PR.0317 Olericultura Gestao de Custos
PR.0317 Olericultura Gestao de Custos
PR.0317 Olericultura Gestao de Custos
OLERICULTURA
GESTÃO DE CUSTOS
ADALTO ACIR ALTHAUS JUNIOR
LUIS GUILHERME PARANÁ BARBOSA LEMES
OLERICULTURA:
GESTÃO DE CUSTOS
2016
Depósito legal na CENAGRI, conforme Portaria Interministerial n. 164, datada de 22 de julho de
1994, e junto a Fundação Biblioteca Nacional e Senar-PR.
Olericultura : gestão de custos / Adalto Acir Althaus Junior [e] Luís Guilherme
Paraná Barbosa Lemes. – Curitiba : SENAR-PR., 2016. – 92 p.
ISBN 978-85-7565-140-7
CDD630
CDU633.883
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, por qualquer meio, sem a autorização
do editor.
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................................................................7
5 ANÁLISE CUSTO-VOLUME-LUCRO............................................................................................................................ 33
5.1 DEMONSTRATIVO DE RESULTADOS (LUCRO)............................................................................................................................................33
5.2 ANÁLISE DO PONTO DE EQUILÍBRIO...............................................................................................................................................................35
5.2.1 Margem de contribuição ..........................................................................................................................................................................35
5.2.2 Margem de contribuição unitária.........................................................................................................................................................35
5.2.3 Margem de contribuição percentual.................................................................................................................................................37
5.3 PONTO DE EQUILÍBRIO.............................................................................................................................................................................................39
5.3.1 Ponto de equilíbrio em quantidade....................................................................................................................................................40
5.3.2 Ponto de equilíbrio em valor...................................................................................................................................................................41
6 DEPRECIAÇÃO............................................................................................................................................................... 49
7 FINANCIAMENTO ......................................................................................................................................................... 51
7.1 AMORTIZAÇÃO E JUROS.........................................................................................................................................................................................53
7.2 DEPRECIAÇÃO.................................................................................................................................................................................................................53
7.3 COMO CONSIDERAR O FINANCIAMENTO (AMORTIZAÇÃO E JUROS) E DEPRECIAÇÃO.............................................54
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................................ 69
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................................................... 71
ANEXO 1................................................................................................................................................................................ 73
ANEXO 2................................................................................................................................................................................ 75
ANEXO 3................................................................................................................................................................................ 83
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
SENAR-PR 7
2 O QUE SÃO FINANÇAS
SENAR-PR 9
3 SEPARANDO CUSTOS E DESPESAS FAMILIARES DOS CUSTOS E DESPESAS
DA EMPRESA
Um dos principais cuidados que o proprietário de uma empresa deve ter, qualquer que seja
o ramo, é conhecer muito bem suas necessidades financeiras pessoais, ou seja, saber o quanto ele
e sua família precisam para viver com certo nível de conforto.
O produtor rural é proprietário de uma empresa e precisa conhecer suas necessidades
financeiras familiares e quanto a empresa precisará gerar de renda para ser lucrativa e para
remunerar adequadamente o proprietário. Apenas conhecendo essas necessidades, ele saberá o
quanto precisa produzir e a que preço vender. A propriedade deve lhe render dinheiro suficiente
para custear suas necessidades familiares caso contrário, ele terá grandes dificuldades financeiras.
Fonte: Os autores.
O olericultor precisa compreender que sua propriedade rural deve remunerar os seus
investimentos com renda suficiente para cobrir gastos familiares e para investir continuamente
na melhoria do seu negócio. Na prática, conhecer nossas necessidades financeiras não é tão fácil
quanto possa parecer, pois a cada mês nossos gastos variam. Em determinados meses, compramos
roupas, outros comemos mais, às vezes fazemos uma viagem, surge uma despesa imprevista,
reforma da casa, um presente para algum amigo ou parente, enfim, são várias as situações do dia a
dia que fazem nossos gastos familiares oscilarem a cada mês.
SENAR-PR 11
Figura 2 – É fundamental anotar seus gastos.
Mas, se é difícil, como poderei saber qual a
minha necessidade financeira mensal? Para essa
pergunta, só existe uma resposta: controlar.
Você deve simplesmente fazer o controle dos
gastos familiares, ou seja, dos custos e das despesas
familiares. Elabore uma planilha ou providencie um
caderno e faça anotações de todos os gastos da casa,
fazendo um fechamento no final do mês para saber o total
que você gastou. É a única forma, não existe mágica!
Os gastos familiares devem ser anotados
Fonte: Os autores. mensalmente e, depois de alguns meses, em geral 4 a 5 meses,
você já consegue começar a ter uma visão mais clara de suas necessidades financeiras. Após um
ano de anotações, isso se tornará uma valiosa informação para sua vida pessoal e empresarial.
Na Tabela 1, é apresentado um exemplo de controle diário de gastos.
Tabela 1 – Modelo de anotações diárias.
Janeiro Fevereiro
Dia Item Tipo Valor Dia Item Tipo Valor
2 Bar do Zé Almoço 40,00
2 Casa Luz 91,60
4 Unimed Saúde 260,00
5 Banho Animal estimação 34,00
6 Carne Mercado 27,37
7 Bolo Lanche 5,70
7 Colar Lazer/presentes 187,00
7 Globo Rural Revista 11,90
8 Carne Almoço 65,98
8 Espetinho Jantar 41,38
8 Pizza Almoço 12,90
10 Mãe Presente 36,00
13 TV 1/10 Eletrodoméstico 85,90
13 Poltrona 9/10 Móveis 1.137,60
13 Dança 3/5 Lazer 254,00
16 Sofá 1/10 Móveis 269,00
16 Minha Terra Livro 37,90
16 Dra. Marli Dentista 140,00
17 Cimento Reforma 120,00
18 Soquete Manutenção 2,90
19 Sorvete Guloseima 2,00
20 Gás Gás 47,65
20 Filho Mesada 20,00
Total 2.930,78
Fonte: Os autores.
12 SENAR-PR
Porém, se você é um produtor rural, já sabe que deve anotar também os gastos que tem com
sua produção e seu negócio. Você ainda pode pensar: “Mas eu lanço na mesma planilha tudo que
eu pago, seja despesa do negócio, ou seja, despesas familiares, então está tudo certo, não é?”.
Infelizmente, não. Se você lança todas as despesas na mesma planilha, misturando os gastos
familiares com os gastos do negócio, como saberá se a empresa vai gerar recursos financeiros para
cobri-las e ainda gerar lucro para reinvestimentos?
Para resolver esse problema, também só existe uma resposta, separar os gastos familiares dos
gastos do negócio. Só assim você conseguirá saber quanto é sua necessidade financeira pessoal e
ainda mais, a lucratividade real do seu negócio.
Perceba que, se os gastos familiares estão misturados com os gastos do negócio, você não
conseguirá saber claramente duas coisas fundamentais para o seu sustento e o seu sucesso:
Sem responder a essas duas perguntas de forma correta e segura todos os meses, você não
conseguirá administrar da melhor forma nem sua vida financeira pessoal nem seu negócio, e isso
com o passar do tempo pode lhe trazer grandes dificuldades financeiras ou impedi-lo de crescer e
melhorar.
A ideia básica é que seu negócio possa remunerá-lo tanto pelo trabalho realizado, que
chamaremos de pro labore1, como pelo capital investido no negócio. Com essa retirada de pro labore
você sustenta suas despesas familiares e isso entra como um gasto nos controles da empresa. Com
esse dinheiro você supre as necessidades pessoais e da família.
Mas como fazer isso se os gastos variam todo mês? Da mesma forma que já foi dito: controle.
Uma ideia simples que ajuda muito, especialmente para quem já tem uma planilha ou sistema, é
criar tipos de gastos para separar as contas pessoais e familiares que devem ser sustentadas pelo
pro labore.
Se pegarmos o controle diário de gastos, como, por exemplo a Tabela 1, e sintetizarmos mês
a mês, poderemos ter uma ideia mais clara de como estamos gastando nosso dinheiro e como
esses gastos variam ao longo do ano.
Veja como exemplo a Tabela 2. Ela apresenta uma consolidação dos gastos pessoais e
familiares anotados na Tabela 1. Além disso, ela mostra esses gastos com o total gasto em cada tipo,
todos os meses. Essa é uma ótima forma de resumir seus gastos do ano todo e ir acompanhando o
que acontece ao longo do tempo.
1 Pro labore é uma expressão para indicar que o proprietário tem uma remuneração pelo trabalho que executa no negócio.
SENAR-PR 13
Tabela 2 – Consolidação dos gastos diários por mês e por tipo.
14 SENAR-PR
Assim, você teria uma planilha com gastos familiares separados
por tipo, mês a mês, e pode acompanhar como esses gastos se
comportam ao longo do tempo.
Um olhar menos atento, que não separe esses gastos, poderia
levar você a pensar que o negócio está sendo pouco lucrativo,
mas na verdade são os gastos familiares que podem estar muito
altos.
A partir dessas anotações é que o produtor rural conseguirá
perceber e agir caso necessário para corrigir os excessos de gastos
ou, ainda, ampliar a produção para aumentar sua renda e atingir os
objetivos e a tranquilidade que merece na vida pessoal.
No final das contas, o importante mesmo é que você, produtor e
empresário rural, tenha um controle separado das suas necessidades pessoais
e familiares das contas e atividades do negócio. Somente com essa separação
é possível começar a se organizar para ter uma disciplina financeira,
planejando formas de crescer e melhorar a rentabilidade do negócio e,
consequentemente, seus ganhos pessoais e familiares. Também é importante
ter a consciência de que isso é um trabalho, é uma das atividades que compõe
seu negócio: cuidar da parte financeira.
Assim como não adianta regar as plantas apenas uma vez, o controle financeiro e a separação
dos gastos familiares devem ser feitos sempre, todos os meses, pois somente assim você conseguirá
construir uma visão clara das suas necessidades financeiras e aproveitar
os benefícios que essa informação trará para você e para seu
negócio.
Para montar a planilha com as informações sobre a
propriedade rural, são levados em consideração os itens que
descrevem as atividades da empresa. Veja um exemplo na
Tabela 3. Daí é só ir anotando todos os gastos conforme o tipo
descrito e, assim, você obterá automaticamente um resumo e
uma fotografia que lhe mostrará como sua empresa rural está se
comportando mês a mês.
SENAR-PR 15
Tabela 3 – Consolidação dos gastos do negócio.
16 SENAR-PR
5 – Operações de colheita
Arranquio
6 - Mão de obra
Meeiros
Permanentes
7 - Catação
8 - Custos administrativos
9 - Comercialização/beneficiamento
10 - Impostos (IPVA + seguros)
11 - Seguro equipamentos
12 - Encargos sociais
FGTS
INSS
PIS
Décimo terceiro
Senar
13 – Arrendamento
14 – Assistências técnica
15 – Capital de giro
16 – Custo operacional efetivo (1 + 2 +... + 15)
17 – Depreciações
18 – Custo operacional total (Efetivo + 17)
19 – Custo anual de recuperação do patrimônio
Total de gastos
Resultado
Produtividade média
Custo total por saca
Fonte: Os autores.
SENAR-PR 17
Exemplo:
João é produtor rural e produz em sua propriedade algumas hortaliças e tomate. Abaixo,
estão descritos alguns acontecimentos do dia a dia de João. Registre em controles financeiros
apropriados esses acontecimentos.
Resposta:
18 SENAR-PR
Exercícios propostos:
1. Indique na relação abaixo se o item se refere a um custo ou despesa do negócio ou da família.
Marque um “X” na opção correta e justifique sua escolha.
Evento Família Negócio Justificativa
7. Pagamento de funcionários
(escritório e produção) – R$ 6.750,00
SENAR-PR 19
Evento Família Negócio Justificativa
20 SENAR-PR
2. Agora, suponha que todos esses gastos indicados no exercício 1 foram realizados no mês de
março. Juntamente com os eventos informados no exemplo anterior, utilize a planilha modelo
e indique o movimento do mês de março, separando gastos do negócio e da família. Indique
também se houve sobra ou falta de dinheiro nesse mês de março.
Despesas familiares
Despesas do negócio
SENAR-PR 21
3. Com suas próprias informações, monte duas tabelas conforme abaixo:
a) Gastos diários familiares.
b) Consolidado mensal dos gastos diários familiares, agrupando por tipo.
22 SENAR-PR
4. Com suas próprias informações, monte duas tabelas conforme abaixo:
a) Gastos diários do negócio.
b) Consolidado mensal dos gastos diários do negócio, agrupando por tipo.
SENAR-PR 23
4 CONCEITOS BÁSICOS DE CUSTOS
Gasto: valor dos insumos adquiridos pela empresa, podendo ser utilizado ou não. Exemplos:
gastos com mão de obra, com pro labore, com matéria-prima, e assim por diante. O gasto pode ser
de vários tipos: custo, despesa ou investimento.
CUSTO
GASTO DESPESA
INVESTIMENTO
Fonte: Os autores.
SENAR-PR 25
Desembolso: é o ato do pagamento e pode ocorrer em momento diferente do gasto.
Exemplo: comprei um trator com 90 dias de prazo para o pagamento, o gasto ocorre no momento
da compra, mas o desembolso apenas 3 meses depois.
Custo de produção: é o valor dos insumos usados na produção da empresa. Exemplo: energia
elétrica, máquinas e equipamentos, mão de obra, entre outros.
O custo de produção se diferencia do gasto. O gasto está relacionado a quaisquer insumos ou
materiais adquiridos, enquanto o custo está relacionado com os insumos efetivamente utilizados
na produção. Exemplo: o produtor comprou um trator, gasto é o valor total, enquanto que a parcela
de utilização da máquina para uma operação de gradagem é o que origina o custo. Posteriormente,
essa informação é utilizada para calcular um item do custo que é a depreciação, que representa a
parte do equipamento consumido no período.
O custo de produção normalmente é dividido em: matéria-prima, mão de obra e custos
indiretos de produção.
Desperdício: é o trabalho que não agrega valor ao produto final, pode ocorrer por diversas
razões – superprodução, transporte, processamento, fabricação de produtos defeituosos, espera,
dentre outros. Exemplo: o índice de perda no processo de lavagem da alface na máquina é de 1%.
Em determinado dia, pelo fato de a máquina estar desregulada, perdeu-se 5%. A perda anormal foi
de 4%, o desperdício totalizou 5%.
26 SENAR-PR
Depreciação: é o desgaste dos bens (ativos não circulantes) pelo uso ou pela ação do tempo.
A esse desgaste chamamos de depreciação. Isso somente se aplica a investimentos do seu negócio
como, por exemplo, máquinas, veículos, equipamentos, imóvel e etc.
Nesta seção, mostraremos alguns dos principais termos para definir os custos e as despesas.
Custo total: é o montante despendido no período para se produzir todos os produtos.
Custo unitário: é o custo para se produzir apenas uma unidade do produto.
4.3.1 C
lassificação pela variabilidade
A classificação dos custos leva em consideração sua relação com o volume de produção.
Custos e despesas fixas2: são aqueles que não variam com alterações no volume produzido
ou nas vendas. Exemplos: salário mensal do funcionário, retirada do pro labore.
Custos e despesas variáveis: são aqueles que variam com a quantidade de produção ou das
vendas, crescem com o aumento das atividades. Exemplo: custos de insumos (sementes, adubos,
herbicidas), remuneração de horistas, comissão de vendas.
Custos variáveis
Volume de produção
Fonte: Os autores.
2 Ao longo do manual, poderemos algumas vezes adotar o termo custos fixos ou variáveis, querendo dizer custos e despesas fixas ou
variáveis.
SENAR-PR 27
A separação dos custos em fixos e variáveis é fundamental para a tomada de decisão, pois
fornece muitos subsídios importantes para o produtor rural. Essa classificação é necessária e está
condicionada a um volume de produção e a um período de tempo, o horizonte de planejamento
da decisão. Ou seja, os custos fixos, serão fixos por um determinado tempo e para um determinado
nível de produção.
O custo fixo pode variar com o tempo, mas é importante compreender que um custo fixo
não varia com a produção. Por exemplo, o custo mensal do funcionário é um custo fixo, mas pode
variar se os funcionários receberem aumento em determinado mês. Nesse caso, o aumento não
tem relação com a produção ou vendas, então será um custo fixo, mesmo que tenha havido alguma
variação. O importante é saber que essa variação não ocorreu por causa de aumento ou redução da
produção e sim por outro motivo qualquer.
Partes dos desperdícios geralmente estão relacionadas aos custos fixos.
Observe, na Tabela 4, alguns exemplos:
Tabela 4 – Exemplos de classificação em fixos e variáveis.
Gasto Classificação
Sementes Custo variável
Adubo Custo variável
Fertilizante Custo variável
Herbicida Custo variável
Mão de obra de produção Custo variável
Funcionários administrativos/financeiros Despesa fixa
Construção da estufa Investimento
Irrigação Custo fixo
Fonte: Os autores.
4.3.2 C
lassificação pela alocação
A separação dos custos em diretos e indiretos também é importante para a tomada de
decisão, pois facilita a identificação dos mesmos com o produto, processo ou qualquer outra parte
da produção.
Custos diretos: são aqueles de fácil relacionamento com uma unidade de alocação do
produto. São gastos diretamente alocáveis a uma unidade de produto.
Exemplo 1: Mão de obra e insumos (quantia de sementes de alface para uma caixa com 100
pés de alface).
28 SENAR-PR
Exemplo 2: Adubo em monocultura de alface.
Custos indiretos: são aqueles vinculados a produção, mas não ligados diretamente a uma
unidade do produto. São gastos efetuados para produzir o produto, mas que precisam de algum
critério de aproximação para se determinar o quanto cabe a cada unidade de produto.
Exemplo 1: Calcário para correção de solo, pois não há como saber o quanto cada cultura
plantada ao longo do tempo utilizou do calcário no solo.
Exemplo 2: Adubo em cultura consorciada de alface e rabanete, pois não há como saber
quanto adubo foi utilizado na produção de alface ou rabanete, por exemplo.
Essa classificação ajuda a visualizar melhor aqueles itens que estão direta ou indiretamente
ligados à produção, que são os custos, e entender melhor como eles se comportam com as
variações e alterações da produção. É a melhor forma quando se procura estudar e melhorar o
resultado exclusivamente do processo produtivo.
Observe, na Tabela 5, alguns exemplos:
Tabela 5 – Exemplos de classificação em diretos e indiretos.
Gasto Classificação
Sementes Custo direto
Adubo Custo direto ou indireto
Fertilizante Custo direto
Herbicida Custo direto
Mão de obra de produção Custo direto
Funcionários administrativos/financeiros Despesa
Construção da estufa Investimento
Irrigação Custo indireto
Manutenção dos equipamentos Custo indireto
Fonte: Os autores.
Custo de oportunidade: são custos que representam o quanto o produtor deixou de ganhar
por ter optado por um investimento em vez de outro em sua propriedade rural. Eles não se referem
aos investimentos feitos na propriedade (ativos não circulantes como terra, barracão, tratores,
estoque de produtos agrícolas), mas ao quanto deixou de ganhar por ter investido na propriedade
em vez de aplicar num título do governo, por exemplo.
SENAR-PR 29
Exemplo:
Você resolve produzir tomate na sua terra, mas caso não produzisse, poderia ter arrendado a
terra. Então o valor do arrendamento, que você deixará de ganhar é um custo de oportunidade por
não ter arrendado a terra para poder produzir os tomates.
Marque um “X” indicando se o gasto se refere a um custo fixo ou variável.
Item Custo fixo Custo variável
Operação com máquinas e implementos X
Mão de obra e encargos sociais e trabalhistas X
Meeiros X
Sementes X
Fertilizantes X
Agrotóxicos X
Despesas com irrigação X
Despesas administrativas X
Seguro agrícola X
Transporte externo X
Assistência técnica e extensão rural X
Armazenagem X
Depreciação de benfeitorias e instalações X
Depreciação de máquinas X
Depreciação de implementos X
Contabilidade X
Assessoria gerencial X
Exercícios propostos:
1. Marque a opção correta: O que é custo variável?
a) É um tipo de custo que NÃO varia com as vendas.
b) É um tipo de custos que NÃO varia com a produção.
c) É um tipo de custo que VARIA com as vendas ou a produção.
2. Marque a opção correta: Custos com sementes e custos com armazenagem são respectivamente:
a) Ambos são custos diretos.
b) Ambos são custos indiretos.
c) Custo direto e custo indireto.
30 SENAR-PR
3. Classifique os itens abaixo dentro do que parece ser mais apropriado para você.
Item de custo Custo direto Custo indireto
Fertilizantes
Mudas de rúcula
Óleo diesel trator
Energia elétrica
Saco plástico para embalagem
Salário funcionários
4. Classifique os mesmos itens, que estão abaixo, dentro do que parece ser mais apropriado para
você em relação à variabilidade.
Item de custo Custo fixo Custo variável
Fertilizantes
Mudas de rúcula
Óleo diesel trator
Energia elétrica
Saco plástico para embalagem
Salário funcionários
5. Você é o proprietário de uma terra e decide produzir hortaliças em vez de arrendar a terra. O
valor desse arrendamento deve ser considerado na sua estimativa de custos como:
a) Custo indireto.
b) Custo direto.
c) Custo de oportunidade.
SENAR-PR 31
5 ANÁLISE CUSTO-VOLUME-LUCRO
Para calcular o lucro do seu negócio, é muito simples. Basta somar todas as receitas e deduzir
todos os custos e despesas.
Embora isso seja bastante simples, não nos traz muita informação e o ideal seria termos uma
estrutura de resultados que mostre cada item que compõe nossa receita, nossos custos e nossas
despesas.
Para construir essa estrutura, uma vez que temos a análise e classificação dos custos, não
podemos nos esquecer das outras despesas, como, por exemplo, energia elétrica, contador, salário
do pessoal do escritório, despesas de vendas, impostos, entre outras.
Assim, as despesas ligadas a comercialização dos produtos, frete, comissão de vendas e
outros gastos vinculados diretamente à operação de venda dos produtos são chamados de
despesas de comercialização. Devem ser separados dos custos diretos e indiretos para compor
nossa demonstração de resultados, ou análise do lucro.
As despesas com a parte administrativa da empresa, como, por exemplo contador, salário dos
funcionários do escritório, certidões, sistema de informática, etc., são chamados de despesas gerais
e administrativas. Também devem ser somadas em separado dos custos diretos e indiretos para
compor nossa análise do lucro, ou demonstrativo de resultados.
Outro item que deve ser considerado em separado dos custos diretos e indiretos são as
despesas financeiras. Despesas financeiras são os gastos com financiamentos e operações de
credito. Corresponde aos juros pagos, IOF, tarifas de abertura de crédito, tarifas bancárias, etc.
Com todos esses itens anotados, sejam eles as receitas, custos ou despesas se torna possível
montarmos uma estrutura de demonstração de resultado que permita uma análise do lucro e o
acompanhamento das melhorias na gestão do nosso negócio.
SENAR-PR 33
Uma ideia em que podemos estruturar todas as receitas, custos e despesas segue abaixo, na
Tabela 6.
Tabela 6 – Demonstração de resultados do exercício.
A partir de uma estrutura de demonstração de resultados nos moldes do que foi apresentado
na Tabela 6, você poderá acompanhar com maior precisão e riqueza de informações a lucratividade
do seu negócio e os resultados das mudanças que venha a fazer na sua empresa.
É muito importante lembrar que o pro labore, ou seja, a remuneração do trabalho, faz parte
das despesas do negócio, mas deixá-lo em separado, apresentando abaixo do lucro, ajuda você a
34 SENAR-PR
visualizar o quanto seu negócio rende de lucro sem considerar suas despesas familiares e o quanto
fica de lucro após considerar essas despesas.
Com esse acompanhamento de resultados, você poderá gerenciar melhor seu negócio e,
consequentemente, aumentar seus lucros especialmente seu pro labore.
5.2.1 M
argem de contribuição
A margem de contribuição é o indicador mais importante na hora de você negociar ou
conceder descontos. É fundamental para que você possa calcular o preço mínimo de venda e o
ponto de equilíbrio do negócio.
Margem de contribuição é com quanto cada unidade vendida contribui para cobrir os custos
e despesas fixas3.
Para calcular a margem de contribuição, precisamos ter a soma de todos os custos e despesas
fixas do nosso negócio4, o preço de venda unitário e o custo e despesa variável por unidade.
A margem de contribuição pode ser vista de duas formas: margem de contribuição unitária
e margem de contribuição percentual.
5.2.2 M
argem de contribuição unitária
A margem e contribuição unitária (MCun) tem a seguinte fórmula:
Margem de contribuição unitária (MCun) = Preço de venda unitário – Custo variável unitário
Para calcularmos o custo variável unitário, basta dividir o custo variável total pela quantidade
produzida.
Para saber o custo variável unitário, podemos proceder de duas formas. Uma é fazer o controle
rigoroso dos custos fixos e variáveis da produção.
Uma forma mais simples é considerar os custos diretos e indiretos como sendo custos
variáveis. Da forma como mostra o estudo de caso no item 9 deste material, o custo unitário total
pode ser considerado como sendo o custo variável unitário dos itens produzidos. Esse exemplo
detalhado de como fazer o cálculo do custo variável unitário está no estudo de caso apresentado
ao final deste material.
Assim, vamos tomar um exemplo e supor que você é o sr. Ademir, um empresário rural. Você
vende uma caixa de tomates a R$ 35,00 e seu custo variável unitário é igual a R$ 12,82 (veja no estudo
de caso como obter esse valor). Então, a margem de contribuição unitária de uma caixa de tomate será:
SENAR-PR 35
Com isso, sabemos que para cada caixa de tomate vendida, sobram R$ 22,18 para pagar os
custos fixos do negócio e formar o lucro do negócio.
Então, se você vender 1.000 caixas de tomate, saberá que terá R$ 22.180,00 para pagar os
custos fixos do seu negócio e formar seu lucro. A cada unidade vendida renderá R$ 22,18 a mais
para suprir as demais necessidades da empresa.
Nesse caso, os R$ 22.180,00 são a margem de contribuição total para o tomate. Para obtê-la
basta multiplicar a quantidade pela margem de contribuição unitária (MCun).
Suponha agora que você trabalha com quatro produtos: tomate, alface, rúcula e agrião. Você
mantém um controle organizado de quanto gasta na produção de cada um deles, fazendo o rateio5
por área plantada.
Custos Despesas
Indiretos Diretos
Rateio
Tomate
Alface
Rúcula
Agrião
Estoque
Resultado
Fonte: Os autores.
5 Rateio – critério adotado para dividir e alocar os gastos ao custo dos produtos. Normalmente, usa-se a área, a quantidade produzida ou o
percentual das receitas.
36 SENAR-PR
Você tem também um controle rigoroso da quantidade produzida e obteve os seguintes
números:
Custos variáveis totais
Produto Produção (caixas) Custo por caixa
já rateados por área plantada
Tomate 33.100,00 2.000 16,55
Alface 12.700,00 2.500 5,08
Rúcula 11.175,00 1.500 7,45
Agrião 7.800,00 1.200 6,50
Suponha agora que o preço de venda da caixa de cada um dos itens que você produz é
R$ 35,00 para o tomate, R$ 11,00 para a alface, R$ 20,00 para a rúcula e R$ 15,00 para o agrião.
Então, você obtém a margem de contribuição unitária e total para cada item, e somando
todos os itens você terá a margem de contribuição total do seu negócio.
Agora você sabe que tem R$ 80.725,00 de margem de contribuição total, ou seja, tem esse
valor para pagar seus custos fixos e formar seu lucro.
5.2.3 M
argem de contribuição percentual
A margem de contribuição percentual (MC%) tem a mesma ideia da margem de contribuição
unitária. A diferença é que ela é expressa como um percentual do preço de vendas. Assim você
sabe qual o percentual do preço de vendas que corresponderá à margem de contribuição unitária.
Ela tem a tem a seguinte fórmula:
SENAR-PR 37
A vantagem de se saber a margem de contribuição em percentual é que ela permitirá que
você concentre seus esforços de produção e de vendas naqueles produtos que ofereçam maior
margem de contribuição. Além disso, você poderá administrar melhor a política de desconto nas
negociações.
Em nosso exemplo anterior, a margem de contribuição percentual será:
Isso significa dizer que para cada caixa de tomate vendido a R$ 35,00, sobram 63,37% desse
valor para pagar as despesas fixas do negócio, retirar o pro labore, formar o lucro do negócio e fazer
investimentos.
Em outras palavras, caso você esteja com excesso de produção e possibilidade de perder
produtos em estoque porque estão estragando, o desconto máximo que você deveria dar seria de
63,37%. Além desse desconto, você teve que “pagar para trabalhar”, ou seja, nem mesmo os custos
variáveis (custos diretos e indiretos da produção) seriam pagos com o que você recebeu. Além
disso, caso conceda esse percentual de desconto, você não teria dinheiro para cobrir os custos fixos
e formar lucro para seu negócio. Por outro lado, caso você já tenha superado o ponto de equilíbrio
(veja mais a frente), esse é o limite que você deveria dar de desconto para recuperar os custos
variáveis sem que isso afete o lucro já conquistado com outras vendas.
Agora, vamos retomar o exemplo anterior, em que você produz quatro produtos: tomate,
alface, rúcula e agrião. Vamos calcular a margem de contribuição percentual para cada um dos
produtos.
Lembre-se de que você mantém um controle organizado de quanto gasta na produção
de cada um deles, fazendo o rateio por área plantada e tem também um controle rigoroso da
quantidade produzida. Veja os números novamente:
Lembre-se de que o preço de venda da caixa de cada um dos itens que ele produz é R$ 35,00
para o tomate, R$ 11,00 para a alface, R$ 20,00 para a rúcula e R$ 15,00 para o agrião.
Então, podemos obter a margem de contribuição unitária percentual e total para cada item
e, somando todos os itens, você terá a margem de contribuição total do seu negócio.
38 SENAR-PR
35,00 – 16,55 18,45
Tomate: MC% = × 100 = × 100 = 52,71%
35,00 35,00
11,00 – 5,08 5,92
Alface: MC% = × 100 = × 100 = 53,82%
11,00 11,00
20,00 – 7,45 12,55
Rúcula: MC% = × 100 = × 100 = 62,75%
20,00 20,00
15,00 – 6,50 8,50
Agrião: MC% = × 100 = × 100 = 56,67%
15,00 15,00
Agora, o produtor pode ter uma ideia de quanto é a margem de contribuição percentual de
cada produto (MC%) e também o quanto cada produto participa na margem de contribuição total
da empresa (veja a última coluna).
Com essa informação, é fácil perceber que a maior margem de contribuição percentual é a
da rúcula, seguida pelo agrião. Se você identificar espaço para ampliar sua produção, deveria focar
nesses produtos que irão lhe trazer maior lucratividade em relação aos demais.
Para estimar o ponto de equilíbrio do seu negócio, em primeiro lugar é necessário conhecer
a margem de contribuição dos produtos. Também é fundamental conhecer os custos fixos do
negócio. A partir daí vamos conseguir saber o ponto de equilíbrio da nossa empresa rural.
Mas o que é ponto de equilíbrio?
Ponto de equilíbrio é o valor ou quantidade de vendas que faz com que nossa empresa não
tenha lucro e nem tenha prejuízo. Em outras palavras, ponto de equilíbrio é o valor ou quantidade
de vendas mínima que o nosso negócio precisa para não ter prejuízo.
Sempre que vendemos acima de nosso ponto de equilíbrio, devemos ter lucro. Se vendermos
abaixo do ponto de equilíbrio, devemos ter prejuízo em nosso negócio.
SENAR-PR 39
Podemos calcular o ponto de equilíbrio de duas formas: em quantidade ou em valor.
Ponto de equilíbrio
Custo ($)
ro
luc
Custos variáveis
Custos e Receitas
o despesas totais
juíz
pre
Custos fixos
Volume (q)
Fonte: Os autores.
5.3.1 P
onto de equilíbrio em quantidade
Para calcular o ponto de equilíbrio em quantidade, vamos precisar saber nossa margem de
contribuição unitária e também os custos fixos do negócio. O ponto de equilíbrio em quantidade
tem a seguinte fórmula:
Por meio dessa relação, poderemos saber a quantidade mínima que precisamos vender para
não termos nem lucro, nem prejuízo.
Suponha como exemplo o sr. Ademir. Seus custos fixos totais são de R$ 7.219,42. Do exemplo
anterior, já sabemos que a margem e contribuição unitária do tomate é de R$ 22,18 para cada caixa.
Então, caso o sr. Ademir produzisse apenas tomate, seu ponto de equilíbrio em quantidade seria:
7.219,42
PEq = = 325,49 → 326 caixas
22,18
Então, o sr. Ademir precisaria vender pelo menos 326 caixas de tomate para “empatar”, ou seja,
não ter lucro nem prejuízo. Nesse caso, sempre arredondamos para cima, pois não é possível vender
“unidades quebradas”, então 325,49 unidades significam que, no mínimo, precisamos vender 326
unidades.
40 SENAR-PR
5.3.2 P
onto de equilíbrio em valor
Para calcular o ponto de equilíbrio em valor, vamos precisar saber nossa margem de
contribuição percentual e também os custos fixos do negócio. O ponto de equilíbrio em valor tem
a seguinte fórmula:
Com essa relação saberemos qual o valor mínimo de vendas que precisamos ter para
“empatar”, ou seja, não ter nem lucro nem prejuízo.
Veja novamente nosso exemplo do sr. Ademir. Considere que você tenha custos fixos totais
de R$ 7.219,42. Do exemplo anterior, já sabemos que a margem de contribuição percentual do
tomate é de 63,37% para cada caixa. Então, caso o sr. Ademir produzisse apenas tomate, seu ponto
de equilíbrio em valor seria
7.219,42 7.219,42
PE$ = = = 11.392,49 → R$ 11.392,49 de vendas em caixas de tomate
63,37% 0,6337
Agora, já sabemos que você precisa faturar ou vender no mínimo R$ 11.392,49 em caixas de
tomate para “empatar”, ou seja, não ter lucro nem prejuízo.
Essa informação é muito importante para a gestão do seu negócio. Assim, você pode olhar
para o mercado e ter uma ideia mais clara dos riscos do seu negócio e da facilidade ou dificuldade
em conquistar as vendas mínimas necessárias para equilibrar sua empresa.
No caso em que seja fácil atingir o ponto de equilíbrio, o empresário pode ficar mais tranquilo no
sentido de que seu negócio tem bom potencial para gerar lucro. Quando é mais difícil atingir o ponto
de equilíbrio, a empresa deve ficar atenta a qualquer variação na quantidade demandada pelo mercado,
pois pode não conseguir vender o mínimo necessário para atingir o equilíbrio da sua empresa.
Vamos utilizar o exemplo da seção anterior, em que você é o produtor que produz quatro
produtos: tomate, alface, rúcula e agrião. Imagine que esse produtor tem R$ 50.000,00 de custos
fixos. No quadro com as informações, está relembrada a margem de contribuição:
SENAR-PR 41
Para saber o ponto de equilíbrio por produto é necessário partir de estatísticas históricas
sobre o quanto cada produto representa da margem de contribuição total, que é a informação da
última coluna. Faremos um rateio desse custo fixo para cada produto em relação ao percentual que
ele responde sobre o total. No caso do tomate, deixaremos ele responder por 45,71% dos custos
fixos. A alface responderá por 18,33%, a rúcula por 23,32% e o agrião por 12,64% dos custos fixos.
22.855,00
Tomate: PEq = = 1.238,75 → 1.239 caixas
18,45
22.855,00
PEq = = R$ 43.359,89
52,71%
9.165,00
Alface: PEq = = 1.548,14 → 1.549 caixas
5,92
9.165,00
PEq = = R$ 17.028,98
53,82%
11.660,00
Rúcula: PEq = = 929,08 → 930 caixas
12,55
11.660,00
PEq = = R$ 18.581,67
62,75%
6.320,00
Agrião: PEq = = 743,53 → 744 caixas
8,50
6.320,00
PEq = = R$ 11.152,29
56,67%
Agora, o produtor já sabe a quantidade mínima que precisa produzir de cada um dos
produtos, em caixas e em valores de venda, para cobrir os custos fixos do negócio. Sempre que ele
ultrapassar essas quantidades, estará gerando lucro para o negócio. Caso ele fique abaixo dessas
quantidades, seu negócio terá prejuízo.
42 SENAR-PR
Exercícios propostos:
1. Discuta com seus colegas a relação entre margem de contribuição, custos e despesas fixas e
ponto de equilíbrio. Antes disso, marque a opção correta: O que é margem de contribuição?
a) É a diferença entre o preço de venda e o custo variável por unidade.
b) É a divisão do lucro pela receita total.
c) É a diferença entre receitas totais e custos e despesas totais.
2. Veja os seguintes dados extraídos do controle financeiro e de custos de um produtor de
pimentão referente a um determinado período:
Produto Custo variável total Área plantada Produção (caixas)
Pimentão R$ 5.400,00 2 ha 500 caixas de 20 kg
A área plantada total da propriedade é de 5 ha, ou seja, ele planta outras culturas nos 3 ha
restantes. Os custos e as despesas fixas totais para o mesmo período, já incluindo pro labore
e mão de obra, são de R$ 8.000,00. Calcule a margem de contribuição para cada caixa de
pimentão, sabendo que uma caixa é vendida a R$ 26,60. Calcule também a margem de
contribuição em percentual.
3. Com os resultados obtidos no exercício 2, calcule o ponto de equilíbrio para o pimentão.
Calcule o ponto de equilíbrio em quantidade de caixas de 20 kg e em valor.
SENAR-PR 43
4. João é produtor rural e produz em sua propriedade algumas hortaliças e tomate. Abaixo, estão
descritos alguns dados extraídos do seu controle financeiro referente a um determinado período:
Custos Produção Área Quantidade
Produto
diretos (caixas) plantada por caixa
Tomate 4.800,00 2.000 1 ha 20 kg
2
Alface 20.000,00 2.500 3.000 m 100 pés
2
Rúcula 21.000,00 1.500 2.000 m 100 pés
2
Agrião 10.800,00 1.200 1.800 m 100 pés
Considere que os custos diretos e indiretos podem ser considerados como custos variáveis. Os
rateios que João faz são feitos por área plantada. Com essas informações ajude João a descobrir:
a) Qual a margem de contribuição unitária para cada um dos produtos?
b) Qual a margem de contribuição percentual unitária para cada um dos produtos?
c) Qual o ponto de equilíbrio em quantidade para cada um dos produtos?
d) Qual o ponto de equilíbrio em valor para cada um dos produtos?
e) Qual o ponto de equilíbrio geral da propriedade rural de João?
f) João tem uma área ociosa de 1 ha. Considerando que existe mercado para todos os
produtos em qualquer quantidade e que tanto os custos como os preços de venda
permanecerão estáveis, qual produto João deveria aumentar sua produção?
44 SENAR-PR
5. Agora, escolha dois produtos que você produz em sua propriedade rural. Considerando o mês
anterior, relacione:
a) Todos os itens de custos diretos que esses produtos consomem e suas quantidades e
valores.
SENAR-PR 45
b) Todos os itens de custos indiretos que esses produtos consomem e seus valores.
46 SENAR-PR
c) A área plantada de cada um dos produtos.
SENAR-PR 47
e) O valor de venda de cada um desses produtos.
Com essas informações, calcule a margem de contribuição e o ponto de equilíbrio para esses
produtos produzidos em sua propriedade.
48 SENAR-PR
6 DEPRECIAÇÃO
Depreciação é uma despesa ocasionada pelo desgaste natural que um bem sofre pelo seu
uso ou pela ação do tempo. Uma vez que a vida útil do bem é consumida, ele deve ser reposto e a
esse desgaste durante a vida útil do bem se chama depreciação.
Depreciação pode ser vista de duas formas, econômica e contábil. A depreciação econômica
é aquela depreciação real que o bem sofre. Sua real perda de valor e produtividade. Já a depreciação
contábil é simplesmente aquela utilizada pela contabilidade conforme autorizado pelas regras da
Receita Federal.
O ideal é que a depreciação contábil fosse igual a econômica, mas isso dificilmente acontece.
O bem sofre uma depreciação que deve ser registrada na contabilidade conforme é autorizado pela
Secretaria da Receita Federal. A depreciação real pode ser diferente em função das condições reais de
uso do bem que podem ser mais ou menos agressivas em relação à estimativa contábil da depreciação.
A Tabela 7 a seguir mostra apenas alguns exemplos da depreciação contábil conforme
autorizado pela Secretaria da Receita Federal do Brasil. Apenas alguns itens estão relacionados abaixo.
A tabela completa pode ser consultada no site da Receita Federal (www.receita.fazenda.gov.br).
Quando a perda de valor se refere a um recurso natural, como, por exemplo, uma reserva
mineral ou uma reserva de pinus ou eucalipto leva o nome de exaustão. Seu tratamento e
interpretação são semelhantes à depreciação.
Nos custos dos produtos devemos lembrar que devem ser considerados os custos de
depreciação (reposição dos equipamentos). Esse é um custo muito importante, pois de tempos
em tempos você precisará renovar seus equipamentos, caixas, ferramentas, veículo e máquinas
que são utilizadas na produção, armazenagem e comercialização dos produtos.
SENAR-PR 49
Tabela 7 – Depreciação contábil.
50 SENAR-PR
7 FINANCIAMENTO
Para financiar sua produção, um produtor ou empresário tem três opções: financiamento
próprio, apoio de investidores ou parceiros de negócio e a utilização de financiamentos bancários.
O financiamento com recursos próprios normalmente é uma alternativa mais difícil para
o empreendedor, pois em geral ele não tem a quantia necessária. Ainda, se ele financiar seus
investimentos com recursos próprios, ele pode ficar sem capital para gastos eventuais que podem
surgir e um planejamento muito mais rigoroso e bem feito se torna necessário para eliminar esses
riscos.
Contar com o apoio de investidores é uma alternativa. É como ter sócios no negócio, mas
com data certa de duração. O investidor traz o dinheiro necessário para fazer os investimentos no
negócio e recebe o valor investido mais o retorno sobre seu capital investido. A vantagem é que os
prazos podem ser mais dilatados e estabelecidos de acordo com as possiblidades do negócio. Como
o investidor assume um risco maior e até parecido com os riscos do empreendedor, geralmente
a remuneração do investidor é mais alta que um financiamento bancário. Por outro lado, há o
benefício de prazos e formas de pagamento mais ajustadas ao negócio e o comprometimento do
investidor com o sucesso do negócio.
O financiamento ou empréstimo bancário é talvez a forma mais utilizada e uma das mais
conhecidas. Nesse sistema, o empresário faz um empréstimo num banco para realizar seus
investimentos. Depois, ele faz o pagamento do valor ao banco em determinado prazo com os juros
contratados. Existem diversos tipos de financiamentos, mas em geral podemos dividir em dois:
investimentos e custeio.
O financiamento para investimentos visa apoiar o produtor na compra de máquinas,
equipamentos, veículos, construção de estruturas de armazenagem ou produção (silos, estufas...) e
outros bens de capital necessários a sua atividade. Os prazos de pagamento geralmente são mais
longos.
O financiamento para custeio visa subsidiar recursos aos produtores para adquirir os insumos
necessários a produção como sementes, gastos com o preparo do solo, plantio, colheita, etc.
Normalmente, está disponível para culturas que tem safras com volumes maiores e prazo de plantio
e colheita mais dilatados.
Os financiamentos ou empréstimos bancários para os produtores agrícolas contam com
alguns incentivos do governo. Esses incentivos estão sempre mudando de acordo com as condições
da economia e também com a visão estratégica de futuro do governo. É importante ficar atento às
políticas vigentes quando decidir fazer um investimento ou buscar recursos para seu crescimento.
A contratação de financiamentos para a aquisição é uma fonte importantíssima para ajudar
no crescimento da empresa e na expansão de suas atividades, mas deve-se ter o cuidado para que
se tenha capacidade de pagamento das prestações e juros.
SENAR-PR 51
Um financiamento corresponde a obtenção de recursos financeiros específicos para certo
objetivo. Exemplo: Finame para máquina agrícola.
Empréstimos dizem respeito à obtenção de recursos financeiros para objetivos não específicos.
Exemplo: Empréstimos no Banco do Brasil com diversos objetivos como adquirir um bem,
construir um viveiro, uma estufa, comprar uma máquina, um trator, um caminhão, um computador,
enfim, diversas aplicações.
Onde buscar financiamento? Um exemplo dessas condições e subsídios podem ser obtidos
em diversas instituições que financiam e apoiam produtores rurais no Brasil, como:
Prazo/Forma de
Linha Beneficiários Finalidade Limites (R$) Juros
pagamento
CUSTEIO
Pronamp Produtor rural, Financiamento das R$ 400 mil 5,0% a.a. Custeio Agrícola:
com renda bruta despesas normais de 60 dias após a
anual até R$ 700 custeio da produção colheita, observado
mil, entre outras agrícola e pecuária. o máximo de 02
condições. anos.
Custeio Pecuário:
de acordo com o
ciclo da atividade,
limitado a 01 ano.
Retenção de Produtores rurais, Financiamento para R$ 650 mil Pronamp: Até 1 ano.
matrizes e PF e PJ, inclusive retenção de matrizes 5,0%a.a.
crias beneficiários do e crias de bovinos,
Pronamp, que bubalinos, ovinos e Demais:
possuam matrizes caprinos. 6,75% a.a.
e crias de bovinos,
bubalinos, ovinos
e caprinos.
Retenção de Produtores rurais, Financiamento para Não há teto. Taxa Até 1 ano.
animais PF e PJ retenção de animais prefixada
(bovinos, bubalinos,
ovinos, caprinos, suínos).
52 SENAR-PR
Prazo/Forma de
Linha Beneficiários Finalidade Limites (R$) Juros
pagamento
INVESTIMENTO
Pronamp Produtor rural Financiamento das R$ 300 mil 5,0% a.a. Até 8 anos, com
com renda bruta despesas normais de carência de até 3
anual até R$ 700 investimento. anos.
mil, entre outras
condições.
BNDES Produtor rural, Financiar a aquisição R$ 500 PF e PJ com Até 120 meses,
Finame PSI PF e PJ e de máquinas e milhões ROB anual com carência de 3
Rural cooperativas equipamentos novos, até R$ 90 a 24 meses no caso
de fabricação nacional, milhões: 6,5% do BNDES PSI Rural
credenciados pelo a.a. e sem carência
BNDES e destinados ao em operações da
setor agropecuário. Finame PSI Rural.
Finame Produtor rural, PF Financiar a aquisição R$ 10 milhões TJLP + taxa Até 90 meses.
Agrícola e PJ e de máquinas e de juros
cooperativas equipamentos novos,
de fabricação nacional,
credenciados pelo
BNDES e destinados ao
setor agropecuário.
Fonte: Os autores.
7.2 DEPRECIAÇÃO
SENAR-PR 53
Então, a depreciação é como se fosse uma reserva de capital que precisa ser feita para adquirir
novos bens ao final da vida útil dos bens atuais.
Da mesma forma que a amortização e juros de financiamentos, a despesa com a depreciação
também deve ser considerada de tal forma que os lucros permitam repor os bens da empresa após
o término da sua vida útil.
Considerar essas despesas no seu resultado é importante para ter uma visão real dos lucros
da empresa.
A despesa de depreciação deve ser considerada como uma despesa na hora de calcular o
lucro do negócio. Isto é, ela faz parte das despesas mensais.
As despesas com juros também devem ser consideradas, elas fazem parte das despesas
financeiras, como já vimos.
A amortização do capital emprestado não é exatamente um custo ou uma despesa direta do
negócio. Então a amortização deve ser considerada como uma despesa extra, após o cálculo do
lucro, pois é com esse lucro que você vai amortizar os empréstimos. Na verdade, ela tem impacto
no fluxo de caixa e não no lucro da empresa rural.
Para considerar esses valores, financiamento (juros e amortização) e depreciação no ponto
de equilíbrio do negócio para você saber qual o mínimo que precisa vender para conseguir
pagar também esses valores, basta incluí-los no custo fixo da empresa e recalcular o ponto de
equilíbrio. Assim, ela já considerará o valor mínimo de vendas para pagar todos os custos, despesas,
depreciação e os financiamentos da empresa.
54 SENAR-PR
8 FLUXO DE CAIXA E LUCRO
Para a boa gestão financeira de uma empresa, é importantíssimo que o empresário saiba
diferenciar o lucro e o caixa.
O lucro é o resultado calculado a partir dos custos da empresa, conforme já vimos
anteriormente.
Caixa diz respeito à disponibilidade de dinheiro que a empresa possui. Tem maior ligação
com o movimento de entradas e saídas de dinheiro da empresa.
Uma empresa pode ter lucro e estar sem dinheiro em caixa. Por exemplo, se você vendeu
seus produtos a prazo, mas paga suas compras à vista (ou com prazo mais curto), ela pode ficar
sem dinheiro.
Para calcular o lucro, consideramos as vendas menos os custos e despesas, sem levar em
conta os prazos de pagamento. Considera-se apenas o mês em que a receita ou despesa acontece,
que não necessariamente é o mesmo mês em que o valor é pago ou recebido.
Para se controlar o fluxo de caixa, é necessário ter um outro controle, não de custos, mas sim
de pagamentos e recebimentos da empresa.
Mas aí surge a pergunta: eu posso sacar o dinheiro do lucro?
Para responder essa pergunta, basta olhar o saldo de caixa da empresa e o planejamento de
pagamentos e recebimentos futuros. Caso exista saldo suficiente sim, você poderá sacar o dinheiro
do lucro. Mas, se não houver dinheiro, você terá que esperar certo tempo até que a empresa tenha
saldo em caixa para permitir a retirada do lucro.
Então, às vezes o lucro não está no caixa, está no prazo que você concedeu ao cliente, nos
estoques, na antecipação de pró labore, na aquisição de máquinas, dentre outros.
Obviamente que olhando em um prazo mais longo, toda empresa lucrativa, em algum
momento, terá esse lucro refletido no saldo em caixa da empresa, mas isso nem sempre é fácil de
ser observado.
Essa é uma diferença importante que você deve considerar ao interpretar seus lucros e olhar
para seu saldo e caixa.
Apresentar os métodos e formas de controlar o fluxo de caixa não é objetivo deste material e
será visto em outra oportunidade. Nesse ponto, o importante é entender sua diferença em relação
aos lucros.
Para entender essa questão é importante reconhecer que existem basicamente duas formas
de controlar as finanças do negócio: pelo regime de competência e pelo regime de caixa.
O regime de competência é aquele que o contador utiliza ao elaborar a Demonstração de
Resultados do Exercício – DRE do negócio. Ele pressupõe que as despesas serão registradas no
período a que competem. Ou seja, você vai registrar a despesa naquele mês a que ela se refere,
independentemente de ter sido paga ou não.
SENAR-PR 55
O regime de caixa é aquele que usamos para controlar as contas a pagar e contas a receber. É
o controle do momento do efetivo pagamento das contas ou recebimento das vendas da empresa
e o acompanhamento do saldo em caixa. Por isso o nome regime de caixa.
Apenas para dar uma ideia das diferenças pense no 13º salário. Ele é pago ao final do ano,
mas o funcionário adquire o direito proporcional a cada mês trabalhado.
Exemplo: Imagine um funcionário que ganha R$ 1.200,00 por mês. Seu 13º. salário será pago
somente no final do ano, até 20 de dezembro. As diferenças entre a apropriação dessa despesa pelo
regime de caixa e de competência estão na Tabela 9:
Tabela 9 – Diferença entre regime de competência e fluxo de caixa.
Então, uma despesa deve ser registrada no período em que ela se refere, para termos
corretamente o custo e o demonstrativo de resultados – DRE da empresa. O pagamento efetivo da
despesa é uma questão de fluxo de caixa.
Outro bom exemplo é um insumo em estoque, um herbicida, por exemplo. Ao adquirir o
produto você deverá fazer o pagamento em determinada data acordada com seu fornecedor.
Enquanto o produto estiver no seu estoque, ele não se transformou em custo, pois ainda não foi
usado e está guardado, podendo até ser revendido em alguma situação excepcional. Então ele só
vai se transformar em custo quando for realmente utilizado. Veja na Tabela 10:
Tabela 10 – Exemplo da diferença entre alocação de custo pelo regime de competência e fluxo de caixa.
Custo/despesa pelo regime de
Mês Evento Fluxo de caixa
competência
Janeiro Comprou 3 tambores de herbicida por 0,00 0,00
R$ 100,00 cada um e vencimento em
30 dias
Fevereiro Pagamento do herbicida ao 0,00 300,00
fornecedor
Março Utilizou 1 tambor de herbicida 100,00 0,00
Abril Utilizou 2 tambores de herbicida 200,00 0,00
Fonte: Os autores.
56 SENAR-PR
9 ESTUDO DE CASO – CUSTOS DOS PRODUTOS
Para se estimar o custo dos produtos, é preciso manter um controle de todos os gastos da
empresa, classificando cada um deles em custo direto, indireto, despesa, investimento. Também é
importante uma classificação adicional em fixos e variáveis.
Embora isso pareça ser bastante trabalhoso, é importante entender que essa classificação
é feita uma vez e depois basta um acompanhamento e a atenção para itens novos que possam
aparecer. Então, embora exija um esforço inicial, é trabalho que se faz uma vez e seu benefício virá
em seguida e por muito tempo.
Vamos imaginar o personagem sr. Ademir. Ele possui uma pequena produção de tomates,
em 15 hectares de terra. Nessa área plantada, existem 11 mil pés de tomate.
A produção de tomate exige etapas iniciais até que os pés de tomate estejam em estágio
produtivo. Primeiro deve ser feito o tratamento das sementes, preparo do solo e plantio e replantio
dos pés de tomate, além de cuidados com a planta até que esteja em estágio produtivo. Em seguida,
serão necessários insumos e mão de obra que devem ser aplicados na plantação para manter a
produção dos tomates. A Tabela 11 apresenta alguns exemplos desses itens e suas classificações
de custo.
Tabela 11 – Insumos e mão de obra para produção de tomate.
Agora, o Sr. Ademir fez um rigoroso controle dos gastos mensais de cada um desses itens e
também de todo o seu negócio. A Tabela 12 mostra os gastos detalhados mês a mês de cada um
dos itens dos insumos da produção de tomate do Sr. Ademir. Na linha em negrito está a somatório
dos gastos mensais com os insumos de produção ou mão de obra e na última coluna o total gasto
no ano. Na última linha têm-se a somatória do gasto total mensal de insumos e mão de obra.
SENAR-PR 57
Tabela 12 – Gastos mensais com os insumos para produção de tomate.
Obviamente que, para o Sr. Ademir chegar a um resumo dos gastos com insumos de produção
e gastos com mão de obra, como esses mostrados na Tabela 12, ele deve possuir na sua empresa
um controle de toda a movimentação do negócio, lançando cada item comprado ou vendido pela
empresa. A Tabela 13 apresenta um exemplo resumido de como esse controle diário pode ser feito.
Tabela 13 – Exemplo de controle de gastos diários para o mês de janeiro.
Com um controle desse tipo, o Sr. Ademir conseguirá resumir os gastos mensais agrupados
para cada tipo, conforme eles ocorrem na sua empresa. Assim, foi possível saber que em janeiro, o
58 SENAR-PR
total gasto com fertilizante foi de R$ 22.739,85. Para chegar a esse resultado, basta somar dia a dia os
gastos com fertilizantes. Vejamos a Tabela 13, no dia 05.01, ele gastou R$ 1.567,89 com fertilizantes,
mais R$ 4.237,60 no dia 07.01, e assim por diante até que no último dia do mês ainda gastou mais
R$ 499,90. Somando-se todos esses gastos diários, pode-se concluir que o Sr. Ademir gastou os R$
22.739,85 com fertilizantes em janeiro.
Esse mesmo raciocínio deve ser feito para todos os gastos da empresa, para que se tenha ao
final de cada mês um total mensal de cada tipo de gasto que a empresa realizou.
Uma boa planilha ou sistema de controle financeiro, desde que bem elaborados, conseguem
obter esses resultados automaticamente, bastando para isso fazer os lançamentos diários de cada
compra ou gasto efetuado. Aí está a grande importância dos lançamentos no controle financeiro
do negócio.
No caso do tomate, cada pé rende certa produção por um determinado período, em geral
algo perto de 2 a 3 anos dependendo dos cuidados, condições climáticas e outras variáveis que
dependem de cada produtor. Sendo assim, o gasto com as sementes e replantio devem ser rateados
pelo período estimado em que um pé de tomate se mantém produzindo.
A Tabela 14 demonstra como pode ser estimado o gasto mensal com as sementes e replantio.
Tabela 14 – Gasto mensal com sementes de tomate.
Descrição Valor total gasto Vida útil produtiva Custo mensal estimado
Sementes, 11 mil pés, replantio, insumos
51.846,30 24 meses 2.160,26
e mão de obra para plantio
Fonte: Os autores.
Ao fazer o plantio, o Sr. Ademir fez um rigoroso controle dos gastos que teve para deixar
os 11 mil pés de tomate em condições de produzir. Ele anotou todos os gastos em uma planilha
semelhante à Tabela 13. Isso envolveu o preparo e adubação da terra, a mão de obra do plantio, a
irrigação pelo período em que os pés de tomates ainda estavam crescendo e não eram produtivos.
É como se essa etapa fosse um investimento em uma estrutura de produção, no caso, o
crescimento dos pés de tomate. Uma vez que eles estejam em condições de produzir, esse
investimento passa a se tornar custo de produção e deverá ser amortizado pelo período estimado
da vida útil dos pés de tomate.
É claro que não se sabe exatamente quanto tempo cada pé ficará produzindo, mas é uma
decisão que o produtor rural deve tomar, para poder ter um critério de custo para essa etapa do
processo produtivo. É importante salientar que esse custo deverá ser considerado na produção
pelo prazo estipulado, no caso 24 meses. Caso os pés de tomate produzam por mais tempo, o custo
de semente no período adicional será “zero”, pois já foi todo amortizado no período considerado.
Em outras culturas, como por exemplo, de alface e algumas hortaliças, o custo da semente é
diretamente ligado a uma unidade produzida, pois quando um pé de alface é colhido, uma nova
SENAR-PR 59
semente deve ser plantada. Nesses casos, o custo da semente deve ser considerado como um
insumo normal de produção, atribuindo-se o custo unitário de cada semente ao custo da unidade
do produto final.
Agora que se tem o controle financeiro dos custos e seus rateios mensais, pode-se estimar
um custo mensal de produção que deve ser relacionado à quantidade produzida para que se tenha
um custo por unidade, que pode ser kg, caixa, tonelada, enfim, a unidade que mais convier ao
produtor.
O Sr. Ademir é muito profissional e organizado e também fez um controle da sua produção
de tomates mês a mês. E anotou mensalmente o número de caixas que sua colheita rendeu, em
todos os 15 hectares e seus 11 mil pés de tomate. A Tabela 15 mostra um resumo da quantidade
de caixas de tomate colhidas.
Tabela 15 – Resumo da quantidade de caixas de tomate produzidas mês a mês.
De posse dessas informações, agora o Sr. Ademir consegue estimar com maior grau de certeza
seu custo de produção para cada caixa de tomate. Inclusive, ele conseguirá obter a composição
do custo da caixa de tomate visualizando quanto cada item representa no seu custo. Ele também
poderá facilmente ter a mesma informação para cada quilo do tomate, desde que tenha um
controle de quantos quilos foram produzidos ou quantos quilos compõe uma caixa.
A Tabela 16 apresenta a composição do custo de produção do tomate, considerando os itens
acima, que são os custos diretos de produção.
Tabela 16 – Evolução dos custos diretos por caixa de tomate.
60 SENAR-PR
De posse da planilha detalhada dos custos diretos das caixas de tomate, o Sr. Ademir pode
fazer diversas análises e inferências sobre sua produção. Por exemplo, ele consegue avaliar que
o custo de fertilizantes caiu bastante entre janeiro e fevereiro, ficando abaixo da média anual.
Assim, ele pode avaliar o que aconteceu na produção que fez com que o custo baixasse e assim ir
melhorando sua gestão e, consequentemente, seus resultados.
Na última coluna, o valor médio do custo direto das caixas de tomate por ano ajuda a
identificar meses acima e abaixo dessa média. Isso também ajuda o Sr. Ademir a se prevenir com
os aumentos de custos que ocorrem normalmente em determinadas épocas do ano. Ao fazer esse
tipo de acompanhamento, o produtor rural começa a reunir condições de gerenciar melhor o seu
negócio e maximizar seus lucros.
Importante lembrar que esse controle de custos exemplificado acima é um controle de
apenas parte dos custos do produto e reflete os custos diretos de cada caixa de tomate, no caso do
exemplo. Ainda falta considerar custos indiretos e despesas, que serão apresentados no próximo
tópico.
Uma vez que os custos diretos foram considerados no produto, deve-se também incluir
os custos indiretos e as despesas. Custos indiretos e despesas são relacionadas a produção ou
ao funcionamento da empresa, mas em geral é difícil atribuir esses gastos diretamente a um
determinado produto.
Em geral, fazem parte desse grupo gastos como energia elétrica, óleo diesel, salários dos
funcionários administrativos, segurança, contador, pro labore, impostos entre outros. A Tabela 17
apresenta a classificação desses gastos.
Tabela 17 – Exemplo da classificação de alguns custos indiretos e despesas.
SENAR-PR 61
Voltemos ao nosso amigo, o Sr. Ademir. Ele possui um controle rigoroso de todos os gastos
da empresa, dia a dia e, a partir disso, ele pode conhecer profundamente os custos e despesas do
seu negócio.
Os itens exemplificados acima estão anotados no controle do Sr. Ademir conforme a Tabela
18. É a mesma planilha apresentada na Tabela 13, mas agora visualizando itens acima.
Tabela 18 – Exemplo de controle de gastos diários para o mês de janeiro.
Mas e agora, como o Sr. Ademir pode considerar esses gastos nos custos dos seus produtos?
O primeiro ponto é lembrar que se deve ter um resumo, conta por conta dos gastos mensais,
como mostrado na Tabela 12. A Tabela 19 apresentará um novo exemplo desse resumo, agora para
os gastos acima.
Tabela 19 – Exemplo de resumo mensal de gastos.
De posse dessa informação, já é possível atribuir um valor de custo desses itens ao produto. A
ideia básica é fazer um rateio dos custos indiretos ao produto, proporcionalmente a área que ocupa
na propriedade. Existem diversos critérios para fazer esse rateio. E ele vai depender do tipo de custo
que será rateado. Em geral, para esse tipo de negócio, fazer o rateio pela área utilizada na produção
é um bom critério.
62 SENAR-PR
Vamos imaginar que o Sr. Ademir cultiva dois produtos, tomate e cebola. A área utilizada para
o tomate é de 15 hectares, a de cebola 5 hectares. Então ele possui 20 hectares de terra produtiva.
Desses 20 hectares, 15 são tomate, então:
Sabendo disso, o Sr. Ademir pode apropriar 75% dos custos indiretos à produção de tomates.
Como já sabemos, a produção mensal em caixa, conforme Tabela 12, agora fica fácil obtermos esses
custos para cada caixa de tomate. A Tabela 20 apresenta esses resultados.
Tabela 20 – Rateio dos custos indiretos para os dados mensais.
Agora, só falta considerar as despesas. Muito bem, as despesas não são um item de custo,
pois é difícil atribuir o quanto uma despesa é utilizada para cada produto. Talvez uma ou outra
despesa seja possível ter esse controle, mas em geral é bastante complicado.
Então, a melhor coisa a fazer nesta etapa é deixar as despesas de lado. Elas serão consideradas
para calcular o lucro do negócio e também na análise de custo-volume-lucro, que serão vistos mais
à frente.
Agora que você já sabe como considerar os custos indiretos e as despesas, já começa a ter
alguma ideia de como tratar dos custos dos seus produtos.
Outro ponto que sempre causa muita dúvida é como a infraestrutura impacta nos custos. O
primeiro ponto é que também se deve considerar a amortização de investimentos realizados na
estrutura de produção. Também existe o custo de oportunidade, pois em vez de produzir, a terra
poderia ser arrendada, por exemplo.
SENAR-PR 63
Existem diversas formas para que se possa considerar o custo da infraestrutura nos produtos.
Algumas maneiras mais sofisticadas outras mais simplificadas. Trataremos aqui de uma maneira
simplificada de se considerar os investimentos na infraestrutura e o custo de oportunidade da terra
no custo dos produtos.
Para fazer isso, o primeiro passo é ter um controle do investimento realizado na estrutura de
produção e também do valor de reposição desses investimentos. A ideia é estimar uma espécie de
depreciação mensal da infraestrutura e atribuir esse valor proporcionalmente a quantidade produzida.
É importante ter em mente que esses valores são considerados custos fixos, pois
independentemente da quantidade produzida, a ideia é amortizar mensalmente uma parte desse
investimento.
No caso do Sr. Ademir, ele deve ter um controle de tudo que investiu no seu negócio. Ele
possui as seguintes máquinas, equipamentos e veículos:
2 tratores com as respectivas potências: 65 e 100 cv
1 caminhão pequeno
1 arado de 3 discos e 28 polegadas
1 tanque de 2 mil litros
1 grade aradora de 16 discos de 28 polegadas
2 mil metros de mangueira
1 distribuidor de calcário de 5 toneladas
1 veículo utilitário
1 subsolador de 5 hastes
1 grade niveladora de 32 discos
Estrutura de irrigação (motobomba + canos)
1 sulcador de duas linhas
9 pulverizadores costais
1 plaina
30 enxadas
1 pulverizador de 2 mil litros
12 cavadeiras
É necessário saber o valor investido em cada item e também a vida útil de cada um. Dividindo-
se o valor pela vida útil você já tem uma ideia do valor mensal a ser depreciado. É possível separar
essa estrutura em tipos conforme abaixo:
Ferramentas de campo
Irrigação
Máquinas e equipamentos
Veículos
64 SENAR-PR
Além disso, a produção de tomates ocupa 15 hectares. O Sr. Ademir sabe que, na sua região,
o arrendamento custa em média R$ 125,00 por hectare por ano. Então, caso fosse arrendar sua
terra receberia R$ 22.500,00 por um ano de arrendamento dos 15 hectares. Esse é o custo de
oportunidade da sua terra. Veja detalhes desse exemplo na Tabela 21.
Tabela 21 – Valor dos investimentos, vida útil e amortização/depreciação mensal.
Conhecendo esse valor mensal a amortizar para cada investimento realizado na infraestrutura
de produção, o Sr. Ademir agora pode dividir cada valor mensal pela produção do mês e obter um
custo unitário em função da quantidade produzida mensalmente para cada item de investimento.
Relembrando a Tabela 15, sabe-se que a produção do Sr. Ademir foi 9.405 caixas de tomate
em janeiro. Então, basta dividir o custo mensal da amortização/depreciação de cada item de
investimento pela quantidade produzida no mês para termos o custo unitário da amortização/
depreciação do investimento.
Seguindo o exemplo acima do Sr. Ademir, o custo unitário da amortização/depreciação dos
investimentos e do custo de oportunidade ficaria assim conforme mostrado na Tabela 22.
Tabela 22 – Custo unitário da amortização/depreciação do investimento e do custo de oportunidade.
SENAR-PR 65
9.3 PERDAS E DESPERDÍCIO
66 SENAR-PR
9.4 CUSTO UNITÁRIO TOTAL
Para que tenhamos o custo unitário total, basta agora somarmos cada item de custo direto e
indireto, adicionarmos as perdas e teremos o custo de produção de uma unidade do nosso produto.
O Sr. Ademir fechou seus custos conforme está demonstrado na Tabela 24. Ele relacionou
todos os custos que foram apurados separadamente e reuniu em uma única tabela. Assim fica mais
fácil fazer uma análise de como cada item se comporta ao longo do ano e ao final do ano já se tem
um valor médio unitário, ou seja, para cada caixa de tomate no caso do Sr. Ademir.
Na penúltima linha da Tabela 24, observa-se a inclusão das perdas, tratadas no item anterior.
Conforme já comentado, essa é outra maneira de considerar as perdas, ou seja, inserindo um
percentual ao total de custos para que depois disso se tenha do custo total final do produto, agora
incluindo perdas. Lembre que, para incluir as perdas, basta dividir o subtotal sem as perdas pelo
aproveitamento, que é igual a 1 menos as perdas. É apenas uma forma de considerar corretamente
o número de unidades perdidas, independentemente das razões que levaram a essa perda. .
Além das perdas, a planilha consolida todos os custos diretos e indiretos, incluindo a
amortização dos investimentos. Os itens anteriores tratam de cada um desses itens. Se voltarmos e
observarmos os levantamentos de custo feitos pelo Sr. Ademir é fácil perceber que a Tabela 24 nada
mais é do que as tabelas 16, 20, 21 e 23 consolidadas em uma só tabela.
Essa consolidação ajuda muito para que se tenha uma visão global dos itens que compõe a
produção e onde se deve dar maior atenção quando se pensa em reduzir custos.
Existem duas formas de reduzir custos: diminuindo os gastos ou aumentando a produtividade.
Qualquer uma dessas ações, seguindo o método de estimação do custo apresentado anteriormente,
será visualizada nessa tabela de custo consolidada.
Vale lembrar que a Tabela 24 contempla apenas itens de custo. A melhor maneira de considerar
as despesas e outros gastos não apropriados ao custo do produto será tratar como vimos na análise
custo-volume-lucro.
Na coluna do total do ano, da Tabela 24, apresentamos o valor médio que cada item de
custo representa do total do custo unitário do produto. Assim, por exemplo, se pode verificar
quais os itens mais representativos no custo do produto. Fertilizantes e corretivos, nesse exemplo,
representam 24,9% do custo unitário do produto, ou seja, do custo de cada caixa de tomate. Então
uma aplicação mais eficiente dos fertilizantes e corretivos, para que sejam mais bem aproveitados
poderá trazer grandes resultados na lucratividade do negócio.
Para calcular o custo por caixa, basta dividir os custos totais unitários pela produção em caixas.
Exemplo: R$151.599,00/62700 = R$ 2,42.
Para calcular o percentual que cada item do custo representa no total, basta dividirmos o
custo do item pelo custo total e multiplicar por 100. Exemplo: (R$151.599,00/R$608.801,76)*100 =
24,9%.
SENAR-PR 67
Então, na propriedade do Sr. Ademir, o custo do inseticida representou 8,1% do custo da
caixa de tomate. Veja todos os itens e os valores detalhados na Tabela 24.
Tabela 24 – Exemplo de consolidação de todos os itens de custo do tomate.
Outro ponto importante é que esse acompanhamento de custo deve ser feito regularmente
todos os meses, para que você realmente possa gerenciar e agir sobre seus custos, aumentando
a eficiência do seu negócio. Somente um acompanhamento constante pode lhe ajudar a tomar
decisões e, mais ainda, acompanhar o resultado das decisões que você tomou para melhorar o
desempenho do seu negócio.
68 SENAR-PR
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Agora que você já chegou ao final, está mais capacitado a organizar sua produção, entendendo
melhor como estruturar controles para acompanhar a evolução dos custos da sua empresa e
entender melhor como eles se comportam.
Fazendo isso com persistência, em pouco tempo você terá maiores condições de melhorar a
gestão do seu negócio e, consequentemente, obter maiores lucros que levarão você e sua família
a poder desfrutar de uma vida um pouco mais confortável.
Neste material, ensinamos você a separar os gastos familiares dos gastos da empresa
e deixamos claro que o produtor rural é proprietário de uma empresa e precisa conhecer suas
necessidades orçamentárias.
Apenas conhecendo essas necessidades, você pode saber o quanto precisa produzir. A
propriedade deve lhe render dinheiro suficiente para custear suas necessidades pessoais caso
contrário, irá quebrar.
Também falamos sobre a classificação dos custos e explicamos o significado de cada termo
importante para você gerenciar melhor seus custos.
Utilizando como exemplo uma produção de tomate, ensinamos passo a passo como
considerar todos os custos do negócio, desde os insumos, perdas, desperdícios, até as despesas
administrativas, incluindo as despesas familiares.
Apresentamos como calcular a margem de contribuição de cada produto e o ponto de
equilíbrio da empresa, para você planejar suas vendas e ações comerciais.
Esse é um material em nível inicial, mas que trata de todos os pontos importantes na gestão
de custos para os olericultores. Convidamos você a colocar em prática os conhecimentos que
trazemos nesse material e com persistência estamos certos de que em pouco tempo você perceberá
as grandes vantagens para sua empresa ao empregar as técnicas e conceitos apresentados aqui.
SENAR-PR 69
REFERÊNCIAS
BONFIM, Amorim; PASSARELLI, João. Custos e formação de preços. 4. ed.São Paulo: IOB Thomson,
2006.
BORNIA, Antonio Cezar. Análise gerencial de custos em empresas modernas. Porto Alegre:
Bookman, 2002.
BRUNI, Adriano Leal; FAMA, Rubens. Gestão de custos e formação de preços. São Paulo: Atlas,
2002.
LEMES JUNIOR, Antônio Barbosa; PISA, Beatriz Jackiu. Administrando micro e pequenas empresas.
Rio de Janeiro: Elvesier, 2010.
LEMES JUNIOR, Antônio Barbosa; CHEROBIM, Ana Paula Mussi Szabo; RIGO, Claudio Miessa.
Fundamentos de finanças empresariais: técnicas e práticas essenciais. Rio de Janeiro: LTC, 2015.
SENAR-PR 71
ANEXO 1
Fórmulas
SENAR-PR 73
Custo de produção = sementes + insumos + mão de obra + custos indiretos
Margem de contribuição unitária (MCun) = Preço de venda unitário – Custo variável unitário
74 SENAR-PR
ANEXO 2
Exercícios
SENAR-PR 75
Exercício Integrante do Módulo Gestão de Custos
Classifique os gastos abaixo em custos fixos (CF) ou custos variáveis (CV)
Descrição dos gastos CV CF
Energia elétrica
Arrendamento
Agrotóxicos
Seguro agrícola
Impostos sobre vendas
Despesas com irrigação
Meeiros
Correios
Caixas para embalagem
Depreciação mensal (máquinas e equipamentos)
Sacos plásticos para embalagem
Fretes pagos na compra de materiais
Honorários do Contador
ICMS
ITR
Juros de empréstimos
Lanches e refeições família
Supermercado casa
Sementes e mudas
Manutenção de veículos
Manutenção das instalações
Material de expediente e limpeza
Matéria-prima
Fertilizantes
Cartões de visita
Salário do ajudante da produção
Salário e encargos sociais do pessoal da administração
Salário e encargos sociais do pessoal da produção
Salário e encargos sociais do pessoal de separação e embalagem
Seguro contra incêndios, furtos e etc. da propr. rural
Serviços de TV por assinatura
Serviços consultoria
Telefone
Internet
Condomínio
Troca pneu trator
Comissão de vendas
Fretes de entrega
76 SENAR-PR
RESOLUÇÃO
SENAR-PR 77
RESOLUÇÃO
78 SENAR-PR
Exercício Integrante do Módulo Gestão de Custos
Imagine uma pequena produção de três tipos de pimentões: verde, amarelo, vermelho.
Elabore o custo variável de cada produto, calcule a margem de contribuição e o ponto de equilíbrio.
Dados mensais da empresa de venda de produtos selecionados e pré-embalados:
Preço de venda 500 g pimentão verde: R$ 1,50 – participação média de 50% nas vendas.
Preço de venda 500 g pimentão vermelho: R$ 1,50 – participação média de 30% nas
vendas.
Preço de venda 500 g pimentão amarelo: R$ 2,00 – participação média de 20% nas vendas.
SENAR-PR 79
RESOLUÇÃO
80 SENAR-PR
RESOLUÇÃO
SENAR-PR 81
RESOLUÇÃO
82 SENAR-PR
ANEXO 3
Estudo de caso
Rabanetes X Alfaces7
O Sr. Ademir é um agricultor que produz alface e rabanete. Ele tomou conhecimento sobre
uma técnica utilizada para produzir na mesma área alface e rabanete.
O experimento de cultivo consorciado de alface e rabanete, que o sr. Ademir conheceu,
explicava detalhadamente o processo e as possíveis sequências de produção. Caso sr. Ademir opte
por fazer o plantio consorciado, fará a semeadura no mesmo dia, da alface e do rabanete.
Foram utilizadas as cultivares Tainá para alface americana e Crimson Gigante para o rabanete.
As mudas de alface são formadas em bandejas de 288 células e transplantadas quando apresentam-
se com quatro folhas definitivas. O rabanete foi semeado diretamente no canteiro, e realizado
desbaste único de plantas aos 10 dias após a semeadura, deixando aproximadamente 5 cm entre
as plantas. Em monocultivo, o espaçamento entrelinhas do rabanete foi de 0,25 m e nos cultivos
consorciados foi semeado na metade do espaçamento da entrelinha da alface.
Para estimar o custo de produção das culturas foi utilizada uma estrutura de custo de produção
que leva em consideração os desembolsos efetivamente realizados pelo produtor durante o
ciclo produtivo, englobando despesas com mão de obra, reparos e manutenção de máquinas,
implementos e benfeitorias específicas, operações de máquinas e implementos, insumos, e ainda
o valor da depreciação.
A partir da descrição das operações que refletem a tecnologia de produção, foram
determinados o tipo e tempo de uso de máquinas e equipamentos para realizar cada operação,
os tipos e quantidades de insumos e a necessidade de mão de obra desde o preparo do solo até a
colheita, sendo os valores unitários de cada item calculados da seguinte forma:
a) custo de mão de obra: o salário de mão de obra foi obtido junto ao Sindicato dos
Trabalhadores Rurais da região, considerando um salário mensal de R$ 960,00 para mão
de obra comum e de R$ 1.280,00 para o tratorista, para uma carga horária de trabalho de
220 horas mensais. Nesse valor não estão incluídos os encargos sociais assumidos pelo
empregador, que equivalem a 45,59% do valor do salário.
b) custo-hora de máquina e de implementos: no custo horário (ch) de máquinas
consideraram os gastos efetuados com combustível, mais um valor estimado para
reparos, manutenção, garagem e uma taxa de seguro. Para os implementos considerou-
se o consumo de graxa e uma taxa para reparos representados da seguinte forma:
ch (Máquina) = s + g + r + m + c e ch (implemento) = r + gr, onde: s = seguro (0,75% ao
ano, do valor da máquina); g = garagem (1% ao ano, do valor da máquina); r = reparos
(10% ao ano, do valor da máquina ou do implemento); m = manutenção; c = combustível
(considerado para cada operação) e gr = graxa. Os gastos médios mensais de manutenção
importam em R$ 2.000,00. O litro de combustível na região custa R$ 3,10. Um balde de
graxa na região custa R$ 350,00.
7 A elaboração deste estudo de caso foi feita à partir de informações públicas do CEASA, CONAB e REZENDE, B.L.A.; CECÍLIO FILHO, A.B.; CATELAN,
F.; MARTINS, M.I.E. Análise econômica de cultivos consorciados de alface americana x rabanete: um estudo de caso. Horticultura Brasileira,
Brasília, v. 23, n. 3, p. 853-858, jul.-set. 2005. A elaboração desse estudo de caso é do autor: Adalto Acir Althaus Junior.
84 SENAR-PR
c) preços de insumos: os preços dos insumos e de todos os itens envolvidos na produção
foram obtidos na região, em lojas de produtos agropecuários e referem-se ao mês de
fevereiro de 20X1.
d) depreciação: foi calculada com base no método linear, onde o bem é desvalorizado
durante sua vida útil a uma cota constante, conforme a fórmula: D = (Vi – Vf )/N, onde:
D = depreciação em R$/ano; Vi = valor inicial (novo); Vf = valor residual; N = vida útil.
Considerou-se um valor residual para o trator igual a 20% do valor do novo, enquanto
que para os implementos o valor residual foi considerado igual a zero.
e) Os valores das máquinas e implementos que serão utilizados estão abaixo :
Máquinas e implementos
Máquinas
Valor R$ 100.000,00
Consumo de combustível 15 litros/hora
Vida útil em anos 10 anos
Implementos
Valor R$ 32.000,00
Consumo de graxa 0,15 balde/hora
Vida útil em anos 10 anos
SENAR-PR 85
O sr. Ademir é muito organizado e mantém um controle dos preços médios dos insumos que
utiliza na produção.
Além disso, utiliza mão de obra temporária na sua produção e montou uma tabela com as
estimativas de horas de operação para colocar em prática as opções de produção que tem entre
alface e rabanete, além da produtividade esperada de cada produto, para cada plantio. Ele também
sabe que em média consegue um ciclo de produção na área plantada a cada 90 dias.
Todas as informações estão organizadas nas tabelas a seguir.
Considerando que o sr. Ademir utiliza 3 hectares de terra para cultivo, qual a decisão deve
tomar? Qual a margem de contribuição de cada alternativa? Qual o ponto de equilíbrio para cada
alternativa? Qual seu lucro esperado em cada opção e qual o custo unitário de cada produto em
cada opção escolhida?
86 SENAR-PR
Operações de M.O.,
Alface Rabanete Alface e rabanete
Máquinas e implementos
H/ha MOC MOTr M+I MOC MOTr M+I MOC MOTr M+I
Limpeza do terreno n.a. 0,66 0,66 n.a. 0,66 0,66 n.a. 0,66 0,66
Aração n.a. 2,07 2,07 n.a. 2,07 2,07 n.a. 2,07 2,07
Gradeação (2x) n.a. 1,76 1,76 n.a. 1,76 1,76 n.a. 1,76 1,76
Distribuição de calcário 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83
Marcação de canteiros 8,00 n.a. n.a. 8 n.a. n.a. 8,00 n.a. n.a.
Encanteiramento n.a. 4,00 4,00 n.a. 4,00 4,00 n.a. 4,00 4,00
Adubação de plantio 19,23 n.a. n.a. 19,23 n.a. n.a. 19,23 n.a. n.a.
Formação de mudas 31,83 n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. 31,83 n.a. n.a.
Transplantio 65,10 n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. 65,10 n.a. n.a.
Semeadura direta n.a. n.a. n.a. 23,07 n.a. n.a. 17,25 n.a. n.a.
Desbaste n.a. n.a. n.a. 157,70 n.a. n.a. 78,85 n.a. n.a.
Adubação de cobertura – alface 42,69 n.a. n.a. n.a. n.a. n.a. 42,69 n.a. n.a.
Adubação de cobertura – rabanete n.a. n.a. n.a. 31,60 n.a. n.a. 30,00 n.a. n.a.
Irrigação 0,50 n.a. 91,30 0,50 n.a. 78,02 0,50 n.a. 91,30
Aplicação de defensivos 34,19 n.a. 34,19 22,15 n.a. 22,15 34,19 n.a. 34,19
Capina manual 80,00 n.a. n.a. 50,00 n.a. n.a. 50,00 n.a. n.a.
* MOC (mão de obra comum); **MOTr (mão de obra tatorista); ***M+I (máquinas e implementos); ****n.a. (não se aplica)
SENAR-PR 87
Produtividade (Kg/ha. – 90 dias) 0 alface no espaçamento de 0,30 × 0,30 m
Kg/ha. – 90 dias Alface Rabanete
Consórcio plantio conjunto 29.000,00 9.000,00
Monocultivo de alface 25.000,00 –
Monocultivo de rabanete – 50.000,00 preços: R$/kg
Alface 3,85
Produtividade (Kg/ha. – 90 dias) 0 alface no espaçamento de 0,40 × 0,30 m Rabenete 1,95
Kg/ha. – 90 dias Alface Rabanete
Consórcio plantio conjunto 27.000,00 8.500,00
Monocultivo de alface 28.000,00 –
Monocultivo de rabanete – 50.000,00
88 SENAR-PR
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
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Fone: (41) 2106-0401 - Fax: (41) 3323-1779
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