107439-3 Caracterização Mecânica

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ESTRUTURA DE MADEIRA

CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA

Professora Helena Ezawa


A propriedade físico-mecânica da madeira e sua
aptidão para o uso comercial estão relacionadas com
a estrutura anatômica do material.

Estas características, também são influenciadas pelas


condições ecológicas do local onde o vegetal cresce.
Portanto, através da identificação da estrutura
anatômica da madeira pode-se obter algumas
informações sobre suas propriedades tecnológicas e
de utilização.

Vale ressaltar que este assunto em questão é muito


amplo e complexo, e necessita de um
aprofundamento bem mais especializado.
TIPOS DE CARACTERIZAÇÃO MECÂNICA

A madeira pode sofrer solicitações de compressão,


tração, cisalhamento e flexão.

Ela tem resistências com valores diferentes conforme


variar a direção da solicitação em relação às fibras e
também em função do tipo de solicitação.

Isso significa que, mesmo mantida uma direção da


solicitação segundo às fibras, a resistência à tração é
diferente da resistência à compressão.
COMPRESSÃO

A compressão na madeira pode ocorrer segundo três


orientações: paralela, perpendicular e inclinada em
relação às fibras.

Quando a peça é solicitada por compressão paralela


às fibras, as forças agem paralelamente ao
comprimento das células.

As células reagindo em conjunto conferem uma


grande resistência da madeira à compressão.
No caso de solicitação perpendicular às fibras, a
madeira apresenta resistências menores que na
compressão paralela, pois a força é aplicada na
direção perpendicular ao comprimento das células,
direção na qual possuem baixa resistência.

Os valores de resistência à compressão perpendicular


às fibras são da ordem de ¼ dos valores de resistência
à compressão paralela.
A compressão paralela tem a tendência de encurtar
as células da madeira ao longo do seu eixo
longitudinal
A compressão perpendicular comprime as células da
madeira perpendicularmente ao eixo longitudinal.
E a compressão inclinada: age tanto paralela como
perpendicularmente às fibras
Ou seja, quanto maior o ângulo menor a resistência a
compressão.

E quanto menor o ângulo maior da resistência à


compressão
Nas solicitações inclinadas em relação às fibras da
madeira, a NBR7190/97 especifica o modelo de
Hankinson para estimativa dos valores intermediários.

Sendo:
fc0 a resistência à compressão paralela às fibra;
fc90 a resistência à compressão perpendicular às
fibras e
θ o ângulo da força em relação às fibras da madeira.
TRAÇÃO

A tração pode ocorrer com orientação paralela ou


perpendicular às fibras.

As propriedades referentes às duas solicitações


diferem consideravelmente.

A ruptura por tração paralela pode ocorrer por


deslizamento entre as células ou por ruptura das
paredes das células.

Em ambos casos, a ruptura ocorre com baixos valores


de deformação, o que caracteriza como frágil, e com
elevados valores de resistência.
A tração paralela provoca alongamento das células ao
longo do eixo longitudinal
Na resistência de ruptura por tração perpendicular às
fibras a solicitação age na direção perpendicular ao
comprimento das fibras, tendendo a separá-las,
afetando a integridade estrutural e apresentando
baixos valores de deformação e com baixa resistência,
devido essa condição esta deve ser evitada nas
situações de projeto.
tração perpendicular tende a separar as células da
madeira perpendicular aos seus eixos, onde a resistência
é baixa, devendo ser evitada.
CISALHAMENTO

Pode ocorrer sob três formas: perpendicular às fibras,


longitudinal às fibras e perpendicular às linhas dos
anéis de crescimento
Perpendicular as fibras: quando a ação é
perpendicular às fibras, porém este tipo de solicitação
não é crítico, pois, antes de romper por cisalhamento,
a peça apresentará problemas de esmagamento por
compressão perpendicular.
Longitudinal às fibras: ocorrem com a força aplicada
no sentido longitudinal às fibras (cisalhamento
horizontal) é considerado o caso mais crítico pois
ocorre o rompimento por escorregamento entre as
células da madeira.

tendência das células da madeira separarem e


escorregarem longitudinalmente
Perpendicular as fibras: a força aplicada
perpendicular às linhas dos anéis de crescimento
(cisalhamento rolling).

a tendência das células da madeira rolarem umas


sobre as outras de forma transversal em relação ao
eixo longitudinal.
FLEXÃO

Ocorrem por meio de quatro tipos de esforços:


compressão paralela às fibras, tração paralela às
fibras, cisalhamento horizontal e, nas regiões dos
apoios, compressão perpendicular às fibras.

A ruptura em peças solicitadas à flexão ocorre com a


formação de minúsculas falhas de compressão
seguidas pelo esmagamento macroscópico na região
comprimida.
Este fenômeno gera o aumento da área comprimida
na seção e a redução da área tracionada, causando
acréscimo de tensões nesta região, podendo romper
por tração.
Além da compressão, tração, cisalhamento e flexão.
A madeira pode sofrer outras comportamentos como
torção e resistência ao choque
TORÇÃO

O comportamento da madeira, quando solicitada por


torção, é pouco investigado.

A NBR7190/97 recomenda evitar a torção de


equilíbrio em peças de madeira em virtude do risco
de ruptura por tração perpendicular às fibras
decorrente do estado múltiplo de tensões atuante.
RESISTÊNCIA AO CHOQUE

A resistência ao choque é a capacidade do material


absorver rapidamente energia pela deformação.

A madeira é considerada um material de ótima


resistência ao choque.

Existem várias formas de quantificar a resistência ao


choque.

A NBR 7190/97 prevê o ensaio de flexão dinâmica


para determinação desta propriedade.
Determinação da resistência da madeira

A resistência da madeira é identificada pela letra f


acompanhada de índices que identificam a solicitação
à qual se aplica a propriedade.

Em casos onde é evidente que o material ao qual se


refere à resistência é a madeira, é dispensável o
primeiro índice w (wood).

O índice seguinte indica a solicitação: c (compressão),


t (tração), v (cisalhamento) e M (flexão)
Os índices após a vírgula indicam o ângulo entre a
solicitação e as fibras: 0 (paralela), 90 (perpendicular)
ou θ (inclinada).

Por exemplo, fwc,90 (resistência da madeira à


compressão perpendicular às fibras).

Podem ainda ser usados índices para identificar se o


valor de referência é médio (m) ou característico (k).

Assim, a resistência média da madeira à compressão


perpendicular às fibras pode ser representada pelo
símbolo fwcm,90, ou fcm,90.
Segundo a NBR7190/97, a caracterização da madeira
pode ser completa, simplificada ou mínima:
Caracterização completa da resistência da madeira

A NBR7190/97 define como caracterização completa


da resistência da madeira a determinação da:
compressão paralela às fibras (fwc,0 ou fc,0)
compressão perpendicular às fibras (fwc,90 ou fc,90)
à tração paralela às fibras (fwt,0 ou ft,0), à tração
perpendicular às fibras (fwt,90 ou ft,90), ao
cisalhamento (fwv ou fv); e a densidade básica.
Caracterização simplificada da resistência

A caracterização simplificada das resistências da


madeira de espécies usuais se faz a partir dos ensaios
de compressão paralela às fibras.

As demais resistências são determinadas em função


da resistência à compressão paralela admitindo-se
um coeficiente de variação de 18% para os esforços
normais e um coeficiente de variação de 28% para as
resistências a esforços tangenciais.
Para espécies usuais de madeiras, a NBR 7190 admite
as seguintes relações:
Para as coníferas

Para as dicotiledônias
Caracterização mínima da resistência de espécies
pouco conhecidas

Consiste na determinação da resistência à


compressão paralela às fibras (fwc,0 ou fc,0);
resistência à tração paralela às fibras (fwt,0 ou ft,0);
resistência ao cisalhamento paralelo às fibras (fwv,0
ou fv,0); densidade básica; densidade aparente.
Caracterização mínima de rigidez das madeiras

A caracterização mínima da rigidez das madeiras


consiste em determinar o módulo de elasticidade na
compressão paralela às fibras (Eco,m) e na
compressão perpendicular (Ec90,m ) com pelo menos
dois ensaios cada.
Caracterização simplificada rigidez das madeiras

A caracterização simplificada da rigidez das madeiras


consiste na determinação da rigidez na compressão
paralelas às fibras Ec0,m sendo Ec0,m o valor médio
de pelo menos dois ensaios.

A rigidez da madeira é identificada pela letra E


acompanhada de índices que identificam a direção à
qual se aplica a propriedade. A caracterização da
rigidez também é feita para teor de umidade U = 12%
(Anexo B, NBR 7190/1997).
A rigidez na compressão perpendicular às fibras (
Ec90,m) é dada por:

sendo Ec0,m da rigidez na compressão paralelas às


fibras.
A rigidez na tração paralela às fibras ( Et0,m ) é dada
por:

Sendo Ec0,m da rigidez na compressão paralelas às


fibras.
Caracterização por meio de ensaio de flexão

A rigidez na madeira na flexão ( EM ) para as coníferas


é dado por

E para dicotiledôneas por

Sendo Ec0 o módulo de elasticidade na compressão


paralela às fibras.
PROCEDIMENTOS PARA CARACTERIZAÇÃO

A norma NBR 7190 adota como condição padrão de


referência a classe 1 de umidade, ou seja, umidade de
equilíbrio igual a 12%.

Qualquer resistência ou rigidez determinada no


intervalo de 10% a 20% podem ser corrigidas para
umidade padrão através das expressões:
Ensaios

Os métodos de ensaios para caracterização física e


mecânica da madeira encontram-se descritos no anexo
B da NBR 7190.
A obtenção da fk – resistência característica com base
no valor médio fm – resistência média pode ser feita a
partir de uma distribuição de probabilidades do tipo
normal, com coeficientes de variação δ, por relações
estatísticas.
Para resistência a esforços normais (compressão, tração
e embutimento) δ=18% e a relação é dada por:

para a resistência a esforços tangenciais (cisalhamento)


δ=28% e a relação é dada por:

sendo fm,12 o valor médio da resistência com a


umidade padrão de 12%.
CLASSES DE RESISTÊNCIA

A NBR 7190/1997 definiu classes de resistência para


possibilitar o emprego de madeiras com propriedades
padronizadas, mesmo que de espécies florestais
diferentes, orientando a escolha do material para a
elaboração de projetos estruturais
CLASSES DE UMIDADE

A NBR 7190/1997 estabelece que o projeto das


estruturas de madeira deve ser feito considerando o
teor de umidade de equilíbrio da madeira do local onde
será implantada a obra.

Para isso, foram definidas as classes de umidade


especificadas na Tabela.

Estas classes também podem ser utilizadas para a


escolha de métodos de tratamentos preservativos das
madeiras.
RESISTÊNCIA DE CÁLCULO

Os valores de cálculos das resistências são dados por:

Onde, fwk é o valor característico da resistência; kmod é o


coeficiente de modificação que leva em consideração os
efeitos da duração do carregamento, da umidade do
meio ambiente e da qualidade do material; γw é o
coeficiente de ponderação de segurança do material.
Os coeficientes de modificação, kmod , afetam os valores
de cálculo das propriedades da madeira em função da
classe de carregamento da estrutura, da classe de
umidade admitida, e do eventual emprego de madeira
de 2ª qualidade.

O coeficiente de modificação kmod é formado pelo


produto:
O coeficiente parcial de modificação kmod1 , que leva em
conta a classe de carregamento e o tipo de material
empregado, é dado pela Tabela 5, devendo ser
escolhido conforme a situação de projeto em que se
estiver fazendo a comprovação da segurança.
O coeficiente parcial de modificação kmod 2 , que leva em
conta a classe de umidade e o tipo de material
empregado, é dado na Tabela 6.
O coeficiente parcial de modificação kmod 3 , que leva
em conta a qualidade da madeira quanto a presença de
defeitos, é dado na Tabela 7.
Os coeficientes de ponderação nos estados limites
últimos, de acordo com a solicitação são:

γwc = 1,4 γwc para tensões de compressão paralelas às


fibras;

γwt = 1,8 γwt para tensões de tração paralelas às fibras


e

γwv = 1,8 γwv para tensões de cisalhamento paralelas


às fibras
Nos estados limites de utilização, os coeficientes de
ponderação possuem o valor básico de γw = 1,0.

O coeficiente de modificação kmod,3 é definido em


função da categoria da madeira utilizada: primeira
categoria ou segunda categoria.
Madeira de primeira categoria é aquela que passou
por classificação visual para garantir a isenção de
defeitos e por classificação mecânica para garantir a
homogeneidade da rigidez. Para este caso kmod,3 =1,0.

Madeira de segunda categoria é considerada os


demais casos. Para estes kmod,3 = 0,8.
Para madeira de coníferas, deve sempre se adotar
kmod,3 = 0,8 para considerar a presença de nós não
detectáveis pela inspeção visual.

Para madeira laminada colada o coeficiente parcial de


modificação, Kmod 3 , leva em consideração a curvatura
da peça, valendo Kmod 3=1 para peças retas e para
peças curvas a expressão:

onde t é a espessura das lâminas, r é o menor raio de


curvatura.
Nas verificações de segurança que dependem da rigidez
da madeira, o módulo de elasticidade na direção paralela
às fibras deve ser tomado como:
EXEMPLO DE DETERMINAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE
CÁLCULO A PARTIR DA RESISTÊNCIA MÉDIA

Como exemplo, considere-se o Jatobá (Hymenaea


spp), uma espécie de madeira muito empregada na
construção de pontes. Os resultados experimentais
mostram que a resistência média à compressão
paralela para madeira verde é fcom,mv = 70MPa .

Transformando esta resistência para a condição


padrão, tem-se
Resistência da compressão da madeira

Madeira verde

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