POLITICAS SOCIAIS E A INTERSETORIALIDADE - Unidade 01
POLITICAS SOCIAIS E A INTERSETORIALIDADE - Unidade 01
POLITICAS SOCIAIS E A INTERSETORIALIDADE - Unidade 01
NO BRASIL
Professora:
Me. Maria Cristina Gabriel de Oliveira
DIREÇÃO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
• Possibilitar aos profissionais a reflexão sobre as políticas públicas e sua in-
terface com os sistemas públicos articulados.
• Acessar os diferentes tipos de políticas sociais.
• Discutir a gestão e políticas públicas.
PLANO DE ESTUDO
introdução
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no Brasil
Pós-Universo 7
“
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a
moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção
à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta
Constituição (BRASIL. 1988).
8 Pós-Universo
saiba mais
Marxismo: é um sistema ideológico que critica radicalmente o capitalismo
e proclama a emancipação da humanidade numa sociedade sem classes
e igualitária.
As linhas básicas do marxismo foram traçadas entre 1840 e 1850 pelo fi-
lósofo social alemão Karl Marx e o revolucionário alemão Friedrich Engels,
sendo o sistema mais tarde completado e modificado por eles e por seus
discípulos, entre eles, Trotsky, Lenine e Stalin.
Socialismo: é uma doutrina política e econômica que surgiu no final do
século XVIII e se caracteriza pela ideia de transformação da sociedade por
meio da distribuição equilibrada de riquezas e propriedades, diminuindo a
distância entre ricos e pobres.
Fonte: Significados ([2017], on-line)1.
Como havia um temor relativo a tais temáticas e suas consequências, podemos en-
tender que a aceitação dos direitos sociais, por parte da sociedade naquele momento,
se deu politicamente como forma de evitar que o socialismo se sobrepusesse ao ca-
pitalismo vigente.
Pós-Universo 9
saiba mais
Capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e dis-
tribuição são de propriedade privada e com fins lucrativos. Decisões sobre
oferta, demanda, preço, distribuição e investimentos não são feitos pelo
governo e os lucros são distribuídos para os proprietários que investem em
empresas e os salários são pagos aos trabalhadores pelas empresas. O ca-
pitalismo é dominante no mundo ocidental desde o final do feudalismo.
O capitalismo é o sistema socioeconômico baseado no reconhecimento dos
direitos individuais, em que toda propriedade é privada e o governo existe
para banir a iniciação de violência humana. Em uma sociedade capitalista,
o governo tem três órgãos: a polícia, o exército e as cortes de lei.
Fonte: Significados ([2017], on-line)2.
Desse período na Europa em que os direitos sociais estavam em pauta até os dias atuais
no Brasil, houve muita manifestação, movimentação reivindicatória, alterações na per-
cepção dos cidadãos no sentido de se construir uma relação justa e digna. Este processo
se apresentou ao longo das cartas magnas que foram editadas no Brasil desde 1824,
perpassando o período da ditadura militar no qual nossos direitos civis foram suspen-
sos a partir de 1964, até a elaboração de nossa Constituição Cidadã em 1988.
Na Constituição de 1988 fica explicitado no artigo 6º o que a sociedade brasilei-
ra considera como direitos sociais, que contribuem para a dignidade do ser humano.
Portanto, a conquista dos direitos sociais é um dos importantes passos para a garan-
tia de uma vida digna em sociedade.
Nas décadas de 1980 e 1990, ampliou-se o debate sobre as políticas sociais, no
contexto das lutas pela democratização do Estado e da sociedade civil. A atuação
de movimentos sociais, de novos interlocutores no campo das políticas sociais, for-
taleceu a idéia de constituição de espaços públicos que possibilitasse a participação
de novos sujeitos sociais.
A Constituição de 1988, destacam-se dentre os direitos sociais a assistência
social como um componente da seguridade social, regulamentando-a por meio da
Lei Orgânica de Assistência Social, definindo-a como direito do cidadão e dever do
Estado, sendo que sua movimentação deva acontecer no campo da proteção social,
tendo como função a inserção, a prevenção, a promoção e a proteção, centrando-
-se na cidadania.
É fundamental que a gestão social se paute no modelo de Estado ampliado no
qual a sociedade civil e governo se responsabiliza correlatamente pela formulação
e implementação de ações e decisões que proporcionem respostas adequadas às
demandas sociais. Sendo que, para tal é necessária uma ação conjunta em um pro-
cesso de articulação das forças com o objetivo comum de aproximação dos serviços
à população.
Na efetivação da gestão social, é fundamental a constituição de instâncias e ins-
trumentos que possam assegurar a construção da política de forma democrática e
participativa. Para tanto os conselhos deliberativos, os fundos especiais e os planos
instituídos nas três esferas de governo são importantes mecanismos que integram
a gestão pública.
Pós-Universo 11
Assim sendo, a construção desse novo modelo de gestão baseado nos princípios
democráticos, éticos e eficientes requer mudanças profundas que Nogueira (1997,
p. 16-17) apresenta:
“
[...] precisamos descartar os restos de patrimonialismo que privatizam a
esfera pública, assim como a dinâmica formalista (...) que torna os gestores
dependentes da norma, de tal modo que se mantenham permanentemen-
te preocupados, às vezes exclusivamente, com o controle dos processos e
não com os resultados. (...) a nova cultura gerencial deve estar capacitada a
desenvolver a gestão cooperativa, a promover a cooperação e a colabora-
ção institucional.
Tipos de Políticas
Públicas
Pós-Universo 13
As políticas públicas podem ser consideradas como ações estratégicas que vão
abordar temas específicos ou gerais dentro da gestão. Mesmo quando estas ações
são construídas a partir das necessidades apontadas pela sociedade civil organizada
não há garantia que esta demanda será atendida, porque no processo de formulação
e implementação das políticas públicas o Estado precisa definir as prioridades para
serem atendidas. Esta escolha deve seguir a lógica de atendimento das situações de
maior vulnerabilidade, no entanto nem sempre há esta sintonia entre sociedade e
Estado no que tange a definição das prioridades.
Em função deste quadro, a organização dos movimentos sociais para reivindi-
car os direitos da sociedade é indispensável, pois deste modo as demandas chegarão
as autoridades cuja competência é atuar no sentido de assegurar o acesso aos direi-
tos sociais mesmo que para tal seja necessária uma intervenção estatal (Abranches
et al, 1987).
Essa postura pode contemplar os diferentes tipos de políticas públicas, tais como
política econômica, política fiscal, política de saúde, política habitacional, política de
assistência, política educacional e ou política social, que será tratada a seguir, entre
outras. Em tais políticas estão contidas correlações de força existentes na sociedade,
travadas entre grupos diferentes, para a defesa dos seus interesses.
Política Social
De acordo com Abranches et al (1987), a política social é uma questão de opção feita
pela Gestão, pois para que sua implantação ocorra de fato, é necessário buscar o equi-
líbrio acerca das demandas da sociedade, para que deste modo seja possível chegar
a soluções que atendam aos problemas sociais de modo coerente e com consistên-
cia, sendo este um desafio para a política social. O autor ainda discute que a política
social deve ultrapassar os encaminhamentos dos problemas sociais, ela requer um
avanço no sentido de assegurar tratar as causas e não apenas lidar com as conse-
quências vivenciadas pela sociedade. Para tal é indispensável a articulação com as
demais políticas públicas como a política econômica, que precisa ser pensada na
perspectiva de elevar o potencial de renda dos cidadãos mais vulneráveis, garan-
tindo deste modo o acesso aos bens e serviços essenciais à vida produzidos pelo
conjunto da sociedade.
14 Pós-Universo
atenção
Direitos Sociais – são garantias e direitos que a Nação deve oferecer aos
cidadãos, para que possam usufruir de uma vida digna, com respeito e
igualdade.
Fonte: a autora
Como pudemos observar ao longo das discussões tratadas as políticas públicas não
são unânimes, pois elas resultam da disputa entre os diferentes atores sociais. Portanto,
seus objetivos são diversos e, muitas vezes, é possível percebermos a omissão do
governo na elaboração e propositura de ações para atender demandas específicas
que resultam em grandes impactos negativos para a população. Portanto, é funda-
mental que se estruture políticas públicas deem conta das demandas apresentadas
pela sociedade.
16 Pós-Universo
Políticas Públicas e a
Gestão Social
Pós-Universo 17
“
Jogar o jogo da política democrática, ética, e da justiça social é o desafio que
os gestores de políticas públicas têm de enfrentar para planejar, administrar
e extrair recursos e formatar políticas redistributivas que busquem promo-
ver sociedades mais iguais e mais livres, num contexto mundial de profundas
mudanças econômicas, demográficas e ideológicas (RODRIGUES, 2011, p. 78,
on-line)3.
A autora chama atenção ainda para o fato de que apenas estar preparado do
ponto de vista gerencial não garante a eficácia das ações, pois o cenário tem que ser
considerado para que se estabeleça uma gestão eficiente. Para tanto, não podemos
perder de vista que a efetividade dos direitos perpassa pela implementação de po-
líticas públicas sólidas, a partir de um Estado Democrático que preserva e assegura
os direitos de cidadania.
atividades de estudo
1. Qual a Constituição Brasileira que tratou do tema sobre os socorros públicos ao in-
divíduo? Assinale a alternativa correta:
a) A Constituição de 1937.
b) A Constituição de 1824.
c) A Constituição de 1946.
d) A Constituição de 1988.
e) A Constituição de 1891.
a) Unidade pública que integra a proteção social básica, com serviços estruturados
a partir da territorialização e desenvolve o PAIF.
b) Unidade da rede privada que integra a proteção social básica, com serviços es-
truturados a partir da territorialização e desenvolve o PAIF.
c) Unidade do Terceiro Setor que integra a proteção social básica, com serviços es-
truturados a partir da territorialização e desenvolve o PAIF.
d) Unidade pública que integra a proteção social especial, com serviços estrutura-
dos a partir da territorialização e desenvolve o PAIF.
e) Unidade pública que integra a proteção social básica, com serviços estruturados
a partir da territorialização e desenvolve o PAEFI.
resumo
Caro(a) aluno(a), que bom que você aceitou meu convite para refletirmos conjuntamente sobre
o tema proposto. Chegamos ao fim desta discussão com conhecimentos sobre as políticas pú-
blicas e sociais e seu papel no processo de efetivação dos direitos de cidadania, levantados na
Constituição Federal de 1988, e certamente este é o início de novas construções no sentido de
aprimorar ainda mais nosso conhecimento acerca do tema abordado.
Ali foram plantadas as sementes da democracia brasileira, no entanto temos que desenvolver os
sistemas em cada política pública para que esta democracia saia dos códigos legais e se solidifi-
que no cotidiano dos cidadãos brasileiros.
Em razão deste cenário que o convidei a refletir comigo no primeiro capítulo sobre as políticas
sociais no Brasil, as suas diferentes manifestações e a forma de articulação com a gestão pública,
cuja rede de atendimento assegurará a efetivação da mudança. Observar a organização desta
gestão por meio das redes e sistemas posto é um desafio, pois falamos muito em rede de atendi-
mento, no entanto, há muito que se trabalhar para que as redes se concretizem e as ações fluam
de modo a atender o cidadão com dignidade, equidade e justiça social, que é a proposta expli-
citada na Carta Magna de 1988 e ratificada posteriormente nos códigos legais derivados desta,
como LOAS/93, PNAS/2OO4, LDB/96 e tantos outros códigos que nascem com a missão de nor-
matizar os serviços, programas, projetos e benefícios em todo território Nacional, respeitando as
especificidades de cada território e articulação do sistema próprio da política.
Devemos, como cidadãos conscientes de seus direitos assegurados em lei, nos manifestarmos,
cobrando e construindo juntos uma sociedade, na qual o indivíduo tenha direito a inclusão social
e acesso aos bens e serviços produzidos socialmente. Esta é uma de nossas responsabilidades
como cidadãos e como profissionais.
material complementar
Na Web
O IPEA busca ajudar a construir essa ponte entre complexidade e políticas públicas, reunindo
um grupo internacional de pesquisadores renomados. Ao introduzir os principais conceitos,
métodos e o estado da arte da pesquisa na área, a coletânea busca constituir-se em uma
contribuição seminal para a aplicação da abordagem de complexidade às políticas públicas,
assim como uma porta de entrada para o mundo da complexidade. Confira o link a seguir:
<www.ipea.gov.br/agencia/images/stories/PDFs/150727_livro_modelagem_sistemas.pdf>
referências
ABRANCHES, S.; SANTOS, W. G.; COIMBRA, M. A. Política Social e Combate à Pobreza. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1987.
BRASIL. Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 5 out. 2017.
NOGUEIRA NETO W. Por um sistema de proteção e garantia dos direitos humanos de crianças e
adolescentes. Revista Serviço Social & Sociedade. São Paulo. v. 26 n. 83; p. 5-2,9, 2005.
SECCHI, Leonardo. Políticas Públicas: conceitos, esquemas de análises, casos práticos. São Paulo:
CENGAGE Learning, 2012.
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <https://www.significados.com.br/marxismo/>. Acesso em: 5 out. 2017.
2
Em: <https://www.significados.com.br/capitalismo/>. Acesso em: 5 out. 2017.
3
Em: <http://www.portalconscienciapolitica.com.br/ci%C3%AAncia-politica/politicas-publicas>.
Acesso em: 5 out. 2017.
resolução de exercícios
1. b) A Constituição de 1824.
2. c) I, III e IV.
3. a) Unidade pública que integra a proteção social básica, com serviços estruturados
a partir da territorialização e desenvolve o PAIF.