Manual de Compra
Manual de Compra
Manual de Compra
de imóveis.
Ano de 2012, em Apucarana, teve o lançamento de um empreendimento de construtora,
apartamentos na planta. Foram vendidos todos os apartamentos no fim de semana com
preços em torno de R$90.000,00. Na segunda feira, uma corretora me ofereceu os
apartamentos já sendo revendidos por R$120.000,00. Por mesquinharia da minha parte, me
recusei a comprar pagando R$30.000,00 a mais. Os apartamentos foram entregues e, em
2016, estavam sendo vendidos por R$360.000,00!
Em 2014, já casado, resolvemos comprar uma casa. Aproveitamos a oportunidade à época: era
possível comprar um imóvel com apenas 10% de entrada. Achamos a casa ideal para nós e
batemos o martelo. Pagamos R$190.000,00. 3 anos depois veio o divórcio e esta casa foi
vendida por R$280.000,00.
Voltando um pouco no tempo, em 2003, surgiu a oportunidade de comprar os direitos de um
apartamento da COHAB por menos de R$15.000,00. Eu dei um Fiat Uno ano 2002 no negócio,
e peguei as chaves do apartamento. As parcelas eram um valor em torno de R$100,00. Em
2013 o apartamento foi quitado e em 2014 vendido por R$110.000,00 para abater boa parte
do saldo devedor do financiamento da casa que eu havia acabado de comprar.
E por que eu comecei contando essas histórias de vida? É para você entender que passei pelos
mesmos sentimentos que você que está procurando um imóvel para comprar.
Todo corretor foi cliente um dia e, eu sei que um imóvel é uma das compras mais caras da vida
de qualquer pessoa comum e isso envolve alegria, medo, ansiedade, etc...
Além disso, os casos que eu vivi vão ilustrar boa parte do que vou falar aqui no manual.
Boa Leitura!
A escolha do imóvel.
Expetativa X Realidade
Quando eu e minha ex-esposa tomamos a decisão de comprar uma casa (lá em 2014), nossa
expectativa era sair de um apartamento de 2 quartos e nos mudarmos para uma casa grande,
com 3 quartos, sem muitas exigências quanto à localização.
Eu ainda não era corretor de imóveis nessa época.
Me lembro exatamente onde era a casa: Jardim Santa Rita aqui em Londrina. Uma casa
enorme. Com 3 quartos, linda! Perfeita para a minha expectativa. O preço era R$330.000,00.
Olhei todas as fotos e busquei no Google o simulador de financiamento. Para a minha surpresa
as parcelas ficavam absurdamente altas e eu tive que partir para o plano B: abaixar o preço do
imóvel e com isso eu teria que abrir mão da localização e/ou o tamanho da casa. Descobri que
conseguiria comprar uma casa de, no máximo, R$180.000,00.
Aqui vai a primeira dica de ouro: tenha em mente o que você espera de um imóvel, mas esteja
PREPARADO E ABERTO a abrir mão de algumas exigências caso o preço esteja fora do que você
pode comprar.
E como saber qual é o seu poder de compra?
Se você pretende comprar seu imóvel à vista, pode pular essa parte.
Se sua intenção é financiar, vou passar um macete simples para que você saiba o valor
aproximado da entrada e, consequentemente, da prestação do financiamento.
E aqui cabe uma observação: NÃO EXISTE financiamento imobiliário sem entrada. Atualmente
a entrada mínima é de 20% do valor do imóvel. Em alguns casos raros, para empresas, o banco
pode oferecer um financiamento com entrada de 10%, mas são casos raros.
Vamos ao macete: suponha que você veja um imóvel que custe R$300.000,00 por exemplo.
-Para saber a entrada, pegue o valor total e divida por 5:
R$300.000,00/5 = R$60.000,00
-Para saber o valor da parcela: pegue o valor da entrada e diminua do valor total
R$60.000,00 – R$300.000,00 = R$240.000,00
Corte 2 zeros do restante: R$240.000,00 = R$2.400,00
-E para saber se a renda é compatível, multiplique o valor da parcela por 3:
R$2.400,00 x 3 = R$7.200,00
Talvez agora você esteja se perguntando: se minha renda for menor do que os R$7.200,00
posso comprar um imóvel de R$300.000,00?
A resposta é sim! Com a diferença de que a sua ENTRADA será MAIOR.
Suponha que sua renda seja de R$5.000,00. O banco estabelece um limite de parcela de 30%
renda.
-Pegue a renda e divida por 3:
R$5.000,00 / 3 = R$1.666,66 (vamos arredondar para R$1.600,00.
Neste caso, você consegue financiar R$160.000,00, com uma entrada de R$140.000,00 e
parcelas de, aproximadamente R$1.600,00.
-Se você é solteiro e tem planos de se casar, é totalmente possível somar a renda com seu
futuro cônjuge sem ainda estarem casados.
-Se você é casado, no financiamento é obrigatório que se some a renda do casal. Se um dos
dois não tiverem renda, ainda assim entrará como “dependente” no financiamento.
-Você pode comprar um imóvel junto com um amigo, parente, primo, irmão, etc. Assim, soma-
se a renda e aumenta-se o poder de compra.
Essas questões sobre financiamento imobiliário se aplicam a todos os bancos, com pequenas
variações de valores. São regras apenas para informação, em cada análise de crédito o banco
avaliará o perfil de cada comprador.
No caso do financiamento pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”, os números são um
pouco diferentes, mas o limite de valor para o MCMV é de R$219.000,00 e a grande maioria
dos imóveis estão acima deste valor, portanto, optei por não explicar essa modalidade de
financiamento.
E se você não tiver o dinheiro para a entrada? Se tiver só uma parte dele?
É quase impossível financiar um imóvel sem para a entrada. No entanto ainda há uma opção
para quem não tem o dinheiro, ou tem apenas uma parte da entrada: comprar um imóvel na
planta.
Em Londrina há várias construtoras lançando empreendimentos a todo momento. Todas elas
são muito flexíveis em relação à entrada: oferecem parcelamento em ate 60x, pode ser dado
“balões” anuais, semestrais; etc.
Até aqui apresentei um dos fatores necessários para a compra de um imóvel: o poder de
compra, que é talvez o fator mais importante a influenciar qual imóvel comprar, bem como a
decisão de comprar ou não.
Agora quero falar sobre outras questões importantes sobre o mercado imobiliário,
especialmente em Londrina.
E aqui eu retomo o que eu disse lá no começo desde manual: conciliar expectativa com a
realidade. Para isso, vou citar casos de atendimentos que eu fiz:
Diante das exigências dessa família, uma das duas coisas teriam que acontecer: aumentar o
orçamento para R$1.500.000,00 ou abrir mão da distância, da sensação de segurança ou de
um imóvel “moderno”. Uma terceira opção seria construir algo e, ainda assim, a localização
seria um problema dentro do orçamento de R$1.000.000,00.
Vou citar outro caso:
Família buscando uma casa de R$300.000,00 em condomínio fechado. 3 quartos com suíte.
Sem exigência de localização. Missão quase impossível.
-Mostramos apartamentos no centro, 3 quartos e suíte por menos de R$300.000,00. Não
gostaram, não queriam morar no centro.
-Mostramos uma casa de condomínio na zona leste, não gostaram. Não tinha suíte.
-Mostramos uma casa de condomínio na zona norte, não gostaram. Valor mais alto.
Repito o que eu disse no caso anterior, a solução seria aumentar o orçamento. Se não for
possível, o único jeito seria abrir mão de algumas exigências, como a suíte, ou casa em
condomínio fechado.
Cliente com R$5.000,00 para entrada procurando uma casa. Explicamos as condições de
financiamento e a necessidade de se ter o valor para a entrada e sugerimos um apartamento
de construtora. O cliente parcelaria a entrada, compraria um apartamento na planta com todo
o potencial de valorização e realizaria o desejo de ter o imóvel próprio. O cliente sequer
respondeu.
Eu poderia escrever dezenas de páginas com histórias de clientes que foram totalmente
irredutíveis nas suas expectativas e deixaram de comprar seus imóveis. E este é o principal
motivo de eu ter escrito este manual: do mesmo jeito que não existe o marido perfeito, o filho
perfeito, o carro perfeito NÃO VAI EXISTIR o imóvel perfeito. Não importa o orçamento, em
algum requisito o comprador vai ter abrir mão na compra do imóvel para comprar o melhor
imóvel possível. Não será o imóvel perfeito, mas será o melhor dentro do orçamento.