Teorias Da Historia II Aula 7
Teorias Da Historia II Aula 7
Teorias Da Historia II Aula 7
A HISTORIOGRAFIA SEGUNDO
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LUCIEN FEBVRE (1878-1956)
META
Caracterizar o pensamento historiográfico de Lucien Febvre.
OBJETIVOS
Ao final desta aula, o aluno deverá:
elencar e explicar os principais aspectos do pensamento historiográfico de Lucien Febvre.
Teorias da História II
INTRODUÇÃO
O assunto da aula de hoje é a ideia de historiografia formulada por
Lucien Febvre.
O autor é francês, estudou na Escola Normal Superior. Graduou-se
em história em 1902. Obteve o título de Doutor em 1912 na Sorbonne.
Foi professor na Faculdade de Letras de Dijon, de Estrasburgo e no
Colégio de França (1933).
Entre 1914 e 1919 atuou, como militar, na Primeira Guerra Mundial.
Participou em “diversas missões de ensino” na Iuguslávia, na Áustria,
na Inglaterra, na Turquia, na Itália, na Argentina, no Paraguai e no Brasil.
É um dos fundadores da Universidade de São Paulo.
Em 1929, juntamente com Marc Bloch (1886-1944), edita a revista
Anais que dá origem à chamada Escola dos Anais.
Foi influenciado por geógrafos, psicólogos, lingüistas e sociólogos.
Foi um modernista, isto é, especialista no estudo da era moderna.
(MOTA, Carlos Guilherme. Uma trajetória. In: FEBVRE, Lucien. história.
São Paulo: Ática, 1978. p.7-28; REVEL, J. Lucien Febvre. In: BURGUI-
ERE, André. Dicionário das Ciências Históricas. Rio de Janeiro: Imago,
1993. p.324-327).
A Escola dos Anais, de que Febvre foi cofundador, constitui-se em
uma das mais influentes correntes historiográficas do século 20.
No dizer de Peter Burke foi a “Revolução” Francesa da historiografia.
Febvre foi um dos principais formuladores da chamada “história das
mentalidades”.
O texto que tomei por base para explicitar a noção de historiografia
esposada por Lucien Febvre é a sua “Aula Inaugural” no Colégio de França,
instituição na qual o autor ingressou em 1933. É um texto programático e
solene. Nele o autor traça um perfil da “velha história” e propõe um novo
tipo de historiografia, aquilo que viria a ser chamado de Escola Analista.
O retrato da velha historiografia é um tanto caricatural. O fito do autor é
acentuar a novidade da proposta por ele apresentada. O texto é também,
num certo sentido, um acerto de contas do ex aluno com os seus velhos
professores. Febvre teve como orientador de tese um representante da
“velha guarda” historiográfica, o decano dos positivistas Gabriel Monod
(1844-1912), editor da Revista Histórica, órgão da escola.
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e não como construção do pesquisador. Contra tal visão, o autor fala que
os fatos são construídos pelo historiador por meio da recolha de indícios
dispersos, as séries em lugar das unidades isoladas. Assim, por exemplo, em
lugar de focar o “Grito do Ipiranga”, a nova proposta focaliza o processo
da independência. Em lugar do fato isolado, uma estrutura construída
pela investigação. “Toda história é escolha”. Para os analistas o fato é uma
criatura do historiador; é obra do historiógrafo.
c) O anacronismo
Há ainda um outro “defeito” na visão positivista da história. Conforme
Febvre, os positivistas deificavam o presente com a ajuda do passado. Dito
de outro modo, caiam no anacronismo, projetando o presente no passado.
Liam o passado com categorias do presente e, assim, distorciam o passado.
Travestiam o passado com vestes do presente. Era o que se dava com a
história da França. Configurava-se uma enganosa continuidade entre o
presente e o passado. Era uma visão continuísta da história, uma história
sem novidades radicais... O mesmo ocorre com a história do Brasil. A
América portuguesa não é o Brasil atual. O autor afirma que os positivistas
projetaram o presente inflamado nos séculos arrefecidos”. É possível, no
entanto, escapar do anacronismo? O que você acha?
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Teorias da História II
TEXTO BÁSICO
FEBVRE, Lucien. Exame de Consciência de uma História e de
um Historiador. Combates pela história. 2. ed. Lisboa: Presença,
1985. p. 15-27. (Primeira edição - 1953).
ATIVIDADES
1. Que paradoxo vive a historiografia na França em 1933?
2. No retrato feito por Febvre, que traços caracterizam a “velha” história?
3. No plano das fontes, qual a inovação proposta por Febvre?
4. Como o autor concebe o fato histórico?
5. O quê caracteriza a “história-problema”, formulada por Febvre?
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CONCLUSÃO
Finalizando a aula, Fevbre menciona o caráter inacabado da nova
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proposta de história. Não é um “sistema”, fechado com o positivismo. É
um “programa aberto”, em construção. Palavras proféticas do autor, pois
a escola nunca se configurou enquanto sistema fechado ao longo da sua
trajetória quase centenária.
RESUMO
REFERÊNCIAS
DOSSE, François. O Tempo de Marc Bloch e Lucien Febvre. A história
em Migalhas. Bauru (SP): EDUSC, 2003. p. 91-146.
HUGUES-WARRINGTON, Marnie. Lucian Fevbre. Cinquenta Grandes
Pensadores da história. São Paulo: Contexto, 2002. P. 109-116.
MOTA, Carlos Guilherme. Uma Trajetória: Lucien Febvre. In: FEBVRE,
Lucien. História. São Paulo: Ática, 1978. p. 7-28.
REVEL, J. Lucien Febvre. In : BURGUIERE, André. (org.). Dicionário
das Ciências Históricas. Rio de Janeiro: IMAGO, 1993. p. 324-237.
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