Resumos 1ºteste
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A RECORDAR
-A epistemologia é uma das disciplinas
centrais da filosofia: estuda problemas
como o da natureza e da possibilidade do
conhecimento. A palavra epistemologia tem
ao pensamento e independentemente
da experiência.
Conhecimento a priori e conhecimento a
posterior Neste tipo de conhecimento, a fonte de
justificação das nossas crenças é o
Os filósofos admitem duas fontes de
pensamento ou a razão, na medida em
justificação: a razão (ou pensamento) e a
que é um conhecimento que se pode
experiência. A estas duas fontes estão
obter independentemente dos sentidos.
associados, respetivamente, dois modos de
Para sabermos que “A metade de quatro
conhecimento: a priori e a posteriori.
é dois”, não precisamos de recorrer aos
Se sentidos, é possível usarmos apenas o
as raciocínio.
Razão A experiência pode desempenhar um
Experiência
certo papel na aquisição do
Conhecimento Conhecimento conhecimento a priori. Não precisamos
a priori de recorrer à experiência para justificar
a posteriori
razões que usamos o conhecimento de que um objeto azul é
para justificar uma determinada crença ou colorido, no entanto, o conceito de cor e
proposição são a posteriori, então a fonte de azul teve de ser, em primeiro lugar,
de justificação a posteriori. No entanto, isso adquirindo pela experiência.
não implica, por si só, que esse
O que está em causa na distinção entre
conhecimento seja de tipo a posteriori,
conhecimento priori e o conhecimento a
porque o que determina a sua classificação
posteriori é o modo como conhecemos
como tal é se ele é suscetível de (se pode)
certa proposição e não o modo como
ser conhecido a priori ou se só é suscetível
adquirimos os conceitos considerados
de (se só pode) ser conhecido a posteriori,
relevantes para a compreendermos.
Se conheço os resultados de um cálculo
através de uma máquina de calcular,
conheço de modo a posteriori, mas esse
tipo de conhecimento matemático, é priori, 2. Conhecimento a posteriori
dado que se pode obter esse conhecimento
recorrendo apenas ao pensamento e Um conhecimento é a posteriori se só o
independentemente da experiência. Não podemos adquirir pela experiência.
podemos limitar-nos a assumir que um Neste tipo de conhecimento, a fonte de
conhecimento é de tipo a priori e posteriori justificação das nossas crenças é a
baseando-nos apenas na fo0nte de experiência – a informação que obtemos a
justificação que foi usada para o obter ou partir dos sentidos. É também chamado de
justificar. conhecimento empírico (decorrente da
experiência). Não é possível sabermos, por
exemplo, que a “Neve é branca.”: Através
1. Conhecimento a priori apenas do pensamento ou do raciocínio.
Um conhecimento é a priori se o Precisamos de recorrer aos sentidos para
podemos adquirir recorrendo apenas obter e justificar esta crença.
Fontes de justificação do conhecimento: garante a aquisição e justificação do
conhecimento.
- Razão (conhecimento a priori).
Exemplos: 2+2=4; o triangulo tem três
lados; Os solteiros não são casados. Empirismo
-Experiência (conhecimento a posteriori) TESES- o conhecimento tem um
fundamento empírico: as crenças básicas
Exemplos: A neve é branca; O pedro é
provem da experiência. O conhecimento a
solteiro; Em Portugal, fala-se português.
priori não é substancial (sobre o mundo).
O empirismo, por sua vez, atribui o papel
Racionalismo e empirismo fundamental à experiência e aos sentidos.
Sob o ponto de vista da origem do Os empiristas enfatizam o conhecimento a
conhecimento (da génese das nossas posteriori e desvalorizam o conhecimento a
crenças), os racionalistas defendem que a priori, o qual consideram que nada nos diz
razão é a principal fonte do conhecimento. acerca do mundo.
Por sua vez, os empiristas defendem que
todos os nossos conhecimentos têm origem,
em última análise, na experiência
PROBLEMA- Qual é a principal fonte de
justificação das nossas crenças? Fundacionalismo
-Razão Tanto o racionalismo como o empirismo se
enquadram naquilo a que se pode chamar
-Experiência.
de fundacionalismo.
Relativamente à justificação das crenças
O fundacionalismo é a perspetiva segundo a
(ao que as suporta), a razão e a
qual o conhecimento está alicerçado em
experiência são as duas fontes principais
fundamentos certos, seguros e
de justificação. Mas, qual delas é a
indubitáveis – as crenças básicas. Tais
fundamental? É essa a discussão principal
fundamentos podem encontrar-se na
que divide racionalistas e empiristas.
razão(racionalismo) ou na experiência
(empirismo).
Racionalismo TESE – o conhecimento está fundado em
TESES – o conhecimento tem um crenças básicas (racionais ou empíricas).
fundamento racional: as crenças básicas Para um fundacionalista, renunciar a esta
provem da razão. As crenças sobre o base significa inviabilizar a possibilidade
mundo que podem ser justificadas a priori. de justificar qualquer crença ou
O racionalismo atribui ao conhecimento a conhecimento.
priori um papel fundamental
desvalorizando o papel dos sentidos. O
Crenças básicas:
primado está na razão, que, por si só,
Crenças que se autojustificam, isto Tais fundamentos podem encontrar-se na
é, que se justificam a si mesmas. razão (racionalismo) ou na experiência
(empirismo).
Crenças não básicas:
As crenças básicas são crenças que se
Crenças justificadas por outras
justificam a si mesmas.
crenças.
As crenças não básicas são crenças que
A RECORDAR
são justificadas por outras crenças.
Conhecimento a priori: quando
conhecemos de modo a priori, fonte da
justificação das nossas crenças é a razão ou
pensamento. Um conhecimento é a priori
se o podemos adquirir recorrendo apenas ao
pensamento e independentemente da
experiência.
Conhecimento a posteriori: quando
conhecemos de modo a posteriori, a fonte
de justificação das nossas crenças é a 2- É possível conhecer?
experiência – a informação que obtemos a PROBLEMA
partir dos sentidos. Um conhecimento é a
posteriori se
só o É possível podemos
conhecer? adquirir pela
experiência.
O racionalismo defende que o
conhecimento tem um fundamento racional: Ceticism Empirismo
as crenças básicas ‘provem da razão. A de Hume
razão é a fonte principal de conhecimento
do mundo e há crenças sobre o mundo que Racionalismo
podem ser justificadas a priori. de Descartes
O empirismo defende que o conhecimento
Como sabemos que não estamos a
tem um fundamento empírico: as crenças
sonhar?
básicas provem da experiência. A
experiência é a única fonte de Será possível que, para sabermos as
conhecimento do mundo e o conhecimento coisas, não precisamos de saber que não
do mundo e o conhecimento a priori não é as estamos a sonhar?
substancial (sobre o mundo). A possibilidade do sonho é o ponto de
Tanto o racionalismo como o empirismo partida de alguns filósofos céticos para
são teorias fundacionalistas. O duvidar que as pessoas saibam o que acham
fundacionalismo é a perspetiva segundo a que sabem.
qual o conhecimento está alicerçado em
fundamentos certos, seguros e indubitáveis.
Descartes começa por aceitar esse Razões para a suspensão do juízo.
argumento dos céticos, e de forma ainda
Uma das principais fontes de informação
mais radical, um deus enganador que
sobre o ceticismo são os escritos de Sexto
manipula, os nossos pensamentos.
Empírico. ele expos os principais
Contrariamente aos céticos, quer
argumentos céticos para duvidar:
Descartes, quer David Hume afirmam a
divergência de opiniões, ilusão e regressão
possibilidade de conhecermos, ao
infinita da justificação
encontrarem na razão e na experiência,
respetivamente as bases solidas que
sustentam o edifício do conhecimento.
1. Argumento da divergência de
2.1 A resposta cética opiniões.
O ceticismo é a ideia de que nenhuma Se algumas opiniões estivessem
fonte de justificação do conhecimento é devidamente justificadas, não haveria razão
satisfatória, quer seja ela a razão, quer seja para outras pessoas razoáveis não as
ela a experiência. aceitarem. No entanto, mesmo entre os
especialistas da mesma área isso esta longe
O mais sensato é como tal, suspendermos
de acontecer. Frequentemente, estes
o juízo – epoché – em vez de supormos que
discordam entre si, o que significa que
sabemos seja o que for.
nenhum deles considera boas as razoes que
TESE: não podemos afirmar que temos justificam a opinião do outro.
conhecimento. Porque nenhuma fonte de
Assim, nenhuma crença esta devidamente
justificação das nossas crenças é
justificada. O mais certo a fazer é portanto,
satisfatória.
suspender o juízo, ao invés de considerar
que algum deles sabe seja o que for.
Os céticos não afirmam que nada sabemos Resumo: se fosse possível justificar as
– ate porque afirmar isso seria nossas crenças, não haveria lugar para
autodestrutivo: o cético não pode afirmar divergência de opinião. Há divergências de
com segurança que nada sabemos, porque opinião. Logo, é impossível justificar as
isso entraria em contradição com a sua nossas crenças.
postura de dúvida – mas desafiam a
2. Argumento da ilusão
possibilidade de podermos afirmar que
temos conhecimento ao negarem que as Habitualmente, confiamos nos nossos
nossas crenças estejam devidamente sentidos, mas, por vezes, eles enganam-nos.
justificadas. Por exemplo, quase todos nos já tivemos a
experiência embaraçosa de parecer
reconhecer um amigo à distância, para
descobrir depois que estamos a acenar a um
desconhecido; a lua parece tanto maior justificadas. Logo, as nossas crenças não
quanto mais baixa esta no horizonte. estão justificadas.
Estas ilusões sensoriais questionam a
fiabilidade dos sentidos; parecem mostrar-
nos que os sentidos não são uma fonte de
justificação segura do conhecimento. Em síntese, estes três argumentos principais
Parece pouco provável que o mundo dos céticos provam que nenhuma
exterior seja exatamente como parece ser. justificação é adequada para mostrar
que não estamos enganados quando
Resumo: tudo o que é uma fonte de
julgamos conhecer alguma coisa.
justificação segura do conhecimento não
nos engana. Os sentidos enganam-nos.
Logo, os sentidos não são uma fonte de 1) Se há conhecimento, algumas das
justificação segura de conhecimento. nossas crenças estão justificadas.
2) Mas nenhuma das nossas crenças
esta justificada.
3. Argumento da regressão infinita da
3) Logo, não há conhecimento.
justificação
Este argumento, diferentemente do anterior,
baseia-se apenas no raciocino. Se segundo A RECORDAR:
os céticos, tentamos justificar uma crença - O ceticismo defende a tese de que
com base noutra crença. NO entanto, para nenhuma fonte de justificação do
que esta segunda crença possa justificar a conhecimento é satisfatória, quer seja ela a
primeira, tem de estar, ela própria, razão, quer seja ela a experiência.
justificada. Assim, justificamos a segunda
crença com base numa terceira crença, e - Argumento cético para duvidar –
assim por adiante. O único modo que temos divergência de opiniões: haver duas
para justificar as nossas crenças é opiniões opostas sobre a mesma coisa
recorrendo a outras crenças, que também mostra que nenhuma esta adequadamente
teremos de justificar. justificada, sendo mais razoável suspender
o juízo.
- Argumento cético para duvidar- ilusão:
A questão que se coloca é que este sistema porque os nossos sentidos, por vezes, nos
de justificação de crenças não tem fim, enganam, nunca podemos ter a certeza,
iniciando-se uma regressão de justificações perante qualquer caso específico, que não
infinita. nos estão a enganar em determinado
Resumo: a justificação de qualquer crença é momento.
inferida de outras crenças. - Argumento cético para duvidar-
Se a justificação de qualquer crença é regressão infinita da justificação: o único
inferida de outras crenças, então dá-se uma modo que temos para justificar as nossas
regressão infinita. Se há uma regressão crenças é recorrendo a outras crenças que
infinita, as nossas crenças não estão também temos de justificar, caindo numa
regressão infinita da justificação.
Descartes pensa ter descoberto um método
infalível e simples para por à prova todas as
2.2. Descartes e a reposta racionalista
nossas crenças: a dúvida. Todos as nossas
O fundacionalismo cartesiano crenças terão de ser submetidas à dúvida
Descartes é um fundacionalista e só serão aceites como justificadas se
racionalista. Considera que o passarem no teste da dúvida, ou seja, se não
conhecimento tem um fundamento racional conseguirmos encontrar nelas a mais
e que a razão é a fonte de justificação pequena suspeita de incerteza. O objetivo é
última das nossas crenças. O filosofo não desta forma, encontrar crenças
ignorou os principais argumentos dos indubitáveis (impossíveis de duvidar) e
céticos. O seu principal objetivo era fundacionais: que sirvam de fundamento
demonstrar que os céticos estavam a todas as outras, como ponto de partida só
enganados quando negavam a lido a partir das quais será reconstruído
possibilidade do conhecimento. Assim, todo o edifício do conhecimento. O ato
procurou demonstrar que há crenças radical da dúvida consiste num momento
justificadas e que o conhecimento possível. purificador pelo qual o entendimento
humano se liberta de todos os
TESE: o conhecimento é possível. A razão preconceitos e falsas crenças que
é a principal fonte de justificação das acumulou durante a vida. É o 1º movimento
nossas crenças. da razão para a constituição de um saber
certo e evidente. Encontrando esses
princípios fundamentais e indubitáveis,
Preocupava-o, sobretudo, a solidez do Descartes consegue provar que não há
conhecimento: queria obter conhecimento regressão infinita de justificação e que os
seguros acerca da natureza da realidade. céticos estão errados, pois nem o mais
Considerava que o saber do sue tempo radical dos céticos conseguiria duvidar
estava assente em princípios frágeis e em essas crenças.
conclusões diferentes e, até, opostas. Como
tal, era importante remover os velhos Duvida -> duvidar de todas as crenças em
materiais do edifício do conhecimento, que se levante a mais pequena suspeita ->
antes de iniciar a construção de um novo considerar provisoriamente falsas crenças
sistema filosófico assente em fundamentos que não passam o teste da dúvida ->
absolutamente seguros e inabaláveis. objetivo: encontrar crenças fundacionais
Precisava, para isso, de encontrar um ponto que sejam o ponto de partida do
de partida solido, do qual ninguém fosse conhecimento -> os céticos estão errados:
capaz de duvidar. não há regressão infinita da justificação ->
o conhecimento é possível.
Crenças a priori
Crenças a posterior
Descartes submete as crenças a priori ao
As crenças a posteriori são as primeiras a
teste da dúvida metódica. Porem mesmo
serem submetidas ao teste da dúvida.
que estejamos a sonhar, “o quadrado tem
Assim, Descartes começa por aceitar o
sempre quatro lados”. E “dois mais três é
argumento cético da ilusão: os sentidos já
cinco.” Assim, parece não ser possível
nos enganaram algumas vezes e já nos
duvidar destas crenças.
fizeram assumir como verdadeiro algo que
depois verificamos ser falso. A hipótese do génio maligno é uma
experiência mental através da qual
Descartes imagina que existe uma espécie
Assim, não passam o teste da dúvida, de deus enganador, que se diverte em
embora não nos enganem sempre, não manipular sistematicamente os nossos
sabemos com rigor quando nos estão a pensamentos sem que nos apercebamos
enganar. Temos, de ser cautelosos ao disso. É um génio, porque o seu poder é
confiar na experiência sensorial como idêntico ao de um deus, mas não é um deus,
fonte de verdade ou de justificação das porque é enganador.
nossas crenças.
Através desta experiência mental, as
crenças a priori não passam o teste da
dúvida metódica, já que este génio 2. Uma crença indubitável, pois noa
maligno conseguira fazer-nos acreditar que conseguimos duvidar da sua verdade.
são verdadeiras proposições que podem ser 3. Uma verdade racional e a priori. Foi
falsas, como uma proposição matemática. descoberta através da intuição racional
Descartes não afirma que o génio maligno e não da dedução, porque é indissociável
existe mesmo, mas basta a hipótese da sua do próprio pensamento (é apreendida em
existência para duvidarmos também simultâneo com o pensamento).
destas crenças. 4. Uma evidencia que se impõe ao
pensamento como absolutamente clara e
Descartes derrubou, todo o edifício do
distinta.
conhecimento do seu tempo.
5. Uma substância pensante (res
cogitans- alma), distinta e
Duvida metabólica independente da existência do corpo
(res extensa). A distinção alma-corpo é
uma verdade descoberta por dedução a
Crenças a posteriori Crenças a priori partir do cogito.
-Argumento da
ilusão Hipótese do
génio maligno
-Argumento do
Critério da verdade:
sonho evidencia
«E, tendo notado que, na afirmação “Penso,
logo existo.” Não há absolutamente nada a
garantir-me que esteja a dizer a verdade, a
Cogito (pensamento; a não ser o ver muito claramente que, para
natureza/substancia do cogito é pensar) pensar, é preciso existir, julguei que podia
Depois de colocar tudo em dúvida, tomar como regra geral que são verdadeiras
nomeadamente a ideia de que tinha um todas aquelas coisas que concebemos
corpo, Descartes chega à primeira verdade muito claramente e muito
que procurava: «Penso, logo existo.». distintamente.»
CONHECIMENTO
FUNDAMENTOS
COGITO DEUS
Afasta-se a hipótese do
génio maligno
Podemos confiar na razão
quando esta concebe
ideias claras e distintas.