Embargos de Terceiro

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AO JUÍZO DA 2ª VARA CÍVEL E CRIMINAL DA SSJ DA COMARCA DE

ARAGUAÍNA-TO

Distribuição por dependência ao processo número: 0007343-


60.2012.4.01.4301

MARIA DAS NEVES RODRIGUES, brasileira, solteira, do lar, portadora do


Registro Geral número 101.776 SSP-TO e inscrita no Cadastro de Pessoas
Físicas sob o nº 108.381.971-91, residente e domiciliada na Rua Guanabara, nº
412, Setor Urbano, Araguaína-TO, e-mail desconhecido, vem à presença de
Vossa Excelência, por intermédio do Núcleo de Práticas Jurídicas do
UNITPAC, que a esta subscreve, com endereço na Rua Sete de Setembro, 466
- St. Central, Araguaína – TO, local onde recebem intimações e notificações de
estilo forense, conforme Instrumento de Procuração “Ad Judicia” anexo, vem a
este Inclito Juízo, propor o presente EMBARGOS DE TERCEIRO em face da
UNIÃO – FAZENDA NACIONAL, pessoa jurídica de direito público com
endereço eletrônico desconhecido, devidamente qualificada nos autos da ação
de Execução Fiscal nº 0007343-60.2012.4.01.4301, pelos fatos e fundamentos
jurídicos abaixo aduzidos.

DOS FATOS

No dia 11 de Novembro de 1996, o INSS – INSTITUTO NACIONAL DO


SEGURO SOCIAL inicialmente, tendo mudado o polo ativo para a União/
Fazenda Nacional posteriormente, protocolou uma execução fiscal em face de
IMOBILIÁRIA CANELA LTDA no nome de JOSÉ CARLOS FERREIRA no valor
de R$ 8.062, 44 (oito mil sessenta e dois reais e quarenta e quatro centavos)
na certidão da dívida ativa inscrita sob o número 31.544.121-6, o qual foi
recebido no dia 26 de Novembro de 1996.
Ocorre que a Imobiliária nomeou como bens a penhora (folha 09) um
lote de terras de nº 0308 da Quadra nº 42.3,.62.08, na Avenida dos Advogados,
integrante do loteamento “Jardim das Palmeiras”, Araguaína-to, matricula nº
13.182 que foi avaliado à época em R$10.000,00 (dez mil reais), onde não foi
efetuada a penhora imediata do imóvel.

No dia 13 de janeiro de 2016, na folha 44, houve a decisão do


magistrado para que fosse juntado autos de certidão do imóvel atualizados e
para que fosse designado o Leilão, voltando atrás, no entanto, no dia
10/08/2017, na folha 46, pois percebeu que o imóvel não havia sido
efetivamente penhorado, pedindo nova reavaliação do bem.

Foi então que no ato da reavaliação, que consta na folha 48, foi
certificado que José Carlos Ferreira não mais residia na cidade, e que Maria
das Neves Rodrigues era a nova proprietária do imóvel que foi avaliado no
valor de R$140.000,00 (cento e quarenta mil reais).

A alienação do referido imóvel aconteceu durante o curso desse


processo, quando o executado JOSÉ CARLOS FERREIRA já havia sido citado
validamente em 06/05/1997 (folha 13). Nas folhas 57 e 58 consta uma Certidão
de Inteiro Teor, que demonstra ser a Sra. Maria das Neves Rodrigues no dia 23
de junho de 1997, por escritura Pública de Compra e Venda, lavrada no Livro
88, fls. 023/024 em 19/06/1997.

DO DIREITO

Como narrado anteriormente nos fatos, a Embargante adquiriu o imóvel


durante o curso do processo, porém, o mesmo não havia sofrido constrição na
data da alienação e a mesma não tinha ciência do processo, tendo adquirido
de boa-fé, sendo amparada pelo artigo 674 do Código de Processo Civil que
preceitua:

“Quem, não sendo parte no processo, sofrer


constrição ou ameaça de constrição sobre bens que
possua ou sobre os quais tenha direito incompatível
com o ato constritivo, poderá requerer seu
desfazimento ou sua inibição por meio de embargos
de terceiro. ”

Conforme documentos em anexo, quais sejam, Rol de Testemunha,


Instrumento Particular de Compromisso de Compra e Venda, recibo de
pagamento e Escritura de Compra e Venda, comprovam que a Embargante é
proprietária do imóvel, preenchendo os requisitos do Artigo 677 do Código de
Processo Civil.

Portanto, o Embargante adquiriu os dois imóveis dos seus vendedores


conforme os ditames legais, revestido na boa-fé, sem a marca da fraude à
execução fiscal, e fez o devido registro das Escrituras Públicas de Compra e
Venda no cartório de registro de imóveis

Na folha 09 do processo o Réu indicou o imóvel para que fosse


penhorado, tendo ele alienado o imóvel posteriormente à sua citação, o que
comprova sua má-fé, vez que não pode alegar desconhecimento de constrição
do imóvel. Sendo assim, fica cristalino que o réu cometeu fraude contra a
execução ao tentar dissolver seus bens, como explana o artigo 792, inciso IV
do Código de Processo Civil que é considerada fraude à execução a alienação
ou a oneração de bem “quando, ao tempo da alienação ou da oneração,
tramitava contra o devedor ação capaz de reduzi-lo à insolvência; ”.

Já a boa-fé do terceiro adquirente é presumida, incumbindo ao


exequente comprovar a existência de má-fé na concretização do negócio
jurídico, conforme a súmula 375 do SJT, qual seja: “O reconhecimento da
fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da
prova de má-fé do terceiro adquirente.”.

DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE

A presente ação data do ano de 1996, se alastrando pelo tempo com


demonstrada falta de interesse por anos da parte autora já que não indicou
mais bens do executado para penhora, indo contra o que está postulado na
CF/88 em seu artigo 5º, inciso LXXVIII que é a razoável duração do processo.

Sendo assim o artigo 40 da Lei de Execução Fiscal diz que “Art. 40 - O


Juiz suspenderá o curso da execução, enquanto não for localizado o devedor
ou encontrados bens sobre os quais possa recair a penhora, e, nesses casos,
não correrá o prazo de prescrição.”, sendo então arquivado o processo findo o
prazo de ano sem que seja localizado o devedor ou encontrados bens
penhoráveis.

DOS PEDIDOS

Diante do exposto, requer o Embargante à Vossa Excelência que admita


os presentes embargos de terceiro para o fim de:

1- Seja Recebido, autuado e processado, com o apensamento aos autos


da Execução Fiscal nº 0007343-60.2012.4.01.4301, em que a
Exequente é a Fazenda Nacional e o Executado é a Imobiliária Canela
LTDA no nome de José Carlos Ferreira;
2- Seja deferido à Embargante o Benefício da Gratuidade da Justiça
confirme o artigo 98 e seguintes do Código de Processo Civil;
3- Seja determinada a suspensão das medidas constritivas sobre o Imóvel
bem como a manutenção de sua posse, conforme o artigo 678 do
Código de Processo Civil;
4- Efetuar a citação da Fazenda Nacional, ora Embargada e já
representada nos autos da supracitada Execução Fiscal por seu
Procurador, para, querendo, responder no prazo legal, sob pena de
confissão e efeitos da revelia;
5- Que sejam, ao final, julgados procedentes os embargos de terceiro,
declarando-se insubsistente a penhora sobre o bem imóvel nas terras de
nº 0308 da Quadra nº 42.3,.62.08, na Avenida dos Advogados,
integrante do loteamento “Jardim das Palmeiras”, junto a Cartório de
Registro de Imóveis de Araguaína-TO, com o seu respectivo
cancelamento, através de expedição do competente mandado com tal
finalidade;

6- Condenar a Embargada ao reembolso das custas processuais, bem


como ao pagamento dos honorários advocatícios, nos termos dos arts.
82 e seguintes do Código de Processo Civil.
7- Se entendido por Vossa Excelência, seja suspenso o curso do processo
em decorrência de prescrição intercorrente, conforme o artigo 40 da Lei
Execução Fiscal.
requer-se a produção de todas as provas em Direito admitidas, especialmente
pela documentação ora juntada, oitiva de testemunha já arroladas, bem
como qualquer outra prova necessária para comprovar o fato, ainda que não
especificados. Opta a Embargante pela não realização de audiência de
conciliação ou de mediação.

Dá-se à causa o valor de R$12.454,53 (doze mil, quatrocentos e


cinquenta e quatro reais e cinquenta e três centavos).

Nestes termos,

Pede Deferimento.

Advogado

OAB/UF ...

Alunas: Ilana Almeida Silva

Mariana Moura Silva

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