Elaboração e Preparação Das Demonstrações Financeiras
Elaboração e Preparação Das Demonstrações Financeiras
Elaboração e Preparação Das Demonstrações Financeiras
FORMAÇÃO
SNC-AP: Elaboração
e preparação das
demonstrações
financeiras
FICHA TÉCNICA
Não é permitida a utilização deste Manual, para qualquer outro fim que não
o indicado, sem autorização prévia e por escrito da Ordem dos Contabilistas
Certificados, entidade que detém os direitos de autor.
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ÍNDICE
Objetivos, competências a adquirir e programa ........................................................................ 4
MÓDULO I................................................................................................................................... 6
1. Introdução ........................................................................................................................... 6
2. A prestação de contas nas entidades sujeitas ao SNC-AP ................................................ 15
2.1 Entidade de reporte................................................................................................... 15
2.2 Contexto da prestação de contas .............................................................................. 16
2.3 O relato financeiro de finalidade geral nas entidades públicas em Portugal ........... 20
2.4 Relato financeiro, transparência e accountability..................................................... 24
2.5 Auditoria do relato financeiro ................................................................................... 28
MÓDULO II................................................................................................................................ 31
3. As Demonstrações Financeiras de acordo com a NCP 1................................................... 31
3.1 Elementos e bases de apresentação das demonstrações financeiras ...................... 31
3.2 Principais componentes do conjunto das demonstrações financeiras ..................... 38
3.3 O Balanço ................................................................................................................... 39
3.3.1 Caracterização geral............................................................................................... 39
3.3.2 Comparação com o normativo anterior ................................................................ 45
3.4 A Demonstração dos Resultados por Naturezas ....................................................... 49
3.4.1 Caracterização geral............................................................................................... 49
3.4.2 Comparação com o normativo anterior ................................................................ 52
3.5 A Demonstração das Alterações no Património Liquido ........................................... 54
3.5.1 Caracterização geral............................................................................................... 54
3.5.2 Comparação com o normativo anterior ................................................................ 56
3.6 A Demonstração de Fluxos de Caixa ......................................................................... 56
3.6.1 Caracterização geral............................................................................................... 56
3.6.2 Comparação com o normativo anterior ................................................................ 61
3.7 O Anexo ..................................................................................................................... 62
3.7.1 Caracterização Geral .............................................................................................. 62
3.7.2 Comparação com o normativo anterior ................................................................ 63
MÓDULO III............................................................................................................................... 69
4. Caso prático ilustrativo ..................................................................................................... 69
Legislação e bibliografia ........................................................................................................... 78
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
2 – COMPETÊNCIAS:
Esta formação, dividida em três blocos formativos, dotará os CC dos conteúdos teóricos e
práticos suficientes sobre a temática em apreço, em prol duma correta aplicação do disposto
na NCP 1 – Estrutura e Conteúdo das Demonstrações Financeiras, para a preparação das
contas individuais e do relato financeiro das entidades públicas.
3 – PROGRAMA:
• MÓDULO I
1. Introdução
2. A prestação de contas nas entidades sujeitas ao SNC-AP
2.1 Entidade de reporte
2.2 Contexto da prestação de contas
2.3 O relato financeiro de finalidade geral nas entidades públicas em Portugal
2.4 Relato financeiro, transparência e accountability
2.5 Auditoria do relato financeiro
• MÓDULO II
3. As Demonstrações Financeiras de acordo com a NCP 1
3.1 Elementos e bases de apresentação das demonstrações financeiras
3.2 Principais componentes do conjunto das demonstrações financeiras
3.3 O Balanço
3.3.1 Caracterização geral
3.3.2 Comparação com o normativo anterior
3.4 A Demonstração dos Resultados
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• MÓDULO III
4. Caso prático ilustrativo
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
MÓDULO I
1. Introdução
O novo Sistema de Normalização Contabilística para as Administrações Públicas (SNC-AP),
aprovado pelo Decreto-lei nº 192/2015, de 11 de setembro, constitui um dos marcos mais
importantes da reforma da contabilidade pública em Portugal nas últimas décadas.
A reforma, que se pode afirmar, começou em 1990 com a Lei de Bases da Contabilidade
Pública (Lei nº8/90, de 20 de fevereiro), tendo culminado com a aprovação do Plano Oficial
de Contabilidade Pública (POCP) em 1997 (Decreto-lei nº 232/97, de 3 de setembro),
constituiu sem dúvida um passo fundamental para a contabilidade pública do nosso país.
Nessa fase, as inovações consistiram fundamentalmente na introdução da contabilidade
patrimonial em regime de acréscimo e digráfica, em complemento à contabilidade orçamental
em regime de caixa unigráfica e numa aproximação ao sistema de contabilidade empresarial
(então assente no Plano Oficial de Contabilidade), contribuindo assim para uma harmonização
dos sistemas contabilísticos público e privado, dentro da corrente da Nova Gestão Financeira
Pública.
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Quadro 1 – que resume os principais ajustamentos a efetuar ao balanço final do último ano
de aplicação do normativo anterior (designadamente em sede de POCP ou planos setoriais).
Valores
conforme Critério de SNC-AP
Reconhe- Desreco- Imparidades Reclassifi-
RUBRICAS DO BALANÇO normativo mensura- Outros Retificações 01/01/N
cimento nhecimento /reversões cações
(1) anterior ção (7) (8) (10)=
(3) (4) (6) (9)
31/12/N-1 (5) (2)+…+(9)
(2)
ATIVO
ATIVO NÃO CORRENTE
Ativos fixos tangíveis
Propriedades de investimento
Ativos intangíveis
Ativos biológicos
Investimentos financeiros
Devedores por empréstimos bonificados e subsídios
reembolsáveis
Acionistas/sócios/associados
Outros ativos financeiros
Ativos não correntes detidos para venda
Ativos por impostos diferidos
Sub total
ATIVO CORRENTE
Inventários
Ativos biológicos
Devedores por transferências e subsídios não
reembolsáveis
Devedores por empréstimos bonificados e subsídios
reembolsáveis obtidos
Clientes, contribuintes e utentes
Estado e outros entes públicos
Acionistas/sócios/associados
Outras contas a receber
Diferimentos
Ativos financeiros detidos para negociação
Outros ativos financeiros
Caixa e depósitos
Sub total
TOTAL DO ATIVO
Valores
conforme Critério de SNC-AP
Reconhe- Desreco- Imparidades Reclassifi-
RUBRICAS DO BALANÇO normativo mensura- Outros Retificações 01/01/N
cimento nhecimento /reversões cações
(1) anterior ção (7) (8) (10)=
(3) (4) (6) (9)
31/12/N-1 (5) (2)+…+(9)
(2)
PATRIMÓNIO LÍQUIDO
Patrim ónio/Capital
Ações (quotas ) próprias
Outros ins trum entos de capital próprio
Prém ios de em is s ão
Res ervas
Res ultados trans itados
Ajus tam entos em ativos financeiros
Excedentes de revalorização
Outras variações no patrim ónio líquido
Res ultado líquido do período
Dividendos antecipados
Interes s es que não controlam
TOTAL DO PATRIMÓNIO LÍQUIDO
PASSIVO
PASSIVO NÃO CORRENTE
Provis ões
Financiam entos obtidos
Fornecedores de inves tim entos
Res pons abilidades por benefícios pós -em prego
Pas s ivos por im pos tos diferidos
Outras contas a pagar
Sub total
PASSIVO CORRENTE
Credores por trans ferências e s ubs ídios não
reem bols áveis concedidos
Fornecedores
Adiantam entos de clientes , contribuintes e utentes
Es tado e outros entes públicos
Acionis tas /s ócios /as s ociados
Financiam entos obtidos
Fornecedores de inves tim entos
Outras contas a pagar
Diferim entos
Pas s ivos financeiros detidos para negociação
Outros pas s ivos financeiros
Sub total
TOTAL DO PASSIVO
TOTAL DO PAT. LÍQUIDO E DO PASSIVO
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Notas:
(1) Descrição idêntica ao modelo do Balanço do SNC-AP apresentado no apêndice à NCP 1.
(2) Referir em nota o normativo utilizado no ano anterior à primeira aplicação do SNC-AP
(POCP/POCAL/POC-MS/POC-Educação/POCISSSS/SNC ou outro).
(3) a (7) Ajustamentos que consistem em alterações nas rubricas do ativo e do passivo, resultantes de
alterações de políticas contabilísticas, com consequências no valor da rubrica de «Resultados
Transitados» do património líquido (alterações modificativas).
(3) Por exemplo, reconhecimento de ativos não correntes pela aplicação do conceito de ativo previsto na
estrutura conceptual, reconhecimento de certos passivos relativos a provisões, locações financeiras e
acordos de concessão de serviços.
(4) Por exemplo, despesas de investigação e desenvolvimento, bem como despesas relativas a alterações
de regulamentos e estatutos, que deixam de ser consideradas ativos intangíveis, passando a ser
considerados gastos.
(5) Por exemplo, uma propriedade de investimento antes mensurada ao custo e que pode passar para o
modelo do justo valor; ou inventários antes mensurados noutra fórmula de custeio que não o custo
médio ponderado.
(6) Por exemplo, reconhecimento, pela primeira vez, de perdas por imparidade em ativos fixos tangíveis
não geradores de caixa (e.g. bens de domínio público), quando a quantia recuperável do potencial de
serviço a eles associado, é inferior à respetiva quantia escriturada e a diferença é materialmente
relevante.
(7) Rubrica residual.
(8) Consistem em alterações às rubricas do balanço, com consequências no património líquido (alterações
modificativas), devido ao facto de certas transações não terem sido devidamente registadas no sistema
contabilístico anterior. Por exemplo, ativos fixos antes ainda não reconhecidos.
(9) Consistem em alterações de classificação de rubricas, podendo ser permutativas (provocando alteração
de classificação no mesmo agregado) ou modificativas (implicando alteração do valor do património
líquido). Um exemplo das primeiras pode ser uma reclassificação de um investimento num imóvel antes
classificado como investimento financeiro e que, à luz do SNC-AP, passam a propriedade de
investimento. Outro exemplo pode ser a reclassificação dos bens de domínio público, antes numa
rúbrica própria e que, à luz do SNC-AP, integram os ativos fixos tangíveis.
Exemplo das segundas é a reclassificação das transferências e subsídios de capital para investimentos
depreciáveis, registadas nos normativos anteriores como proveitos diferidos no passivo, para outras
variações no património líquido (transferências e subsídios de capital). Esta reclassificação acontece
apenas para as transferências e subsídios que, de acordo com a NCP 14, sejam transferências sem
condições ou já tenham cumprido as condições para poderem ser reconhecidos como rendimento.
(10) Corresponde aos valores a inscrever no balanço de abertura (01/01/N, sendo N o primeiro ano de
aplicação do SNC-AP).
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
De entre esses princípios, destacam-se os seguintes, por se entender que terão mais impacto
nos julgamentos requeridos e nas práticas dos profissionais, bem como na informação
relatada:
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• PRUDÊNCIA – apesar de este princípio estar explícito em sede de POCP (ponto 3),
poder-se-á afirmar que a sua importância tem sido relativamente mais reduzida do
que a de outros princípios, não obstante a prevalência do custo histórico como critério
de valorimetria e a possibilidade de constituição de provisões para depreciação de
existências, cobranças duvidosas e outros riscos e encargos. Porém, a análise e
reflexão dos riscos e incertezas nas contas e o uso de estimativas fiáveis para a
mensuração de certos fenómenos, pode dizer-se que não tem sido uma prática comum
em muitas entidades públicas. Adicionalmente, a prática de amortizações
extraordinárias nos elementos do ativo imobilizado, embora admitida, não ocorre.
Em contexto de SNC-AP, novamente associado à característica qualitativa da
Fiabilidade, a avaliação dos riscos e incertezas com que a entidades se depara, com o
objetivos de os refletir nas demonstrações financeiras, e o uso de estimativas fiáveis
para a mensuração de certas transações, passam a ser práticas correntes nas entidades
públicas, exigindo, mais uma vez, do profissional que aplica as NCP um alerta constante
para estes casos. Transações que, até ao momento, apenas poderiam ser
excecionalmente consideradas, devem, com o SNC-AP, vir a ser regra; por exemplo, a
avaliação de possíveis perdas de valor em ativos fixos tangíveis (perdas por
imparidades), ou a análise do cumprimento de condições e restrições associadas a um
subsídio obtido.
O parágrafo §56 da Estrutura Concetual refere a propósito que “A informação
apresentada [nas] demonstrações financeiras inclui muitas vezes estimativas que
incorporam julgamentos. Para que tais fenómenos possam ser representados com
fiabilidade, as estimativas devem basear-se em dados apropriados os quais devem
refletir a melhor informação disponível usando a máxima cautela”.
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O SNC-AP, por ser um sistema em que se verifica a “prevalência de princípios sobre regras”,
como se depreende do referido acima, vai exigir dos profissionais juízos de valor (julgamento
profissional) aquando da aplicação das NCP, nomeadamente:
• Na avaliação de riscos e incertezas – responsabilidades contingentes (e.g. provisões,
etc…), incluindo a escolha de métodos para avaliação da quantia recuperável do ativo
ou da quantia recuperável do serviço; e imparidades;
• Avaliação da redução/reversão de riscos e incertezas (reversão de provisões e perdas
por imparidade);
• Análise de acordos de concessão e cedências de ativos – escolha do modelo adequado
ao contrato;
• Escolha de critérios de mensuração mais adequados, dentro do permitido pelas NCP;
• Seleção de opções dentro das NCP, quando tal é requerido;
• …
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Assim sendo, o enfoque deste manual e desta formação são as demonstrações financeiras do
regime geral do SNC-AP, em particular a NCP 1 – Estrutura e Conteúdo das Demonstrações
Financeiras.
A entrada em vigor do SNC-AP, inicialmente prevista para o dia 1 de janeiro de 2017, foi
alterada para o dia 1 de janeiro de 2018, conforme disposto no art.º 18º do Decreto-Lei n.º
85/2016 de 21 de dezembro, dispondo ainda o mesmo Decreto-Lei, que “durante o ano de
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Daqui por diante, este manual encontra-se organizado da forma que se passa a descrever.
Na continuação deste Módulo I, o Capítulo 2 aborda a prestação de contas em SNC-AP de uma
forma geral e enquadradora, nomeadamente referindo o que se entende por entidade de
reporte, o contexto do reporte orçamental e financeiro, as componentes do relato, associando
ainda o relato com os aspetos da transparência financeira e accountability das entidades
públicas e com os tipos de auditoria a que o relato financeiro (incluindo demonstrações
orçamentais) está sujeito.
O Módulo II (Capítulo 3) iniciará com uma breve introdução às bases de apresentação das
demonstrações financeiras, com referências aos seus elementos e respetivos critérios de
reconhecimento e mensuração, passando depois à descrição dos seus conteúdos,
particularizando cada demonstração financeira, numa abordagem, sempre que possível,
comparativa com o anterior normativo, designadamente com o POCP.
O Módulo III (Capítulo 4) apresenta, a título complementar e não objeto para avaliação, um
caso ilustrativo, a partir de um balancete de verificação de uma entidade sujeita ao regime
geral do SNC-AP.
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Em muitas jurisdições, entre as quais em Portugal, o Estado, entidade soberana, que vai para
além Governo Central, não tem sido considerado entidade de reporte em termos de
contabilidade financeira. Com efeito, até ao momento, o Orçamento do Estado e a Conta Geral
do Estado são preparados em regime de caixa, pelo que «o Estado» tem reportado apenas em
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Neste contexto, foi então legalmente criada a Entidade Contabilística Estado (ECE), através da
nova Lei de Enquadramento Orçamental – LEO (Lei n.º 151/2015, de 11 de setembro). A ECE
consiste assim numa entidade de relato sem personalidade jurídica própria, prevista no artigo
3.º da LEO. Nesta entidade serão registadas transações e outros eventos que se reportem ao
Estado Português, enquanto ente soberano, em que diversas entidades públicas atuam por
sua conta e nome (como são o caso da Autoridade Tributária e Aduaneira, a Direção-Geral do
Orçamento, a Direção-Geral do Tesouro e Finanças ou a Agência para a Gestão da Tesouraria
e da Dívida Pública). A ECE passará a executar uma contabilidade orçamental (terá um
orçamento que será objeto de execução, conforme artigo 49.º da LEO), e uma contabilidade
financeira, reconhecendo as transações e outros eventos nos termos do SNC-AP, bem como
prestará contas nos termos do artigo 65.º da LEO (comportando demonstrações de relato
orçamental, mas também demonstrações financeiras).
Tendo presente o acima referido, o enfoque deste manual é na entidade que reporta contas
individuais (NCP 1), pelo que não serão abordados procedimentos de preparação de contas
consolidadas (âmbito das NCP 21 à NCP 24), nem de relato por segmentos (âmbito da NCP
25).
Os objetivos do relato financeiro no setor público, que no contexto deste manual, entende-se
como as contas anuais individuais de uma entidade pública de reporte, prendem-se com
proporcionar informação sobre a entidade que seja útil para um conjunto diversificado de
utilizadores das demonstrações financeiras.
Esta informação é tanto mais útil quanto mais satisfizer as necessidades desses utilizadores
que, de um modo geral, se agrupam em necessidades de informação para efeitos de
responsabilização pela prestação de contas (accountability) e necessidades de informação
para tomada de decisões (Estrutura Concetual, parágrafos §§21-22).
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
prepare informação para satisfação das suas necessidades específicas. Daqui deriva a
designação de «relato financeiro de finalidade geral» ou «demonstrações financeiras de
finalidade geral».
1 International Public Sector Accounting Standards Board (IPSASB), entidade de âmbito internacional, responsável pela
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
questionar se muitos deles, sobretudo os que usam a informação apenas num contexto de
prestação de responsabilidades (como sejam os cidadãos em geral), em vez de utilizadores,
não serão apenas “destinatários” do relato financeiro das entidades públicas.
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Autoridades Estatísticas
Organismos internacionais (de
Nacionais
supervisão, controlo e
estatísticos)
(e.g. UE, Eurostat, FMI,…)
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O relato individual de uma entidade pública no âmbito do regime geral do SNC-AP (bem como
o de uma pequena entidade)2 comporta assim as seguintes componentes:
ORÇAMENTAL
• Demonstração de execução orçamental da receita
• Demonstração de execução orçamental da despesa
• Demonstração do desempenho orçamental
• Demonstração da execução do Plano Plurianual de Investimentos (PPI)
• Anexo às demonstrações orçamentais
FINANCEIRA
2 A exceção ocorre no âmbito das microentidades que, como referido, apenas comportam a componente orçamental.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Balanço
• Demonstração dos Resultados por Naturezas
• Demonstração das Alterações no Património Líquido
• Demonstração de Fluxos de Caixa
• Anexo às demonstrações financeiras
DA CONTABILIDADE DE GESTÃO (mapas recomendados no Manual de Implementação do SNC-
AP, versão 2)
• Demonstração dos resultados por funções
• Demonstração dos resultados por produtos vendidos ou serviços prestados no período
• Demonstração dos custos por atividades, incluindo informação da subactividade e das
bases de repartição
• Demonstração dos gastos de produção por produtos e serviços finais, incluindo desvios
• Demonstração dos rendimentos e gastos ambientais
• Demonstração dos rendimentos gerais e gastos não incorporados
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No que concerne aos fluxos de caixa do período, esta informação deverá ajudar os utilizadores
a avaliar também o desempenho financeiro da entidade, bem como a sua liquidez e
solvabilidade, nomeadamente permitindo analisar de onde a entidade obteve o dinheiro e
onde o aplicou, indicando, por exemplo, como a entidade pública usou e reembolsou
financiamentos durante o período e se adquiriu ou alienou ativos fixos tangíveis (Estrutura
Concetual, parágrafo §34). Adicionalmente permite avaliar as necessidades de financiamento
futuras para que a entidade continue a concretizar os seus objetivos de prestação de serviços
públicos (pressuposto da continuidade).
Todavia, e porque, como referido, se reconhece que nem todas as necessidades dos
utilizadores do relato de uma entidade pública, se satisfazem apenas com estes tipos de
informação, é importante incluir informação complementar acerca da entidade,
designadamente sobre (Estrutura Concetual, parágrafo §35):
“a) Cumprimento dos orçamentos aprovados e outras determinações das autoridades
competentes que regulam as suas atividades;
b) As atividades prosseguidas durante o período de relato; e
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Finalmente, o relato financeiro público deve ser também complementado com informação
explicativa (ou narrativa), designadamente sobre os “…fatores mais importantes subjacentes
ao desempenho do serviço das entidades públicas no período de relato e os pressupostos que
suportam as expetativas sobre as suas atividades futuras, bem como os fatores que as
influenciam…” (Estrutura Concetual, parágrafo §43).
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Um Governo ou uma entidade pública pode ainda incluir no seu relato financeiro “…relatórios
sobre a necessidade e a sustentabilidade dos serviços existentes que podem influenciar os
orçamentos e os serviços prestados no futuro”, bem como “…relatórios sobre a atual e a
previsível situação económica, previsões orçamentais e informações sobre iniciativas políticas
governamentais, que não são relatadas nas demonstrações financeiras” (Estrutura Concetual,
parágrafo §44).
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
▪ Relacionamento
agente-principal
▪ Necessidades de
informação
derivadas da
opacidade das
entidades
públicas
I FI EI
u ga o o eta de toda a nformação orçamental e financeira
relevante, de uma forma sistemática e oportuna (e.g. relato financeiro de
finalidade geral online, nos ebsites oficiais das entidades)
3 Ver em https://transparencia.pt/itm/
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Em síntese, constata-se que o relato financeiro de finalidade geral do SNC-AP, com diferentes
componentes e de âmbito alargado, constitui um instrumento fundamental de reporte das
entidades públicas, melhorando a sua transparência e contribuindo para a accountability e
responsabilização dos políticos e gestores públicos em geral e, em última instância, para um
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Para além de auditoria interna4, uma entidade pública está sujeita a dois tipos genéricos de
auditorias externas – auditoria financeira e de regularidade, e auditoria de desempenho ou
performance. Embora tendam a ser distintos, baseando-se o primeiro tipo na verificação do
cumprimento de um conjunto de critérios, seguindo procedimentos pré-estabelecidos em
normas próprias de auditoria, estes dois tipos de auditoria externa tendem a estar
relacionados, porquanto o relato do auditor sobre a apresentação apropriada e a regularidade
financeira da informação, requer, cada vez mais, que se avalie a economia, eficiência e eficácia
das transações da entidade (Jones e Pendlebury, 2010). Não obstante, a auditoria externa a
que está sujeito o relato financeiro de finalidade geral de uma entidade pública é um tipo de
auditoria financeira e de regularidade.
A auditoria do relato financeiro de finalidade geral de uma entidade pública, em geral, visa
certificar a fiabilidade da informação relatada, designadamente assegurando que esta (Jones
e Pendlebury, 2010):
• Constitui uma apresentação apropriada da realidade financeira da entidade (e.g.,
contrariando o sobre ou a subestimação de determinadas grandezas nas demonstrações
do relato);
• Cumpre princípios de regularidade financeira e legalidade (e.g., conformidade das
transações com a lei, nomeadamente com o orçamento; combate à fraude e à corrupção).
4Veja-se a este propósito, as exigências e função do Sistema de Controlo Interno de uma entidade pública, referido no art.º
9º do Decreto-lei n.º 192/2015, de 11 de setembro, que aprovou o SNC-AP.
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A auditoria financeira consiste na auditoria das demonstrações que fazem parte do relato
financeiro, devendo o relatório do auditor (normalmente designado de «opinião do auditor»),
que acompanha as contas, explicar se tal relato, nomeadamente as demonstrações que o
constituem, apresentam apropriadamente o que é suposto que apresentem e se encontram
em conformidade com as normas a que deve obedecer a preparação do relato. Neste tipo de
auditoria, os auditores devem revelar se a informação contida no relato financeiro de
finalidade geral de uma entidade pública é fiável ou não, evidenciando (com reservas ou
ênfases no relatório do auditor) porque é que tal informação não pode ser confiável (Jones e
Pendlebury, 2010; Van Helden e Hodges, 2015).
Este tipo de auditoria às contas de uma entidade pública acontece pelo menos uma vez por
ano, depois de aprovadas pelo órgão executivo e antes de serem submetidas ao órgão
deliberativo – é a chamada «certificação legal de contas”.
Em Portugal, para as entidades sujeitas ao regime geral do SNC-AP (ver art.º 10.º do Decreto-
lei n.º 192/2015, de 11 de setembro), este tipo de auditoria deve certificar a conformidade
das contas da entidade, referentes a um dado período, com as NCPs, designadamente
referindo-se ao registo das transações da entidade nesse período, e se as orientações e
requisitos para o seu reconhecimento, mensuração e divulgação foram apropriadamente
aplicados e seguidos, no contexto específico daquela entidade. Encontra-se regulada no novo
Estatuto da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas, aprovado pela Lei n.º 140/2015, de 7 de
setembro. Nos termos do art.º 45.º deste diploma legal, entre outros elementos, a certificação
legal de contas deve incluir (n.º 2, alínea c)) “(…) uma opinião de auditoria, que pode ser
emitida com ou sem reservas, ou constituir uma opinião adversa, e apresentar claramente a
opinião do revisor oficial de contas ou da sociedade de revisores oficiais de contas sobre:
i) Se as contas dão uma imagem verdadeira e apropriada, de acordo com a estrutura de
relato financeiro aplicável; e
ii) Se for caso disso, se as contas cumprem os requisitos legais aplicáveis”.
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Consequentemente, a confiança dos cidadãos nos números das contas públicas – e portanto
nos políticos e gestores públicos, enquanto decisores de topo acerca dos recursos públicos
que lhe são confiados – é aumentada pela auditoria e pelos auditores (ou diminuída, se
alguma falta de fiabilidade é evidenciada), assumindo aqui a auditoria externa um papel
crucial (Budding et al., 2015; Van Helden e Hodges, 2015). Contudo, os auditores externos
podem basear-se também em algum trabalho desenvolvido pelos auditores internos.
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
MÓDULO II
3. As Demonstrações Financeiras de acordo com a NCP 1
A posição financeira, mostrada no Balanço, implica que este apresente informação acerca dos
recursos e obrigações (ativos e passivos) da entidade, do relacionamento dos quais resulta o
seu património líquido à data de relato, que considera ainda possíveis contribuições para o
património líquido e distribuições do património líquido. Já o desempenho financeiro,
apresentado na Demonstração dos Resultados, deriva da diferença entre os rendimentos
obtidos e os gastos suportados pela entidade durante o período de relato. Finalmente, os
fluxos de caixa, apresentados na Demonstração dos Fluxos de Caixa, resumem os fluxos de
entrada e saída de dinheiro da entidade entre datas de relato.
31
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Elementos do Balanço
32
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
• Troca direta de um ativo por caixa ou equivalentes de caixa, ou por outros recursos.
O controlo sobre o recurso implica:
• A capacidade da entidade pública para utilizar o potencial de serviço ou os benefícios
económicos provenientes do recurso em causa; ou
• A capacidade da entidade pública em determinar a natureza e forma de utilização que
outras entidades fazem dos benefícios originados pelo recurso.
33
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A figura do proprietário do património líquido pode surgir sempre que uma entidade pública
contribui com recursos para que uma outra entidade inicie a sua atividade (e.g.,
reestruturações orgânicas da Administração Pública).
34
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A Estrutura Concetual contém diferentes bases de mensuração para ativos e passivos, as quais
se baseiam no custo histórico ou no valor corrente, podendo ser usados valores de entrada ou
valores de saída.
Para os ativos, os valores de entrada refletem essencialmente o custo de aquisição, enquanto
os valores de saída estão associados geralmente ao custo da venda.
Para os passivos, os valores de entrada refletem geralmente o valor da transação pela qual a
obrigação foi contraída, ou a quantia que a entidade pública estaria disposta a aceitar para
assumir um passivo. Os valores de saída referem-se à quantia necessária para o cumprimento
de uma obrigação, ou à quantia necessária para que a entidade pública se liberte da obrigação.
Algumas mensurações podem ser classificadas como observáveis em mercados ativos, abertos
e organizados (e.g., valor de mercado ou justo valor). Estas mensurações são mais facilmente
compreendidas e verificadas do que as mensurações não observáveis (e.g., o valor de uso, que
implica cálculos por parte da entidade); também representam de forma mais fidedigna o
fenómeno que está a ser mensurado.
35
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Figura 4 – Resumo das bases de mensuração propostas ela Estrutura Concetual do SNC-AP
Não obstante, não será exagerado afirmar que, na maioria das NCPs, pelo menos no
reconhecimento inicial, continua a haver uma prevalência do uso de critérios de custo
histórico.
36
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
37
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Do Capítulo 2 deste manual ficou explícito que o relato financeiro de uma entidade sujeita ao
regime geral do SNC-AP é composto por três conjuntos de demonstrações, associados aos três
subsistemas contabilísticos, dos quais a entidade deve reportar informação – demonstrações
orçamentais, demonstrações financeiras e demonstrações da contabilidade de custos.
Como referido também nos capítulos anteriores, este parágrafo aplica-se às entidades sujeitas
ao regime geral do SNC-AP e também às pequenas entidades sujeitas à NCP-PE.
De acordo com os parágrafos §§44-45 da NCP 1, estas demonstrações devem ser
apresentadas pelo menos anualmente, sendo que o período de relato coincidente com o ano
civil. Quando a data de relato de uma entidade muda (período mais longo ou mais curto do
que um ano, ou não coincidente com o ano civil), a entidade deve divulgar, além do período
coberto pelas demonstrações financeiros, o porquê e o facto de as quantias não serem
inteiramente comparáveis. Adicionalmente, pode ser exigido a uma entidade pública, ou ela
decidir, alterar a sua data de relato, por exemplo, para alinhar ou aproximar o ciclo do relato
com o ciclo orçamental.
38
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
resultados por natureza e demonstração dos fluxos de caixa, com o mesmo formato das
históricas, que devem ser aprovadas pelos órgãos de gestão competentes”.
POCP SNC-AP
• Balanço • Balanço
• Demonstração dos resultados por • Demonstração dos resultados por naturezas
naturezas • Demonstrações das alterações no património líquido
• Anexo às demonstrações financeiras • Demonstração dos fluxos de caixa
• Anexo às demonstrações financeiras
Como se observa, reiterando o que tem vindo a ser referido neste manual, com o SNC-AP o
relato financeiro de finalidade geral sai reforçado, desde logo na componente respeitante às
demonstrações financeiras, dado que se passam a preparar mais duas do que no POCP – a
Demonstração dos Fluxos de Caixa5 e a Demonstrações das Alterações no Património Líquido,
indicando portanto um alargamento da informação divulgada pelas entidades públicas.
Adicionalmente, o próprio Anexo, como se verá, exige muito mais divulgações do que as
exigidas no Anexo do POCP.
3.3 O Balanço
Como já diversas vezes referido neste manual, o Balanço, sendo uma das principais
componentes do relato financeiro de uma entidade pública sujeita ao SNC-AP (regime geral
ou pequena entidade), é a demonstração financeira que tem como objetivo proporcionar
informação sobre a posição financeira da entidade, evidenciada na diferença entre os seus
ativos e passivos numa determinada data de relato. Esta informação deve permitir aos
utilizadores identificar os recursos e as obrigações da entidade nessa data, possibilitando
também, considerando a apresentação de informação comparativa com o período anterior,
avaliar as alterações entretanto ocorridas.
5Note-te que, em sede de POCP, o Mapa de Fluxos de Caixa constituía parte da componente orçamental do relato das
entidades públicas,
39
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
As principais diferenças entre estes dois modelos de Balanço – modelo inserido na NCP 1 e
aprovado pelo Decreto-lei n.º 192/2015, de 11 de setembro, e modelo do Manual de
Implementação – encontram-se do lado do Ativo, e sobretudo no Ativo não corrente.
Estas alterações que se antecipam vir a acontecer, prendem-se com alguma proximidade
necessária ao modelo de Balanço do SNC, para facilitar as contas consolidadas, e ainda com o
facto de o SNC-AP ser, ele próprio, possível de ser aplicado a entidades empresariais,
nomeadamente Entidades Públicas Reclassificadas dentro do âmbito das Administrações
Públicas.
40
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
41
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Datas
Rubricas Notas
31/12/N 31/12/N-1
ATIVO
Ativo não corrente
Ativos fixos tangíveis
Propriedades de Investimento
Ativos Intangíveis
Ativos biológicos
Investimentos financeiros
Devedores por empréstimos bonificados e subsídios reembolsáveis
Acionistas/sócios/associados
Outros Ativos financeiros
Ativos não correntes detidos para venda
Ativos por impostos definidos
Ativo corrente
Inventários
Ativos biológicos
Devedores por transferências e subsídios não reembolsáveis
Devedores por empréstimos bonificados e subsídios reembolsáveis
Clientes, contribuintes e utentes
Estado e outros entes públicos
Acionistas/sócios/associados
Outras contas a receber
Diferimentos
Ativos financeiros detidos para negociação
Outros ativos financeiros
Ativos não correntes detidos para venda
Caixa e depósitos
TOTAL DO ATIVO
PATRIMÓNIO LÍQUIDO
Património/Capital
Ações (quotas) próprias
Outros instrumentos de capital próprio
Prémios de emissão
Reservas
Resultados transitados
Ajustamentos em ativos financeiros
Excedentes de revalorização
Outras variações no património líquido
Resultado líquido do período
Dividendos antecipados
Interesses que não controlam
TOTAL DO PATRIMÓNIO LÍQUIDO
PASSIVO
Passivo não corrente
Provisões
Financiamentos obtidos
Fornecedores de Imobilizado
Responsabilidades por benefícios pós-emprego
Passivos por impostos diferidos
Outras contas a pagar
Passivo corrente
Credores por transferências e subsídios não reembolsáveis concedidos
Fornecedores
Adiantamentos de clientes, contribuintes e utentes
Estado e outros entes públicos
Acionistas/sócios/associados
Financiamentos obtidos
Fornecedores de investimentos
Outras contas a pagar
Diferimentos
Passivos financeiros detidos para negociação
Outros passivos financeiros
TOTAL DO PASSIVO
TOTAL DO PATRIMÓNIO LÍQUIDO E PASSIVO
Quadro 5 – Modelo de Balanço conforme sugerido pelo Manual de Implementação do SNC-AP (versão 2)
42
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Uma das diferenças essenciais é a classificação dos elementos dos ativos e dos passivos, em
correntes e não correntes – aproximados aos que no anterior normativo eram designado,
respetivamente, de ativos “circulante” e “imobilizado”; e “dívidas a terceiros – curto prazo” e
“dívidas a terceiros – médio/longo prazo”.
Por exemplo, relativamente aos equivalentes a caixa (e.g. depósitos), se estiverem a servir de
garantia a passivos que são exigíveis a mais de 12 meses, também serão não correntes.
43
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Nesta caracterização geral do Balanço, importa referir que que o modelo sugerido na NCP 1 e
apresentado no Quadro 4 inclui a informação mínima que esta demonstração financeira deve
evidenciar (paragrafo §52). Todavia podem ser incluídos itens adicionais, títulos e subtotais,
desde que essa informação seja relevante para a compreensão da posição financeira da
entidade. A inclusão destes itens ou linhas adicionais deve ter em conta a respetiva
materialidade, natureza ou função, se revista de tal importância, que a sua desagregação se
torne essencial para uma melhor compreensão da posição financeira da entidade. Com o
mesmo propósito, podem também ser usadas descrições mais adequadas dos itens, desde
que evidenciem de forma mais adequada a natureza das transações subjacentes (parágrafo
§53). Por exemplo, se dentro dos ativos fixos tangíveis há elementos mensurados ao custo e
outros para os quais entretanto foi autorizada revalorização, pode justificar-se a apresentar
os ativos reavaliados noutra linha. Outro exemplo decorre da aplicação da NCP 4 – Acordos de
Concessão de Serviços: concedente, para os ativos fixos tangíveis (e.g. infraestruturas) em
concessão.
De acordo com o parágrafo §54, a apresentação de informação adicional, para além do que
se sugere do modelo apresentado na NCP 1, tem subjacente julgamentos profissionais, a fim
de se considerar: (a) a natureza e liquidez do ativo; (b) as funções dos ativos dentro da
entidade; e (c) a quantia, natureza e prazos dos passivos.
44
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O património líquido e respetivas alterações entre dois períodos devem são divulgados na
Demonstração das Alterações do Património Líquido, conforme adiante se evidenciará.
Neste ponto faz-se uma comparação com o normativo anterior, tendo como referência o
POCP, particularizando as rúbricas do conteúdo dos agregados do Balanço.
Com efeito, as diferenças já referidas como significativas, entre os modelos de Balaço SNC-AP
e POCP, são também observadas nas respetivas rúbricas, para cada uma das classes dos ativos
e dos passivos. Estas rúbricas, no POCP tinham correspondência quase direta com contas no
plano, apresentadas na coluna mais à esquerda do mapa; esta correspondência com as contas
do Plano de Contas Multidimensional, não é tão óbvia no Balanço da NCP 1.
Nos quadros que se seguem (Quadros 8 a 12), apresentam-se as principais contas que os
elementos do Balanço da NCP 1 contemplam, comparando com as contas estabelecidas no
normativo anterior (POCP). A comparação efetua-se considerando cada um dos agregados
principais do Balanço: ativo, passivo e património líquido e, dentro destes, para cada uma das
Classes de contas, conforme Plano de Contas Multidimensional (Anexo III ao Decreto-lei
n.º192/2015, de 11 de setembro).
ATIVO
SNC-AP POCP
Classe 1 – Meios Financeiros Líquidos Classe 1 – Disponibilidades
11 Caixa 11 Caixa
12 Depósitos à Ordem 12 Depósitos em Instituições Financeiras
13 Outros depósitos 13 Conta do Tesouro
14 Outros instrumentos financeiros a curto prazo ---
--- 15 Títulos Negociáveis
--- 18 Outras Aplicações de Tesouraria
--- 19 Provisões para Aplicações de Tesouraria
45
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ATIVO E PASSIVO
SNC-AP POCP
Classe 2 – Contas a receber e a pagar Classe 2 – Terceiros
20 Devedores e credores por transferências, ---
subsídios e empréstimos bonificados
21 Clientes, contribuintes e utentes 21 Clientes, contribuintes e utentes
22 Fornecedores 22 Fornecedores
23 Pessoal 23 Empréstimos obtidos
24 Estado e outros entes públicos 24 Estado e outros entes públicos
25 Financiamentos obtidos 25 Devedores e credores pela execução do
orçamento
26 Acionistas/sócios/associados 26 Outros devedores e credores
27 Outras contas a receber e a pagar 27 Acréscimos e diferimentos
28 Diferimentos 28 Empréstimos concedidos
29 Provisões 29 Provisões
6 CEDIC – Certificados Especiais de Dívida de Curto Prazo – Resolução do Conselho de Ministros n.º 71/99.
46
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ATIVO
SNC-AP POCP
Classe 3 – Inventários e ativos biológicos Classe3 – Existências
31 Compras 31 Compras
32 Mercadorias 32 Mercadorias
33 Matérias-primas, subsidiárias e de consumo 33 Produtos acabados e intermédios
34 Produtos acabados e intermédios 34 Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos
35 Subprodutos, desperdícios, resíduos e refugos 35 Produtos e trabalhos em curso
36 Produtos e trabalhos em curso 36 Matérias-primas, subsidiárias e de consumo
37 Ativos biológicos 37 Adiantamentos por conta de compras
38 Reclassificação e regularização de inventários e 38 Regularização de Existências
ativos biológicos
39 Adiantamentos por conta de compras 39 Provisões para depreciações de existências
No que concerne à Classe 3, destaca-se a conta «37 – Ativos biológicos», introduzida no SNC-
AP de forma a incorporar e explicitar os inventários deste tipo de ativos, conforme NCP 11 –
Agricultura, anteriormente não previstos no POCP. A serem reconhecidos em sede de POCP,
os ativos de caráter biológico poderiam estar incluídos nos imobilizados corpóreos ou nos
inventários, consoante fossem de produção ou de consumo, respetivamente.
Relacionado com este tipo de ativos, a conta 38 também viu o seu conteúdo adaptado,
designando-se no SNC-AP «38 – Reclassificações e regularização de inventários e ativos
biológicos»; note-se, porém, que esta conta 38, como é sabido, não aparece diretamente no
Balanço, mas os registos que ela abrange estão refletidos nas respetivas contas de stocks de
inventários e ativos biológicos.
47
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ATIVO
SNC-AP POCP
Classe 4 – Investimentos Classe 4 – Imobilizado
41 Investimentos financeiros 41 Investimentos financeiros
42 Propriedades de investimento 42 Imobilizações Corpóreas
43 Ativos fixos tangíveis 43 Imobilizações Incorpóreas
44 Ativos intangíveis 44 Imobilizações em curso
45 Investimentos em curso 45 Bens do domínio público
--- 48 Amortizações acumuladas
--- 49 Provisões para investimentos financeiros
PATRIMÓNIO LÍQUIDO
SNC-AP POCP
Classe 5 – Património, reservas e resultados Classe 5- Fundo Patrimonial
transitados
51 Património/Capital 51 Património
52 Ações (quotas) próprias ---
48
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A Classe 5, agora designada de Património, reservas e resultados transitados, mais uma vez
por aproximação ao plano de contas do SNC empresarial, substitui a o anteriormente
designado Fundo Patrimonial do POCP e planos setoriais. No mesmo sentido, incluem-se
contas próprias de empresas com capital social, dado que, como referido, o SNC-AP pode ser
aplicado a Entidades Públicas Reclassificadas, que podem ser empresas e, portanto, a nova
Classe 5 apresenta assim um desenvolvimento mais adequado às transações que estas
entidades podem efetuar.
A Demonstração dos Resultados por Naturezas tem como propósito proporcionar informação
sobre o desempenho financeiro de uma entidade, num dado período. Esta informação deve
permitir aos utilizadores avaliar se a entidade usou com eficiência e eficácia os fundos para
49
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
De acordo com o parágrafo §60 do SNC-AP, a NCP 1 requer que todos os itens de rendimentos
e gastos reconhecidos num determinado período, numa entidade pública sujeita ao SNC-AP
(regime geral ou pequenas entidades) sejam evidenciados na Demonstração dos Resultados
(por naturezas) desse período, exceto se outra NCP exigir que alguns itens sejam reconhecidos
diretamente no Património Líquido (Balanço).
Tal é o caso dos aumentos e diminuições de revalorizações de ativos (não correntes
financeiros e não financeiros) e também de algumas diferenças cambiais. A este respeito, este
parágrafo explicita: “Dado que é importante ter em consideração todos os itens de
rendimentos e de gastos ao avaliar as alterações da posição financeira de uma entidade entre
duas datas de relato, esta Norma [NCP 1] exige a apresentação de uma demonstração das
alterações no património líquido que ponha em evidência os rendimentos e os gastos totais
de uma entidade, incluindo os que são reconhecidos diretamente no património líquido”
[nosso realce]. Esta demonstração será abordada mais adiante neste manual.
50
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Quadro 13 – Modelo da Demonstração dos Resultados por Naturezas de acordo com a NCP 1 (SNC-AP)
Salienta-se que, conforme o parágrafo §62 da NCP 1, nas notas explicativas do Anexo,
relativamente à Demonstração dos Resultados, a entidade deve apresentar uma
subclassificação dos rendimentos e dos gastos, desagregada de forma a divulgar
apropriadamente a natureza das operações que dão origem aos rendimentos e a natureza dos
gastos suportados.
Este modelo da Demonstração dos Resultados por Natureza que, como referido segue o
modelo do SNC e, como tal, as normas internacionais, distingue-se consideravelmente do
modelo estabelecido no POCP, não só pelas designações das rúbricas, mas sobretudo pelos
aspetos que se passam a referir:
51
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
GASTOS
SNC-AP POCP
Classe 6 – Gastos Classe 6 – Custos e Perdas
60 Transferências e subsídios concedidos ---
61 Custo das mercadorias vendidas e das matérias 61 Custo das mercadorias vendidas e das matérias
consumidas consumidas
62 Fornecimentos e serviços externos 62 Fornecimentos e serviços externos
63 Gastos com o pessoal 63 Transferências correntes concedidas e prestações
sociais
64 Gastos de depreciação e de amortização 64 Custos com pessoal
65 Perdas por imparidade 65 Outros custos e perdas operacionais
66 Perdas por reduções de justo valor 66 Amortizações do exercício
67 Provisões do período 67 Provisões do exercício
68 Outros gastos e perdas 68 Custos e perdas financeiras
69 Gastos e perdas de financiamento 69 Custos e perdas extraordinárias
Como referido, no âmbito do SNC-AP, ao contrário do que acontece no POCP, não existem os
conceitos de gastos extraordinários, pelo que a conta 69 assume no SNC-AP um conteúdo
próximo do da conta 68 em POCP, os seja, gastos de financiamento.
Como tem vindo a ser referido e está explicado no preâmbulo do Plano de Contas
Multidimensional, às contas para operações típicas das administrações públicas atribuiu-se o
52
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
RENDIMENTOS
SNC-AP POCP
Classe 7 – Rendimentos Classe 7 – Proveitos e Ganhos
70 Impostos, contribuições e taxas ---
71 Vendas 71 Vendas e prestações de serviços
72 Prestações de serviços e concessões 72 Impostos e taxas
73 Variações nos inventários da produção 73 Proveitos suplementares
74 Trabalhos para a própria entidade 74 Transferências e subsídios correntes obtidos
75 Transferências e subsídios correntes obtidos 75 Trabalhos para a própria entidade
76 Reversões 76 Outros proveitos e ganhos operacionais
77 Ganhos por aumentos de justo valor ---
78 Outros rendimentos e ganhos 78 Proveitos e ganhos financeiros
79 Juros, dividendos e outros rendimentos similares 79 Proveitos e ganhos extraordinários
Em paralelo ao que acontece nos gastos, também por aproximação ao SNC empresarial,
criaram-se no SNC-AP contas para reversões de perdas por imparidades (conta 76) e para
ganhos por aumentos de justo valor (conta 77). As reversões de imparidades no POCP
poderiam constituir anulações de provisões para cobranças duvidosas, de provisões para
depreciação de existências, bem como reversões de amortizações extraordinárias nos ativos
imobilizados. Quanto aos ganhos de justo valor, não existiam, pois como referido o justo valor
não era um critério de mensuração admitido no POCP.
53
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Nas linhas da Demonstração dos Resultados por Naturezas, como se observa, as imparidades
aparecem apresentadas de forma compensada, tomando valor negativo (perdas líquidas),
quando a perda é maior que a reversão no período, ou valor positivo (ganhos líquidos) quando
a reversão é maior que a perda no período.
A mesma lógica de apresentação compensada aplica-se às provisões do período e aos
ganhos/perdas de justo valor.
RESULTADOS
SNC- AP POCP
Classe 8 – Resultados Classe 8 – Resultados
81 Resultado líquido do período 81 Resultados operacionais
--- 82 Resultados financeiros
--- 83 Resultados correntes
--- 84 Resultados extraordinários
--- ---
--- ---
--- ---
--- 88 Resultado líquido do exercício
89 Dividendos antecipados ---
O Património Líquido de uma entidade é o interesse residual dos seus ativos, depois de
deduzidos os passivos, mostrando, portanto, a sua posição financeira líquida numa dada data
de relato. Assim, importa aos utilizadores da informação financeira de uma entidade pública
54
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
perceber como se alterou esta posição financeira e o que causou tais alterações. As alterações
do património líquido de uma entidade pública, entre duas datas de relato, refletem o
aumento ou a diminuição dos respetivos ativos e passivos (parágrafo §66 da NCP 1); é
particularmente relevante perceber se essas alterações se deveram a políticas e
procedimentos internos à entidade, ou se se deveram a operações com detentores de capital.
O parágrafo §63 da NCP1 especifica que esta demonstração financeira deve evidenciar:
“(a) O resultado do período;
(b) Os rendimentos e os gastos do período que, como exigido por outras Normas, sejam
reconhecidos diretamente no património líquido;
(c) O total de rendimentos e de gastos do período (somatório de (a) e (b)), mostrando
separadamente as quantias totais atribuíveis aos proprietários da entidade que controla
e aos interesses minoritários; e
(d) Para cada componente do património líquido separadamente divulgado, os efeitos de
alterações em políticas contabilísticas e correções de erros reconhecidos de acordo com a NCP
2— Políticas Contabilísticas, Alterações em Estimativas Contabilísticas e Erros”.
O modelo que se apresenta no Quadro 17 compreende a informação mínima que deve ser
apresentada na face da Demonstração das Alterações no património Líquido (para as
entidades do regime geral do SNC-AP, pois para as entidades no âmbito da NCP-PE este
modelo é mais simplificado), bem como a respetiva ordem de apresentação (parágrafo §64
da NCP 1).
Quadro 17 – Modelo da Demonstração das Alterações no Património Líquido de acordo com a NCP 1 (SNC-
AP)
55
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Como é sumariado no parágrafo §67 desta Norma, “A alteração global no património líquido
durante um período representa a quantia total do resultado do período, outros rendimentos
e gastos reconhecidos diretamente como alterações no património líquido, e quaisquer
contribuições dos proprietários e distribuições aos mesmos, nessa qualidade” [sublinhado
nosso].
A NCP 1, nos parágrafos §70 a §110, define os principais requisitos a serem cumpridos na
elaboração da Demonstração de Fluxos de Caixa que, como tem vindo a ser referido neste
manual, deve ser preparada pelas entidades sujeitas ao regime geral do SNC-AP e também à
NCP-PE.
56
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Atividades Descrição
São atividades que resultam em alterações na dimensão e composição
Financiamento
do património líquido e nos empréstimos obtidos pela entidade.
São atividades relacionadas com a aquisição e a alienação de ativos de
Investimento longo prazo e de outros investimentos não incluídos em equivalentes de
caixa.
São as atividades da entidade que não sejam atividades de investimento
Operacionais
ou de financiamento.
Quadro 18 – Definição das Atividades na Demonstração de Fluxos de Caixa
57
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
58
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O parágrafo §86 estabelece que “uma entidade deve relatar separadamente as principais
categorias de recebimentos e pagamentos brutos de caixa provenientes de atividades de
investimento e de financiamento, exceto na medida em que os fluxos de caixa sejam relatados
numa base líquida”. Por sua vez, o parágrafo §87 explica que os fluxos de caixa provenientes
das atividades operacionais, de investimento e de financiamento relativos às seguintes
transações, podem ser divulgados numa base líquida:
“(a) Recebimentos e pagamentos feitos em nome de clientes, contribuintes ou beneficiários,
quando os fluxos de caixa reflitam a atividade da outra parte e não as da entidade; e
(b) Recebimentos e pagamentos relativos a itens em que a rotação é elevada, as quantias são
grandes, e as maturidades são curtas.”
Passa-se agora a explicitar os objetivos dos fluxos de caixa provenientes de cada uma das
categorias de atividades, bem como a exemplificar algumas das transações que fazem parte
de cada uma das classificações previstas na NCP 1 (Quadros 20 a 22).
Atividades
Descrição
Operacionais
Permitem conhecer em que medida as operações da entidade são financiadas
Objetivos gerais através de impostos (direta e indiretamente) ou através de recebimentos
provenientes de bens e serviços fornecidos pela entidade.
Os fluxos de caixa líquidos destas operações evidenciam a aptidão da entidade
manter a sua capacidade operacional, pagar as suas obrigações, pagar
Objetivos específicos
dividendos ou outras distribuições aos proprietários e efetuar novos
investimentos, sem recurso a fontes de financiamento externas à entidade.
▪ Recebimentos de impostos, taxas e multas
▪ Recebimento de vendas e prestação de serviços
▪ Recebimento de subsídios ou transferências e outras dotações ou
autorizações orçamentais atribuídas pelo Governo
▪ Recebimentos de royalties, honorários, comissões e outros rendimentos
▪ Pagamentos a outras entidades do setor público para financiar as suas
atividades operacionais (não inclui empréstimos)
▪ Pagamentos a fornecedores de bens e serviços
Exemplos
▪ Pagamentos a empregados
▪ Recebimentos e pagamentos de uma entidade seguradora, relativos a
prémios e indeminizações
▪ Pagamentos de impostos sobre a propriedade ou sobre o rendimento
▪ Recebimento e pagamentos referentes a contratos celebrados para
negociação ou comercialização
▪ Recebimentos ou pagamentos de operações descontinuadas
▪ Recebimentos ou pagamentos relativos à resolução de litígios
59
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Atividades de
Descrição
Investimento
Permitem conhecer a extensão das saídas de caixa para obtenção de recursos
Objetivos gerais
que contribuam para a prestação futura de serviços por parte da entidade.
Apenas as saídas de caixa que tenham reflexo num elemento do ativo no
Tipo de fluxos Balanço da entidade, podem ser classificadas como fluxos de caixa das
atividades de investimento.
▪ Pagamentos para a aquisição de ativos fixos tangíveis, intangíveis e outros
ativos de longo prazo (incluindo custos de desenvolvimento, capitalização
e trabalhos para a própria entidade)
▪ Recebimentos provenientes da venda de ativos fixos tangíveis, intangíveis
e outros ativos de longo prazo
▪ Pagamentos para adquirir instrumentos de capital próprio ou de dívida de
outras entidades e interesses em empreendimentos conjuntos
▪ Recebimentos provenientes da venda de instrumentos de capital próprio
ou de dívida de outras entidades e interesses em empreendimentos
Exemplos
conjuntos
▪ Adiantamentos e empréstimos feitos a outras entidades, que não sejam
feitos por uma instituição financeira pública
▪ Recebimentos de reembolsos de adiantamentos e empréstimos feitos a
outras entidades, que não sejam de uma instituição financeira pública
▪ Pagamentos e recebimentos relacionados com contratos de futuros,
contratos forward, contratos de opções e swaps, exceto se os mesmos
forem efeitos com propósitos de negociação (atividades operacionais), ou
os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento
Quadro 21 – Atividades de Investimento: objetivos e exemplos (parágrafo §82)
Atividades de
Descrição
Financiamento
Objetivos gerais Permitem avaliar os fluxos de caixa futuros a pagar a financiadores de capital
▪ Pagamento decorrentes da emissão de títulos dívida, empréstimos,
livranças, obrigações, hipotecas e outros empréstimos de curto ou
longo prazo
▪ Reembolsos de empréstimos obtidos
Exemplos
▪ Pagamentos efetuados por um locatário que impliquem uma redução
de um passivo ou de uma locação financeira existente, incluindo os
respetivos juros
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
3.7 O Anexo
3.7.1 Caracterização Geral
O que vulgarmente se designa de “Anexo” às demonstrações financeiras é, na realidade, um
conjunto de notas explicativas que complementam a ajudam a entender a informação contida
nas demais demonstrações financeiras.
Com efeito, estas notas explicativas têm como objetivo proporcionar informação adicional
relevante para os utilizadores, para cada uma das restantes demonstrações financeiras, com
o propósito de que aqueles possam melhor compreender a informação nelas contidas e a
possam utilizar (melhor) para efeitos de tomada de decisões e de accountability.
A apresentação das notas no Anexo do SNC-AP segue em geral a ordem as normas a que
respeitam as divulgações requeridas à entidade, pelo que cada entidade deverá seguir essa
sequência numérica atendendo às divulgações que lhe são exigidas, consequentes das NCPs
que lhe forem aplicáveis. Em resumo:
• Cada entidade deverá seguir a sequência numérica indicada na NCP 1 para o Anexo às
demais demonstrações financeiras, em conformidade com as divulgações que deva
efetuar;
• As notas relativamente às quais se considere não existir informação que justifique a sua
divulgação não serão utilizadas, devendo manter-se, contudo o número de ordem das que
forem utilizadas;
• Com vista a uma mais fácil divulgação, sempre que possível, a informação pode e deve ser
apresentada e sistematizada em quadros.
Finalmente, também de forma diversa (e até mais explícita) do que acontecia no POCP, cada
mapa das demais demonstrações financeiras – Balanço, Demonstração dos Resultados por
Naturezas, Demonstração das Alterações no Património Líquido e Demonstração de Fluxos de
62
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Caixa – contém uma coluna própria, onde a entidade deve indicar, à frente de cada rúbrica
em causa, o número da nota do Anexo onde se encontram as divulgações requeridas.
SNC-AP POCP
1 Identificação da entidade, período de relato 8.1 Caracterização da entidade
e referencial contabilístico
1.1. Identificação da entidade e período de 8.1.1 Identificação da entidade
relato
1.2 Referencial contabilístico e demonstrações 8.1.2 Legislação aplicável
financeiras
8.1.3 Estrutura organizacional efetiva
8.1.4 Descrição sumária das atividades
8.1.5 Recursos Humanos
8.1.6 Organização contabilística
8.1.7 Outra informação considerada relevante
Antes desta Nota 1 do Anexo, e apenas no primeiro relato em que aplicarem o SNC-AP,
devem as entidades apresentar divulgações transitórias precisamente sobre a adoção pela
primeira vez deste normativo, já que, ao contrário do que acontece no SNC empresarial, não
foi criada uma NCP que contenha orientações neste sentido.
Tais divulgações são sintetizadas no modelo de Anexo proposto na NCP 1, como as seguintes:
• Forma como a transição dos normativos anteriores para o SNC-AP afetou a posição
financeira, o desempenho financeiro e os fluxos de caixa relatados;
• Reconciliação do património líquido segundo os normativos anteriores com o património
líquido segundo as NCPs;
• Reconciliação do resultado relatado segundo os normativos anteriores, relativo ao último
período, com o resultado conforme as NCPs, para o mesmo período;
63
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
SNC-AP POCP
Divulgações requeridas segundo as NCPs 8.2. Notas ao Balanço e à Demonstração dos
Resultados
2 Principais políticas contabilísticas, alterações 8.2.1 Indicação e justificação das disposições do POCP
nas políticas contabilísticas e erros (NCP 2) que tenham sido derrogadas, devidamente justificadas e
respetivas implicações nas demonstrações financeiras
8.2.2 Indicação e comentário das contas do balanço e da
demonstração dos resultados com conteúdos não
comparáveis com os do exercício anterior
8.2.5 Medida em que o resultado do exercício é afetado
por valorimetrias diferentes das previstas no Capítulo 4
“Critérios de Valorimetria”
3 Ativos Intangíveis (NCP 3) 8.2.6 Comentários às contas «431 – Despesas de
instalação» e «4.3.2 – Despesas de investigação e de
desenvolvimento»
8.2.7 Movimentos ocorridos nas rubricas do imobilizado
(incorpóreo) e nas respetivas amortizações e provisões
(são sugeridos quadros específicos para o efeito)
8.2.8 Divulgação por cada uma das rubricas dos quadros
de: descrição do ativo imobilizado (incorpóreo), datas
de aquisição e de reavaliação, valores de aquisição ou
outro valor contabilístico e valores de reavaliação,
alienação, transferências e abates do ativo imobilizado
(incorpóreo), valores líquidos dos elementos ativo
imobilizado (incorpóreo)
8.2.10 Indicação dos diplomas legais nos quais foram
baseadas as reavaliações dos bens do imobilizado
(incorpóreo)
8.2.11 Modelo de quadro discriminativo das
reavaliações
4 Acordos de Concessão de Serviços: concedente ---
(NCP 4)
64
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SNC-AP POCP
Divulgações requeridas segundo as NCPs 8.2. Notas ao Balanço e à Demonstração dos
Resultados
5 Ativos Fixos Tangíveis (NCP 5) 8.2.7 Movimentos ocorridos nas rubricas do imobilizado
(corpóreo e bens de domínio público) e nas respetivas
amortizações e provisões (são sugeridos quadros
específicos para o efeito)
8.2.8 Divulgação por cada uma das rubricas dos quadros
de: descrição do ativo imobilizado (corpóreo e bens de
domínio público), indicação dos valores dos bens
adquiridos em estado de uso, datas de aquisição e de
reavaliação, valores de aquisição ou outro valor
contabilístico e valores de reavaliação, alienação,
transferências e abates do ativo imobilizado (corpóreo e
bens de domínio público), valores líquidos dos
elementos ativo imobilizado (corpóreo e bens de
domínio público)
8.2.9 Indicação dos custos incorridos respeitantes a
empréstimos obtidos para financiar imobilizações
(corpóreas e bens de domínio público), durante a
construção, e que tenham sido objeto de capitalização
8.2.10 Indicação dos diplomas legais nos quais foram
baseadas as reavaliações dos bens do imobilizado
(corpóreo)
8.2.11 Modelo de quadro discriminativo das
reavaliações
8.2.12 Divulgações diversas relativamente a
imobilizações corpóreas e em curso: valor global para
cada uma das contas em que se subdivide a Classe 4 e
discriminação dos custos financeiros capitalizados em
cada uma das rubricas discriminadas anteriormente
8.2.14 Relação dos bens que não foi possível valorizar,
indicando as respetivas justificações
8.2.15 Indicação dos bens de domínio público que não
foram objeto de amortização e quais as razões
6 Locações (NCP 6) 8.2.13 Indicação dos bens utilizados em regime de
locação financeira, indicando os respetivos valores
contabilísticos
7 Custos de Empréstimos obtidos (NCP 7) 8.2.9 Indicação dos custos incorridos respeitantes a
empréstimos obtidos para financiar imobilizações
(corpóreas e bens de domínio público), durante a
construção, e que tenham sido objeto de capitalização
8.2.25 Quantidade e valor nominal das obrigações e
outros títulos de dívida, indicando os direitos que
conferem
8 Propriedade de investimentos (NCP 8) 8.2.7 Movimentos ocorridos nas rubricas do imobilizado
(investimentos em imóveis) e nas respetivas
amortizações e provisões (são sugeridos quadros
específicos para o efeito)
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
SNC-AP POCP
Divulgações requeridas segundo as NCPs 8.2. Notas ao Balanço e à Demonstração dos
Resultados
8.2.8 Divulgação por cada uma das rubricas dos quadros
de: descrição do ativo imobilizado (investimentos em
imóveis), datas de aquisição e de reavaliação, valores de
aquisição ou outro valor contabilístico e valores de
reavaliação, alienação, transferências e abates do ativo
imobilizado (investimentos em imóveis), valores líquidos
dos elementos ativo imobilizado (investimentos em
imóveis)
9 Imparidade de Ativos (NCP 9) ---
10 Inventários (NCP 10) 8.2.22 Valores globais das existências que se encontram
fora da entidade
8.2. 23 Demonstração do custo das mercadorias
vendidas e das matérias consumidas, de acordo com
mapa especifico
8.2.34 Demonstração da variação da produção, de
acordo com mapa sugerido
11 Agricultura (NCP 11) ---
12 Contratos de Construção (NCP 12) 8.2.36 Desdobramento da conta 75 – Trabalhos para a
própria entidade, por rubricas da conta de imobilizado
13 Rendimentos de transações com 8.2.35 Repartição do valor das vendas líquidas e das
contraprestação (NCP 13) prestações de serviços registados na conta 71 – Vendas
e prestações de serviços, por atividades e por mercados
14 Rendimentos de transações sem ---
contraprestação (NCP 14)
15 Provisões, passivos contingentes e ativos 8.2.29 Descrição das responsabilidades da entidade por
contingentes (NCP 15) garantias prestadas, sugerindo um quadro específico
para o efeito
8.2.31 Desdobramento das contas de provisões
acumuladas e respetivos movimentos, de acordo com
quadro específico
16 Efeitos de alterações em taxa de câmbio (NCP 8.2.4 Cotações utilizadas para conversão, em moeda
16) portuguesa, das contas incluídas nas demonstrações
financeiras inicialmente expressas em moeda
estrangeira
17 Acontecimentos após a data de relato (NCP 17) ---
18 Instrumentos financeiros (NCP 18) 8.2.17 e 8.2.18 Relativamente a “Títulos negociáveis” e
“Outras Aplicações de Tesouraria” e “Outras aplicações
financeiras”, indicar a respetiva natureza, entidades,
quantidades, valores nominais e valores de balanço
8.2.18 e 8.2.20 Indicação global das diferenças
materialmente relevantes entre os valores de mercado
e os valores registados, no que respeita aos ativos
circulantes e justificação dessas diferenças
8.2. 21 Indicação e justificação das provisões
extraordinárias respeitantes a elementos do ativo
circulante
66
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
SNC-AP POCP
Divulgações requeridas segundo as NCPs 8.2. Notas ao Balanço e à Demonstração dos
Resultados
8.2.23 Valor global das dívidas de cobrança duvidosa
8.2.24 Valor global das dívidas ativas e passivas
respeitantes ao pessoal da entidade
8.2.27 e 8.2.28 Indicação das dívidas a terceiros a mais
de cinco anos e as que estejam cobertas por garantias
reais prestadas pela entidade
8.2.30 Indicação da diferença, quando registada no
ativo, entre o montante das dívidas a pagar e das
importâncias efetivamente arrecadadas (sugerido mapa
específico)
19 Benefícios dos empregados (NCP 19) 8.2.24 Valor global das dívidas ativas e passivas
respeitantes ao pessoal da entidade
20 Divulgações de partes relacionadas (NCP 20) 8.2.16 Designação e sede das entidades participadas,
indicando a parcela detida, capitais próprios ou
equivalente e o resultado do último exercício de cada
uma das entidades
21 Relato por segmentos (NCP 25) 8.2.35 Repartição do valor das vendas líquidas e das
prestações de serviços registados na conta 71 – Vendas
e prestações de serviços, por atividades e por mercados
22 Interesses em outras entidades (IPSAS 38) 8.2.16 Designação e sede das entidades participadas,
indicando a parcela detida, capitais próprios ou
equivalente e o resultado do último exercício de cada
uma das entidades
--- 8.2.26 Discriminação das dívidas incluídas na conta
“Estado e Outros entes públicos” em situação de mora
Divulgações relativas à Demonstração das 8.2. 32 Explicitação e justificação de cada um dos
Alterações no Património Líquido movimentos registados nas contas da “Classe 5 – Fundo
patrimonial”
Divulgações relativas à Demonstração dos 8.2.37 Demonstração dos resultados financeiros,
Resultados conforme mapa específico
--- 8.2.38 Demonstração dos Resultados Extraordinários:
mapa específico
--- 8.2.39 Outra informação considerada relevante para
melhor compreensão da posição financeira e dos
resultados
A análise do Quadro 24 não é muito fácil, mas alguns comentários podem ser apresentados:
1) Apesar de não estar explícito no quadro (pois tornava-o muito exaustivo), as divulgações
no âmbito do SNC-AP são consideravelmente mais exigentes do que as do POCP, até
porque as demonstrações financeiras, até certo ponto, tornaram-se mais sintéticas – por
exemplo, no Balanço só se apresentam os valores do ativo líquido.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
MÓDULO III
4. Caso prático ilustrativo
ENUNCIADO
Uma dada entidade pública, sujeita ao regime geral do SNC-AP, apresentou o seguinte
balancete retificado do mês de dezembro de um dado ano N:
Movimentos Saldos
Débito Crédito Devedor Credor
12 Depósitos à ordem 98 101 200 98 052 530 48 670 0
20 Devedores e credores por transferências,
979 000 0 979 000 0
subsídios e empréstimos bonificados
21 Clientes, contribuintes e utentes 2 132 200 226 510 1 931 388 25 698
22 Fornecedores 2 078 652 33 169 546 0 31 090 894
27 Outras contas a receber e a pagar 12 900 1 587 250 12 900 1 587 250
28 Diferimentos 157 000 47 800 157 000 47 800
29 Provisões 0 450 000 0 450 000
32 Mercadorias 22 872 000 0 22 872 000 0
41 Investimentos financeiros 14 250 000 0 14 250 000 0
42 Propriedades de investimento 3 500 000 0 3 500 000 0
43 Ativos fixos tangíveis 132 079 355 0 132 079 355 0
51 Património/capital 0 119 000 000 0 119 000 000
56 Resultados transitados 256 300 0 256 300 0
57 Ajustamentos em ativos financeiros 0 10 624 100 0 10 624 100
59 Outras variações no património líquido 0 12 623 145 0 12 623 145
60 Transferências e subsídios concedidos 1 986 000 0 1 986 000 0
61 Custo das mercadorias vendidas e das matérias
529 785 0 529 785 0
consumidas
62 Fornecimentos e serviços externos 22 233 810 0 22 233 810 0
63 Gastos com o pessoal 33 098 000 0 33 098 000 0
64 Gastos de depreciação e de amortização 21 768 590 0 21 768 590 0
67 Provisões do período 450 000 0 450 000 0
68 Outros gastos e perdas 750 800 0 750 800 0
69 Gastos e perdas por juros e outros encargos 25 600 0 25 600 0
70 Impostos, contribuições e taxas 0 78 956 214 0 78 956 214
71 Vendas 22 000 1 970 780 0 1 948 780
75 Transferências e subsídios correntes obtidos 0 187 562 0 187 562
77 Ganhos por aumentos de justo valor 0 56 000 0 56 000
78 Outros rendimentos e ganhos 0 6 255 0 6 255
79 Juros, dividendos e outros rendimentos
0 325 500 0 325 500
similares
TOTAL 357 283 192 357 283 192 256 929 198 256 929 198
69
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Pedidos:
1. Proceda ao apuramento dos resultados considerando as respetivas contas do Plano de
Contas Multidimensional do SNC-AP.
2. Elabore a Demonstração dos Resultados por Naturezas e o Balanço da entidade em
31/12/N, considerando os modelos do SNC-AP.
3. Considerando a informação adicional, elabore também a Demonstração de Fluxos de
Caixa e a Demonstração das Alterações no Património Líquido da entidade em
31/12/N, considerando os modelos do SNC-AP.
70
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
RESOLUÇÃO
Questão 1
71
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Questão 27
7O Balanço aqui apresentado obedece à estrutura do que está apresentado na NCP 1 do SNC-AP, aprovado no Decreto-lei
n.º192/2015, embora, como referido, se antecipem alterações em retificação a este diploma, dado o modelo apresentado
no Manual de Implementação do SNC-AP (versão 2).
72
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
PATRIMÓNIO LÍQUIDO
Património/Capital 119 000 000
Outros instrumentos de capital próprio 0
Prémios de emissão 0
Reservas 0
Resultados transitados -256 300
Ajustamentos em ativos financeiros 10 624 100
Excedentes de revalorização 0
Outras variações no Património Líquido 12 623 145
Resultado líquido do período 637 726
Interesses que não controlam 0
Total do Património Líquido 142 628 671
PASSIVO
Passivo não corrente
Provisões 450 000
Financiamentos obtidos 0
Fornecedores de investimentos 0
Responsabilidades por benefícios pós-emprego 0
Outras contas a pagar 0
450 000
Passivo corrente
Credores por transferências e subsídios concedidos 0
Fornecedores 31 090 894
Adiantamentos de clientes contribuintes e utentes 25 698
Estado e outros entes públicos 0
Financiamentos obtidos 0
Fornecedores de investimentos 0
Outras contas a pagar 1 587 250
Diferimentos 47 800
Passivos financeiros detidos para negociação 0
Outros passivos financeiros 0
32 751 642
Total do Passivo 33 201 642
Total do Património Líquido e Passivo 175 830 313
73
SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Questão 3
Recebimentos de clientes = Vendas – valor que fica por receber = 1.948.780 – 50.524
Pagamentos aos fornecedores = Compras + FSE + Redução do saldo dos fornecedores - Saldo
final de fornecedores = 24.999.000+22.233.810+1.586.000-31.090.894
Pagamentos ao pessoal = Gastos com pessoal – valor que ficou por pagar = 33.098.000 –
1.587.250
Outros recebimentos/pagamentos
Reúne valores recebidos de transferências correntes e de capital, bem como de outros
rendimentos; e ainda pagamentos de outros gastos e subsídios concedidos.
Os valores relativos aos fluxos de caixa das atividades de investimento e de financiamento são
obtidos diretamente dos dados adicionais e do balancete.
Relativamente à parte da conciliação dos saldos, como neste ano já não houve aquisição de
instrumentos financeiros de elevada liquidez ou outros elementos equivalentes a caixa, há
coincidência, no final do ano, entre o saldo de Caixa e Equivalentes a Caixa e o Saldo para a
Gerência Seguinte.
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O Resultado Líquido do período anterior, passa para Resultados Transitados no ano corrente.
Os ajustamentos em ativos financeiros e as transferências e subsídios ao investimento,
constituem variações patrimoniais positivas, i.e., rendimentos diretamente reconhecidos no
Património Líquido e que, por isso, complementam o Resultado Líquido do Período para se
obter um Resultado ntegral de 15.260.871€.
76
Demonstração (Individual ou consolidada) das Alterações nos Fundos Próprios, em XXX de XXX de 2XXX
Unidade Monetária
Património Líquido atribuído aos detentores do Património Líquido da empresa-mãe
POSIÇÃO NO INÍCIO DO PERÍODO (1) 119 000 000 -541 679 8 624 100 285 379 127 367 800 0 127 367 800
ALTERAÇÕES NO PERÍODO
Primeira adopção de novo referencial contabilístico
Alterações de políticas contabilísticas
Diferenças de conversão de demonstrações financeiras
Realização do excedente de revalorização
Excedentes de revalorização e respectivas variações
Outras alterações reconhecidas no Património Líquido 2 000 000 12 623 145 14 623 145
(2) 0 0 0 0 0 0 2 000 000 0 12 623 145 0 14 623 145 0 14 623 145
RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO (3) 637 726 637 726 0 637 726
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SNC-AP: Elaboração e preparação das demonstrações financeiras
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Legislação e bibliografia
MANUAL E LEGISLAÇÃO
COMISSÃO DE NORMALIZAÇÃO CONTABILÍSTICA (2017), Manual de Implementação do SNC-
AP, Versão 2, Junho.
DECRETO-LEI n.º 192/2015, de 11 de setembro, Sistema de Normalização Contabilística para
as Administrações Públicas (SNC-AP).
LEI nº 73/2013, de 3 de setembro, estabelece o Regime Financeiro das Autarquias Locais e das
Entidades Intermunicipais.
LEI nº 151/2015, de 11 de setembro, Lei de Enquadramento Orçamental.
LEI n.º 140/2015, de 7 de setembro, novo Estatuto da Ordem dos Revisores Oficiais de Contas.
PORTARIA n.º 189/2016, de 14 de julho, Notas de Enquadramento ao Plano de Contas
Multidimensional — Sistema de Normalização Contabilística para as Administrações Públicas
PORTARIA n.º 218/2016, de 9 de agosto, Regime Simplificado do Sistema de Normalização
Contabilística para as Administrações Públicas.
LIVROS E ARTIGOS
BUDDING, Tjerk; GROSSI, Giuseppe; TAGESSON, Torbjörn (2015), Public Sector Accounting;
Routledge – Taylor & Francis Group.
JONES, Rowan; PENDLEBURY, Maurice (2010), Public Sector Accounting, 6th ed., Pearson
Education Ltd.
JORGE, Susana; PATTARO, Anna Francesca; SÁ, Patrícia Moura e; LOURENÇO, Rui (2012);
«Local Government financial transparency in Portugal and Italy: a comparative exploratory
study on its determinants»; XVI IRSPM Conference “Contradictions in Public Management.
Managing in volatile times”; Rome (Italy), April 11-13.
LOURENÇO, Rui P.; SÁ, Patrícia Moura e; JORGE, Susana; PATTARO, Anna Francesca (2013);
«Online transparency for accountability: one assessing model and two applications»; The
Electronic Journal of e-Government, 11(1), 280-292.
VAN HELDEN, Jan; HODGES, Ron (2015), Public Sector Accounting & Budgeting for non-
specialists; Palgrave-MacMillan.
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