A Constituição Do Corpo Do Doente Mental
A Constituição Do Corpo Do Doente Mental
A Constituição Do Corpo Do Doente Mental
1 INTRODUÇÃO
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Psicólogo, especialista em Psicologia Clínica e Mestrando em Serviço Social pelo Programa de Pós
Graduação em Serviço Social da UNESP - Universidade Estadual Paulista, campus de Franca/SP.
Contato: [email protected]
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Doutora pela PUCSP e Livre Docente pela UNESP. Docente do Departamento de Serviço Social e do
Programa de Pós Graduação em Serviço Social - UNESP. Universidade Estadual Paulista– Campus de
Franca. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Saúde, Qualidade de Vida e Relações de
Trabalho - QUAVISSS, GEMTSSS. Endereço eletrônico: [email protected]
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Foucault parece usar o termo 'corpo' para fugir da idéia de sujeito. Para o autor o sujeito não existe. Os
corpos são constituídos na trama histórica.
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mesmo projeto, onde os elementos se confundem, se misturam, se interferem e se
engendram mutuamente.
Foucault mostra que a figura da loucura foi capturada em diversas experiências,
e que fora percebida relacionada às mais diversas imagens em diferentes momentos
históricos, até tornar se esta figura estática que aparece hoje sob o signo da doença
mental. Esta é apenas uma etapa de um enredo maior no qual a loucura tem se
desenvolvido. Deste modo, como alerta Foucault, os elementos de uma psicopatologia
não podem ser organizadores dos estudos sobre a loucura, ou sobre a doença mental
porque assim projetaria verdades terminais onde o que deve acontecer é o entendimento
das tecnologias e de verdades que fizeram emergir o louco como doente em um
processo histórico.
Conforme Eribon, com a “História da loucura na Idade Clássica” (1978),
Foucault se propôs a “mostrar como se estabeleceu a divisão que no início do
racionalismo clássico apartou a loucura e como a teoria psiquiátrica inventou, modelou,
delimitou seu objeto: a doença mental” (FOUCAULT apud ERIBON, 1990, p.112).
A grande inovação de Foucault nesta obra foi buscar os saberes que torneavam a
loucura no momento do nascimento da psiquiatria, e que, de acordo com Foucault,
deram condições de possibilidade para o surgimento da psiquiatria como saber sobre a
loucura, e da loucura como objeto para esta. Segundo Machado (2006c), os saberes
deste entorno não são vistos como elementos de uma pré-história da ciência
psiquiátrica, que toma o saber psiquiátrico como evolução e finalização de
entendimentos mais grosseiros, e considera esta ciência médica como o
desenvolvimento linear a partir de precursores e origens. Sem fazer diferença entre
ciência e pré-ciência, Foucault estabelece relações entre os saberes, entendendo-os com
positividades específicas, positividades do que foi efetivamente enunciado, isto é sem
julgamentos de valor dados a partir de um saber superior, e a partir deles procura
entender a história da loucura e sua emergência como erro, como negativo da razão, da
norma, da verdade. Momento em que a loucura entra numa relação de absoluta inter-
referência com a psiquiatria, tornando se uma razão da outra, uma o porquê da outra.
Outra novidade metodológica inserida por Foucault nesta obra (1978), segundo o
que diz Machado (2006c), foi a condição de não se limitar ao nível do discurso para dar
conta da questão da formação histórica da psiquiatria. A análise centrou-se nos espaços
institucionais de controle da loucura, desde a Idade Clássica, revelando uma
heterogeneidade entre os discursos teóricos – sobretudo médicos – sobre a loucura e
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outros saberes que ali se põem a funcionar: saber médico, as práticas de internamento,
instâncias sociais como a política, a família, a Igreja, a justiça, etc. Foucault mostra
como a psiquiatria, em vez de ser quem descobriu a essência da loucura e a libertou, ou
humanizou os procedimentos na lida com ela, é a radicalização de um processo de
dominação da loucura que se iniciou antes pelas vias da reclusão. Dominação, mas
também constituição já que a loucura é aprisionada pelo saber médico que passa a dizer
sobre o que ela é: corpo doente. A doença mental vai-se viabilizando a partir das
demandas do universo social, de saberes, poderes, práticas e instituições que ao longo
da história tomam e torneiam o corpo da loucura, no processo de formação da sociedade
moderna.
Como aponta Dreyfus e Rabinow (1995), Foucault não quis contar a história do
progresso científico, mas entender como a psiquiatria, a medicina moderna e as ciências
humanas, tiveram suas origens em práticas de exclusão e internamento anteriores:
“Foucault as interpreta como representando um papel muito mais crucial na
especificação e na articulação da classificação e do controle dos seres humanos, do que
na revelação de uma verdade mais depurada.” (DREYFUS; RABINOW, 1995, p.5).
2 DESENVOLVIMENTO
Uma nova política assistencial começa a surgir: cabe assistir aos pobres, mas
em liberdade e tendo a família como base deste resguardo. O pobre é requisitado a ser
produtor-consumidor na sociedade capitalista, mas não o louco: este não só não se
enquadra no mundo do trabalho, como representa estorvo ou perigo à ordem, e deve
ser mantido à distância, sob constante vigilância.
Mas essa permanência do louco na reclusão traz um problema: a nova
sociedade industrial precisava dar garantias institucionais aos cidadãos, e o seqüestro e
enclausuramento de uma pessoa atenta contra o princípio da liberdade que está na
base desta organização social. Nesta sociedade pós-revolução industrial não pode
haver uma instância que arbitrariamente rapte o cidadão comum e o aprisione como
acontecia em relação ao Hospital Geral.
Segundo Castel (1978) se, sob o Antigo Regime o rei e o juiz legitimavam
demandas das famílias para a seqüestração do louco, interdição de seus bens e sua
internação, já para a sociedade contratual que se instaura, estas instâncias não dão
conta desse arbítrio. Suprimidas as ordens do rei; não sendo o louco um criminoso de
quem a jurisprudência pudesse se encarregar; e não podendo a família tomá-lo em seu
encargo fora do âmbito doméstico; resta o louco como uma brecha nos legalismos da
sociedade do contrato.
Na sociedade do contrato que se forma, segundo Castel (1978), cada cidadão é
soberano para efetivar os contratos junto a outros cidadãos, mas também é sujeitado às
regras contratuais cuja garantia é dada pelo Estado. Em uma economia de mercado cabe
ao Estado dar garantia e organizar a livre circulação dos homens paralela à circulação
dos bens, ou seja, a função do Estado se liga à própria garantia da estrutura contratual.
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No entanto algumas categorias de indivíduos escapam a essa concepção do direito
fundada pela sociedade contratual, entre elas a categoria dos loucos de toda sorte: o
louco resiste a entrar neste quadro contratual. No momento da instauração da sociedade
burguesa a loucura se mostra como lacuna, como oco, onde as leis que regem a
sociedade contratual não conseguem atingir.
À Psiquiatria caberá a resolução deste dilema, e esta nascente especialidade
médica transformará a negatividade do sequestro e da reclusão do louco, na
positividade da proteção e do tratamento.
É importante citar, como analisa Foucault (2006c, p. 193) que ao mesmo
tempo acontece um processo onde a saúde e o bem estar físico da população aparecem
como objetivos essenciais do poder político: a saúde deve ser de cada um e objetivo
geral. O século XVIII, devido ao grande crescimento demográfico do Ocidente
europeu, e a necessidade de integrar essa massa ao processo produtivo e controlá-la,
por mecanismos mais eficientes e menos dispendiosos, fez nascer uma tecnologia da
população onde o corpo é problematizado: a medicina ganha importância na interface
entre uma economia analítica da assistência e uma política geral da saúde. A medicina
– funcionando menos em torno da cura e remissão das doenças, e mais em função de
uma generalidade da idéia de saúde, que cada vez mais toma o corpo social como
lócus de sua prática, -- irá assumir um lugar cada vez mais importante nas estruturas
administrativas e de poder que no século XVIII surgem e se expandem.
Momento bastante propício para a medicina protagonizar o gesto que irá
requerer para si o corpo da loucura, principiando os atos de medicalização do espaço
da clausura. Ao final do século XVIII, influenciado pelo Iluminismo, Pinel adentra o
espaço da clausura em que restou o louco com a finalidade de humanizar este espaço.
Observe-se que além de Pinel havia Tuke, Esquirol, Willis, Cullen, Haslan Colombier,
Tenon, Chiarrugi, Daquin, espalhados por toda a Europa (CASTEL, 1978) -- e outros
logos os seguirão --, mas Pinel será lembrado principalmente pelo gesto teatral
protagonizado. Ele entra em cena, soltando as correntes, realizando a medicalização
do Hospital de Bicêtre em Paris quatro anos após a Revolução Francesa. Elabora uma
primeira nosografia das enfermidades mentais e cria o primeiro modelo de terapêutica,
o tratamento moral, consolidando deste modo o conceito de alienação mental e a
especialidade profissional do alienista.
Conforme Foucault (1978), se Pinel soltou as correntes da loucura aprisionada
no século XVII, foi para mais fortemente atá-la à condição negativa de doença mental,
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de patologia médica, e atrelá-la definitivamente ao espaço da exclusão. Com o
tratamento moral o médico se torna o ordenador não só da vida do paciente, mas
também agente da ordem social, da moral dominante.
Mas a idéia de humanização a qual a loucura é atrelada neste primeiro momento
do alienismo não é gratuita. Para Castel, antes que a medicina estivesse pronta para
receber o mandato da loucura, coube à filantropia a instauração de uma subordinação
regulada lá onde os legalismos não conseguem chegar. No alienismo até por volta de
1860, quando a loucura vem a ser capturada em uma racionalidade médica, o que
prevalece é humanismo ou paternalismo: “A piedade indica o lugar da lei lá onde a lei
não pode se manifestar sob sua forma própria.” (CASTEL, 1978, p. 44).
Para Castel (1978, p.44) o humanismo filantrópico que caracterizou os primeiros
momentos do movimento alienista é o auxiliar do jurisdicismo um recurso nas
situações-limites onde o direito de punir não pode se exercer. Aos incapazes de
estabelecer intercâmbios racionais na sociedade contratual a filantropia conduziu à
condição de tutelados.
Por essa razão a questão da loucura se revestiu de importância capital no fim
do século XVIII e no início do século XIX. Ela se situou no centro de uma
contradição insolúvel para a nova ordem jurídica que se instaurava.
Aparentemente, a loucura não deveria constituir um grande problema social
já que vários outros problemas eram mais importantes e mais urgentes: a
mendicância, a vagabundagem, o pauperismo, os menores abandonados, os
doentes indigentes, etc., constituem, como já dissemos, populações
infinitamente mais numerosas e em grande parte, igualmente perigosas.
Contudo, os alienados ‘beneficiaram-se’ do primeiro encargo sistemático,
reconhecido como direito e sancionado por uma lei que antecipa toda a
‘legislação social’ que virá cinquenta anos depois. Não se compreenderia esta
originalidade se não a situássemos na linha divisória de uma problemática
fundamental para a sociedade burguesa nascente. Sobre a questão da loucura
por intermédio de sua medicalização, inventou-se um novo estatuto de tutela
essencial para o funcionamento de uma sociedade contratual (CASTEL,
1978, p. 34, grifo do autor).
3 Conclusão
Foi o enclausuramento da loucura que deu a possibilidade do nascimento da
Psiquiatria: o manicômio nasceu antes da psiquiatria, é um a priori desta, e de sua
relação com a loucura. Conforme Machado (1981, p. 74) a prática e o saber médicos
que definem o louco como doente mental, não estão na origem, mas no fim desse
processo; e as transformações institucionais e a percepção ou a consciência pré-
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psiquiátrica da loucura que se formula em termos taxonômicos, sociais e políticos
foram as condições de possibilidade da psiquiatria.
A negatividade do sequestro e da ação restritiva da liberdade ganharam
legitimidade por meio do seu reconhecimento como recurso terapêutico. O nascente
saber Psiquiátrico, também se legitima aí, onde dá legitimidade a estas práticas,
tomando a loucura como objeto do seu saber, o manicômio como instrumento
terapêutico e o louco como doente mental. Tudo isto posto em função do controle
social no caminho da implantação de um sistema disciplinar instaurado para servir a
nascente sociedade capitalista.
A ruptura possibilita o nascimento da psiquiatria é anterior a ela: é a partir das
transformações na instituição asilar que suas condições de possibilidades nascem: o
projeto da medicina mental surge a partir de um processo de exclusão já em
andamento. “O deslocamento da problemática da desrazão para a da doença mental é
institucional, antes de ser teórico. O louco foi circunscrito, isolado, individualizado,
patologizado por problemas econômicos políticos e assistenciais e não por exame
médico” (MACHADO, 1981, p. 91).
A loucura emerge em uma experiência que se abre como condição de
possibilidades para a experiência que a constitui a partir de então como consciência
crítica, a qual põe em funcionamento um conjunto de práticas, de estratégias, de
técnicas de poder, de instituições e de saberes.
Partindo da idéia de incapacidade de auto-gerência do louco, pela defesa da
comunidade, e pela defesa do louco, a Psiquiatria reivindicará para si a loucura como
objeto de seu conhecimento. O saber psiquiátrico será reconhecido pelo Estado, pelas
instâncias jurídicas e familiares como aquele que diz sobre a loucura, e que justifica e
legitima o ato do sequestro e exclusão. Aprisionado na negação da norma, da razão e
da saúde, o louco é posto à margem da sociedade desde então, tendo como sua tutora,
domesticadora e sua polícia, a Psiquiatria.
A nova ordem cria novas instituições: orfanatos, casas de correção, e no fim do
século XVIII os hospitais vão se voltando especificamente para o tratamento dos
doentes. A medicina vai medicalizando esse lugar ao mesmo tempo em que vai se
configurando como um saber predominantemente hospitalar. Em meio a isto as
instituições manicomiais encontram o ambiente propício à sua rápida multiplicação.
A transformação dos hospitais é operacionalizada principalmente a partir do
modelo epistemológico das ciências naturais e, a partir de tecnologias de poder às quais
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Foucault denominou de disciplinas, entendendo por isto “esses métodos que permitem o
controle minucioso das operações do corpo, que realizam a operação constante de suas
forças e lhes impõem uma relação de docilidade-utilidade” (FOUCAULT, 2004b,
p.118).
Trata se de uma política do detalhe, uma microfísica do poder, implicada em
uma produção de saber, uma atuação constante sobre o minúsculo. As disciplinas
operam a distribuição espacial, a categorização, o esquadrinhamento e o registro
contínuo dos indivíduos em função da vigilância e do controle de seus corpos.
A Época Clássica, segundo Foucault (2004, p.117) descobriu o corpo como
objeto e alvo do poder em uma escala jamais vista antes: o poder chega a cada corpo e
não mais à massa; é a coerção ininterrupta esquadrinhando o tempo, o espaço e os
movimentos de cada um; é a intenção clara de atingir a economia dos movimentos e sua
eficácia.
A psiquiatria e todo o campo ao qual ministra, se constituíram com a função
clara de legitimar o seqüestro e a exclusão dos marginalizados das sociedades
industrializadas, e torná-los dóceis por meio de instrumentos disciplinares. Toda a
aparelhagem que fez o entorno da loucura faz parte dessa tecnologia disciplinar que,
relacionada à explosão demográfica do século XVIII e ao aparecimento da sociedade
industrial, tenta ajustar a multiplicidade dos homens à multiplicidade dos aparelhos de
produção. Tecnologias que tornam o exercício do poder menos custoso, levados em seu
máximo de intensidade e estendidos o mais possível na malha social fazem crescer ao
mesmo tempo a docilidade e a utilidade de todos os elementos do sistema. Toda a
estrutura que se monta em torno da loucura no século XVIII visa reverter um estado: ali
onde o corpo do louco escapou ao sistema, ela o captura e através de amplos
instrumentos disciplinares realiza sobre ele uma ortopedia ou o exclui para longe de se
tornar um estorvo ao processo produtivo.
REFERÊNCIAS
CASTEL, Robert. A ordem psiquiátrica: a idade de ouro do alienismo. Tradução de
Maria Thereza da Costa Albuquerque. Rio de Janeiro: Graal, 1978.
DREYFUS, Hubert L.; RABINOW, Paul. Michel Foucault: uma tragetória filosófica:
para além do estruturalismo e da hermenêutica. Tradução de Vera Portocarrero. Rio
de Janeiro: Forense Universitária, 1995.
ERIBON, Didier. Michel Foucault: 1926 – 1984. Tradução de Hildegard Feist. São
Paulo: Companhia das Letras, 1990.
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Michel Foucault e seus contemporâneos. Tradução de Lucy Magalhães. Rio de
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______. Estratégia, poder-saber. Organização e seleção de textos de Manuel Barros
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MACHADO, Roberto. Ciência e saber: a trajetória da arqueologia de Foucault. 2. ed.
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Paulo: Paz e Terra, 2006c.