CNPC 2023 Recomendacoes para o Controle Integrado

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Recomendações para

o controle integrado de
verminose em
caprinos e ovinos
Luiz da Silva Vieira
Jomar Patrício Monteiro
Marcel Teixeira
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Caprinos e Ovinos
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Recomendações para o controle


integrado de verminose em
caprinos e ovinos

Luiz da Silva Vieira


Jomar Patrício Monteiro
Marcel Teixeira

Embrapa
Brasília, DF
2023
Embrapa Caprinos e Ovinos
Fazenda Três Lagoas, Estrada Sobral/Groaíras, Km 4
Caixa Postal: 71
CEP: 62010-970 - Sobral, CE
Fone: (88) 3112-7400
www.embrapa.br
www.embrapa.br/fale-conosco/sac

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Secretário-Executivo Copidesque
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Aline Costa Silva, Carlos José Mendes Lívia Martins Soares
Vasconcelos, Fábio Mendonça Diniz, Maíra
Vergne Dias, Manoel Everardo Pereira Ilustrações
Mendes, Marcilio Nilton Lopes da Frota, Renan Roque
Tânia Maria Chaves Campêlo
1ª edição
Supervisão editorial Publicação digital (2023): PDF
Alexandre César Silva Marinho
Maíra Vergne Dias

Normalização bibliográfica
Tânia Maria Chaves Campêlo

Todos os direitos reservados


A reprodução não autorizada desta publicação, no todo ou em parte,
constitui violação dos direitos autorais (Lei nº 9.610/1998).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


Embrapa Caprinos e Ovinos
Vieira, Luiz da Silva.
Recomendações para o controle integrado de verminose em caprinos e ovinos / Luiz da
Silva Vieira, Jomar Patrício Monteiro e Marcel Teixeira. – Brasília, DF : Embrapa, 2023.
PDF (24 p.) : il. color.

ISBN 978-65-89957-43-0

1. Caprino. 2. Ovino. 3. Verminose – controle integrado. 4. Parasitose. I. Monteiro, Jomar


Patrício. II. Teixeira, Marcel. III. Embrapa Caprinos e Ovinos. IV. Título.

CDD (21. ed.) 636.39089

Tânia Maria Chaves Campêlo (CRB-3/620) @Embrapa, 2023


Olá, tudo bem?
Somos nós a Ana Maria e o João Francisco!
Também temos nosso rebanho de caprinos e ovinos e
estamos aqui hoje para conversar um pouco com você
sobre o controle integrado de verminoses em rebanhos
de caprinos e ovinos.

Mas antes de falarmos sobre esse importante tema,


explicarei um pouco sobre os Objetivos do Desenvolvi-
mento Sustentável (ODS) da Organização das Nações
Unidas (ONU). Os ODS estabelecem critérios para re-
dução e erradicação da pobreza e da extrema pobreza,
através dos alimentos seguros, nutritivos e suficientes
para acabar com a fome, proporcionando renda aos
pequenos produtores de alimentos, em especial aos
agricultores familiares.

4
Falou tudo, João! Por isso é importante ter informações valiosas
como essas em mãos! Elas são capazes de nos preparar para que
nossos animais, tanto caprinos quanto ovinos, fiquem livres de
parasitas. No fim das contas essas informações vão nos levar ao
ganho contínuo de qualidade dos seus rebanhos e, dessa forma,
aumentar a geração de renda e a qualidade de vida da sua família.
Vamos lá?

Recomendações para o controle integrado


de verminose em caprinos e ovinos

5
Introdução

A verminose é um problema de difícil


controle no campo porque afeta
praticamente todas as categorias ani-
de ovos nas fezes, além de detectar a
presença e a espécie de vermes no re-
banho, também mostra uma estimativa
mais, reduz o consumo de alimentos, aproximada da quantidade de parasitas
afeta a digestão e absor­ção de nutrien- existente no animal.
tes, reduz a eficiência reprodutiva e,
consequentemente, a produtividade As recomendações contidas aqui foram
do rebanho. Além disso, traz despesas baseadas em trabalhos publicados pela
financeiras adicionais geradas com o Embrapa Caprinos e Ovinos e em arti-
aumento de mão de obra, aquisição de gos de especialistas de diferentes regi-
medicamentos e perdas por mortalida- ões do Brasil e do mundo. Os trechos
des, principalmente de animais jovens. aqui citados reproduzem fielmente
Juntamente aos prejuízos econômicos, as orientações contidas nos trabalhos
destaca-se a presença de resíduos de originais. A seguir serão descritos os
vermífugos na carne, no leite e no meio conhecimentos básicos necessários à
ambiente. Resíduos de medicamentos elaboração de um programa integrado
são considerados um pro­blema de saú- de controle da verminose de caprinos
de pública e, atualmente, também uma e ovinos. O objetivo é orientar práti­cas
preocupação mundial. passíveis de serem adotadas na rotina
de técnicos e produtores envolvidos
O diagnóstico de verminose no campo com a atividade da caprinocultura e da
se faz pela observação dos sintomas ovinocultura, que quando observadas
apresentados pelos animais, juntamen­ corretamente, resultarão na redução
te com a confirmação da infecção de mortalidades e perdas subclínicas
através de coleta de fezes e envio para com consequente melhoria nos índices
o laboratório, onde é rea­lizado um produtivos.
exame chamado contagem de ovos por
grama de fezes (OPG). A contagem

6
Que doença é essa?
A verminose é uma doença parasitária
causada por diversas espécies de ver-

Foto: Raymundo Rizaldo Pinheiro


mes. Ocorre em caprinos e ovinos de
todas as idades, sendo mais grave em
animais jovens e em fêmeas prenhes e
lactantes.

Mas como ocorre a Figura 1. Animal com edema submandibular.

infecção?
A infecção ocorre através da ingestão
de alimento e água contaminados com
larvas dos vermes. Animais parasitados
eliminam ovos nas fezes, estes ovos

Foto: Raymundo Rizaldo Pinheiro


eclodem e as larvas se desenvolvem e
vão para as folhas da pastagem. Os ani-
mais se contaminam ao ingerir as larvas
juntamente com a pastagem.

Recomendações para o controle integrado


Figura 2. Mucosa do olho branca (sinal de
E quais são os sintomas? anemia).
Diminuição do apetite, emagrecimento,

de verminose em caprinos e ovinos


pelos arrepiados e sem brilho, edema
de papada, anemia e, às vezes, diarreia
(Figuras 1 e 2). A mortalidade gira em
torno de 30%.

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Fatores que influenciam a
ocorrência de verminose
A gravidade da parasitose depende de Os animais portadores de outras
fatores relacionados ao meio ambiente, doenças, como a linfadenite caseosa
ao manejo e às características indivi- (mal-do-caroço), a artrite encefalite
duais de cada animal. Esses fatores caprina - CAE (mal-do-joelho) e animais
influenciam diretamente na quantidade malnutridos têm mais dificuldades para
de vermes adquiridos pelos animais no resistirem à infecção, não conseguem
pasto e nos sintomas apresentados. responder positivamente diante da
Dessa forma, as infecções mais eleva- presença dos vermes e, na maioria das
das, com presença de animais doentes, vezes, nem se recuperam. Além disso,
perdas produtivas e mortalidades por o uso inadequado de vermífugos leva
verminose ocorrem com maior fre- inevitavelmente a perda da eficácia,
quência no calor e alta umidade, como conhecida como resistência dos vermes
nas épocas de chuvas. Neste período, a aos parasiticidas, principal dificuldade
umidade e o calor favorecem a eclosão para o controle.
dos ovos e a sobrevivência das larvas
na pastagem.

Atenção!
Animais jovens (cabritos e cordeiros), fêmeas prenhes
e em lactação e as raças puras, especializadas para
produção de leite, como a raça Saanen, ou para
produção de carne, como a raça Boer, por serem mais
sensíveis, também sofrem mais os efeitos da verminose.

8
Controle a verminose em
seu rebanho
Para controlar a verminose é preciso O plano de controle da verminose
atacar a doença de diferentes formas deverá ser adaptado à cada realidade.
e reduzir ao máximo o uso de medi- Assim, o produtor deverá avaliar a situ-
camentos. Porém, na utilização de ação e escolher quais medidas pode-
vermífugos é necessário muita caute- rão ser aplicadas na sua propriedade.
la, uma vez que a aplicação indiscrimi-
nada de anti­parasitários sempre leva Para obter os melhores resultados
ao desenvolvimento de resistência no controle de verminose, recomen-
anti-helmíntica, o que torna ineficaz da-se adotar práticas para desconta-
a maioria dos produtos existentes no minação da pastagem, implantar na
mercado. Para reduzir ao máximo o propriedade o método Famacha e o
uso de vermífugos é indicada a ado- descarte orientado dos animais, elimi-
ção de estratégias variadas que, além nando do rebanho aqueles mais sensí-
de prolongar a vida útil desses produ- veis aos parasitas e escolher correta-
tos, sejam capazes de minimizar os mente o grupo químico do vermífugo,
prejuízos causados pela infecção. conforme descrito a seguir.

Recomendações para o controle integrado


Importante!

de verminose em caprinos e ovinos


A verminose, quando não controlada
corretamente, é responsável por signifi-
cativas per­das produtivas e pelo maior
número de mortes nos rebanhos.

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Reduza a contaminação
do pasto

Dicas simples e úteis para a


redução da contaminação no pasto:
 Evite a superlotação de animais na pastagem.
 Faça a limpeza regular das instalações e coloque o esterco em esterqueiras, onde
deve permanecer por um período mínimo de 60 dias para fermentação, antes de
serem utilizados na pastagem.
 Mantenha cochos de água e alimentos sempre limpos e colocados por fora da baia.
 Forneça água e alimentos de boa qualidade, principalmente para os animais mais
sensíveis, cabras e ovelhas em gestação, com crias ao pé e animais jovens até o
desmame. Estas categorias devem ser suplementadas com ração concentrada.
 Na formação de pastagens cultivadas, dê preferência a forragens que possam ser
pastejadas com altura superior a 15 cm do solo, visto que a maioria das larvas
dos vermes se encontra até 5 cm.
 Alterne o pastejo dos animais em áreas de caatinga e pastagem cultivada.
 Utilize o descanso de pastagens e alterne o pastejo com restolhos de culturas ou
palhadas.
 Reserve para feno ou silagem o capim oriundo dos piquetes mais contaminados e
não deposite o esterco fresco diretamente nas pastagens.
 Separe os animais jovens dos adultos, tanto na baia como no piquete.
 Realize o pastoreio com animais resistentes (adultos) e dê preferência ao
confinamento de animais jovens (sensíveis).
 Use o pastoreio misto ou alternado com espécies animais diferentes: utilizar ou-
tras espécies no mesmo pasto faz com que os vermes de ovinos e caprinos sejam
reduzidos ao serem ingeridos por esses animais, como a rotação de pasto entre
ovinos e bovinos ou manter bovinos e ovinos no mesmo pasto, por exemplo.

10
Selecione os animais para
o tratamento
Não se recomenda a aplicação de ver- da resistência dos vermes frente
mífugos em todo o rebanho. Somente aos vermífugos, mantendo a sua
os mais parasitados necessitam de eficácia por um período de tempo
vermifugação, por isso é importante maior. Os animais que apresentam
identificar animais com real necessi- sinais aparentes de verminose já
dade. Desta forma, é possível reduzir estão incluídos no tratamento, mas
o número de tratamentos em até 80% para aqueles sem sinais evidentes
e o gasto com vermífugos na mesma é preciso a realização de exames
proporção. Essa prática ainda auxilia específicos conforme será explicado
na diminuição do desenvolvimento a seguir.

Seleção de animais com base na contagem de ovos nas fezes


Uma forma de selecionar os animais para vermifugação é pela medida ovos
por grama nas fezes (OPG). Porém, a necessidade de apoio de laboratório para
realização do exame de fezes limita o seu uso como estratégia de controle. Os
animais que apresentarem resultados iguais ou superiores a 1.000 ovos/grama

Recomendações para o controle integrado


de fezes deverão ser ver­mifugados.

de verminose em caprinos e ovinos

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Seleção de animais pelo grau de
anemia (método Famacha)

Outra forma de selecionar os animais vem ser vermifugados; os animais que


para vermifugação é avaliar individual­ apresentam colora­ção da mucosa 3, 4
mente o grau de anemia de cada um ou 5 necessitam ser vermifugados.
através do exame da mucosa ocular.

O método denominado Famacha é re-


comendado para regiões onde o verme
predominante é Haemonchus contor-
tus. Este, ao se alimentar do sangue
dos animais, causa diferentes graus de

Foto: Maíra Vergne Dias


anemia que podem ser classi­ficados
com auxílio de um cartão com cinco
tonalidades diferentes, que vai de 1 a 5,
associadas a cor da mucosa ocular (Fi-
gura 3). Os cinco graus de coloração no
Figura 3. Exame da mucosa ocular (direita) e
cartão direcionam a vermifugação dos cartão Famacha (esquerda). Com auxílio do
animais: graus 1 e 2 são os animais que cartão observa-se o grau de anemia e a indica-
ção para a necessidade ou não de tratamento.
apresentam coloração vermelho vivo,
A seta indica o local correto de observação da
ou seja, sem traços de anemia e não de- mucosa inferior.

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Para os animais que apresentam a irrigada, onde a verminose é mais
mucosa ocular com palidez intensa intensa, recomenda-se o exame da
(grau 4) é recomendável que recebam mucosa ocular semanalmente ou,
suporte com alimentação diferenciada no máximo, a cada 10 dias. Aqueles
(verde e concentrado) e medicação à previamente vermifugados, se vol-
base de ferro para corrigir a anemia. tarem a apresentar graus de anemia
3, 4 ou 5, só devem ser medicados
Para rebanhos manejados na caatinga, novamente após um período de 15
predominante em regiões Semiáridas, dias da última vermifugação. O grau
recomenda-se o exame da mucosa de anemia de cabritos e cordeiros
ocular com o cartão Famacha a cada deve ser observado com auxílio do
15 dias no período chuvoso e a cada cartão Famacha já na terceira sema-
30 dias no período seco. Já rebanhos na de pastejo.
manejados em pastagem cultivada e

1 Reforçando a informação:
Graus 1 e 2: os animais apresentam
2 coloração vermelho vivo, ou seja,
sem traços de anemia e não devem
3
ser vermifugados.
Graus 3, 4 ou 5: os animais que apre-

Recomendações para o controle integrado


4
sentam estas colorações da mucosa
5 necessitam ser vermifugados.

de verminose em caprinos e ovinos

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Os animais que necessitarem receber que mantêm graus Famacha 1 e 2, por
vermífugos oito ou mais vezes, num pe- serem os mais resistentes. Nesse con-
ríodo de seis meses, devem ser descar- texto, é importante registrar sempre os
tados do rebanho, tendo em vista que resultados do Famacha para auxiliar no
a repetição dos graus Famacha 3, 4 ou descarte orientado de animais suscep-
5 ocorre naqueles animais mais sensí- tíveis, contribuindo para a seleção de
veis à verminose. Devem permanecer animais resistentes no rebanho, confor-
no rebanho apenas aqueles animais me demonstrado na Tabela 1.

Tabela 1. Exemplo de controle da vermifugação e descarte orientado utilizando o método


Famacha.
ANIMAIS
120 125 130 135 140 145 150 155
02 3 3 3 3 3 2 2 3
Janeiro
17 3 2 2 1 3 2 2 2
03 3 2 3 3 3 2 1 2
Fevereiro
13 2 2 1 2 3 2 2 1
05 3 3 3 3 3 1 1 1
Março
20 2 3 1 2 3 1 2 1
05 3 2 3 1 3 1 2 2
Abril
19 3 2 3 1 3 1 2 2
04 Grau 3 1 1 1 3 1 1 2
Data Maio
20 Famacha 3 1 2 1 3 2 2 1
05 2 2 2 1 3 1 1 1
Junho
21 3 2 1 2 2 1 2 1
Julho 22 2 1 2 1 3 1 2 1
Agosto 20 3 2 2 2 3 1 1 2
Setembro 21 3 2 2 2 3 1 1 2
Outubro 20 1 2 2 2 3 1 2 2
Novembro 21 1 1 1 2 3 1 1 1
Dezembro 20 2 1 1 2 3 1 2 1
Nª de doses / 6 meses 8 3 5 3 9 0 0 1
Descarte x x
Legenda: Grau Famacha (grau de anemia identificado pelo exame da mucosa ocular que varia de 1 a 5. O descarte
do animal é indicado quando ele recebeu oito ou mais doses de vermífugo num período de seis meses. A periodici-
dade do Famacha em regiões semiáridas é a cada 15 dias no período chuvoso e a cada 30 dias no período seco.

14
Escolha e utilização
correta do vermífugo
As drogas contra verminose ainda são vermífugos de um mesmo grupo
muito importantes para o seu controle, químico são comercializados com
porém, o uso inadequado e por um lon- diferentes nomes (marca comer-
go período pode ser catastrófico para cial) de acordo com seu fabricante
o produtor, já que no longo prazo pode e princípios ativos. Portanto, ao
causar a resistência dos vermes. Para trocar o vermífugo, recomenda-se
evitar a perda da eficácia das drogas escolher sempre um de diferente
disponíveis não se usa mais a vermifu- grupo químico do utilizado no ano
gação de todo o reba­nho. anterior. Para melhor entendimento
consulte um profissional habilitado
Existem no mercado vários tipos de (médico-veterinário ou técnico de
vermífugos classificados pelo grupo campo) que possa auxiliá-lo.
químico e princípio ativo (Tabela 2). Os

Tabela 2. Vermífugos disponíveis comercialmente separados por grupo químico e princí-


pio ativo.

Recomendações para o controle integrado


Grupo químico Princípio ativo Ação
Levamisol
Imidatiazóis Vermes gastrintestinais
Tetramisol
Pamoato de

de verminose em caprinos e ovinos


Pirimidinas Vermes gastrintestinais
pirantel
Closantel
Salicilanilidas Vermes gastrintestinais e tênias
Niclosamida
Organofosforados Triclorfon Vermes gastrintestinais
Albendazol
Vermes gastrintestinais
Mebendazol
Benzimidazóis
Oxfendazol
Vermes pulmonares e tênias
Febendazol
Ivermectina
Moxidectina
Vermes gastrintestinais, pulmonares e
Lactonas macrocíclicas Doramectina
parasitas externos
Abamectina
Eprinomectina
Disofenol
Substitutos nitrofenólicos Vermes gastrintestinais e pulmonares
Nitroxinil
Derivado da amino-acetonitrila Monepantel Vermes gastrintestinais

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A carência dos vermífugos é o período oito meses). Dessa forma, o leite de
no qual o leite e a carne não devem cabras vermifugadas com ivermectina
ser consumidos, por causa da pre- não deve ser utilizado para o consumo
sença de resíduos químicos após os humano. Já para outros vermífugos,
animais terem sido vermifugados. Há como os do grupo dos benzimidazóis
vermífugos, como os pertencentes ao (albendazole) e imidatiazóis (levami-
grupo das lactonas macrocíclicas, que sole), o período residual é menor, não
deixam resíduos no leite durante toda indo além dos 30 dias.
a lactação (aproximadamente seis a

Outras recomendações importantes que devem ser


observadas para o uso correto dos vermífugos:
 Tratar emergencialmente os animais que apresentem sintomas visíveis de
verminose (emagrecimento, anemia, papeira, diarreia, queda na produção de
carne ou leite), que gira em torno 10% do rebanho.
 Tratar os animais de compra antes de incorporá-los ao rebanho.
 Não tratar as fêmeas no terço inicial da prenhez (primeiros 45 dias) para evitar
problemas com a cria.
 Tratar as fêmeas 30 dias antes do parto e as matrizes que vão entrar na estação
de monta.
 Antes e após a vermifugação deixar os animais presos no chiqueiro ou no aprisco,
por pelo menos 12h (faça as vermifugações sempre no final da tarde).
 Cabritos e cordeiros devem ser vermifugados somente após o contato com o
pasto, geralmente após a terceira semana de pastejo.
 Nunca trocar o grupo químico do vermífugo antes de um ano de uso.
 Reduzir a frequência das vermifugações e evitar o uso de medicações
desnecessárias.
 Observar o período de carência dos vermífugos. Ler a bula
do vermífugo e seguir as instruções do fabricante quanto
ao período de descarte do leite e o período necessário para
o abate dos animais e o consumo da carne.

16
Aplique o vermífugo

A principal via de aplicação de vermífu-


gos em caprinos e ovinos é a via oral ou

Foto: Maíra Vergne Dias


bucal (dentro da boca). Para adminis-
trar o vermífugo na boca do animal são
utilizadas seringas comuns ou pistolas
dosificadoras automáticas (Figura 4).
Figura 4. Administração de vermífugo por
via oral utilizando a pistola dosificadora
Administre a dose de vermífugo de
automática.
acordo com as orientações contidas
na bula, devendo-se, para isso, pesar
os animais antes. Verifique o funciona- da estação de monta e 30 dias antes
mento da pistola dosificadora antes do do parto. Após a cobertura deve-se
uso para evitar a aplicação de quanti- evitar vermifugá-las no terço inicial
dades erradas caso o equipamento não da prenhez (primeiros 45 dias), para
esteja em perfeito funcionamento. Ao evitar problemas de malformação
administrar medica­mentos na boca do nas crias. Após a vermifugação, os
animal deve-se ter o máximo cuidado, animais devem permanecer presos
porque qual­quer descuido poderá no chiqueiro ou no aprisco, por pelo

Recomendações para o controle integrado


levá-lo à morte. Os animais recém-che- menos 12h. Para facilitar esse ma-
gados na propriedade devem sempre nejo, recomenda-se que as vermifu-
ser vermifugados antes de serem gações sejam sempre realizadas no

de verminose em caprinos e ovinos


incorporados ao rebanho. As fêmeas final da tarde.
devem ser vermifugadas 15 dias antes

17
Antes de aplicar o vermífugo nos ani- Na medida do possível deve-se reduzir
mais, recomenda-se sempre a leitura ao máximo a frequência do uso de ver-
da bula e observar cuidadosamente mífugos no rebanho. A troca de grupo
as instruções do fabricante quanto ao químico não deve ser realizada antes
período de descarte do leite e o tempo de um ano de uso para evitar o agra-
para o abate do animal, além do con- vamento da resistência dos vermes.
sumo da carne. Os cabritos e cordeiros Os animais que apresentarem sinais
devem ser vermifugados somente após visíveis de verminose (emagrecimento,
o contato com o pasto, geralmente na anemia, papeira, diarreia e queda na
terceira semana de pastejo. produção de carne ou leite) devem
ser imediatamente vermifugados.
Finalmente, atente para as diferenças
metabólicas existentes entre capri-
nos e ovinos. As doses de um mesmo
medicamento podem ser diferentes ou
não serem recomendadas para ambas
as espécies.

18
Gente, pra não esquecer!
Os vermífugos ainda são muito importantes
para o controle de verminose, mas, se usar
de forma inadequada e por um longo perío-
do, sempre causa resistência nos vermes.

Recomendações para o controle integrado


de verminose em caprinos e ovinos

19
“Já faz uns 4 anos que a gente
adota o Famacha...”
Pedro Júlio Experiências reais

N o município de Tauá, no Sertão dos


Inhamuns (CE), duas gerações da família
do agricultor Pedro Júlio de Almeida estão en-
to. Trouxe melhores resultados no combate
da verminose, ganho de peso, menor taxa de
mortalidade, aumento da taxa de reprodução”,
volvidas na produção rural. A atividade que co- destaca Pedro Júlio, que desenvolve a caprino-
meçou na propriedade familiar, com ele e sua cultura e a ovinocultura em um dos territórios
esposa Cícera, hoje envolve também os filhos onde essas atividades são mais relevantes
Joyce e Jobson no suporte às atividades que no Semiárido nordestino. Tauá concentra os
envolvem caprinos e ovinos, com destaque maiores rebanhos, tanto de ovinos, como de
para produção de mantas de carneiro. Para caprinos do Ceará.
um melhor desenvolvimento da atividade de
criação de pequenos ruminantes, o manejo Na Bacia do Jacuípe (BA), outro território onde
sanitário dos rebanhos passou a incluir as re- a criação de pequenos ruminantes é uma
comendações de controle integrado de vermi- atividade agropecuária relevante, o Projeto
nose orientadas pela Embrapa. Dom Hélder Câmara iniciou a implantação de
ações para que os produtores possam utilizar
“Já tem uns 4 anos que a gente adota Fama- as orientações do controle integrado. Um dos
cha, aplicação de vermífugo, rotação de pas- parceiros nesta iniciativa é Lenildo Rios, técni-
co em Agropecuária que atua em Pintadas (BA)
e em outros municípios da Bacia. Ele afirma ter
boa expectativa que o controle integrado traga
bons resultados para os produtores.

“A verminose é uma doença que traz grande


prejuízo para a criação e os métodos mais anti-
gos de controle já não são tão aplicados pelos
criadores, pois não estão mais surtindo efeito,
os vermes estão com certo índice de resistên-
cia. Quando vem um novo conhecimento, os
criadores colocam mais em prática. A gente
espera que o controle integrado tenha um re-
sultado bastante satisfatório”, ressalta Lenildo.  
Agradecemos a colaboração do jornalista Adilson Rodrigues da Nóbrega (MTB/CE 01269 JP) na coleta de informações e
elaboração do texto "Experiências reais".

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