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ARTIGO ORIGINAL

ORIGINAL ARTICLE
Prevalência da esclerose múltipla em pacientes
tratados com medicamentos modificadores
do curso da doença utilizando dados do
Sistema Único de Saúde brasileiro
Prevalence of multiple sclerosis in patients treated
with disease-modifying drugs using data from
the Brazilian Unified Health System
Juares Bianco1, Alfredo Damasceno2, Jefferson Becker3,4, Fabiana Casarin5,
Nayara Carlos5, Tamiê de Camargo Martins5, Priscila Yazawa5
DOI: 10.21115/JBES.v15.n1.12-23

Palavras-chave: RESUMO
esclerose múltipla, epidemiologia, Objetivo: Compreender o cenário da esclerose múltipla (EM) em relação aos aspectos epidemio-
Sistema Único de Saúde, prevalência, lógicos, diagnósticos, progressão, tratamento e comorbidades no sistema público brasileiro. Mé-
MMCD, linhas de tratamento todos: Trata-se de um estudo retrospectivo e observacional utilizando os sistemas de dados do
Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS). Os dados utilizados foram
obtidos por meio da base de dados do Sistema Ambulatorial/Sistema de Procedimentos de Alta
Complexidade (SIA/SUS). Nessa base, o vínculo de registros foi por meio do Cadastro Nacional de
Saúde (CNS). Para a quantificação de dados epidemiológicos, foram coletados os dados do Código
de Endereçamento Postal (CEP), sexo e data de nascimento, além das bases de geolocalização dos
pacientes. Considerou-se como desfecho primário a descrição epidemiológica da população de
pacientes em uso ou que usaram MMCD para o tratamento da EM. Como desfecho secundário,
consideraram-se as características dos pacientes (gênero, idade, idade ao diagnóstico e comorbi-
dades). Resultados: Foram incluídos na análise 45.011 pacientes. Identificou-se predominância de
pacientes do gênero feminino (72,9%) e com idade entre 31 e 60 anos (61,23%) diagnosticados com
CID G35 no primeiro registro. A taxa de incidência de pacientes com EM foi maior (2,7 pacientes/100
mil habitantes) na região Sudeste, seguida pela região Sul (2,2 pacientes/100 mil). A prevalência na
região Sul teve a maior taxa (18 pacientes/100 mil), seguida pelo Sudeste (16,7 pacientes/100 mil).
As betainterferonas e o acetato de glatirâmer foram os medicamentos mais utilizados no primeiro
tratamento. O acetato de glatirâmer foi o mais utilizado para o segundo tratamento no período de
2011 até 2017. Em 2018, os MMCD mais utilizados como segundo tratamento foram fingolimode e
natalizumabe. A partir de 2019, fingolimode, fumarato de dimetila e natalizumabe foram os medi-
camentos mais utilizados como segundo tratamento, permanecendo nessa ordem até 2021. Para o
terceiro tratamento, o natalizumabe foi o medicamento mais utilizado até 2017. Após esse período,
o fingolimode passou a ser mais usado. Desde 2019, com o acesso ao fumarato de dimetila, os medi-
camentos mais prescritos foram, em ordem decrescente, fingolimode, natalizumabe e fumarato de
dimetila. Conclusão: Estabelecer uma análise epidemiológica dos pacientes que usam MMCD para
o tratamento da EM no Brasil, além do padrão de tratamento, são dados essenciais para a promoção
do tratamento da EM de forma adequada, bem como para a implementação de políticas públicas
locais, regionais e nacionais.

Recebido em: 21/09/2022. Aprovado para publicação em: 15/12/2022.


1. Cerner Enviza Brazil, São Paulo, SP, Brasil.
2. Departamento de Neurologia, Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Campinas, SP, Brasil.
3. Núcleo de Neurociências da Escola de Medicina, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), Porto Alegre, RS, Brasil.
4. Professor da Pós-graduação em Neurologia, Universidade Federal Fluminense (UFF), Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
5. Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S/A, São Paulo, SP, Brasil.
Conflito de interesses: Juares Bianco e Priscila Yazawa eram colaboradores das empresas indicadas durante a elaboração do artigo.
Autor correspondente: Fabiana Casarin. Produtos Roche Químicos e Farmacêuticos S/A do Brasil. Rua Dr. Rubens Gomes Bueno,
691, térreo, 3º, 4º e 5º andares, Várzea de Baixo, São Paulo, SP, Brasil. CEP: 04730-903. E-mail: [email protected]

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Prevalência da esclerose múltipla em pacientes tratados com medicamentos modificadores do curso da doença utilizando dados do Sistema Único de Saúde brasileiro
Prevalence of multiple sclerosis in patients treated with disease-modifying drugs using data from the Brazilian Unified Health System

Keywords:
multiple sclerosis, epidemiology,
ABSTRACT
Unified Health System, prevalence, Objective: To understand the multiple sclerosis (MS) setting in relation to epidemiological aspects,
DMT, lines of treatment diagnoses, progression, treatment and comorbidities in the Brazilian public system. Methods: This
is a retrospective, observational study using the Unified Health System’s Informatics Department
[Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde] data systems (DataSUS). The data used were
obtained by means of the outpatient system/high-complexity procedure system (SIA/SUS) database. In
this database, the association of entries was via the National Health Registration [Cadastro Nacional
de Saúde] (CNS). For epidemiological data quantification, Zip Code, sex and date of birth information
was collected, as well as data from patient geolocation databases. The epidemiological description
of the patient population using or having used DMTs for MS treatment was considered as the primary
endpoint. Patient characteristics (gender, age, age at diagnosis and comorbidities) were considered
as the secondary endpoint. Results: 45,011 patients were included in the analysis. A predominance of
female patients (72.9%) aged between 31 and 60 years (61.23%) and diagnosed with ICD code G35 in the
first entry was identified. The incidence rate of patients with MS was higher (2.7 patients/100 thousand
inhabitants) in the Southeast region, followed by the South region (2.2 patients/100 thousand). Prevalence
in the South region had the highest rate (18 patients/100 thousand), followed by the Southeast region
(16.7 patients/100 thousand). Interferons beta and glatiramer acetate were the most used drugs in the
first treatment. Glatiramer acetate was the most used drug for the second treatment within the period
from 2011 to 2017. In 2018, the most common DMTs used as second treatment were fingolimod and
natalizumab. From 2019, fingolimod, dimethyl fumarate and natalizumab were the most used drugs as
second treatment, remaining in this order until 2021. For the third treatment, natalizumab was the most
used drug until 2017. After this period, fingolimod became more widely used. Since 2019, with access to
dimethyl fumarate, the most prescribed drugs were, in decreasing order, fingolimod, natalizumab and
dimethyl fumarate. Conclusion: Establishing an epidemiological analysis of patients using DMTs for MS
treatment in Brazil, in addition to standard of care, results in critical data for adequately promoting MS
treatment, as well as for implementing local, regional and national public policies.

Introdução Essa classificação é destinada aos pacientes que apresentam


uma doença progressiva desde o início do seu diagnóstico
A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória mul-
(Thompson et al., 2018; Kamińska et al., 2017).
tifatorial, autoimune e degenerativa que compromete o
Apesar de existirem dados sobre a epidemiologia e a
sistema nervoso central (SNC) por meio da desmieliniza-
distribuição da doença no Brasil e no mundo, estudos epi-
ção e da degeneração de neurônios (Marques et al., 2018;
demiológicos sobre a EM são bastante desafiadores, uma
Cavenaghi et al., 2017; Thompson et al., 2018; Owens, 2016;
vez que essa é uma doença que apresenta três formas clí-
Reich et al., 2018). Sugere-se mais de um mecanismo imu-
nicas distintas e de difícil diagnóstico (Kobelt et al., 2019;
nopatogênico como responsável pela destruição da bainha
de mielina (Baecher-Allan et al., 2018). Essa doença tem seu Ribeiro et al., 2011; da Gama et al., 2015). No mundo, em 2016,
curso de evolução, apesar de variável, crônico e caracteri- a prevalência era de 30,1 casos por 100.000 de habitantes,
zado por uma progressão lenta e insidiosa. Os pacientes sendo mais prevalente em países nórdicos, como Noruega,
podem apresentar recaídas, seguidas de recuperação par- Suécia e Finlândia, além do Canadá e Estados Unidos (GBD
cial ou total (Thompson et al., 2018; Gholamzad et al., 2019; 2016 Multiple Sclerosis Collaborators, 2016). No Brasil, a pre-
Montalban et al., 2018). Esse estágio é chamado de forma valência de EM, em todas as suas apresentações clínicas,
remitente-recorrente de esclerose múltipla (EMRR). Com a é estimada em 12,5 pacientes por 100.000 habitantes (da
evolução da doença, alguns pacientes podem experimentar Gama et al., 2015). Contudo, os dados epidemiológicos da
a transição para a doença secundária progressiva (EMSP), na doença no Brasil devem ser interpretados com cautela, pois
qual há piora progressiva da função neurológica (acúmulo existem fragilidades e barreiras, como: o diagnóstico tardio
de incapacidade) (Thompson et al., 2018; Reich et al., 2018; da doença, a dificuldade de classificação da doença e o
Evans et al., 2012). Além da EMRR e da EMSP, a EM ainda pode acesso limitado a centros especializados no diagnóstico e
ser classificada como primariamente progressiva (EMPP). tratamento da EM (da Gama et al., 2015).

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Bianco J, Damasceno A, Becker J, Casarin F, Carlos N, Martins TC, Yazawa P

O tratamento farmacológico da EM teve rápida evolução MMCD, apesar do incremento de custos, pode proporcionar
a partir da década de 1990, com a introdução dos primeiros a melhora clínica e o melhor controle da progressão da EM.
medicamentos modificadores do curso da doença (MMCD
– do inglês disease modifying therapies [DMT]) (Gholamzad Materiais e métodos
et al., 2019). As MMCD estão associadas com mecanismos Desenho do estudo e população
que reduzem a inflamação e, dessa forma, podem influen- Trata-se de um estudo retrospectivo e observacional utilizan-
ciar a progressão da neurodegeneração (Gholamzad et al., do os sistemas de dados do Departamento de Informática
2019). As betainterferonas e o acetato de glatirâmer foram do SUS (DataSUS). O DataSUS é um banco de dados de pro-
as primeiras terapias utilizadas (1993) para o tratamento de cedimentos de mundo real e de abrangência nacional que
EMRR e EMSP, e permanecem como umas das principais re- contém informações sobre o reembolso de procedimentos
comendações para o tratamento de primeira linha de acordo ambulatoriais e hospitalares. Nesse banco, encontram-se in-
com o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas Brasileiras formações sobre fatores ambientais, epidemiologia e mor-
(Ministério da Saúde, 2021). bidade de diversas doenças. Por esse motivo, alguns dados
Os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) clínicos, como os resultados de um teste diagnóstico, não
são documentos que visam à qualidade e à eficiência da estão disponíveis. A plataforma é anonimizada, aberta e de
assistência médica e farmacêutica no âmbito do Sistema acesso público, e os dados são disponibilizados de forma gra-
Único de Saúde (SUS). Nesse documento, estão claramente tuita. Por esse motivo, nenhuma aprovação é necessária pelo
estabelecidos os critérios para o diagnóstico e o tratamen- Comitê de Ética em Pesquisa.
to da doença ou do agravo à saúde, os medicamentos e A partir da perspectiva do SUS, este estudo objetivou des-
demais produtos apropriados para o tratamento, além das crever a epidemiologia dos pacientes com EM no sistema pú-
posologias recomendadas (Ministério da Saúde, 2021). Uma blico e que foram submetidos aos tratamentos com MMCD
das recomendações dispostas no PCDT é que, em caso de conforme PCDT. Os dados utilizados para tal fim foram obtidos
piora da doença, tratamentos adicionais podem ser utiliza- por meio da base de dados do Sistema Ambulatorial/Sistema
dos, como, por exemplo, fumarato de dimetila, fingolimode de Procedimentos de Alta Complexidade (SIA/SUS), e não foi
e natalizumabe. Atualmente, o PCDT recomenda os fármacos realizado nenhum cruzamento com outras bases do SUS. Na
para tratamento de EM moderada a severa em três linhas de base de dados do SIA/SUS, a vinculação de registros foi realiza-
tratamento e em uma linha para pacientes em alta ativida- da por meio do Cadastro Nacional de Saúde (CNS), código úni-
de. Contudo, a evolução da doença faz com que esses me- co para cada paciente do SUS. Contudo, para a quantificação
dicamentos sejam utilizados em mais linhas de tratamento de dados epidemiológicos, foram coletados os dados do códi-
(quarta ou mais linhas). Por fim, cabe ressaltar que o PCDT go de endereçamento postal (CEP), sexo e data de nascimento.
brasileiro não inclui medicamentos para as formas primaria- Foram incluídos neste estudo os indivíduos registrados
mente progressivas da doença (Ministério da Saúde, 2021). com código de CID-10 G35 e G035 (EM), entre 1º de janeiro
Os estudos do mundo real desempenham um papel fun- de 2008 e 31 de setembro de 2021, e tratados com os MMDC
damental na geração de informações, ajudando a determi- registrados no Brasil e presentes no PCDT de EM. Resultados
nar as características da doença e os padrões de tratamento. referentes ao padrão de tratamento foram restritos ao perío-
Essas informações são essenciais para o planejamento de do de 1º janeiro de 2011 a 31 de setembro de 2021, período
programas de saúde pública e alocação de recursos. Isso é posterior à publicação do primeiro PCDT (2010) (Ministério da
extremamente importante em um país com perfil socioe- Saúde, 2010). Optou-se por excluir dados anteriores a 2011
conômico heterogêneo e dados escassos como o Brasil. por incoerências e fragilidades das informações sobre trata-
Portanto, buscamos neste trabalho descrever a epidemio- mento demonstradas nesse período. Os MMDC considera-
logia dos pacientes tratados com MMCD e sua distribuição dos neste estudo estão descritos na Tabela 1.
geográfica e revisar padrão de tratamento da EM no sistema Na análise de distribuição anual de pacientes, gênero, de-
público de saúde brasileiro. Para tanto, incluímos em nossas mografia e idade, foram incluídos todos os pacientes tratados
buscas os MMCD mais utilizados e suas combinações em um com as drogas descritas na Tabela 1. Para a análise de outros
cenário de mundo real brasileiro, e comparamos esses resul- parâmetros, incluindo mudança de droga ou linha (switch), a
tados com o protocolo de tratamento local (PCDT). Dessa for- azatioprina foi excluída da análise, pois os dados no sistema
ma, considera-se que compreender o complexo cenário da eram inconsistentes e a utilização dessa droga poderia estar
EM, incluindo aqui epidemiologia, diagnóstico, progressão, associada a outros CIDs não referentes ao CID G35. As ba-
tratamento e comorbidades, é importante para o entendi- ses de dados para a geolocalização dos pacientes (Empresa
mento sobre os encargos econômicos substanciais que a EM Brasileira de Correios e Telégrafo – Correios, para o código de
impõe, sobretudo quando a progressão ou alta atividade da endereçamento postal (CEP) e Instituto Brasileiro de Geografia
doença é observada. Nesse sentido, a introdução de novos e Estatística [IBGE]) foram cruzados com os dados do DataSUS.

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Prevalência da esclerose múltipla em pacientes tratados com medicamentos modificadores do curso da doença utilizando dados do Sistema Único de Saúde brasileiro
Prevalence of multiple sclerosis in patients treated with disease-modifying drugs using data from the Brazilian Unified Health System

Tabela 1. Lista dos medicamentos modificadores do curso da doença (MMDC) registrados no Brasil e presentes no PCDT de 2021 de
esclerose múltipla (Ministério da Saúde, 2021)
Código e Procedimento SIGTAP Molécula
0601190068 – BETAINTERFERONA (L) 1A 12.000.000 UI (44 MCG) INJETÁVEL (POR SERINGA PREENCHIDA) Betainterferona
0604390106 – BETAINTERFERONA 1A 12.000.000 UI (44 MCG) INJETÁVEL (POR SERINGA PREENCHIDA) Betainterferona
0601190076 – BETAINTERFERONA (L) 1A 6.000.000 UI (22 MCG) INJETÁVEL (POR SERINGA PREENCHIDA) Betainterferona
0604390084 – BETAINTERFERONA 1A 6.000.000 UI (22 MCG) INJETÁVEL (POR SERINGA PREENCHIDA) Betainterferona
0601190084 – BETAINTERFERONA (L) 1A 6.000.000 UI (30 MCG) INJETÁVEL (POR FRASCO-AMPOLA OU SERINGA Betainterferona
PREENCHIDA)
0604390092 – BETAINTERFERONA 1A 6.000.000 UI (30 MCG) INJETÁVEL (POR FRASCO-AMPOLA, SERINGA Betainterferona
PREENCHIDA OU CANETA PREENCHIDA)
0601190092 – BETAINTERFERONA (L) 1B 9.600.000 UI (300 MCG) INJETÁVEL (POR FRASCO-AMPOLA) Betainterferona
0604390114 – BETAINTERFERONA 1B 9.600.000 UI (300 MCG) INJETÁVEL (POR FRASCO-AMPOLA) Betainterferona
0601190106 – GLATIRÂMER 20 MG INJETÁVEL (POR FRASCO-AMPOLA OU SERINGA PREENCHIDA) Glatirâmer
0604520018 – GLATIRÂMER 20 MG INJETÁVEL (POR SERINGA PREENCHIDA) Glatirâmer
0604520026 – ACETATO DE GLATIRÂMER 40 MG INJETÁVEL (POR SERINGA PREENCHIDA) Glatirâmer
0604320116 – NATALIZUMABE 300 MG (POR FRASCO-AMPOLA) Natalizumabe
0604320132 – FINGOLIMODE 0,5 MG (POR CÁPSULA) Fingolimode
0604540043 – TERIFLUNOMIDA 14 MG (POR COMPRIMIDO) Teriflunomida
0604540027 – FUMARATO DE DIMETILA 120 MG (POR COMPRIMIDO) Fumarato de dimetila
0604540035 – FUMARATO DE DIMETILA 240 MG (POR COMPRIMIDO) Fumarato de dimetila
0601200012 – AZATIOPRINA 50 MG (POR COMPRIMIDO) Azatioprina
0603080235 – AZATIOPRINA 50 MG (POR COMPRIMIDO) Azatioprina
0604530013 – AZATIOPRINA 50 MG (POR COMPRIMIDO) Azatioprina
EXCLUÍDOS DAS ANÁLISES

0601180208 – SINVASTATINA (J) 20 MG (POR COMPRIMIDO) Sinvastatina


0601070020 – GABAPENTINA 400 MG (POR CÁPSULA) Gabapentina
0604390033 – ALFAINTERFERONA 2B 10.000.000 UI INJETÁVEL (POR FRASCO-AMPOLA) Alfainterferona
0604390068 – ALFAPEGINTERFERONA 2B 100 MCG (POR FRASCO-AMPOLA) Alfapeginterferona

Desfechos em 2010 cujo código de procedimento não consta na tabela


Foi considerada como desfecho primário a descrição epide- de Laudo de Medicamentos (AM).
miológica da população de pacientes em uso ou que usa- A análise foi conduzida com um total de 45.011 pacientes
ram MMCD para o tratamento da EM. Foram analisados os que, em algum momento, estiveram registrados no DataSUS,
regimes de tratamento para todas as linhas de terapia, se- no período compreendido entre 1º de janeiro de 2008 e 30
jam essas monoterapia ou combinação de medicamentos. de setembro de 2021 e que estavam registrados no sistema
O desfecho secundário foi expresso pelas características dos ambulatorial com o CID G35 ou G035 (Tabela 2). Por ano, a
pacientes incluídos na descrição epidemiológica, ou seja, gê- média de entrada de novos pacientes foi de 3.215, e a mé-
dia de abandonos do tratamento foi de 1.506. O cálculo do
nero, idade, idade ao diagnóstico e comorbidades.
total de pacientes tratados foi expresso pelo número de pa-
Resultados cientes tratados, adicionados dos novos e subtraídos àque-
les que abandonaram o tratamento no período do estudo.
Dados populacionais e demográficos É válido salientar que esse cálculo de prevalência é baseado
Ao todo, 179 pacientes foram excluídos, sendo 8 pacientes na quantidade de pacientes que retiram o medicamento em
tratados com os medicamentos sinvastatina, gabapentina, determinado local. Assim, os pacientes ativos em 2021 com-
alfainterferona e alfapeginterferona, e 171 pacientes tratados preendiam em um total de 25.424.

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Bianco J, Damasceno A, Becker J, Casarin F, Carlos N, Martins TC, Yazawa P

Dos 45.011 pacientes avaliados, 72,91% (n = 32.816) deles Idade (início do tratamento com MMCD)
eram do gênero feminino. Do total de pacientes encontra- 0 a 10 197 0,44
dos na base do DataSUS, 0,84% (n = 376) apresentava as duas
11 a 20 3.209 7,13
classificações de gênero. Nesse caso, a informação mais re-
21 a 30 11.608 25,79
cente identificada na base foi a classificação considerada. A
idade dos pacientes, quando ele foi registrado no CID G35 31 a 40 12.969 28,81
pela primeira vez, variou de 0 a 99 anos, e os dados foram 41 a 50 9.698 21,55
demonstrados por categorias de variação de 10 anos. As fai- 51 a 60 5.254 11,67
xas etárias mais comuns foram entre 21 e 30 anos (25,79%) 61 a 70 1.474 3,27
e entre 31 e 40 anos (28,81%). Trezentos e sessenta (0,80%) 71 a 80 215 0,48
pacientes apresentavam idades inconsistentes e, portanto,
81 a 90 27 0,06
foram desconsiderados das análises. A distribuição geográ-
Inconsistentes 360 0,80
fica considerou o local de residência mais atual do paciente
(Tabela 3). Distribuição geográfica (região/estado)*
Sudeste 26.002 57,77
Tabela 2. Pacientes tratados com MMCD para EM no SUS e São Paulo 17.845 68,63
quantidade de pacientes novos que entraram a cada
ano, no período de janeiro de 2008 a setembro de Minas Gerais 4.266 16,41
2021 Rio de Janeiro 3.320 12,77
Pacientes de janeiro/2008 a setembro/2021 Espírito Santo 571 2,20
Ano Total Tratado** Novos Abandonos*** Sul 8.481 18,84
2008 9.211 9.211 790 Rio Grande do Sul 3.460 40,80
2009 10.156 2.001 767 Paraná 3.427 40,41
2010 11.171 1.927 793 Santa Catarina 1.594 18,79
2011 12.824 2.527 968 Nordeste 5.956 13,23

2012 14.228 2.481 1.164 Bahia 1.727 29,00


2013 15.241 2.419 1.519 Ceará 1.268 21,29
2014 15.442 2.444 1.567 Pernambuco 982 16,49

2015 16.857 2.816 1.563 Rio Grande do Norte 454 7,62

2016 18.321 2.955 1.820 Paraíba 433 7,27

2017 19.466 3.080 1.942 Alagoas 373 6,26

2018 20.624 3.202 2.325 Maranhão 289 4,85

2019 22.596 3.615 2.345 Piauí 263 4,42


Sergipe 167 2,80
2020 23.908 3.261 2.024
Centro-Oeste 3.823 8,49
2021* 25.424 3.072 -
Goiás 1.758 45,98
* Até setembro de 2021. ** Total de pacientes registrados para o CID G35
entre 2008 e 2021 e que utilizaram algum MMCD no seu tratamento. *** Foi Distrito Federal 1.187 31,05
considerada abandono a retirada do paciente do CID G35 ou G035. As causas
do abandono podem ser: perda dos dados no sistema, morte do paciente, novo Mato Grosso do Sul 447 11,69
diagnóstico ou síndrome de clínica isolada. % pacientes novos naquele ano em Mato Grosso 431 11,27
relação aos tratados.
Norte 749 1,66
Pará 243 32,44
Amazonas 201 26,84
Tabela 3. Dados populacionais e demográficos de pacientes Rondônia 129 17,22
com CID35 e que utilizaram MMCD pelo menos uma Tocantins 87 11,62
vez de janeiro/2008 a setembro/2021
Roraima 41 5,47
Número de
Variável pacientes % Acre 29 3,87

Gênero Amapá 19 2,54


Total** 45.011 100,00
Feminino 32.816 72,91
* Análise realizada com dados de 2008 a 2021. ** Total de pacientes que utilizaram
Masculino 12.195 27,10 MMCD para o tratamento de EM entre janeiro/2008 e setembro/2021.

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Prevalência da esclerose múltipla em pacientes tratados com medicamentos modificadores do curso da doença utilizando dados do Sistema Único de Saúde brasileiro
Prevalence of multiple sclerosis in patients treated with disease-modifying drugs using data from the Brazilian Unified Health System

Distribuição geográfica taxa de incidência da doença (2,7 pacientes/100 mil habitan-


Considerando os dados dos últimos 12 meses (de outu- tes), seguida pela região Sul (2,2 pacientes/100 mil). Em rela-
bro/2020 a setembro/2021) e a distribuição geográfica de ção à prevalência, a região Sul teve a maior taxa (18 pacien-
residência mais atual do paciente, o Sudeste foi a região com tes/100 mil), seguida pelo Sudeste (16,7 pacientes/100 mil).
maior número de habitantes (57,77%), seguida do Sul (18,81%) Entre os estados com maior prevalência de pacientes trata-
(Tabela 4). Dos pacientes identificados pela base de dados, dos com MMCD, estão São Paulo (21,7 pacientes/100 mil), o
769 (1,71%) mudaram de estado de residência durante o pe- Distrito Federal (21,2 pacientes/100 mil), Paraná (20,1 pacien-
ríodo analisado. A região Sudeste também apresenta a maior tes/100 mil) e Rio Grande do Sul (18,4 paciente/100 mil).

Tabela 4. Pacientes por estado e região de residência, incidência e prevalência calculada com os pacientes novos e tratados com MMCD
nos últimos 12 meses (out./2020 a set./ 2021), considerando a população estimada do IBGE (estimativas da população residente
no Brasil e unidades da federação com data de referência em julho de 2021)
Pacientes Tratados com MMCD*
Região/Estado População IBGE Tratados Total Novos Prevalência por 100 mil Incidência por 100 mil
Sudeste 89.632.912 14.966 2.417 16,7 2,7
São Paulo 46.649.132 10.107 1.689 21,7 3,6
Minas Gerais 21.411.923 2.783 477 13,0 2,2
Rio de Janeiro 17.463.349 1.741 195 10,0 1,1
Espírito Santo 4.108.508 335 56 8,2 1,4
Sul 30.402.587 5.483 675 18,0 2,2
Rio Grande do Sul 11.466.630 2.113 230 18,4 2,0
Paraná 11.597.484 2.335 306 20,1 2,6
Santa Catarina 7.338.473 1.035 139 14,1 1,9
Nordeste 57.667.842 3.081 453 5,3 0,8
Bahia 14.985.284 733 98 4,9 0,7
Ceará 9.240.580 626 82 6,8 0,9
Pernambuco 9.674.793 625 112 6,5 1,2
Rio Grande do Norte 4.059.905 232 31 6,5 0,9
Paraíba 3.560.903 287 31 7,1 0,8
Alagoas 3.365.351 162 28 4,8 0,8
Maranhão 7.153.262 148 22 2,1 0,3
Piauí 3.289.290 166 24 5,0 0,7
Sergipe 2.338.474 102 25 4,4 1,1
Centro-Oeste 16.707.336 2.034 291 12,2 1,7
Goiás 7.206.589 879 110 12,2 1,5
Distrito Federal 3.094.325 656 95 21,2 3,1
Mato Grosso do Sul 2.839.188 275 51 9,7 1,8
Mato Grosso 3.567.234 224 35 6,3 1,0
Norte 18.906.962 397 64 2,1 0,3
Pará 8.777.124 144 28 1,6 0,3
Amazonas 4.269.995 110 16 2,6 0,4
Rondônia 1.815.278 53 6 2,9 0,3
Tocantins 1.607.363 51 6 3,2 0,4
Roraima 652.713 16 1 2,5 0,2
Acre 906.876 14 4 1,5 0,4
Amapá 877.613 9 3 1,0 0,3
Total 213.317.639 25.961 3.900 12,2 1,8
* De outubro de 2020 a setembro de 2021. Fonte: IBGE. Diretoria de Pesquisas – DPE – Coordenação de População e Indicadores Sociais (COPIS).

J Bras Econ Saúde 2023;15(1):12-23 17


Bianco J, Damasceno A, Becker J, Casarin F, Carlos N, Martins TC, Yazawa P

Padrão de tratamento medicamentos mais utilizados, como segundo tratamento,


Os MMCD utilizados para o tratamento da EM estão descri- foram fingolimode, fumarato de dimetila e natalizumabe,
tos por ano (2011 a 2021) na Tabela 5. As betainterferonas e permanecendo nessa ordem até 2021. A partir do terceiro
o acetato de glatirâmer foram os medicamentos mais uti- tratamento, o natalizumabe foi o medicamento mais utili-
lizados no primeiro tratamento para o período analisado zado até 2017. Após esse período, o fingolimode passou a
e, segundo tratamento, no período de 2011 até 2017, com ser mais usado. Desde 2019, com o acesso ao fumarato de
destaque para o acetato de glatirâmer, a partir de 2012. Em dimetila, os medicamentos mais prescritos foram, em ordem
2018, os MMCD mais utilizadas como segundo tratamento decrescente, fingolimode, natalizumabe e fumarato de di-
foram fingolimode e natalizumabe. A partir de 2019, os três metila (Tabela 5).

Tabela 5. Pacientes ativos por ano, ordem e molécula de tratamento


Pacientes Tratados
Tratamentos Utilizados 2011 Δ
2012 2013 2014 Δ
2015 2016 2017 2018Δ 2019 2020 2021Δ*
Primeiro Tratamento
Betainterferona 8.572 8.925 9.083 8.755 8.772 8.524 8.348 8.243 7.666 6.291 5.639
Glatirâmer 2.373 2.507 2.610 2.553 2.646 2.851 3.116 3.323 3.205 2.921 2.917
Natalizumabe 40 95 133 226 313 453 573 680 746 883 1.235
Fingolimode 249 440 577 718 888 1.047 1.244
Teriflunomida 3 378 588 629
Fumarato de dimetila 516 1.155 1.761
Total 10.985 11.527 11.826 11.534 11.980 12.268 12.614 12.967 13.399 12.885 13.425
Segundo Tratamento
Betainterferona 979 1.019 1.067 1.099 1.098 1.091 1.034 955 806 584 542
Glatirâmer 864 1.024 1.161 1.275 1.457 1.474 1.478 1.323 1.068 827 747
Natalizumabe 136 334 461 557 669 861 989 1.067 1.070 1.106 1.184
Fingolimode 450 785 1.065 1.504 2.074 2.327 2.543
Teriflunomida 2 364 435 382
Fumarato de dimetila 1.209 1.945 2.196
Total 1.979 2.377 2.689 2.931 3.674 4.211 4.566 4.851 6.591 7.224 7.594
Terceiro Tratamento
Betainterferona 128 131 133 129 146 135 127 125 151 138 129
Glatirâmer 105 140 156 151 166 172 152 164 160 138 130
Natalizumabe 95 264 346 429 534 666 832 852 793 778 882
Fingolimode 316 547 726 929 1.124 1.108 1.121
Teriflunomida 2 101 131 135
Fumarato de dimetila 374 554 606
Total 328 535 635 709 1.162 1.520 1.837 2.072 2.703 2.847 3.003
Quarto Tratamento
Betainterferona 9 15 19 20 12 10 21 23 28 20 26
Glatirâmer 2 7 11 15 15 21 22 23 24 32 34
Natalizumabe 28 65 74 87 115 139 176 187 205 228 256
Fingolimode 122 185 262 327 399 427 460
Teriflunomida 53 85 73
Fumarato de dimetila 127 189 229
Total 39 87 104 122 264 355 481 560 836 981 1.078

18 J Bras Econ Saúde 2023;15(1):12-23


Prevalência da esclerose múltipla em pacientes tratados com medicamentos modificadores do curso da doença utilizando dados do Sistema Único de Saúde brasileiro
Prevalence of multiple sclerosis in patients treated with disease-modifying drugs using data from the Brazilian Unified Health System

Pacientes Tratados
Tratamentos Utilizados 2011 Δ
2012 2013 2014 Δ
2015 2016 2017 2018Δ 2019 2020 2021Δ*
Quinto+ Tratamento
Betainterferona 4 6 8 7 13 10 18 20 23 34 38
Glatirâmer 1 5 4 4 6 9 7 11 15 14 30
Natalizumabe 3 10 18 20 27 32 51 59 60 75 116
Fingolimode 22 43 69 101 132 159 192
Teriflunomida 8 22 34
Fumarato de dimetila 52 85 104
Total 5 16 25 27 55 86 131 171 249 333 436
* Até setembro 2021. PCDT 09/2010: betainterferona ou glatirâmer (1L e 2L) 🡪 natalizumabe (3L) | PCDT 12/2014: idem anterior 🡪 fingolimode (4L) | PCDT 03/2018:
Δ

betainterferona ou glatirâmer ou teriflunomida (1L) 🡪 qualquer anterior ou fumarato de dimetila ou fingolimode (2L) 🡪 qualquer anterior ainda não utilizado (3L) 🡪
natalizumabe (4L) | PCDT 02/2021: betainterferona ou glatirâmer ou teriflunomida ou fumarato de dimetila (1L) 🡪 qualquer anterior ainda não utilizado ou fingolimode
(2L) 🡪 natalizumabe (3L, pode ser 1L em caso de pacientes com alta atividade).

A descrição do padrão de tratamento por ordem é feita entre as regiões do Brasil, sendo a região Norte a menos re-
na Tabela 5 e na Figura 1. Na Figura 1, foi demonstrada a des- presentativa e a região Sudeste a mais representativa, o que
crição do padrão de tratamento de pacientes que iniciaram está de acordo com a literatura nacional (Buijs et al., 2018).
o tratamento com betainterferona e que se encontram atual- Nossos resultados evidenciaram o baixo número de pacien-
mente em tratamento. Para manter a relevância da linha pos- tes diagnosticados nas regiões Norte e Nordeste. Tal achado
terior, esta análise foi feita apenas em ordens de tratamento pode estar alinhado com a hipótese do gradiente da latitude,
com mais 200 pacientes por medicação. No organograma que postula que a EM está associada às bandas geoepide-
é possível identificar até o quarto tratamento para todos os miológicas onde a incidência de EM varia conforme a lati-
MMCD utilizados após as betainterferonas, exceto por teriflu- tude. A proximidade dos polos está associada a uma maior
nomida, que apresentou um baixo número de pacientes em incidência de EM nessas faixas, sendo mais frequente en-
uso dessa medicação. tre as populações localizadas nas zonas temperadas e frias
(Simpson et al., 2011; Taylor et al., 2010).
Discussão
Além desse fator, este resultado pode estar relacionado
Neste estudo, descrevemos as características clínicas e de- à dificuldade de acesso a neurologistas especializados em
mográficas dos pacientes com EM, assim como os padrões EM ou a hospitais terciários responsáveis pelo tratamento
de tratamentos realizados no sistema público de saúde du- e acompanhamento desses pacientes em regiões especí-
rante o período de janeiro de 2008 a setembro de 2021. As ficas do Brasil. Corroborando essa evidência, Scheffer et al.
características gerais da população, como gênero e idade, demonstraram que na região Norte existe uma proporção
analisadas neste estudo são comparáveis às das populações menor do que 1,46 neurologista para cada 100 mil habitan-
de EM encontradas na literatura internacional. Identificamos tes, podendo chegar a menos de 0,94 médico por 100 mil
a predominância de pacientes do gênero feminino e com habitantes em alguns estudos (Scheffer et al., 2018). Na região
idade entre 31 e 60 anos (61,23%) diagnosticados com CID Sudeste, por outro lado, existe em média uma proporção
G35 no primeiro registro; entre esses, 51,33% apresentavam de 4,2 neurologistas por 100 mil habitantes, e o estado de
idade entre 31 e 50 anos (Bentzen et al., 2010; Ziemssen et al., São Paulo concentra entre 3,4 e 7,0 neurologistas por 100 mil
2016). A faixa etária predominante dessa população é caracte- habitantes. Outro ponto a ser ressaltado é a grande presen-
rizada como indivíduos funcionais e economicamente ativos. ça médica em regiões como Brasília, que apresenta grande
O diagnóstico e o início do seu tratamento, quando tardios, prevalência de pacientes com EM e tratados com MMCD
apresentam impacto negativo na qualidade e expectativa de (Scheffer et al., 2018).
vida. Pacientes com EM que receberam tratamento precoce Quando analisadas a prevalência e a incidência da EM,
tiveram taxas de recidiva e progressão da doença reduzidas, considerando a taxa de prevalência da doença no mundo
resultando em melhor eficácia do tratamento e desfechos segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de
dos pacientes (Thompson et al., 2018; Ziemssen et al., 2016; 30 casos por 100 mil habitantes, revela-se que a prevalên-
Coles et al., 2006; Kennedy, 2013; Peterka & Potužník, 2021). cia da EM no Brasil é inferior à prevalência global (Browne et
Em relação à distribuição geográfica dos pacientes com al., 2014). No entanto, os valores encontrados são superiores
EM tratados no Brasil com MMCD, foram encontradas dife- às estimativas brasileiras de 2015, feita por Pereira et al., que
renças significativas na quantidade absoluta de pacientes foram de 8,7 casos por 100 mil habitantes. Esses mesmos

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Bianco J, Damasceno A, Becker J, Casarin F, Carlos N, Martins TC, Yazawa P

IFIN-β
13.219 | 54,5%

* ** *** ****
Não switch IFN-β ou AG Fingolimode Natalizumabe DMF Teriflunomida
5.067 | 38,3% 3.350 | 25,3% 1.893 | 14,3% 933 | 7,1% 1.580 | 12,0% 396 | 3,0%

IFN-β ou AG Fingolimode DMF Natalizumabe Teriflunomida Não switch


337 | 10,1% 788 | 23,5% 365 | 10,9% 681 | 20,3% 396 | 3,0% 5.067 | 38,3%

IFN-β ou AG IFN-β ou AG IFN-β ou AG IFN-β ou AG IFN-β ou AG


19 | 5,6% 33 | 4,2% 33 | 4,2% 26 | 3,8% 10 | 9,3%

Fingolimode DMF Fingolimode Fingolimode Fingolimode


92 | 27,3% 47 | 6,0% 20 | 5,5% 177 | 26,0% 6 | 5,6%

DMF Natalizumabe Natalizumabe DMF DMF


33 | 9,8% 110 | 14,0% 19 | 5,2% 48 | 7,0% 11 | 10,2%

Natalizumabe Teriflunomida Teriflunomida Teriflunomida Não switch


88 | 26,1% 4 | 0,5% 2 | 0,5% 5 | 0,7% 80 | 74,1%

Teriflunomida Não switch Não switch Não switch


10 | 3,0% 594 | 75,4% 321 | 87,9% 425 | 62,4%

Não switch
95 | 28,2% IFIN-β
13.219 | 54,5%

* **
Fingolimode Natalizumabe
1.893 | 14,3% 933 | 7,1%

IFN-β ou AG Natalizumabe DMF Teriflunomida Não switch IFN-β ou AG Fingolimode DMF Teriflunomida Não switch
155 | 8,2% 167 | 8,8% 64 | 3,4% 10 | 0,5% 1.497 | 79,1% 50 | 5,4% 160 | 17,1% 41 | 4,4% 5 | 0,5% 677 | 72,6%

DMF IFN-β ou AG AG
4 | 2,6% 2 | 1,2% 1 | 0,6%

Natalizumabe Fingolimode DMF


3 | 1,9% 6 | 3,6% 8 | 5,0%

Teriflunomida DMF Natalizumabe


1 | 0,6% 5 | 3,0% 12 | 7,5%

Não switch Não switch Teriflunomida


15 | 9,7% 15 | 9,7% 3 | 1,9%

Fingolimode Não switch


132 | 85,2% 136 | 85,0%

IFN-β ou AG DMF Natalizumabe Não switch


26 | 19,7% 1 | 0,8% 11 | 8,3% 94 | 71,2%
IFN-β
13.219 | 54,5%

*** ****
DMF Teriflunomida
1.580 | 12,0% 396 | 3,0%

IFN-β ou AG Natalizumabe Fingolimode Teriflunomida Não switch IFN-β ou AG Fingolimode DMF Natalizumabe Não switch
58 | 3,6% 70 | 4,4% 76 | 4,8% 5 | 0,3% 1.371 | 86,8% 62 | 15,7% 18 | 4,5% 36 | 9,1% 7 | 1,8% 273 | 68,9%

Não switch DMF Não switch


68 | 97,1% 14 | 18,4% 59 | 77,6%

Figura 1. Fluxo do padrão de tratamento dos pacientes com EM em uso de MMCD.

20 J Bras Econ Saúde 2023;15(1):12-23


Prevalência da esclerose múltipla em pacientes tratados com medicamentos modificadores do curso da doença utilizando dados do Sistema Único de Saúde brasileiro
Prevalence of multiple sclerosis in patients treated with disease-modifying drugs using data from the Brazilian Unified Health System

autores, em sua revisão sistemática sobre a prevalência da base no PCDT para o tratamento da EM, observou-se que as
EM no Brasil, observaram um aumento na prevalência da betainterferonas foram os medicamentos mais utilizados du-
doença no decorrer dos anos e consideram que os principais rante todo o período analisado, seguidas do acetato de glati-
contribuintes do aumento dessa taxa ao longo dos anos são râmer e natalizumabe. Analisando apenas o período pós-2019,
os avanços no diagnóstico e tratamento da EM, assim como no qual se incluiu o fumarato de dimetila, o fingolimode e a
o desenvolvimento de outros centros de referência em EM teriflunomida, observa-se a mesma distribuição relativa para
em hospitais públicos (da Gama et al., 2015). Nesse cenário, é betainterferonas e glatirâmer, que foram seguidos por fuma-
importante considerar as implicações do aumento do núme- rato de dimetila, natalizumabe e fingolimode.
ro de pacientes com EM para os sistemas de saúde. Deve-se Atualmente, de acordo com o PCDT brasileiro, as opções
avaliar, sobretudo, os custos adicionais ao sistema caso o de MMCD no SUS são distribuídas em quatro ordens dife-
diagnóstico seja tardio ou o tratamento seja inadequado rentes de tratamento (exceto para pacientes diagnosticados
(GBD 2016 Multiple Sclerosis Collaborators, 2016). com EM em alta atividade da doença): (i) primeiro tratamen-
Em uma análise mais detalhada por regiões e estados, foi to: betainterferonas, glatirâmer, teriflunomida e fumarato
observada maior prevalência e incidência nas regiões Sul e de dimetila; (ii) segundo tratamento: fingolimode ou outro
Sudeste, quando comparadas aos outros estados e regiões medicamento de primeira linha; (iii) terceiro tratamento: na-
do Brasil. Os estados de São Paulo (21,7 pacientes/100 mil), talizumabe; (iv) quarto tratamento: alentuzumabe (não con-
Paraná (20,1 pacientes/100 mil) e Rio Grande do Sul (18,4 pa- siderado para esta análise, visto que não constava no PCDT
cientes/100 mil) foram os que apresentaram maior taxa de vigente no momento da análise em 2021) (Ministério da
prevalência. Por outro lado, a prevalência e a incidência nas Saúde, 2021). A troca é permitida quando o paciente apre-
regiões Nordeste e Norte foram as mais baixas desta análise, senta intolerância, reações adversas, falha terapêutica ou fal-
corroborando a evidência mencionada anteriormente sobre ta de adesão. As taxas de descontinuação do primeiro MMCD
as diferenças latitudinais, acesso a profissionais especializa- entre pacientes com EM são geralmente altas nos primeiros
dos e hospitais terciários. anos de tratamento, variando de 39% a 65,7% (Visaria et al.,
É importante salientar também que essas diferenças po- 2018; Reynolds et al., 2010; Cassiano et al., 2020). Considerando
dem estar relacionadas às características ambientais e gené- o segundo tratamento, nossos resultados demonstraram,
ticas. Os estados da região Sul (Rio Grande do Sul, Paraná e entre 2019 e 2021, que o medicamento mais utilizado foi o
Santa Catarina) e alguns da região Sudeste foram colonizados fingolimode, seguido pelo fumarato de dimetila e pelo na-
por imigrantes em sua maioria europeus e possuem um cli- talizumabe. Esses achados correspondem aos observados
ma mais frio, características que, somadas, podem ser a causa em estudos anteriores com dados retrospectivos no Brasil
da alta incidência de EM nessa região. A região Centro-Oeste (Cassiano et al., 2020), Estados Unidos (Halpern et al., 2011) e
teve uma prevalência e uma incidência intermediária, com Canadá (Evans et al., 2013). Vale ressaltar que foi considera-
destaque para o Distrito Federal (DF), onde se identificou a da uma nova ordem de tratamento apenas quando houve a
prevalência mais alta do Brasil. É importante ressaltar que o troca por um MMCD com diferente mecanismo de ação em
DF recebe pessoas de todo o país, na sua maioria caucasia- relação ao tratamento anterior.
nos de maior renda, o que pode enviesar os valores encon- Considerando os últimos 12 meses, a análise após o ter-
trados e não representar o que ocorre nos demais estados da ceiro tratamento (tardios) revelou que cerca de 1/5 dos pa-
região. Além disso, ela pode estar recebendo pacientes de cientes é tratado com, pelo menos, o terceiro MMCD. Nessa
outros estados próximos, e nem todos os pacientes, necessa- análise, foi possível observar pacientes até o sétimo trata-
riamente, residem no DF. mento. A utilização de MMCD até o quarto tratamento está
Em relação à escolha dos MMCD, essa pode ser influen- de acordo tanto com o PCDT atual quanto com o Consenso
ciada por três principais fatores: 1) clínicos, 2) intrínsecos aos Brasileiro para o tratamento da EM.1 Contudo, a alta porcen-
pacientes e 3) decisão compartilhada entre o médico e o pa- tagem de pacientes em tratamentos tardios difere de resul-
ciente. Consideram-se como fatores clínicos a gravidade, o tados apresentados em outros estudos. Kern e Cepeda, por
prognóstico, a progressão e a atividade da doença, quais tera- exemplo, demonstraram que entre pacientes recém-diag-
pias já foram utilizadas, entre outros. Quanto aos fatores intrín- nosticados com EM e que receberam o primeiro tratamento
secos ao paciente, estão a idade, comorbidades preexistentes com MMCD, apenas 28,2% estavam no segundo tratamen-
e perfil de segurança e tolerabilidade do fármaco a ser utiliza- to, 5,8%, no terceiro e 0,9%, no quarto tratamento (Kern &
do. Como decisão compartilhada entre o médico e o paciente, Cepeda, 2020). Isso possivelmente decorre do fato de que,
a preferência do paciente deve ser considerada, assim como por muitos anos, o PCDT incluía apenas possibilidades de uso
a comodidade, o custo e a disponibilidade do tratamento no de três betainterferonas e de glatirâmer.
sistema de saúde (Marques et al., 2018). Considerando a dis- O padrão de utilização de cada MMCD analisado neste
ponibilidade de MMCD no sistema público de saúde e com estudo mostra que o uso em todas as ordens de tratamento

J Bras Econ Saúde 2023;15(1):12-23 21


Bianco J, Damasceno A, Becker J, Casarin F, Carlos N, Martins TC, Yazawa P

foi variável e muitas vezes não seguia as recomendações Bentzen J, Meulengracht Flachs E, Stenager E, Brønnum-Hansen H,
dos PCDTs vigentes. Vale ressaltar que o DataSUS deu início Koch-Henriksen N. Prevalence of multiple sclerosis in Denmark 1950-
2005. Mult Scler J. 2010;16(5):520-5.
à organização de dados em 2008. Portanto, é possível que o
Bross M, Hackett M, Bernitsas E. Approved and emerging disease modifying
paciente esteja em uma ordem posterior de tratamento no
therapies on neurodegeneration in multiple sclerosis. Int J Mol Sci.
momento do registro do uso de MMCD no sistema, levando 2020;21(12):4312.
à falsa impressão de que o tratamento não está em confor- Browne P, Chandraratna D, Angood C, Tremlett H, Baker C, Taylor BV, et al.
midade com o PCDT. Atlas of multiple sclerosis 2013: a growing global problem with wide-
É consenso que se deve considerar a mudança para di- spread inequity. Neurology. 2014;83(11):1022-4.
ferentes MMCD em caso de falha terapêutica, ausência de Buijs S, Krol M, de Voer G. Healthcare utilization and costs of multiple scle-
respostas satisfatórias, intolerância ou preocupações de se- rosis patients in the Netherlands: a healthcare claims database study. J
Comp Eff Res. 2018;7(5):453-62.
gurança com várias betainterferonas ou glatirâmer (Marques
Cassiano DP, dos Santos AHR, de Christo Esteves D, Araújo GN, Cavalcanti IC,
et al., 2018; Montalban et al., 2018). Contudo, a presença de
Rossi M, et al. Estudo epidemiológico sobre internações por esclerose
outros MMCD como primeiro tratamento e a necessidade múltipla no Brasil comparando sexo, faixa etária e região entre janeiro
de utilização de até sete possibilidades de tratamento para de 2008 a junho de 2019. Braz J Health Rev. 2020;3(6):19850-61.
uma resposta adequada ao tratamento, com a repetição de Cavenaghi VB, Dobrianskyj FM, Olival GS do, Carneiro RPCD, Tilbery CP.
vários MMCD durante o curso do tratamento, revelam a cons- Characterization of the first symptoms of multiple sclerosis in a Brazilian
tante necessidade de revisão dos parâmetros de diagnósti- center: cross-sectional study. Sao Paulo Med J. 2017;135:222-5.
co da EM, assim como da reativação da doença (Ziemssen Cerqueira JJ, Compston DAS, Geraldes R, Rosa MM, Schmierer K, Thompson
A, et al. Time matters in multiple sclerosis: can early treatment and long-
et al., 2016; Peterka & Potužník, 2021; Kern & Cepeda, 2020).
term follow-up ensure everyone benefits from the latest advances in
Não obstante, a utilização de novas terapias que possam au- multiple sclerosis? J Neurol Neurosurg Psychiatry. 2018;89(8):844-50.
mentar a eficácia e/ou a segurança do tratamento e, se pos- Coles AJ, Cox A, Le Page E, Jones J, Trip SA, Deans J, et al. The window of
sível, sem representar incremento de alto custo é de extrema therapeutic opportunity in multiple sclerosis: evidence from monoclo-
importância para melhorar a qualidade de vida do paciente nal antibody therapy. J Neurol. 2006;253(1):98-108.
(Piehl, 2021; Tremlett & Marrie, 2021; Bross et al., 2020). da Gama ABCN, Lacativa MCS, da Costa Pereira FFC, Alvarenga RMP. Preva-
Convém ressaltar que este estudo tem algumas limita- lence of multiple sclerosis in Brazil: A systematic review. Mult Scler Relat
Disord. 2015;4(6):572-9.
ções. Primeiramente, os dados são baseados exclusivamen-
Evans C, Beland SG, Kulaga S, Wolfson C, Kingwell E, Marriott J, et al. Inci-
te no DataSUS, podendo gerar alguns vieses de aquisição.
dence and prevalence of multiple sclerosis in the Americas: a systematic
Apesar de o DataSUS representar a maioria dos pacientes review. Neuroepidemiology. 2013;40(3):195-210.
em tratamento para EM, deve-se considerar que neste es- Evans C, Tam J, Kingwell E, Oger J, Tremlett H. Long-term persistence with
tudo não utilizamos nenhum dado do Sistema de Saúde the immunomodulatory drugs for multiple sclerosis: a retrospective
Suplementar ou de pacientes que não utilizam MMCD. A database study. Clin Ther. 2012;34(2):341-50.
escolha dos MMCD no SUS é baseada no que é preconiza- GBD 2016 Multiple Sclerosis Collaborators. Global, regional, and national bur-
do pelo PCDT e, portanto, consideramos as mudanças no den of multiple sclerosis 1990-2016: a systematic analysis for the Global
Burden of Disease Study 2016. Lancet Neurol. 2019;18(3):269-85.
PCDT durante os anos das análises, bem como o aumento na
Gholamzad M, Ebtekar M, Ardestani MS, Azimi M, Mahmodi Z, Mousavi MJ,
oferta de MMCD. Padrões migratórios de pacientes (mudan-
et al. A comprehensive review on the treatment approaches of multiple
ça de estado de tratamento) podem influenciar na análise sclerosis: currently and in the future. Inflamm Res. 2019;68(1):25-38.
demográfica, reduzindo a prevalência da doença no esta- Halpern R, Agarwal S, Dembek C, Borton L, Lopez-Bresnahan M. Comparison
do de origem e aumentando-a no estado onde se realiza o of adherence and persistence among multiple sclerosis patients treated
tratamento. Por último, é comum alguns pacientes usarem with disease-modifying therapies: a retrospective administrative claims
endereços de terceiros para retirar a medicação fora do local analysis. Patient Prefer Adherence. 2011;5:73.
onde moram, portanto esse fator pode influenciar os valores Kamińska J, Koper OM, Piechal K, Kemona H. Multiple sclerosis-etiology and
diagnostic potential. Postepy Hig Med Dosw (Online). 2017;71:551-63.
demonstrados no estudo.
Kennedy P. Impact of delayed diagnosis and treatment in clinically isolated
Apesar das limitações deste estudo, estabelecer uma
syndrome and multiple sclerosis. J Neurosci Nurs. 2013;45(6):S3-13.
análise epidemiológica dos pacientes que usam MMCD para
Kern DM, Cepeda MS. Treatment patterns and comorbid burden of patients
o tratamento da EM no Brasil, além do padrão de tratamento, newly diagnosed with multiple sclerosis in the United States. BMC
é essencial para a promoção do tratamento da EM de forma Neurol. 2020;20(1):1-8.
adequada, bem como para a implementação de políticas pú- Kobelt G, Teich V, Cavalcanti M, Canzonieri AM. Burden and cost of multiple
blicas locais, regionais e nacionais. sclerosis in Brazil. PLoS One. 2019;14(1):e0208837.
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Prevalência da esclerose múltipla em pacientes tratados com medicamentos modificadores do curso da doença utilizando dados do Sistema Único de Saúde brasileiro
Prevalence of multiple sclerosis in patients treated with disease-modifying drugs using data from the Brazilian Unified Health System

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