Dissertação 29.03.23
Dissertação 29.03.23
Dissertação 29.03.23
FORTALEZA – CEARÁ
2022/3
REBEKA NOGUEIRA SURIMÃ
FORTALEZA – CEARÁ
2022/3
ERRATA
FOLHA DE APROVAÇÃO
Com o pensamento nas pessoas adimpli este
projeto, por isso o dedico a todos aqueles a quem
esta pesquisa possa ajudar de alguma forma.
AGRADECIMENTOS
Deafness or hearing impairment is one of the main physical disabilities in the world
and in Brazil. Faced with the inclusive aspect of this part of society, there has been, for
some time now, a more cautious look at educational policies, norms and guidelines for
inclusion in the school environment, especially in Higher Education, which also aims
to guarantee inclusion in the labor market and of these people, improving factors such
as assessment and accessibility in this context. In Brazil, the rate of individuals with
disabilities entering Higher Education Institutions (HEIs) is still low. Even with the
inclusion of this public in universities, several transformations need to be applied in the
academic field to better meet their needs. These focus on the formulation of inclusive
educational policies, creation or adaptation of more accessible areas, access to
technological and didactic resources that promote learning and other favorable
conditions for the permanence of students with deafness and hearing impairment in
Higher Education. Together with the aforementioned adaptations, the teaching
professional needs quality and specific training, aiming to meet the demands of these
students. With the justification of the urgency of highlighting these aspects, the
research aims to discuss the access of deaf and hard of hearing individuals to Higher
Education, understanding the advances and limits of educational inclusion policies. For
that, an exploratory bibliographic study and qualitative research were used. This work
was carried out through a virtual medium, based on reliable document bases, also
comprising spaces for research and studies in Law for theoretical foundation, such as
Laws, Decrees, Conventions and interviews with the target public and the like. Or
rather, the research also explores the reality of the State University of Ceará (UECE),
with data from teaching techniques and the reality used in the classroom with disabled
students. In this way, inclusive education evolves over time and should attract
opportunities to all citizens. The dissertation seeks to show the reality of educational
policies for the inclusion of these vulnerable social groups in the face of teaching and
the current scenario found in Brazilian universities, especially UECE.
IC Implante Coclear
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 POLÍTICAS EDUCACIONAIS, PÚBLICAS E LINGUÍSTICAS PARA AS PESSOAS
SURDAS E COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA ............................................................. 20
2.1 Políticas educacionais para acessibilidade de pessoas surdas e com
deficiência auditiva .............................................................................................. 20
2.2 Políticas linguísticas para pessoas surdas e com deficiência auditiva .... 29
2.3 Políticas públicas para pessoas surdas e com deficiência auditiva ......... 32
3 DO DIREITO DOS SURDOS E PORTADORES DE DEFICIÊNCIA AUDITIVA .... 42
3.1 Os direitos das pessoas com deficiência .................................................... 42
3.2 Os direitos das pessoas surdas e com deficiência auditiva ...................... 55
3.3 A ineficácia das Leis educacionais de acessibilidade da população surda
e de deficientes auditivos ................................................................................... 58
4 ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO DA PESSOA SURDA E COM DEFICIÊNCIA
AUDITIVA NO ENSINO SUPERIOR: ANALISANDO AS POLÍTICAS PÚBLICAS
EDUCACIONAIS ....................................................................................................... 62
4.1 Acessibilidade e inclusão da pessoa surda e com deficiência auditiva no
Ensino Superior ................................................................................................... 62
4.2 A análise das políticas públicas educacionais de atuação em prol da
acessibilidade e inclusão da pessoa surda e com deficiência auditiva no
Ensino Superior ................................................................................................... 67
4.3 Os mecanismos que favorecem a acessibilidade e inclusão das pessoas
surdas e com deficiência auditiva no Ensino Superior .................................... 71
4.4 As tecnologias e recursos que auxiliam o ensino das pessoas surdas e
com deficiência auditiva no Ensino Superior .................................................... 74
5 POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS DE ACESSIBILIDADE E INCLUSÃO AO
ACESSO DE PESSOAS SURDAS E COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA NA UECE ... 81
5.1 Acessibilidade e inclusão ao acesso de pessoas surdas e com deficiência
auditiva no Ensino Superior da UECE ............................................................... 81
5.2 Os mecanismos e as políticas educacionais de alunos surdos e deficientes
auditivos no Ensino Superior da UECE ............................................................. 86
5.3 Considerações sobre acessibilidade e inclusão no Ensino Superior de
pessoas surdas e com deficiência auditiva na UECE....................................... 90
5.4 Considerações sobre a atuação das políticas educacionais para o Ensino
Superior de pessoas surdas e com deficiência auditiva na UECE .................. 97
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 101
REFERÊNCIAS....................................................................................................... 106
APÊNDICE A - Roteiro da Entrevista e Questionário ......................................... 118
10
1 INTRODUÇÃO
de pessoa surda como “[...] aquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage
com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura
principalmente pelo uso da língua brasileira de sinais – Libras”. Referente à deficiência
auditiva, o mesmo artigo aclara um conceito clínico da surdez. Pode-se dizer que
indivíduo surdo se diferencia de deficiente auditivo por razões culturais e linguísticas.
A realidade de pessoas com deficiência está voltada em atender as
necessidades que surgem no cotidiano da sociedade em que estão inseridas. Busca-
se então um caminho mais fácil para a dinâmica funcional desses cidadãos. A
evolução das tecnologias sociais contribui para o fortalecimento do acesso de pessoas
com deficiência à sociedade. Para a inclusão social e profissional desse público
ocorrer, o conhecimento de poder comunicar-se de forma fluida e voltada a
estabelecer uma convivência torna-se necessário.
A barreira do idioma acaba por trazer isolamento social e dificuldades com o
aprendizado, e comunicar-se com as mãos e com o corpo representa uma forma nova
de linguagem desenvolvida para suprir a falta de uma linguagem oral. Desse modo,
como solução, as pesquisas realizadas em inclusão escolar procuram resolver o
problema causado pela segregação. Atualmente, a educação busca uma maneira de
estabelecer uma integração educacional, onde alunos com deficiência procuram
adaptar-se à realidade da sociedade na tentativa de uma melhor condição de vida.
A legislação destinada à aplicabilidade dos direitos de pessoas com deficiência
demonstra que ainda há um longo caminho a percorrer para a busca da igualdade
entre todos. As garantias legais, a questão da inclusão social e a necessidade de
educar a sociedade em uma nova cultura de tolerância e aceitação das diferenças,
tornam-se o grande desafio para a acessibilidade e inclusão.
Quando uma pessoa ouvinte aprende a importância de se comunicar com os
colegas surdos e com deficiência auditiva, a convivência torna-se mais fácil, abrindo
caminho para a ampliação de sua realidade social. Porém, o preconceito torna-se a
regra quando não há um bom direcionamento dos realizadores de políticas
educacionais voltada ao ensino da vida, de forma digna, devendo ser o ideal almejado
pelos operadores do Direito. O exercício da conscientização e respeito deve deixar o
patamar teórico e tornar-se realidade para todos. Assim, uma forma de melhor
encontrar um caminho para a solução dos problemas, seria a busca de uma atitude
que facilite o desenvolvimento integral do cidadão brasileiro. Esse objetivo se torna
12
solução. Não fazer nada, a fim de deixar que outros resolvam o problema, não é papel
de um bom profissional.
A realidade dos homens que convivem em sociedade está voltada em atender
as necessidades dos projetos culturais que se originam desde a introdução da história
de cada povo. A evolução da sociedade força os estudiosos das políticas educacionais
a encontrar uma forma de melhor passar as inovações para quem as necessite,
fundamentando suas respostas da melhor forma no momento da realização da prática.
Sendo assim, torna-se importante buscar uma maneira prática de compreender
diariamente como melhor utilizar as deficiências, buscando uma maior rapidez na
aprendizagem e facilitação na inclusão social.
Considera-se que aceitar, desenvolver e incluir deve ser um ponto de prioridade
e cabe a esta pesquisa observar os principais métodos para compreender a
acessibilidade de pessoas surdas e com deficiência auditiva no Ensino Superior. Esse
desafio se aprimora quando as pessoas se deparam com a real situação em que se
encontra a sociedade em si. Há pouco incentivo em modificar o pensamento de vários
indivíduos que convivem muito tempo com símbolos e tradições difíceis de serem
interrompidas rapidamente. Mas ignorar que mudanças devem ser feitas não é o
melhor caminho para aqueles que desejam transformações em suas relações sociais.
Essa teoria crítica determina uma ampliação dos procedimentos de realização das
políticas públicas.
A partir da formulação do problema de ensino e da identificação das melhores
maneiras de solucionar essa questão, poderá se estabelecer um conjunto de variáveis
que terão como objetivo nortear as soluções para o ensino inclusivo. Essa é a melhor
forma de transmitir conhecimento com práticas voltadas para o aprimoramento
daqueles em dificuldades de inclusão. Indo por esse caminho de pesquisa, a
apresentação, de forma clara, objetiva e rica em detalhes, das razões de ordem teórica
ou prática justificam a realização de novos procedimentos tecnológicos, a fim de tornar
mais rápida a aplicação da acessibilidade. Vendo dessa forma, o ser humano deverá
expor as principais dificuldades sociais e transformá-las de forma a desenvolver um
método que alcance a história social de todos os indivíduos.
Com a melhora desse conhecimento, aqueles que necessitam de uma rápida
aplicação de novas tecnologias em suas realidades, poderão obter uma maior
facilidade de ter seus objetivos realizados. No caso da pesquisa de natureza científica
ou acadêmica, a tutela deve ser justificada pela facilidade do estudante e profissional
14
Assim, as melhorias encontradas com uma legislação mais atuante buscam em sua
grande maioria, enquadrar o cidadão a uma situação em que a adaptação se torna
um mecanismo de exclusão. Felizmente, a igualdade se desenvolve com um processo
que deve ser aceito por todos, e a escolha do livre arbítrio deve ser o objetivo futuro
da nossa sociedade. À vista disso, a Pergunta-Problema do tema está em saber como
as políticas educacionais de inclusão social de pessoas surdas e com deficiência
auditiva refletiram na inserção destes ao Ensino Superior?
O tema do projeto foi escolhido para referenciar a dissonância existente entre
os problemas de pessoas surdas e com deficiência auditiva e o que realmente é
encontrado no cotidiano delas, além de abordar como a escolha deixa de ser um dos
requisitos para aqueles que têm que se abdicarem a ir aonde está determinado. Com
esse pensamento, a justificativa da pesquisa proposta é suprir a carência de
comunicação e interesse entre os envolvidos no processo de aprendizagem, se
fundamentando em formular questões com solução, e não perguntas sem respostas.
A aceitação de todos os indivíduos como eles são, deve ser o caminho a ser
buscado por todos. A dignidade de todos os cidadãos é o objetivo a ser alcançado. As
diferenças não devem ser vistas como um empecilho, mas sim como uma
oportunidade para o desenvolvimento pessoal. Essa visão de que todos devem ser
incluídos no convívio social é o que procura o desenvolvimento de políticas públicas.
No caso da pesquisa de natureza científica ou acadêmica, o ensino deve ser
justificado pela facilidade de a pessoa com deficiência poder interagir em sociedade,
contribuindo de forma ativa em seu desenvolvimento.
Para enriquecer o presente trabalho e fundamentar as informações em seu
tema foram mencionados ensinamentos de doutrinadores como Campos (2020),
Godoi (2009); Góes (1996), Mazzota (2001), Mazzuoli (2019), Quadros e Karnopp
(2004), Santiago (2011), Strobell (2009), entre outros. A pesquisa proposta se
fundamenta em contribuir para a transformação das características do estudo
buscando-se uma resposta de que haverá melhoria nas condições da prática da
acessibilidade em território brasileiro, beneficiando os indivíduos de forma geral. Para
a realização dessa mudança, a evolução dos procedimentos para as tecnologias de
inclusão e o desenvolvimento de novas políticas educacionais, contribui em
compreender o que for melhor para todos os envolvidos. Esse é uma das principais
metas do desenvolvimento desse estudo.
16
com Deficiência, Lei de Libras de n.º 10436 do ano de 2002, Decreto n.º 5.626 de
2005, Política Nacional da Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva,
dentre outros, que dão esboço a esta pesquisa.
No capítulo 4, a discussão gira em torno da acessibilidade e inclusão da pessoa
surda e com deficiência auditiva no Ensino Superior, com principal pesquisa sobre as
políticas públicas educacionais. A atenção sobre o estudante que necessita de
atendimento diferenciado, com mecanismos e tecnologias próprias para adquirir
conhecimento torna-se o tópico mais estudado neste segmento da pesquisa. O
capítulo 5 desenvolve-se como o final da dissertação, aprofundando as políticas
públicas de acessibilidade voltadas à inclusão do acesso dessa parcela da sociedade
ao Ensino Superior, principalmente envolvendo o que ocorre na UECE. Por meio de
entrevistas com quem tem prática no apoio da acessibilidade, esse capítulo tem como
objetivo informar ao leitor o que está sendo concretizado. Por fim, espera-se que o
objetivo fundamental para a formação desta dissertação seja alcançado, que o público
alvo se torne mais consciente do que ocorre nos dias de hoje e busque sempre formas
de melhorar e evoluir, para o bem de todos no futuro da sociedade.
20
Sobre a inclusão, quando feita sem o devido preparo, de forma aleatória, Edler
Carvalho afirma, que:
21
[...] inserir esses aprendizes [referindo-se aos surdos] nas escolas comuns,
distribuindo-os pelas turmas do ensino regular, como “figurantes”, além de
injusto, não, não corresponde ao que se propõe no paradigma da educação
inclusiva e, de igual modo, não vamos contribuir para o seu desenvolvimento
integral (2004, p. 109).
O indivíduo surdo pode ser compreendido como aquele que possui a audição
socialmente incapacitante. Isto é, o surdo não tem capacidade de desenvolver a fala,
consequentemente não apresenta a capacidade de ouvir. Por outro lado,
Porém, isso não faz com que não possam comunicar-se, posto que ambos têm
a Libras como língua materna, que oportuniza a sua comunicação em diferentes
âmbitos da sociedade (BRASIL, 2007).
excluídos por compreenderem que estes trariam dificuldades e problemas para o meio
urbano. À luz de Godoi (2009), na Idade Média os indivíduos com deficiência auditiva,
eram considerados loucos, criminosos, ou ainda possuídos por demônios. Desta feita,
acabam fazendo parte dos excluídos e tinham que ser afastados da convivência
social, ou mesmo sacrificados.
Nessa época, os indivíduos que nasciam surdos, eram tratados como loucos,
alguns sendo torturados ou submetidos a condições totalmente bárbaras e atrozes,
como foi o caso do oralismo, definido como um método educativo que tinha como
finalidade obrigar os surdos a falar (SANTANA, 2007). E por não conseguirem
progredir nesse método ao qual eram submetidos, eram taxados como doentes
mentais e em determinadas circunstâncias desumanas eram colocadas até mesmo,
orelhas de animais com a finalidade de dar estímulos para a audição.
Em vista disso, a necessidade de se refletir a respeito de uma educação comum
a todos, até mesmo os indivíduos deficientes, transcorre da razão de que
historicamente a sociedade abandonou estes sujeitos-cidadãos. Nas palavras de Glat
e Fernandes (2005, p. 36) “[...] a deficiência era entendida como uma doença crônica,
e todo o atendimento prestado a essa clientela, mesmo quando envolvidas a área
educacional era considerado pelo viés terapêutico”. Ainda de acordo com as autoras,
na década de 70, no sistema educacional público do país, de modo tímido, dava-se
início a apreensão em garantir que os indivíduos com deficiência tivessem ingresso
nas instituições escolares. De tal modo, lentamente vão se irrompendo antigos
conceitos de natureza médica e começa-se a observar a pessoa com deficiência como
alguém diferente, com capacidade de aprender.
Atualmente, essa condição também mudou. Os surdos, hoje em dia, não são
vistos como doentes mentais, apesar disso, ainda não têm o respeito que merecem.
Em vários contextos, existem sujeitos que ainda agem e pensam de forma excludente
e preconceituosa, a exemplo, no ambiente escolar e no mercado de trabalho. Além do
mais, quando surdos são introduzidos em uma instituição educacional, muitas vezes
os próprios docentes não sabem ter a comunicação necessária por não
compreenderem sua língua.
Um grande desafio a ser superado refere-se à inclusão de estudantes surdos,
haja vista que apesar desta ocorrer, o processo vem se dando de forma
desorganizada. Um exemplo dessa situação é a falta de intérpretes de Libras nas
escolas, o que dificulta a compreensão entre o estudante deficiente e o professor, pois
este profissional é o elo de comunicação entre este sujeito, e, quando não há
comunicação, o entendimento entre ambas as partes fica prejudicado (QUADROS,
KARNOPP, 2004). Esta situação é muito preocupante, visto que a própria constituição
assegura que todos têm direito à educação.
Além disso, segundo o documento, essas instituições devem ser a base para
que a Libras seja usada e difundida na comunidade escolar, tanto pelo corpo docente,
técnico e discente quanto por familiares dos alunos. Segundo o documento, escolas
ou classes de educação bilíngue são aquelas que têm como língua de instrução,
durante todo o processo educativo, tanto a Libras quanto a Língua Portuguesa, na
modalidade escrita (BRASIL, 2005). Nesse sentido, apesar de o documento entrever
a possibilidade de criação de turmas exclusivas para a concretização da prática
bilíngue, a realidade da educação de surdos está aquém dessa determinação legal.
Enquanto a criação de escolas bilíngues é uma realidade de longe alcance,
considerando a falta de profissionais bilíngues em Libras e Língua Portuguesa, que
possam conduzir o processo, a criação de classes exclusivas para surdos já seria uma
boa alternativa, mesmo que a instrução não fosse diretamente em Libras, mas
contasse com a colaboração de intérpretes e com aulas focadas nos alunos surdos.
Com base no exposto, em uma prática educacional bilíngue que visasse, de fato, a
promover, neste caso, o letramento do surdo tanto na língua de sinais quanto na língua
oficial do país, a língua materna dos alunos deveria sempre fazer parte do currículo
escolar e deveria haver um ativo comprometimento tanto de pais e das comunidades
quanto dos corpos docente, discente e técnico das escolas (GARCIA, 1998), da
mesma forma como foi apregoado pelo Decreto.
31
Na meta 4, por sua vez, a Lei propõe assegurar “[...] a oferta de educação
bilíngue, em [...] Libras como primeira língua e na modalidade escrita da Língua
Portuguesa como segunda língua, aos (às) alunos (as) surdos e com deficiência
auditiva [...], em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas [...]” (BRASIL,
2014, Meta 4, item 4.7, grifos nossos). Ainda nessa meta, a Lei defende o apoio ao
aumento do número de profissionais da área que possam atuar na escolarização de:
Não existe uma única, nem melhor, definição sobre o que seja política
pública. Mead (1995) a define como um campo dentro do estudo da política
que analisa o governo à luz de grandes questões públicas e Lynn (1980),
como um conjunto de ações do governo que irão produzir efeitos específicos.
Peters (1986) segue o mesmo veio: política pública é a soma das atividades
dos governos, que agem diretamente ou através de delegação, e que
influenciam a vida dos cidadãos. Dye (1984) sintetiza a definição de política
pública como “o que o governo escolhe fazer ou não fazer”. A definição mais
conhecida continua sendo a de Laswell, ou seja, decisões e análises sobre
política pública implicam responder às seguintes questões: quem ganha o
quê, por quê e que diferença faz (SOUZA, 2006, p. 24).
Dessa forma, não existindo um único conceito, pior ou melhor para a temática,
o fundamental é compreender que qualquer concepção de política pública, mesmo
aquelas mais simples, passará, de forma inexorável, pelo lugar de desenvolvimento
das ideias e preferências, qual seja o governo, e necessitará responder aos seguintes
questionamentos: quem ganha o quê, por quê e que diferença faz.
34
Acima se encontram três Leis que versam sobre a temática proposta. A primeira
Lei de n.º 10.098/2000, aborda sobre a acessibilidade e barreiras que impedem o
envolvimento social do indivíduo, assim como a prática dos seus direitos à liberdade,
à acessibilidade, dentre outros. A Lei evidencia ainda a respeito da barreira na
informação e na comunicação, e garante a relação dos cidadãos que abrange, entre
outros fatores, como a Libras, as línguas, os meios de voz digitalizados e os sistemas
auditivos, até mesmo as Tecnologias da Informação e das Comunicações (TICs).
Essa Lei deu garantia do direito do deficiente auditivo de acessar a informação, a
comunicação, a educação, o trabalho, a cultura, o transporte, o lazer e o esporte.
Ainda elaborou a formação de guias-intérpretes e de especialistas intérpretes de
linguagem de sinais para tornar mais fácil qualquer tipo de comunicação realizada
diretamente com o indivíduo com dificuldade de comunicação e portador de
deficiência sensorial (BRASIL, 2000).
Em seguida, foi formulada a Lei de n.º 10.436/2002, reconhecendo como meio
legal de expressão e comunicação a Libras. Tal Lei assegura o uso das Libras por
parte do poder público, sistema educacional e empresas concessionárias de serviços
públicos, como forma de comunicação, tornando mais fácil o atendimento, inclusão e
tratamento dos deficientes auditivos (BRASIL, 2002).
Em 08 de outubro de 2004, vigorou a Portaria de n.º 589 do Ministério da Saúde
para tratar do tratamento, diagnóstico, reabilitação auditiva na alta e média
complexidade e da terapia fonoaudiológica. Para mais, estabeleceu o elenco dos
exames, aparelhos e procedimentos que seriam provisionados em atendimento à
saúde auditiva. Esta Portaria aborda a indicação do Implante Coclear e do uso do
Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI), que são ferramentas essenciais
na reabilitação do deficiente auditivo, evidenciando um grande desenvolvimento em
prol do atendimento especializado (BRASIL, 2004b).
Na mesma linha, em 28 de setembro do ano de 2004, a Portaria de n.º 2.073
formulou a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva, constituindo sua
aplicabilidade em conjunto com as Secretarias Municipais de Saúde, o Ministério da
Saúde e as Secretarias de Estado de Saúde, fazendo com que fosse possível
fomentar melhor atendimento aos indivíduos com deficiência auditiva no país,
assegurando a integralidade e o controle social da saúde auditiva, além da equidade
e da universalidade do acesso destes. Fomenta educação continuada dos
profissionais de saúde participantes da implementação e da implantação da Política
38
magna dos mais oprimidos, pois nela há a esperança de agenciar, sem diferenças, o
respeito à dignidade da pessoa. O autor ainda complementa, ao dizer que
O art. 18, da Lei nº 13.146 (BRASIL, 2015), dispõe que: “É assegurada atenção
integral à saúde da pessoa com deficiência em todos os níveis de complexidade, por
intermédio do SUS, garantido acesso universal e igualitário”. Como toda pessoa tem
direito a ser atendida pelo SUS, a que apresenta deficiência jamais ficaria fora. A Lei
diz que esse atendimento necessita abranger todas as etapas de complexidade, ou
melhor, não é somente um atendimento raso e superficial. O ingresso é a todas as
pessoas, ou seja, é universal, e igual para todos, devendo ser tratados
igualitariamente. No § 1º do Art. 18, dá garantia aos indivíduos com deficiência o
envolvimento nas políticas de saúde. Em complementação, o § 3º trata do treinamento
e capacitação continuada e inicial para os agentes que atendem indivíduos com
deficiência, principalmente os especialistas em serviços de reabilitação e habilitação
dessas pessoas. O pensamento é que os profissionais estejam atualizados e
acompanhem o avanço científico, técnico e tecnológico que estão em melhoramento
constante (BRASIL, 2015).
O objetivo principal do § 4º é propor uma maior qualidade de vida, uma inclusão
do paciente na sociedade fundamentado nas vontades, desejos e necessidades que
corroboram para um melhoramento na qualidade de vida. O Art. 21 da Lei de n.º
13.146 de 2015 mostra a natureza integral da prestação à saúde do indivíduo com
deficiência. Quando o atendimento em domicílio a esse indivíduo não for mais
suficiente e for necessário o seu deslocamento a determinada clínica ou hospital,
necessita ser garantido a acomodação e transporte, até mesmo para seu
acompanhante, para fins de tratamento e diagnóstico. O Art. 22 apoia a necessidade
de agenciar a presença de um acompanhante para o indivíduo com deficiência,
principalmente quando este estiver em observação ou internado, o que necessita se
dar em tempo integral (BRASIL, 2015). É um modo de dar atenção especial e
segurança ao portador de deficiência. Para tanto, no Art. 24
No que se refere aos indivíduos com deficiência, esse direito também tem
fundamento na Constituição, no Art. 208, onde se constitui a sua prestação como
sendo dever do Estado, ou seja: “O dever do Estado com a educação será efetivado
mediante a garantia de: […] III – atendimento educacional especializado aos
portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino” (BRASIL,
2015). O que é mais importante compreender nesse documento é que ele sedimenta
a garantia de um sistema educacional inclusivo, que atenda à pessoa com deficiência
de modo satisfatório e com qualidade. Isso significa que não basta simplesmente
matricular o aluno em uma instituição e considerar isso, por si só, a inclusão de que
trata o artigo. Trata-se aqui, na verdade, da obrigatoriedade de se efetivarem medidas
de acessibilidade no acesso à educação, evitando, por exemplo, barreiras físicas nas
instalações do ambiente escolar e na adaptação do transporte.
Para mais, necessita-se agenciar a capacitação dos funcionários e professores
para que prestem atendimento apropriado aos educandos com deficiência, sobretudo
quando está relacionada com a comunicação, fazendo-se necessária a utilização de
linguagens “especiais”, como a língua de sinais (ex.: libras) ou o “Braille”. E outro fator
importante a ser analisado na educação inclusiva é a eliminação dos meios que
restringem o avanço da inclusão social, agenciando-se, dessa forma, uma harmônica
convivência com os demais educandos. É imprescindível analisar que, quando se
discorre sobre sistema educacional inclusivo, o que se busca é fomentar o
pensamento do dever ou da obrigatoriedade de se concretizar, em todos os domínios
educacionais, e a possibilidade de pleno acesso para o indivíduo com deficiência, sem
qualquer barreira. A educação inclusiva, portanto, consiste na vontade e no esforço
de se adaptar o espaço educacional, levando-se em conta não apenas a etapa de
dificuldade motora ou sensorial, porém também, a dificuldade de integração que o
indivíduo venha a enfrentar em prol da sua deficiência.
O obstáculo principal do indivíduo com deficiência, sobretudo no que se alude
à educação, na maioria das vezes é a dificuldade de se relacionar. Logo, a instituição
escolar tem extrema importância na cidadania e na vida do indivíduo com deficiência,
necessitando favorecer a sua integração na comunidade, superando a problemática
da deficiência. Porém, a quem compete o dever de garantir a educação inclusiva,
referente aos fatores acima citados, para o indivíduo com deficiência? Essa questão
é respondida pelo Art. 27, qual seja: “É dever do Estado, da família, da comunidade
escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência,
52
Art. 34. A pessoa com deficiência tem direito ao trabalho de sua livre escolha
e aceitação, em ambiente acessível e inclusivo, em igualdade de
oportunidades com as demais pessoas. § 2º A pessoa com deficiência tem
direito, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, a condições
53
Como antes observou-se, a Lei de n.º 13.146 do ano de 2015 tem como uma
de suas principais finalidades garantir a participação e inclusão do indivíduo com
deficiência no espaço urbano em todas suas formas, sem que esta condição seja
razão de determinação de impedimentos a estes. O Capítulo IX desta Lei também
expõe como garantias básicas o acesso ao turismo, ao esporte, à cultura e ao lazer,
discorrendo a respeito da temática basilar à concretização desses direitos e à
superação dos entraves: a acessibilidade (BRASIL, 2015). Como pode-se analisar,
esse tema tem um grande alcance na vida social. A seguir, o art. 8º da Constituição:
É importante lembrar que esse direito, antes mesmo de vir a ser tutelado pela
Lei n.º 13.146/2015 ou mesmo pelo Art. 9º da Convenção Internacional, já havia a
previsão constitucional garantindo o direito ao transporte.
A Lei de Libras de n.º 10436 do ano de 2002 e o Decreto n.º 5.626 de 2005 são
duas normativas essenciais para dar garantias aos direitos dos indivíduos surdos,
sobretudo no âmbito educacional. Essas normativas oportunizam condições da
comunidade surda em todo o Brasil na luta pela concretização dos dispositivos
sugeridos e pela garantia dos direitos que esses dados apresentam. Essas condições
decorreram de muitas ações decorreram que impactaram, e ainda estão trazendo
resultados a essas pessoas de modo geral em todo o país.
Quando na procura por específicos dispositivos que têm como destino o público
o deficiente auditivo e surdo, depara-se, na Convenção Internacional sobre os Direitos
das Pessoas com Deficiência, menções claras à língua de sinais, sua promoção e
ensino. Sendo assim, pode-se analisar que as lições de Direito Internacional instruem
que a língua é um relevante elemento para a sociedade (MAZZUOLI, 2019), e isso
não é diferente com a comunidade de deficientes surdos e auditivos. A língua de sinais
é senão o principal ponto de convergência entre os participantes da vida comunitária
surda, ao ponto em que é cogente que a língua seja alastrada entre os diferentes
âmbitos sociais (SANTANA; BERGAMO, 2015).
É decisivo que os deficientes surdos tenham conhecimento da língua de sinais
para a área social e educacional; ajuda em suas relações de trabalho e familiares e
complementa o seu direito de expressão. Reforçando esse pensamento, a Convenção
Internacional sobre os direitos das Pessoas com Deficiência aponta em seu artigo a
56
O Art. 21, ao aplicar as medidas adequadas pelos Estados para garantir que os
indivíduos com deficiência possam desempenhar seu direito à liberdade de opinião e
expressão, dispõe a respeito da função do Estado em facilitar e aceitar a utilização de
línguas de sinais, além de todos os demais modos, meios e formatos acessíveis de
comunicação, à escolha desses sujeitos, e ainda “[...] reconhecer e promover o uso
de línguas de sinais” (BRASIL, 2009). A última alusão exposta da Convenção à língua
de sinais está incluída em seu artigo 30, que versa sobre o envolvimento na vida
cultural e em esporte, lazer e recreação. O elemento quatro do mesmo artigo trata que
os indivíduos com deficiência farão jus ao apoio e reconhecimento de sua identidade
linguística e cultural específica, em igualdade de oportunidades com os demais.
Ainda é frisado: “[...] incluindo as línguas de sinais e a cultura surda” (BRASIL,
2009). Tal reconhecimento é de especial relevância, haja vista que em muito supera
o pensamento de acessibilidade a ambientes de lazer, esporte e cultura, porém
percebe e prefere por fomentar e respeitar a cultura surda, intrínseca as pessoas, para
que, dessa forma, esses tenham a devida acessibilidade a esses locais. Pode até não
ser suficiente que em uma Convenção com cinquenta artigos, somente sete destinam-
se de forma direta a questões direcionadas à surdez, sua língua e seu povo. Contudo,
o estudo da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
pelo que foi aqui exposto, deixa nítido que seu intuito não é mesmo promover ações
específicas para indivíduos específicos, porém pensar respostas que sejam bem-
sucedidas ao ajudar a todos, ao agenciar igualdade e estudar direitos humanos.
Nesse entendimento, a parcela da sociedade surda é representada no decorrer de
toda a Convenção, mas, esta destaca o respeito à dignidade de cada pessoa, sua
cultura e língua sem ter que deixar marcas de dissociação.
Os surdos e deficientes auditivos são atendidos quando a Convenção se
oferece a promover em todas as etapas do sistema educacional, desde a infância, um
ato de respeito para com os direitos desses indivíduos, como discorrido no item que
versa sobre a conscientização; e também quando o Estado lhes garanta situações de
uso do transporte público e saúde, a título de exemplo, com ampla acessibilidade e
informação, que possa asseverar ainda mais autonomia e independência as práticas
da sua vida. Logo, é certo expor que a investigação desta Convenção, em conjunto
com a pesquisa dos direitos e igualdade como sendo fundamentais, se mostra
fundamental para o aprofundamento na sugestão de fomento dos direitos sociais de
58
Diante do fato supracitado, é evidente que têm diferentes Leis que asseguram
e garantem o ingresso dessa parte da população em tela. Porém, nota-se que na
prática existe uma discordância entre realidade e Lei. A educação de surdos,
conforme a Lei de n.º 10.436/2002, discorre em vários decretos e capítulos que dão
garantias ao reconhecimento da Libras como forma legal de expressão e comunicação
do indivíduo surdo. Por outro lado, nota-se que mesmo com essa garantia, não existe
de fato efetivação da mesma.
59
[...] no espaço escolar essa lei deve estar comboiada de políticas que gerem
a discussão sobre os temas raciais, na escola, no bairro, no município, no
país e no mundo. Devemos atentar para o fato de a lei vir para tentar estancar
a sangria do racismo e esse não está presente apenas no espaço escolar,
mas é vinculado em toda a sociedade.
Apesar de que nos termos da Lei o educando com deficiência tenha seu direito,
essa Lei na prática nem sempre é integralmente exercida. Dos educandos “inclusos”
determinados por essas Leis, poucos finalizam com êxito os estudos e alguns
abandonam no caminho diante a tantos impedimentos enfrentados no espaço
educacional. Os surdos e deficientes auditivos, assim, enfrentam sérios impedimentos
em seu percurso desde na sociedade, no espaço familiar, na instituição escolar e no
trabalho, e com a finalidade de trazer soluções, como já observado, formulou-se então
a Libras, em 24 de abril do ano de 2002, e criou-se a Lei de n.º 10.436, a qual a coloca
no conjunto das línguas brasileiras.
ampliação das instituições bilíngues para dessa forma adotar uma língua em
excelência.
Poucas são as pessoas que têm uma educação de qualidade, sobretudo a
Libras. Logo, existe uma incoerência face à Lei da educação inclusiva, assim como
do direito à educação, diante a Lei de n.º 13.146/15 em seus Arts. 22 e 27, os quais
asseguram direito de educação ao indivíduo surdo ou com deficiência auditiva,
garantidas da educação inclusiva em todas as etapas de ensino e aprendizado ao
longo de toda sua vivência.
Nota-se que parte desse grupo constantemente vem enfrentando
impedimentos no seu cotidiano, desde ter ingresso no sistema educacional a se
manter informado, sem falar do acesso à informação, sendo um outro contrassenso
da já mencionada Lei de n.º 13.146, a qual em seu Art. 63 descreve:
que, por sua vez, não teve transformações para atendê-los, isto é, não foram ofertadas
as necessárias condições para que pudessem ser inclusos e terem um ensino de
qualidade. Eles próprios precisavam se encaixar no sistema de ensino, visto que a
instituição escolar não considerava suas particularidades e especificidades. O autor
ainda ressalta que, no Brasil, esse processo de integração foi estabelecendo-se não
como uma exceção, mas sim como um privilégio no espaço educacional.
Referente a inclusão dos deficientes auditivos e surdos no Ensino Superior, é
ainda mais atual, sendo apenas no limiar do século XXI que são aplicadas políticas
educacionais direcionadas, de forma mais específica, para estes sujeitos. Apesar
disso, ainda se constitui um desafio ter a inclusão efetiva desse público nas IES, seja
por problemáticas na acessibilidade arquitetônica, por ausência de matérias
apropriadas, pela dificuldade na formação dos docentes, carência na tecnologia
assistiva, além da “[...] garantia do acesso; [...] promoção da aprendizagem para a
permanência [...] nas universidades públicas e privadas” (BRUNO, 2011, p. 543).
Sendo assim, a surdez e deficiência auditiva fazem parte da complexa e ampla
problemática sociocultural em relação à acessibilidade e inclusão. Ainda que no
espaço educacional atual exista uma abertura e uma compreensão à diferença mais
qualificada e apurada, há uma história marcada por exclusão educacional dos mais
necessitados, como pôde-se observar nos capítulos anteriores, os quais evidenciam
que esses indivíduos já vivenciaram diversas condições arbitrárias aos direitos e
garantias de educação em suas trajetórias.
Apesar disso, com o passar dos tempos, é possível de ser analisado que a
discussão a respeito da acessibilidade e inclusão desse público no âmbito das IES
tem ganhado repercussão e tido melhoramentos, e o resultado desse engajamento é
possível de ser observado com o acréscimo das matrículas no nível de graduação
advindas justamente do aumento das políticas educacionais direcionadas para a sua
inclusão no Ensino Superior (CIANTELLI; LEITE, 2016; MARTINS; NAPOLITANO,
2017). O número desses alunos com deficiência especial matriculados em IES no
Brasil tem um baixo índice, em que aproximadamente 0,56% deles estavam no Ensino
Superior em 2019 (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio
Teixeira (INEP, 2020)). Em outra análise, de acordo com informações antecipadas
pela rede de televisão comercial aberta do Brasil, O Globo, em sua plataforma, a
respeito da nova Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) do IBGE,
64
[...] conclui que há cerca de 17,3 milhões de pessoas (8,4% do total) com pelo
menos um tipo de limitação relacionada às suas funções. Os dados expõem
o abismo que existe entre a presença destes cidadãos nas escolas,
faculdades e no mercado de trabalho em relação aqueles sem nenhum tipo
de deficiência: 67,6% dessas pessoas não possuem instrução ou mesmo
concluíram o Ensino Fundamental, contra 30,9% daqueles sem deficiência,
número que já seria alto (LEAL, 2021, p. 1).
deficiência auditiva como os surdos, porém nota-se que não têm a infraestrutura
apropriada para isso, tampouco a capacitação necessária de professores.
Como pode-se observar, o acesso à educação para esses grupos sociais é
assegurado por Lei em todas as etapas escolares, até mesmo no Ensino Superior, em
que o seu acesso não seguiu o mesmo ritmo do que aconteceu na Educação Básica,
posto que foi apenas em 1990 que esses sujeitos começaram a ingressar nas
instituições de ensino regulares. Esse fato recente, assim como pela carência das
políticas educacionais, culminou em baixo índice de acesso desse público às IES.
Como pode-se analisar, a inclusão dessas pessoas nas IES é marcada por
esses desafios, que começam ainda na Educação Básica. Logo, terem acesso e
inclusão no Ensino Superior significa que muitas dificuldades já foram superadas.
Quanto ao indivíduo surdo, Bruno (2011, p. 544) destaca que “A experiência
educacional de surdos no ensino médio e superior foi acompanhada de frustrações e
de insucesso [...]”. O mesmo afirma que esses problemas são devidos “[...] à ausência
de satisfação das necessidades específicas desses educandos nesses níveis de
ensino, bem como pela ausência de uma proposta bilíngue na educação” (BRUNO,
2011, p. 544). Isto é, o ensino se mostra com falhas em razão de não acatar com as
necessidades desses alunos, dificultando o seu desenvolvimento e melhor
desempenho.
A Portaria nº 3.284, de 7 de novembro de 2003 traz referente aos portadores
de deficiência auditiva:
III – [...] no caso de vir a ser solicitada e até que o aluno conclua o curso:
a) de propiciar, sempre que necessário, intérprete de língua de sinais/língua
portuguesa, especialmente quando da realização e revisão de provas,
complementando a avaliação expressa em texto escrito ou quando este não
tenha expressado o real conhecimento do aluno;
b) de adotar flexibilidade na correção das provas escritas, valorizando o
conteúdo semântico;
c) de estimular o aprendizado da língua portuguesa, principalmente na
modalidade escrita, para o uso de vocabulário pertinente às matérias do curso
em que o estudante estiver matriculado;
d) de proporcionar aos professores acesso a literatura e informações sobre a
especificidade linguística do portador de deficiência auditiva (BRASIL, 2003).
problemáticas como não contar com o auxílio disposto nas políticas educacionais, o
que infelizmente faz com que desistam de permanecerem estudando.
[...] a história escolar do aluno surdo tende a ser constituída por experiências
bastante restritas, que configuram condições de produção de conhecimento
pouco propícias ao domínio da língua portuguesa. Em geral, as
aprendizagens são pobres e envolvem escasso uso efetivo da linguagem
escrita (GÓES, 1999, p. 2).
os intérpretes desta língua de sinais, os quais farão parte da sua vida acadêmica,
segundo estabelecido na Portaria de n.º 3.284/2003 do MEC, não deixando de lembrar
que, ao conversar com o surdo, necessita-se ter um diálogo direto com ele e não com
o intérprete; assegurar e compreender a função do intérprete de Libras na classe:
interpretar/traduzir as interações sociais estabelecidas entre professores e alunos e
as aulas ministradas, cooperando para aquisição do conteúdo e do contexto social
onde se dá a aula; manter o contato visual enquanto se comunica com o aluno surdo,
haja vista que se o olhar for disperso pode-se aparentar que a conversa concluiu; e,
por fim, reconhecer a diferença linguística na escrita de textos por alunos surdos em
razão da diferença entre a estruturação gramatical da Língua Portuguesa e da Libras.
Como visto, há muitas situações que podem favorecer a inclusão de pessoas
com surdez e com deficiência auditiva nas IES, que também carregam ações em
comum, onde o corpo docente pode: levar avisos visuais em atividades fora da sala
de aula para tornar mais fácil a comunicação entre os educandos que têm deficiência;
estar diligente com as necessidades específicas deles na classe; estimular e fazer
com que tenham participação nas conversas em classe, que proporcionem prioridade,
com a utilização de metodologias em grupo e ativas, que beneficiem a influência
mútua entre outros alunos e que considerem as suas necessidades; preparar
conteúdos didáticos que estimulem a sua autonomia acadêmica; usar díspares
ferramentas de avaliação; poupar falar enquanto está escrevendo na lousa;
disponibilizar apontamentos de aula para ajudá-los no processo de estudo,
identificando visivelmente o estudante que faz intervenções durante a aula, para que
o colega surdo ou com deficiência auditiva possa acompanhar a intervenção; e tornar
amplo o tempo para que finalizem as provas, em situação de necessidade.
São diversas as maneiras de incluir esse público vulnerável nas IES, apesar
disso, uma grande parcela dos docentes do Ensino Superior não está preparada para
atuar com as diferenças linguísticas e as carências provenientes do Ensino Superior
do aluno com deficiência auditiva e surdo, de modo que a inclusão decerto não está
sendo consolidada na prática. A quantidade desse público nas IES não é significativa,
todavia, está acrescendo de forma gradativa em razão de mecanismos como
programas do governo, no qual oferecem acesso a esta modalidade de ensino, assim
como reconhecimento da língua de sinais, determinadas sugestões de qualidade
pertinentes à educação destes alunos e, diretrizes que objetivam assegurar a inclusão
em distintas etapas de ensino. Ou seja, são diversas as barreiras que essas pessoas
73
4.4 As tecnologias e recursos que auxiliam o ensino das pessoas surdas e com
deficiência auditiva no Ensino Superior
Pensar que ensinar no mundo moderno envolve o uso de distintos recursos que
facilitam a aprendizagem, dentre eles, os tecnológicos, se faz observar que estão
diariamente presentes em vários ambientes. Seja no espaço laboral, em escolas ou
domicílios, a sua utilização é tão comum que acaba sendo uma ação involuntária. As
tecnologias foram incorporadas à vida e mudaram a forma das pessoas se
relacionarem com outras e com o mundo a sua volta, não sendo mais possível separá-
las:
na educação de alunos com deficiência, lembrando que essa é uma oportunidade que
de outra maneira, no passado, não era permitida e, hoje em dia, colaboram em seu
desenvolvimento na área da educação.
Para esse público, o uso das novas tecnologias tem aparecido como uma
proposta de inclusão na sociedade e na aquisição da comunicação e do
conhecimento, em que apresenta recursos importantes para o processo de
participação social e de aprendizagem. “As novas tecnologias surgem com a
necessidade de especializações dos saberes, um novo modelo surge na educação,
com ela pode-se desenvolver um conjunto de atividades com interesses didático-
pedagógica” (LEOPOLDO, 2002, p. 13).
A tecnologia tem proporcionado um mundo de oportunidades e vem mudando
a realidade das ações com novas esperanças para a vida, quando adiciona
possibilidades e opções de acesso a esses instrumentos, tornando viável a
comunicação. Isto é, é dessa forma que acontece a interação entre a família, um grupo
de amigos e, é assim nas atividades escolares; representando uma experiência
animadora para estas pessoas. Por isso, essas novas tecnologias e suas inovações
não são somente de cunho educativo, laboral e social, mas sobretudo de inclusão dos
afazeres diários, que anteriormente não se podia.
Determinados alunos com surdez vivenciam de forma gradativa experiências
tecnológicas e determinados recursos que oportunizem o melhoramento da sua
potencialidade cognitiva. À luz de Silva (2010):
[...] é preciso estar a par da novidade digital que permite autonomia, por
colaboração na manipulação das informações que ganham sentido por meio
das ações de cada indivíduo que deixa de ser mero receptor para tornar-se
também emissor de informações (SILVA, 2010, p. 137).
Tais ajudas técnicas são mais vistas como Tecnologias Assistivas, as quais
buscam cooperar para a inclusão social de indivíduos com deficiência, diminuindo,
dessa forma, as barreiras provenientes dos mesmos. Para Suris (et al., 2017),
Tecnologias Assistivas é um termo promotor e facilitador de acessibilidade que
fomenta a criação de políticas educacionais direcionadas para este público,
proporcionando serviços e recursos promotores de qualidade de vida, recebendo as
demandas produzidas, minimizando dificuldades funcionais e ajudando no processo
de reabilitação.
Pode-se definir as Tecnologias Assistivas como recursos que fazem com que
seja ampliada as aptidões das pessoas com deficiência, assim como auxílio das suas
limitações, podendo ainda ser adaptadas para díspares domínios e usadas com
distintas finalidades. Tais tecnologias não se restringem somente a uma deficiência,
podendo ser aplicadas em várias finalidades, segundo a necessidade de cada
indivíduo. Cada tecnologia tem o seu papel, podendo a pessoa com necessidade
especial escolher por qual melhor se adapta às suas precisões. Logo, essas
tecnologias podem ajudar em várias ações diárias, desde as atividades simples do dia
a dia até as com mais complexidade, nas quais aparecem maiores limitações de
acordo com o tipo de deficiência. Numa sociedade com constantes e aceleradas
78
Por meio das tecnologias, pode-se tornar mais próximo os ouvintes das
pessoas surdas e deficientes auditivas, haja vista que, através dessas, aparecem
oportunidades de interação/comunicação. Em relação a deficientes auditivos, Bersch
(2013 apud SURIS et al., 2017), expõe que os produtos de tecnologia assistiva são
divididos conforme a funcionalidade, nos quais:
Auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo é a principal. Nela
incluem-se uma variedade de equipamentos para facilitar a audição como:
aparelhos para surdez, telefones com teclado-teletipo (TTY), sistemas com
alerta táctil-visual, celular com mensagens escritas e chamadas por vibração,
software que favorece a comunicação ao telefone celular transformando em
voz o texto digitado no celular e em texto a mensagem falada (SURIS et al.,
2017, p. 39).
79
Desta forma, articular o uso pedagógico das tecnologias digitais por meio do
PPP favorece o acesso e a permanência do educando na escola,
potencializando o desenvolvimento das novas práticas, qualifica os
profissionais, favorece o desenvolvimento da autonomia do aluno, novas
concepções de aprendizagem, proporciona melhores oportunidades e
estimula a colaboração entre alunos e docentes (VOSGERAU; ROSSARI,
2017, p. 1035).
O ingresso dos alunos com surdez e deficiência auditiva às IES está cada vez
mais aumentando, e, embora desde a efetivação das políticas educacionais de
acessibilidade exista mais na teoria do que na prática, um grande salto houve nestas
instituições, como no Estado do Ceará, em que a escola UECE vem enfrentando
barreiras e conquistando espaço através de mecanismos de acessibilidade e inclusão
em prol deste público.
Nota-se que o debate sobre acessibilidade e inclusão desses grupos sociais
nas IES é um tema social de suma relevância e que necessita ser discutido, pois
tornou-se desafiador e essencial para universidades como a UECE nas últimas
décadas, onde o movimento pela inclusão com políticas educacionais em prol desses
sujeitos conseguiu fomento ao conquistar por direito esta etapa escolar, o Ensino
Superior, que a exemplo do que vinha acontecendo com a Educação Básica, viu-se
perante um contexto de urgentes transformações.
Com base nisso, este tópico trata sobre a acessibilidade e inclusão ao acesso
da pessoa surda e com deficiência auditiva na UECE, analisa os mecanismos e as
políticas educacionais em prol desse processo e verifica as considerações sobre a
atuação dessas políticas de inclusão para o Ensino Superior desse público na referida
IES com análise de seu desempenho.
com informações do IBGE de 2010, o estado tem 526 mil pessoas com deficiência
auditiva, e um pouco mais de 16 mil pessoas se declararam surdas, dos quais poucas
destas conseguem sequer chegar ao Ensino Superior, muito menos cursar uma pós-
graduação. Assim, a UECE é uma das IES que promove a inclusão desses indivíduos,
através do ingresso ao Ensino Superior.
Para dar apoio as pessoas surdas e com deficiência auditiva no acesso as IES,
a Portaria do MEC de nº 1.679/99, prevê que necessitará ser assegurado desde o
acesso à Educação Básica ao Ensino Superior, ou seja,
A Times Higher Education (THE) lançou o The Impact Rankings 2022, que
coloca a Universidade Estadual do Ceará (Uece) em 94º lugar do mundo e
em 3º lugar do Brasil em “Educação de Qualidade”, subindo sua posição geral
no país, que em 2021 era 4º lugar. Em 2022, foram avaliadas 1.406
universidades de 106 países/regiões. Destas, somente 48 são brasileiras,
sendo a Uece a 1ª colocada do país, entre as estaduais (SECITECE, 2022,
p. 1).
com deficiência. A espera é que, com a oferta podendo ser ampliada, a quantidade de
alunos com deficiência consequentemente também terá a tendência de ser ampliada.
De um total de 18 mil alunos de graduação matriculados atualmente, só 35 têm alguma
deficiência (MADEIRA, 2018). Ou seja, verifica-se a urgência em mitigar esses
números, com políticas educacionais eficazes que deem oportunidades de acesso e
inclusão para este público.
Para mais, como pôde-se observar, a referida instituição criou, no ano de 2009,
o Projeto UECE Acesso, referente à mobilidade e acessibilidade dos sujeitos com
deficiência, em que a finalidade principal foi oportunizar debates e programas de
ações que fizessem com que fosse possível assistir o processo de inclusão deste
público no Ensino Superior. Por este motivo, a UECE fomenta ações de acessibilidade
pedagógica e física a esses educandos, além de se preocupar com a formação
pedagógica dos seus docentes, enfatizando, no planejamento de desenvolvimento
institucional, o perfil do professor universitário, com a finalidade de desenvolver uma
política que os qualifiquem diante os desafios (NOGUEIRA, 2020).
Outra ação da referida instituição, é o fato de ter contado com a CPAcesso.
Conforme supracitada autora (NOGUEIRA, 2020), a Comissão foi formulada em
agosto do ano de 2014, em que uma equipe foi designada para dar continuação aos
movimentos inclusivos, com representantes de servidores técnico-administrativos e
professores. O objetivo foi a reflexão a respeito da importância científica dos
movimentos inclusivos que necessitavam manter direta relação com as práticas de
ensino, extensão e pesquisa no espaço educacional. Isso fomentou o compromisso
profissional e social de todos os educandos ingressos, fossem eles com deficiência
ou não. Sendo assim, a instituição buscou dar seguimento à concretização de
acessibilidade e atendimento à universidade para todos. O CPAcesso foi um órgão da
instituição compromissado com o acompanhamento e levantamento do mapeamento
dos educandos com deficiência. A CPAcesso se consolidou como sendo uma união
da UECE, promovida com a Secretária de Infraestrutura do Governo do Estado do
Ceará. Fez parte de um mecanismo que oportunizou acessibilidade à vida acadêmica
dos discentes que apresentam deficiência. Ou seja, a Comissão foi fundada para
executar e planejar práticas de acessibilidade pedagógica e física da UECE, com a
finalidade de acatar os objetivos do Governo, mirando uma política educacional de
acessibilidade nas entidades públicas do Estado do Ceará. A seguir descreve-se
melhormente quais foram seus objetivos, quais sejam:
88
O NAAI tem como objetivo central criar, sugerir e ordenar a política e as ações
de acessibilidade e permanência de pessoas com deficiência, transtornos globais do
desenvolvimento, altas habilidades/superdotação e com mobilidade reduzida no
âmbito da UECE, dando-lhes o suporte necessário e de responsabilidade da
instituição. Conforme a Resolução de n.º 1710/21 do CONSU, no Capítulo II, da
finalidade, objetivos e atribuições, em seu Art. 2º e seus respectivos incisos, tem-se o
seguinte:
Nós temos. Não só para ensino, mas para outras funções. Temos uma
plataforma de acesso gratuito na internet que auxilia em algumas atividades
de acessibilidades e inclusão para o trabalho do núcleo. Nós utilizamos o
Streamyard. [...]. Nós achamos essa plataforma gratuita. E aí, digamos assim,
encontramos uma maneira que foi aceita toda comunidade acadêmica. Os
eventos que ocorrem no canal do YouTube geram um novo link na nossa
página eu só utilizo para poder verificar o vídeo com intérprete, em forma de
ajustar com nossa direção, assim tornando o evento acessível. Buscar
sempre uma forma de disponibilizar intérpretes e com essa plataforma o
evento pode ser transmitido no YouTube e um intérprete pode ser
apresentada simultaneamente tornando o evento acessível a plataforma
disponibiliza os meios para o áudio descritor e o intérprete de libras. Também
utilizamos o Meet para disponibilizar o acesso ao ensino e estamos
estudando uma plataforma em que não seja necessário a presença do
intérprete para o ensino em sala de aula. [...]. Sim. Disponibilizamos
computadores para os estudantes terem acesso ao conteúdo.
Providenciamos traduções de texto, adaptamos aulas gravadas com o
93
Total. Não é só a questão do intérprete. Tem pessoas que acham que apenas
o intérprete resolve o problema. Então não só a presença do intérprete, mas
também derrubar as barreiras atitudinais. Também para alguns professores
que nunca tiveram contato com surdos para verificar o atendimento com eles,
para que não haja nenhum tipo de ofensa, mesmo sem intenção, por não
conhecer a realidade do surdo. Nós sempre estamos tentando estar próximos
ao aluno para ajudá-lo. Inclusive com os estudantes após a pandemia que
ocasionou várias doenças psicológicas nesse período. Então alguns alunos
que estão retornando para a universidade, essa situação fica difícil, e fica 10
vezes mais difícil para os estudantes surdos ou com deficiência auditiva
porque não pode se comunicar de forma plena com todos. Nós vamos além
94
da sala de aula vai estar aqui para o estudante quando ele precisar. Além da
quebra de barreiras também temos parceria com o atendimento psicológico,
que são disponibilizados psicólogos gratuitos para o estudante surdo, com
auxílio do intérprete durante o atendimento. Também é fornecido aqui o
atendimento para o sistema da UECE quando os alunos não têm
conhecimento de fazer matrícula a parte mais tecnológica e burocrática de
ingresso e permanência na universidade. (Entrevistado 1).
[...]
Ah bom, importância total para o ingresso. Para o ingresso temos de colocar
intérpretes, não só para o ingresso por cota porque nem todos entram por
conta. Às vezes a pessoa entra por ampla disputa ou concorrência.
Antigamente, nós não tínhamos cotas para todos os cursos, então o que
acontecia é que muita gente entrava pela ampla disputa. Então a gente tem
que garantir que ele tenha condições de fazer a prova, agora também tenho
que cuidar da permanência para garantir a terminalidade. São três momentos:
entrada, permanência e terminalidade. Condições para entrar, permanecer e
sair, terminar o curso. Nós temos uma alegria muito grande quando o pessoal
se forma e também quando se forma no mestrado. (Entrevistada 2).
[...]
Primeiro que é uma garantia de direitos. A pessoa surda é um sujeito de
direito que precisa ter esse direito à educação de forma garantida. Também
precisamos pensar que essa pessoa com formação em nível superior vai
estimular outras pessoas. Ela vai abrir novas possibilidades dentro da própria
universidade e também na sociedade porque teremos uma sociedade
inclusiva onde as pessoas verão de uma forma mais natural a deficiência. Até
mais para termos mais atendimentos de pessoas surdas nos diversos
contextos da sociedade. (Entrevistado 3).
[...]
Total. Promover a independência desses alunos deve ser um ponto principal,
dando apenas o suporte para eles abrirem o conhecimento que adquire na
universidade. Seguir bem na vida real após a universidade. Viver numa
comunidade inclusiva. (Entrevistada 4).
Os estudantes surdos e com deficiência auditiva precisam saber que são bem
acolhidos em um ambiente de ouvintes para conseguir a evolução de seu ensino e
graduação com vistas à atuação em ambientes de trabalho. As políticas educacionais
abrem possibilidades com as cotas e instruções de acessibilidade e inclusão, mas
apenas a aplicação no dia a dia ajuda a construir um caminho que forneça a
98
em uma sociedade em que determinado tipo de limitação não seja exclusiva deve ser
o objetivo de todos os cidadãos.
A quebra de paradigmas e de comportamentos também deve ser aplicada para
as formas de atuação em sociedade, e a inclusão será uma realidade para todos.
Estudar em prol da sociedade deve ser uma prioridade para o futuro da acessibilidade.
Tratar os deficientes na medida de sua desigualdade ocupa um lugar de destaque na
Carta Magna do país, do ano de 1988, e se torna uma atitude a ser realizada em
comunidade. A forma de ação para a inclusão transforma o estilo do cotidiano das
pessoas com deficiência, pois com isso há a conscientização de uma realidade onde
este público possa interagir e participar sem nenhuma dificuldade. Os impedimentos
que as deficiências causam na vida das pessoas tornam-se um obstáculo a ser
superado no dia a dia, sem mencionar que além da pessoa com deficiência, a família
e os conhecidos dos mesmos também encontram, da mesma forma, muitos
obstáculos, buscando serem muitas vezes solidários e propondo-lhes mais facilidades
de acesso e inclusão ao meio social.
O respeito às normas e direitos presentes nas Leis para acessibilidade e a
realização de políticas educacionais mais abrangentes e atuantes em todas as
situações da vida de pessoas com deficiência, tornam-se uma ponte para a total
realização das atividades necessárias face a acessibilidade e inclusão desses
cidadãos que precisam dessa condição para a sua performance de trabalho e vida
social em comunidade. Uma avaliação do trabalho dos profissionais que contribuem
com a inclusão, além de programas e ações coletivas que incentivem a quebra de
pensamentos retrógrados sobre a deficiência em si, se tornam o ponto de partida para
as ações necessárias em prol do futuro da aceitação da condição de todos.
A atuação para o ensino e continuidade da aprendizagem hoje se encontra
focada na utilização de intérpretes em sala de aula, material adaptado para a classe
e aulas gravadas pela forma de Educação a distância (EAD). Os equipamentos atuais
buscam promover a acessibilidade favorecendo a tradução simultânea e ajudando o
estudante com o conteúdo das disciplinas do curso superior. Logo, o fundamental para
a mudança e inclusão é a formação de uma nova forma de pensamento que contribua
para o acolhimento do estudante surdo e/ou com deficiência auditiva durante toda a
sua formação. O acesso ao Ensino Superior desse público é uma realidade hoje em
dia com o sistema garantido pelas políticas educacionais de cotas e outros
mecanismos que têm como objetivo reduzir as desigualdades entre os cidadãos.
100
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
auditivas possam ingressar e terminar seus cursos nas IES. À vista disso, deve-se
considerar as IES como ambientes que tenham a capacidade de consolidar o
desenvolvimento do comportamento e da consciência humana, como proveniente do
processo de assimilação pela experiência cultural e histórica articulada através do
homem.
A educação, portanto, adota função essencial nesse processo, o que
determinará que os surdos e deficientes auditivos se caracterizem como grupo
linguístico minoritário e que se formam nas relações no âmbito social, sendo aptos de
transformar-se e ser transformado nas relações articuladas na e pelo Ensino Superior.
Desta feita, tal condição necessitará considerar meios e formas com foco na
acessibilidade e ingresso à universidade, priorizando a contratação de profissionais
qualificados, propondo condições necessárias para esta parcela no meio acadêmico.
O Ensino Superior, representado pelas IES deve propor meios para a inclusão desse
público mediante utensílios como tecnologias assistivas e Libras, o que já é realidade
em determinadas instituições de ensino, como é o caso da UECE.
Assim como pôde-se observar, a UECE tem procurado concretizar ações em
busca da inclusão desse público à universidade, com o Projeto UECE Acesso, o
CPAcesso, o PosLA e outras políticas educacionais, além do mais, tem se inquietado
em tornar habilitada toda a instituição no processo de construção do ensino inclusivo
e de qualidade para todos. Logo, decerto a UECE articula, sim, movimentos
destinados à permanência e inclusão desse público no Ensino Superior, e procura
acatar com as suas necessidades. Todavia, é necessário que suas ações estejam
mais propagadas junto à toda comunidade escolar, de forma a envolver, a obter a
participação, sobretudo dos docentes que atuam diretamente com esses alunos com
deficiência.
Analisou-se que no Brasil, dentre as políticas educacionais em prol da
educação linguística: a Lei da Libras, o Decreto n.º 5.626/05 e o PNE de Lei Federal
n.º 13.005/14, fomentam ainda mais a inclusão das pessoas deficientes. Além disso,
verificou-se que é possível a utilização do uso das tecnologias assistivas nas práticas
pedagógicas como recursos na aprendizagem e inclusão dos indivíduos com
deficiência. E, mesmo que ainda exista um grande desafio a ser percorrido, a solução
pode ser a formação de docentes qualificados e de recursos tecnológicos dentro das
IES. Isso fará com que a comunicação e a informação facilitem tanto o ensino quanto
a aprendizagem desses discentes no Ensino Superior.
103
O apoio dos docentes, dos estudantes ouvintes e de todos os com deficiência, torna-
se fundamental para a efetivação do ensino e da conclusão do curso por todos os que
estão matriculados, sem que esteja restrito à sua deficiência. O apoio da universidade
também é um alicerce que compõe a possibilidade de inclusão para todos os
estudantes. Principalmente, em um contexto geral, torna-se fundamental a quebra de
barreiras atitudinais em relação aos estudantes com deficiência. Cabe a comunidade
presente na universidade, dar uma chance igual a todos os envolvidos com
acessibilidade e inclusão. Não apenas as políticas públicas devem existir, mas devem
ser conhecidas e postas em prática no cotidiano real desses estudantes.
A efetividade das políticas públicas para o ensino de pessoas com deficiência
auditiva no Ensino Superior e quais as formas de tornar melhor ou levar ao caminho
correto para sua aplicação de forma visível, deverá ser analisada. A análise dos dados
coletados será o fator de relevância para a conclusão da apreciação da dissertação
em tela. Contudo essa análise terá que ser feita ano a ano. O ensino não pode parar,
deve-se sempre procurar formas de evoluir o mesmo e abrir novos caminhos para o
aprendizado de todos. A importância da dissertação aqui apresentada está sendo de
visibilidade para o trabalho realizado pelos profissionais que efetivam as políticas
públicas e as ações que faltam para tornar a inclusão plena e acessível a todos. Os
principais fatores que alcançam essa realidade são o financiamento correto, o apoio
de mão de obra especializada, a conscientização social da importância e a quebra de
padrões de comportamento que favorecem a discriminação e exclusão das pessoas
surdas e com deficiências auditivas.
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REFERÊNCIAS
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médica. São Paulo, Santos Maltese, 1990.
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2003. DOI:10.1590/S0102-88392003000100007.
I. Dados da Entrevista
Questionário Destinado:
• Funcionários e/ou Estudantes Ouvintes, Surdos e/ou com Deficiência Auditiva,
da Universidade Estadual do Ceará.
• Pessoas Surdas e/ou com Deficiência Auditiva formados ou concluintes.
• Intérpretes de LIBRAS formados e Pessoas Relacionadas com Surdos e/ou
Deficientes Auditivos com formação superior.
II. Dados do Entrevistado
NOME:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
ENDEREÇO:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO:
___________________________________________________________________
CURSO DE GRADUAÇÃO:
___________________________________________________________________
PROFISSÃO ATUAL:
___________________________________________________________________
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QUESTIONÁRIO