Ceai 2009 Monografia Renato Da Silva Dutra Final
Ceai 2009 Monografia Renato Da Silva Dutra Final
Ceai 2009 Monografia Renato Da Silva Dutra Final
Belo Horizonte
Março de 2012
Universidade Federal de Minas Gerais
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Curso de Especialização em Automação Industrial
Belo Horizonte
Março de 2012
Dedicatória
Dedico este trabalho à minha querida e amada esposa, Juliana, à minha tão
esperada filha, Rebekah, que a cada dia são fonte maior de motivação.
Dedico aos meus pais, pois com seus exemplos pude escolher o caminho a
seguir.
Dedico à Conceição e Domingos, que me adotaram como filho e com muito
amor me aceitaram em sua família.
E dedico este trabalho a todos os amigos de Gerdau Açominas, que sempre
confiaram no meu potencial e trabalho.
3
Agradecimentos
Agradeço em primeiro lugar a Deus, pois mais que ter proporcionado esta
oportunidade me deu o dom maior da vida.
Agradeço ao Dr. Manoel Eustáquio dos Santos, que me apresentou a IEC
61850.
Agradeço ao Sr. Paulo Rogério Nazareth, que ofereceu com grande alegria seus
conhecimentos em subestações de energia elétrica.
Agradeço ao Alexandre Polezzi, que como gestor me incentivou a realizar este
curso.
Agradeço ao corpo docente do CEAI, em especial meu ao professor Luciano de
Errico, que com grande competência ofereceu a base para desenvolver este trabalho.
4
Resumo
5
Abstract
In this work we developed a study on the IEC 61850 standard for substation
automation of electric power system, where it will be shown the characteristics of the
communication protocol, proposed features, data model, applications, tools, solutions,
advantages over conventional protocols and possible disadvantage. It will be described
some of the variables, technologies, procedures inherent in the process of substation
automation and presented the Intelligent Electronic Device - IED.
6
Lista de figuras
Figura 1 – Componentes da automação uma subestação de energia elétrica ............................ 14
7
Lista de tabelas
Tabela 1 – Dados brutos e classes de performance ................................................................... 35
8
Sumário
1- Introdução ............................................................................................................................ 11
9
3.4.5 Garantia de qualidade ................................................................................................ 31
4- Conclusões ........................................................................................................................... 58
Referências Bibliográficas........................................................................................................ 60
10
1- Introdução
A necessidade da atualização e modernização de subestações de energia elétrica, a
melhoria no processo de controle do consumo e da demanda de energia elétrica e a necessidade de
aperfeiçoamento da proteção dos sistemas elétricos hoje em funcionamento em todo mundo vem
exigindo das empresas de energia elétrica a investirem em projetos de automação destas plantas.
Os avanços tecnológicos dos microprocessadores e das tecnologias de comunicação
impulsionaram o desenvolvimento dos equipamentos de medição, monitoração, diagnóstico,
sensoriamento e atuação para sistemas elétricos de geração, distribuição e recebimento de energia.
Muitos desses equipamentos passaram a agregar funções antes executadas em sistemas clássicos de
automação como SDCD (Sistema Digital de Controle Distribuído), e CLPs (Controladores Lógicos
Programáveis), sistemas esses que se comunicam em rede com o SCADA (Sistema para
Supervisão, Controle e Aquisição de Dados).
Uma das classes desses novos equipamentos é conhecida como Dispositivos Eletrônicos
Inteligentes (IEDs - Intelligent Electronic Device), dentro destas classes de dispositivos encontram-
se relés de proteção, chaves seccionadoras, disjuntores, entre outros.
Esse avanço tecnológico trouxe além de vantagens inumeráveis para a automação destas
plantas, alguns inconvenientes. Um deles foi a falta de padronização; cada fabricante desenvolvia
seus projetos de equipamentos, investindo no desenvolvimento de seus hardwares, softwares e
protocolos de comunicação. Esse fato implicou em um sério problema para as gerenciadoras dos
sistemas elétricos de energia. Um sistema automatizado com tecnologia de um fabricante para poder
receber tecnologia de outro fabricante exigiria o investimento de grandes quantias de recursos no
desenvolvimento de conversores de protocolos de comunicação, prejudicando assim uma
funcionalidade inerente a esses sistemas, que é a interoperabilidade entre os IEDs.
A interoperabilidade em sistemas elétricos consiste na habilidade de dois ou mais IEDs
trocarem informações e utilizarem estas informações para uma correta cooperação (IEC, 2003a).
Diante desse problema, identificou-se a necessidade de criar um protocolo de comunicação
que atendesse às necessidades de clientes e fornecedores de energia no que tange à comunicação em
rede entre os IEDs.
Nesse cenário de inúmeras adversidades, este trabalho vem apresentar e difundir
conhecimento a respeito do protocolo de comunicação para redes Ethernet IEC 61850, na
automação de sistemas elétricos de energia.
A IEC 61850 é uma norma de abrangência mundial desenvolvida pela Comissão
Internacional de Eletrotécnica (IEC - International Electrotechnical Commission) e que vem a cada
11
dia tornando-se mais presente nos projetos de automação de sistemas elétricos pelo mundo todo.
Esse é um protocolo que visa garantir a interoperabilidade entre IEDs de fabricantes distintos,
reduzindo os custos com engenharia e implantação. A IEC 61850 é uma norma para redes de
comunicação sobre a plataforma Ethernet de alta velocidade, tornando os projetos de automação
mais eficazes e seguros.
A automação em subestações de energia elétrica é um processo diferenciado, ele prima
pela necessidade de monitoração e análise do comportamento dos equipamentos e linhas de
transmissão. As falhas devem ser respondidas com grande velocidade, isto visando a segurança e
proteção do sistema. As tecnologias aplicadas além de obrigatoriamente responderem com
velocidade devem responder com confiabilidade a todas as funções de processo a serem
controladas. O controle remoto dessas funções é de suma importância no gerenciamento desses
sistemas.
Assim o aperfeiçoamento nas aplicações da IEC 61850 no processo de automação das
subestações de energia elétrica é o grande desafio para os projetistas e o que foi buscado elucidar
neste trabalho é a importância desta tecnologia e o vasto campo de atuação que é a automação de
sistemas elétricos.
12
2- Automação, Supervisão e Controle em Subestações
13
Figura 1 – Componentes da automação de uma subestação de energia elétrica (GRANDI, 2000)
Para automatizar uma subestação é necessário coletar uma série de dados dos
equipamentos. Nos sistemas atuais, que contemplam as subestações mais antigas, os dados são
coletados por relés e transdutores e enviados às UTRs (Unidades Terminais Remotas). Alguns
desses dados são processados e enviados ao sistema SCADA.
Já nas subestações mais modernas os IEDs entregam os dados já tratados ao sistema
SCADA. Com estas informações pode-se configurar, recuperar dados e efetuar diagnósticos, as
equipes de manutenção podem examinar logs contendo uma seqüência de eventos, extraindo
informações para diagnosticar a ocorrência de falhas.
Na figura 2 vemos um esquema gráfico do fluxo de informações em sistemas de
automação de subestações de energia elétrica.
14
A rápida evolução dos microprocessadores e das tecnologias de telecomunicação
impulsiona a automação de subestações no mundo inteiro. Produtos padronizados (IEC, IEEE) são
utilizados na construção de funções de automação. Mesmo funções eletromecânicas simples têm
sido implementadas com IEDs, reduzindo custos e espaço físico necessário.
15
2.2 Supervisão e controle nas subestações
A automação de subestações é obtida pela utilização criteriosa de módulos de hardware,
software, transdutores e sensores. A integração desses módulos é comumente executada por um
Sistema para Supervisão, Controle e Aquisição de Dados – SCADA (GRANDI, 2000).
As principais funções de um sistema SCADA na automação de subestações são a
monitoração e o controle dos equipamentos em vários níveis, à qual é montada através do
levantamento dos requisitos das funções a serem automatizadas, seguidas pela definição da
arquitetura de hardware e software a serem utilizadas.
As funções básicas do sistema de supervisão em subestações de energia elétrica são
descritas a seguir.
a) Comando remoto: a manobra dos equipamentos deverá ser conduzida pelo operador a partir da
sala de comando, através da interface gráfica onde é apresentado o diagrama unifilar da subestação.
16
e) Função de proteção: é uma função realizada por equipamentos autônomos e redundantes, diante
da velocidade com que devem atuar. É composta por relés de proteção que podem ser digitais ou
convencionais, sendo que esses últimos podem ser eletromecânicos ou de estado sólido. O sistema
de automação é responsável apenas pela monitoração da atuação dos relés, que, no caso de relés
convencionais, é efetuada por meio de contatos auxiliares. Já os relés eletrônicos apresentam a
possibilidade de transferência dessa informação via um canal de comunicação de dados, além de
transferir o estado operativo do relé, por meio de rotinas de auto-diagnóstico.
k) Controle de tensão e reativos: é uma lógica de controle que visa manter o nível de tensão e o
fluxo de reativos nos barramentos, dentro de limites preestabelecidos, através da alteração
automática de "tapes" de transformadores e a inserção ou retirada parcial ou total de banco de
capacitores. Esta função também introduz automatismos no sistema.
17
l) Recomposição: entende-se por recomposição o restabelecimento de uma subestação em caso de
pane ou perturbação. Após uma perturbação em uma subestação, pode ser necessário restabelecer o
processo de carga, fazendo-o de forma rápida e segura. Para o restabelecimento do sistema existem
duas fases: fluente e coordenada.
Fluente é a primeira fase da recomposição que inicia com a sincronização de unidades
geradoras ou recebimento de tensão em circuitos, a partir dos quais se sucederão a energização de
transformadores e outras linhas de transmissão, conforme a sua prioridade. Após o término da fase
fluente inicia-se a fase coordenada. Nesta fase, se dará a energização dos demais equipamentos, as
liberações de tomada de carga adicionais e, conforme o caso, o fechamento paralelo e/ou em anel
das áreas que não foram interligadas durante a fase fluente.
m) Sincronização: o sincronismo é usado para sincronizar duas fontes. Quando os valores da fonte
A estiverem próximos da fonte B, o operador efetua o sincronismo.
o) Diversidade de equipamentos: o sistema deve ser flexível para permitir a integração com
equipamentos de aquisição de dados e controle, como Unidades de Terminais Remotas (UTRs),
Controladores Programáveis (CP), equipamentos de medição digital e relés digitais, provenientes de
diferentes fornecedores.
18
3- IEC 61850 Rede de Comunicação e sistemas em subestações
Created with
Visio Professional Test Drive
Centros de Controle
IHM
GPS GW
IEC 61850
Proteção e Controle
A norma IEC 61850 está estruturada em dez partes que são as seguintes:
19
IEC 61850-7-1 – Estrutura básica de comunicação para subestações e alimentadores –
Princípios e modelos
IEC 61850-7-2 – Estrutura básica de comunicação para subestações e alimentadores –
Interface de serviços de comunicação abstrata
IEC 61850-7-3 – Estrutura básica de comunicação para subestações e alimentadores –
Classe de dados comuns
IEC 61850-7-4 – Estrutura básica de comunicação para subestações e alimentadores –
Classes de nós lógicos e classes de dados compatíveis
IEC 61850-8-1 – Mapeamento de serviços específicos de comunicação – Comunicação
dentro da subestação como um todo
IEC 61850-9 – Mapeamento de serviços específicos de comunicação – Transmissão de
valores analógicos amostrados
IEC 61850-10 – Testes de conformidade
20
Objeto de dados: Objeto que representa uma informação específica de parte de um nó
lógico, por exemplo, status de medição. Do ponto de vista de orientação a objeto, um objeto de
dados é uma instância de uma classe de objetos de dados (IEC, 2003a).
Logical Node – LN: Menor parte de troca de dados de uma função. Um LN é definido por
seus dados e métodos (IEC, 2003a).
Physical Device – PD: Equivale ao IED como usado no contexto deste padrão (IEC,
2003a).
Piece of Information for COMmunication – PICOM: Descrição de uma transferência de
informação em uma conexão lógica conhecida com atributos de comunicação conhecidos entre dois
nós lógicos. (IEC, 2003a)
3.1.3 Objetivos
Com o avanço tecnológico dos equipamentos eletro-mecânicos utilizados nas subestações
para dispositivos eletrônicos inteligentes (IEDs) surgiu a possibilidade de implementar um Sistema
de Automação da Subestação (SAS) para as funções de proteção, monitoramento e controle local e
remoto, etc. Neste ambiente a comunicação entre os IEDs tornou-se necessária para que a
interoperabilidade entre eles fosse possível. Mas o desenvolvimento de protocolos proprietários por
distintos fabricantes impôs limitações à implementação de um SAS. Neste cenário o objetivo
principal da IEC 61850 é o de garantir a interoperabilidade entre IEDs, permitindo o uso e a troca
irrestrita de dados a fim de atender às suas funcionalidades. A Norma IEC 61850 surge como um
21
requisito de mercado, baseada em fortes argumentos: funcionalidades comprovadas; evolução
tecnológica; especificações de clientes e de métodos de engenharia disponibilizados pelos
fabricantes.
3.1.4.1 Parâmetros
A IEC 61850 define uma série de parâmetros para implementar uma SAS, sejam eles de
operação e de configuração. Os parâmetros de operação normalmente podem ser configurados e
trocados com o sistema on-line. Já os parâmetros de configuração são normalmente modificados e
configurados com o sistema off-line. Para ambos a ação de configurar ou modificar um parâmetro
requer o uso de uma aplicação, no caso dos parâmetros de configuração a aplicação normalmente
reinicia o sistema.
Dentro destas duas categorias temos:
Os parâmetros de sistema – que determinam a co-operação dos IEDs, com suas estruturas
internas e procedimentos do SAS.
Os parâmetros de processo – que descrevem as informações trocadas entre a SAS e o
ambiente de processo.
Os parâmetros funcionais – que descrevem os aspectos qualitativos e quantitativos das
funcionalidades usadas pelos clientes do SAS.
22
3.1.4.3 Linguagem para configuração do SAS
Para permitir a troca de descrições e parâmetros entre ferramentas de fabricantes diferentes
foi necessário estabelecer uma linguagem que permitisse a compatibilidade entre elas. Na IEC
61850-6 é definida a Linguagem de Configuração da Subestação (SCL), baseada em XML. Através
desta linguagem é possível descrever as funções e características de um IED e importá-las para as
ferramentas de engenharia.
Através da SCL, com base no diagrama unifilar da subestação, descrevemos todos os
dados necessários para definir os parâmetros do sistema, especialmente a ligação do IED e suas
funções dentro da subestação. A SCL também define o lugar do IED no sistema de comunicação.
23
3.2 61850-2 Glossário
Nesta parte do trabalho são apresentados os principais e mais recorrentes conceitos
necessários para entendimento do conteúdo exposto.
Classe de Dados: é a classe que agrega classes de dados ou atributos. Classes específicas
de dados levam a semântica para dentro de um nó lógico. (IEC, 2003b)
Factory Acceptance Test (FAT): Aceite dos testes funcionais da instalação de um SAS
ou suas partes, usando o parâmetro estabelecido para a aplicação planejada. Este teste deve ser
24
realizado na fábrica do integrador de sistemas através da utilização de equipamentos de teste que
simulem o processo. (IEC, 2003b)
Logical Node (LN): menor parte de uma função que toca dados. Um nó lógico é um objeto
definido por seus dados e métodos. (IEC, 2003b)
Site Acceptance Test (SAT): verificação de cada dado e ponto de controle e a correta
funcionalidade dentro da SAS e entre a SAS e seu ambiente operacional em toda a planta instalada
usando o conjunto de parâmetros final. O teste de aceitação do site é a pré-condição para o SAS ser
aceito e posto em operação. (IEC, 2003b)
25
3.3 61850-3 Requisitos Gerais
Nesta parte da norma IEC 61850 é definido a comunicação entre os IEDs e requisitos
associados do sistema. Sua ênfase é dada nos requisitos de qualidade de comunicação em rede, nas
condições do ambiente da SAS e nos serviços auxiliares.
26
3.3.2 Requisitos de rede
Os principais requisitos de rede a serem observados no projeto de um SAS são o de
garantir que a rede seja capaz de atingir até 2 km de distância entre dispositivos e que a rede seja
capaz de atender todas as configurações típicas de bays.
27
3.4 61850-4 Gestão do sistema e de projeto
Nesta parte da norma IEC 61850 é descrito o processo de gerenciamento do sistema e de
projeto, tendo como abrangência o processo de engenharia e suas ferramentas de suporte, o ciclo de
vida de todo sistema e IEDs e a garantia de qualidade nestes processos.
Os IEDs típicos para um SAS podem ser de diversos tipos e funções e estabelecem
comunicação com os ambientes externos conforme descrito abaixo.
- Comunicação interna: gateways; conversores; unidades terminais remotas (RTU); relés
de proteção.
- Comunicação com o homem – Interface Homem Máquina (IHM): gateways;
computadores pessoais; estações de trabalho; IEDs com IHMs integradas.
28
- Comunicação com processo elétrico: unidades de controle de bays; relés de proteção;
unidades terminais remotas (RTU); medidores; controladores de voltagem; transdutores;
transdutores digitais (transformadores de tensão e corrente).
O projeto de um sistema automatizado de uma subestação deve levar em consideração
requisitos que são a essência da IEC 61850, como flexibilidade, expansibilidade e escalibilidade.
Logo suas ferramentas devem ser flexíveis para permitir a expansão da SAS e poderem ter escala de
desenvolvimento par toda a família de um produto.
29
responsáveis pelas funções de intertravamento no nível dos IEDs e desenvolvimento dos algoritmos
de controle automático, proteção e ajustes.
30
3.4.5 Garantia de qualidade
Para assegurar a qualidade de um sistema automatizado de uma subestação, as
responsabilidades devem ser compartilhadas entre o fabricante do sistema, o integrador do sistema e
o cliente.
O fabricante e o integrador d o sistema devem garantir e estabelecer a qualidade do através
de práticas em acordo com a ISO 9001. O fabricante é responsável pelos testes e sistema de testes
de seus produtos.
O integrador do sistema é obrigado a atender completamente os requisitos técnicos do
sistema, incluindo os critérios de desempenho.
O cliente é responsável em garantir as condições ambientais e operacionais da SAS que
satisfaçam as condições descritas na documentação técnica.
31
3.5 61850-5 Requisitos de Comunicação
O escopo da parte 5 desta norma apresenta a padronização da comunicação entre os IEDs e
os requisitos de sistema relacionados. Nela identificam-se as funções conhecidas e seus requisitos
de comunicação.
Não é objetivo da norma padronizar as funções e suas implementações, mas identificar os
requisitos necessários para que se estabeleça uma comunicação eficiente entre serviços técnicos e a
subestação, além da comunicação entre os IEDs.
32
3.5.2 Regras para definição de funções
A definição das funções a serem executadas pelo sistema de comunicação do
SAS deve obedecer a uma abordagem que considere nos conceitos de nós lógicos (LN) e PICOMs
(parte da informação que descreve os atributos de comunicação e a conexão lógica para troca de
informações entre dois LNs). Assim seguindo três passos:
a) Descrição das funções, com a decomposição em LNs;
b) Descrição dos LNs, com a decomposição dos PICOMs trocados;
c) Descrição dos PICOMs, com a descrição dos seus atributos.
Para um LN executar sua tarefa em uma função no SAS é fundamental que os dados
recebidos de outros LN sejam confiáveis, por este motivo devem ser implementadas ferramentas
que façam consistência da integridade dos dados, da idade deste dado etc. Conhecer todos os dados
33
necessários para execução da tarefa é um requisito importante, o LN deve ter mapeado todos os
dados que estará recebem, ou enviando.
Para a maioria das funções são necessários no mínimo três LNs, um LN que é o centro
funcional, um LN que faz a interface com o processo e um LN que faz a interface com a IHM
(Interface Homem-Máquina).
34
Tipo 1 – Mensagens rápidas: são mensagens de código simples binário com dados,
comandos ou mensagens simples, por exemplo, “Trip”, “Close”, “Block”, “Unblock”. A mensagem
de maior prioridade dentro do âmbito da SAS é o “Trip” que tem definido para o tempo máximo de
transmissão na classe P1, 10 ms e nas classes P2 e P3, 3 ms. (IEC, 2003c)
Tipo 2 – Mensagens de média velocidade: são mensagens que apesar de exigirem
velocidade, são menos críticas que as mensagens do tipo 1, como por exemplo o set de uma tag de
tempo. O tempo total de transmissão deve ser menor que 100 ms. (IEC, 2003c)
Tipo 3 – Mensagens de baixa velocidade: são mensagens que podem requerer etiqueta de
tempo, como funções de controle automático, transmissão de eventos gravados, leitura ou
modificação de set-points, etc. O tempo total de transmissão deve ser menor que 500 ms. (IEC,
2003c)
Tipo 4 – Mensagens de dados brutos (não tratados): são mensagens com dados de saída
dos transdutores e instrumentos digitais. (IEC, 2003c)
Tabela 1 – Dados brutos e classes de performance (IEC, 2003c)
Tempo de Transmissão (ms)
Classe de Tipo de dado
performance definido pelo tempo de “Trip”
Tensão
P1 10,0
Corrente
Tensão
P2 3,0
Corrente
Tensão
P3 3,0
Corrente
Tensão Classe 0.5 (IEC 62053-22)
M1 Classe 0.2 (IEC 60044-8)
Corrente até 5º harmônico
35
Tipo 7 – Mensagens de controle com controle de acesso: são mensagens usadas para
transferir comandos de controle de uma IHM local ou remota com alto grau de segurança. (IEC,
2003c)
36
3.6 61850-6 Linguagem para Descrição e Comunicação
O escopo da parte 6 da norma 61850 é especificar o formato de arquivo para descrição da
configuração e dos parâmetros dos IEDs, da configuração do sistema de comunicação, da estrutura
funcional do sistema e da relação entre eles. Seu principal objetivo é permitir a troca das descrições
funcionais e de configuração dos IEDs e de um SAS entre ferramentas de engenharia de fabricantes
distintos de uma forma compatível. (IEC, 2004a)
A linguagem de configuração é baseada na Extensible Markup Language (XML), versão
1.0. Esta linguagem é denominada de Substation Configuration description Language - SCL
(Linguagem para descrição e Configuração da Subestação).
Não é objetivo da norma definir a implementação ou as ferramentas de desenvolvimento,
mas a padronização dos arquivos gerados por estas ferramentas.
O processo de engenharia com a SCL pode iniciar de várias maneiras, sendo que as
principais poder ser:
- especificação do diagrama unifilar da subestação com a alocação dos nós lógicos (LNs);
- descrição dos IEDs pré-configurados com o número de LNs;
- descrição dos IEDs com uma pré-configuração semântica para parte do processo de certa
estrutura;
- descrição completa da configuração do processo com todos as fronteiras dos IEDs para as
funções de processo e equipamentos primários, acrescentados pelos pontos de acesso das conexões
e possíveis endereços de acesso nas sub-redes para todos os clientes possíveis;
- somando-se ao item anterior é feita a descrição de todas as conexões pré-definidas no
SAS. Isto para o caso dos IEDs não serem capazes construir dinamicamente conexões.
37
descrevendo seus equipamentos de processo com suas ligações funcionais no diagrama unifilar;
Produto (IED), descrevendo todos os objetos relacionados com a SAS, IEDs e implementação do
LNs; Comunicação, onde são descritos os objetos de comunicação como pontos de acesso, sub-
redes, conexões entre IEDs.
O modelo UML básico de dados proposto pela SCL é apresentado na figura 8.
38
Figura 9 – Diagrama UML, vista geral SCL (IEC, 2004a)
39
3.7 61850-7-1 Estrutura Básica de Comunicação – Princípios e
Modelos
Esta parte da norma busca fornecer ferramentas para compreender todo processo de
modelagem de dados e do mapeamento dos serviços previsto pela norma através da apresentação
dos métodos de modelagem aplicados, os princípios de comunicação que suportam este processo no
SAS e dos próprios modelos de dados propostos. Os conceitos que são apresentados são também
usados para descrever os modelos de informação e funções para troca de dados entre subestações,
entre centro de controle e subestação, na automação distribuída, na medição, no monitoramento e
diagnóstico e com o sistema de engenharia para configuração de dispositivos.
40
Além destas funções existem as trocas que definem sincronização, medição,
monitoramento de status e gerenciamento de ativos.
41
Figura 12 – Comunicação ACSI (IEC, 2003d)
42
3.8 61850-7-2 Estrutura Básica de Comunicação – Interface Abstrata
para Serviço de Comunicação (ACSI)
Nesta parte da norma IEC 61850 são definidos os princípios e diretrizes para
implementação da Interface Abstrata para Serviço de Comunicação (ACSI), onde são definidos os
modelos lógicos de organização dos dados, conjunto de dados, funções e serviços para operação do
sistema automatizado de uma subestação. Assim a ACSI define com é feita a representação do
dado, da informação, dos dispositivos, dos serviços e funções do sistema, além de descrever como é
organizada a comunicação entre estes objetos.
O princípio de organização da ACSI parte de uma definição hierárquica de modelos de
classes e pelos serviços executados por eles. A definição da ACSI é independente da definição das
pilhas de protocolos, implementação e operação do sistema. O mapeamento de cada classe e serviço
é para sua respectiva pilha de protocolos é definido pelo mapeamento específico para serviço de
comunicação (SCSM – Specific Comunication Service Mapping), nos capítulos 8 e 9 desta norma.
Os modelos de classes definidos na a ACSI e os respectivos serviços previstos para eles
são apresentados na tabela 2 a seguir.
Tabela 2 – Classes ACSI (IEC, 2003e)
SERVER LOG-CONTROL-BLOCK
GetServerDirectory GetLCBValues
SetLCBValues
ASSOCIATION QueryLogByTime
Associate QueryLogAfter
Abort GetLogStatusValues
Release
Generic substation event – GSE
LOGICAL-DEVICE GOOSE
GetLogicalDeviceDirectory SendGOOSEMessage
GetGoReference
LOGICAL-NODE GetGOOSEElementNumber
GetLogicalNodeDirectory GetGoCBValues
GetAllDataValues SetGoCBValues
GSSE
SendGSSEMessage
DATA GetGsReference
GetDataValues GetGSSEDataOffset
SetDataValues GetGsCBValues
GetDataDirectory SetGsCBValues
GetDataDefinition
Transmission of sampled values
DATA-SET MULTICAST-SAMPLE-VALUE-CONTROL-BLOCK:
GetDataSetValues SendMSVMessage
SetDataSetValues GetMSVCBValues
CreateDataSet SetMSVCBValues
DeleteDataSet UNICAST-SAMPLE-VALUE-CONTROL-BLOCK:
GetDataSetDirectory SendUSVMessage
GetUSVCBValues
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Substitution SetUSVCBValues
SetDataValues
GetDataValues Control
Select
SETTING-GROUP-CONTROL-BLOCK SelectWithValue
SelectActiveSG Cancel
SelectEditSG Operate
SetSGValues CommandTermination
ConfirmEditSGValues TimeActivatedOperate
GetSGValues
GetSGCBValues Time and time synchronization
TimeSynchronization
REPORT-CONTROL-BLOCK and LOG-
CONTROLBLOCK FILE transfer
BUFFERED-REPORT-CONTROL-BLOCK: GetFile
Report SetFile
GetBRCBValues DeleteFile
SetBRCBValues GetFileAttributeValues
UNBUFFERED-REPORT-CONTROL-BLOCK:
Report
GetURCBValues
SetURCBValues
Além dos modelos de classes definidos acima a ACSI fornece interfaces abstratas para a
comunicação:
- Cliente/Servidor com os seguintes serviços: acesso de dados em tempo real, controle de
dispositivos, identificação e relatório de eventos, publicador/subscritor, auto-descrição de
dispositivos (dicionário de dados), identificação de dados e descoberta de tipos de dado e
transferência de arquivos;
- rápida de confiável: direcionada pela distribuição de eventos entre uma aplicação em um
dispositivo e várias outras aplicações em outros dispositivos, e pela transmissão de valores medidos
por amostragem.
Esta parte da norma também é aplicada para a descrição de modelos de dispositivos e
funções para as atividades de troca de informação entre subestações, subestação e centro de
controle, geração de energia e centro de controle, geração distribuída e para troca de medições.
44
3.9 61850-8 Mapeamento Específico para o Serviço de Comunicação
Esta parte da 61850 apresenta o mapeamento dos serviços e objetos da ACSI (Abstract
Communication Service Interface, IEC 61850-7-2) para os frames dos protocolos MMS
(Manufacturing Message Specification, ISO 9506) e ISO/IEC 8802-3. Especifica o método de troca
de dados críticos e não críticos através da rede local.
O objetivo é de prover instruções e especificações detalhadas, mecanismos, regras para
implementação dos objetos, serviços e algoritmos do ACSI fazendo uso do protocolo MMS, SNTP
e outros, conforme mostrado na figura 13. Nesta figura é mapeado também o tipo de mensagem e a
classe de performance para cada tipo associado ao protocolo definido para este tipo de mensagem.
A partir deste mapeamento é definido como os conceitos, objetos e serviços da ACSI são
implementados através da MMS. Para os serviços ACSI que não são mapeados no protocolo MMS
esta parte da norma especifica protocolos complementares. A abordagem de orientação a objeto é
utilizada para descrever os dispositivos da subestação e seus dados visíveis externamente.
Os serviços VMDs (Virtual Manufacturing Device - MMS) de formato de endereço são
definidos completamente pelo perfil de comunicação usado. São reconhecidos pela ISO dois perfis
de comunicação, o perfil de aplicação (A-Profile) e o perfil de transporte (T-Profile). Os A-Profiles
representam os protocolos superiores à camada 3 da modelo de referência OSI, já os T-Profiles
representam os protocolos abaixo da camada 4, conforme Figura 14.
45
Figura 14 – Modelo de referência OSI e Perfis (IEC, 2004b)
46
Cliente/Servidor: Nas tabelas 3, 4 e 5 são apresentados os protocolos de comunicação para o perfil
de aplicação e transporte.
Tabela 3 – Protocolos para perfil de aplicação Cliente/Servidor (IEC, 2004b)
Mandatório /
Camada OSI ESPECIFICAÇÃO
Opcional
NOME SERVIÇO PROTOCOLO
Manufacturing Message ISO 9506-1:2003 ISO 9506-2:2003 Mandatório
APLICAÇÃO Specification
Association Control ISO/IEC 8649:1996 ISO/IEC 8650:1996 Mandatório
Service Element
Connection Oriented ISO/IEC 8822:1994 ISO/IEC 8823-1:1994 Mandatório
APRESENTAÇÃO Presentation
Abstract Syntax ISO/IEC 8822:1994 ISO/IEC 8825-1 Mandatório
47
Tabela 5 – Protocolos para perfil de transporte Cliente/Servidor – OSI (IEC, 2004b)
Mandatório /
Camada OSI ESPECIFICAÇÃO
Opcional
NOME SERVIÇO PROTOCOLO
GSE (Generic Substation Event) e GOOSE (Generic Object Oriented Substation Event): Nas
tabelas 6 e 7 são apresentados os protocolos de comunicação para o perfil de aplicação e transporte.
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Tabela 7 – Protocolos para perfil de transporte GSE e GOOSE (IEC, 2004b)
Mandatório /
Camada OSI ESPECIFICAÇÃO
Opcional
NOME SERVIÇO PROTOCOLO
TRANSPORTE
REDE
ENLACE Priority Tagging/ VLAN IEEE 802.1Q Mandatório
Carrier Sense Multiple ISO/IEC 8802-3:2001
Access with collision Mandatório
detection (CSMA/CD).
10Base-T/100Base-T ISO/IEC 8802-3:2001
Interface connector and ISO/IEC 8877:1992
FÍSICA – op1 contact assignments for C1
ISDN Basic Access
Interface. a
Fibre optic transmission ISO/IEC 8802-3:2001
FÍSICA – op2 system 100Base-FX C1
Basic Optical Fibre IEC 60874-10-1, IEC 60874-10-2 and IEC
Connector. b 60874-10-3
a Conector 10BaseT
b Conector ST
C1 It is recommended to implement at least one of the two Physical interfaces. Additional or future technologies may be
used.
GSSE (Generic Substation Status Event): Nas tabelas 8 e 9 são apresentados os protocolos de
comunicação para o perfil de aplicação e transporte.
Tabela 8 – Protocolos para perfil de aplicação GSSE (IEC, 2004b)
Mandatório /
Camada OSI ESPECIFICAÇÃO
Opcional
NOME SERVIÇO PROTOCOLO
Manufacturing message ISO 9506-1:2003 ISO 9506-2:2003 Mandatório
APLICAÇÃO specification
Association control ISO/IEC 8649:1996 ISO/IEC 10035-1:1995 Mandatório
service element
Connectionless ISO/IEC 8822:1994 ISO/IEC 9576-1:1995 Mandatório
APRESENTAÇÃO presentation
ISO/IEC 8824- Mandatório
Abstract syntax ISO/IEC 8825-1
1:1999
SEÇÃO ISO/IEC 8326:1996 ISO/IEC 9548-1:1996 Mandatório
Connectionless session
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Tabela 9 – Protocolos para perfil de transporte GSSE (IEC, 2004b)
Mandatório /
Camada OSI ESPECIFICAÇÃO
Opcional
NOME SERVIÇO PROTOCOLO
TRANSPORTE
REDE
ENLACE Priority Tagging/ VLAN IEEE 802.1Q Mandatório
Carrier Sense Multiple ISO/IEC 8802-3:2001
Access with collision Mandatório
detection (CSMA/CD).
10Base-T/100Base-T ISO/IEC 8802-3:2001
Interface connector and ISO/IEC 8877:1992
FÍSICA – op1 contact assignments for C1
ISDN Basic Access
Interface. a
Fibre optic transmission ISO/IEC 8802-3:2001
FÍSICA – op2 system 100Base-FX C1
Basic Optical Fibre IEC 60874-10-1, IEC 60874-10-2 and IEC
Connector. b 60874-10-3
a Conector 10BaseT
b Conector ST
C1 It is recommended to implement at least one of the two Physical interfaces. Additional or future technologies may be
used.
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SINCRONIZAÇÃO DE TEMPO: Nas tabelas 10 e 11 são apresentados os protocolos de
comunicação para o perfil de aplicação e transporte.
Tabela 10 – Protocolos para perfil de aplicação para sincronização (IEC, 2004b)
Mandatório /
Camada OSI ESPECIFICAÇÃO
Opcional
NOME SERVIÇO PROTOCOLO
APLICAÇÃO
APRESENTAÇÃO Simple Network Time Mandatório
RFC 2030
Protocol
SEÇÃO
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3.9.2 Serviço GOOSE (Generic Object Oriented Substation Event)
O serviço GOOSE foi concebido para garantir velocidade e confiabilidade ao sistema e
atender os requisitos de segurança na execução de funções de proteção, seletividade lógica e
intertravamentos. O serviço GOOSE adota um esquema específico de retransmissão e prioridade
para executar com confiabilidade determinada função. Quando uma requisição de envio é gerada o
valor é codificado em uma mensagem GOOSE e enviado em uma associação multicast. A
retransmissão é feita conforme a figura 15 e adiciona maior confiabilidade ao serviço. Este serviço é
adoto para realização das funções críticas de segurança dentro do SAS, como já dito.
Na figura 16 é apresentado o frame padrão para uma mensagem GOOSE. Antes de iniciar
o frame temos oito octetos de preâmbulo, cujo oitavo indica que o próximo octeto é o início do
frame. Após o preâmbulo inicia-se a área de endereços, de destino e de origem, seis octetos para
cada. A seguir temos quatro octetos para identificação de prioridade e da virtual LAN, esta
opcional. A seguir temos uma área com informações de cabeçalho, como tipo de serviço,
identificador de aplicação, tamanho da mensagem, campos reservados e os dados a serem
transmitidos (até 1492 octetos). Após os dados temos dois octetos de enchimento, que são opcionais
e quatro octetos de check de seqüência.
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Figura 16 – Frame mensagem GOOSE (IEC, 2004b)
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3.10 61850-9-1 Mapeamento de serviço específico de comunicação
(SCMS) – Valores amostrados sobre conexão serial unidirecional
ponto a ponto
O escopo desta parte da norma e definir o mapeamento do serviço de comunicação para a
conexão serial unidirecional ponto a ponto. Esta conexão é implementada através de do uso de um
dispositivo eletrônico capaz de receber as informações de processo, seja de transformadores de
corrente e tensão ou de entradas binárias e enviá-las ao nível de processo do SAS. Ou seja este
dispositivo estabelece um conexão do nível de bay (processo) para o nível de processo da SAS.
Analogamente à automação, esta abordagem estabelece um barramento de comunicação no nível do
processo elétrico. O dispositivo é denominado Merging Unit (Unidade de junção).
Na figura 17 é podemos visualizar a aplicação desta abordagem par um SAS.
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A pilha de comunicação para a conexão serial unidirecional ponto a ponto apresenta as
camadas de apresentação, seção, transporte e rede vazias. Isto devido à implementação da proposta
na norma considerar o encadeamento lógico do processo de comunicação apenas com a camada
física, a camada de enlace e de aplicação. Como vemos na figura 18.
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3.11 61850-10 – Testes de conformidade
A parte 10 da norma IEC 61850 traz um conjunto de especificações para serem aplicadas
nos testes de conformidade de um sistema automatizado de uma subestação (SAS), sejam testes de
conformidade de dispositivos individualmente ou do relacionamento entre eles, com o objetivo de
garantir confiabilidade geral do sistema e atendimentos aos requisitos de performance estabelecidos
na parte 5 desta norma. Também são padronizadas técnicas para realização dos testes de
conformidade. O uso destas técnicas inseri facilidade de implementação na integração dos sistemas.
Com uma visão de cliente são estabelecidos dois momentos onde ele pode analisar
atendimento dos requisitos estabelecido para seu projeto. O primeiro é o FAT (Factory Acceptance
Test), geralmente feito nas dependências do fabricante onde é feito o teste funcional do SAS. O
segundo é SAT (Site Acceptance Test), onde são testados cada dado, ponto de controle e correta
funcionalidade dentro do SAS.
Não só o sistema deve passar por uma rotina de testes, é inerente ao processo de
desenvolvimento dos dispositivos a realização de testes de conformidade com os requisitos da
norma e dos requisitos de projeto dos clientes.
Os testes de conformidade têm como objetos a garantia de qualidade do SAS,
estabelecendo um plano de qualidade que contem um plano de testes, um plano de inspeções e de
auditoria dos itens solicitados.
Para realização dos testes de conformidade de acordo com a metodologia proposta pela
norma é necessária a posse de documentos fornecidos pelo fabricante dos equipamentos, estes
documentos são:
- PICS (Protocol Implementation Conformance Statement) – documento que declara a
conformidade de implementação dos protocolos do sistema;
- PIXIT (Protocol Implementation eXtra Information for Test statement) – documento que
declara informações adicionais para testes da implementação dos protocolos do sistema;
- MICS (Model Implementation Conformance Statement) – documento que declara a
conformidade da implementação do modelo de dados do sistema;
- Manual de instrução detalhando a instalação e operação dos dispositivos.
Os requisitos para realização do teste de conformidade são separados em requisitos de
conformidade estática, que são aqueles em que a implementação deve ser completa, já os requisitos
de conformidade dinâmica são aqueles de definem os requisitos provenientes de protocolos para
uma implementação específica.
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Na figura 19 são mostradas as fases de realização dos testes de conformidade, suas
entradas e correspondentes saídas.
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4- Conclusões
O objetivo principal deste trabalho é mostrar a importância da norma IEC 61850 na
evolução da automação de sistemas elétricos no âmbito da interoperabilidade e da comunicação em
rede dos IEDs (Inteligent Eletronic Device), que neste tipo de processo é o principal elemento de
controle lógico das funções de proteção e segurança nos sistemas de geração, transmissão e
distribuição de energia elétrica.
Observa-se durante o estudo da norma que ela estabelece todos os parâmetros necessários
para desenvolvimento dos sistemas de comunicação dos IEDs e dispositivos auxiliares (switchs,
roteadores, meios físicos, etc). Na IEC 61850 são estabelecidos os modelos de classes de dados, de
atributos, de funções, de objetos lógicos e de serviços de comunicação, através da ACSI (Abstract
Communication Service Interface). Aliado a esta modelagem a norma estabelece um mapeamento
criterioso das camadas lógicas de comunicação (referência modelo hierárquico OSI) e também dos
protocolos necessários para execução de cada serviço previsto na ACSI.
Não restrita ao sistema de comunicação a norma estabelece os parâmetros para o
desenvolvimento das ferramentas de engenharia e supervisão. Na norma é definida a linguagem
SCL (Substation Configuration descrition Language) para o ambiente de desenvolvimento do
sistema, ela baseada na linguagem XML (Extensible Markup Language), versão 1.0. Toda sintax da
linguagem é descrita e definida na norma.
Todo este conjunto de definições tem o objetivo de criar as condições de hardware e
software que permitam a comunicação irrestrita entre os dispositivos do sistema de automação das
subestações, seja ele de qualquer fabricante. O grande motivador para o desenvolvimento desta
norma está diretamente ligado aos requisitos de mercado que crescentemente exigem flexibilidade
dos sistemas de automação, supervisão e controle.
Diante deste cenário e com o estudo da norma pode-se listar algumas vantagens e
desvantagens da adoção de tecnologia aderente à norma IEC 61850 na automação de sistemas
elétricos.
Como vantagens pode-se listar:
- Irrestrita comunicação entre os elementos de controle do sistema de automação. Isto
devido aos seus dispositivos, à sua infra-estrutura de comunicação e às suas ferramentas de software
serem concebidos em aderência à norma.
- Redução significativa do uso de cabos de controle em cobre. Os intertravamentos lógicos
de proteção agora são efetuados através da comunicação em rede dos IEDs, de maneira mais
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eficiente e rápida, isto porque a norma define rigidamente os critérios de performance para o
sistema.
- Redução no uso de tecnologias desenvolvidas para automação de processos industriais
para o controle de processos elétricos, que naturalmente tem restrições e requisitos distintos.
- Flexibilidade de projeto. Com a possibilidade de integrar, num mesmo sistema,
dispositivos de fabricantes diferentes. As plantas passam a ter a possibilidade de expandir-se sem
estar preso a um fabricante, bastando incluir através das ferramentas de engenharia os novos
dispositivos e funções.
- Redução no custo de manutenção e dos prejuízos com interrupções indesejadas, isto
devido a um melhor controle das condições operacionais do sistema, da melhor eficiência na análise
de falhas, na melhor reposta do sistema de proteção e na preservação dos equipamentos de
processo.
Já como desvantagens pode-se listar:
- Alto custo com retrofit de sistemas de automação. Uma planta que já disponha de um
sistema de automação com outra tecnologia, seja ela obsoleta ou não, exigiria a troca dos IEDs para
dispositivos que permitam comunicação aderente à 61850. Além disto, seria necessário construir
toda a infra-estrutura de comunicação que suporte o sistema e a perda de boa parte do cabeamento
de controle instalado.
- Uma desvantagem em adotar a norma em seu estágio de maturação é o risco de se instalar
equipamentos pouco aderentes a ela. Este risco é minimizado com a adoção de um rígido controle
de qualidade de projeto através da exigência dos certificados de aderência à norma e resultados de
testes de performance dos equipamentos. Somando-se a isto a adoção dos termos de aceite e
performance do sistema, FAT (Factory Acceptance Test) e do SAT (Site Acceptance Test) são
fundamentais para a garantia de qualidade do sistema.
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Referências Bibliográficas
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