Curso Técnico, Tecnólogo e Bacharelado em Logística: Comparação Da Concepção, Evolução, Conteúdo e Tendências Mercadológicas
Curso Técnico, Tecnólogo e Bacharelado em Logística: Comparação Da Concepção, Evolução, Conteúdo e Tendências Mercadológicas
Curso Técnico, Tecnólogo e Bacharelado em Logística: Comparação Da Concepção, Evolução, Conteúdo e Tendências Mercadológicas
10.37885/200800839
RESUMO
Grande parte dos problemas do país e das empresas nacionais passa pela criação
de uma cultura de eficiência logística voltada à inovação.Tais fatos exigem reflexões e
analises a respeito dos processos de ensino e aprendizagem oferecidos no Brasil. Em
vista do exposto, este trabalho busca comparar as características do ensino de logística
nos diferentes níveis: técnico, tecnólogo e bacharelado. Para isso foram levantados os
fatores que influenciam a formação acadêmico-profissional nesses três níveis de ensino
no Brasil, considerando conteúdo pedagógico, a estrutura, perfil, capacitação docente,
mercado de trabalho, tendências da profissão e inovação no setor. Os resultados obtidos
visam fornecer subsídios para a mitigação do agravante: a escassez de mão de obra
qualificada, uma vez que a velocidade em que novos desafios surgem no mercado traz
constantemente novas exigências de capacitação profissional.
Existem diversos motivos para que o ensino da logística venha tomando cada vez mais im-
portância no Brasil. Do ponto de vista profissional, seja para ingressantes no mercado de trabalho
ou para quem já atua nele, o estudo e o conhecimento em logística abrem novas perspectivas de
trabalho uma vez que, a necessidade e empregabilidade desse profissional se tornam mais relevantes
a cada dia. O aperfeiçoamento do conhecimento técnico/acadêmico facilita a ascensão profissional
num mercado atualmente caracterizado pela carência de talentos.
Sobre o ponto de vista empresarial é cada dia mais notório que todas as empresas necessitam
planejar e executar de forma eficaz tanto seus setores produtivos quanto logísticos, sejam eles de
logística inbound, outbound, controle de estoques ou logística de manufatura. Na falta de profissionais
com a qualificação, tais empresas têm incentivado ou capacitado alguns de seus funcionários mais
qualificados a frequentar cursos de técnicos e/ou cursos rápidos de especialização.
Do ponto de vista da sociedade, o ensino e aprendizado dos conceitos e das boas práticas
logísticas têm se mostrado fundamental para criar uma cultura logística que permita a esse país
reduzir o custo de seus produtos para sem comprometer a qualidade dos mesmos, de tal forma que
os mesmos se tornem cada vez mais competitivos numa época caracterizada por mudanças cada
dia mais frequentes e velozes proporcionadas pela globalização, queda de fronteiras e de barreiras
alfandegárias. Assim sendo, a logística desempenha papel fundamental dentro das empresas na
redução de custos, seja nos setores de produção ou de marketing, que possuem interfaces diretas
com a área logística.
Quanto à interface da logística com a produção, independente se uma empresa é geradora
de produtos ou de serviços, em todas elas existe uma grande necessidade de movimentação de
materiais, maquinários e até mesmo de pessoas. Para que essa movimentação seja efetuada com
o menor consumo de energia e de forma rápida e eficiente, é necessário empreender esforços e
investimentos para que esses objetivos sejam alcançados da forma mais otimizada possível. A lo-
gística encontra-se também no reabastecimento de estoques, previsão de demandas e definições
de quantidades de produtos a serem adquiridos pela empresa para geração de produtos acabados.
Em vista do exposto, este artigo tem como objetivo caracterizar ensino e aprendizagem da Lo-
gística no Brasil e comparar suas características nos níveis: técnico, tecnólogo e bacharelado. Para
isso foram levantados quais fatores influenciam a formação acadêmico-profissional considerando os
aspectos pedagógicos quanto à estrutura, conteúdo, perfil, capacitação e a inovação e analisados
comparativamente.
METODOLOGIA
Para uma melhor discussão deste tema é importante caracterizar a Logística como objeto de
estudo e principalmente a sua evolução e tendências futuras, hoje muito impactado pelos novos
elementos da Indústria 4.0 ou “Quarta Revolução Industrial”, conceito que surgiu de um programa
criado pela indústria alemã com o intuito de promover a automação da manufatura e aumentar a
produtividade das empresas (Firjan, 2018).
Para Ballou (2008), a logística é a área responsável por oferecer melhor rentabilidade nos
serviços de distribuição, utilizando ferramentas de planejamento, organização e controle, que propor-
cionem benefícios para as atividades de movimentação e armazenagem. Considera que a evolução
da logística pode ser dividida em três fases. Uma era inicial antes de 1950, que o autor intitulou
como: “anos adormecidos”. Nesse período a logística já era trabalhada, porém, de forma oculta,
afinal para os estudiosos desta época o papel era desempenhado pelos setores de transporte, es-
toque, processamento de pedidos e informações eram de responsabilidade dos departamentos da
empresa como o de marketing, financeiro e de produção. Ainda foi no período antes de 1950 que
começaram a surgir as definições conhecidas atualmente. Afinal foi o período de desenvolvimento
de estratégias militares para batalhas na Segunda Guerra Mundial.
A segunda era, que foi definida entre os anos de 1950 a 1970, foi nomeada “o período do de-
senvolvimento”, onde Ballou aponta que a prática da logística teve seu início saindo da teoria entre
os anos de 1950 a 1960. Com a evolução e a prática da logística, veio junto às mudanças de padrões
e modo de trabalhar a demanda dos consumidores, no setor industrial iniciou as análises para re-
dução de custos, pois assim os lucros poderiam ser maiores e fortalecer a economia que na época
estava abalada devido a Guerra. Além dos avanços de tecnologias e evolução dos computadores.
Nos anos de 1970 para frente, sendo considerada a última era, ficando intitulada de “os anos
do crescimento”, onde os princípios da logística já estavam estabelecidos e as empresas já haviam
colocado em prática e obtendo vantagens a partir de então. Atualmente sabe-se que a logística pos-
sui alto custo e assim sendo os desafios das empresas na busca da minimização custos logísticos
e a conseqüente maximização de renda, fatos que se contrapõem, uma vez que os clientes exigem
cada vez mais altos níveis de serviço e produtos de qualidade.
Ballou (2001, p. 23), apresenta os elementos principais dos dois segmentos de forma bastante
apurada mostrando que a Administração de Materiais envolve o suprimento físico de matérias-pri-
mas, componentes e demais materiais desde as fontes de suprimentos até o local onde ocorrem
as transformações em produto final. Daí a logística se encarrega da distribuição física dos produtos
até a chegada aos consumidores finais. A principal distinção entre a Administração de Materiais e
a Logística de Distribuição Física é que a primeira excuta a aquisição de materiais ao passo que a
segunda desenvolve a programação para a produção e a entrega.
• Requisitos: para entrar em um curso técnico, o nível de exigência varia entre o ensino fundamental
incompleto até o ensino médio completo. E para ingressar no curso de tecnólogo obrigatoriamente,
ter concluído o ensino médio.
• Duração: duração mínima de alguns meses e máxima de três anos. Já os cursos superiores
tecnológicos duram entre 2 e 3 anos.
• Diploma/certificado: ao concluir um curso técnico, o estudante recebe um certificado de conclusão
do curso técnico de nível médio. Ao se formar em um curso de tecnólogo, o estudante recebe um
diploma de nível superior.
• Tipo de profissional: os dois tipos de curso formam profissionais para o mercado de trabalho.
A diferença é que, em geral, os cursos técnicos preparam o aluno para ocupar cargos mais
operacionais, enquanto os cursos de tecnólogo são mais voltados para posições de supervisão,
coordenação e gestão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este trabalho utiliza como método em seu desenvolvimento a pesquisa bibliográfica, que se-
gundo Gil (2007a) “é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente
de livros e artigos científicos” e destaca que sua principal vantagem reside no fato de permitir ao
investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que ele po-
deria pesquisar diretamente.
Posteriormente, realiza um estudo de caso envolvendo os três níveis de formação em logística
no Brasil (técnico, tecnólogo e bacharelado), que por definição assume o caráter de uma pesquisa
aplicada, que segundo Barros e Lehfeld (2000) é “aquela em que o pesquisador é movido pela ne-
cessidade de conhecer para aplicação imediata dos resultados. Contribui para fins práticos, visando
à solução mais ou menos imediata do problema encontrado na realidade”.
O Curso Técnico tem por objetivo formar profissionais para o Mercado de Trabalho. Por esse
motivo são mais focados em prática que as faculdades (muitos inclusive são 100% práticos). Seu
objetivo é formar trabalhadores. No Brasil, os cursos técnicos estão divididos em 3 (três) categorias
básicas:
O curso tem por objetivo a formação de profissionais com capacidade de trazer lucratividade
ao negócio e atender os clientes de maneira ágil e eficiente, identificar as ferramentas apropriadas
para cada etapa da cadeia de suprimentos e saber de que forma armazenar os produtos até que
seja entregue ao consumidor final.
No Estado de São Paulo as Faculdades de Tecnologia do Centro Paula Souza disponibilizam
aos alunos a opção de graduação de tecnólogo em Logística. A instituição tem dezenove unidades
Habilidades Descrição
O primeiro curso de bacharelado em Logística no Brasil foi oferecido pela Univali – Universidade
do Vale do Itajaí, em Santa Catarina no primeiro semestre de 2000. Com duração prevista de seis
semestres, o curso foi aberto com 50 vagas oferecidas semestralmente e no final de 2002 graduou
19 bacharéis, Univali (2003).
A grade curricular do curso da Univali contempla a preparação do aluno ao mercado de trabalho
e não se destina exclusivamente ao aperfeiçoamento do profissional já empregado em atividades
logísticas, uma vez que esta etapa do ensino é desenvolvida nos cursos de pós-graduação.
De acordo com Baggio (2002, p. 28), as disciplinas que formam a espinha dorsal do curso,
Logística de Suprimentos, Armazenagem e Movimentação de Materiais, Gestão da Distribuição
Física e Logística Reversa são complementadas por outras da área das engenharias e das ciências
sociais aplicadas.
Por sua vez o IDEPE – Instituto Delta de Educação e Pesquisa com sede em Guarulhos, São
Paulo, ministra o curso de graduação em Administração com habilitação em Transporte e Logística.
O curso pode trazer disciplinas das Ciências Sociais Aplicadas como marketing e administra-
ção e das Exatas, por exemplo, matemática e estatística. De modo mais específico e aprofundado
são estudados assuntos relativos à: logística e modais de transporte; planejamento de estoques;
sistemas de qualidade; análise de custos; operações de terminais e armazéns; processos gerenciais;
planejamento, programação e controle da produção (PPCP); logística empresarial e internacional;
empreendedorismo; intermodais.
Cabe salientar que inicialmente, como em todo curso de graduação, as primeiras turmas são
formadas por alunos que já estão engajados no mercado de trabalho e buscam um certificado como
forma de demonstrar a consolidação de suas habilidades profissionais adquiridas ao longo do tempo.
Nas turmas seguintes, com o passar dos anos, o quadro é invertido e os alunos que freqüentam as
salas de aula são jovens que procuram qualificação para estarem habilitados a obterem uma vaga
no mercado de trabalho.
No Brasil, os eixos do conhecimento contemplam duas grandes áreas: Gestão, suportadas
pelas disciplinas da Administração e Infraestrutura suportadas pela Engenharia de Transportes.
No eixo de Gestão destacam-se: Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, Santa Catarina e
Centro Universitário Augusto Motta UNISUAM - Rio de Janeiro.
No eixo de Infraestrutura destacam-se: Universidade Federal de Mato Grosso, Universidade de
Franca, Universidade Federal de Goiás, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais,
Centro Universitário das Américas, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás e
CONCLUSÃO
As diferenças mais acentuadas entre os três níveis de curso estão baseadas nos aspectos
relativos à duração e ao foco profissional, ou seja, os cursos técnicos (nível médio), têm uma carga
horária ministrada de 2 meses a 3 anos. Oferecem uma formação rápida e focada em áreas profis-
sionais específicas.
Os cursos que formam tecnólogos (nível superior), têm carga horária ministrada de 2 a 3 anos,
oferecem disciplinas específicas em constante sintonia com as demandas do mercado de trabalho,
ou seja, mantém constantemente foco no mercado de trabalho.
Por sua vez, os cursos de bacharelado, engenheiros, têm carga horária ministrada média de 4
a 5 anos, oferecem maior quantidade de conhecimento teórico e além do conhecimento mais amplo
oferecido, desenvolvem pesquisas, geram conhecimento acadêmicos e possuem uma estrutura de
relacionamento com o mercado através das entidades de classe, mais atuantes.
Os cursos de Especialização e Pós Graduação, contemplados na Figura 1 não foram objeto
deste artigo.
Cabe ressaltar que as informações preliminares apresentadas estão em conformidade com
artigo "Papel Fundamental" de Rodrigues, Cinthia (2015), “atualmente, na Holanda, onde, por exem-
plo, 12% da população de 25 a 64 anos possui bacharelado e 21% superior tecnólogo”.
No mesmo artigo, o pesquisador Aristotle Tympas afirma que “os tecnólogos se popularizaram
por terem formato e objetivos que se adequam à atuais necessidades da sociedade, principalmente
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LOGÍSTICA. Glossário de termos de uso corrente na logística
empresarial. Disponível em: <http://www.aslog.org.br/glossario.htm> Acesso em: 15 abr. 2018.
BAGGIO, João Henrique. Primeira graduação. Logística em Revista, São Paulo, v. 1, n. 1, p. 28,
fev./mar. 2002.
CATTINI JUNIOR, Orlando. O novo profissional de logística. Aslog News, São Paulo, nov./dez. 2001.
DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: uma abordagem logística. 4. ed. São Paulo:
Fábio Beylouni Lavratti, M.Sc. Professor da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI; Escola
Superior de Criciúma – ESUCRI; Centro Superior de Estudos Hoteleiros – CESETH.
FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro, Publicações Firjan - Cadernos
SENAI de Inovação - Industria 4.0, Disponível em: www.firjan.com.br. Acesso em: 27/06/18.