1) O documento discute os conceitos de evangelização e discipulado à luz da Grande Comissão de Jesus.
2) Defende que a evangelização deve estar aliada a um relacionamento discipulador para formar novos seguidores de Cristo.
3) Explica que a estratégia de pequenos grupos multiplicadores pode potencializar a evangelização discipuladora na igreja local.
1) O documento discute os conceitos de evangelização e discipulado à luz da Grande Comissão de Jesus.
2) Defende que a evangelização deve estar aliada a um relacionamento discipulador para formar novos seguidores de Cristo.
3) Explica que a estratégia de pequenos grupos multiplicadores pode potencializar a evangelização discipuladora na igreja local.
1) O documento discute os conceitos de evangelização e discipulado à luz da Grande Comissão de Jesus.
2) Defende que a evangelização deve estar aliada a um relacionamento discipulador para formar novos seguidores de Cristo.
3) Explica que a estratégia de pequenos grupos multiplicadores pode potencializar a evangelização discipuladora na igreja local.
1) O documento discute os conceitos de evangelização e discipulado à luz da Grande Comissão de Jesus.
2) Defende que a evangelização deve estar aliada a um relacionamento discipulador para formar novos seguidores de Cristo.
3) Explica que a estratégia de pequenos grupos multiplicadores pode potencializar a evangelização discipuladora na igreja local.
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OBJETIVOS
Ao chegar a este ponto, você deve estar se perguntando
por que Missões Nacionais tem considerado Evangelismo e Discipulado juntos em um mesmo princípio de Igreja Multiplicadora. Nossa expectativa é que, depois de ler este capítulo, você seja capaz não só de compreender isso, mas também de: • Definir os conceitos de Evangelização e Discipulado à luz da Grande Comissão; • Explicar o que é Evangelização Discipuladora e Relacionamento Discipulador; • Avaliar que a proclamação do Evangelho deve estar aliada a um Relacionamento Discipulador; • Identificar as implicações e os benefícios da Evangelização Discipuladora para a dinâmica da igreja local; • Avaliar como a estratégia de Pequenos Grupos Multiplicadores potencializa a Evangelização Discipuladora na igreja local. • Para isso, vamos antes rever algumas definições bíblicas importantes. 1 A Evangelização à luz da Grande Comissão Para construirmos uma definição de Evangelização Discipuladora, precisamos entender primeiro o que é Evangelização a partir da reflexão sobre a essência, o propósito, as motivações, a fonte de poder e o alvo da Evangelização.
1.1 A Essência da Evangelização – Qual a essência da
Evangelização? Evangelizar é, por essência, anunciar o Evangelho e torná-lo conhecido. Para que alguém se converta e se torne um discípulo de Jesus, é necessário que ouça o Evangelho pelo menos uma vez e o compreenda, recebendo-o em seu coração pela fé. Quase sempre que a palavra Evangelho ocorre no Novo Testamento associada a algum verbo, trata-se de “anunciar”, “pregar”, “fazer notório”, “comunicar”, “proclamar”, “testemunhar” e “falar”. Paulo chamou a atenção para essa essência da Evangelização em vários textos, entre eles 1 Coríntios 1.21:“(...) foi do agrado de Deus salvar os que creem por meio do absurdo da pregação”. Ainda, Romanos 10.14-17: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Assim como está escrito: Como são belos os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos deram ouvidos ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem deu crédito à nossa mensagem? Portanto, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de Cristo”.
1.2 O Propósito da Evangelização – Qual o propósito da
evangelização? Quanto ao propósito, evangelizar é oferecer às pessoas uma oportunidade válida de crer em Jesus Cristo. Por válida, queremos dizer uma oportunidade em que o Evangelho seja proclamado de maneira clara e fiel de modo que a pessoa possa vir a compreendê-lo e responder positivamente. A clareza está relacionada à forma (linguagem) com que o Evangelho é proclamado e a fidelidade se refere à concordância com a Bíblia e a teologia do Evangelho. As duas coisas são igualmente importantes na Evangelização.
1.3 A Motivação para a Evangelização – Qual deve ser a
motivação?
A Bíblia nos orienta a fazer tudo para a glória de Deus (1
Coríntios 10.31). O apóstolo Paulo parece considerar a evangelização, antes de tudo, como um ato de adoração, como explica em 1 Tessalonicenses 2.4: Assim como fomos aprovados por Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não para agradar a homens, mas a Deus, que testa nosso coração”. Desta forma, a motivação última para a Evangelização é glorificar a Deus. Essa motivação se desmembra em duas expressões: o nosso amor a Cristo por meio da obediência e a compaixão pelas vidas perdidas. Jesus disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e a eles obedece, esse é o que me ama” (João 14.21).
Devemos insistir na pregação, até porque uma pessoa só
deixa de ser um alvo evangelístico quando se converte a Cristo. A isso se conecta a segunda expressão da motivação para a Evangelização, que é glorificar a Deus através da compaixão que devemos ter pelas almas perdidas, ilustrada, entre outros textos, no exemplo do Senhor Jesus: “Vendo as multidões, compadeceu-se delas, porque andavam atribuladas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor” (Mateus 9.36).
1.4 A Fonte de Poder para a Evangelização
A fonte de poder para a Evangelização é o Espírito Santo. Quando os apóstolos foram revestidos do poder do Espírito Santo, nada – nem perseguição, timidez, medo ou falta de preparo – foi empecilho para a pregação ousada e perseverante. Jesus não só nos deixou uma ordem (“ide”) como também nos municiou de tudo que precisamos para cumpri-la: o pleno e suficiente revestimento do Espírito Santo e a nossa total dependência d’Ele (Atos 1.8).
1.5 O Alvo da Evangelização
Por fim, o alvo da Evangelização é persuadir as pessoas a crerem em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, de modo a serem acrescidas à igreja mediante a profissão de fé e o batismo, iniciando o seu amadurecimento em santidade. Esse alvo fica claro quando nos voltamos para a Grande Comissão, que é a ordem dada pelo Senhor Jesus a sua igreja para que ela vá (“ide”) ao mundo perdido (“todas as nações”) e de lá suscite discípulos para Jesus (“fazei discípulos”), batizando-os e ensinando-os a obedecer. Interessante notarmos que o Senhor Jesus enfatiza o “fazer discípulos”, que representa a ordem principal da Grande Comissão. Isso pode ser representado pelo seguinte diagrama:
A ênfase da Grande Comissão: “Fazer Discípulos”
Isso não significa, porém, que “ir”, “batizar” e “ensinar a obedecer” devam ficar em segundo plano, pois, se olharmos a Grande Comissão sob a ótica daquilo que Jesus deseja que aconteça, fica claro que ela deve promover a geração de discípulos, a sua inclusão na igreja e a sua iniciação no processo de aperfeiçoamento cristão. É certo que a Evangelização muitas vezes envolve o “lançar a semente” e que nossa ocupação inicial deve ser a quantidade e a qualidade da semeadura, confiando os resultados nas mãos de Deus. Também é fato que a conversão é uma obra sobrenatural do Espírito Santo e a regeneração um milagre que não depende de nós e, ainda, que é Ele que acrescenta à igreja os salvos (Atos 2.47). Mas cabe a nós o interesse pela conversão de vidas e não a Evangelização como um fim em si mesma, desconectada da Grande Comissão. Por isso, toda ação de Evangelização deve visar fazer discípulos, ainda que os resultados em termos de conversões não dependam exclusivamente dos nossos esforços. Seja como for, o alvo da Evangelização, que é fazer discípulos, deve ser buscado intensamente. Por exemplo, Paulo diz que ele “procurava convencer os homens” (2 Coríntios 5.11), o que deve ser imitado por todos nós.
Quando pregamos o Evangelho de forma clara e fiel buscando
conversões, e tais conversões não acontecem por alguma circunstância, isso não quer dizer que não houve Evangelização. O que determina se a Evangelização ocorreu é se, além da clareza e fidelidade da mensagem, esteve presente o alvo de persuadir a pessoa à fé em Jesus. Assim, por exemplo, podemos dizer que Filipe evangelizou o eunuco (Atos 8), ainda que, em face da situação de afastamento geográfico, não tenha tido condições de, após batizá-lo, prosseguir com ele no processo de amadurecimento cristão. Veja que o evangelista foi até onde as circunstâncias permitiram. De toda sorte, a intencionalidade de cumprimento da Grande Comissão foi visível naquela iniciativa evangelística.
1.6 Definição de Evangelização
Portanto, podemos definir a Evangelização como:
A comunicação clara e fiel do Evangelho visando, sob o poder e a dependência do Espírito Santo, levar pessoas ao arrependimento e à fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, tornando-se seus discípulos. Acabamos de chegar à definição de Evangelização. Vamos, agora, entender os contornos bíblicos do outro braço da Evangelização Discipuladora, que é o Discipulado, para, em seguida, aprender como ambos devem trabalhar juntos para o cumprimento da Grande Comissão, tanto para crescimento da igreja local quanto para a plantação de novas igrejas.
2 O Discipulado à Luz da Grande Comissão
Geralmente, associa-se o Discipulado à última parte da Grande Comissão, isto é, ao “ensinar a obedecer a todas as coisas que [Jesus ordenou]” para novos convertidos. Mas, será que o “fazer discípulos” deve acontecer somente após a conversão? Afinal, o que é Discipulado à luz da Bíblia?
2.1 O Discípulo e o Discipulado
Em primeiro lugar, devemos notar que a palavra “discipulado” não ocorre na Bíblia, mas apenas o termo “discípulo” e a expressão imperativa “fazei discípulos” (Mateus 28.19). Desta forma, antes de construirmos um conceito de Discipulado, é importante entendermos o que é um discípulo e o que é “fazer discípulos”. “Discípulo” (“mathetes”, no grego) quer dizer aluno, aprendiz, aquele que aprende, que segue e se entrega ao ensino de alguém, aquele que se assenta aos pés de um mestre para aprender com ele. “Discípulo” era uma palavra usual nos tempos do Novo Testamento. Tanto que o termo não foi usado apenas para designar os seguidores de Jesus. Antes, há menção aos discípulos de João Batista (Mateus 9.14), de Moisés (João 9.28) e também dos fariseus (Marcos 2.18). Jesus, também, começou seu ministério chamando discípulos para si, que o seguiram, tendo-o como mestre. Desde que “discípulo” era uma palavra de uso comum na cultura judaica, até Judas Iscariotes foi inicialmente contado entre os discípulos (Mateus 10.2-4, Marcos 3.16- 19 e Lucas 6.13-16). No entanto, a palavra “discípulo” evoluiu em significado teológico e passou a ser empregada no Novo Testamento, especialmente no Livro de Atos, com uma conotação mais própria, para designar todos aqueles que se convertiam ao Evangelho. De fato, todos os crentes, todos os irmãos, passaram a compor a “multidão dos discípulos” (Atos 6.2), cujo número ia aumentando cada vez mais, como se lê em Atos 6.7: “E a palavra de Deus era divulgada, de modo que o número dos discípulos em Jerusalém se multiplicava muito, e vários sacerdotes obedeciam à fé”. Outros textos de Atos retratam como a palavra “discípulo” significava, na igreja primitiva, todo aquele que cria em Jesus e era salvo, integrando-se no Corpo de Cristo: “Ao chegar em Jerusalém, Saulo procurou juntar-se aos discípulos; mas todos tinham medo dele e não acreditavam que ele fosse um discípulo” (Atos 9.26). E, ainda:“Tendo-o achado, levou-o para Antioquia. E, durante um ano inteiro, reuniram-se naquela igreja e instruíram muita gente. Em Antioquia, os discípulos foram chamados de cristãos pela primeira vez” (Atos 11.26). Portanto, o discípulo de Cristo pode ser assim definido: Toda pessoa que, sendo salva por meio da fé em Jesus Cristo, passa a segui-lo como seu Senhor. Agora, vamos examinar a expressão “fazer discípulos” encontrada na Grande Comissão.
2.2 O “Fazer Discípulos” e o Discipulado: As três Dimensões
No original, em grego, a palavra em Mateus 28.19 é
matheteusate. Presente na forma imperativa, literalmente significa discipulai, ação essa que compreende tanto admitir (alistar ou angariar) discípulos, alunos, quanto passar a ensiná-los e treiná- los. Podemos perceber desde já que “fazer discípulos” – tradução mais comum em Português – deve ser entendida não apenas como sinônimo de aperfeiçoar uma pessoa que já é considerada um discípulo, mas também de fazer com que alguém que não é um discípulo se torne um. A primeira atitude do Discipulado praticado por Jesus foi, na maioria absoluta dos casos, chamar pessoas para segui-lo (Mateus 4.18-22, Marcos 1.14-20 e Lucas 5.1-11). Desta forma, se entendemos Discipulado à luz do discipulai exposto na Grande Comissão e da prática de Jesus, então as pessoas perdidas são o seu público-alvo primário. O Livro de Atos também aponta para isso: “E, depois de anunciar o evangelho naquela cidade e de fazer muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia” (Atos 14.21).
A primeira ação no sentido de fazer discípulos
é chamar pessoas para seguir a Jesus
O texto indica que Paulo e Barnabé anunciaram o Evangelho
com um alvo muito bem definido: fazer discípulos, isto é, alistar novos discípulos para Jesus Cristo. Certamente eles dedicaram tempo suficiente para desenvolver um relacionamento com aquelas pessoas até que elas efetivamente se converteram e passaram a seguir a Jesus como Senhor e Salvador, tornando-se, enfim, seus discípulos. De igual forma hoje, a primeira ação no sentido de fazer discípulos é chamar pessoas para seguir a Jesus, sendo essa a primeira dimensão do Discipulado. Só que a Grande Comissão não para nesse ponto: ela nos ordena também a batizar os discípulos, agregando-os à comunhão na igreja de Cristo. Nisso se traduz a segunda dimensão do Discipulado: agregar discípulos. Esse era o procedimento dos apóstolos (Atos 2.38,41, 8.12,13,38, 9.18 e 16.15,33), como descrito em Atos 2.41: “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas” (Almeida Corrigida e Fiel). Naturalmente, a expressão “agregaram-se” traz implícita a integração das pessoas na comunidade dos crentes, o que deve acontecer com todo convertido. Um exemplo disso é o próprio apóstolo Paulo, que, depois de batizado, foi imediatamente introduzido ao convívio dos discípulos que estavam em Damasco (Atos 9.18,19). Assim também Lídia e o carcereiro de Filipos (Atos 16.15,33,34). Depois de agregar discípulos, a Grande Comissão nos manda a ensiná-los a obedecer todas as coisas que o Senhor Jesus Cristo nos tem ordenado; ou seja, “aperfeiçoar discípulos”, que é, enfim, a terceira dimensão do Discipulado. Após terem chamado e agregado discípulos em uma nova comunidade de crentes, os missionários em Atos 14 também se preocuparam em retornar às outras cidades para confirmar o ânimo dos discípulos e exortá-los a perseverar na fé: “E, depois de anunciar o evangelho naquela cidade e de fazer muitos discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia, renovando o ânimo dos discípulos, exortando-os a perseverar na fé, dizendo que em meio a muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus” (vv. 14.21,22). Esse conceito está bem retratado em Colossenses 1.28,29, em que o apóstolo Paulo esclarece que, além de anunciar, buscava admoestar e ensinar os convertidos: “A ele anunciamos, aconselhando e ensinando todo homem com toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. Para isso eu trabalho, lutando de acordo com a sua eficácia, que atua poderosamente em mim”. Assim, essa terceira dimensão do Discipulado (aperfeiçoar discípulos), tem em vista “apresentar todo o homem perfeito em Cristo”, como podemos ler também em Efésios 4.12,13: “Tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério e para a edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da plenitude de Cristo”. Atos 28.30,31 relata que “Paulo morou durante dois anos inteiros na casa que havia alugado e recebia todos que o visitavam, pregando o reino de Deus e ensinando as coisas concernentes ao Senhor Jesus Cristo, com toda a liberdade, sem impedimento algum”. Esse texto traz a noção clara de que Paulo investiu tempo no aperfeiçoamento cristão de todas as pessoas interessadas. Mais à frente veremos outros exemplos como esse. Percebemos, então, que o Discipulado à luz da Grande Comissão começa com o “chamar discípulos”, passa pelo “agregar” – isto é, pelo integrar o novo convertido na igreja local mediante o batismo – e compreende também o “ensinar a obedecer” – que é o “aperfeiçoar”. Veja isso neste gráfico: As três dimensões do Discipulado
Todas essas ações devem ser permeadas por um “criar e
aprofundar” de relacionamentos intencionais, conforme esta ilustração:
Ações da Grande Comissão
2.3 O Discipulado Multiplicador e o Envio dos Discípulos
O Discipulado (“fazer discípulos”) é a estratégia criada por Jesus
para alcançar o mundo, pois por meio dele é possível multiplicar discípulos para o avanço do Evangelho geograficamente e através das gerações. A partir do momento em que uma pessoa se torna discípulo de Jesus mediante a sua conversão, passando a segui-lo como seu Senhor, torna- se apta a fazer novos discípulos. Os exemplos bíblicos são vários, entre eles: • A mulher samaritana, que, imediatamente depois do encontro com Jesus, “foi à cidade e disse ao povo: Vinde, vede um homem que me disse tudo o que tenho feito; será ele o Cristo?” (João 4.28,29). Em resposta, o povo saiu da cidade para ter com Jesus (v. 30). • O ex-endemoninhado gadareno, que, tão logo foi liberto por Jesus, foi por Ele comissionado: “Vai para casa, para a tua família, e anuncia-lhes quanto o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de ti” (Marcos 5.19). Em seguida, “ele se retirou e começou a divulgar em Decápolis tudo quanto Jesus lhe havia feito; e todos se admiravam” (v. 20). • André, a partir do instante em que encontrou Jesus, foi em busca de seu irmão Simão Pedro, para quem anunciou: “Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). E levou-o a Jesus” (João 1.41,42).
Por isso, o envio do novo discípulo com a missão de fazer novos
discípulos não é uma etapa do Discipulado e muito menos uma ação que tenha lugar somente depois do “agregar” ou do “aperfeiçoar”, mas uma consequência do próprio chamado para ser um discípulo, pois todo discípulo de Jesus é comissionado a ser um multiplicador: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mateus 4.19 e Marcos 1.17).
2.4 Definição de Discipulado
O Discipulado, como encontrado no chamado primordial de
cada cristão, é mais do que ministrar estudos bíblicos ou ter classe de doutrina para um novo convertido, pois começa com o relacionamento intencional que deve ser gerado desde a primeira ação evangelística que objetiva “chamar discípulos multiplicadores”, prossegue pelo “agregar discípulos” e continua no “aperfeiçoar discípulos”. Diante disso, podemos definir o Discipulado como:
O processo de fazer discípulos multiplicadores por
meio do relacionamento intencional de um discípulo com uma pessoa visando torná-la outro discípulo. Isso é o que a partir de agora chamaremos de Relacionamento Discipulador RD, que é o relacionamento intencional de um discípulo com uma pessoa visando torná-la outro discípulo, cujos elementos vamos estudar mais à frente. O RD pode acontecer entre um discípulo e uma pessoa não convertida visando torná-la um discípulo ou entre um discípulo e outro visando aperfeiçoá-lo. Observem que o Discipulado está relacionado com o processo de “fazer discípulos” encontrado na Grande Comissão, enquanto o Relacionamento Discipulador é o meio pelo qual esse processo se desenvolve. Observe, então, a definição de Evangelização Discipuladora a seguir.
3 Definição de Evangelização Discipuladora
Evangelização e Discipulado precisam ser unidos debaixo da
autoridade da Grande Comissão. Primeiro, porque é somente à luz dela que esses dois conceitos podem ser entendidos de forma completa. Segundo, porque só quando eles são plenamente compreendidos é que a igreja está apta a cumprir a Grande Comissão em toda a sua abrangência. A Grande Comissão é, portanto, o ponto de partida e o de chegada da Evangelização Discipuladora. O cumprimento da Grande Comissão exige a aplicação conjunta dessas duas forças: a transmissão de verdades por intermédio da comunicação do Evangelho e seus desdobramentos, o que compreende a sua proclamação, exposição e ensino, inclusive quanto a suas implicações para a vida cristã, e a transmissão de vida por meio de um relacionamento. A comunicação do evangelho aliada ao relacionamento discipulador é o que chamamos de Evangelização Discipuladora, um dos princípios de Igreja Multiplicadora extraídos do Novo Testamento. A ideia é que a proclamação (evangelização) e o cuidado pessoal (discipulado) devem andar de mãos dadas para o cumprimento da nossa missão. Ainda que a Grande Comissão tenha começado a se expressar por meio de sermões públicos, os apóstolos logo entenderam a necessidade de integrar os que criam e ensinar-lhes a obedecer ao que Cristo ensinou. Por isso, os discípulos sempre acolhiam em torno de si as pessoas receptivas ao evangelho. Observem alguns exemplos no Livro de Atos:
Em 2.40-42, depois de seu sermão, Pedro “com muitas outras
palavras (…) deu testemunho e exortava as pessoas”. Os que aceitaram de bom grado o evangelho foram batizados e começaram a perseverar no ensino dos apóstolos, na comunhão e nas orações. Isso mostra uma dedicação integral dos apóstolos às pessoas receptivas à pregação. No v. 42, os apóstolos “todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo”. Ora, para os apóstolos terem estado nas casas, isso dependeu de os seus moradores estarem interessados em conhecer mais sobre o evangelho. Em Antioquia da Pisídia (13.4ss.), Paulo começou pregando o evangelho publicamente na sinagoga. Tendo muitos dos judeus e prosélitos crido, estes seguiram Paulo e Barnabé. Os dois, então, dedicaram atenção imediata a esses, falando-lhes e exortando-os (v. 43). Na semana seguinte, “ajuntou-se quase toda a cidade a ouvir a palavra de Deus” (v. 44). Alguns rejeitaram a mensagem (v. 46), outros creram (v. 48). Os apóstolos se dispuseram a dedicar tempo aos interessados. Em Icônio, Paulo e Barnabé falaram na sinagoga e muitos creram; outros permaneceram incrédulos (14.1,2). Em seguida, os missionários investiram “muito tempo” ali, “ falando ousadamente no Senhor” (v. 3). Fácil perceber que houve da parte dos missionários a preocupação de investir no relacionamento discipulador daquelas pessoas. Em Filipos, por não haver sinagoga, Paulo e Silas anunciaram Jesus a umas mulheres à beira do rio (16.13). Lídia, depois de crer e ser batizada, rogou que os missionários ficassem em sua casa, no que foi atendida (v. 14). Mais tarde, na evangelização do carcereiro, uma vez que ele creu, Paulo e Silas foram até a sua casa. O modelo aqui, mais uma vez, é andar perto daqueles que se interessarem por saber mais do evangelho, inclusive indo até a sua casa. Em Corinto, Paulo “todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos”, “testificando (…) que Jesus era o Cristo” (18.4, 5). Por causa dos que foram receptivos à mensagem, Paulo ficou ali por um ano e seis meses ensinando a Palavra de Deus, os quais, ouvindo-o, creram e foram batizados (vv. 7-11). Em Éfeso, Paulo, “entrando na sinagoga, falou ousadamente e por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do reino de Deus. Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho perante a multidão, retirou-se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias na escola de um certo Tirano. E durou isso por espaço de dois anos (…)” (19.8-10). Ou seja, o apóstolo, após anunciar ao máximo de pessoas, priorizou aqueles que se interessaram pelo evangelho. Mais à frente (20.20), Paulo relata que, enquanto esteve em Éfeso, ensinava publicamente e pelas A comoção da despedida em 20.36 e 37 retrata a profundidade do relacionamento discipulador desenvolvido por Paulo com aqueles discípulos, agora presbíteros, nesse período. Paulo seguiu o mesmo padrão até o fim: em Roma, ele convocou os judeus para lhes pregar o evangelho (At 28.17, 20 e 23). O texto relata que “alguns criam no que se dizia, mas outros não criam” (v. 24). Aos que se interessaram, Paulo dedicou dois anos inteiros para receber em sua casa (uma vez que estava em prisão domiciliar e, por isso, não poderia ir à casa deles): “todos quantos vinham vê-lo”, a quem “ensinava com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo” (v. 30 e 31). Por suas epístolas, vemos também que Paulo sempre esteve disposto a consumir a sua vida em cuidado dos novos discípulos. Talvez o texto mais significativo esteja registrado em 1ª Tessalonicenses 2.8, quando diz: “Assim, devido ao grande afeto por vós, estávamos preparados a dar-vos de boa vontade não somente o evangelho de Deus, mas também a própria vida, visto que vos tornastes muito amados para nós”. Paulo sabia que deveria transmitir àqueles novos irmãos não somente a Palavra de Deus, mas tudo que ele era. Poderíamos relatar vários outros textos em que Paulo manifesta seu amor paternal pelas igrejas que estavam nascendo e pelos seus discípulos, como Timóteo e Tito, a quem chamou de filhos (1Tm 1.2,18; Tt 1.4).
De forma intencional, Jesus influenciou vidas que multiplicaram
essa influência em outras vidas. Liderou homens que viraram líderes. Os discípulos entenderam e praticaram isso. Nós precisamos fazer o mesmo. Essas duas linhas paralelas acompanham toda a dinâmica de cumprimento da Grande Comissão, nas suas três dimensões, podem ser facilmente observadas na descrição feita pelo apóstolo Paulo sobre a forma como foi realizado o seu esforço missionário entre os efésios e os tessalonicenses: “Quando chegaram, Paulo disse-lhes: Bem sabeis de que modo tenho vivido entre vós o tempo todo, desde o primeiro dia em que entrei na Ásia, servindo ao Senhor com toda a humildade, e com lágrimas e provações, as quais me sobrevieram pelas ciladas dos judeus. Não me esquivei de vos anunciar nada que fosse benéfico, ensinando-vos publicamente e de casa em casa, testemunhando, tanto a judeus como a gregos, o arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus. (...) Mas em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que eu complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus. E agora sei que nenhum de vós, por entre os quais passei pregando o reino de Deus, jamais tornará a ver o meu rosto. Portanto, no dia de hoje, eu vos afirmo que estou limpo do sangue de todos. Porque não deixei de vos anunciar todo o propósito de Deus. (...) Estai atentos, lembrando-vos de que durante três anos não cessei, dia e noite e com lágrimas, de aconselhar cada um de vós. (...) Em tudo vos dei o exemplo de que deveis trabalhar assim, a fim de socorrerdes os doentes, recordando as palavras do próprio Senhor Jesus: Dar é mais bem-aventurado que receber” (Atos 20.18- 21,24,26,27,31,35, grifos nossos). “Assim, devido ao grande afeto por vós, estávamos preparados a dar- vos de boa vontade não somente o evangelho de Deus, mas também a própria vida, visto que vos tornastes muito amados para nós. Irmãos, sem dúvida vos lembrais do nosso trabalho e fadiga; trabalhamos dia e noite para não ser um peso a nenhum de vós, enquanto vos pregamos o evangelho de Deus. Vós e Deus sois testemunhas de como nos portamos de modo santo, justo e irrepreensível para convosco, os que credes; assim como sabeis que tratávamos a cada um de vós da mesma forma como um pai trata seus filhos, exortando-vos, consolando-vos e insistindo em que vivêsseis de modo digno de Deus, que vos chamou para o seu reino e glória” (1 Tessalonicenses 2.8-11, grifos nossos).
O ministério de Paulo compreendia transmissão de verdades e
de vida, ensino e relacionamento, comunicação e convívio, evangelização e relacionamento. Veja isso no gráfico a seguir:
Evangelização Discipuladora
Por fim, a Evangelização Discipuladora pode ser assim definida:
A comunicação do Evangelho aliada ao
relacionamento discipulador com o objetivo de chamar, agregar e aperfeiçoar discípulos multiplicadores. Vamos ver, agora, como a Evangelização Discipuladora se expressa em termos mais práticos.
4 O Que Evangelização Discipuladora Implica
Para ser aplicada, a Evangelização Discipuladora exige de cada
cristão e da igreja como um todo as seguintes ações:
4.1 Evangelização Discipuladora Implica Orar
Como já tratado no capítulo de Oração, antes de qualquer coisa,
precisamos orar, orar e orar: de forma geral por pessoas desconhecidas e de modo específico por pessoas conhecidas (familiares e amigos), pela salvação dos perdidos, por corações abertos, por oportunidades de evangelização e pela criação de vínculos com não crentes.
4.2 Evangelização Discipuladora Implica Ir
Evangelizar exige um movimento intencional na direção do
perdido a fim de lhe proclamar a mensagem do Evangelho. Essa foi, por exemplo, a ordem dada pelo anjo a Filipe em Atos 8.26: “Levanta-te e vai!”. E depois: “Aproxima-te e acompanha essa carruagem” (v. 29). O resultado foi a conversão e o batismo do eunuco. Outro exemplo foi a direção dada por Jesus ao ex- endemoninhado de Gadara: “Vai para casa, para a tua família, e anuncia-lhes quanto o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de ti” (Marcos 5.19). Nós é que temos que criar as oportunidades, ir intencionalmente na direção do perdido, e não ficar esperando até que as circunstâncias estejam perfeitas. Do contrário, nunca agiremos: “Quem observa o vento não semeará, e o que olha para as nuvens não colherá” (Eclesiastes 11.4). Ficamos impressionados ao ler em Atos que aqueles irmãos buscavam testemunhar de Jesus a todas as pessoas, onde quer que fossem. Quando pensamos em pessoas de nosso relacionamento, isto é, nossos familiares, amigos e conhecidos, o “ir” significa vencer as barreiras do medo e da timidez para comunicar o Evangelho. Com relação às pessoas desconhecidas, o “ir” se traduz em abordar essas pessoas onde elas estão, nas ruas, nos locais públicos e nas casas e até aos “confins da terra” (Atos 1.8), e então lhes anunciar o Evangelho. O importante é fazermos o máximo para comunicar o Evangelho a todas as pessoas. Esse é o princípio de Semeadura Abundante. Era assim que Paulo procedia, como vemos nestes textos: “Aproveitando bem cada oportunidade, porque os dias são maus” (Efésios 5.16). E também:“Comportai-vos com sabedoria para com os de fora, aproveitando bem cada oportunidade” (Colossenses 4.5).
4.3 Evangelização Discipuladora Implica Anunciar
A ação de Anunciar pode ser ilustrada com uma flecha
atingindo um alvo, em que a flecha é a mensagem do Evangelho e o alvo é o coração da pessoa perdida. Para que essa flecha chegue ao seu objetivo, é necessário pensarmos em alguns fatores: Público-alvo, Mensagem, Abordagem, Linguagem, Vínculo e Oração, que podem ser assim visualizados:
O ALVO para Anunciar
• O Público-alvo deve ser Amplo – As expressões “toda
criatura” (Marcos 16.15) e “todas as nações” (Mateus 28.19) deixam claro que o público-alvo da Grande Comissão inclui todas as pessoas, desde os nossos familiares, amigos, colegas e conhecidos, pessoas com quem cruzamos casualmente todos os dias até aquelas que residem nos pontos mais remotos do planeta. Isso também compreende pessoas ricas ou pobres, moradoras de comunidades de risco ou de condomínios fechados, adultos e crianças, além de grupos específicos, tais como surdos, etnias, tribos urbanas e pessoas marginalizadas pela sociedade. A Grande Comissão impõe à igreja de Cristo chegar até cada uma dessas pessoas. Antes disso, a missão ainda estará pendente de ser cumprida. Uma Igreja Multiplicadora, por estar empenhada em cumprir a Grande Comissão, observará constantemente quem são as pessoas e os grupos de pessoas ao seu redor que ainda não foram alcançados e investigará quais as melhores estratégias para “fazer discípulos” entre eles, tudo isso sem perder de vista a sua responsabilidade pelas pessoas perdidas em nível regional, nacional e mundial. • A Mensagem deve ser Desafiadora – Como já vimos, a essência da Evangelização é a proclamação da mensagem do Evangelho, ou seja, a mensagem do amor de Deus revelado na morte de cruz e na ressurreição de Jesus Cristo para que todas as pessoas que creem n’Ele como Salvador e Senhor não sofram a justa retribuição dos seus pecados, que é a perdição eterna, mas recebam de graça e mediante a fé a salvação, ou seja, a vida eterna. Ocorre que há níveis diversos de ignorância com relação a Deus, ao próprio estado como ser humano e ao Evangelho. Em alguns casos, as pessoas nem sequer acreditam em Deus, seja porque optaram por isso, seja por não terem tido a oportunidade de ouvir sobre Ele “Como crerão naquele de que não ouviram?” (Romanos 10.14). Em outros, estão conscientes de que existe um só Deus, mas, por não conhecerem os Seus atributos à luz da Bíblia, ainda estão apegados aos ídolos. Ou, então, por não entenderem a santidade de Deus e as consequências disso com relação ao pecado, pensam que já estão em paz com Deus, quando, na realidade, estão apenas de acordo com o “deus” que idealizam. Outras pessoas têm noção da santidade divina em contraste com a sua pecaminosidade e percebem que algo não está certo entre elas e Deus; porém, por ignorarem o caminho da salvação, buscam consertar isso na base de rituais religiosos e boas obras. Todos esses diferentes níveis de compreensão nos mostram que, para uma comunicação do Evangelho persuasiva e relevante, precisamos considerar a situação da pessoa em sua jornada até Cristo de modo a desafiá-la a dar um passo adiante. Ou seja, precisamos discernir para desafiar. • A A Abordagem deve ser Conforme a Receptividade – Abordagem é a forma de aproximação de uma pessoa ou de um grupo de pessoas com o objetivo de lhes comunicar a mensagem do Evangelho. Quanto maior a receptividade das pessoas, mais direta pode ser a abordagem. Quanto menor a receptividade, maior a necessidade de utilização de estratégias de acesso. A receptividade também é medida com relação à simpatia pela pessoa ou grupo que está evangelizando. Muitas pessoas aceitam ouvir de coração aberto a pregação de um evangelista que acabaram de conhecer; outras só estarão acessíveis à pregação do Evangelho se for anunciado por um amigo ou conhecido ou, ainda, se o pregador estiver respaldado por uma igreja ou projeto com credibilidade. Então, podemos dizer que nenhum método de abordagem evangelística é bom ou ruim em si mesmo, mas adequado ou não ao contexto e à receptividade das pessoas. Nenhuma abordagem deve ser direta demais a ponto de não cativar a atenção das pessoas nem indireta demais a ponto de dar rodeios desnecessários. • L A Linguagem deve ser Contextualizada – O conteúdo da mensagem deve ser mantido fiel, mas, a bem da clareza na comunicação, a forma com que é transmitida é adaptável ao público-alvo (ex.: crianças, adultos, grupos específicos, surdos, etc.). Quanto maior for a distância cultural e etária entre o mensageiro e o destinatário da mensagem, mais será preciso dar atenção à questão da contextualização da linguagem. Evangelizar em linguagem contextualizada inclui a utilização apropriada de folhetos e demais materiais. Como vimos, o propósito da Evangelização é dar às pessoas uma oportunidade válida de crerem em Jesus Cristo. A eventual falta de clareza na exposição do Evangelho pode comprometer a validade de uma ação de Evangelização. • V O Vínculo deve ser Planejado desde o Início – Na Evangelização Discipuladora, todas as ações de Evangelização já devem ser vistas como parte de uma dinâmica de “fazer discípulos”, e não como iniciativas isoladas. Para isso, a Evangelização deve envolver um planejamento de como se poderá estabelecer um vínculo com as pessoas receptivas ao anúncio do Evangelho. O vínculo é a conexão que se busca estabelecer entre o evangelista e o evangelizado, que é o primeiro estágio do Relacionamento Discipulador. Esse vínculo será mais ou menos forte de acordo com a receptividade e o interesse da pessoa e o investimento que puder ser feito em sua vida. No mínimo, pode significar a abertura de um canal de comunicação, como a simples anotação de um telefone ou e-mail para contato. Melhor ainda se o anúncio do Evangelho puder oportunizar o agendamento desde logo de uma vista evangelística ou a introdução da pessoa evangelizada no convívio cristão. O importante é que o vínculo seja um tópico a se considerar no planejamento evangelístico. • • O A Oração é a Base de Tudo – Como já visto no capítulo anterior, todos os crentes devem ser estimulados a orar em favor da salvação das pessoas que estão evangelizando. A oração é o combustível da Evangelização.
4.4 Evangelização Discipuladora Implica Criar e Aprofundar
Relacionamentos Discipuladores
É impossível cumprir plenamente a Grande
Comissão sem relacionamentos.
É impossível cumprir plenamente a Grande Comissão sem
relacionamentos. Deus, que é um Ser Pessoal, veio a nós em forma de pessoa para se relacionar conosco. Jesus Cristo, nosso modelo de discipulador, não apenas convidou os seus discípulos para segui- lo, como também os acompanhou de perto até que estivessem preparados para dar continuidade a Sua missão. Não se trata aqui de defender uma metodologia de Evangelização por meio de relacionamentos como antagônica a uma Evangelização “sem relacionamentos”. O que queremos demonstrar é que há uma complementaridade, pois é impossível implementar plenamente a Grande Comissão sem relacionamentos e sem a proclamação da Palavra. Um sem o outro por si só não cumpre a Grande Comissão em sua inteireza. Para saber mais sobre como os relacionamentos são uma providência de Deus para a evangelização, confira o livro Evangelização Via Relacionamentos, de David Bledsoe, disponível na Livraria de Missões Nacionais (www.livrariamissoesnacionais.org.br). É bem verdade que nem sempre será possível criar e aprofundar relacionamentos discipuladores com as pessoas que evangelizamos em função de múltiplas circunstâncias limitadoras, a exemplo de afastamento geográfico – como foi o caso já citado do encontro de Filipe e o eunuco (Atos 8) – ou a própria recusa por parte da pessoa evangelizada – como no caso do jovem rico (Mateus 19.16). Contudo, o evangelista discipulador deve querer sempre criar e desenvolver um relacionamento discipulador. A proposta da Evangelização Discipuladora é que testemunhemos a todas as pessoas e nos ofereçamos a andar perto daquelas que percebemos que estão abertas a um relacionamento discipulador. Os únicos limites são o máximo que podemos fazer – de acordo com a disponibilidade de tempo e recursos – e o máximo que as pessoas nos permitirem fazer, visto que as evangelizamos e continuamos a evangelizar conforme a sua receptividade ao Evangelho. Por isso, o que caracteriza a Evangelização Discipuladora é que todo processo de comunicação do Evangelho deve estar aliado a uma intencionalidade de criação e aprofunda mento de relacionamentos discipuladores, a fim de que efetivamente possamos evangelizar as pessoas com vistas a que se tornem discípulas de Jesus e a que sejam agregadas à igreja e iniciadas no aperfeiçoamento cristão. Confira ao final deste livro a ferramenta do Caminho do Discipulado, que lhe ajudará passo a passo em como colocar em prática a Evangelização Discipuladora. O que caracteriza a Evangelização Discipuladora é que todo processo de comunicação do Evangelho deve estar aliado a uma intencionalidade de criação e aprofundamento de relacionamentos discipuladores
Pensando assim, o cumprimento da Grande Comissão em toda
sua plenitude passa a ser entendido não apenas como um ato (só Anunciar), mas como um processo (Criar e Aprofundar Relacionamentos Discipuladores). Tudo bem que a Evangelização, em si, é uma ação no sentido de que o verbo mais próprio para sintetizar a atividade de pregar as Boas-Novas é mesmo Evangelizar, e não há como fugir disso. No entanto, se considerarmos que o que Jesus espera da Sua igreja é que ela “faça discípulos” e que essa ordem envolve expor as pessoas o máximo de tempo ao poder transformador do Evangelho, a Evangelização Discipuladora é mais bem identificada como um processo, no sentido de que exige o estabelecimento de um relacionamento discipulador com vistas à efetiva conversão do indivíduo e a sua inclusão na igreja pelo batismo, tornando-se um discípulo multiplicador. Até porque, a maioria das pessoas precisa ser exposta ao Evangelho durante algum tempo até que finalmente se converta. A proposta aqui é eliminar a dualidade entre o que é função do evangelista e do discipulador, e também acabar com o entendimento de que “evangelizar” é uma atividade que pode ser realizada à parte do “fazer discípulos”. Observe como a Evangelização Discipuladora contrasta com as noções habituais sobre a relação entre Evangelização e Discipulado, que podem ser classificadas de duas formas: Evangelização Versus Discipulado e Evangelização mais Acompanhamento Evangelístico Versus Discipulado. Vejamos o sistema de Evangelização Versus Discipulado. No passado, em nossas campanhas evangelísticas, era costume aqueles que se incumbiam da Evangelização – e geralmente apenas dela –, uma vez encerrada a “fase de evangelização”, entregarem nomes e fichas de pessoas decididas ao pastor ou missionário local para que ele iniciasse com elas o processo de “discipulado”. Esse evangelista se sentia quite com sua obrigação perante a Grande Comissão no momento em que obtinha tantas decisões e deixava com o responsável pelo “discipulado” as fichas das pessoas ditas como “convertidas”. Por esse sistema, quando os “frutos” não eram “conservados”, a culpa era atribuída ao obreiro local, que não teria sido diligente na etapa do discipulado. Não há como argumentar contra o fato de que esse sistema tem gerado uma grande perda dos “resultados” de muitas de nossas ações evangelísticas. Um ano depois, costuma-se visualizar poucos resultados em termos de batismos.
Evangelização Versus Discipulado
Observemos agora o sistema chamado de Evangelização mais
Acompanhamento Evangelístico Versus Discipulado. Devido àquela realidade incômoda e na tentativa de responder à questão mencionada, passou-se a entender que “decisão” não é necessariamente o mesmo que “conversão”. Em geral, uma “decisão” ou, para outros, uma “manifestação ao lado de Cristo”, passou a ser encarada como um “interesse por Jesus”, ou seja, um desejo sincero de conhecer mais sobre Cristo ou até mesmo de participar de um estudo bíblico. Nesse sistema, o que se segue à Evangelização são estudos bíblicos em que se pode apresentar o Evangelho de forma mais completa e continuada às pessoas interessadas em conhecer mais sobre Jesus, encerrando-se com a sua efetiva conversão. Esse Acompanhamento Evangelístico, como o nome sugere, ainda deve ser encarado como parte da Evangelização. Nessa forma de pensar, o “discipulado”, como tradicionalmente entendido, é o que acontece depois da conversão dessa pessoa, quando ela então será “ensinada acerca de todas as coisas que Jesus Cristo tem nos ordenado” (Mateus 28.20). O problema é que, de modo geral, o Acompanhamento Evangelístico acabou preso em uma lacuna que não se sabe quem deve preencher: se o evangelista ou o discipulador. Além disso, esse conceito identifica o Discipulado apenas como sinônimo do cumprimento do “ensinar acerca de todas as coisas”, quando já vimos que é muito mais do que isso.
Evangelização + Acompanhamento Evangelístico Versus Discipulado
“Fazer discípulos” é um processo que começa no primeiro
anúncio do Evangelho a uma pessoa, pois ali já se pretende transformá-la em um seguidor de Cristo, um discípulo. Assim, nós evoluímos para um novo entendimento: a Evangelização Discipuladora, que une Evangelização e Discipulado à luz da Grande Comissão. O tópico a seguir trata do relacionamento discipulador. O destaque é que o relacionamento discipulador não serve apenas ao “chamar” discípulos, que, como visto, é apenas a primeira dimensão do Discipulado, mas também ao “agregar” e ao “aperfeiçoar” discípulos, como passamos a expor.
5 O Relacionamento Discipulador (RD): Chamar,
Agregar e Aperfeiçoar Discípulos Como vimos, o Relacionamento Discipulador é o relacionamento intencional de um discípulo com uma pessoa visando torná-la outro discípulo. Vejamos agora como o Relacionamento Discipulador se desenvolve nas três dimensões do Discipulado.
5.1 Relacionamento Discipulador para Chamar Discípulos
Todas as vezes que, tendo sido anunciado o Evangelho a uma
pessoa perdida, esta se mostra interessada em continuar ouvindo sobre o assunto, a Grande Comissão nos ordena a estabelecer com ela um Relacionamento Discipulador. Como já visto, chamar alguém para ser um discípulo é a primeira dimensão do Discipulado. Portanto, não devemos ver o Discipulado como apenas o ato de ajudar uma pessoa que já é crente a crescer na fé, mas como ações no sentido de fazer de alguém um discípulo completo de Jesus, incorporado na igreja por meio do batismo e em processo contínuo de amadurecimento espiritual. Por isso, o Relacionamento Discipulador é algo a ser buscado desde a primeira abordagem e que será concretizado dependendo do interesse da pessoa pelo Evangelho. As condições iniciais para o estabelecimento de um Relacionamento Discipulador são, pois, anúncio do Evangelho e interesse da pessoa evangelizada. Condições para o Relacionamento Discipulador: Anúncio e Interesse
Se repararmos bem, essa era a metodologia dos apóstolos: em
primeiro lugar, buscavam anunciar o Evangelho para o máximo de pessoas; depois, dedicavam atenção àquelas que se mostravam interessadas. Observem alguns exemplos no Livro de Atos: • Em 2.40-42, depois do célebre sermão no dia de Pentecostes, Pedro “com muitas outras palavras (...) deu testemunho e exortava as pessoas”. Os que aceitaram de bom grado o Evangelho foram batizados e começaram a perseverar no ensino dos apóstolos, na comunhão e nas orações. Isso denota uma dedicação integral dos apóstolos às pessoas receptivas à pregação. No v. 42, os apóstolos “todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo”. Ora, para os apóstolos terem estado nas casas, isso dependeu de os seus moradores estarem interessados em conhecer mais sobre o Evangelho, depois de o terem ouvido pelo menos uma vez. • Em Antioquia da Pisídia (13.4ss.), Paulo começou pregando o Evangelho publicamente na sinagoga. Tendo muitos dos judeus e prosélitos crido, estes seguiram Paulo e Barnabé. Os dois, então, dedicaram atenção imediata a esses, falando-lhes e exortando-os (v. 43). Na semana seguinte, “ajuntou-se quase toda a cidade a ouvir a palavra de Deus” (v. 44). Alguns rejeitaram a mensagem (v. 46), outros creram (v. 48). Fica claro que os apóstolos não encararam como uma surpresa o fato de que alguns recusaram a mensagem (vv. 46 e 51). Ao invés, se dispuseram a dedicar tempo e energia com os interessados. • Em Icônio, Paulo e Barnabé falaram na sinagoga e muitos creram; outros permaneceram incrédulos (14.1,2). Em seguida, os missionários investiram “muito tempo” ali, “falando ousadamente do Senhor” (v. 3). Fácil perceber que houve da parte dos missionários a preocupação de investir no Relacionamento Discipulador dos interessados. • Em Filipos, por não haver sinagoga, Paulo e Silas anunciaram Jesus a umas mulheres à beira do rio (16.13). Lídia, depois de crer e ser batizada, rogou que os missionários ficassem em sua casa, no que foi atendida por eles (v. 14). Mais tarde, na evangelização do carcereiro, uma vez que ele creu, Paulo e Silas foram até a sua casa. O modelo aqui, mais uma vez, é pregar a todos e andar perto daqueles que se interessarem por saber mais do Evangelho, inclusive indo até a sua casa. • Em Corinto, Paulo “todos os sábados disputava na sinagoga, e convencia a judeus e gregos”, “testificando (...) que Jesus era o Cristo” (18.4, 5). Quanto aos que resistiram, entendeu que não teria tempo a perder com eles (v. 6). Contudo, para o bem de todos que demonstraram receptividade à mensagem, Paulo ficou ali por um ano e seis meses ensinando a Palavra de Deus, os quais, ouvindo-o, creram e foram batizados (vv. 7-11). • Em Éfeso, Paulo, “entrando na sinagoga, falou ousadamente e por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do reino de Deus. Mas, como alguns deles se endurecessem e não obedecessem, falando mal do Caminho perante a multidão, retirou- se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias na escola de um certo Tirano. E durou isso por espaço de dois anos (...)” (19.8-10). Ou seja, o apóstolo, após anunciar ao máximo de pessoas, fez uma triagem com base no interesse delas, passando a relacionar-se com prioridade com aqueles que se interessaram pelo Evangelho. Mais à frente (20.20), Paulo relata que, enquanto esteve em Éfeso, ensinava publicamente e pelas casas. A comoção da despedida nos versículos 36 e 37 retrata a profundidade do Relacionamento Discipulador desenvolvido por Paulo com aqueles líderes nesse período. • Paulo seguiu o mesmo padrão até o fim: anunciava ao máximo, como quando convocou os judeus de Roma para lhes pregar o Evangelho (At 28.17, 20 e 23). O texto relata que “alguns criam no que se dizia, mas outros não criam” (v. 24). A postura do apóstolo foi categórica: para os que se desinteressaram pela pregação, deixou-os ir para sua própria condenação (vv. 25-29); para os que se interessaram, Paulo dedicou dois anos inteiros para os receber em sua casa (uma vez que estava em prisão domiciliar e, por isso, não poderia ir à casa de ninguém) “todos quantos vinham vê-lo”, a quem “ensinava com toda a liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo” (vv. 30 e 31). Não devemos desanimar se uma pessoa não estiver disposta a conhecer mais sobre o Evangelho – ela continua sendo um alvo evangelístico –, mas prosseguir tentando evangelizá-la com o uso de novas abordagens, sempre de acordo com a sua receptividade. Devemos perceber, de toda forma, que muitas vezes o desinteresse ou a hostilidade da pessoa não é contra o Evangelho em si, mas contra o que ela pensa que é o Evangelho. Por isso, devemos nos esforçar para fazer uma abordagem adequada à sua receptividade, pela qual o Evangelho possa ser anunciado de forma clara e fiel, e de modo desafiador (reveja a Mensagem na figura do ALVO na pág. 65). Somente se uma pessoa ouviu o Evangelho de forma clara e fiel terá, de fato, tido uma oportunidade válida de crer em Cristo (releia o conceito de evangelização na pág. 55). Uma vez que a pessoa evangelizada demonstre interesse no Evangelho, deve-se criar e aprofundar o Relacionamento Discipulador, que contribuirá para a sua conversão e integração à igreja local. Para o caso de a pessoa evangelizada ser do círculo de relacionamentos do evangelista, o interesse no Evangelho despertado pela pregação deve ocasionar a transformação de um relacionamento “normal” em um Relacionamento Discipulador. O Relacionamento Discipulador se difere de um relacionamento “normal” pela intencionalidade no “fazer discípulos”.
5.2 Relacionamento Discipulador para Agregar Discípulos
O objetivo principal do Relacionamento Discipulador é levar a
pessoa ao conhecimento de Deus, mas o evangelista discipulador também deve procurar relacionar a pessoa discipulada com o Corpo de Cristo. Muitas pessoas estão abertas a um relacionamento com Deus, mas são resistentes quanto a pertencer a uma igreja. Por isso, o evangelista- discipulador deve buscar apresentar a pessoa discipulada a outros crentes e à igreja como um todo, com vistas a sua agregação à comunidade de crentes pelo batismo. Do ponto de vista da igreja local, esta deve estar preparada para receber bem as pessoas que estão sendo discipuladas pelos seus membros e até mesmo os visitantes sem qualquer vínculo com a membresia, criando um ambiente de reconhecimento dessas pessoas, interação e receptividade. Uma das maneiras mais eficientes de agregar pessoas à comunhão da igreja é inserindo-as em um Pequeno Grupo Multiplicador – PGM (confira adiante na pág. 83).
5.3 Relacionamento Discipulador para Aperfeiçoar Discípulos
O Discipulado também diz respeito a “aperfeiçoar discípulos”.
O princípio é que o Relacionamento Discipulador seja algo que nunca termine, uma vez que todos os crentes precisam ser discipulados por alguém até o fim de sua vida com vistas ao seu contínuo amadurecimento. Para entendermos como essas dimensões do Discipulado se aplicam no Relacionamento Discipulador, precisamos rever um fato que é o divisor de águas na vida de uma pessoa que está sendo discipulada. Esse fato é a conversão. Para isso, recorremos a alguns dos valiosos princípios teológicos defendidos pelos batistas e cristalizados na Declaração Doutrinária da nossa Convenção Batista Brasileira, a qual dispõe o seguinte em sua Seção V sobre Salvação: A salvação é outorgada por Deus pela sua graça, mediante arrependimento do pecador e da sua fé em Jesus Cristo como único Salvador e Senhor. O preço da redenção eterna do crente foi pago de uma vez por Jesus Cristo, pelo derramamento do seu sangue na cruz. A salvação é individual e significa a redenção do homem na inteireza do seu ser. É um dom gratuito que Deus oferece a todos os homens e que compreende a regeneração, a justificação, a santificação e a glorificação. A regeneração é o ato inicial da salvação em que Deus faz nascer de novo o pecador perdido, dele fazendo uma nova criatura em Cristo. É obra do Espírito Santo em que o pecador recebe o perdão, a justificação, a adoção como filho de Deus, a vida eterna e o dom do Espírito Santo. Nesse ato o novo crente é batizado no Espírito Santo, é por ele selado para o dia da redenção final e é liberto do castigo eterno dos seus pecados. Há duas condições para o pecador ser regenerado: arrependimento e fé. O arrependimento implica mudança radical do homem interior, por força do que ele se afasta do pecado e se volta para Deus. A fé é a confiança e aceitação de Jesus Cristo como Salvador e a total entrega da personalidade a ele por parte do pecador. Nessa experiência de conversão o homem perdido é reconciliado com Deus, que lhe concede perdão, justiça e paz.
A justificação, que ocorre simultaneamente com a regeneração,
é o ato pelo qual Deus, considerando os méritos do sacrifício de Cristo, absorve, no perdão, o homem de seus pecados e o declara justo, capacitando-o para uma vida de retidão diante de Deus e de correção diante dos homens. Essa graça é concedida não por causa de quaisquer obras meritórias praticadas pelo homem mas por meio de sua fé em Cristo. A santificação é o processo que, principiando na regeneração, leva o homem à realização dos propósitos de Deus para sua vida e o habilita a progredir em busca da perfeição moral e espiritual de Jesus Cristo, mediante a presença e o poder do Espírito Santo que nele habita. Ela ocorre na medida da dedicação do crente e se manifesta através de um caráter marcado pela presença e pelo fruto do Espírito, bem como por uma vida de testemunho fiel e serviço consagrado a Deus e ao próximo” (grifos nossos). Com base nessas afirmações, podemos dizer que quando uma pessoa é verdadeiramente convertida, ou seja, salva, ela experimenta uma transformação tão radical que é impossível de não ser percebida. Observem bem o que a salvação proporciona, pelos destaques feitos antes: • “Redenção do homem na inteireza do seu ser”, “dele fazendo uma nova criatura em Cristo”, “mudança radical do homem interior” – Essas três frases estão relacionadas a uma transformação em todos os sentidos, de modo que nada escapa de ter sido resgatado por Cristo. O “tornar-se uma nova criatura” não tem apenas valor declaratório, mas um efeito prático, pois é muito difícil haver uma “mudança radical do homem interior” sem que isso transborde para o exterior. • “Se afasta do pecado”, “capacitando-o para uma vida de retidão diante de Deus”, “habilita a progredir em busca da perfeição moral e espiritual”, “presença e o poder do Espírito Santo que nele habita”, “caráter marcado pela presença e pelo fruto do Espírito” – Uma vez salva, a pessoa começa a sentir repulsa pelo mal, passando a se incomodar com pecados que antes eram tolerados em sua vida, e até amados. A santificação, embora seja gradativa, é algo que já começa a acontecer no momento da conversão, como resultado da ação do Espírito Santo, que passou a habitar na vida do novo convertido, levando-o a uma evolução de caráter marcado cada vez mais pelo fruto do Espírito. • “Se volta para Deus”, “total entrega da personalidade a ele”, “leva o homem à realização dos propósitos de Deus para sua vida” – Uma pessoa salva, que antes vivia apenas para si, começa a pensar sobre o modo como poderá servir ao Senhor, preocupando-se em fazer a vontade de Deus acima da sua própria. O novo convertido, sedento de Deus, costuma se interessar como nunca pela leitura da Bíblia e pela oração, buscando estar presente em todas as oportunidades em que possa de alguma maneira ouvir a voz de Deus. • “Confiança e aceitação de Jesus Cristo como Salvador”, “perdão, justiça e paz” – Uma alma cansada e sobrecarregada na busca pela salvação terá descanso assim que a encontrar em Cristo. Ela passará a experimentar alegria, perdão e paz. Embora continue pecadora, não viverá mais em desespero, pois sabe que a razão da salvação não é o seu mérito pessoal, mas a obra de seu Salvador, Jesus. • “Correção diante dos homens”, “vida de testemunho fiel”, “serviço consagrado a Deus e ao próximo” – A mudança na vida de um convertido será perceptível para as pessoas ao seu redor. Suas palavras e atitudes serão diferentes a partir da regeneração conferida pelo Espírito Santo. Ele buscará servir mais as pessoas, inclusive testemunhando com sua voz e vida a transformação por que passou. A pessoa salva é invadida por uma vontade grande de compartilhar com outros o que acabou de experimentar.
Tudo isso não significa que uma pessoa convertida se tornará
perfeita da noite para o dia, mas que, no mínimo, apresentará sinais nítidos e crescentes dessa transformação. Como é marcante ver isso acontecendo, quando há, de fato, alguém nascido de novo! Depois da conversão, o Relacionamento Discipulador prossegue, agora com o intuito de aperfeiçoar o discípulo, lembrando que desde o seu encontro com Jesus ele já está apto à multiplicação. Uma igreja, para ser considerada multiplicadora, deve procurar envolver seus membros na multiplicação de discípulos nas três dimensões do Discipulado. Vamos ver, então, como o Relacionamento Discipulador se desenvolve, para tanto analisando os seus elementos.
5.4 Elementos do Relacionamento Discipulador
Como vimos, o Relacionamento Discipulador é o relacionamento intencional de um discípulo com uma pessoa visando torná-la outro discípulo. Esse relacionamento possui seis elementos, que formam um acróstico com a palavra RAÍZES, como se pode ver a seguir:
Elementos do Relacionamento Discipulador
• R Relacionar-se Pessoalmente – O evangelista discipulador
deve investir tempo para estar com a pessoa discipulada, não apenas para conversar sobre o Evangelho e suas implicações, mas também para aprofundar o convívio e a relação de confiança. Esse relacionamento é essencial para a transmissão de vida, que se dá não apenas por palavras, mas através de um bom testemunho cristão que produz imitação (1 Coríntios 11.1, 4.16, Filipenses 3.17, 2 Timóteo 2.2). • A Agregar à Igreja – O evangelista discipulador deve buscar aproximar a pessoa discipulada ao Corpo de Cristo, procurando envolvê-la com outros crentes e com a igreja. Após a sua conversão, o discipulador deve trabalhar para o desenvolvimento dos dons da pessoa discipulada dentro do Corpo de Cristo e a liberação de seus sonhos ministeriais. O discipulador deve incentivar a participação do novo discípulo em um Pequeno Grupo Multiplicador (PGM) e a membresia ativa na igreja local. • I Interceder – O evangelista discipulador, que já deve orar pela pessoa discipulada antes mesmo de lhe anunciar o Evangelho, precisa a cada dia intensificar sua intercessão, para que experimente uma verdadeira transformação e, uma vez convertida, cresça no conhecimento de Deus e de Sua vontade. Tão logo seja possível, o evangelista discipulador deve também incentivar a pessoa discipulada a orar por outras pessoas que precisam conhecer Jesus. • Z Zelar Pela Pessoa – O evangelista discipulador deve procurar exercer compaixão pela pessoa discipulada, zelando por sua saúde espiritual, física, emocional, familiar e até financeira, dentro do possível. Isso não significa que o discipulador será um provedor de tudo, mas que pequenos gestos de compaixão podem falar mais alto que palavras, produzindo grande impacto para a compreensão do Evangelho. O Pequeno Grupo discipulador (PGM) pode ser muito valioso para auxiliar o discipulador no cumprimento desse aspecto do Relacionamento Discipulador. • E Ensinar o Evangelho e suas implicações – Esse tópico é o cerne do Relacionamento Discipulador. A pessoa discipulada precisa ser exposta ao máximo ao Evangelho, pois é o poder de Deus para a salvação (Romanos 1.16), sabendo também que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus (Romanos 10.17). Por isso, até que se converta, a pessoa interessada continua sendo um alvo evangelístico, razão por que necessita ter contato com o Evangelho uma, duas, três, vinte vezes, até que o compreenda a ponto de se arrepender de seus pecados, depositar toda a sua confiança em Jesus Cristo e passar pela obra de regeneração espiritual. A maneira mais concentrada de fazer isso é por meio da ministração de Estudos Bíblicos Evangelísticos. Mas também devemos buscar ocasiões em que a pessoa discipulada tenha contato com a mensagem do Evangelho por outras vias (ex.: culto ou cruzada evangelística e vídeos de pregação do Evangelho). Não se deve confundir o ensino do Evangelho (releia o conceito de Evangelho no item Mensagem, figura do ALVO, pág. 65) com a aculturação da pessoa ao “jeito de ser” evangélico. Por mais que isso possa somar, não é o encontro com a igreja ou seu contexto que pode promover uma conversão genuína, mas um encontro com Jesus. Mesmo depois da conversão da pessoa esse tópico se mantém. Paulo diz em Colossenses 1.28 e 29 que ele anunciava a Cristo, “admoestando a todo o homem, e ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo”, sabendo que o poder que operava era o do Espírito Santo. O Evangelho jamais se torna matéria ultrapassada para um cristão. Todos os aspectos da nossa vida são cobertos pelos desdobramentos do Evangelho. Em Cristo encontramos “tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e virtude” (2 Pedro 1.3). Por isso, o Relacionamento Discipulador implica o exercício permanente de exortação e ensino bíblico aplicado do evangelista discipulador para a pessoa discipulada, assim como aconselhamento bíblico, podendo se adicionar a isso outros materiais de apoio no Relacionamento Discipulador. • S Solicitar Contas – Tendo em vista que o Relacionamento Discipulador se estabeleceu sobre a condição do interesse da pessoa discipulada no Evangelho, o discipulador deve constantemente impulsioná-la a avançar em seu conhecimento de Deus, que é o alvo principal, solicitando contas sobre a sua prática de oração e leitura bíblica e o cumprimento de pequenas tarefas estabelecidas de comum acordo. Quando convertida, o evangelista discipulador deve procurar saber regularmente da pessoa discipulada como anda o seu relacionamento com Deus, sua vida devocional, sua santificação pessoal, seu serviço prestado ao Corpo de Cristo e às demais pessoas, e o progresso com relação às pessoas com quem mantém Relacionamento Discipulador.
6 Cadeia de Relacionamentos Discipuladores
“Fazer discípulos” é o chamado primordial de cada cristão. Toda
pessoa salva deve se envolver na Evangelização Discipuladora. Quando todos os crentes estão discipulando alguém, forma-se uma cadeia de Relacionamentos Discipuladores, que proporcionará a multiplicação exponencial de discípulos.
“Fazer discípulos” é o chamado primordial de
cada cristão.
Fazer estudos bíblicos com novos convertidos imediatamente
após a sua decisão de seguir a Cristo e depois deixá-los por si mesmos é relativamente fácil. O desafio é ingressar todos os membros de igrejas estabelecidas na vida discipular. Nós temos que fazer da Evangelização Discipuladora um programa em que todos os cristãos estejam envolvidos para toda a vida. Um cristão sozinho, seja ele o pastor ou líder da igreja, não terá condições de discipular todas as pessoas ao mesmo tempo. Sem uma cadeia de Relacionamentos Discipuladores, a multiplicação ficará comprometida.
Nós temos que fazer da Evangelização
Discipuladora um programa em que todos os cristãos estejam envolvidos para toda a vida.
Iniciar com o pastor ou líder da igreja fará com que a visão de
multiplicação tenha valor para as demais pessoas. Muitos cristãos, por não terem sido discipulados, não entendem como funciona esse processo e não têm condições de fazer discípulos multiplicadores. A melhor forma de quebrar esse andamento e estabelecer essa cadeia dinâmica de Relacionamentos Discipuladores é começar com o pastor ou líder e a sua liderança estratégica. A sugestão é que o pastor ou líder inicie o processo com no máximo dez pessoas. Mais do que isso, o processo pode se tornar inviável, pois “fazer discípulos” exige muito tempo e dedicação. Esses líderes deverão iniciar o discipulado com outras pessoas e estas, por sua, vez iniciarão com outras pessoas e, assim, forma-se a cadeia de Relacionamentos Discipuladores. Cada discípulo precisará ajustar a sua agenda para que encontre tempo para desenvolver os seus Relacionamentos Discipuladores, para conviver, ministrar e ser ministrado, tanto junto com o seu discipulador quanto com os seus discípulos. Se a estrutura da igreja estiver muito voltada para eventos, reuniões e atividades secundárias, dificilmente haverá tempo para o discipulado. Mas, desde que “fazer discípulos” é o nosso chamado primordial, tudo será uma questão de estabelecermos qual é a nossa prioridade. Na realidade, todas as organizações podem e devem trabalhar a cadeia de Relacionamentos Discipuladores. Se quisermos multiplicar discípulos precisamos pagar o preço no que diz respeito ao tempo que investimos nessa causa tão nobre, a começar da liderança da igreja e envolvendo todos os membros e organizações. Portanto, gerar uma cadeia de Relacionamentos Discipuladores, partindo do pastor ou líder e de sua liderança estratégica, é a chave para a multiplicação exponencial de discípulos. Na seção seguinte, vamos conferir um resumo da ferramenta dos Pequenos Grupos Multiplicadores, que é tratada com detalhes em um livro auxiliar também produzido por Missões Nacionais.
7 O Pequeno Grupo Multiplicador (PGM)
Pequenos Grupos não são uma novidade para os batistas
brasileiros. Em 1988, o Plano Nacional de Evangelização (PNE) promovido por Missões Nacionais disseminou com grande aceitação a estratégia de pequenos grupos então chamados Núcleos de Estudos Bíblicos, os quais tinham a seguinte justificativa: “Por que Núcleos de Estudos Bíblicos? O Programa NEBs constitui-se um dos mais urgentes métodos para o desenvolvimento das nossas igrejas. Não por ser um método novo, visto que foi amplamente usado pela Igreja Primitiva, como podemos perceber em passagens bíblicas como Atos 5:42, 8:3, 10:24; Romanos 16:15; I Coríntios 16:19; Colossenses 4:15 e Filemon 2. Trata-se, pois, não tanto de uma inovação, mas da recuperação de um programa muito bem sucedido no passado e que, uma vez adaptado ao contexto da sociedade moderna, satisfaz plenamente as necessidades do presente”7. Agora, com a Igreja Multiplicadora, Missões Nacionais retoma a estratégia de pequenos grupos, ora chamados de Pequenos Grupos Multiplicadores (PGMs), como ferramentas do cumprimento da Grande Comissão em nível local e uma importante estrutura de apoio à Igreja Multiplicadora. Observe como o PGM coopera com os cinco princípios, em especial a Evangelização Discipuladora, tema deste capítulo. 1) Oração: O PGM ajuda a fomentar a oração entre seus participantes, principalmente com respeito à intercessão pelas vidas não salvas e pelas pessoas evangelizadas e discipuladas; 2) Compaixão e Graça: O PGM proporciona um ambiente para o exercício de compaixão e graça, tanto entre os seus participantes, que experimentam o amor de Deus por meio dos relacionamentos, quanto para a comunidade e as pessoas evangelizadas e discipuladas.
O PGM é um celeiro de lideranças, por permitir
o vasto exercício dos dons e ministérios e a identificação de novos líderes, levando-os à
multiplicação.
3) Formação de Líderes: O PGM é um celeiro de lideranças, por
permitir o vasto exercício dos dons e ministérios e a identificação de novos líderes, levando-os à multiplicação; 4) Plantação de Igreja: O PGM é fundamental na formação de novas igrejas, pois é o protótipo da futura comunidade cristã em termos de edificação na palavra, relacionamentos, cuidado e serviço mútuos. No capítulo de Plantação de Igrejas você aprenderá como começar uma nova igreja através do PGM. 5) Evangelização Discipuladora: O PGM potencializa o anúncio do Evangelho e a criação e o aprofundamento de Relacionamentos Discipuladores. No PGM, os crentes apoiarão uns aos outros na oração por salvação (Cartão Alvo) e pelo aperfeiçoamento das pessoas evangelizadas e discipuladas. Com relação ao anúncio do Evangelho, convidar uma pessoa não convertida para o PGM serve de abordagem indireta para pessoas menos receptivas a uma conversa espiritual, especialmente por preconceito contra o Evangelho, mas que talvez se interessem através do convívio, podendo, inclusive, ser este o primeiro vínculo formado. Pensando na agregação de pessoas em processo de Relacionamento Discipulador, o PGM auxilia na aproximação que elas devem ter com outros cristãos e com o Corpo de Cristo, objetivando a sua conversão e o seu batismo e, quando se convertem, o desenvolvimento de dons e ministérios para aperfeiçoamento dos santos. Também no que se refere ao Relacionamento Discipulador, os membros do PGM podem ajudar o evangelista discipulador no zelo que deve ter pelas pessoas que estiver discipulando.
O PGM existe para desenvolver de forma
potencializada todos os elementos do Relacionamento Discipulador.
Por fim, o PGM colabora no ensino do Evangelho e de seus
desdobramentos, com o detalhe de que essa pessoa estará sendo evangelizada de forma mais concentrada dentro do próprio Relacionamento Discipulador, individualmente. Desta forma, o PGM existe para desenvolver de forma potencializada todos os elementos do Relacionamento Discipulador, tudo isso culminando para a manifestação da glória de Deus por meio da Evangelização Discipuladora, como podemos ver na ilustração a seguir:
Propósitos do PGM
Portanto, podemos definir o Pequeno Grupo Multiplicador como:
Um pequeno grupo de pessoas que se reúne regularmente
para glorificar a Deus por meio do fortalecimento de Relacionamentos Discipuladores e da multiplicação de discípulos. Um tópico importante em matéria de PGM é que os grupos sejam configurados desde o início para a multiplicação. PGM saudável é aquele que cresce e se multiplica. Esse crescimento deve se dar principalmente pela chegada de novas pessoas não crentes, que, através do ensino do Evangelho e do convívio proporcionados pelo PGM – em apoio ao Relacionamento Discipulador individual que se desenvolve em paralelo -, experimentam a conversão e podem ser agregados à igreja mediante o batismo. A multiplicação é a criação de um novo PGM, ocasionada pelo surgimento e a afirmação de novos líderes multiplicadores. Para mais informações, confira o livro: Pequeno Grupo Multiplicador na Livraria de Missões Nacionais: www.livrariamissoesnacionais.org.br
8 Discussão em Grupo
8.1 Questões Para Revisão
1) O que é Evangelização à luz da Grande Comissão?
2) O que é um discípulo?
3) O que é Discipulado?
4) O que é Evangelização Discipuladora?
5) “Fazer discípulos” implica que ações?
a) b)
c)
d)
6) Preencha as lacunas a seguir, em se tratando de Anunciar o
Evangelho: a) O público-alvo deve ser .
b) A mensagem deve ser .
c) A abordagem deve ser conforme
a .
d) A linguagem deve ser .
e) O vínculo deve ser desde
o início. f) A oração é .
7) O que é Relacionamento Discipulador?
8) Quais os elementos do Relacionamento Discipulador?
a)
b)
c)
d) e)
f)
9) O que é Pequeno Grupo Multiplicador e para que serve?
8.2 Estudo de Caso:
Vamos exemplificar duas formas de abordagem evangelística
bem diferentes quanto à sua complexidade, mas apropriadas à sua maneira para os seus respectivos contextos. Abordagem Direta
Uma pesquisa feita por Missões Nacionais por ocasião da
MEGATRANS 2012 com mais de 215 mil pessoas em todo o Brasil constatou que 88% delas aceitam ouvir sobre a Palavra de Deus se perguntadas se fariam isso. Dentre essas, o percentual das que tomaram uma decisão ao lado de Jesus e/ou externaram interesse em conhecer sobre o Evangelho foi de 12%. Isso demonstra que muitas vezes podemos estar demasiadamente preocupados com estratégias complexas de acesso para um público-alvo que já está disponível à comunicação do Evangelho. MEGATRANS 2012 Percentual de Receptividade dos Brasileiros a uma Abordagem Direta Evangelização com Motociclistas
Um missionário de Missões Nacionais enviado para uma cidade
turística de Pernambuco começou um projeto de Evangelização Discipuladora com motociclistas. Como abordagem inicial, ele idealizou um evento relacionado com o Dia da Criança, promovendo também uma festa de recepção para os motociclistas que chegavam à cidade para a programação, com fogos de artifício, música e comida, terminando com a distribuição de bíblias e uma oração pela proteção de Deus para sua viagem de retorno. Impactados pelo tratamento, alguns aproveitaram para compartilhar seus dilemas pessoais com o missionário. Um “motoculto” foi programado para uma vez por mês, ocasião em que os motociclistas passaram a ouvir o Evangelho. O local ficou pequeno e a programação foi transferida para uma igreja batista da capital do estado, onde acontece um “motoculto” mensal, que cresce cada vez mais com a presença de dezenas de motociclistas, dentre os quais alguns já se converteram e estão se preparando para o batismo. Esse é um exemplo de uma abordagem indireta adequada para um público-alvo com menor receptividade, gerando grandes resultados. 8.3 Questões Para Reflexão:
1) Evangelização e Discipulado são conceitos que temos
interpretado corretamente à luz da Grande Comissão? 2) A proclamação do Evangelho e o desenvolvimento de relacionamentos intencionais com vistas a “fazer discípulos” são duas coisas antagônicas, ou estão, na verdade, unidas na Grande Comissão? 3) Nossa semeadura tem sido realmente abundante? Temos buscado evangelizar pessoas desconhecidas, ou isso tem sido um entrave? As pessoas com quem já travamos relacionamentos (parentes e amigos) têm sido alvo de nossa evangelização discipuladora? 4) Temos dado a devida atenção a todas as pessoas que têm se mostrado interessadas no Evangelho quando o anunciamos? 5) Será que todos os membros de nossas igrejas têm sido, de fato, discipulados? Se não, o que podemos fazer para mudar essa realidade? 6) Quando pensamos em Discipulado, qual a primeira coisa que vem a nossa mente: ministração de estudos bíblicos ou Relacionamento Discipulador? Em outras palavras, na nossa prática de Discipulado, temos estado mais preocupados com o material a ser estudado, ou com as pessoas?
7 NOVAES, Carlos César Peff. PEREIRA, Odilon Santos. RIOS, Billy