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ANPP

Direito Processual Penal


Outros temas

O § 14 do art. 28-A do CPP garante a possibilidade de o investigado requerer a remessa dos autos
a órgão superior do MP nas hipóteses em que a acusação tenha se recusado a oferecer o ANPP;
essa remessa não suspende a tramitação da ação penal
No caso de recusa de oferecimento do acordo de não persecução penal pelo representante do
Ministério Público, o recurso dirigido às instâncias administrativas contra o parecer da instância
superior do Ministério Público não detém efeito suspensivo capaz de sustar o andamento de ação
penal.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 179.107/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
5/6/2023 (Info 780).

Enunciado 10 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ


Recomenda-se a realização de práticas restaurativas nos acordos de não persecução penal,
observada a principiologia das Resoluções n. 225 do CNJ e 118/2014 do CNMP.

A possibilidade de oferecimento do acordo de não persecução penal é conferida exclusivamente


ao Ministério Público, não cabendo ao Poder Judiciário determinar ao Parquet que o oferte
No caso concreto, o acordo pretendido deixou de ser ofertado em razão de o Ministério Público ter
considerado que a celebração do acordo não seria su�ciente para a reprovação e prevenção do
crime, pois violaria o postulado da proporcionalidade em sua vertente de proibição de proteção
de�ciente, destacando que a conduta criminosa foi praticada no contexto de uma rede criminosa
envolvendo vários empresários do ramo alimentício e servidores do Ministério da Agricultura.
O STJ entende que não há ilegalidade na recusa do oferecimento de proposta de acordo de não
persecução penal quando o representante do Ministério Público, de forma fundamentada, constata a
ausência dos requisitos subjetivos legais necessários à elaboração do acordo, de modo que este não
atenderia aos critérios de necessidade e su�ciência em face do caso concreto.

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A possibilidade de oferecimento do acordo de não persecução penal é conferida exclusivamente ao


Ministério Público, não constituindo direito subjetivo do investigado.
Cuidando-se de faculdade do Parquet, a partir da ponderação da discricionariedade da propositura do
acordo, mitigada pela devida observância do cumprimento dos requisitos legais, não cabe ao Poder
Judiciário determinar ao Ministério Público que oferte o acordo de não persecução penal.
STJ. 5ª Turma. RHC 161251-PR, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 10/05/2022 (Info 739).

Não há constrangimento ilegal se o ANPP não é proposto porque o investigado tem vários
registros policiais e infracionais e se utilizou de sua posição de liderança para os crimes sexuais
Constitui fundamentação idônea para o não oferecimento de Acordo de Não Persecução Penal
(ANPP) a existência de vários registros policiais e infracionais, embora o réu seja tecnicamente
primário, bem como a utilização de posição de liderança religiosa para a prática de delito de violação
sexual mediante fraude.
STJ. 5ª Turma. AgRg no RHC 166837/MG, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em
02/08/2022 (Info 750).

O ANPP aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei 13.964/2019, mas desde que ainda não tenha
sido recebida a denúncia
O Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), inserido pela Lei nº 13.924/2019, aplica-se
retroativamente desde que não tenha havido o recebimento da denúncia.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2006523-CE, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do
TJDFT), julgado em 23/8/2022 (Info 761).

O que entende o STF?


1ª Turma do STF:
O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei nº 13.964/2019,
desde que não recebida a denúncia.
STF. 1ª Turma. HC 191464 AgR, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020.

2ª Turma do STF:
É possível a aplicação retroativa do art. 28-A do CPP mesmo que já tenha sido proferida sentença
condenatória.
STF. 2ª Turma. HC 220.249-SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 16/12/2022.

Não é compatível com a via do habeas corpus a pretensão de declaração de inconstitucionalidade


do acordo de não persecução penal, previsto no art. 28-A do CPP

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No caso concreto, o impetrante alegava que a exigência feita pelo art. 28-A do CPP de que o
investigado confesse a prática da infração penal seria inconstitucional porque violaria o direito à não
autoincriminação.
A 6ª Turma do STJ não concordou.
Essa exigência legal não implica violação do direito à não autoincriminação. O réu é livre para analisar
a conveniência de confessar, assim como ocorre com a própria atenuante prevista no art. 65, III, “d”,
do Código Penal, na medida em que, se de um lado, a con�ssão pode robustecer a tese acusatória
(ônus), também pode franquear a diminuição da reprimenda (bônus).
Além disso, essa declaração de inconstitucionalidade não poderia ser feita em sede de habeas
corpus. Para se afastar o requisito legal da con�ssão da imputação, como etapa necessária da
celebração do acordo de não persecução penal, seria imprescindível a afetação da matéria à Corte
Especial para a declaração de inconstitucionalidade parcial do art. 28-A do CPP, sob pena de violação
da Súmula Vinculante nº 10 do STF, procedimento incompatível com a célere via de habeas corpus,
cujo rito não admite a suspensão do feito e afetação da matéria à Corte Especial para o exame da
matéria prejudicial relativa à constitucionalidade do dispositivo impugnado.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 701443/MS, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 04/10/2022 (Info 758).

A competência para a execução do acordo de não persecução penal é do Juízo que o homologou
Em se tratando de cumprimento das condições impostas em acordo de não persecução penal, a
competência para a sua execução é do Juízo que o homologou, o qual poderá deprecar a �scalização
do cumprimento do ajuste e a prática de atos processuais para o atual domicílio do Apenado.
Caso concreto: João cometeu um crime federal, em São Paulo. Ele celebrou acordo de não
persecução penal com o Ministério Público Federal em São Paulo. O acordo foi homologado pelo
juízo da 1ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de São Paulo. Ocorre que João, atualmente,
mora em Cuiabá (MT). A competência para executar o acordo de não persecução penal é do juízo
federal de São Paulo, podendo, contudo, deprecar a �scalização do cumprimento para o juízo federal
de Cuiabá.
STJ. 3ª Seção. CC 192158-MT, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 09/11/2022 (Info 757).

É cabível o ANPP na hipótese de procedência parcial dapretensão punitiva (MP denunciou por
concurso material, de forma que a pena imputada superava 4 anos; houve condenação por
continuidade delitiva, sendo possível, então, o oferecimento do acordo)
Nos casos em que houver a modi�cação do quadro fático-jurídico, e, ainda, em situações em que
houver a desclassi�cação do delito - seja por emendatio ou mutatiolibelli -, uma vez preenchidos os
requisitos legais exigidos para o Acordo de Não Persecução Penal, torna-se cabível o instituto
negocial.
Na situação em tela, houve uma relevante alteração do quadro fático-jurídico, tornando-se
potencialmente cabível o instituto negocial do ANPP. Isso porque o TJ, ao julgar apelação interposta

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pela defesa, deu-lhe provimento, a �m de reconhecer a continuidade delitiva entre os crimes de


falsidade ideológica (art. 299), tornando, assim, objetivamente viável a realização do referido acordo,
em razão do novo patamar de apenamento - pena mínima cominada inferior a 4 anos.
Aplica-se aqui, mutatis mutandis, raciocínio similar àquele constante da Súmula 337 do STJ (É cabível
a suspensão condicional do processo na desclassi�cação do crime e na procedência parcial da
pretensão punitiva).
STJ. 5ª Turma.AgRg no REsp 2.016.905-SP, Rel. Min. Messod Azulay Neto, julgado em 7/3/2023 (Info
772).

O Ministério Público não é obrigado a noti�car o investigado acerca da proposta do ANPP


O Ministério Público não é obrigado a noti�car o investigado para que ele compareça à instituição
para iniciar as tratativas de ANPP. Se o investigado tiver interesse, deverá procurar o Parquet.
O Ministério Público não é obrigado a noti�car o investigado para que ele compareça à instituição
para iniciar as tratativas de ANPP. Se o investigado tiver interesse, deverá procurar o Parquet.
Se o membro do Parquet constatar que, em sua visão, não cabe ANPP, ele não é obrigado a noti�car
extrajudicialmente o investigado informando que não irá propor o acordo. Neste caso, basta que o
membro do MP faça uma cota na denúncia informando os motivos pelos quais não ofereceu
proposta de acordo.
Assim, o Ministério Público pode, no próprio ato do oferecimento da denúncia, expor os motivos
pelos quais optou pela não propositura do acordo. O juiz, recebendo a denúncia, irá determinar a
citação do denunciado e, neste momento, o réu terá ciência da recusa quanto à propositura do ANPP
e poderá, se assim desejar, requerer a remessa ao órgão superior do MP, nos termos do § 14 do art.
28-A do CPP.
Em resumo, por ausência deprevisão legal, o Ministério Público não é obrigado a noti�car o
investigadoacerca da proposta do acordo de não persecução penal, sendo que, ao seinterpretar
conjuntamente os arts. 28-A, § 14, e 28, caput, do CPP, aciência da recusa ministerial deve ocorrer por
ocasião da citação, podendo oacusado, na primeira oportunidade dada para manifestação nos autos,
requerera remessa dos autos ao órgão de revisão ministerial.
STJ. 6ª Turma. REsp 2024381-TO, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado do TJDFT),
julgado em 7/3/2023 (Info 766).

Por constituir um poder-dever do Ministério Público, o não oferecimento tempestivo do acordo de


não persecução penal desacompanhado de motivação idônea constitui nulidade absoluta
Caso adaptado: o Ministério Público ofereceu denúncia contra o investigado. Na denúncia não
ofereceu ANPP nem justi�cou o motivo não tê-lo feito. O juiz recebeu a denúncia e determinou a
citação do denunciado.A defesa pediu que o MP justi�casse as razões pelas quais a proposta não foi
formulada. O MP a�rmou que foi unicamente pelo fato de não ter havido con�ssão formal do
denunciado na fase de investigação. Contudo, diante da manifestação da defesa, o MP ofereceu o

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ANPP. O denunciado não concordou com a reparação do dano.A defesa impetrou habeas corpus
alegando a nulidade da decisão que recebeu de denúncia.
O STJ concordou com o pedido.
Não há previsão legal de que a oferta do ANPP seja formalizada apósa instauração da fase
processual. Para a correta aplicação da regra, há de seconsiderar o momento processual adequado
para sua incidência, sob pena de sedesvirtuar o instituto despenalizador.
Con�guradas as demais condições objetivas, a propositura do acordonão pode ser condicionada à
con�ssão extrajudicial, na fase inquisitorial.
Por constituir um poder-dever do Parquet, o não oferecimentotempestivo do ANPP desacompanhado
de motivação idônea constitui nulidadeabsoluta.
No caso concreto, houve prejuízo em se oferecer o ANPP depois do recebimento da denúncia. Isso
porque essa decisão interrompeu o prazo prescricional e faltavam apenas 35 dias para ocorrer a
prescrição da pretensão punitiva.
STJ. 6ª Turma. AgRg no HC 762049-PR, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 7/3/2023 (Info 769).

Ação penal

Enunciado 12 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ


A proposta de acordo de não persecução penal representa um poder-dever do Ministério Público,
com exclusividade, desde que cumpridos os requisitos do art. 28-A do CPP, cuja recusa deve ser
fundamentada, para propiciar o controle previsto no § 14 do mesmo artigo.

Provas

Enunciado 13 da I Jornada de Direito Penal e Processo Penal CJF/STJ


A inexistência de con�ssão do investigado antes da formação da opinio delicti do Ministério Público
não pode ser interpretada como desinteresse em entabular eventual acordo de não persecução
penal.

Investigação criminal

O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei nº
13.964/2019, desde que não recebida a denúncia
A Lei nº 13.964/2019 (“Pacote Anticrime”) inseriu o art. 28-A ao CPP, criando, no ordenamento jurídico
pátrio, o instituto do acordo de não persecução penal (ANPP).

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A Lei nº 13.964/2019, no ponto em que institui o ANPP, é considerada lei penal de natureza híbrida,
admitindo conformação entre a retroatividade penal bené�ca e o tempus regit actum.
O ANPP se esgota na etapa pré-processual, sobretudo porque a consequência da sua recusa, sua
não homologação ou seu descumprimento é inaugurar a fase de oferecimento e de recebimento da
denúncia.
O recebimento da denúncia encerra a etapa pré-processual, devendo ser considerados válidos os
atos praticados em conformidade com a lei então vigente.
Dessa forma, a retroatividade penal bené�ca incide para permitir que o ANPP seja viabilizado a fatos
anteriores à Lei nº 13.964/2019, desde que não recebida a denúncia.
Assim, mostra-se impossível realizar o ANPP quando já recebida a denúncia em data anterior à
entrada em vigor da Lei nº 13.964/2019.
STJ. 5ª Turma. HC 607003-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020 (Info
683).
STF. 1ª Turma. HC 191464 AgR, Rel. Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020.

No mesmo sentido, mais recente:


O Acordo de Não Persecução Penal (ANPP), inserido pela Lei nº 13.924/2019, aplica-se
retroativamente desde que não tenha havido o recebimento da denúncia.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 2.006.523-CE, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador convocado
do TJDFT), julgado em 23/8/2022 (Info 761).

*Divergência
2ª Turma do STF:
É possível a aplicação retroativa do art. 28-A do CPP mesmo que já tenha sido proferida sentença
condenatória.
STF. 2ª Turma. HC 220.249-SP, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 16/12/2022.
STF. 2ª Turma. HC 206.660-SC, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 07/03/2023.

Vale frisar que a matéria está afetada ao Plenário do STF no HC 185.913.

Há necessidade de assegurar os princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa


antes da rescisão do acordo de não persecução penal
A Lei n. 13.964/2019, conhecida como "Pacote Anticrime", inseriu o art. 28-A, no Código de Processo
Penal, que disciplina o instrumento de política criminal denominado Acordo de Não Persecução
Penal.
Muito embora seja possível a rescisão do acordo de não persecução penal (§10 do art. 28-A do CPP),
necessário, para preservação dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa,
oportunizar à defesa a manifestação acerca do pedido formulado pelo Ministério Público.
STJ. 5ª Turma. HC 615.384/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 9/02/2021.

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Não há necessidade do Ministério Público, ao entender pelo não cabimento do acordo de não
persecução penal, intimar o acusado para que esta possa recorrer da decisão, nos termos do art.
28-A, § 14, do CPP
Não há necessidade do Ministério Público, ao entender pelo não cabimento do acordo de não
persecução penal, intimar o acusado para que esta possa recorrer da decisão, nos termos do art. 28-
A, § 14, do CPP.
STJ. 5ª Turma. REsp 1.948.350-RS, Rel. Min. Jesuíno Rissato (Desembargador Convocado do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios), julgado em 09/11/2021.

O Ministério Público não precisa noti�car o investigado sobre a não proposição do acordo de não
persecução penal
O ANPP não constitui direito subjetivo do investigado, podendo ser proposto pelo Ministério Público
conforme as peculiaridades do caso concreto e quando considerado necessário e su�ciente para a
reprovação e a prevenção da infração penal.
Não há obrigatoriedade de o Ministério Público noti�car o investigado em caso de recusa em se
propor o acordo de não persecução penal, pois não existe condição de procedibilidade não prevista
em lei.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.948.350/RS, Rel. Min. Jesuíno Rissato, julgado em 09/11/2021.

Falta de con�ssão no inquérito não impede acordo de persecução penal


O acordo de não persecução penal, de modo semelhante ao que ocorre com a transação penal ou
com a suspensão condicional do processo, introduziu, no sistema processual, mais uma forma de
justiça penal negociada. Se, por um lado, não se trata de direito subjetivo do réu, por outro, também
não é mera faculdade a ser exercida ao alvedrio do Parquet. O ANPP é um poder-dever do Ministério
Público, negócio jurídico pré-processual entre o órgão (consoante sua discricionariedade regrada) e o
averiguado, com o �m de evitar a judicialização criminal, e que culmina na assunção de obrigações
por ajuste voluntário entre os envolvidos. Como poder-dever, portanto, observa o princípio da
supremacia do interesse-público - consistente na criação de mais um instituto despenalizador em
prol da otimização do sistema de justiça criminal - e não pode ser renunciado, tampouco deixar de
ser exercido sem fundamentação idônea, pautada pelas balizas legais estabelecidas no art. 28-A do
CPP.
A ausência de con�ssão, como requisito objetivo, ao menos em tese, pode ser aferida pelo Juiz de
direito para negar a remessa dos autos à PGJ nos termos do art. 28, § 14, do CPP. Todavia, ao exigir a
existência de con�ssão formal e circunstanciada do crime, o novel art. 28-A do CPP não impõe que
tal ato ocorra necessariamente no inquérito, sobretudo quando não consta que o acusado - o qual
estava desacompanhado de defesa técnica e �cou em silêncio ao ser interrogado perante a
autoridade policial - haja sido informado sobre a possibilidade de celebrar a avença com o Parquet

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caso admitisse a prática da conduta apurada.


Não há como simplesmente considerar ausente o requisito objetivo da con�ssão sem que, no
mínimo, o investigado tenha ciência sobre a existência do novo instituto legal (ANPP) e possa, uma
vez equilibrada a assimetria técnico-informacional, re�etir sobre o custo-benefício da proposta, razão
pela qual “o fato de o investigado não ter confessado na fase investigatória, obviamente, não quer
signi�car o descabimento do acordo de não persecução” (CABRAL, Rodrigo Leite Ferreira. Manual do
Acordo de Não Persecução Penal à luz da Lei 13.963/2019 (Pacote Anticrime). Salvador: JusPodivm,
2020, p. 112).
É também nessa linha o Enunciado n. 13, aprovado durante a I Jornada de Direito Penal e Processo
Penal do CJF/STJ: “A inexistência de con�ssão do investigado antes da formação da opinio delicti do
Ministério Público não pode ser interpretada como desinteresse em entabular eventual acordo de não
persecução penal”.
A exigência de que a con�ssão ocorra no inquérito para que o Ministério Público ofereça o acordo de
não persecução penal traz, ainda, alguns inconvenientes que evidenciam a impossibilidade de se
obrigar que ela aconteça necessariamente naquele momento. Deveras, além de, na enorme maioria
dos casos, o investigado ser ouvido pela autoridade policial sem a presença de defesa técnica e sem
que tenha conhecimento sobre a existência do benefício legal, não há como ele saber, já naquela
oportunidade, se o representante do Ministério Público efetivamente oferecerá a proposta de ANPP
ao receber o inquérito relatado. Isso poderia levar a uma autoincriminação antecipada realizada
apenas com base na esperança de ser agraciado com o acordo, o qual poderá não ser oferecido pela
ausência, por exemplo, de requisitos subjetivos a serem avaliados pelo membro do Parquet.
No caso dos autos, porque foi negada a remessa dos autos à Procuradoria-Geral de Justiça (art. 28-
A, § 14, do CPP) pela mera ausência de con�ssão do réu no inquérito, oportunidade em que ele
estava desacompanhado de defesa técnica, �cou em silêncio e não tinha conhecimento sobre a
possibilidade de eventualmente vir a receber a proposta de acordo, a concessão da ordem é medida
que se impõe.
A Sexta turma do STJ concedeu a ordem, para anular a decisão que recusou a remessa dos autos à
Procuradoria Geral de Justiça - bem como todos os atos processuais a ela posteriores - e determinar
que os autos sejam remetidos à instância revisora do Ministério Público nos termos do art. 28-A, §
14, do CPP e a tramitação do processo �que suspensa até a apreciação da matéria pela referida
instituição.
STJ. 6ª Turma. HC 657.165/RJ, Rel. Min. Rogério Schietti Cruz, julgado em 09/08/2022.

O ANPP não constitui direito subjetivo do investigado


O acordo de não persecução penal não constitui direito subjetivo do investigado, podendo ser
proposto pelo Ministério Público conforme as peculiaridades do caso concreto e quando considerado
necessário e su�ciente para a reprovação e a prevenção da infração penal.
STJ. 6ª Turma. AgRg-REsp 1.970.975; Proc. 2021/0367791-4; SP Rel. Min. Sebastião Reis Júnior; DJE
29/08/2022

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Nulidades

O Poder Judiciário não pode impor ao MP a obrigação de ofertar ANPP


O Poder Judiciário não pode impor ao Ministério Público a obrigação de ofertar acordo de não
persecução penal (ANPP).
Não cabe ao Poder Judiciário, que não detém atribuição para participar de negociações na seara
investigatória, impor ao MP a celebração de acordos.
Não se tratando de hipótese de manifesta inadmissibilidade do ANPP, a defesa pode requerer o
reexame de sua negativa, nos termos do art. 28-A, § 14, do CPP, não sendo legítimo, em regra, que o
Judiciário controle o ato de recusa, quanto ao mérito, a �m de impedir a remessa ao órgão superior
no MP. Isso porque a redação do art. 28-A, § 14, do CPP determina a iniciativa da defesa para
requerer a sua aplicação.
STF. 2ª Turma. HC 194677/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 11/5/2021 (Info 1017).

O acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei n.
13.964/2019, desde que não recebida a denúncia
Possibilidade de aplicação retroativa do art. 28-A do Código de Processo Penal, no sentido de que o
acordo de não persecução penal (ANPP) aplica-se a fatos ocorridos antes da Lei n. 13.964/2019,
desde que não recebida a denúncia.
STJ. 6ª Turma. AgRg-REsp 1.970.975; Proc. 2021/0367791-4; SP Rel. Min. Sebastião Reis Júnior; DJE
29/08/2022

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