Cordel - A TEORIA DO CORDEL
Cordel - A TEORIA DO CORDEL
Cordel - A TEORIA DO CORDEL
Outro exemplo que daremos é o do ceguinho anônimo, que, após a morte de sua
desventurada mãe e guia, chorou, com os olhos rasos d'alma, seu infortúnio:
A
B
B
A
A
C
C
D
D
C
A - As obras da Natureza
B - São de tanta perfeição,
B - Que a nossa imaginação
A - Não pinta tanta grandeza!
A - Para imitar a beleza
C - Das nuvens com suas cores,
C - Se desmanchando em louvores
D - De um manto adamascado
D - O artista, com cuidado,
C - Da arte aplica os primores
Nota: O Mote:
O Mote é uma sentença ou pensamento, formado de um ou dois versos, com que se
finalizam as estrofes.
O Mote serve também para se dar o tema da estrofe, pois é sobre o seu conteúdo que se
deve versar.
Uma estrofe que responde a um Mote passa a se chamar “Glosa”.
Exemplo: Mote de duas linhas ou dois versos:
“Quem não veio por amor
Aqui não deve ficar”.
Glosa:
Milagre, na Cantoria
É o tinir da viola!
O Cordel é uma escola
De paz, amor e harmonia!
Seja noite, seja dia,
Prosseguimos a cantar
E o verso vem expressar
Nosso carinho ao labor...
Quem não veio por amor
Aqui não deve ficar!
4 - Martelo Agalopado
O Martelo Agalopado atual, criação do genial violeiro paraibano Silvino Pirauá Lima, é
uma estrofe de dez versos, em decassílabos, obedecendo à mesma ordem de rima dos
versos da Décima.
5 - Galope a Beira-Mar
Gênero muito apreciado pelos Apologistas da Poesia Popular que, juntamente com o
Martelo, recebeu a denominação de “Décima de Versos Compridos”. O Galope é assim
chamado em virtude de ser empregado mais em temas praieiros. É constituído de
estrofes de dez versos de onze sílabas, seguindo a mesma distribuição de rimas da
Décima, sendo que o último verso deve, invariavelmente, terminar com a palavra MAR.
Foi criado pelo violeiro cearense José Pretinho, filho de Morada Nova, vaqueiro do
"coronel" José Ambrósio, falecido em Lavras da Mangabeira. Contam que José
Pretinho, após levar uma surra, em Martelo, de Manoel Vieira Machado, Cantador
piauiense, veio a Fortaleza e, na Praia de Iracema, observou o mar, cujo movimento das
ondas se parecia com o galope dos cavalos da fazenda do "coronel" Ambrósio. Criado o
estilo, procurou o adversário para a desforra. Deixou-o aniquilado. Mergulhão de Sousa
divulgou o gênero por todo o Nordeste. Dimas Batista, cantando no Teatro Santa Isabel,
em Recife, improvisou sob aplausos:
Oservação: A sílaba entre parêntesis ( ) não é contada, porque é uma sílaba final átona
( não tônica).
Cesuras
Não esqueça que o que dá ritmo à poesia são as cesuras.
Cesuras são as sílabas tônicas que devem existir obrigatoriamente no interior dos
versos.
Fazer com que as sílabas tônicas das palavras escolhidas para compor os versos
coincidam com as tônicas originais do estilo em que se está versando ( cesuras), é a
tarefa mais difícil para o poeta.
Exemplos:
Heptassílabos: ( versos de sete sílabas, usados nas trovas, quadras, sextilhas, septilhas e
décimas de sete pés)
Eu vou cantar o meu verso -- Eu vou can tar o meu ver ( so)
Bonito como ele só -- Bo ni to co moe le só
Falando do Universo -- Fa lan do do U ni ver ( so )
Que é feito de pedra e pó. -- Queé fei to de pe drae pó
Devem ser tônicas: a 2ª e a 7ª sílabas. ( 2 e 7)
Decassílabos
= ( Versos de dez sílabas, usados no Martelo Agalopado)
Muito tempo depois de Ele nascer, -- Mui to tem po de pois deE le nas cer
Compuseram a prece pra Maria -- Com pu se ram a pre ce pra Ma ri (a)
Devem sempre ser tônicas: a 3ª, a 6ª e a 10ª sílabas. ( 3, 6 e 10 ).
Endecassílabos
( Versos de onze sílabas poéticas, usados no Galope à Beira Mar).
Eu vou por estradas traçadas no vento -- Eu vou por es tra das tra ça das no ven ( to )
Montado no dorso alado de um verso! -- Mon ta do no dor so a la do deum ver ( so )
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Pesquisa:
Compadre Lemos
[email protected]
Agradecimento:
Eu só espero merecer
De Deus, tamanha bondade,
E toda a felicidade
De poeta poder ser!
E a meu pai, quero dizer,
Marejando os olhos meus:
Você já me disse adeus,
Mas ainda lhe agradeço
Por me dizer, não esqueço,
“A Poesia vem de Deus!”