Itatiba: Nome Do Aluno: - Nome Do Professor (A)
Itatiba: Nome Do Aluno: - Nome Do Professor (A)
Itatiba: Nome Do Aluno: - Nome Do Professor (A)
Coletânea de atividades
Sequência didática 1
Conto de Assombração
Nome do aluno:________________________________________
5º ano____
2023
1
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Apresentação
Para tanto, planejou-se a ampliação das ações do Programa Ler e Escrever e Aprender
Sempre, materiais oferecidos pelo governo do Estado de São Paulo, incluindo experiências
de diferentes fontes e de autoria, numa coletânea que priorizou a aprendizagem e a
realidade dos estudantes do município.
As atividades aqui apresentadas foram pensadas para que o professor tenha acesso a uma
coletânea que permita o desenvolvimento de uma sequência que possa o ajudar no
processo ensino-aprendizagem dos gêneros previstos para o ano letivo, garantindo tanto a
exploração do contexto de produção, aspecto discursivo (estrutura do texto, coerência e
coesão) e linguísticos (ortografia, pontuação, entre outros).
Para a construção desse trabalho e verificação de sua eficácia de resultados (tanto práticos
para aplicação, como de melhora no desenvolvimento da escrita), foi contactado um grupo
de professores da Rede Municipal, que ministram aulas nos respectivos anos escolares do
fundamental I, que organizaram e aplicaram as atividades aqui propostas durante o ano de
2021, constatando a viabilidade de aplicação e resultados positivos na aprendizagem dos
alunos, articulados com o processo de desenvolvimento curricular.
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Coletânea de atividades
Contos de Assombração
5º ano
2022
Administração
Thomás Antonio Capeletto de Oliveira
Mauro Delforno
Secretária da Educação
Sueli de Moraes Tuon
Professoras organizadoras:
Brigida Bredariol
Camila de Carvalho
Débora Aparecida Pereira
Eliana Maria Fattori Calza
Luciana Gotardo Canal
Milena Gava
Rafaela M. Dominici
Renata Correa Rocha
Vanessa Honório
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Sequência didática – Conto de Assombração
1ª Etapa:
Nesta sequência didática você estudará, mais detalhadamente, o gênero Conto de
Assombração.
Resumo da convers
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2- Geralmente essas histórias falam sobre:
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3- Quem gosta de histórias de arrepiar acha que elas são:
2ª Etapa
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
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3ª Etapa
Escola:_________________________________________________________
Nome:__________________________________________________________
Data: _____/_____/___________
A coisa
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Continue a história abaixo e lembre-se que, por ser um Conto de Assombração,
você deverá criar momentos emocionantes, que prendam a atenção do leitor e um
desfecho interessante para a sua história.
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Atividades a serem desenvolvidas
1ª Atividade
Texto 1-Teimosia
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não respeita os mais velhos, não ouve seus pais, é egoísta! Ah, eu já sei o que fazer
com você! – Enquanto falava, Dona Chica desapareceu na escuridão de sua sala e
então um rosnado grave passou a ecoar pela casa, como se cães estivessem juntos
a ela.
Dona Chica, do meio das sombras, surgiu com o rosto deformado, revelando
muitas presas e segurando em sua mão uma guia ligada a uma coleira, que por sua
vez flutuava no ar, como se estivesse segurando algo invisível.
— Vou te dar apenas esse recado, menina, pois eu sou a Senhora dos Cães!
E é melhor que corra, pois eu enviarei o mais obediente dos meus cães, o Cão dos
Indecentes, pois você só aprenderá com uma lição inesquecível!
Em meio àquela situação, Lucas começou a chorar e eu, abalada por ver
tamanha monstruosidade, só consegui sair correndo sob o céu coberto por nuvens
escuras, seguindo pelo caminho de barro enquanto ouvia o rosnado de um cão atrás
de mim. Naquele horário, por algum motivo, não havia mais pessoas, nem mesmo o
sinal de animais.
O vento que atravessava o matagal se fortificou. Em desespero, eu pedi
perdão por ter sido desobediente e segui pelo caminho, olhando de um lado para
outro. Foi quando eu ouvi um rugido e, ao olhar para frente, lá estava um cachorro
grande e preto, rosnando e mostrando dentes afiados. Seus olhos brilhavam em
carmesim quando ele abaixou a cabeça, aproximando-se lentamente de mim e de
Lucas. Tremendo, eu recuei lentamente, mas à medida que eu me distanciava, o
cachorro também avançava. Comecei a perceber que quanto mais ele mostrava os
dentes, mais a boca se abria, como se estivesse sendo rasgada dos lados para
comportar tamanha quantidade de dentes, uns sobre os outros. Os olhos até então
avermelhados foram tomados pela cor preta e após uivar, uma sombra saiu de suas
patas e se lançou em todas as direções, paralisando meus pés. Eu pedi misericórdia
e implorei para que nada acontecesse comigo e com meu irmão. O cão então ficou
sobre as duas patas e de seu peito saiu mais uma boca, revelando caninos tão
afiados quanto os da boca original. Verti lágrimas de horror e me lembrei da
transformação de Dona Chica, afinal, o que seria a Senhora dos Cães?
Resoluta, abaixei minha cabeça e pedi perdão dezenas de vezes. Cobri os
olhos de Lucas, que permanecia chorando e me mantive firme diante do cão. As
patas dele sobre a terra pareciam propagar o som de batidas de um martelo contra
um prego. Eu sentia sua presença cada vez mais próxima e, quando percebi, seu
rosto já estava rente ao meu. Era possível sentir o hálito ácido e fétido, como se sua
boca fosse o próprio bueiro, e ouvir o som da sua ira.
— Você é uma criança teimosa, e pessoas teimosas não costumam se dar
bem. Eu vim direto das sombras, dos recônditos do lar daqueles que
desobedeceram às regras da vida, e te encontrei desobedecendo a um pedido de
alguém sábio. Mas sua esperteza parece se destacar em meio a tanta soberba, não
é mesmo? Acha-se dona de tudo e de todos. Acha que seus atos não possuem
consequências. Hoje, será somente um aviso, em respeito ao teu irmão, que ainda
não tem discernimento e está nos braços de alguém inconsequente. Mas, Marina, da
próxima vez eu te trarei muito mais do que o mais puro e aterrorizante medo.
Da próxima vez, você terá que arcar com as consequências com o mesmo
peso da sua desobediência. Siga em frente, e lembre-se que eu sempre estarei te
olhando, seja nas ruas, seja em casa e, quando eu não estiver, saiba que haverá
outros em meu lugar.
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Terminando de falar, ele rugiu no meu rosto, fazendo com que até mesmo
minhas lágrimas chegassem ao ponto de congelar.
Desesperada, eu vi o corpo do cão desaparecer como fumaça,
e segui andando em linha reta. Meu corpo tremia e Lucas não
mais chorava. Foi pouco a pouco que chegamos em casa e
entregamos o bolo para minha mãe, que me percebeu pálida.
Eu poderia contar o que aconteceu, mas preferi dizer que tudo
estava bem, principalmente ao ver a imagem de Dona Chica
cercada de cães no meio das árvores para além da nossa
propriedade.
―Sabe quem sou eu, menina? Na verdade, acho que é
melhor você não entender quem é a Senhora dos Cães...‖, ouvi sua voz em
pensamento, deixando o pedaço de bolo cair de minhas mãos.
Fonte: Adaptado de https://br.freepik.com/vetores-gratis/um-garoto-assusta-fantasma_4543691.htm. Acesso em: 27
out. 2020.
Texto 2- O BICHO-HOMEM
Vovó Juvenalia sempre foi uma mulher peculiar. E eu, bom, eu nunca prestei
muita atenção nisso. A única coisa que me importava era estar na companhia dela
para brincar, cantar e ouvir histórias. Sobre esse último, por mais que eu fosse
criança, Juvenalia jamais me poupou das lendas de sua terra natal, Itacarambi, em
Minas Gerais, geralmente, ou melhor, quase sempre norteadas por acontecimentos
sobrenaturais, confusos e inexplicáveis, mas que faziam algum sentido para os mais
velhos, inclusive para minha mãe Maria.
Em uma dessas ocasiões, tão logo o sol se pôs em uma aquarela de cores
quentes, não demorou muito para que a família se reunisse para saborear um
delicioso arroz com frango, feijão, mandioca cozida e, de sobremesa, doce de
abóbora, para que no fim restassem somente eu e minha vó fora da casa, sentados
em um banco de cimento batido, observando as estrelas cintilarem no céu destituído
de nuvens, como se de alguma maneira o tempo tivesse parado para nos
contemplar. Foi naquele instante que ela tirou suas sandálias e passou a planta dos
pés no chão, brincando com as graminhas que saiam dentre os vãos da calçada, por
mais que tal comportamento não fosse lá muito higiênico. Suspirando, ela sorveu o
ar fresco com cheirinho de terra e mato molhado, e segurou meu ombro bem forte.
— Sabe, Camilo, essa noite, desse jeito: fria e silenciosa; me faz lembrar de
quando eu morava lá em Itacarambi, com meus pais. Minha mãe sempre pediu para
que a gente não saísse à noite, porque tem muitas coisas misteriosas que andam
por aí e a gente nem sabe o que é. E teve uma criatura com a qual me encontrei,
que me dá calafrios até hoje.
— Você pode me contar, vó?
— Sim, mas peço que não tenha medo. O que eu irei contar foi meu encontro
com uma criatura assombrosa... o bicho-homem.
— Eu não terei medo... — confirmei, cruzando as pernas sobre o banco
enquanto ela tirava um pedaço de papel do bolso, onde estava desenhada uma
figura alta e peluda, de olhos vermelhos.
— Tudo começou numa madrugada fria. Minha mãe tinha acabado de fazer o
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jantar e, como de costume, meu pai chegou cedo, trazendo uma trouxa com a
mistura do outro dia. Logo depois de comer, minha mãe fechou a porta e as janelas,
e deixou um pouco de comida para os cachorros que ficavam lá fora. Eles eram
dois: Tonin e Junin, dois vira-latas, um idoso e o outro mais jovem. Em seguida,
cada um foi pro seu quarto e nos deitamos para dormir. Porém, ninguém esperava
que aquela noite fosse a mais assombrosa de nossas vidas. Não me contendo de
tanta ansiedade, a interrompi imediatamente sem que ela ao menos pudesse
concluir:
— Por que vovó, o que houve? Ela, respirou profundamente como se aquela
lembrança lhe causasse algum desconforto, mas prosseguiu:
— Com um estrondo tão alto quanto um trovão, nossa porta foi esmurrada por
alguém, fazendo com que parte da dobradiça entortasse. Minha mãe, Joana, e meu
pai, João, pensaram que fosse um ladrão ou algo do tipo. Mas junto com as batidas,
um ruído estranho veio da porta, como se alguém estivesse se engasgando,
emitindo um som gultural e maligno.
— Num ímpeto, meu pai pegou a peixeira para nos defender, mas minha mãe
não deixou que ele abrisse a porta. Em vez disso, nós ficamos em silêncio até que
as batidas parassem, mas, logo depois, elas recomeçaram, agora, nas janelas.
Apesar das tentativas de invasão, o que mais trazia angústia era cogitar que algo de
ruim acontecesse com nossos cachorros, que ao perceberem a ameaça, não
pararam de latir sequer por um segundo. Mas meu pai, que era corajoso, e não ia
deixar que nada de ruim acontecesse com a gente. Por isso, ele desobedeceu a
minha mãe e saiu.
— Quando a porta estava aberta, mamãe me segurou no colo e pediu para que
eu ficasse calada. E como se fôssemos sombras, esgueiramos a parede, quando de
repente vimos papai de frente para algo terrivelmente assustador: uma criatura alta,
de braços e pernas rígidas como se não tivesse juntas, de olhos grandes e
vermelhos; a pele toda coberta de pelos marrons e orelhas pontiagudas, estendendo
as mãos grandes e com unhas longas e afiadas. Nesse momento, percorreu-me um
calafrio pelo corpo todo como se alguém estivesse nos observando, porém tentei
manter a calma, para que vovó continuasse:
— Ao olharmos para o vão, vimos que somente Junin, o cão mais jovem,
estava latindo a um gemido de lamento, pois Tonin, o cão mais velho, encontrava-se
desfalecido no chão, aparentemente ferido pela criatura. Enquanto meu pai se
posicionava para enfrentar o bicho, Junin avançou e tentou morder as pernas do
monstro. Porém, antes que pudesse feri-lo, o cachorro mais novo também foi
atingido pelas mãos, ou melhor, pelas unhas da criatura, que se alongaram como se
fossem agulhas afiadas, jogando-o para o lado. Meu pai, desnorteado, empunhou a
peixeira e preparou-se para contra-atacar. Minha mãe, porém, largou-me no chão e
gritou, pedindo para que João recuasse. Meu pai, claramente nervoso, verteu
lágrimas ao ver seus cachorros daquela maneira, mas mesmo assim atendeu ao
pedido de Joana.
— Parado, o bicho-homem abriu um sorriso, revelando centenas de dentes
pontiagudos, como se estivesse feliz por tudo o que havia feito. Todavia, em vez de
continuar com as investidas, ele simplesmente virou de costas e começou a ir
embora, deixando pegadas escuras no chão, e rodeadas de pelos, até desaparecer
no meio da mata.
Muitas perguntas passavam a minha mente nesse momento:
— E agora vovó, o que aconteceu? Ele foi embora? O que ele queria?
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— Ninguém entendeu ao certo o que havia acontecido, mas minha mãe, que
em algum momento da vida enfrentara o bicho-homem, tratou de esclarecer que ele
fora um escravo que morrera nas matas e que, salvo pela natureza, foi transformado
em uma criatura perigosa, cuja missão era expulsar aqueles que ousaram construir
casas onde só deveria haver a mais pura natureza.
— Desde aquele dia, Camilo, sempre que eu sinto esse cheiro de mato, lembro
daquela figura e de quão assombrosa ela era. Esse desenho aqui — ela me
entregou o papel —, eu fiz um dia depois do acontecido e sempre guardei comigo
para me lembrar que há mais coisas entre o céu e a terra do que as coisas que, de
fato, conhecemos.
— Mas, Vó, você viu o bicho-homem de novo depois que ele atacou a casa?
— Nunca mais. Mas dizem que ele anda por aí protegendo as matas. E de
alguma maneira, é questão de tempo para que qualquer um que tenha invadido um
pedaço esquecido da natureza se encontre com ele. Mas, acho que já chega.
Vamos entrar.
Ao entrarmos, Juvenalia fechou a porta e começamos a nos arrumar para
dormir.
Observando o desenho, fiquei imaginando como seria ver uma criatura tão
imponente, corpulenta e maligna. E em um estado de quase sono, mal fechei os
olhos e fui acordado por algumas batidas na porta. Meu coração, de prontidão,
acelerou e minha garganta secou, por alguns instantes fiquei paralisado de medo.
Aos poucos, desci da cama, abri a porta do quarto e lentamente fui caminhando em
direção à entrada da casa.
Entrando na casa, meu Tio Cláudio foi recepcionado por minha vó. No entanto,
apesar de ser ele, como a porta ainda estava aberta, eu consegui enxergar uma
figura alta, de olhos vermelhos, saindo do matagal do outro lado da rua, a qual abriu
um largo e maligno sorriso do qual eu jamais me esqueci.
2ª Atividade
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2. Construa um esquema gráfico, em parceria com seu(sua) professor(a), contendo
as informações relevantes do texto ―Teimosia―. Utilize o espaço abaixo.
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3ª Atividade
CONTO 1 CONTO 2
Quem são as
personagens?
O narrador participa da
história ou observa os
fatos? Justifique com
trechos do texto.
Qual é o conflito da
história? Como ele é
resolvido
Como termina?
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2. Após analisar os textos, escolha, junto com o(a) seu(sua) colega, um dos contos
apresentados pelo(a) professor(a) na atividade anterior. Escreva, nas linhas abaixo,
o parágrafo original com o desfecho original do conto escolhido.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
4ª Atividade
Conto 1 Conto 2
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Recursos usados para a
descrição do ambiente
5ª Atividade
A lição da caveira
Há muito tempo, numa noite sem lua, ia um homem por uma estrada deserta
e assombrosa. Nela havia um cemitério muito velho. Tão velho e maltratado que
algumas ossadas estavam até à mostra, dando ao lugar um aspecto assustador.
Quando o homem passou pelo dito cemitério, avistou uma caveira quase à
beira do caminho. Teve uma ideia sem ver nem pra quê: resolveu testar sua
coragem diante do sobrenatural. Aproximou-se e, agachando-se, deu uma
pancadinha com o nó do dedo no crânio alvo, perguntando, em tom
de brincadeira:
- Caveira, quem a matou?
Como era de se esperar, não ouviu nenhuma resposta. Mas
ele continuou com o gracejo:
- Caveira, quem a matou?
Nada outra vez. Então ele a apanhou, levou à altura do rosto e,
dando vigorosas sacudidas, repetiu a pergunta.
Dessa vez, porém, foi diferente. Movendo a queixada
esbranquiçada, a caveira lhe respondeu num tom soturno:
- Foi minha líííííínguaaa!
Flávio Morais. Trecho extraído do livro: Sete contos de arrepiar. Rio de Janeiro. Rocco, 2006. p. 12-15.
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c) No primeiro parágrafo, aparecem algumas palavras e expressões de arrepiar.
Sublinhe-as e, depois, copie-as.
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d) Você percebeu que o personagem principal da história não tem nome? Que nome
você daria para ele?
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e) Na sua opinião, o que vai acontecer com o homem da história? Por quê?
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6ª Atividade
Aprendendo e compreendendo
A coisa
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escadas devagar, abrindo as janelas que encontrava.
A família veio toda atrás, assustada, morrendo de medo do monstro,
fantasma, alma penada, fosse ele o que fosse. Até que chegaram lá embaixo e
Dona Julinha abriu a última janela.
Então todos começaram a rir, muito envergonhados.
A Coisa era... um espelho!
Dona Julinha tinha levado o espelho para baixo e tinha coberto com um lençol
(Dona Julinha não tinha medo de fantasmas, mas tinha medo de raios...).
Um dia o lençol se desprendeu e caiu e se transformou na... Coisa...
Cada um que descia as escadas, no escuro, via uma coisa diferente no
espelho. E todos eles pensavam que tinham visto... a Coisa.
A Coisa eram eles mesmos!
Não ria, não! Você já reparou como um espelho no escuro é esquisito?
Texto retirado do livro ―As Aventuras de Alvinho‖, Ruth Rocha, ed. Melhoramentos.
2) Por que Alvinho pegou uma lanterna? O que ele queria fazer?
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4) Qual era a única pessoa da família que não ficou impressionada com o que havia
no porão?
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7ª Atividade
Um dicionário de arrepiar
Vamos montar um dicionário de arrepiar, reunindo as palavras e expressões que
encontrarmos nos contos que vamos ler e nas pesquisas que iremos fazer?
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A ordem das palavras nos dicionários
Observações
Verifique que os dicionários precisam levar em conta não só a primeira letra das
palavras, mas também organizar as palavras de acordo com a ordem da segunda,
terceira e até quarta letra.
8ª Atividade
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Desembaralhando os parágrafos em duplas
O texto abaixo já foi utilizado por você em uma etapa anterior, porém, agora ele
está embaralhado, para que você teste seus conhecimentos sobre a estrutura do
conto de assombração.
Para isso, recorte as tiras e, sem olhar a história lida, coloque-as em ordem,
colando-as na folha a seguir.
A lição da caveira
Quando o homem passou pelo dito cemitério, avistou uma caveira quase à
beira do caminho. Teve uma ideia sem ver nem pra quê: resolveu testar sua
coragem diante do sobrenatural. Aproximou-se e, agachando-se, deu uma
pancadinha com o nó do dedo no crânio alvo, perguntando, em tom de brincadeira:
- Caveira, quem a matou?
Como era de se esperar, não ouviu nenhuma resposta. Mas ele continuou
com o gracejo:
- Caveira, quem a matou?
Nada outra vez. Então ele a apanhou, levou à altura do rosto e, dando
vigorosas sacudidas, repetiu a pergunta.
Há muito tempo, numa noite sem lua, ia um homem por uma estrada deserta
e sombrosa. Nela havia um cemitério muito velho. Tão velho e maltratado que
algumas ossadas estavam até à mostra, dando ao lugar um aspecto assustador.
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9ª Atividade
Produzindo uma história diferente
Com a modificação que você e seu parceiro fizeram, o título do conto precisa ser
modificado, não é? Escreva, abaixo, o título que vocês consideram mais adequado
para o parágrafo que criaram.
10ª Atividade
Vamos continuar a ler ―A lição da caveira‖, um dos contos de arrepiar escrito por
Flávio Morais. Será que o homem ficou muito assustado com a fala da caveira? O
que será que aconteceu?
Por aquilo o homem não esperava. Tomado pelo pavor, largou imediatamente o
macabro objeto e afastou-se impressionado com o que acontecera. Beliscou-se. Não
estava louco; nem sonhando. A caveira realmente havia falado. Tinha certeza
daquilo. Olhou para trás e a avistou. Parecia encará-lo com aqueles enormes
buracos escuros. Um arrepio percorreu-lhe a espinha. Caminhou o resto da noite até
que, ao amanhecer, chegou a um lugarejo.
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A lição da caveira (continuação)
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11ª Atividade
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
2- Agora, escreva nos espaços em branco as palavras da lista que podem substituir
o que aparece no texto original sem alterar o sentido.
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12ª Atividade
A LIÇÃO DA CAVEIRA
Há muito tempo, numa noite sem lua, ia um homem por uma estrada deserta
e sombrosa. Nela havia um cemitério muito velho. Tão velho e maltratado que
algumas ossadas estavam até à mostra, dando ao lugar um aspecto assustador.
Quando o homem passou pelo dito cemitério, avistou uma caveira quase à
beira do caminho. Teve uma ideia sem ver nem pra quê: resolveu testar sua
coragem diante do sobrenatural. Aproximou-se e, agachando-se, deu uma
pancadinha com o nó do dedo no crânio alvo, perguntando, em tom de brincadeira:
- Caveira, quem a matou?
Como era de se esperar, não ouviu nenhuma resposta. Mas ele continuou
com o gracejo:
- Caveira, quem a matou? – Nada outra vez. Então ele a apanhou, levou à
altura do rosto e, dando vigorosas sacudidas, repetiu a pergunta.
Dessa vez, porém, foi diferente. Movendo a queixada esbranquiçada, a
caveira lhe respondeu num tom soturno:
- Foi minha líííííínguaaa!
Por aquilo o homem não esperava. Tomado pelo pavor, largou imediatamente
o macabro objeto e afastou-se impressionado com o que acontecera. Beliscou-se.
Não estava louco; nem sonhando. A caveira realmente havia falado. Tinha certeza
daquilo. Olhou para trás e a avistou. Parecia encará-lo com aqueles enormes
buracos escuros. Um arrepio percorreu-lhe a espinha. Caminhou o resto da noite até
que, o amanhecer, chegou a um lugarejo.
Casebres espalhados, velhos e malcuidados; parecia que a vilazinha havia
parado no tempo, imersa numa atmosfera estranha. Naquela hora da manhã as
pessoas começaram a sair das casas para os seus afazeres diários. Ao notarem a
presença do desconhecido, dele se aproximaram, cheios de curiosidade.
Pois bem. Mal abriu a boca foi ele logo dizendo que tinha ouvido uma caveira
falar no velho cemitério. E o povo dali, muito influenciável, tornou aquilo a principal
notícia do dia. Tão impressionados ficaram que, certa manhã, formando uma
pequena multidão, foram pedir ao forasteiro que os levasse ao cemitério e repetisse
a façanha.
O homem, satisfeito com a fama que havia adquirido no seio daquele povo
simples e ingênuo que o tinha como um santo milagroso, e crente de que
conseguiria repetir o estranho feito, aceitou o pedido da comitiva. Partiram, então,
imediatamente para o lugar onde acorrera o fenômeno.
Era mais de meio-dia quando chegaram ao local.
Ali o forasteiro organizou todo o povo em círculo, no meio do cemitério.
Apanhou a mesma caveira que havia largado dias antes e, para impressionar a
excitada plateia, gritou com uma voz rouca e profunda.
- Caveira, quem a matou?
Nada.
- Caveira, quem a matou? – repetiu.
Outra vez, nenhuma resposta. O povo, inquieto, começou a se rebelar e o
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homem, já nervoso, explicou que antes a caveira só lhe respondera quando havia
feito a pergunta pela terceira vez. Todos, então, se acalmaram aguardando cheios
de expectativas. Já suado e nervoso, tornou a gritar:
- Vamos, caveira, responda para esta gente! Quem a matou?
Mais uma vez, porém, o silêncio foi a resposta.
Dessa vez um silêncio mortal. O homem percebeu, assustado, a multidão que
se sentiu ludibriada caminhar em sua direção. Olhos vidrados, expressão furiosa nos
rostos, andavam lentamente, como uma turba de mortos-vivos. Pegavam o que
podiam no chão: paus, pedras, restos de cruzes, ossos. Enquanto fechavam o cerco
em redor do assombrado estranho, esbravejavam, em coro, chamando-o de
mentiroso, embusteiro e enganador.
O povo enfurecido parecia dominado por alguma força sobrenatural. Usando
os objetos como armas, investiu contra o forasteiro. Foi um massacre. Nada deteve
a multidão, que, a cada súplica do infeliz, parecia mais revoltada.
Depois do ataque, cada agressor retirou-se do local. Lá abandonaram aos
abutres o corpo do forasteiro.
Quando, ao cair do sol, o local voltou a ficar deserto e silencioso, a caveira,
então, soltou uma estridente gargalhada e disse:
- Eu não falei que a língua matava?
Flávio Moraes. Em: ―Sete contos de arrepiar‖.
Qual é a lição da caveira?
O que você achou da lição da caveira? Foi surpreendente ou você já esperava
um desfecho como este?
Afinal de contas, qual é a lição da caveira?
Dicionário de arrepiar
Das palavras de arrepiar que você sublinhou durante a leitura feita pelo
professor, copie em seu dicionário aquelas que ainda não estão lá.
13ª Atividade
O MÉDICO FANTASMA
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— Tudo bem. Aposto minha bola de futebol que você não tem coragem de
entrar no cemitério à noite.
— Ah, é? — disse o garoto que fora desafiado. Pois então vamos já para o
cemitério, que eu vou provar minha coragem.
Assim, os dois garotos foram até a rua do cemitério. O portão estava fechado.
O silêncio era profundo. Estava tão escuro... Eles começaram a sentir medo.
Para ganhar a aposta, era preciso atravessar a rua e bater a mão no portão do
cemitério. O garoto que tinha topado o desafio correu. Parou na frente do portão e
começou a fazer careta para o amigo. Depois se encostou ao portão e tentou bater a
mão nele. Foi quando percebeu que ela estava presa.
— Socorro! Alguém me ajude! — ele gritou, desmaiando em seguida.
Nisso apareceu um velhinho vindo do fundo do cemitério, abriu o portão e
chamou o outro menino.
— Seu amigo prendeu a manga da camisa no portão e desmaiou de medo.
Coitadinho, pensou que algum fantasma o estivesse segurando.
O garoto reparou que o velhinho era muito magro, quase transparente.
— Obrigado. Como é que o senhor se chama?
— Eu sou o médico daqui. Vou acordar seu amigo.
O velhinho passou a mão na cabeça do menino desmaiado e ele despertou na
mesma hora.
— Vão pra casa, meninos — ele disse. Já passou da hora de dormir.
E foi assim que os meninos perceberam que tinham conhecido um fantasma e
entenderam que não precisavam ter medo de fantasmas, pois esses, apesar de
misteriosos, são do bem.
Heloísa Prieto. ―Lá vem história outra vez: contos do folclore mundial. São Paulo. Cia das letrinhas, 1997 (texto adaptado para
fins didáticos).
Entendendo o texto:
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06 – Se algum amigo lhe desafiasse, assim como no texto, você aceitaria? Justifique
sua resposta.
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12- Por que o desafio era ter que ir ao cemitério à noite? Você aceitaria este
desafio? Por quê?
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(A) ao velhinho.
(B) ao menino.
(C) ao cemitério.
(D) ao pai do menino.
14ª Atividade
Histórias de assombrar!
Nas atividades 14 e 15, vamos ler duas histórias que foram adaptadas do livro
histórias da avozinha, escrito por Figueiredo Pimentel. Acompanhe a leitura do
professor, seguindo-a com atenção, para depois responder as questões.
Texto 1
A casa mal-assombrada
30
O homem admirou-se daquele pedido, e, depois de avisá-las dos perigos que
corriam, consentiu sem dificuldade.
As duas mulheres no mesmo dia mudaram-se.
Eram onze horas da noite quando foram se deitar, nada tendo visto nem ouvido
de extraordinário. A mãe, como já era velha, e se sentia cansada das arrumações,
dormiu logo. A filha, porém, ficou acordada, rolando na cama, sem conseguir
adormecer.
Uma hora depois, ouviu o sino da matriz bater meia-noite. No mesmo instante a
moça escutou um ruído estranho, enquanto uma voz gemia:
— Eu caio!... Eu caio!...
Ela olhou para cima, de onde parecia vir a voz. Nada viu, mas disse:
— Pois caia, com Deus!
Do teto do quarto caíram duas pernas.
A mesma voz assim falou mais três vezes, e a moça, dando sempre a mesma
resposta, viu cair sucessivamente o tronco, os braços e a cabeça de um homem.
Os quatro pedaços reuniram-se, e apareceu uma criatura humana, tão pálida
como um cadáver, que lhe falou:
— Se não tens medo, vem comigo.
Adelaide acompanhou-o atravessando toda a casa, até chegarem ambos ao
quintal.
31
No final das contas - Acompanhe a leitura que seu (sua) professor (a) irá fazer
do final do conto.
Depois de ler a história, que título você daria? Coloque sua sugestão na linha
abaixo:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
As palavras de arrepiar
a) Como eram as pernas? Como e onde elas caíram? Que barulho fizeram ao
cair?
As duas pernas eram_____________________________________ e caíram
_________________________, fazendo um barulho _________________________.
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15ª Atividade
Leia uma outra versão da história que você leu na atividade anterior.
GASPAR, EU CAIO!
33
O homem treme.
- Eu caio!
- Pois caia! – grita o homem de novo.
Catapram. Vem outro pé. Cai e vai se arrastando para junto do primeiro.
- Gaspar!
O viajante respira curto. A cada resposta sua, desabam do forro pernas,
coxas, tronco, braços e mãos de um esqueleto que vai se formando no chão.
O esqueleto começa a dançar.
A luz do fogo desenha sombras estranhas no casebre.
- Gaspar! Gaspar! Gaspar!
A voz grossa voa cada vez mais alto.
- Eu caio!
- Pois caia! – berra o viajante, sentindo sua hora chegar.
E então – ploct – uma cabeça cai lá do alto.
Meio de medo, meio de raiva, o homem chuta a caveira longe.
O corpo desencarnado fica zangado. Para a dança, agacha e, cuidadoso,
enfia o crânio no pescoço. Depois, lambuza a carne que assa no fogo com seu
cuspe escuro.
O sangue do viajante ferve. Estava morto de fome. A carne era tudo o que
havia para comer. O homem cata o pau de matar cobra.
- Para mim chega! – De olhos fechados, mergulha sobre o esqueleto dando
soco e pancada. O morto gargalha. Os dois rolam atracados pelo chão da tapera.
A luta vara a noite. O homem bate, chora e sangra. O esqueleto range os
dentes.
Os dois quebram tudo, apagam o fogo com o corpo e vão parar do lado de
fora, rugindo na lama.
O tempo passa. Um golpe seco estala no mato. Silêncio.
O morto suspira e cai.
O viajante continua de pé, vitorioso. Passa o braço machucado sobre o rosto.
Do chão, a caveira pede para o homem cavar um buraco no pé de uma
árvore.
O homem responde:
- Nem nunca!
Em seguida, vai até a árvore e trepa num galho bem alto.
Abatido, o esqueleto pega e cavuca ele mesmo. Tira do buraco fundo um
tacho cheio de ouro e prata. Depois olhando para o homem pendurado na árvore,
solta um gemido e some no vento.
O viajante fica onde está. Manhã nascendo no mato. Seu peito mexe com
força, indo e vindo. Olha as mãos sujas de sangue. Estrada de terra sem uma alma.
A roupa rasgada. O suor. O sol avermelhado sopra a brisa quente entre as
folhagens. O homem sente o corpo doído e leve. Olha a tapera. Tem vontade de rir,
cantar, conversar com alguém. Salta aliviado do galho, junta as coisas se via
embora.
Texto de Ricardo Azevedo
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2) Em que local acontece à história?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
16ª Atividade
O fantasma da sorte
35
Em seguida ela desapareceu e o quarto voltou a ficar escuro. Na manhã
seguinte, ao acordar, o capitão pensou que aquilo havia sido uma brincadeira de
mau gosto. Quando se sentou à mesa para tomar café da manhã, foi logo dizendo
ao nobre:
— Caro amigo, obrigado por sua hospedagem. Mas agora desejo partir.
Ontem, quando eu estava precisando tanto de repouso, o senhor me deu um grande
susto ao mandar aquela criança me despertar no meio da noite. Desculpe-me pela
sinceridade, mas não gostei nem um pouco da brincadeira!
Em vez de responder ao capitão, o nobre chamou o mordomo:
— Hamilton, em que quarto você alojou o nosso amigo capitão?
— Bem, meu senhor – respondeu o mordomo –, o castelo está lotado de
hóspedes, eu não tive escolha. Coloquei o capitão no quarto do menino. Mas acendi
a lareira, porque ele só aparece no escuro, não é?
— Você fez muito mal! – disse o nobre. — O fogo da lareira sempre apaga de
madrugada. Você deveria ter trancado aquele quarto a sete chaves!
Em seguida, dirigindo-se ao capitão, explicou:
— Meu amigo, nossa família guarda um segredo há muitos séculos. Neste
castelo vive o fantasma de um menino. Seu quarto preferido é aquele em que você
dormiu. Mas não se preocupe. Trata-se de um fantasma alegre, um fantasma da
sorte. Todos os que o viram ganharam dinheiro e foram felizes.
E foi o que aconteceu. Uma semana depois, o capitão conheceu uma formosa
jovem, com quem se casou. Como ela era muito rica, ele acabou se tornando um
milionário também. E os filhos que tiveram foram fortes e felizes e tiveram sorte
durante toda a vida.
História do folclore inglês. Disponível em: https://eixodoleitorcrateus.blogspot.com/2015/04/o-fantasma-da-sorte.html 29/09/22
36
3- No trecho ―quando chegou a madrugada, ele despertou assustado‖, o termo
grifado indica que o capitão estava:
(A) preocupado.
(B) angustiado.
(C) amedrontado.
(D) aborrecido
17ª Atividade
Avaliação de Percurso
Nesse conto vamos observar que o desenvolvimento foi retirado e você deverá criar
momentos de tensão, que prendam a atenção do leitor, não esqueça de ler o
desfecho com atenção, é necessário seguir a história.
Recado de fantasma
Tudo começou quando nos mudamos para aquela casa. Era um antigo
sobrado, com uma grande varanda envidraçada e um jardim. Eu me sentia tão feliz
em morar num lugar espaçoso como aquele, que nem dei atenção aos comentários
dos vizinhos, com quem fui fazendo amizade. Eles diziam que a casa era mal-
assombrada. Alguns afirmavam ouvir alguém cantando por lá às sextas-feiras.
– Deve ser coisa de fantasma! - falavam.
– Se existe, nunca vi! – E então contava a eles que as casas antigas, como
aquela, com revestimentos e assoalho de madeira, estalam por causa das
mudanças de temperatura. Isso é um fenômeno natural, conforme meu pai havia me
explicado. Mas meus amigos não se convenciam facilmente. Apostavam que mais
dia menos dia eu levaria o maior susto.
Certa noite, três anos atrás, aconteceu algo impressionante. Meus pais tinham
saído e eu fiquei em casa com minha irmã, Beth. Depois do jantar, fui para o quarto
montar um quebra-cabeça de 500 peças, desses bem difíceis.
Faltava um quarto para a meia-noite. Eu andava à procura de uma peça para
terminar a metade do cenário quando senti um ar gelado bem perto de mim. As
peças espalhadas pelo chão começaram a tremer. Vi, arrepiado, cinco delas
flutuarem e depois se encaixarem bem no lugar certo. Fiquei tão assustado que nem
consegui me mexer. Só quando tive a impressão de ouvir passos se afastando é que
37
pude gritar e sair correndo escada abaixo. Minha irmã tentou me acalmar, dizendo
que tudo não passava de imaginação, mas eu insisti e implorei que ela viesse até o
quarto comigo. Uma segunda surpresa me esperava: o quebra-cabeça estava
montado, formando a imagem de uma casa com um jardim bem florido. No entanto,
meu jogo formava o cenário de uma guerra espacial, eu tinha certeza!
No dia seguinte, fui até a biblioteca pesquisar o tema. Eu e Beth encontramos
dúzias de livros que tratavam de fatos extraordinários e aparições. E a explicação
para eventos desse tipo foi a seguinte:
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Hoje minha casa tem o jardim mais bonito da rua. Centenas de lindas
margaridas brancas florescem a maior parte do ano (para total espanto da
vizinhança). O fantasma? Nunca mais vi. Decerto passeia feliz pelo jardim, nas
noites de lua cheia.
Flávia Muniz. Recado de fantasma. Nova escola. São Paulo: Abril, ago. 2004. v.1 p. 13. Edição especial: contos para crianças
e adolescentes.
18ª Atividade
19ª Atividade
Recado de fantasma
38
fazendo amizade. Eles diziam que a casa era mal-assombrada. Alguns afirmavam
ouvir alguém cantando por lá às sextas-feiras.
- Deve ser coisa de fantasma! - falavam.
- Se existe, nunca vi! – E então contava a eles que as casas antigas, como
aquela, com revestimentos e assoalho de madeira, estalam por causa das
mudanças de temperatura. Isso é um fenômeno natural, conforme meu pai havia me
explicado. Mas meus amigos não se convenciam facilmente. Apostavam que mais
dia menos dia eu levaria o maior susto.
Certa noite, três anos atrás, aconteceu algo impressionante. Meus pais
tinham saído e eu fiquei em casa com minha irmã, Beth. Depois do jantar, fui para o
quarto montar um quebra-cabeça de 500 peças, desses bem difíceis.
Faltava um quarto para a meia-noite. Eu andava à procura de uma peça para
terminar a metade do cenário quando senti um ar gelado bem perto de mim. As
peças espalhadas pelo chão começaram a tremer. Vi, arrepiado, cinco delas
flutuarem e depois se encaixarem bem no lugar certo. Fiquei tão assustado que nem
consegui me mexer. Só quando tive a impressão de ouvir passos se afastando é que
pude gritar e sair correndo escada abaixo. Minha irmã tentou me acalmar, dizendo
que tudo não passava de imaginação, mas eu insisti e implorei que ela viesse até o
quarto comigo. Uma segunda surpresa me esperava: o quebra-cabeça estava
montado, formando a imagem de uma casa com um jardim bem florido. No entanto,
meu jogo formava o cenário de uma guerra espacial, eu tinha certeza!
No dia seguinte, fui até a biblioteca pesquisar o tema. Eu e Beth encontramos
dúzias de livros que tratavam de fatos extraordinários e aparições. E a explicação
para eventos desse tipo foi a seguinte:
Que o fantasma era o dono de um cemitério, que fica embaixo da casa onde
eles moram. E o jardim florido, era porque o dono que morreu era um jardineiro, e
por mesmo que tenha morrido, ainda gosta de jardinagem e ele montou aquele
quebra cabeça, por que queria que aquela casa, sempre estivesse bonita cheia de
flores e plantas. E todas as sextas ele ia visitar o jardim...
Hoje minha casa tem o jardim mais bonito da rua. Centenas de lindas
margaridas brancas florescem a maior parte do ano (para total espanto da
vizinhança). O fantasma? Nunca mais vi. Decerto passeia feliz pelo jardim, nas
noites de lua cheia.
Flávia Muniz. Recado de fantasma. Nova escola. São Paulo: Abril, ago. 2004. v.1 p. 13. Edição especial: contos para crianças
e adolescentes.
b) O narrador do texto é:
( ) personagem ( ) observador
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d) Segundo o pai, quais eram os fenômenos que explicava o que estava
acontecendo?
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20ª Atividade
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isso o corpo dele desmoronava. Até que só ficou a caveira pulando no chão,
batendo o queixo.
A mulher caprichou uma pirueta, a caveira imitou e o queixo desmontou.
Pronto.
Mais que depressa, a mulher mandou o filho buscar um baú para guardar os
pedaços do marido:
- Põe tudo que é dele, filho. Tudo. Que eu vou procurar uns pregos e um
martelo.
Dali a pouco ela voltou e caprichou nas marteladas, para que o morto nunca
mais escapulisse.
Enterraram o defunto de novo. Depois jogaram bastante cimento em cima.
Só no dia seguinte a viúva lembrou do dinheiro do marido, que ela tinha
deixado em cima da mesa.
- Cadê!?!
- Uai, Mãe! Não era para guardar no baú tudo que fosse dele?
Ângela Lago.
Entendendo o conto:
1) Por que a mulher ficou tão aborrecida com a chegada do finado marido?
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3) Ao olhar a sua imagem no espelho, o defunto alegou que estava meio abatido e
que era falta de exercícios, diante disso o que ele resolveu fazer?
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5) À medida que o morto imitava as piruetas da mulher, o que acontecia com ele?
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7) Ao final do texto o menino diz: ―- Uai, Mãe! Não era para guardar no baú tudo que
fosse dele?‖ Como a mãe pode ter ficado diante dessa fala? Por quê?
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12) Retome o título da história. Que outro título poderia ser dado ao texto? Por quê?
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14) Você acha que esse texto poderia acontecer na realidade? Explique.
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21ª Atividade
Analisando o texto
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DA MARIMONDA, A MÃE-DA-MATA, NÃO SE DEVE FALAR
43
enxergar mais nada. Canijo parou. Cessou também o ruído do facão na folhagem. A
escuridão e o silêncio dominaram a floresta e um resplendor surgiu no meio da mata
espessa.
O Runcho, como que hipnotizado, deixou cair o facão e se levantou com os
olhos fixos no resplendor, o qual pouco a pouco foi tomando a forma de uma bela
mulher. Seus cabelos longos e escuros caíam-lhe sobre os ombros e cobriam-lhe
todo o corpo. Seus olhos grandes e muito pretos lançavam centelhas de fogo e seus
lábios delineavam um sorriso feroz. Uma voz repetia:– Vem... vem... vem...
Tão logo o Runcho conseguiu tocar a mulher, esta soltou uma aguda
gargalhada, que retumbou no silêncio da noite. Rápida como um raio, sacudiu a
cabeça e imediatamente os seus longos cabelos se transformaram num espesso
musgo pardacento e em grossos cipós que, como serpentes, enroscaram-se no
pescoço, nos braços e nas pernas do moço.
Jacinto fechou os olhos. Seu coração saltava como louco e suas pernas
pareciam estar cravadas na terra. Alguns instantes depois, ele ouviu novamente os
latidos furiosos de Canijo e o ranger das folhas sacudidas pelo vento. Abriu os olhos
e aproximou-se do Runcho. Estava morto. Um cipó apertava-lhe o pescoço e, ao seu
lado, estendia-se um rastro de musgo pardacento que se perdia no matagal. Ao
longe, começou-se a escutar a água do rio que voltava a correr.
Jacinto jamais disse nada a ninguém. Da Marimonda, a mãe-da-mata, não
se deve falar.
Coletânea de contos de tradição oral. Contos de assombração. Co-edição latino americana. São Paulo: Ática, 1988, 4a ed.
Para escrever uma história que narre um fato assustador, é preciso empregar
palavras que se associem a sensações como susto e o medo ou a fenômenos como
o sobrenatural.
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Selecione as palavras de arrepiar que você encontrou no conto da Marimonda e
escreva-as neste quadro, em seguida, escolha aquelas que deverão fazer parte do
dicionário de arrepiar e procure os seus significados. Lembre se de anotar na
atividade 5.
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22ª Atividade
Trecho 1
Era uma vez dois grandes amigos que, de tanto que se queriam, haviam feito
um juramento: quem casasse primeiro deveria chamar o outro para padrinho,
mesmo que se encontrasse no fim do mundo.
Depois de algum tempo, um dos amigos morre. O outro, devendo casar-se,
não sabia como fazer e pediu conselhos ao confessor.
— Negócio complicado — disse o pároco — você deve manter a sua palavra.
Convide-o mesmo estando morto. Vá até o túmulo e diga o que tem a dizer. Ele
decidirá se vem ou não.
O jovem foi até o túmulo e disse:
— Amigo, chegou o momento, vem para ser meu padrinho!
Abriu-se a terra e pulou fora o amigo.
Trecho 2
— Claro que vou, tenho que manter a promessa, pois se não a mantiver não
sei quanto tempo terei que ficar no purgatório.
Portanto, os amigos foram para casa e depois à igreja para o matrimônio. A
seguir veio o banquete de núpcias e o jovem morto começou a contar histórias de
todo tipo, mas não dizia uma palavra sobre o que vira no outro mundo. O noivo não
via a hora de lhe fazer umas perguntas, mas não tomava coragem. No final do
banquete, o morto se levanta e diz:
— Amigo, já que lhe fiz este favor, você tem que me acompanhar um
pouquinho.
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— Claro, por que não? Porém, espere, só um momentinho, pois é a primeira
noite com minha esposa…
— Certamente, como quiser!
O marido deu um beijo na mulher.
— Vou sair um instante e volto logo — E saiu com o morto.
Falando de tudo um pouco, chegaram ao túmulo. Abraçaram-se.
O vivo pensou: "Se não lhe perguntar agora, não pergunto nunca mais",
tomou coragem e lhe disse:
— Escute, queria lhe perguntar uma coisa, a você que está morto: do outro
lado, como funciona?
— Não posso dizer nada — respondeu o morto.
— Se quiser saber, venha você também ao Paraíso.
O túmulo se abriu, e o vivo seguiu o morto. E logo se encontravam no
Paraíso. O morto o levou para ver um belo palácio de cristal com portas de ouro,
cheio de anjos que tocavam e faziam dançar os beatos, e São Pedro, que tocava
contrabaixo. O vivo estava de boca aberta e quem sabe quanto tempo teria ficado ali
se não tivesse de ver todo o resto.
— Agora, vamos a outro lugar! — disse-lhe o morto, e o levou a um jardim
onde as árvores, em vez de folhas, tinham pássaros de todas as cores que
cantavam. — Vamos em frente, o que faz aí encantado? — E o levou a um prado
onde os anjos dançavam, alegres e suaves como namorados.
— Agora vou levá-lo para ver uma estrela!
Não se cansaria nunca de admirar as estrelas; os rios, em vez de água, eram
de vinho e a terra era de queijo.
De repente, caiu em si:
— Ouça, compadre, já faz algumas horas que estou aqui em cima. Tenho que
voltar para minha esposa, que deve estar preocupada.
— Já está cansado?
— Cansado? Sim, se pudesse…
— E muito mais haveria para descobrir!
— Tenho certeza, mas é melhor eu voltar.
— Como preferir. — E o morto o acompanhou até o túmulo e depois sumiu.
E agora? Será que o jovem vai conseguir voltar para sua noiva? Será que tudo
voltará ao normal? Conte aos seus colegas o que você acha que vai acontecer e
ouça o que eles pensam.
Trecho 3
O vivo saiu do túmulo e não reconhecia mais o cemitério. Estava todo cheio
de monumentos, estátuas, árvores altas. Saiu do cemitério e, no lugar daquelas
casinhas de pedra meio improvisadas, viu grandes palácios e bondes, automóveis,
aviões. "Onde é que vim parar? Terei errado o caminho?
Mas como está vestida esta gente!"
Pergunta a um velhinho:
— Cavalheiro, esta aldeia é…?
Sim, é esse o nome desta cidade.
— Bem, não sei por que, não consigo me situar. Saberia me dizer onde fica a
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casa daquele que se casou ontem?
— Ontem? Estranho, trabalho como sacristão e posso garantir que ontem
ninguém se casou!
— Como? Eu me casei! — E lhe contou que acompanhara ao Paraíso um
padrinho seu que morrera.
— Você está sonhando — disse o velho. — Essa é uma velha história que
contam: do marido que acompanhou o padrinho até o túmulo e não voltou; e a
mulher morreu de desgosto.
— Não, senhor, o marido sou eu!
— Ouça, a única solução é que vá conversar com nosso bispo.
— Bispo? Mas aqui na aldeia só existe um pároco.
— Nada disso. Há muitos anos que temos um bispo. — E o levou até o bispo.
Estranho o que se passou com o rapaz, não é? o que vai acontecer com ele? Qual
será o fim desta história? Dê o seu palpite e escute os palpites de seus colegas.
Trecho 4
2.Por que o amigo chamou o morto para ser padrinho de seu casamento?
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3.O narrador do texto é:
5. Depois de algumas horas o morto resolveu voltar para sua noiva, mas ao sair viu
que estava tudo diferente. Se a localidade era a mesma, por que isso aconteceu?
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23ª Atividade
A casa do pesadelo
A estrada pela qual eu seguia em meu carro passava por um campo aberto, e
deixava um bosque para trás. O sol estava se pondo. A fazenda mais próxima tinha
um caminho cinzento que a ligava à estrada. Acelerei o carro para chegar o quanto
antes à casa e entender o que estava acontecendo, mas corri demais: meu carro
derrapou e se estabacou contra uma árvore.
Levantei-me sem maior dificuldade e fui examiná-lo. Ficara imprestável. Já era
quase noite e eu já começava a ficar aflito quando apareceu um garoto correndo
pelo caminho da casa. Vestia, como era típico do lugar, uma camisa marrom aberta
no peito. Tinha uma expressão que me incomodava um pouco, porque seu lábio era
rasgado. Quando chegou ao local do acidente, ele não disse nada, mas logo lhe
perguntei:
— Onde fica a oficina mais próxima?
— A oito milhas daqui, senhor – respondeu com uma péssima pronúncia, por
causa do defeito no lábio. Como a noite já estava caindo, pedi-lhe:
— Posso passar a noite em sua casa?
— Claro, se o senhor quiser. Mas a casa está bem desarrumada, porque papai
não está e mamãe morreu há três anos. Tem pouca comida.
— Não tem importância. Trouxe algumas provisões. – retruquei e fomos juntos à
sua casa. No caminho até a sua casa senti uma brisa estranha, um cheiro de
vegetação desagradável. Ao chegar vi que tudo estava mesmo muito largado.
O garoto me instalou amavelmente num quarto pegado à entrada. Como não
havia luz na casa toda, peguei três velas na minha mala. Serviram-me para iluminar
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meu quarto e a cozinha. Mal me acomodei, acendi a lareira e comecei a preparar o
jantar com o que trazia. O garoto comentou que já havia jantado e não estava com
fome. Achei estranho para um garoto da sua idade, ainda mais com aquele aspecto
de quem passava necessidades, mas eu não quis dizer nada. Aproximou-se do fogo
e pôs-se a aquecer as mãos.
— Está com frio? – perguntei.
— Sempre estou.
Aproximou-se tanto das chamas da lareira que temi fosse se queimar, mas ele
parecia não sentir o fogo. Preparado o jantar, pus a mesa na cozinha mesmo e jantei
– sozinho e rápido. Conversamos um pouco, porque não era tarde, e o garoto me
acompanhou à varanda. Sentou-se no chão, enquanto eu me embalava
gostosamente numa cadeira de balanço.
— O que você faz quando seu pai não está? – perguntei.
— Nada, só deixo o tempo passar. Ninguém nunca vem nos visitar. A gente
daqui diz que essa casa é mal-assombrada.
— Você já viu algum fantasma? – perguntei intrigado.
— Ver, eu nunca vi. Mas posso senti-los.
De repente, senti como se um fino véu deslizasse suavemente pelo meu rosto.
Levantei-me de repente.
— Ei! Você viu? – exclamei confuso.
— Não vi nada. O que foi?
— Não sei... um véu. Roçou-me no rosto – expliquei.
— Não tenha medo. Deve ser um dos fantasmas que correm pela casa. Na certa
é minha mãe. – disse ele tranquilamente.
Naquele momento, achei que o garoto não regulava bem. Despedi-me dele,
desejei-lhe boa noite e fui dormir, agora já meio desconfiado. Caí num sono
profundo, mas, passado um bom tempo, um sonho arrepiante me acordou. Um
pesadelo terrível: ali mesmo, no meu quarto, uma enorme fera, como que um javali
disforme, de presas ameaçadoras, grunhia diante de mim. Tinha uma atitude muito
agressiva e pusera suas patas na cama, a ponto de pular em cima de mim.
Acordei suando, apavorado. Não consegui mais dormir. Quis chamar o garoto, e
só então me dei conta de que não sabia seu nome. Não tinha pensado em perguntá-
lo e ele não tinha se apresentado. Gritei ‗oi‘ repetidas vezes, mas ninguém
respondeu. Só ouvi o eco dos meus gritos entre aquelas paredes vazias. Sentia meu
coração bater como se fosse sair pela boca.
Não estava gostando nada daquilo. Resolvi então ir embora daquela casa sem
perder nem mais um minuto. Para não ser mal-agradecido, deixei algum dinheiro em
cima da mesa da cozinha. Saí, segui a estrada a pé, decidido a encontrar a tal
oficina. O sol já tinha raiado quando cheguei à primeira fazenda. Um homem veio ao
meu encontro.
Contei-lhe meu acidente de automóvel da noite anterior e ele me perguntou
onde tinha passado a noite. Ao lhe explicar onde tinha dormido, olhou para mim
com cara de incredulidade.
— Como é que lhe passou pela cabeça entrar ali? Não sabe o que dizem dessa
casa?
— O garoto me levou – respondi.
— Que garoto?
— O do lábio rasgado – afirmei com segurança.
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Com cara de quem havia compreendido tudo, me perturbou com suas palavras:
— Desta vez não há dúvida. Esse garoto que o levou até a casa é um fantasma.
Você não sabia, não é? Ele morreu há seis meses.
Texto de Edward White
Vamos compreender?
Escreva abaixo como você agiria nas seguintes situações sugeridas ao longo da
narrativa:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
b) O narrador pede abrigo ao garoto. Você teria feito o mesmo? Justifique sua
resposta:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
c) Agora é a sua vez: Escreva um final para essa história contando o que você faria
ao saber que o menino já havia morrido há seis meses.
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
24ª Atividade
50
MARIA ANGULA
Maria Angula era uma menina alegre e viva, filha de um fazendeiro de Cayambe.
Era louca por uma fofoca e vivia fazendo intrigas com os amigos para jogá-los uns
contra os outros. Por isso, tinha fama de leva-e-traz, linguaruda e era chamada de
moleca fofoqueira.
Assim viveu Maria Angula até os dezesseis anos, decidida a armar confusão
entre os vizinhos, sem ter tempo para aprender a preparar pratos saborosos.
Quando Maria Angula se casou, começaram seus problemas. No primeiro dia, o
marido pediu-lhe que fizesse uma sopa de pão com miúdos, mas ela não tinha a
menor ideia de como prepará-la.
Queimando a mão com uma mecha embebida em gordura, acendeu o carvão e
levou ao fogo um caldeirão com água, sal e colorau, mas não conseguiu sair disso:
não fazia ideia de como continuar.
Maria lembrou-se então de que na casa vizinha morava dona Mercedes,
cozinheira de mão-cheia, e, sem pensar duas vezes, correu até lá.
— Minha cara vizinha, por acaso a senhora sabe fazer sopa de pão com
miúdos?
— Claro, dona Maria. É assim: primeiro coloca-se o pão de molho em uma
xícara de leite, depois despeja-se este pão no caldo e, antes que ferva,
acrescentam-se os miúdos.
— Só isso?
— Só, vizinha.
— Ah – disse Maria Angula – mas isso eu já sabia!
E voou para a sua cozinha a fim de não esquecer a receita.
No dia seguinte, como o marido lhe pediu que fizesse um ensopado de batatas
com toicinho, a história se repetiu:
— Dona Mercedes, a senhora sabe como se faz o ensopado de batatas com
toicinho?
E como da outra vez, tão logo sua boa amiga lhe deu todas as explicações,
Maria Angula exclamou:
— Ah! É só? Mas isso eu já sabia! – E correu imediatamente para casa a fim de
prepará-lo.
Como isso acontecia todas as manhãs, dona Mercedes acabou se enfezando.
Maria Angula vinha sempre com a mesma história: ―Ah, é assim que se faz o arroz
com carneiro? Mas isso eu já sabia! Ah, é assim que se prepara a dobradinha? Mas
isso eu já sabia!‖. Por isso, a mulher decidiu dar-lhe uma lição e, no dia seguinte...
— Dona Mercedinha!
— O que deseja, dona Maria?
— Nada, querida, só que meu marido quer comer no jantar um caldo de tripas e
bucho e eu...
— Ah, mas isso é fácil demais – disse dona Mercedes. E antes que Maria
Angula a interrompesse, continuou:
— Veja: vá ao cemitério levando um facão bem afiado. Depois, espere chegar o
último defunto do dia e, sem que ninguém a veja, retire as tripas e o estômago dele.
Ao chegar em casa, lave-os muito bem e cozinhe-os com água, sal e cebolas.
Depois de ferver uns dez minutos, acrescente alguns grãos de amendoim e está
pronto. É o prato mais saboroso que existe.
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— Ah! – disse como sempre Maria Angula – É só? Mas isso eu já sabia!
E, num piscar de olhos, estava ela no cemitério, esperando pela chegada do
defunto mais fresquinho. Quando já não havia mais ninguém por perto, dirigiu-se em
silêncio à tumba escolhida. Tirou a terra que cobria o caixão, levantou a tampa e...
Ali estava o pavoroso semblante do defunto! Teve ímpetos de fugir, mas o próprio
medo a deteve ali. Tremendo dos pés à cabeça, pegou o facão e cravou-o uma,
duas, três vezes na barriga do finado e, com desespero, arrancou-lhe as tripas e o
estômago. Então voltou correndo para casa. Logo que conseguiu recuperar a calma,
preparou a janta macabra que, sem saber, o marido comeu lambendo os beiços.
Nessa mesma noite, enquanto Maria Angula e o marido dormiam, escutaram-se
uns gemidos nas redondezas. Ela acordou sobressaltada. O vento zumbia
misteriosamente nas janelas, sacudindo-as, e de fora vinham uns ruídos muito
estranhos, de meter medo em qualquer um.
De súbito, Maria Angula começou a ouvir um rangido nas escadas. Eram os
passos de alguém que subia em direção ao seu quarto, com um andar dificultoso e
retumbante, e que se deteve diante da porta. Fez-se um minuto de silêncio e logo
depois Maria Angula viu o resplendor fosforescente de um fantasma. Um grito surdo
e prolongado paralisou
— Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou
de minha santa sepultura!
Aterrorizada, Maria Angula escondeu-se debaixo das cobertas para não vê-lo,
mas imediatamente sentiu umas mãos frias e ossudas puxarem-na pelas pernas e
arrastarem-na gritando:
— Maria Angula, devolva as minhas tripas e o meu estômago, que você roubou
de minha santa sepultura!
Quando Manuel acordou, não encontrou mais a esposa e, muito embora tenha
procurado por ela em toda parte, jamais soube do seu paradeiro.
( * Extraído de:Contos de assombração,4 ª.ed.Co-edição Latino-Americana.São Paulo,Ática,1988.―Maria Angula‖ é um conto
da tradição oral equatoriana. Esta versão foi escrita por Jorge Renón de La Torre a partir de um relato que lhe fez Maria
Gomez, uma mulher de 70 anos, que vive no povoado de Otán).
Compreendendo o texto:
3) No trecho ―... sem ter tempo para aprender a preparar pratos saborosos.‖ a
palavra destacada significa:
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(A) atrasados.
(B) queimados.
(C) salgados.
(D) deliciosos.
4) Na frase:
―... mas imediatamente sentiu umas mãos frias e ossudas puxarem-na pelas pernas
e arrastarem-na gritando...‖
São adjetivos as palavras:
25ª Atividade
GASPAR, EU CAIO!
Noite escura no mato. Estrada de terra sem uma alma. O vento gemendo pelos
galhos e as nuvens passando nervosas, querendo chover.
Um homem vem vindo lá longe. Devagarinho. Sem lua nem estrela para iluminar
a viagem.
Vem de sacola pendurada no ombro e, na mão, um pau de matar cobra.
Trovoada. Os pingos da chuva principiam a cair. O viajante aperta o passo. Na
curva, dá com uma casa abandonada. Cai um raio de despedaçar árvore. A chuva
aperta. Na porta da tapera tem uma cruz desenhada. O homem não quer saber de
nada. Mete o pé na porta e entra.
Dentro, um pouco de tudo. Pedaços de mobília, tigelas, troços e trecos jogados
no escuro.
O viajante faz fogo.
Agachado, tira um pedaço de carne da sacola e bota para assar. Está morto de
fome. Deita no chão e solta o corpo, esperando a comida ficar pronta.
A chuva vai minguando. O mato fica quieto.
De repente, o telhado range. De lá de cima, um gemido rabisca
o ar:
- Gaspar!
O homem estremece. Aperta os dentes. A luz do fogo é fraca.
Não dá para ver nada.
53
A voz chama e chama.
- Gaspar!
Já passa da meia noite. Quem será? A voz insiste:
- Gaspar!
O viajante pensa em fugir. Mas, e a carne? E o frio? E a chuva ameaçando cair?
Encolhido num canto, o homem arrisca:
-Quem está aí?
A voz, no telhado, continua grossa:
- Gaspar!
- Quem está aí?
- Gaspar!
- Quem está aí? - pergunta o homem.
A voz então diz:
- Gaspar... Eu caio!
- Pois caia! – responde o viajante.
Estrondo. Espanto. Uma coisa despenca lá de cima - Catapram – e cai no
chão.
Os olhos do homem crescem de pavor.
É um pé. A ossada de um pé. E vem com os dedos mexendo!
A voz bóia no ar:
- Gaspar!
O homem treme.
- Eu caio!
- Pois caia! – grita o homem de novo.
Catapram. Vem outro pé. Cai e vai se arrastando para junto do primeiro.
- Gaspar!
O viajante respira curto. A cada resposta sua, desabam do forro pernas, coxas,
tronco, braços e mãos de um esqueleto que vai se formando no chão.
O esqueleto começa a dançar.
A luz do fogo desenha sombras estranhas no casebre.
- Gaspar! Gaspar! Gaspar!
A voz grossa voa cada vez mais alto.
- Eu caio!
- Pois caia! – berra o viajante, sentindo sua hora chegar.
E então – ploct – uma cabeça cai lá do alto.
Meio de medo, meio de raiva, o homem chuta a caveira longe.
O corpo desencarnado fica zangado. Para a dança, agacha e, cuidadoso, enfia o
crânio no pescoço. Depois, lambuza a carne que assa no fogo com seu cuspe
escuro.
O sangue do viajante ferve. Estava morto de fome. A carne era tudo o que havia
para comer. O homem cata o pau de matar cobra.
- Para mim chega! – De olhos fechados, mergulha sobre o esqueleto dando soco
e pancada. O morto gargalha. Os dois rolam atracados pelo chão da tapera.
A luta vara a noite. O homem bate, chora e sangra. O esqueleto range os
dentes.
Os dois quebram tudo, apagam o fogo com o corpo e vão parar do lado de fora,
rugindo na lama.
O tempo passa. Um golpe seco estala no mato. Silêncio.
O morto suspira e cai.
54
O viajante continua de pé, vitorioso. Passa o braço machucado sobre o rosto.
Do chão, a caveira pede para o homem cavar um buraco no pé de uma árvore.
O homem responde:
- Nem nunca!
Em seguida, vai até a árvore e trepa num galho bem alto.
Abatido, o esqueleto pega e cavuca ele mesmo. Tira do buraco fundo um tacho
cheio de ouro e prata. Depois olhando para o homem pendurado na árvore, solta um
gemido e some no vento.
O viajante fica onde está. Manhã nascendo no mato. Seu peito mexe com força,
indo e vindo. Olha as mãos sujas de sangue. Estrada de terra sem uma alma. A
roupa rasgada. O suor. O sol avermelhado sopra a brisa quente entre as folhagens.
O homem sente o corpo doído e leve. Olha a tapera. Tem vontade de rir, cantar,
conversar com alguém. Salta aliviado do galho, junta as coisas se via embora.
Texto de Ricardo Azevedo
26ª Atividade
55
- O que você está fazendo aqui, seu miserável?! Me dá paz! Você está morto!
Trate de voltar para debaixo da terra.
- Nem pensar – disse o morto. – Estou me sentindo vivinho.
A mulher mandou o filho buscar um espelho. Entregou ao morto para que ele
visse a sua cara de cadáver.
- É ... estou abatido. Deve ser falta de exercício – disse o falecido.
E mandou o filho buscar a sanfona, e convidou a mulher para dançar. Ela é
claro, não quis saber de dançar com o defunto, que cheirava pior que gambá.
O morto nem ligou. Começou dançar sozinho. De repente a mulher viu que um
dedo dele estava caindo, e ordenou:
- Toca mais rápido, menino!
Assim que o ritmo se acelerou, caiu outro pedaço.
- Mais que depressa, que eu também vou dançar – ela resolveu.
E começou a requebrar e saltar e jogou a perna para o alto e balançar a saia.
O marido, animado, tratava de acompanhar as piruetas da mulher, e enquanto
isso o corpo dele desmoronava. Até que só ficou a caveira pulando no chão,
batendo o queixo.
A mulher caprichou uma pirueta, a caveira imitou e o queixo desmontou.
Pronto.
Mais que depressa, a mulher mandou o filho buscar um baú para guardar os
pedaços do marido:
- Põe tudo que é dele, filho. Tudo. Que eu vou procurar uns pregos e um
martelo.
Dali a pouco ela voltou e caprichou nas marteladas, para que o morto nunca
mais escapulisse.
Enterraram o defunto de novo. Depois jogaram bastante cimento em cima.
Só no dia seguinte a viúva lembrou do dinheiro do marido, que ela tinha
deixado em cima da mesa.
- Cadê!?!
- Uai, Mãe! Não era para guardar no baú tudo que fosse dele?
Texto de Ângela Lago
Entendendo o conto:
1) Por que a mulher ficou tão aborrecida com a chegada do finado marido?
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3) Ao olhar a sua imagem no espelho, o defunto alegou que estava meio abatido e
que era falta de exercícios, diante disso o que ele resolveu fazer?
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5) À medida que o morto imitava as piruetas da mulher, o que acontecia com ele?
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7) Ao final do texto o menino diz: ―--- Uai, Mãe! Não era para guardar no baú tudo
que fosse dele?‖ Como essa frase deixou a mãe: Por quê?
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9) Ao dizer: ―--- O que é que você está fazendo aqui seu miserável?‖
(A) A mulher elogiou o marido.
(B) Maltratou o marido.
(C) Se expressou de forma muito feliz.
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13) Que outro título você daria ao texto? Por quê?
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15) Você acha que esse texto poderia acontecer na vida real? Explique.
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27ª Atividade
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Quando o texto estiver pronto, verifique se está adequado e faça uma revisão,
observando se há alguma mudança que pode ser feita (repetições, troca de termos,
vocabulário mais sombrio, entre outros).
28ª Atividade
Analisando um conto
O tesouro no quintal
Era uma família grande a nossa: pai, mãe e cinco filhos. Grande e pobre. Papai,
pedreiro, mal conseguia nos sustentar. Mamãe ajudava como podia, fazendo faxinas
e costurando para fora, mesmo assim a vida era bastante difícil. Papai vivia bolando
formas de reforçar nosso orçamento doméstico ou de, pelo menos, diminuir as
despesas. Foi assim que lhe ocorreu a ideia da horta.
Morávamos numa minúscula casa de subúrbio, não longe de uma bela praia,
que, contudo, raramente frequentávamos: era lugar de ricos. Casa pobre, a nossa,
sem nenhum conforto. Mas, por alguma razão, tinha um quintal bastante grande. Do
qual, para dizer a verdade, não cuidávamos. O capim ali crescia viçoso e no meio
dele jaziam, abandonados, pneus velhos, latas, pedaços de tijolos e telhas. Papai
olhava para aquilo, pesaroso: parecia-lhe um desperdício de espaço e de terra. Um
dia chamou os dois filhos mais velhos, meu irmão Pedro e eu próprio, e anunciou:
vamos fazer uma horta neste quintal.
Proposta mais do que adequada. Nós quase não comíamos legumes e verduras,
porque eram muito caros. Mas, se plantássemos ali tomate, alface, agrião, cenoura,
59
teríamos uma fonte extra de alimento - e o mais importante, sem custo.
Sem custo, mas não sem trabalho. Para começar, teríamos de capinar aquilo
tudo e revirar a terra para depois plantar e colher. Meu pai não hesitou: vocês dois,
que são os mais velhos, vão fazer isso.
Não gostamos muito da determinação. Não éramos preguiçosos, mas preparar a
terra para fazer uma horta não era bem o nosso sonho e representaria um grande
esforço. Contudo, não tínhamos alternativa. Quando papai dava uma ordem, era
para valer. E, no caso, ele tinha decidido, apoiado pela mamãe, que era de uma
família de agricultores e gostava de plantar.
Quem prepararia a terra? Foi a pergunta que fiz ao Pedro, que, além de mais
velho, era o líder entre os irmãos. Pergunta para a qual ele já tinha a resposta:
- Isso é coisa para o Antônio.
Antônio era o irmão do meio. Com 9 anos, era um menino quieto, sonhador.
Mas não era muito do batente, de modo que fiquei em dúvida: como convencê-lo a
fazer o trabalho?
- Deixa comigo - disse Pedro, que se considerava muito esperto. - Eu sei como
convencer o cara.
E sabia mesmo. Porque Pedro era dono de uma lábia fantástica, argumentava
como ninguém. Ah, sim, e sabia contar histórias - inventadas por ele, claro. Era com
uma história que pretendia motivar o Antônio a capinar o pátio.
Eu estava junto, quando ele contou a tal história. Era uma boa história: segundo
um famoso professor, séculos antes, piratas franceses haviam andado pela nossa
região, e ali haviam enterrado um tesouro. Expulsos pelos portugueses, nunca mais
tinham retornado, de modo que a arca com joias e moedas de ouro ainda estava no
mesmo lugar, que podia ser o pátio de nossa casa.
- O tesouro será a nossa salvação - concluiu Pedro , entusiasmado.
Antônio estava impressionado. Se havia coisa em que acreditava, era em
histórias. Aliás, estava sempre lendo - era o maior frequentador da biblioteca do
colégio.
- Quem sabe procuramos esse tesouro? - perguntou ele.
Era exatamente o que Pedro queria ouvir.
- Se você está disposto, eu lhe arranjo uma enxada...
Antônio mostrava-se mais do que disposto. No dia seguinte, um feriado, lá
estava ele, enxada em punho, cavando a terra, diante do olhar admirado da família.
Papai até perguntou o que tinha acontecido.
- Ele se ofereceu para fazer o trabalho - disse Pedro, dando de ombros.
Para encurtar a história: tesouro algum apareceu, mas, um mês depois,
tínhamos uma horta no quintal. Antônio acabou descobrindo a trama de Pedro, mas
não ficou zangado. Inspirado pelo acontecimento, escreveu uma história, com a qual
ganhou um prêmio literário da prefeitura. Uma boa grana, que ele usou para comprar
livros. Hoje é um conhecido jornalista e escritor. Acho que ele acabou, mesmo,
encontrando o tesouro.
Fonte do texto: www.revistaescola.abril.com.br
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2- Como era formada a família da história e em que condições viviam?
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3- Por que o pai olhava para aquele enorme quintal da casa com tristeza?
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5-O que fez Pedro para convencer Antônio a ajudar no trabalho com a horta?
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8- A história contada por Pedro a Antônio possui alguns elementos básicos de uma
narrativa, como tempo, espaço, personagens e situação inicial. Defina qual é o
tempo, o espaço, as personagens e a situação inicial na história que Pedro conta a
Antônio.
Era uma boa história: segundo um famoso professor, séculos antes, piratas
franceses haviam andado pela nossa região, e ali haviam enterrado um tesouro.
Expulsos pelos portugueses, nunca mais tinham retornado, de modo que a arca com
joias e moedas de ouro ainda estava no mesmo lugar, que podia ser o pátio de
nossa casa.
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9- A princípio, o narrador e Pedro acham que a ideia de fazer uma horta era muito
boa, mas algo faz com que os garotos se incomodem com essa ideia. Por que os
garotos se incomodam com a proposta do pai em fazer a horta?
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10-Este conto apresenta uma história que aconteceu com uma família, formada por
pai, mãe e cinco filhos. Eles são personagens da história. Quais desses
personagens recebem nome?
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29ª Atividade
Comparando contos
O tesouro enterrado
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Quando esta história começou, a casa já havia passado por vários donos,
desde um avaro agiota até o padre da paróquia. Ninguém suportava ficar lá.
Diziam que estava ocupada por alguém que não se podia ver e que em noites de
luar provocava um tremendo alvoroço.
De repente, ouviam-se lamentos atrás da porta, objetos incríveis apareciam
voando pelos ares, ouvia-se o ruído de coisas que se quebravam e o tilintar de um
sino de capela. O mais comum, porém, era se ouvirem os passos apressados de
alguém que subia e descia escadas: toc, toc, tum; toc, toc, tum... As pessoas
morriam de medo de passar por ali de noite.
Certo dia, chegou à cidade uma jovem costureira procurando uma casa para
morar. A única que lhe convinha, por ficar no centro, era a casa do mistério.
Muito segura, a tal costureira afirmou que não acreditava em fantasmas e
alugou o imóvel. Instalou ali a sua oficina, com uma máquina de costura, um grande
espelho, cabides e uma mesa de passar a ferro.
Com a costureira moravam uma moreninha chamada Ildefonsa e um
cachorrinho preto, de nome Salguerito. E foi o pobre do animal que acabou pagando
o pato, pois o fantasma da casa decidiu fazer das suas com ele: puxava-lhe o rabo,
as orelhas, e vivia empurrando o coitadinho. Dormisse dentro ou dormisse fora da
casa, à meia-noite Salguerito se punha a uivar de tal modo que dava medo.
Arqueava o lombo, se arrepiava todo e ficava com os olhos faiscando de medo. Só
dormia tranquilo na cozinha, ao pé do pilão.
As pessoas costumavam ir bisbilhotar para ver como era a tal costureirinha e
saber como aqueles três estavam se arrumando na casa mal-assombrada.
As duas mulheres não demonstravam em absoluto estar assustadas nem se davam
por vencidas. A única coisa é que tinham que dormir com a lamparina acesa e com o
cão na cozinha.
O fantasma acabou se cansando de infernizar o animal, mas começou então
a deixar suas marcas na oficina da costureira: o espelho entortava sem que ninguém
o tocasse; a máquina de costura começava a costurar sozinha; os carretéis caíam e
ficavam rolando no chão; desapareciam as tesouras, o alfineteiro, o dedal e o
caseador; as mulheres sentiam a presença de alguém que as seguia o tempo todo
e, às vezes, o espelho ficava embaçado, como se alguém estivesse se olhando
muito próximo dele.
Várias vezes o padre passou pela casa levando água benta, mas o copinho
onde ela ficava sempre aparecia misteriosamente entornado.
– Isso não é coisa do diabo – esclareceu o padre. – As coisas do diabo se
manifestam de outra maneira e acabam com água benta, invocações ou com a
santa missa.
Com isso, as mulheres ficaram mais tranquilas.
– O que eu acho é que deve haver alguma coisa enterrada por aí. Dinheiro ou
joias guardados em algum lugar. Talvez alguma alma penada queira mostrar a
vocês o lugar em que está o tesouro para poder repousar em paz e, neste caso, é
preciso ajudá-la – sentenciou o padre.
Havia, nessa época, pelas bandas de Huaraz, um homem que se dedicava a
procurar tesouros, cujo nome era Floriano. Era famoso e possuía uma larga
experiência nesse tipo de trabalho. Chamaram-no muito em segredo e, certo dia,
chegou sem que ninguém soubesse. Entrou na casa recitando rezas e súplicas,
fumando cigarros e queimando incenso:
– Alma abençoada, sabemos que estás aqui e que nos ouves. Se queres
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alcançar o reino da paz, mostra-nos onde está enterrado o tesouro. Usa os sinais
que quiseres, mas comunica-te conosco.
O homem ia de canto em canto repetindo a mesma coisa. Salguerito olhava
para Floriano, latia e, em seguida, ia se deitar na cozinha, ao pé do pilão.
Floriano passou dois anos inteiros procurando o tal tesouro. A cada mudança
de lua, lá estava ele, mas nunca encontrava uma resposta. Removeu o piso da casa
inteira, bateu em todas as paredes, revistou as janelas e nada.
Salguerito fazia sempre a mesma coisa: olhava para ele, latia e corria até a cozinha
para atirar-se ao pé do pilão. Até que um dia Floriano se foi, dizendo que nessa casa
não havia nenhum tesouro enterrado.
Mas um domingo, quando Ildefonsa estava socando milho no pilão da cozinha
para fazer pamonhas, seus pés esbarraram numa espécie de alça enterrada.
Intrigada, a mulher foi cavoucando e cavoucando com uma faca, até que apareceu
não apenas a alça completa, mas a boca de uma panela de ferro. Era exatamente
no lugar em que Salguerito costumava se enfiar para dormir e onde se atirava
sempre que Floriano vinha procurar o tesouro.
Surpresa, Ildefonsa foi correndo chamar a costureira.
– Veja – disse-lhe –, há uma panela enterrada aí embaixo.
Imediatamente as duas mulheres empurraram o pilão e zás-trás! Apareceu o
tesouro: uma panela repleta de moedas antigas de ouro e prata, joias e pedras
preciosas dos tempos coloniais. Estava logo ali, à flor da terra, junto à pedra de
moer.
Dizem que à meia-noite, depois de benzerem a casa, a costureira e Ildefonsa
saíram da cidade levando consigo não apenas o tesouro encontrado, mas também
Salguerito, o cãozinho judiado que lhes deu o sinal preciso de onde estava enterrado
o tesouro.
Nunca mais se soube deles.
Conto do Peru, versão de Rosa Cerna Guardia. Coletânea de contos de tradição oral. Contos de assombração. Co-edição
latino-americana. São Paulo: Ática, 1988, 4a ed.
Autor
Lugar
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Tempo
Personagem
Fato marcante
Salada de palavras
Preencha cada coluna com as palavras e expressões que estão de acordo com o
lugar descrito em cada conto.
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30ª Atividade
Descrevendo lugares
Agora que você já concluiu as listas na atividade anterior, elabore uma pequena
descrição da casa onde aconteceram os fatos narrados nesses contos. Você poderá
usar as palavras da lista ou empregar outras.
O tesouro enterrado
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O que aprendemos até aqui?
31ª Atividade
―Há muito tempo, numa noite sem lua, ia um homem por uma estrada deserta e
assombrosa. Nela havia um cemitério muito velho. Tão velho e maltratado que
algumas ossadas estavam até à mostra, dando ao lugar um aspecto assustador.‖
67
A expressão ―Há muito tempo‖ marca a época em que a história aconteceu.
―Numa noite sem lua‖ marca o momento em que a história começa.
Professor
- Locuções adverbiais Duas ou mais palavras com valor de advérbio, como "às
vezes", "em breve", "à noite", "à tarde", "de manhã", "de quando em quando".
- Conjunções Aquelas que dão a ideia de progressão na história que está sendo
contada, como "enquanto isso", "depois disso", "logo que", "assim que".
―Quando o homem passou pelo dito cemitério, avistou uma caveira quase à
beira do caminho. Teve uma ideia sem ver nem pra quê: resolveu testar sua
coragem diante do sobrenatural. Aproximou-se e, agachando-se, deu uma
pancadinha com o nó do dedo no crânio alvo, perguntando, em tom de brincadeira:‖
Observe que os verbos estão todos no tempo passado, para indicar que as
ações aconteceram em um momento anterior ao que estamos vivendo agora. Para
manter a coerência do texto e para que o leitor não se confunda, o autor mantém
todos os verbos ano passado.
Atividade
―Por aquilo o homem não esperava. Tomado pelo pavor, largou imediatamente o
macabro objeto e afastou-se impressionado com o que acontecera. Beliscou-se. Não
estava louco; nem sonhando. A caveira realmente havia falado. Tinha certeza
daquilo. Olhou para trás e a avistou. Parecia encará-lo com aqueles enormes
buracos escuros. Um arrepio percorreu lhe a espinha. Caminhou o resto da noite até
que, ao amanhecer, chegou a um lugarejo.‖
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32ª Atividade
―[...] por uma estrada deserta e assombrosa. Nela havia um cemitério muito velho
tão velho. Tão velho e maltratado que algumas ossadas estavam até à mostra
dando ao lugar um aspecto assustador.‖
Atividade
Retome a leitura indicada pelo seu(a) professor(a) e grife no texto as partes que
indicam e descrevem o lugar em que se passa a história.
Após esse momento, socialize com a turma as suas descobertas!
33ª Atividade
Descrevendo personagens
sua direção. Olhos vidrados, expressões furiosas nos rostos, andavam lentamente,
como uma turba de mortos-vivos. Pegavam o que podiam no chão: paus, pedras,
enganador.‖
34ª Atividade
69
Leia o trecho do texto abaixo:
Encurtando caminho
Ângela Lago. Sete histórias para sacudir o esqueleto. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2008.
35ª Atividade
Produção Final
70
Para iniciar, leia o trecho inicial do conto:
―Meia noite, cansado e com sono, lá estava eu, andando pelas ruas sujas e
desertas dessa cidade. Minhas únicas companhias eram a Lua e alguns animais de
vida noturna. Num canto havia um cão e um gato tentando encontrar alimentos,
revirando latas de lixo. Em outro ponto da rua, ratos entravam e saíam de um esgoto
próximo à padaria da esquina. Eu estava tentando lembrar por que havia saído tão
tarde do emprego, quando ouvi uns passos atrás de mim.‖
A partir desse trecho, observando o que ele traz e a sua criatividade,
responda às questões:
6. De que maneira ela se manifesta? Que problema ela causa? O que ela faz no
lugar e para as personagens?
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
71
Agora, anote os pontos principais que colocará no conto:
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
__________________________________________________________________
72
Escola:_________________________________________________________
Nome:__________________________________________________________
Data: _____/_____/___________
Título: _________________________________________
73
74
Após a escrita do conto de assombração, releia-o, observando se colocou
todos os aspectos indicados na planilha abaixo. Caso tenha esquecido de
algum item, revise o seu texto.
PLANILHA DE AUTOAVALIAÇÃO
75