐se   ao   período   todo   da   atuação   de   Antíoco,  
aproximadamente  6,3  anos.  Cerca  de  170  até  o  início  de  163.  
Não  acatamos  a  ideia  de  dividir  2300  por  dois  fazendo  referir  
a   1150   dias.   Esta   hipótese   afirma   que   a   expressão   “tardes   e  
manhãs   deveria   ser   traduzida   “sacrifícios   da   tarde   e   da  
manhã”   ou   seja   “dois   sacrifícios   por   dia”   e   portanto,   o   número  
de   dias   seria   a   metade   de   2300.   Além   disto,   tenta-­‐se   dizer   que  
1150   seria   aproximadamente   igual   a   1260   dias   que   seria  
aproximadamente   três   anos   e   meio   (Dn   7.25;   12.7,   e  
referências  no  Apocalipse).  Não  acatamos  estas  hipóteses  por  
ser  mais  natural  tomar  2300  tardes  e  manhãs  como  2300  dias  
(Gn  1.5  etc).  
As   citações   do   livro   apócrifo   e   não   inspirado   denominado  
1Macabeus,   não   está   sendo   feita   como   citação   de   Escritura  
inspirada   por   Deus.   Citamos   o   livro   como   uma   fonte   de  
informação  historiográfica  humana,  que  ajuda  a  ver  os  tempos  
e   prazos   descritos   na   profecia   de   Daniel.   Apesar   de   citarmos  
1Macabeus,   sabemos   que   não   se   trata   de   um   livro   que   Jesus  
aceitou  como  pertencente  à  Bíblia  Hebraica  (Lucas  24.44).  
Assim,   colocamos   abaixo   um   cronograma   aproximado   do  
período.   A   tabela   foi   colhida   e   adaptada   da   apostila   de   Joe  
McKinney,   da   Escola   da   Bíblia   do   Nordeste,   sobre   Dn   8.   As  
datas   podem   diferir   um   pouco   de   outros   esquemas,   mas   o  
jeito  geral  dela  não  se  desvia  muito  disto.  

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2300$tardes$e$manhãs$de$Daniel$8$
!

04/169!

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
720!dias!

Começa!a!profanação!–!Dn!8.8714,!23726!

[1Mac!1.20728]!

04/167!

!
245!dias!

Sacrifício!diário!abolido!

[1Mac!1.20,!29;!29753]!

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!1290!dias=Dn!12.11!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Dn!8.14=2300!dias!

15/09/167!

!
1045!dias!

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Dn!12.12=1335!dias!

A!abominação!desoladora!

[1Mac!1.54]!

_______________________________________________________________________________$Ídolo$retirado$
$ $ $ $ $ $ $$$$$$$$$do$Templo$
45!dias!

25/09/164!

!
245!dias!

O!templo!rededicado.!Sacrifícios!recomeçam!

[1Mac!4.52]!

30/04/1963!

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!Antioco!morre!–!Dn!8.25![1Mac!6.16]!
 
!

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BIBLIOGRAFIA
ARCHER Jr, Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? São
Paulo: Vida Nova, 1974.
BALDWIN, Joyce G. Daniel: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida
Nova, 1983.
BONHOME, Manuel Jiménez F. Os Misteriosos Habitantes do Deserto
de Judá – Sua vida e seus escritos. São Paulo: Verbo Divino, s.d.
FLÁVIO JOSEFO, Antiguidades
GREEN W.H. General Introduction to the Old Testament: the Canon.
New York: Scribners, 1926.
KENNEDY, John. The Book of Daniel from the Christian Standpoint.
London: Eyre & Spottiswoode, 1898.
MARGOLIOUTH, D. S. Lines of Defense of the Biblical Revelation.
London: Hodder & Stoughton, 1900.
MCDOWELL, Josh. Profecia: Fato ou Ficção. São Paulo: Candeia, 1991.
PESTANA, Álvaro C. Daniel: Vida e Obra. Campo Grande: SerCris,
2007.
SMITH, J. E. The Major Prophets. Joplin: College Press. 1992.
STEWART, Ted. Um Exame da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia
(apostila), São Paulo: IEB, s.d.
WALLACE, Ronald S. A Mensagem de Daniel. São Paulo: ABU, 1985.
WRIGHT, C. H. H. Daniel and his Prophecies. Minneapolis: Klock &
Klock, 1983 [1906].
YOUNG, Edward J. "DANIEL" in DAVIDSON F. O Novo Comentário
da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1963.

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

EBNESR

VT210 - Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados

Álvaro César Pestana

VT210-05 – DANIEL 9

EBNESR
Recife, PE
2013
(C) 2013 Álvaro César Pestana
Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR


CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento
Rua Baronesa de Palmares, 190 - Boa Viagem
51030-110 – Recife, PE. (81) 3341-6514 / 3342-5269
[email protected]

Dedicatória:

Às igrejas de Cristo em Maracanaú, CE,


Por sua fraternidade, hospitalidade e apoio.

PESTANA, Álvaro César. Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados. VT210-05 – DANIEL 9.
Recife: EBNESR, 2013.

15 p: 30 cm.

1. O livro de Daniel; 2. O livro de Ezequiel 3.


Introdução ao Estudo Bíblico; 4. Profecia
Bíblica; 5. História do mundo antigo.

© 2013 Álvaro César Pestana

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

APRESENTAÇÃO

As visões do capítulo 9 de Daniel são das mais


impressionantes de toda a Bíblia. A história é predita com
precisão e com uma explicação de seu significado:
Jerusalém vai durar o tempo necessário para que Deus
salve todos os homens.
Contudo, o texto é rico não apenas nos elementos
preditivos, mas na devoção de Daniel e na sua visão da
história de seu povo.
O tema original deste estudo era:
Lição #11 Como Compreender a Vontade de
Deus - Daniel 9

Mais uma vez, leia Daniel 9 antes de iniciar seus estudos.


Que Deus o abençoe e guarde!
Álvaro C. Pestana
Seminário EBNESR
Recife, PE,
2013.

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LIÇÃO #11 - COMO COMPREENDER A VONTADE DE


DEUS - Daniel 9
INTRODUÇÃO
Como compreender a vontade de Deus? Esta pergunta é feita a
todo momento. No estudo de hoje vamos notar os princípios mais
básicos para saber a vontade de Deus. Embora o texto trata de
uma das profecias mais difíceis da Bíblia, a lição prática sobre
compreender a vontade de Deus não fica alterada com a
dificuldade de compreender os detalhes da visão de Daniel 9.
DISCUSSÃO
I. COMO DANIEL COMPREENDEU A VONTADE DE DEUS
(1-19)
A. Daniel estudou a Bíblia
1. Ele leu o livro do profeta Jeremias (2): Jr 25.11, 29.10.
2. Ele leu a história dos outros profetas e reis (6,10).
3. Ele leu os livros de Moisés (11-15)
B. Daniel buscou a presença de Deus
1. Ele já nos era conhecido como homem de oração (Dn 6.10).
Foi exatamente nesta época de intensa oração que Daniel foi
acusado de desobediência e lançado na cova dos leões (1-2).
2. Ele foi intenso em sua busca a Deus, fazendo orações, súplicas,
acompanhadas de jejum e vestindo-se com roupas de penitência e
de luto (3).
C. Daniel foi humilde
1. Ele confessou o erro dele e do seu povo (4-19)
2. Ele também reconheceu o direito de Deus agir com justiça
contra eles (7).
3. Percebeu principalmente que o maior motivo para Deus agir era
Deus mesmo (17,19).

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4. Ele pediu misericórdia.


II. COMO PODEMOS COMPREENDER A VONTADE DE
DEUS
A. Vamos Estudar a Bíblia.
Não existe outra fonte certa de verdade além da Escritura. A
Bíblia é o único guia da verdade. Jesus acreditava que a Bíblia
sempre tinha razão (João 10.35). Assim também devemos crer e
iniciar nossas cogitações.
B. Vamos Buscar a Presença de Deus.
Oração, jejum, cânticos, hinos de louvor, salmos, cultos, reuniões
da igreja, etc. Todas estas formas de buscar a Deus, nos ajudam a
descobrir e vir a saber sua vontade.
C. Vamos Ser Humildes.
Não adianta buscar a vontade de Deus e fazer nossa própria
vontade. Temos que ser humildes e reconhecer a soberania e o
direito de Deus sobre nós. Uma vez sabendo a vontade dele, só
nos resta obedecer e ser submissos, sem tentar impor a Deus a
nossa vontade.
III. COMO DANIEL APRENDEU MAIS AINDA DA
VONTADE DE DEUS
A. Daniel recebeu o mensageiro de Deus (20-23).
O anjo Gabriel que já havia revelado uma visão a Daniel (8.16)
aparece novamente para dar-lhe mais conhecimento.
B. Daniel recebeu uma mensagem de Deus (24-27).
Além dos 70 anos do cativeiro, Daniel recebeu uma visão de 70 x
7 anos ou setenta semanas de anos, que diziam respeito ao povo
de Deus. A lição mais básica é que dentro de aproximadamente
490 anos Deus iria cumprir todo o seu propósito redentivo e
Jerusalém voltaria a ser destruída pela 2ª vez. Assim, Daniel
aprendeu mais ainda da vontade de Deus.

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C. A ligação do pedido de Daniel com a revelação que ele recebeu


pode ser percebida na tabela abaixo
ORAÇÃO DE DANIEL RESPOSTA DIVINA
Falava do passado Falava do futuro
Já passaram 70 anos Ainda passarão 70 x 7 anos
Perdoe nosso pecado Para perdoar todos os pecados
cumpra a profecia para cumprir todas as profecias e
purifique o templo para se purificar o Santo dos
Santos
Que Jerusalém, atualmente Que Jerusalém reconstruída
destruída,
posteriormente será destruída
seja reconstruída
Pedia o cumprimento de Oferecia um cumprimento maior
uma profecia de todas as profecias

CONCLUSÃO:
I. SE QUISER CONHECER A VONTADE DE DEUS:
Estude a Bíblia, ore a Deus e seja humilde
II. SE QUISER CONHECER A VONTADE DE DEUS:
Vai acabar sabendo mais ainda, pois Deus vai ensinar até o que
você não sabia que iria aprender.

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ANEXO DA LIÇÃO 11:


SOBRE A PROFECIA DAS 70 SEMANAS:
A profecia das 70 semanas (vs 24-27) é um dos textos mais
difíceis da Escritura e é necessário grande humildade ao examiná-
lo.
I. O TEMPO PARA DEUS REALIZAR SUA OBRA EM
JERUSALÉM:
As 70 semanas que Deus havia fixado sobre Jerusalém seriam
para:
A. Fazer cessar a transgressão D. Trazer justiça eterna.
B. Dar fim aos pecados. E. Selar a visão e a profecia.
C. Expiar a iniquidade. F. Ungir o Santo dos Santos.
Em linguagem poética, quase todos os termos se mostram
paralelos e mesmo individualmente todos eles se aplicam ao
ministério e obra de uma única pessoa: JESUS CRISTO.
II. O TEMPO PARA A SALVAÇÃO CHEGAR
Portanto, as 70 semanas seriam o tempo que Deus usaria Israel e
Jerusalém para atingir seu propósito de Redenção e Remissão de
pecados. Isto mostraria a Daniel não apenas a certeza de que
haveria um retorno do exílio, mas que também, no futuro, Deus
tinha planos maiores do que preservar Jerusalém.
III. O TEMPO DA DESTRUIÇÃO DE JERUSALÉM
Jesus aplicou as profecias de destruição de Jerusalém de que
falam os vs 26 e 27 ao evento da destruição de Jerusalém pelos
romanos (Mc 12.14; Mt 24.15; Lc 21.20). Contra esta
interpretação, é difícil lutar. Jesus falou, está falado.
IV. O TEMPO E SUA DIVISÃO ESQUEMÁTICA:
Apresentamos abaixo uma possível interpretação desta profecia.

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(7 semanas) (62 semanas) (1 semana)


49 anos 434 anos 7 anos
futura
(A) (B) (C) (D) (E)
destruição
|--------------|------------------------------------|---------|---------|
| | | 3,5 | 3,5
457 AC 408 AC 27 DC 31 DC 34 DC
70DC
Legenda do gráfico das setenta semanas:
(A) Saída da ordem para restaurar e para edificar Jerusalém - 457 AC -
Artaxerxes (Ed 7.8-28).
(B) Fim dos primeiros 49 anos: edificação da cidade.
(C) Tempo até a vinda de um ungido - CRISTO JESUS (27 DC) - tempo do
batismo de Jesus - depois das 7+62 semanas o Ungido seria morto.
(D) Talvez a morte do Ungido coincidia com o fim da primeira metade da
semana.
(E) Fim das 70 semanas, tempo em que Jerusalém ficará exposta à
destruição completa pelos romanos. A destruição não se deu exatamente no
fim do ano 34 DC, mas desde então o caráter do judaísmo antagônico e
perseguidor do cristianismo levou-o à destruição completa em 70 DC.
Esta exposição não é livre de omissões e de falhas, mas é razoável
e explica um bom número de fatos. Talvez o melhor caminho seja
o de tomar as cifras aproximadas e aplicá-las de modo simbólico e
esquemático, e não aritmético.

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OUTRAS BOAS INTERPRETAÇÕES


DA PROFECIA DAS 70 SEMANAS DE DANIEL 9
Neemias 2.1-8
(7 semanas) (62 semanas) (1 semana) futura
Edito de Edificação da Morte do destruição
Artaxerxes Cidade Cristo
444 33 37 (40)
70
|--------------------|----------------------------------------|---------|---------|
| | | 3,5 | 3,5

INTERPRETAÇÃO ESQUEMÁTICA
490 ANOS = 500 ANOS
Considero esta melhor interpretação visto ser o texto simbólico,
poético e falar de números redondos e não de tempos
precisamente calculados.
Ordens de
reconstrução
Ciro (539) Ed 1.1-4
Dario (519-518) Ed 5.3-7
Artaxerxes (457) Ed 7.11-16)
Artaxerxes (444) Ne 2.1-8
Ordens Cidade Vinda do Fim do
(fim?)
539-444 reconstruída Cristo Culto
Judaico
70
7 62 1
(1) (2) (3) (4)
(5)
|----------------|-----------------------------------------------|----------|---------|
| | | 3,5 | 3,5
Vinda
do Príncipe
Lição geral:
Em aproximadamente 500 anos, Jerusalém destruída, mas os propósitos de
Deus estarão cumpridos.

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INTERPRETAÇÕES EQUIVOCADAS
DA PROFECIA DAS 70 SEMANAS DE DANIEL 9
I. INTERPRETAÇÕES LIBERAIS-RACIONALISTAS:
Estas interpretações tem em comum o fato de não acreditarem na
possibilidade da previsão do futuro. Logo, a profecia das 70 semanas é
“profecia depois do evento”. Assim, os intérpretes buscam, no passado,
algo para “encaixar” a profecia. Para eles, a chave de tudo, é a morte do
Sumo-Sacerdote Onias III e a profanação do templo por Antíoco IV
Epifânio. Para conseguir adaptar o texto à história, os números são um
pouco arredondados ou desprezados.
#1 – Esta interpretação considera a data da primeira invasão de
Nabucodonosor (605 a.C.) como a data para o início da contagem. Veja,
na última linha, que os anos “reais” divergem dos anos proféticos das 70
semanas.
Jeremias Ciro Morte de
Purificação
Jr 25.11 Onias III do
templo
605 a.C. 538 a.C. 171 a.C. 165 a.C.
7 (49) 62 (434) 1 (7)
(1) (2) (3) (4) (5)
|---------------|-----------------------------------|---------|---------|
| | | 3,5 | 3,5
168 a.C.
A abominação
67 anos 367 anos entre 6-7 anos

#2 - Esta interpretação considera a data da destruição da cidade pelos


babilônicos como data inicial.
Destruição Ciro Morte de
Purificação
de Jerusalém Onias III do
templo
587 a.C. 538 a.C. 171 a.C. 165
a.C.
7 (49) 62 (434) 1 (7)
(1) (2) (3) (4) (5)
|----------------|------------------------------------------|-----------|---------|
| | | 3,5 | 3,5
168
A abominação
49 anos 367 anos 6-7 anos

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#3 – Nesta interpretação a vinda do rei grego Antíoco IV é que recebe a ênfase. As


datas e duração dos anos das 70 semanas não bate com a duração de anos da história,
neste caso.
Destruição Ciro Antíoco IV
Purificação
de Jerusalém do
templo
587 a.C. 538 a.C. 175 a.C 165
a.C.
7 (49) 62 (434) 1 (7)
(1) (2) (3) (4) (5)
|---------------|-------------------------------------------|---------|---------|
| | | 3,5 | 3,5
168
abominação
49 anos 363 anos 10 anos
#4 – Esta interpretação enfatiza a morte de Onias III.
Destruição Ascensão Morte de Purificação
de Jerusalém de Ciro Onias III do templo
587 a.C. 558 a.C. 171 a.C. 165 a.C.
7 (49) 62 (434) 1 (7)
(1) (2) (3) (4) (5)
|-----------------|------------------------------------|---------|---------|
| | | 3,5 | 3,5
168 a.C.
A abominação
29 anos 387 anos 6-7 anos
#5
Destruição Josué (Ed 3.2) Antíoco
Purificação
de Jerusalém (Sumo Sacerdote) IV do
templo
586 a.C. 537 a.C. 174 a.C.* 164
a.C.
7 (49) 62 (434) 1 (7)
(1) (2) (3) (4) (5)
|---------------|-------------------------------------------|---------|---------|
| | | 3,5 | 3,5
168 a.C.
A abominação
49 anos 363 anos 10 anos
* erro de cronologia

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II. INTERPRETAÇÃO SIMBÓLICA.


Edito de Vinda de Cristo
Fim
Ciro (Ed 1) Cristo rejeitado do
mundo
7 (49) 62 (434) 1 (7)
(1) (2) (3) (4) (5)
|-------------|-------------------------------------------|---------|---------|
| | | 3,5 | 3,5
Restauração = Pregação do Evangelho Anticristo

III. INTERPRETAÇÃO EM QUMRAN - Regra de Damasco 1.5-11

Nabucodonosor Morte do Reino


destrói a cidade Mestre Restaurado
390 anos 20 40* 40*
|-----------------------------------------------------|------|---------|---------|
A B C D
A=Tempo das iniquidades (Ez 4.4,5);
B=Tempo de espera e incerteza;
C*=Tempo de ministério do Mestre de Justiça;
D*=Tempo depois de sua morte.
*Nota: Os períodos C e D são inferências dos estudiosos.
Veja abaixo o texto de onde se deduz esta “linha do tempo” semelhante à profecia das
setnta semanas. A tradução é do prof. Dr. Manuel Jiménez F. Bonhome.1
Na linha 6 o texto fala
de 390 anos de cólera.
No fim da linha 10,
fala de 20 anos de
aguardo de alguma
salvação.
Na linha 11, fala da
vinda do “Mestre de
Justiça”, fundador da
seita.
O verso 12 sugere que
o ciclo se completa
com “gerações”: pode-
se supor duas – a do
tempo do Mestre e a
outra. Logo, 40 anos mais 40 anos. Antes do “homem de zombaria”, o sacerdote iníquo,
inimigo do Mestre de Justiça.

1
BONHOME, Manuel Jiménez F. Os Misteriosos Habitantes do Deserto de Judá – Sua vida e seus
escritos. São Paulo: Editora Verbo Divino, s.d., p. 92.

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IV. TEORIA DO PARÊNTESIS OU DO INTERVALO PROFÉTICO


Esta é a interpretação mais popular entre os movimentos evangélicos. Tem
a virtude de valorizar a exatidão da profecia mas tem o defeito de criar um
“parêntesis” não previsto numa profecia que prevê tantas coisas com
precisão divina.

Ordem de Cidade Messias A B


C
Reconstruir reconstruída (PARENTESIS
NÃO PREVISTO
PELA PROFECIA)
Ne 2.1-8
445 a.C. 30 AD
7 (49) 62 (434) (igreja) 1
(1) (2) (3) (3) (4)
(5)
|--------------|----------------------------------| |------------|-----------|
| | | | 3,5 |
3,5 |

A=Parousia; Primeira Ressurreição; Arrebatamento: Anticristo faz aliança


com judeus; Numerosas conversões. Nos ares ocorre o julgamento dos
santos.
B=Anticristo quebra o pacto e persegue os judeus; Grande Tribulação (3,5
anos).
C=Epifania; Ressurreição dos santos mortos na tribulação; Julgamento das
Nações; Início do Milênio (Templo reconstruído, culto judaico, etc.).
NOTA: O esquema ainda continuaria com o MILÊNIO, a revolta final de Satanás e sua
derrocada final, a ressurreição dos santos mortos no Milênio, a ressurreição dos
injustos, O Julgamento diante do Trono Branco, e o estado eterno.

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V. INTERPRETAÇÃO ADVENTISTA DAS 70 SEMANAS E DAS


2300 TARDES E MANHÃS.
Os Adventistas interpretam as 70 semanas sendo cumpridas até o tempo de
Jesus e de Estevão. A novidade de sua postura interpretativa, é
transformar a profecia das 2300 tardes e manhãs (2300 dias) em uma
profecia de 2300 anos. Estes 2300 anos começariam na mesma época das
70 semanas, mas terminariam em 1844. Willian Miller acreditava ser a
data da Volta de Jesus, mas a profecia foi reinterpretada a aplicada ao
suposto “julgamento investigativo de Cristo”. Contudo, não são corretos
(i) nem a leitura dos 2300 tardes e manhãs como 2300 anos e (ii) nem a
suposta doutrina do “julgamento investigativo”. A primeira foi um
equívoco e a segunda foi a tentativa de “reinterpretar” a interpretação
errada.
a.C. † AD
AD
457 408 27 31 34
1844
7 62 ½ ½
|---|-------------------|---|---|
|-----------490 ANOS-------|
|--------------------------------------2300 ANOS-------------------------------------
--|
ONDE:
457 a.C. é o decreto de reconstruir e restaurar Jerusalém (Ed 7.11-26).
27 A.D. início do ministério de Jesus.
31 A.D. morte de Jesus.
34 A.D. martírio de Estevão.
1844 marca a data do início do "julgamento investigativo". Jesus só entrou
no Santo dos Santos celestial nesta ocasião.
Veja, ao lado, um diagrama ilustrativo
da doutrina Adventista. Para eles, a
data de 1884 marca o tempo à partir do
qual Jesus poderia vir ao mundo.
Isto implicaria dizer que Paulo e os
outros escritores que afirmaram que
Jesus podia voltar em sua época
estavam errados, pois Jesus só poderia
voltar depois de 1844. Aceitar tal
doutrina, entre outras coisas, nega
algumas verdades bíblicas bem
assentadas no ensino apostólico.
Isto também negaria o fato que Jesus
teria obtido completa redenção com
sua morte. Segundo esta doutrina, a redenção completa só ocorreu em 1844. Isto
prejudica muito o ensino bíblico.

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FLÁVIO JOSEFO, Antiguidades
GREEN W.H. General Introduction to the Old Testament: the Canon.
New York: Scribners, 1926.
KENNEDY, John. The Book of Daniel from the Christian Standpoint.
London: Eyre & Spottiswoode, 1898.
MARGOLIOUTH, D. S. Lines of Defense of the Biblical Revelation.
London: Hodder & Stoughton, 1900.
MCDOWELL, Josh. Profecia: Fato ou Ficção. São Paulo: Candeia, 1991.
PESTANA, Álvaro C. Daniel: Vida e Obra. Campo Grande: SerCris,
2007.
SMITH, J. E. The Major Prophets. Joplin: College Press. 1992.
STEWART, Ted. Um Exame da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia
(apostila), São Paulo: IEB, s.d.
WALLACE, Ronald S. A Mensagem de Daniel. São Paulo: ABU, 1985.
WRIGHT, C. H. H. Daniel and his Prophecies. Minneapolis: Klock &
Klock, 1983 [1906].
YOUNG, Edward J. "DANIEL" in DAVIDSON F. O Novo Comentário
da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1963.

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

EBNESR

VT210 - Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados

Álvaro César Pestana

VT210-06 – DANIEL 10-12

EBNESR
Recife, PE
2013
(C) 2013 Álvaro César Pestana
Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR


CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento
Rua Baronesa de Palmares, 190 - Boa Viagem
51030-110 – Recife, PE. (81) 3341-6514 / 3342-5269
[email protected]

Dedicatória:

Às igrejas de Cristo em Maracanaú, CE,


Por sua fraternidade, hospitalidade e apoio.

PESTANA, Álvaro César. Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados. VT2010-06 – DANIEL
10 A 12. Recife: EBNESR, 2013.

21 p: 30 cm.

1. O livro de Daniel; 2. O livro de Ezequiel 3.


Introdução ao Estudo Bíblico; 4. Profecia
Bíblica; 5. História do mundo antigo.

© 2013 Álvaro César Pestana

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

APRESENTAÇÃO

Estes últimos capítulos do Livro de Daniel são a descrição


de uma única visão. Trata-se do clímax do livro, tanto em
termos de extensão como em intensidade profética da
descrição do conflito. É imprescindível que o aluno leia o
texto todo, antes de ler estas Web-Aula.
Os temas originais foram divididos assim:
Lição #12 Guerra Nas Estrelas - Daniel 10

Lição #13 O Planeta em Guerra - Daniel 11-12

Apêndice: Fatos históricos sobre Daniel 11-12

Sobretudo, os textos de Daniel 11 podem ser lidos em


sincronia com o Apêndice de Fatos Históricos, pois o
detalhamento da profecia é fora do comum.
A Deus toda honra e glória!
Álvaro C. Pestana
Seminário EBNESR
Recife, PE
2013.

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

LIÇÃO #12 - GUERRA NAS ESTRELAS -Daniel 10


Introdução:
“Guerra nas Estrelas” é o nome de uma série de filmes famosos
sobre uma luta entre um império do Mal e as forças da liberdade e
da justiça, tudo em um contexto de ficção científica, mitologia,
efeitos especiais, magia e filosofia de Hollywood. Uma guerra
estava sendo travada no espaço. É justamente algo assim que é
tratado em Daniel 10. Uma guerra acima de nós, mas que tem
profunda implicações sobre nós. Os três últimos capítulos de
Daniel referem-se a uma só visão (Dn 10-12), mas este estudo
focaliza apenas o primeiro, que é o prefácio desta visão.
Discussão:
I. O JEJUM E AS ORAÇÕES DE DANIEL (1-3):
A. A data da visão indica que o primeiro grupo de judeus cativos
em Babilônia já tinham retornado para a Judéia. O Exílio havia
terminado, conforme a profecia do capítulo anterior ensinara.
Contudo, Daniel e outros ficaram em Babilônia. Talvez por serem
idosos demais para voltar. Talvez para continuarem na coorte,
influenciando para bem o reino Persa (1).
B. O verso 1 fala que foi muito difícil entender a visão, mas que
finalmente, ela foi compreendida.
C. Antes de receber esta visão, Daniel estava em um período de
jejum parcial e de contristamento voluntário. Isto durou o tempo
de 3 semanas (21 dias). Este esforço é interpretado no verso 12
como seu desejo de entender a vontade de Deus. Daniel buscou e
encontrou. (2-3)
II. O MENSAGEIRO QUE VEM CONSOLAR DANIEL (4-9):
A. A localização da visão: nas margens do rio Tigre. Pelo que
parece, Daniel estava acompanhado por outros. (4)
B. A descrição do Mensageiro é semelhante a descrição de Cristo
(Ap 1.10-16) e de Deus (Ez 1.26-28). Isto pode indicar uma
manifestação do próprio Deus, Jesus ou de um anjo glorioso, ou

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ainda do muitas vezes designado como "Anjo do Senhor", que


pode ser tanto o próprio Deus como um anjo dele. (5-6)
1. Roupa: linho puro;
2. Cinto: ouro puro:
3. Aspecto: Brilhante como pedra preciosa;
4. Rosto: como relâmpago;
5. Olhos: como tochas de fogo;
6. Pés: bronze polido (brilhante);
7. Voz: como de uma multidão.
C. Os amigos de Daniel fugiram com um temor incompreensível
(“numinoso”) e se esconderam, embora não vissem nem ouvissem
nada. (7)
D. O próprio Daniel, contudo, que observava a visão, também
teve problemas para resistir. Logo ele desmaiou. (8-9)
E. A identidade do personagem, em vista de tudo isto, torna-se
mais interessante. Pode ser o próprio Jesus. Tais efeitos de
desmaio já são observados quando Gabriel fala com Daniel (8.16-
18), mas não com a mesma intensidade que se nota aqui. Inclino-
me a pensar que trata-se de uma teofania, ou seja, uma
manifestação do Divino.
III. O DIÁLOGO DO MENSAGEIRO COM DANIEL (10-21):
(Este diálogo prossegue pelos capítulos 11-12. O que iremos notar
é só a introdução da conversa).
A. A situação de Daniel: Por todo este texto, Daniel está se
recuperando de seu desmaio. Ele tinha caído com o rosto em terra
(9), agora com ajuda consegue ficar de quatro (10) e logo vai ficar
em pé, apesar de tremer muito (11). Depois de ouvir um pouco ele
já está novamente sem força e começa a olhar só para o chão e
não consegue falar (15). Depois de ser tocado nos lábios por ele
consegue falar com o mensageiro sobre seu estado lastimável (16-

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17). Finalmente ele é completamente fortalecido pelo mensageiro


e fica pronto para ouvir mais (18-19).
B. Ele é chamado de "homem muito amado" por Deus. Isto é um
notável privilégio (9.23; 10.19).
C. A visita do mensageiro é reposta a suas orações como
anteriormente (9.23; 10.12).
D. A resposta demorou para chegar por que o anjo do reino da
Pérsia estava impedindo a revelação que deveria chegar a Daniel
(13). Miguel (13, 21), príncipe de Israel e anjo guardião do povo
de Deus, ajudou a vencer os anjos inimigos que estavam
influenciando o reino da Pérsia e assim ele chegou para revelar a
Daniel a visão (13). Isto significa que na hierarquia celestial,
Israel tem muito mais poder que os seus inimigos dominadores
aqui da terra. Também é possível notar que o diabo e seus anjos
estavam por trás de ações malignas para jogar o reino Persa contra
o povo de Israel, e assim, frustrar os planos de Deus (Embora o
diabo não seja mencionado especificamente aqui – trata-se de
nossa interpretação). Mas Deus mandou seus mensageiros que
socorreram o povo e assim venceu o conflito espiritual.
E. O assunto é sobre o futuro distante (14).
F. O mensageiro diz que Daniel sabe o motivo de sua vinda. Pelo
assunto tratado e pela atitude de jejum e tristeza de Daniel
anterior a esta revelação, concluímos que Daniel queria saber
como o povo de Judá, tão fraco e indefeso, iria resistir diante das
pressões das potências e dos inimigos. (20)
G. A revelação dos versos 20-21 mostram que a guerra nas
"regiões celestiais" iria continuar. Primeiro contra a Pérsia, mas
depois contra a Grécia. O povo de Deus esta solitário, mas com a
ajuda de Miguel, haverá vitória.
Nota:   Como   devemos   interpretar   este   diálogo   do  
mensageiro   celeste   com   Daniel?   Devemos   entendê-­‐lo  
literalmente?  Se  assim  fosse,  isto  significaria  que  o  poder  
de  Deus  é  um  pouco  limitado,  visto  que  os  seus  inimigos  

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barraram   sua   resposta   por   vinte   e   um   dias!   Esta  


interpretação   não   parece   razoável   à   luz   do   livro   de  
Daniel  que  apresenta  Deus  como  o  Rei  dos  reis  e  Senhor  
dos  senhores.  Parece  que  a  melhor  solução  é  interpretá-­‐
lo   como   uma  dramatização  celestial   que   explica   o   curso  
dos   acontecimentos   na   terra.   Assim   como   Apocalipse  
12.7-­‐12  fala  de  uma  batalha  celeste  entre  Satanás  e  seus  
anjos   contra   Miguel   e   os   anjos   de   Deus,   também   aqui   em  
Daniel   10,   o   sentido   desta   batalha   é   simplesmente  
simbolizar   o   conflito   no   qual   o   povo   de   Deus   será  
envolvido.   Ninguém   poderia   provar   que   Apocalipse   12  
fala  de  um  evento  real  em  que  o  Diabo,  depois  da  morte,  
sepultamento   e   ascensão   de   Jesus,   tentou   invadir   o   céu   e  
foi   expulso.   Não.   O   texto   de   João   simplesmente   usa   esta  
ideia   como   ilustração   para   explicar   que   o   Inimigo,   uma  
vez   derrotado   no   plano   espiritual,   volta-­‐se   contra   os  
cristãos   na   terra   para   oprimi-­‐los   e   persegui-­‐los.  
Portanto,   os   conflitos   entre   os   príncipes   da   Pérsia,   da  
Grécia  com  o  mensageiro  divino  e  com  Miguel  mostram  
que   a   história   segue   seu   curso   tortuoso   devido   a   estas  
forças  que  se  opõem  a  Deus,  dentro  das  nações  pagãs.  É  
uma   tentativa   de   explicar   por   que   o   povo   de   Deus   será  
submetido   a   tanta   oposição   na   terra.   A   ideia   é   que   a  
oposição   terrestre   é   somente   o   reflexo   da   existência   de  
poderes  sobre  o  mundo  que  Deus  permitiu  existirem:  os  
poderes   das   nações   pagãs.   A   história   segue   o   seu   curso  
dentro   deste   conflito   entre   a   vontade   de   Deus   e   a  
desobediência  humana.    
Conclusão:
I. A oração é levada a sério e é atendida por Deus.
A oração e o jejum de Daniel foram respondidos. O mensageiro
só veio por causa da oração (11-12). Sem oração o livro de Daniel
teria acabado no capítulo 8! De fato, nem teria sido escrito, pois
sem oração Daniel teria sido morto com os sábios da Babilônia no

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capítulo 2. Deus quer nos ajudar e ensinar. Oração é o modo de


entrar na sala de aula de Deus e convidá-lo como professor.
II. Oração é batalha espiritual.
Daniel jejuou e orou por 21 dias (3). Este foi o tempo que durou a
batalha celeste contra o inimigo (13). Aqui está a razão pela qual
Paulo associa a oração com a lista de armas que o cristão tem em
sua batalha contra o diabo (Ef 6.10-20, especialmente 18-19).
III. Estamos participando da "Guerra nas Estrelas".
Isto não é um filme de ficção científica, nem uma teoria bélica
norte-americana. É a guerra celestial que envolve anjos e
demônios, céus e terra, o mundo e a igreja. Paulo falou dela (Ef
6.10-20). O príncipe inimigo já está identificado: o diabo (Ef 2.2;
2Co 4.4). Estamos em guerra! Fique alerta. Não largue as armas.
Lute. Esta guerra envolve não apenas oração, mas também
pregação (Lc 10.17-18). Deus quer que sejamos soldados
totalmente consagrados a ele (2Tm 2.3-4).

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LIÇÃO #13 - O PLANETA EM GUERRA - Daniel 11-12


Introdução:
Esta é a última revelação de Daniel. É a mais detalhada de todo o
livro e, portanto, uma das mais difíceis. O nível de detalhamento
histórico tem levado muitos afirmar que o texto só poderia ter
sido escrito depois dos eventos ocorrerem. Contudo, para quem
crê que Deus pode revelar o futuro antes dele ocorrer, o texto é
uma profecia surpreendente. Reconhecemos que não é normal aos
profetas bíblicos, fazer profecias tão detalhadas, mas é bom
lembrar que Daniel não é um profeta comum. Ele e sua obra
fogem aos padrões das profecias para iniciar o gênero dos
apocalipses.
O que temos neste capítulo não é uma visão, com imagens e
dramatizações, mas um oráculo – uma longa descrição de pessoas
e acontecimentos. Seu início foi dado no capítulo 10, que
apresenta tudo na forma de conflitos entre o anjo guardião de
Israel com os anjos das nações pagãs. Estes conflitos celestes
mostram, agora, suas contrapartidas terrestres, nas lutas entre as
nações, envolvendo também o povo de Judá, a nação de Israel.
Discussão: Daniel 11-12.
I. O INÍCIO DA CONSOLAÇÃO: 11.1
O mensageiro divino faz referência ao fato de já estar dando
assistência ao povo desde o primeiro ano de Dario, com a queda
do império Babilônico, e com a subsequente libertação do povo.
Se este coincide com o primeiro ano de Ciro, então temos uma
referência a libertação do povo do cativeiro babilônico, com a
volta liderada por Zorobabel para a Judéia (Livro de Esdras).
II. O IMPÉRIO PERSA: 11.2
Em poucas palavras descreve alguns reis persas enfatizando
Xerxes que em 480 a.C. tentou conquistar a Grécia. O reino persa
não é muito retratado, pois não foi causa de tribulações para o
povo judeu. Em geral, os governantes persas foram generosos
com Judá.

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III. O CONQUISTADOR GREGO: 11.3-4


Alexandre Magno é descrito aqui. Sua morte no auge do seu
poder e vigor físico (30 anos) deixou o seu reino nas mãos dos
seus generais e não para seus descendentes. No começo cinco
reinos foram criados, logo depois quatro ficaram com a herança
de Alexandre, o grande. Apenas dois serão acompanhados nesta
profecia, por terem relação com a nação de Judá. O reino do Sul
(Egito) com a dinastia dos Ptolomeus e o reino do Norte (Síria,
Babilônia) com a dinastia dos Seleucidas.
IV. O SUL ATACA O NORTE: 11.5-9
Neste texto a iniciativa vem do Sul (Egito), que ajuda um de seus
generais a ser rei do Norte (Síria, Babilônia, etc). Depois que os
dois reinos ficaram fortes houve uma tentativa de harmonizar os
reinos, mas não deu certo. Isto gerou mais conflitos entre o Sul e
o Norte.
V. O NORTE ATACA O SUL: 11.10-20
Agora a iniciativa na agressão vem do Norte. O rei do Norte
conquista a Palestina e também tenta um casamento de
harmonização que não dá certo. Outros conflitos do rei do Norte
são mencionados e suas dificuldades financeiras.
VI. O VILÃO DA HISTÓRIA: 11.21-45
O vilão apresentado aqui é Antíoco IV Epifânio, um dos reis do
Norte. Seu caráter vil e ardiloso é exposto por todo o texto. O
ponto mais característico de sua maldade é sua oposição a Deus e
ao seu povo. Ele depõe e mata o sumo sacerdote de Deus Onias
III (22) e persegue o povo de Judá (28). Depois de uma frustração
no Egito (30) ele descarrega sua raiva contra o povo judeu.
Interrompe o culto do templo, proíbe a observância do sábado,
circuncisão e demais leis judaicas. Ele quer "helenizar" os judeus.
Surgem, então os judeus "cooperacionistas" que aceitam negar o
judaísmo e os "rebeldes" que formam uma revolução contra o
julgo grego na Judéia. Os versos 36-39 mostram a "teologia" de
Antíoco (ele se acha o máximo e diviniza a si mesmo) enquanto
os versos 40-45 falam de sua atuação final e destruição.
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VII. A VITÓRIA COMPLETA: 12.1-4


Miguel vai lutar contra as forças do mal, retomando a ideia do
combate celeste introduzida em Daniel 10.13, 20-21. Antíoco fará
grande opressão, mas haverá salvação para os fiéis, os que têm o
nome inscrito no livro, ou seja, aqueles que não negaram sua
cidadania espiritual. O povo de Deus irá vencer se for
perseverante (1). O quadro de vitória fica completo quando se fala
da ressurreição final do povo eleito e do castigo final dos
inimigos e traidores: para os justos, vida eterna; para os injustos,
castigo eterno. Assim, a vitória não é somente sobre um rei grego,
mas sobre tudo e todos que se opõe a Deus (2). Por isto, a coisa
que mais vale é ter ajudado outros a ficarem no caminho de Deus,
pois seremos como estrelas resplandecentes de Deus (3). O
oráculo acaba aqui e somente no futuro seria entendido (4).
Daniel, diferentemente de Apocalipse (22.10), é um livro selado,
ou seja, fechado: só seria entendido no futuro. No seu tempo, a
compreensão dele seria muito pequena.
VIII. CONSELHOS FINAIS A DANIEL: 12.5-13
1. O livro trataria de crises futuras (5-9) que Daniel não poderia
entender totalmente em seu momento histórico.
2. Na tribulação por causa da fidelidade a Deus aparecerão os dois
tipos de pessoa que compõe o mundo (10).
3. A tribulação virá. Feliz o que persevera até que ela passe (11-
12).
4. No que dizia respeito a Daniel, ele também devia ficar firme
(mesmo na velhice), pois receberia a coroa da vida na ressurreição
(13).
Conclusão:
1. Mesmo em um mundo briguento é possível ser fiel a Deus. O
mundo vive de guerra e conflito. O povo de Deus sabe que as
coisas sempre serão assim.
2. Também o povo de Deus sabe que sempre aparece um
"Antíoco Epifânio" para ser enfrentado. Os cristãos antigos
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tiveram que enfrentar Nero, Domiciano e muitos outros


perseguidores.
3. Deus finalmente vai mostrar sua vitória decisiva. Devemos
ficar do lado dele. A tribulação também vai passar.
4. A eternidade é a medida de avaliação de qualquer coisa. Se
algo não passa para a eternidade, não merece preocupação. Só
vale a pena lutar pelo que é eterno. Na ressurreição, o que
realmente vale a pena vai ser recompensado por Deus.

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ANEXO DA LIÇÃO 13:

DANIEL 11-12

Apêndice de fatos históricos.


11.1 - Babilônia caiu. Foi conquistada pelos persas. Logo a
libertação virá no Edito de Ciro. Isto já é motivo de
fortalecimento e ânimo.
2 - A lista de quatro reis é: Ciro (538-529), Cambises (530-522),
Dario I Histape (522-486) e Xerxes (486-465). O usurpador
Smerdis (522) não é contado. (Outra possibilidade é não contar
Ciro, uma vez que ele já estava reinando: 1.Cambises; 2.Smerdis;
3.Dario; 4.Xerxes). O quarto rei (Xerxes de Ester 1.3-4) foi
riquíssimo e em 480 a.C. tentou invadir a Grécia, mas foi
derrotado em Platéia e Salamina. (O texto pula todos os outros
reis persas posteriores).
3 - O rei poderoso é Alexandre Magno que levanta-se em 335 a.C.
e entre 331 e 323 a.C. conquista o mundo (Dn 8.5-7).
4 - Em 323 a.C. Alexandre morre (com 33 anos) e seu reino não é
dado aos seus descendentes [sua rainha era Roxana e seu filho
seria Alexandre IV, mas são são mortos], mas a seus generais. No
início foram-se cinco reinos, e finalmente quatro liderados por:
Cassandro (Macedônia), Lisímaco (Asia Menor, Trácia e Bitínia),
Seleuco (Síria, Babilônia e países orientais até ao rio Indo) e
Ptolomeu (Palestina e Egito).

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DIVISÕES DO IMPÉRIO DE ALEXANDRE MAGNO


CINCO PARTES (vencedores de Triparadisos em 321 a.C.)
Antígono Seleuco Lisímaco Ptolomeu Antipater (pai
de Cassandro)
Síria e Ásia Babilônia, Trácia Egito, Síria e
Menor Pérsia e Índia Palestina Macedônia e
Grécia

QUATRO PARTES (entre 319-305 a.C.)


Seleuco Lisímaco Ptolomeu Cassandro
Babilônia, Alta Trácia e maior Egito, Macedônia e
Síria, partes da parte da Ásia Celessíria e Grécia
Ásia Menor, Menor Palestina
Pérsia e India

5   -­‐   O   rei   forte   do   sul   (Egito)   Ptolomeu   I   Lágida   (323-­‐285   a.C.).  


O  príncipe  ou  general  deste  rei  que  se  tornou  forte  foi  Seleuco  
I   Nicator,   que   numa   partilha   anterior   (Triparadisos   -­‐   321   a.C.)  
do  império  de  Alexandre,  teria  ficado  com  a  Babilônia  e  Síria,  
mas   devido   a   intrigas   com   Antígono   (que   por   um   tempo  
governou   a   Ásia   Menor),   teve   que   se   refugiar   no   Egito  
servindo   como   general   de   Ptolomeu   I.   Com   a   ajuda   deste,  
recuperou   o   seu   reino   após   a   batalha   de   Gaza   (312   a.C.).   O  
reino   de   Seleuco   I   (312-­‐281   a.C.)   foi   mais   forte   que   o   de  
Ptolomeu  I.  Ele  venceu  Antígono  definitivamente  em  301  a.C.  
na  batalha  de  Ipsos.  Seu  império  ia  da  Capadócia  e  Frígia  até  o  
Indo.  
6 - Este versículo pula para o tempo de 250 a.C. A filha do rei do
sul, Ptolomeu II Filadelfo (285-245 a.C.), é Berenice. Ela foi dada
em casamento ao rei do Norte, Antíoco II Theos (260-246 a.C.).
Este divorciou-se de sua esposa anterior para que os filhos não
herdassem o trono, mas sim os filhos de Berenice. Contudo, com
a morte de Ptolomeu II, Laodice (meia irmã de Antíoco, que era
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sua ex-esposa) envenenou Berenice, seu filho e toda a comitiva


dela, inclusive Antíoco II, e fez reinar seu filho Seleuco II
Calenico (246-226 a.C.). O casamento político não deu certo e
desde então os conflitos Norte-Sul tornam-se uma rotina.
7 - O renovo da linhagem de Berenice era Ptolomeu III Evergetes
(247-221 a.C.). Ele lutou contra Seleuco II Calenico para vingar a
morte de sua irmã (Belo pretexto para guerra e saque!). Ele
consegue vencer o rei do Norte e despojam a capital deste reino
tomando grande saque. É possível que tenha matado Laodice
nesta ocasião, mas sobre isto não há completa certeza.
8 - Ptolomeu III voltou ao Egito com muito despojo tomado do
reino da Síria (Norte), despojo de templos e outros tesouros:
4.000 talentos de ouro; 40.000 talentos de prata; ídolos e vasos
idolátricos no valor de 2.500 talentos. Depois disto há um período
de paz de dez anos.
9 - Seleuco II Calinico, perto de 240 a.C., tenta invadir o Egito e
volta derrotado para casa. Sua represália não deu certo.
10 - Os filhos de Seleuco II são: Seleuco III Ceraunos (226-223
a.C.) e Antíoco III O Grande (222-187 a.C.). Ambos fazem guerra
contra o sul. Seleuco III atacou as províncias do Egito na Ásia
Menor, mas morreu em uma batalha (ou foi assassinado?). Seu
irmão Antíoco III invadiu a Palestina, tomou a fortaleza de Gaza
em 218 a.C. e chegou até o Egito. Assim, momentaneamente, a
Palestina estava nas mãos do reino do Norte. Tal vitória duraria
pouco.
11 - O rei do Sul, Ptolomeu IV Filopator (221-203 a.C.) reage e
ataca Antíoco III em Ráfia (Palestina) em 217 a.C. Ptolomeu IV
tinha: 70.000 soldados de infantaria, 5.000 de cavalaria e 73
elefantes. Antíoco III colocou em campo 62.000 soldados de
infantaria, 6.000 de cavalaria e 102 elefantes. Antíoco III é
derrotado perdendo 10.000 soldados, 300 cavaleiros e 5 elefantes
além de deixar 4.000 prisioneiros. Assim a multidão do rei do
Norte foi entregue nas mãos do rei do sul. A Palestina voltou ao
domínio dos Egípcios.

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12 - Apesar desta vitória, Ptolomeu IV, cuja vida parece ter sido
dissoluta, não soube aproveitar a situação de vitória sobre Antíoco
III. A exaltação é o prelúdio da queda.
13 - Antíoco III preparou-se cuidadosamente para enfrentar o
Egito de novo. Depois de obter vitórias espetaculares na Ásia e na
Pérsia, ele volta a reunir um grande exército e ataca o Egito em
203 a.C. Ptolomeu IV havia morrido e reinava em seu lugar
Ptolomeu V Epifanes (203-181 a.C.) que tinha ao redor de quatro
anos apenas. Havia também guerra civil no Egito. Isto favoreceu
Antíoco III que anexou a Palestina ao seus domínios de modo
definitivo.
14 - Este verso fala dos aliados de Antíoco III contra o rei do sul.
Filipe da Macedônia apoiava-o nesta guerra. Outros que podem
estar referidos aqui são os rebeldes do Egito ou judeus que se
rebelaram contra os Ptolomeus e apoiaram os Seleucidas.
15 - As referências a cidades fortificadas podem aludir à tomada
de Sidom ou Gaza (201 a.C.) por Antíoco III. Scopas, grande
general do Egito, foi um dos escolhidos para deter os sírios, mas
não pode. Na batalha de Panium (ou Baniyas), junto às nascentes
do Jordão, Antíoco III destroçou o exército egípcio (198 a.C.) e
expulsou-o da Ásia.
16 - Fala da anexação da Palestina (terra gloriosa, Dn 8.9) ao
reino do Norte. Mostra a exaltação e orgulho da conquista. A
exaltação é o prelúdio da queda.
17 - Antíoco III desejava atacar o Egito, mas temendo uma
intervenção romana, tentou fazer um casamento de sua filha
Cleopatra com Ptolomeu V. O casamento só se consumou anos
depois em vista da pequena idade do rei do sul. Ela deveria se
espiã, mas tornou-se leal a seu marido contra seu próprio pai. O
plano de Antíoco III não deu certo.
18 - Antíoco III resolveu conquistar a Grécia e as ilhas gregas da
costa da Ásia Menor. Roma declarou-lhe guerra (192 a.C.),
expulsou-o da Europa, e o general (cônsul) romano Lúcio
Cornélio Scípio (Cipião Asiático) venceu-o em Magnésia (entre

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Sardes e Esmirna) em 190 a.C. Antíoco foi submetido a uma paz


humilhante em Apaméia: perdeu toda a Ásia Menor, menos a
Cilícia, teve que entregar todos os seus elefantes de guerra, sua
armada, e reféns, incluindo seu próprio filho (que mais tarde
reinará como Antíoco IV).
19 - Voltou para sua terra e devido a sua dívida de guerra com os
romanos, foi saquear um templo de Bel (Júpiter) em Elimaida
(Elam). Foi assassinado, juntamente com seus soldados, nesta
expedição pelos habitantes do local(187 a.C.).
20 - Seleuco IV Filopater (187-175 a.C.) ficou conhecido por seus
altos impostos. O exator (=cobrador) que passou pela terra
gloriosa (=Palestina) é Heliodoro, que com apoio de facções
judaicas descontentes com o Sumo Sacerdote Onias III, pretendia
saquear o tesouro do templo de Jerusalém. No fim o que ocorreu é
que Heliodoro, tentando assumir o trono, envenenou Seleuco IV.
21 - O homem vil é Antíoco IV Epifanio (175-163 a.C.). Ele era
irmão de Seleuco IV, e após a vitória de Roma sobre o pai deles,
Antíoco III, teve que ficar em Roma como refém. Quando seu
irmão Seleuco IV assumiu o trono, resgatou-o, enviando seu
próprio filho, Demétrio Soter, para ficar refém no lugar de seu
irmão. Com a morte repentina de Seleuco IV, Antíoco IV, que
não tinha direito ao trono, apossou-se dele contra os direitos de
Demétrio, príncipe herdeiro que estava em Roma. Antíoco IV
venceu Heliodoro com ajuda de Eumenes, rei de Pérgamo, e com
outros atos de politicagem e adulação estabeleceu-se no trono.
22 - A que se refere este verso é difícil definir. Alguns pensam
que o príncipe seja Ptolomeu VI Filometor (185-146 a.C.). Outra
possibilidade é que o príncipe seja Onias III, sumo sacerdote
judeu, deposto em 175 a.C. e assassinado em 171 a.C. por intrigas
do rei. Em seu lugar foi posto Josué (=Jason), e posteriormente
um tal de Menelau.
23 - Fingiu amizade e usou isto como modo de trair. Isto pode ser
descrição de sua ação com Ptolomeu VI.

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24 - Foi invadindo e conquistando os lugares férteis da Palestina e


do Egito sob pretexto de paz. Usava esta riqueza para seu séquito
de aliados.
25 - Sua primeira guerra declarada contra o Egito que era
governado por Ptolomeu VI. Este era muito mal aconselhado de
modo que atuou muito mal nas lutas.
26 - Fala do mau conselho e traição no meio da corte de Ptolomeu
VI. Ele acaba como prisioneiro de Antíoco IV (170 a.C.).
27 - Antíoco IV tentou fazer-se "protetor" de Ptolomeu VI e este
por sua vez procurava ganha-lo para o seu lado. Assim havia uma
aparente tentativa de paz em uma intriga de mútua destruição.
Antíoco convenceu Ptolomeu que sua conquista do Egito
garantiria o trono para Ptolomeu. Mas ao avançar sobre Menfis e
depois sobre Alexandria, a cidade escolheu Ptolomeu Evergetes II
(Fiscon) como rei no lugar de seu irmão, agora manipulado por
Antíoco. Como Antíoco e Ptolomeu Filomentor não
conseguissem conquistar Alexandria, Antíoco Voltou para a Síria.
28 - Antíoco voltou para Síria com grande tesouro e aproveitou
para saquear os judeus. Sua ganância era insaciável. Deixou uma
guarnição em Jerusalém.
29 - Depois de um ano ele volta a lutar contra o Egito, pois os
irmãos Filomentor e Evergetes II tinham se tornando aliados
contra os seus interesses.
30 - Mas não vai se sair bem. A frota romana (navios de Quitim)
trará um ultimato de Roma para que ele deixe o Egito em paz. O
cônsul Gaio Popílio Lenas deu-lhe a ordem do senado. Como
Antíoco quisesse "pensar e responder depois", o cônsul traçou um
círculo ao redor dele, no chão, e disse que só sairia se desse uma
resposta. Antíoco, humilhado, obedeceu e retirou-se do Egito.
Ele, então, descarregará sua ira sobre os judeus, e conseguirá o
apoio do partido helenizante de Jerusalém. Ele queria helenizar
todo o reino com o alvo de aumentar sua força contra Roma e
outros.

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31 - Apolonio, com um exército de 20.000, atacou Jerusalém, por


ordem de Antíoco IV. Fez inúmeras obras de profanação até o
extremo de proibir os sacrifícios diários a Yahweh, proibindo o
observância de leis judaicas. Ofereceu um porco no altar e
colocou um estátua de Júpiter Olímpico no templo judaico.
32 - Os judeus apóstatas tinham todo tipo de privilégio e apoio.
Os fiéis a Deus sofriam até martírio.
33 - Fala da perseguição do povo e de sua luta por manter a fé.
Pode-se ver aqui uma referência aos "hasidins" que originaram as
seitas dos fariseus, dos essênios e outras.
34 - O pequeno socorro podem ser os Macabeus que se revoltam
contra os gregos, mas que tinham infiltrados em si muitos
"interessados" pelo poder.
35 - Este é um teste difícil para o povo, mas um dia há de
terminar.
36-39 - Este texto não trata de história, mas da uma análise do
caráter de Antíoco IV Epifânio (=deus manifesto). Temos aqui a
formulação de sua teologia:
1. Ele se julgava Deus manifestado, pois este é o sentido de
Epifanio.
2. Em documentos e moedas ele apresenta-se como Deus.
3. Blasfemaria contra Yahweh muitas vezes.
4. Embora tivesse fama de religioso, não teria respeito real pelos
deuses mais populares dos antepassados, nem os deuses mais
queridos pelas mulheres. Ele queria ser o deus mais popular.
5. Adorava um deus estranho: Júpiter Capitolino (Zeus Olímpico),
talvez associando-o consigo mesmo (38). Este era um deus
romano.
6. Aos que aceitava sua política de helenização deu muitas coisas.
40-45 - Aqui não há cronologia, mas um resumo de tudo que ele
fez:

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

1. Guerras contra o Egito.


2. Perseguição ao podo de Judá, não atacando os famosos
inimigos deste, pois estes aceitaram suas idéias gregas.
3.Alarmado com rumores dos Partos e Armênios revoltosos,
voltará para o norte e morrerá na Pérsia em 164 a.C. de modo
misterioso.
12.1 - A salvação temporal dos judeus é vista neste versículo.
Devido ao significado e caráter espiritual deste acontecimento, os
aspectos transcendentes desta vitória logo são enfatizados. A
batalha que começou no âmbito celestial no capítulo 10, agora é
retratada nesta âmbito em seu fechamento. Por isto, focaliza-se
também, a salvação eterna significa e sinalizada pela salvação
histórica da nação. Em outras palavras: se vencemos na terra,
vencemos no céu.
2-3 - Fala do significado eterno da vitória do povo de Deus.
4 - Fim da revelação. O livro só será entendido no futuro.

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

BIBLIOGRAFIA
ARCHER Jr, Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? São
Paulo: Vida Nova, 1974.
BALDWIN, Joyce G. Daniel: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida
Nova, 1983.
BONHOME, Manuel Jiménez F. Os Misteriosos Habitantes do Deserto
de Judá – Sua vida e seus escritos. São Paulo: Verbo Divino, s.d.
FLÁVIO JOSEFO, Antiguidades
GREEN W.H. General Introduction to the Old Testament: the Canon.
New York: Scribners, 1926.
KENNEDY, John. The Book of Daniel from the Christian Standpoint.
London: Eyre & Spottiswoode, 1898.
MARGOLIOUTH, D. S. Lines of Defense of the Biblical Revelation.
London: Hodder & Stoughton, 1900.
MCDOWELL, Josh. Profecia: Fato ou Ficção. São Paulo: Candeia, 1991.
PESTANA, Álvaro C. Daniel: Vida e Obra. Campo Grande: SerCris,
2007.
SMITH, J. E. The Major Prophets. Joplin: College Press. 1992.
STEWART, Ted. Um Exame da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia
(apostila), São Paulo: IEB, s.d.
WALLACE, Ronald S. A Mensagem de Daniel. São Paulo: ABU, 1985.
WRIGHT, C. H. H. Daniel and his Prophecies. Minneapolis: Klock &
Klock, 1983 [1906].
YOUNG, Edward J. "DANIEL" in DAVIDSON F. O Novo Comentário
da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1963.

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

EBNESR

VT210 - Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados

Álvaro César Pestana

VT210-07 – Introdução ao Livro de Ezequiel

EBNESR
Recife, PE
2013
(C) 2013 Álvaro César Pestana
Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR


CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento
Rua Baronesa de Palmares, 190 - Boa Viagem
51030-110 – Recife, PE. (81) 3341-6514 / 3342-5269
[email protected]

Dedicatória:

Às igrejas de Cristo em Maracanaú, CE,


Por sua fraternidade, hospitalidade e apoio.

PESTANA, Álvaro César. Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados. VT210-07 – Introdução
ao Livro de Daniel. Recife: EBNESR, 2013.

14 p: 30 cm.

1. O livro de Daniel; 2. O livro de Ezequiel 3.


Introdução ao Estudo Bíblico; 4. Profecia
Bíblica; 5. História do mundo antigo.

© 2013 Álvaro César Pestana

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

APRESENTAÇÃO

Estudaremos o livro do Profeta Ezequiel em apenas dois


estudos. Daremos mais ênfase a ele nas vídeo-aulas e nas
tarefas de estudo independente, feitos pelo estudante.
Nesta primeira Web-Aula, trabalharemos com os temas
introdutórios ao livro em duas diferentes introduções à
obra.
É imprescindível que o estudante acompanhe esta leitura
com a leitura do próprio livro de Ezequiel.
Que Deus o abençoe!
Álvaro C. Pestana
Seminário EBNESR
Recife, PE
2013.

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

EZEQUIEL1
O profeta Ezequiel2, também conhecido como o “Atalaia de
Deus” atuou como profeta entre os anos 592 e 571 a.C. Ele tinha
aproximadamente 30 anos quando iniciou seu ministério, cerca de
cinco anos após ser levado cativo para a Babilônia (cerca de 597
a.C.)3.
Durante seis anos, Ezequiel pregou sobre a iminente queda de
Jerusalém: isto está registrado na primeira metade do seu livro
(Ez 1-24). Depois disto, o livro trata de sentenças e julgamentos
contra as nações (Ez 25-32). O final da obra fala de sentenças de
consolação e promessas de restauração de Israel (Ez 33-48).4
Conforme já foi observado o livro gira em torno da data de 585
(ou 586) a.C. quando a cidade de Jerusalém caiu diante dos
babilônicos.
Ezequiel apresenta datas para os oráculos em sequência
cronológica. É o livro profético mais organizado, dentre os
Profetas Maiores.
O livro foi escrito no exílio, mas trata das condições do povo de
Judá no Século VI antes de Cristo. A Babilônia era a dona do
Oriente e a principal ferramenta de Deus para punir Judá e outras
nações.
A data da produção do livro de Ezequiel é determinada
principalmente em razão da evidência interna de treze profecias
datadas a partir do dia, mês e ano do exílio do rei Joaquim. Seu
chamado é do ano de 593 a.C., e sua última profecia, contra o Egito,
de 571 a.C. Uma vez que Ezequiel nada fala sobre o libertação de

1
A maior parte deste material foi extraído de meu texto da Web-Aula “Os Livros
Proféticos” da disciplina BB01-O que é a Bíblia? da Escola de Teologia em Casa –
ETC, www.teologiaemcasa.com.br .
2
Para mais detalhes introdutórios: TAYLOR, J. B. Ezequiel: Introdução e Comentário.
São Paulo: Vida Nova, 1984.
3
Daniel havia sido levado na primeira deportação em 606 a.C.
4
Bíblia de Estudo NIV, p. 1375-1376.
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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

Joaquim em 562 a.C. é possível supor que o registro das suas


atividades proféticas tenha ocorrido entre 571 e 562 a.C.5

“Poderíamos resumir o ensino de Ezequiel em duas frases: Deus


destruirá e, depois de 587 a.C., Deus restaurará e reconstruirá”.6
O livro tem muitos gêneros literários, como é comum entre os
profetas. Deve-se dar especial atenção aos textos simbólicos e
apocalípticos do livro: os capítulos 1, 38-39 e 40-48 são
apocalípticos; os capítulos 17, 19, 23 e 24 são parabólicos; os
capítulos 4-5, 12 e 24.15-27 tratam de atos simbólicos.
O principal objetivo do livro é a afirmação da identidade de Deus,
isto é, a frase mais lida no livro é: SABERÃO QUE EU SOU O
SENHOR (6.7, 10, 13, 14; 7.4, 9, 27; 11.10; 12.16 etc.). Ela é
repetida 70 vezes no livro.
Ezequiel é uma esplêndida testemunha “da bondade e da
severidade de Deus”. Suas pregações, antes da destruição de
Jerusalém, tentavam dissuadir aqueles que acreditavam que o
exílio logo terminaria e que Jerusalém não seria destruída. Depois
da destruição de Jerusalém, o profeta apresenta uma mensagem de
ânimo para que o povo se dedique a Deus e espere a consolação
que Deus enviaria aos arrependidos, no futuro.
Um esboço do livro segue um esquema característico dos
profetas, que falam primeiro da juízo para depois falar de
consolação.
Introdução – a vocação de Ezequiel (1-3)
I. O juízo presente de Jerusalém (4-24)
II. O destino futuro das nações (25-32)
III. A consolação futura de Israel (33-48)

5
MILHORANZA, Alexandre. Introdução ao livro de Ezequiel: o teste dos limites
teológicos. Disponível em
http://alexandremilhoranza.files.wordpress.com/2012/11/026-introduc3a7c3a3o-
ezequiel.pdf acessado em 13/jun/2013
6
TAYLOR, 1984, p. 38.
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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

O livro de Ezequiel é uma obra interessante para mostrar que “a


voz do povo não é a voz de Deus”. Vários provérbios que
expressavam a “sabedoria” popular de Israel, na verdade,
afastavam o povo de Deus:
Ez 8.12; 9.9 “O Senhor não nos vê, o Senhor abandonou a
terra”: uma frase supersticiosa dizendo que Deus era um
“deusinho territorial” que teria deixado Judá e, por esta
causa, a terra estaria sendo devastada. Isto implicaria,
também, em impunidade do pecado.
Ez 12.22 “Prolongue-se o tempo e não se cumpra a
profecia”. Outro provérbio falso que torcia para que as
predições de castigo não se cumprissem.
Ez 18.2 “Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos
filhos é que se embotaram”. Era um frase para tentar dizer
que a culpa dos castigos que aquela geração estava
recebendo era dos antepassados. Trata-se de acusar Deus de
injustiça e de não ver seus próprios pecados.
Estes provérbios falsos mostram que o povo, afastado de Deus,
não buscava arrepender-se, mas justificar-se ou culpar Deus!
O livro, contudo, mostra o amor de Deus pelo seu povo e ao
mesmo tempo, a severidade com que este é punido. O amor e a
disciplina de Deus vão juntos e um não pode existir sem o outro.
(Ez 24.15-27).
As grandes visões de Deus no começo do livro são, em toda a
literatura bíblica, insuperáveis para inspirar respeito e temor.
Deus é santo, entronizado em sua carro-trono e tem todo o poder
para executar seus juízos.
Ezequiel é o livro que afirma a responsabilidade pessoal e
intransferível do homem perante Deus. Não há destino e nem
pecado herdado. Cada um tem que relacionar-se com Deus
obedecendo-o (Ez 18.1-29). Não adianta se esconder atrás da
justiça de outros. Cada um será julgado individualmente (Ez
14.12-20). Deus marca (sela) e salva individualmente e esta

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

salvação tem a ver com as escolhas de fé dos homens e não com


qualquer arbitrariedade divina (Ez 9.3-6).
Uma das constatações interessantes sobre Ezequiel é que a obra
está organizada em ordem rigorosamente cronológica, ou seja,
embora certos agrupamentos temáticos sejam percebidos,
naquelas profecias onde há uma data, elas são colocadas no livro
em ordem, ou seja, conforme se vê na tabela abaixo, as datas das
profecias são crescentes e ordenadas.
Isto mostra que o profeta escolheu, diferentemente de outros, um
esboço histórico linear para o registro de suas visões e profecias.
Isto é bem natural, uma vez que, durante seu ministério, fatos
históricos cruciais da história de Israel aconteceram durante seu
ministério: por exemplo – Jerusalém foi destruída. O capítulo 24
foi revelado no primeiro dia do cerco que levaria a cidade a sua
queda e destruição. No profeta Ezequiel, história e profecia
caminham juntas.7

7
A tabela vem da Bíblia NVI de Estudo, versão eletrônica.
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Contra as nações - 25 a 32

A restauração de Jerusalém

● Símbolos e oráculos - 33 a 35
Daniel● e Os montes de Israel são confortados - 36
Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana
● Ossos secos - 37
● Contra Gogue e Magogue - 38 e 39
● A restauração do Templo - 40 a 43
Um dos aspectose mais
● Cerimônias marcantes
rituais do Templo - 44 da
a 46profecia de Ezequiel, sempre
mencionado, é o euso
● As fronteiras de de
a divisão alegorias
Israel - 47 ee48teatralizações, ou seja, atos

simbólicos.
Treze oráculos de Ezequiel são datados, e tudo indica que foram transmitidos oralmente
(3:10-11; 14:4; 20:27; 24:1-3; 43:10) aos habitantes hebreus da Babilônia e registrados
“OutrosUma
posteriormente. recursos estilísticos
evidência pode ser ausados
falta de por Ezequiel
ordem foram
cronológica a alegoria
em alguns ea
oráculos,
que pode indicar que o próprio Ezequiel tenha compilado este livro,
teatralização simbólica, rejeitados pelos cativos (Ez. 20:49). As pois um organizador
distinto teria provavelmente se preocupado com a organização cronológica.
alegorias de Ezequiel tinham por objetivo representar de forma
simples
Em termos a queda
de estilo deincorpora
Ezequiel Jerusalém, que proféticos,
discursos aconteceria em ebreve,
poesia, drama.eEste
o fim da
último
quesito,nação
inclusive, choca o povo exilado com uma linguagem por
de Judá. As dramatizações simbólicas tinham o mesmovezes grosseira quando
utiliza o simbolismo da prostituição nos capítulos 16 e 23. Outros recursos estilísticos
usadosobjetivo.
por EzequielEstas
foramencenações
a alegoria e a dramáticas reforçavam
teatralização simbólica, as profecias
rejeitados de
pelos cativos
8
julgamento
(Ez. 20:49). que de
As alegorias Javé prometera.”
Ezequiel tinham por objetivo representar de forma simples a
queda de Jerusalém, que aconteceria em breve, e o fim da nação de Judá. As
Na tabela abaixo
dramatizações simbólicas estão
tinham relacionadas estas
o mesmo objetivo. Estasencenações e seus
encenações dramáticas
reforçavam as profecias de julgamento que Javé prometera. Abaixo estão relacionadas
significados principais:
estas encenações:

Texto Encenação Significado


4:1-3 Desenha a cidade de A cidade será cercada
jerusalém em um tijolo
4:4-8 Deita-se sobre seu lado Os anos de pecado e a
esquerdo por 390 dias e punição de Judá
sobre o direito por 40 dias.
4:9-17 Come alimentado controlado Fome em Jerusalém à época
e cozido em fezes do cerco
5:1-12 Raspa a cabeça com uma O destino dos que ficaram
espada e divide em três em Jerusalém à época do
partes iguais com destinos cerco
distintos
12:1-12 Cava um buraco na parede O exílio será inevitável
e passa levando bagagens
do exílio
21:18-23 Traça duas estradas das Javé levaria o rei da
quais uma leva a Jerusalém. Babilônia para Jerusalém
O rei decidiria por meio de
sortes qual caminho seguir
25:15-24 Morte da sua esposa O povo escolhido morreria
ou seria exilado

A estrutura das profecias de Ezequiel aponta para a soberania de Javé. Os capítulos 1 a


24 refletem o julgamento que recaiu sobre Jerusalém em 586 em virtude do
O livro sempre
descumprimento fez parte
da Aliança do do
por parte cânon hebraico,
povo hebreu. Estes mas, em
oráculos virtude
foram das
importantes
diferenças em relação às cerimônias do templo e das leis mosaicas
para Israel em um período posterior pelos seguintes motivos:

(Cf.● Significado
Nm 28.11 e Ez história
da desastrosa 46.6),de eruditos
Israel judeus, posteriormente,
● O povo deveria encarar com seriedade os julgamentos de Javé e pautar sua vida
chegaram a questionar sua canonicidade até que os rabinos
pela obediência
restringiram
● Os oráculos seu
de uso quando
julgamento são as
umadivergências fossem
introdução à salvação dita solucionadas
por Ezequiel em
33:1 a 34:24
8 ●A esperança Alexandre.
MILHORANZA, futura dos exilados está relacionada à responsabilidade no presente.
Introdução.
Os capítulos 25 a 32
Escola   tratamNsobre
Bíblica   os poráculos
acional   contraoas
ara  Equipar   s  Snações
ervos  dindicando
o  Rei   que Javé é8
soberano sobre o povo escolhido, mas também sobre
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oráculos dirigem-se principalmente a Tiro (26:1 - 28:19) e Egito (29 - 32). Mas as nações
de Amon, Moabe, Edom, Filístia também seriam atingidas pelo julgamento de Javé (25).
Nesta seção há uma grande ênfase na morte (26:19-21; 28:8; 31:14-18; 32:18-22) em
Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

na "vinda de Elias" (Ml 4.5). O capítulo 1 foi proibido nas


sinagogas e a leitura privada só era permitida àqueles que
tivessem mais de trinta anos.9
Aspectos históricos10
A profecia de Ezequiel foi uma consequência dos atos políticos e
religiosos do rei Manassés quando decretou o baalismo como
religião oficial (2Rs 21.1-9). Este decreto estabeleceu,
inevitavelmente, o fim da nação de Judá (2Rs. 21.9-15; 24.3-4).
Josias, neto de Manassés, foi o último a tentar restabelecer o
padrão ético, moral e religioso de Judá, quando o livro da Lei
(provavelmente Deuteronômio) foi redescoberto (2Rs 22.3-13).
Entretanto, com a morte de Josias em 609 a.C. (2Rs 23.28-30;
2Cr 35.20-27), pelo faraó egípcio Neco, sua tentativa não teve
continuidade.
Após este episódio, todos os demais reis de Judá foram
marionetes dos reinos que procuravam dominar a região da
Palestina, que não obedeceram às regras da Aliança e não se
arrependeram de seus atos, mesmo com grande volume de
mensagens proféticas. O cronista vê nesta situação um caminho
sem retorno (2Cr 36.15-16).
O faraó Neco deixou os filhos de Josias, Jeoacaz e Eliaquim,
como vassalos do Egito, porém Jeoacaz foi destituído por
insubordinação (2Rs 23.31-35). Então Eliaquim, também
chamado de Jeoaquim, governou Jerusalém por onze anos (2Rs
23.34-24.7), cujo governo Jeremias avaliou como corrupto,
idólatra, com injustiças sociais, assassinatos, roubos, extorsão e
abandono da Aliança com Javé (Jr 22.1-17).
Em 605 a.C. na batalha de Carquêmis, o Egito fugiu diante da
Babilônia (2Rs 24.7) e Judá teve que pagar tributo a
Nabucodonosor. Porém Jeoaquim rebelou-se contra a Babilônia e
o resultado foi o cerco de Jerusalém em 598-597 a.C. quando
Jeoaquim morreu. Joaquim, seu filho, governou em seu lugar por

9
MILHORANZA, Alexandre. Introdução.
10
A discussão histórica que segue vem de MILHORANZA, Introdução.
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apenas três meses até que os babilônios invadiram e destruiriam a


cidade (2Rs. 24:1-17).
A partir daí a família real e outras 10 mil pessoas da elite judaica
foram levadas para a Babilônia, e, entre elas estava Ezequiel, que
aproveitou o exílio de Joaquim para datar muitas de suas
profecias aos hebreus deportados (Ez 1.1-3; 8.1).

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Ezequiel11

Conteúdo: Uma série de profecias anunciando a queda de


Jerusalém. Esse livro inclui a partida de Deus, seguida da
restauração de Israel e o retorno de Deus para seu povo.
Profeta: Ezequiel era um sacerdote Israelita e profeta que foi
tirado da Babilônia junto com o primeiro grupo de cativos de Judá
em 598 a.C., ele também era amigo de Jeremias.
Data: De 593 a.C. (Ezequiel 1:2) até 571 a.C. (Ezequiel 29:17).
Foco: A certeza de que Jerusalém ira cair por causa de seus
pecados, especialmente idolatria.
A soberania de Deus sobre todas as nações e toda história.
A perda e restauração da terra/A presença de Deus entre seu povo.
A chave para uma vida de paz é fidelidade ao pacto com Deus.
Informações adicionais:
O livro de Ezequiel contém uma variedade de profecias, visões e
oráculos, os quais Ezequiel apresentou aos exilados na Babilônia
durante o período de 22 anos (593-571), que foram os anos mais
atribulados na história de Jerusalém.
O livro é dividido em 3 partes.
Capítulos 1-24 contém oráculos sobre os 5 anos antes do sitio de
Jerusalém em 588 a.C. Esses são principalmente anúncios do
julgamento de Deus contra a cidade e Templo.
Capítulos 25-32 são uma série de oráculos contra as outras
nações, Babilônia sendo o principal alvo nessa sessão.

11
Este texto sobre Ezequiel não é de minha autoria, mas faz parte do conjunto de
apostilas do EBNESR sobre o livro de Ezequiel. Como o nome do autor não estava
anotado no texto, não há como dar-lhe o crédito. A este material, adicionamos notas e
comentário de VIEIRA, Paulo. Apostila sobre Ezequiel. Recife: Escola da Bíblia de
Boa Viagem, s.d.
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Capítulos 33-48 são os oráculos finais que cobrem um período de


16 anos após a queda de Jerusalém, e tem como foco a esperança
do futuro.
Conselhos para leitura:
Para se ler e entender Ezequiel bem, você precisará entender a
história da época, uma parte da história pode ser encontrada em 2
Reis 22-25.
Durante a vida de Ezequiel, os reis de Judá tinham feito algumas
decisões políticas ruins durante a luta entre Egito e Babilônia para
controlar a terra.
Nabucodonozor eventualmente lutou contra Jerusalém, o Rei
Jeoaquim se entregou, e ele e a maioria das pessoas proeminentes
incluindo a família de Ezequiel foram exilados e colocados em
um acampamento de refugiados no Sul da Babilônia perto do Rio
Kebar.
Deus chamou Ezequiel para ser um profeta que anunciaria os
julgamentos de Deus contra Jerusalém, endereçando suas palavras
para a “casa de Israel” – primeiramente para os exilados na
Babilônia (Ezequiel 3:1 – 11).
Diferente dos profetas que vieram depois, Ezequiel falou seus
oráculos em prosa e não em poesia. Nesses oráculos ele usa
imagens apocalípticas entre os capítulos 1 e 37.
Você verá as palavras “Então você/eles saberão que Eu sou
Deus”, 58 vezes.
Você verá as palavras “Eu o Senhor tenho falado”, 18 vezes.
Você verá muitas das palavras e ideias de Ezequiel no Novo
Testamento, principalmente nas cartas de Paulo e nas revelações
de João.

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BIBLIOGRAFIA
ARCHER Jr, Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? São
Paulo: Vida Nova, 1974.
BALDWIN, Joyce G. Daniel: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida
Nova, 1983.
Bíblia de Estudo NIV, versão eletrônica.
BONHOME, Manuel Jiménez F. Os Misteriosos Habitantes do Deserto
de Judá – Sua vida e seus escritos. São Paulo: Verbo Divino, s.d.
FLÁVIO JOSEFO, Antiguidades
GREEN W.H. General Introduction to the Old Testament: the Canon.
New York: Scribners, 1926.
KENNEDY, John. The Book of Daniel from the Christian Standpoint.
London: Eyre & Spottiswoode, 1898.
MARGOLIOUTH, D. S. Lines of Defense of the Biblical Revelation.
London: Hodder & Stoughton, 1900.
MCDOWELL, Josh. Profecia: Fato ou Ficção. São Paulo: Candeia, 1991.
MILHORANZA, Alexandre. Introdução ao livro de Ezequiel: o teste dos
limites teológicos. Disponível em
http://alexandremilhoranza.files.wordpress.com/2012/11/026-
introduc3a7c3a3o-ezequiel.pdf acessado em 13/jun/2013
PESTANA, Álvaro C. Daniel: Vida e Obra. Campo Grande: SerCris,
2007.
PESTANA, Álvaro C. “Os Livros Proféticos” in BB01-O que é a Bíblia?
Brasil: Escola de Teologia em Casa, 2011.
www.teologiaemcasa.com.br .
SMITH, J. E. The Major Prophets. Joplin: College Press. 1992.
STEWART, Ted. Um Exame da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia
(apostila), São Paulo: IEB, s.d.
VIEIRA, Paulo. Apostila sobre Ezequiel. Recife: Escola da Bíblia de Boa
Viagem, s.d.
TAYLOR, J. B. Ezequiel: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida
Nova, 1984.

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WALLACE, Ronald S. A Mensagem de Daniel. São Paulo: ABU, 1985.


WRIGHT, C. H. H. Daniel and his Prophecies. Minneapolis: Klock &
Klock, 1983 [1906].
YOUNG, Edward J. "DANIEL" in DAVIDSON F. O Novo Comentário
da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1963.

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SEMINÁRIO TEOLÓGICO

EBNESR

VT210 - Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados

Álvaro César Pestana

VT210-08 – Exposição do Livro de Ezequiel

EBNESR
Recife, PE
2013
(C) 2013 Álvaro César Pestana
Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

SEMINÁRIO TEOLÓGICO EBNESR


CNPJ.: 02.967.320/0001-40 Insc.: Isento
Rua Baronesa de Palmares, 190 - Boa Viagem
51030-110 – Recife, PE. (81) 3341-6514 / 3342-5269
[email protected]

Dedicatória:

Às igrejas de Cristo em Maracanaú, CE,


Por sua fraternidade, hospitalidade e apoio.

PESTANA, Álvaro César. Daniel e Ezequiel:


Dois profetas exilados. VT210-08 – Exposição
do Livro de Ezequiel .Recife: EBNESR, 2013.

13 p: 30 cm.

1. O livro de Daniel; 2. O livro de Ezequiel 3.


Introdução ao Estudo Bíblico; 4. Profecia
Bíblica; 5. História do mundo antigo.

© 2013 Álvaro César Pestana

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

APRESENTAÇÃO

Estes estudos do texto do profeta Ezequiel concluem nossos


estudos sobre os profetas exilados. Como temos insistido, o aluno
aproveitará melhor os estudos se os fizer em paralelo com a
leitura do livro de Ezequiel.
Os longos textos do livro são comentados aqui, de forma rápida e
global para ajudar o estudante na leitura detalhada do texto.

Fique com Deus!


Álvaro C. Pestana
Seminário EBNESR
Recife, PE,
2013.

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Daniel e Ezequiel 2013 Álvaro César Pestana

PANORAMA DO LIVRO DE EZEQUIEL

Oráculos de Julgamento contra Israel (Ezequiel 1-24)


1:1-3:27 – Comissão e chamado de Ezequiel
V.1-12: Coloca Ezequiel entre os exilados e o tempo de seu
chamado e durante seus 30 anos de idade e 5 anos de exilio.
Seu chamado se inicia no versículo 1, quando Deus aparece a ele
sentado em um trono com 4 querubins, para os quais Ezequiel
responde caindo com o rosto em terra.
No capítulo 1, os anjos mostram que o poder controlador do
universo é YAWEH e não Babilônia.
Ele é então comissionado e equipado (pelo Espírito) para sua
difícil tarefa (Ezequiel 2:1-3:27).
Ele é comissionado a ser o atalaia do seu povo.
Capítulo 3

1-3 Ezequiel come o rolo


4-7 Um profeta não tem honra em sua terra
14 O alvo da missão
15 Sete dias no Tel-Abibe junto ao rio Quebar
16-21 A responsabilidade de advertir
22 Novamente a visão da glória
23 Ezequiel, encerrado, amarrado e mudo

4:1 – 7:27 A vinda da situação e queda de Jerusalém


Enquanto você lê essa sessão, note que essa parte ainda é datada
como sequência da parte em 1:2, mas com cinco anos de avanço.
Ezequiel deve fazer 3 ações simbólicas (4:1-3, 4-7; 5:1-4) nas
quais Deus anuncia a vinda do sitio e destruição de Jerusalém
(5:5-17).1

1
Capítulo 4
1-3 A maquete do cerco
4-7 390 dias sobre o lado esquerdo, Israel e 40 dias sobre o lado direito, Judá.

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Depois existem dois oráculos que anunciam a devastação de


Jerusalém (Ezequiel 6-7). Ambos oráculos terminam com “Então
eles saberão que Eu sou o Senhor”. A razão da devastação é
idolatria da nação.

8:1 -12:20 Idolatria de Israel e a despedida de Deus de


Jerusalém
Mais de um ano depois, Ezequiel é levado pelo Espírito para
“ver” a idolatria de Jerusalém no Templo (Ezequiel 8). Essa é um
dos momentos mais tristes na Bíblia. Você pode ver o completo
desapontamento de Deus enquanto as pessoas viram suas costas
para Deus – Eles adoravam o Sol ao invés de Deus Eterno.2
O povo são simbolicamente marcados para destruição (Ezequiel
9) e Jerusalém é condenada a queimar (Ezequiel 10:2-8), e a
glória de Deus deixa o Templo (Ezequiel 10:9-22) e
eventualmente a cidade irá queimar (Ezequiel 11:23).
O julgamento é contra os líderes presentes em Jerusalém por sua
política ruim (Ezequiel 11:1-5).

Interpretação: Se somarmos o tempo que Ezequiel ficou sobre o lado esquerdo com o tempo que ele ficou
sobre o seu lado direito, chegamos ao número 430 que me faz lembrar os 430 anos da peregrinação de
Israel no tempo patriarcal em que ficou em terra que não era sua (Gn 12:4; 21:5; 25:26; 47:9) + 215 anos
no Egito.
Ou será que os números não têm ligação literal com a cronologia bíblica e se referem ao longo tempo
de iniquidade de Israel e Judá antes do cativeiro?
É interessante notar que Ezequiel passa mais tempo deitado para a iniqüidade da casa de Israel do que
para a casa de Judá.
9 A dieta de Ezequiel, o pão imundo dos gentios. Pode representar a indesejada convivência de Israel no
meio de terras de gentios. A dieta de Ezequiel fala também da escassez de alimentos experimentada em
Jerusalém por ocasião do cerco de Nabucodonosor.
Capítulo 5
1-4 Os cabelos de Ezequiel são rapados. O destino de sua cabeleira representa o destino dos judeus.
1-5 O destino do povo semelhante ao destino dos cabelos de Ezequiel
2
Capítulo 8
Visões em set-out de 592
O Espírito leva Ezequiel a ver as abominações dentro do templo de Jerusalém
125 homens de costas para o templo do SENHOR, adoram o sol.
O templo de Jerusalém era de frente para o nascente, para adorarem o sol (que nasce a leste), tinham que
dar as costas para o templo do SENHOR.
Lição prática: quando nos voltamos para o pecado, damos as costas para Deus.
Os contritos e marcados pelo sinal (um tav, seria em forma de cruz, isto tem relevância?) não morrem. A
lição aqui é que Deus conhece os inocentes.

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Em antecipação dos capítulos 22-48, a esperança está no futuro


(Ezequiel 11:16-25).
Ezequiel pede para que uma remanescente seja deixada. (Ezequiel
11:13).
O evento final dessa sessão é a segunda partida dos exilados,
anunciada por outra ação simbólica (Ezequiel 12:1-20).3

12:21 – 14:23 Profetas falsos e anciãos imprudentes


Assim como Jeremias, Ezequiel é praguejado por falsos profetas,
que neste caso dizem que as profecias de Ezequiel não
acontecerão (Ezequiel 12:21-25) ou que serão atrasadas (v. 26-
28).
Ezequiel é chamado por Deus para profetizar contra aqueles que
cobrem paredes com cal e aqueles que usam amuletos para
predizerem o futuro em nome de Deus (Ezequiel 13).
Quando os presbíteros vêm ver Ezequiel, seus corações idólatras e
seus falsos profetas são expostos (Ezequiel 14:1-11).
Ezequiel então conclui com uma verdadeira profecia: a certeza da
vinda do desastre em Jerusalém (v. 12-33).

15:1 – 19:14 A queda de Jerusalém e seus Reis


Você encontra 4 alegorias nessa sessão qe refletem a situação de
ambos os exilados na Babilônia e a história presente em
Jerusalém.

3
Capítulo 12
Ezequiel dramatiza para o povo no cativeiro a tentativa de fuga de Zedequias, seu aprisionamento e sua
cegueira física. Verifique o cumprimento dessa profecia em 2Rs 25:1-7.
13 “não a verá” – Zedequias irá, cego, morrer em Babilônia.
16 Deus deixa alguns entre as nações como diz o ditado “só para contar a história”.
17 O provérbio que Deus quer é “os dias estão próximos e o cumprimento de toda profecia.”
27-28 A visão de Ezequiel não é para muitos dias no futuro.

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As duas primeiras alegorias estão nos capítulos 15-16. Eles tem


como foco a vinda da destruição de Jerusalém. A primeira
alegoria se refere a canção da videira de Isaías (Isaías 5:1-7).
Ezequiel 16 mostra graficamente a história da infidelidade dos
Israelitas para com Deus (como uma prostituta que paga para que
homens a possuam) – por vias políticas e seu desejo insaciável
por idolatria.
As alegorias das águias (Ezequiel 17) e leões (Ezequiel 19) são
direcionadas ao Rei Zedequias, o presente Rei em Jerusalém
(Ezequiel 17:15-21; 19:5-9; 2 Reis 25:6-27).
Essas alegorias contem uma reclamação contra a injustiça de
Deus (as crianças pagam pelos pecados de seus pais) trazida a
Ezequiel pelos exilados no capítulo 18.
20:1-24:27 A contagem regressiva para o desastre
Essa sessão começa em Agosto de 591 AC (Ezequiel 20:1),
conclui em (Ezequiel 24:1) com o início do sitio de Jerusalém.
O primeiro oráculo (Ezequiel 20:1-44) continuando do capítulo
16, enfatiza a história de infidelidade de Israel, mas conclui com
uma nota de esperança (antecipando os capítulos 36-37).
A “espada” de Deus para executar julgamento será Babilônia
(Ezequiel 21), novamente por causa dos pecados de Judá que
pedem por julgamento (Ezequiel 22).
A alegoria das duas irmãs (Ezequiel 23) também é uma
continuação do capítulo 16, mas agora colocando os pecados de
Jerusalém na luz da caída Samaria, enquanto o começo do sitio é
mostrada em duas maneiras como uma “panela (Ezezquiel 24:3-8;
9-14).
O sitio termina com a morte repentina da esposa de Ezequiel
(Ezequiel 24:15-27) e ele se encontra surpreso pela sua tristeza
em sua perda – um símbolo para como os exilados irão responder
sobre a queda de Jerusalém.

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Oráculos e Julgamento contra as nações (Ezequiel 25-32)


Antes do fato, no momento em que Ezequiel se vira para os
planos de Deus para o futuro do seu povo, ele recebe uma série de
oráculos contra as nações que tinham alianças políticas com Judá,
indicando que o mesmo futuro as aguarda.

25:1-17 Contra as nações em derredor


O primeiro grupo de oráculos é contra os inimigos históricos de
Judá , que se tornaram aliados somente por causa da pressão de
eventos, mas se viraram contra ela na hora do sítio.

26:1-28:26 Contra Tiro e Sidom


Tiro representa os poderes abusivos econômicos, ela vive em
ignorância por causa da sua posição no sistema econômico
mundial.
Capítulo 26 é um oráculo contra a própria cidade.
Capítulo 27 escarnece por meio de lamentos o seu falecimento.
Aqui você entende mais sobre o papel dos Fenícios como
mercadores para o mundo, uma passagem que João também usa
fortemente em sua aflição contra Babilônia (Roma) em
Apocalipse 18.
Capítulo 28 foca na pura ignorância do rei. Mas Deus somente é
Rei das nações, então Tiro também tem que cair.

29:1 -32:32 Contra o Egito


Aqui você encontra Ezequiel finalmente se virando para a
principal causa do lamento de Judá, o Egito, de quem os reis de
Judá constantemente procuraram ajuda contra Babilônia.

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Assim como com Tiro, existe um oráculo de julgamento


(Ezequiel 29).
Seguido de lamento (Ezequiel 30).
Um oráculo contra o rei (Ezequiel 31).
Neste caso, o capítulo conclui com o lamento do rei também
(Ezequiel 32).

Oráculos de esperança e consolação


Fique atento para claro sentido de desenvolvimento que você
achará nessa série de Oráculos. Depois de colocar Ezequiel como
atalaia, Deus promete restaurar o reino de Davi, a terra, a honra de
Deus (por meio do novo), Seu povo, Sua soberania sobre as
nações, e finalmente Sua presença entre o povo na terra.

33:1-33 O papel de Ezequiel


A palavra de esperança por meio do retorno de Ezequiel em seu
papel de atalaia (Ezequiel 33:1-20).
A notícia da queda de Jerusalém faz a boca de Ezequiel a se abrir
(Ezequiel 33:22), e a primeira palavra é de acordo com Jeremias –
A terra será desolada por muito tempo (Ezequiel 33:23-33).

34:1-31 Restaurando o papel de Deus como Pastor de Israel


Note como a primeira palavra de esperança focaliza no reinado, já
que isso falhou em Israel.
Usando a imagem de um pastor (ecoando no Reino de Davi),
Deus anuncia o fracasso dos pastores passados de Israel (Ezequiel
34:1-10).
O pastor juntará as ovelhas perdidas as quais “Davi” irá pastorear
na era messiânica no futuro (Ezequiel 34:11-31).

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Note a função dessa passagem em João 10, onde Jesus anuncia a


si mesmo como a realização dessa profecia.

35:1-36:15 Restaurando a terra de Deus


O próximo foco é no futuro da terra.
Essa sessão começa com um oráculo contra Edom (Ezequiel 35),
que prendeu terras judaicas depois da queda de Jerusalém
(Obadias 11-13).
Isso é seguido por um oráculo para “as montanhas de Israel”
(Ezequiel 36:1-15), que elas produzam abundantemente no futuro
de Deus para seu povo.

36:16-38 Restaurando a honra de Deus em Israel


O próximo foco é na honra de Deus. O passado de Israel em
desonrar o nome de Deus será revertido enquanto o povo é
purificado, e eles receberão um novo pacto e espírito de Deus
para que eles possam segui-lo.
Paulo desenvolve esse tema em 2 Coríntios 3.1-6.
Finalmente, evidência da honra de Deus será a produtividade da
antiga desolada terra para a qual ele os trará.
37:1-28 Restaurando o povo de Deus e seu pacto
Para que tudo isso aconteça, deverá haver uma “ressurreição” do
seu povo, trago a vida pela palavra e espírito de Deus (Ezequiel
37:1-4).
Isso é para que Israel novamente como uma nação na terra,
abaixo do seu rei Davídico e em renovação da presença de Deus
em seu meio (Ezequiel 37:15-28).

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38:1-39:29 Restaurando a supremacia de Deus


A restauração de Israel será completa quando Deus exercer
soberania sobre todos os inimigos, aqui simbolicamente
representados pela Sua derrota para Gogue, de uma terra distante
do norte (Ezequiel 38:15).
A ideia é que Deus irá dar segurança a total restauração de Israel
contra todos seus inimigos. Note como essa sessão termina com o
banquete de vitória de Deus (Ezequiel 39:17-20) e duas
promessas resumindo a restauração (Ezequiel 39:21-29) que
prepara o caminho para os capítulos finais 40-48.
40:1-48:35 Restaurando a presença de Deus entre seu povo e
terra
Em Abril de 573, 14 anos após a queda de Jerusalém, Ezequiel
recebe suas últimas visões, as quais focam primeiramente no
templo restaurado e em seu sacerdócio.
O que ele vê é tão magnífico que ele inclui suas medidas
extraordinárias, simbolizando assim seu esplendor e glória.
Todos esses detalhes é uma maneira de enfatizar a importância de
adorar a Deus por restaurar a comunidade do futuro. Mesmo se
você não concordar com interesses divididos por Ezequiel nos
detalhes, não perca o foco, o qual Ezequiel faz por meio de dar
lugar central em sua visão. O retorno da presença de Deus em Seu
povo (Ezequiel 43:1-9).
Também é importante para esse grande futuro do povo de Deus é
a redistribuição da terra transformada (Ezequiel 45:1-12), que é o
assunto principal dos últimos dois capítulos (Ezequiel 47-48).
Note o rio que dá vida é visto como escoando do Templo
(Ezequiel 47:1-12), o lugar da presença de Deus e de adoração do
povo, imagens que João usa em suas visões finais da terra de
Deus em Apocalipse 22:1-5.
Então o livro termina com um novo nome: “O Senhor está aqui”
(Ezequiel 48:35)!

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Observações Finais
O livro de Ezequiel é uma significante parte da história de Deus
enquanto conta sobre o fracasso final do povo de Deus, mas
aguarda sua reconstituição por meio de um novo pacto que inclui
o pastor verdadeiro e o presente do Espírito Santo.
Bibliografia para este estudo de Ezequiel:
FEE, Gordon; STUART, Douglas. How to read the Bible Book
for Book. Grand Rapids: Zondervan, 2002.

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BIBLIOGRAFIA

ARCHER Jr, Gleason L. Merece Confiança o Antigo Testamento? São


Paulo: Vida Nova, 1974.
BALDWIN, Joyce G. Daniel: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida
Nova, 1983.
BONHOME, Manuel Jiménez F. Os Misteriosos Habitantes do Deserto
de Judá – Sua vida e seus escritos. São Paulo: Verbo Divino, s.d.
FEE, Gordon; STUART, Douglas. How to read the Bible Book for Book.
Grand Rapids: Zondervan, 2002.
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GREEN W.H. General Introduction to the Old Testament: the Canon.
New York: Scribners, 1926.
KENNEDY, John. The Book of Daniel from the Christian Standpoint.
London: Eyre & Spottiswoode, 1898.
MARGOLIOUTH, D. S. Lines of Defense of the Biblical Revelation.
London: Hodder & Stoughton, 1900.
MCDOWELL, Josh. Profecia: Fato ou Ficção. São Paulo: Candeia, 1991.
PESTANA, Álvaro C. Daniel: Vida e Obra. Campo Grande: SerCris,
2007.
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STEWART, Ted. Um Exame da Igreja dos Adventistas do Sétimo Dia
(apostila), São Paulo: IEB, s.d.
WALLACE, Ronald S. A Mensagem de Daniel. São Paulo: ABU, 1985.
WRIGHT, C. H. H. Daniel and his Prophecies. Minneapolis: Klock &
Klock, 1983 [1906].
YOUNG, Edward J. "DANIEL" in DAVIDSON F. O Novo Comentário
da Bíblia. São Paulo: Vida Nova, 1963.

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