Evangelização Discipuladora

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OBJETIVOS

Ao chegar a este ponto, você deve estar se perguntando


por que Missões Nacionais tem considerado Evangelismo e
Discipulado juntos em um mesmo princípio de Igreja
Multiplicadora. Nossa expectativa é que, depois de ler este
capítulo, você seja capaz não só de compreender isso, mas
também de:
• Definir os conceitos de Evangelização e Discipulado à
luz da Grande Comissão;
• Explicar o que é Evangelização Discipuladora e
Relacionamento Discipulador;
• Avaliar que a proclamação do Evangelho deve estar
aliada a um Relacionamento Discipulador;
• Identificar as implicações e os benefícios da
Evangelização Discipuladora para a dinâmica da igreja
local;
• Avaliar como a estratégia de Pequenos Grupos
Multiplicadores potencializa a Evangelização Discipuladora
na igreja local.
• Para isso, vamos antes rever algumas definições
bíblicas importantes.
1 A Evangelização à luz da Grande Comissão
Para construirmos uma definição de Evangelização Discipuladora,
precisamos entender primeiro o que é Evangelização a partir da
reflexão sobre a essência, o propósito, as motivações, a fonte de
poder e o alvo da Evangelização.

1.1 A Essência da Evangelização – Qual a essência da


Evangelização?
Evangelizar é, por essência, anunciar o Evangelho e torná-lo
conhecido.
Para que alguém se converta e se torne um discípulo de Jesus,
é necessário que ouça o Evangelho pelo menos uma vez e o
compreenda, recebendo-o em seu coração pela fé. Quase sempre
que a palavra Evangelho ocorre no Novo Testamento associada a
algum verbo, trata-se de “anunciar”, “pregar”, “fazer notório”,
“comunicar”, “proclamar”, “testemunhar” e “falar”. Paulo
chamou a atenção para essa essência da Evangelização em vários
textos, entre eles 1 Coríntios 1.21:“(...) foi do agrado de Deus salvar
os que creem por meio do absurdo da pregação”. Ainda, Romanos
10.14-17: “Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E como
crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não há
quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Assim como está
escrito: Como são belos os pés dos que anunciam coisas boas! Mas nem todos
deram ouvidos ao evangelho; pois Isaías diz: Senhor, quem deu crédito à
nossa mensagem? Portanto, a fé vem pelo ouvir, e o ouvir, pela palavra de
Cristo”.

1.2 O Propósito da Evangelização – Qual o propósito da


evangelização?
Quanto ao propósito, evangelizar é oferecer às pessoas uma
oportunidade válida de crer em Jesus Cristo. Por válida, queremos
dizer uma oportunidade em que o Evangelho seja proclamado de
maneira clara e fiel de modo que a pessoa possa vir a
compreendê-lo e responder positivamente. A clareza está
relacionada à forma (linguagem) com que o Evangelho é
proclamado e a fidelidade se refere à concordância com a Bíblia e
a teologia do Evangelho. As duas coisas são igualmente
importantes na Evangelização.

1.3 A Motivação para a Evangelização – Qual deve ser a


motivação?

A Bíblia nos orienta a fazer tudo para a glória de Deus (1


Coríntios 10.31). O apóstolo Paulo parece considerar a
evangelização, antes de tudo, como um ato de adoração, como
explica em 1 Tessalonicenses 2.4: Assim como fomos aprovados por
Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, não para
agradar a homens, mas a Deus, que testa nosso coração”.
Desta forma, a motivação última para a Evangelização é glorificar a
Deus. Essa motivação se desmembra em duas expressões: o nosso
amor a Cristo por meio da obediência e a compaixão pelas vidas
perdidas. Jesus disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e a eles
obedece, esse é o que me ama” (João 14.21).

Devemos insistir na pregação, até porque uma pessoa só


deixa de ser um alvo evangelístico quando se converte a Cristo.
A isso se conecta a segunda expressão da motivação para a
Evangelização, que é glorificar a Deus através da compaixão que
devemos ter pelas almas perdidas, ilustrada, entre outros textos,
no exemplo do Senhor Jesus: “Vendo as multidões, compadeceu-se
delas, porque andavam atribuladas e abatidas, como ovelhas que não
têm pastor” (Mateus 9.36).

1.4 A Fonte de Poder para a Evangelização


A fonte de poder para a Evangelização é o Espírito Santo.
Quando os apóstolos foram revestidos do poder do Espírito
Santo, nada – nem perseguição, timidez, medo ou falta de
preparo – foi empecilho para a pregação ousada e perseverante.
Jesus não só nos deixou uma ordem (“ide”) como também nos
municiou de tudo que precisamos para cumpri-la: o pleno e
suficiente revestimento do Espírito Santo e a nossa total
dependência d’Ele (Atos 1.8).

1.5 O Alvo da Evangelização


Por fim, o alvo da Evangelização é persuadir as pessoas a
crerem em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, de modo a
serem acrescidas à igreja mediante a profissão de fé e o batismo,
iniciando o seu amadurecimento em santidade. Esse alvo fica
claro quando nos voltamos para a Grande Comissão, que é a
ordem dada pelo Senhor Jesus a sua igreja para que ela vá (“ide”)
ao mundo perdido (“todas as nações”) e de lá suscite discípulos
para Jesus (“fazei discípulos”), batizando-os e ensinando-os a
obedecer. Interessante notarmos que o Senhor Jesus enfatiza o
“fazer discípulos”, que representa a ordem principal da Grande
Comissão. Isso pode ser representado pelo seguinte diagrama:

A ênfase da Grande Comissão: “Fazer Discípulos”


Isso não significa, porém, que “ir”, “batizar” e “ensinar a
obedecer” devam ficar em segundo plano, pois, se olharmos a
Grande Comissão sob a ótica daquilo que Jesus deseja que
aconteça, fica claro que ela deve promover a geração de
discípulos, a sua inclusão na igreja e a sua iniciação no processo
de aperfeiçoamento cristão.
É certo que a Evangelização muitas vezes envolve o “lançar a
semente” e que nossa ocupação inicial deve ser a quantidade e a
qualidade da semeadura, confiando os resultados nas mãos de
Deus. Também é fato que a conversão é uma obra sobrenatural
do Espírito Santo e a regeneração um milagre que não depende
de nós e, ainda, que é Ele que acrescenta à igreja os salvos (Atos
2.47). Mas cabe a nós o interesse pela conversão de vidas e não a
Evangelização como um fim em si mesma, desconectada da
Grande Comissão. Por isso, toda ação de Evangelização deve visar
fazer discípulos, ainda que os resultados em termos de
conversões não dependam exclusivamente dos nossos esforços.
Seja como for, o alvo da Evangelização, que é fazer discípulos,
deve ser buscado intensamente. Por exemplo, Paulo diz que ele
“procurava convencer os homens” (2 Coríntios 5.11), o que deve ser
imitado por todos nós.

Quando pregamos o Evangelho de forma clara e fiel buscando


conversões, e tais conversões não acontecem por alguma
circunstância, isso não quer dizer que não houve Evangelização. O
que determina se a Evangelização ocorreu é se, além da clareza e
fidelidade da mensagem, esteve presente o alvo de persuadir a
pessoa à fé em Jesus. Assim, por exemplo, podemos dizer que
Filipe evangelizou o eunuco (Atos 8), ainda que, em face da
situação de afastamento geográfico, não tenha tido condições de,
após batizá-lo, prosseguir com ele no processo de
amadurecimento cristão. Veja que o evangelista foi até onde as
circunstâncias permitiram. De toda sorte, a intencionalidade de
cumprimento da Grande Comissão foi visível naquela iniciativa
evangelística.

1.6 Definição de Evangelização

Portanto, podemos definir a Evangelização como:


A comunicação clara e fiel do Evangelho visando, sob o poder e a
dependência do Espírito Santo, levar pessoas ao arrependimento e
à fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, tornando-se seus
discípulos.
Acabamos de chegar à definição de Evangelização. Vamos,
agora, entender os contornos bíblicos do outro braço da
Evangelização Discipuladora, que é o Discipulado, para, em
seguida, aprender como ambos devem trabalhar juntos para o
cumprimento da Grande Comissão, tanto para crescimento da
igreja local quanto para a plantação de novas igrejas.

2 O Discipulado à Luz da Grande Comissão


Geralmente, associa-se o Discipulado à última parte da Grande
Comissão, isto é, ao “ensinar a obedecer a todas as coisas que
[Jesus ordenou]” para novos convertidos. Mas, será que o “fazer
discípulos” deve acontecer somente após a conversão? Afinal, o
que é Discipulado à luz da Bíblia?

2.1 O Discípulo e o Discipulado


Em primeiro lugar, devemos notar que a palavra “discipulado”
não ocorre na Bíblia, mas apenas o termo “discípulo” e a
expressão imperativa “fazei discípulos” (Mateus 28.19). Desta
forma, antes de construirmos um conceito de Discipulado, é
importante entendermos o que é um discípulo e o que é “fazer
discípulos”.
“Discípulo” (“mathetes”, no grego) quer dizer aluno, aprendiz,
aquele que aprende, que segue e se entrega ao ensino de alguém,
aquele que se assenta aos pés de um mestre para aprender com
ele. “Discípulo” era uma palavra usual nos tempos do Novo
Testamento. Tanto que o termo não foi usado apenas para
designar os seguidores de Jesus. Antes, há menção aos discípulos
de João Batista (Mateus 9.14), de Moisés (João 9.28) e também
dos fariseus (Marcos 2.18). Jesus, também, começou seu
ministério chamando discípulos para si, que o seguiram, tendo-o
como mestre. Desde que “discípulo” era uma palavra de uso
comum na cultura judaica, até Judas Iscariotes foi inicialmente
contado entre os discípulos (Mateus 10.2-4, Marcos 3.16- 19 e
Lucas 6.13-16).
No entanto, a palavra “discípulo” evoluiu em significado
teológico e passou a ser empregada no Novo Testamento,
especialmente no Livro de Atos, com uma conotação mais
própria, para designar todos aqueles que se convertiam ao
Evangelho. De fato, todos os crentes, todos os irmãos, passaram a
compor a “multidão dos discípulos” (Atos 6.2),
cujo número ia aumentando cada vez mais, como se lê em Atos
6.7: “E a palavra de Deus era divulgada, de modo que o número dos
discípulos em Jerusalém se multiplicava muito, e vários sacerdotes
obedeciam à fé”.
Outros textos de Atos retratam como a palavra “discípulo”
significava, na igreja primitiva, todo aquele que cria em Jesus e era
salvo, integrando-se no Corpo de Cristo: “Ao chegar em Jerusalém,
Saulo procurou juntar-se aos discípulos; mas todos tinham medo dele e não
acreditavam que ele fosse um discípulo” (Atos 9.26). E, ainda:“Tendo-o
achado, levou-o para Antioquia. E, durante um ano inteiro, reuniram-se
naquela igreja e instruíram muita gente. Em Antioquia, os discípulos
foram chamados de cristãos pela primeira vez” (Atos 11.26).
Portanto, o discípulo de Cristo pode ser assim definido:
Toda pessoa que, sendo salva por meio da fé em Jesus Cristo,
passa a segui-lo como seu Senhor.
Agora, vamos examinar a expressão “fazer discípulos”
encontrada na Grande Comissão.

2.2 O “Fazer Discípulos” e o Discipulado: As três Dimensões

No original, em grego, a palavra em Mateus 28.19 é


matheteusate. Presente na forma imperativa, literalmente significa
discipulai, ação essa que compreende tanto admitir (alistar ou
angariar) discípulos, alunos, quanto passar a ensiná-los e treiná-
los.
Podemos perceber desde já que “fazer discípulos” – tradução
mais comum em Português – deve ser entendida não apenas
como sinônimo de aperfeiçoar uma pessoa que já é considerada
um discípulo, mas também de fazer com que alguém que não é
um discípulo se torne um. A primeira atitude do Discipulado
praticado por Jesus foi, na maioria absoluta dos casos, chamar
pessoas para segui-lo (Mateus 4.18-22, Marcos 1.14-20 e Lucas
5.1-11). Desta forma, se entendemos Discipulado à luz do
discipulai exposto na Grande Comissão e da prática de Jesus,
então as pessoas perdidas são o seu público-alvo primário.
O Livro de Atos também aponta para isso: “E, depois de anunciar o
evangelho naquela cidade e de fazer muitos discípulos, voltaram para Listra,
Icônio e Antioquia” (Atos 14.21).

A primeira ação no sentido de fazer discípulos


é chamar pessoas para seguir a Jesus

O texto indica que Paulo e Barnabé anunciaram o Evangelho


com um alvo muito bem definido: fazer discípulos, isto é, alistar
novos discípulos para Jesus Cristo. Certamente eles dedicaram
tempo suficiente para desenvolver um relacionamento com
aquelas pessoas até que elas efetivamente se converteram e
passaram a seguir a Jesus como Senhor e Salvador, tornando-se,
enfim, seus discípulos. De igual forma hoje, a primeira ação no
sentido de fazer discípulos é chamar pessoas para seguir a Jesus,
sendo essa a primeira dimensão do Discipulado.
Só que a Grande Comissão não para nesse ponto: ela nos
ordena também a batizar os discípulos, agregando-os à
comunhão na igreja de Cristo. Nisso se traduz a segunda
dimensão do Discipulado: agregar discípulos. Esse era o
procedimento dos apóstolos (Atos 2.38,41, 8.12,13,38, 9.18 e
16.15,33), como descrito em Atos 2.41: “De sorte que foram
batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia
agregaram-se quase três mil almas” (Almeida Corrigida e Fiel).
Naturalmente, a expressão “agregaram-se” traz implícita a
integração das pessoas na comunidade dos crentes, o que deve
acontecer com todo convertido. Um exemplo disso é o próprio
apóstolo Paulo, que, depois de batizado, foi imediatamente
introduzido ao convívio dos discípulos que estavam em Damasco
(Atos 9.18,19). Assim também Lídia e o carcereiro de Filipos (Atos
16.15,33,34).
Depois de agregar discípulos, a Grande Comissão nos manda a
ensiná-los a obedecer todas as coisas que o Senhor Jesus Cristo
nos tem ordenado; ou seja, “aperfeiçoar discípulos”, que é,
enfim, a terceira dimensão do Discipulado.
Após terem chamado e agregado discípulos em uma nova
comunidade de crentes, os missionários em Atos 14 também se
preocuparam em retornar às outras cidades para confirmar o
ânimo dos discípulos e exortá-los a perseverar na fé:
“E, depois de anunciar o evangelho naquela cidade e de fazer muitos
discípulos, voltaram para Listra, Icônio e Antioquia, renovando o ânimo
dos discípulos, exortando-os a perseverar na fé, dizendo que em meio a
muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus” (vv.
14.21,22).
Esse conceito está bem retratado em Colossenses 1.28,29, em que
o apóstolo Paulo esclarece que, além de anunciar, buscava
admoestar e ensinar os convertidos: “A ele anunciamos,
aconselhando e ensinando todo homem com toda a sabedoria, para
que apresentemos todo homem perfeito em Cristo. Para isso eu trabalho,
lutando de acordo com a sua eficácia, que atua poderosamente em
mim”.
Assim, essa terceira dimensão do Discipulado (aperfeiçoar
discípulos), tem em vista “apresentar todo o homem perfeito em
Cristo”, como podemos ler também em Efésios 4.12,13:
“Tendo em vista o aperfeiçoamento dos santos
para a obra do ministério e para a edificação do corpo de Cristo; até que todos
cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de
Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da
plenitude de Cristo”.
Atos 28.30,31 relata que “Paulo morou durante dois anos inteiros
na casa que havia alugado e recebia todos que o visitavam, pregando o
reino de Deus e ensinando as coisas concernentes ao Senhor Jesus Cristo,
com toda a liberdade, sem impedimento algum”. Esse texto traz a noção
clara de que Paulo investiu tempo no aperfeiçoamento cristão de
todas as pessoas interessadas. Mais à frente veremos outros
exemplos como esse.
Percebemos, então, que o Discipulado à luz da Grande
Comissão começa com o “chamar discípulos”, passa pelo
“agregar” – isto é, pelo integrar o novo convertido na igreja
local mediante o batismo – e compreende também o “ensinar a
obedecer” – que é o “aperfeiçoar”.
Veja isso neste gráfico:
As três dimensões do Discipulado

Todas essas ações devem ser permeadas por um “criar e


aprofundar” de relacionamentos intencionais, conforme esta
ilustração:

Ações da Grande Comissão

2.3 O Discipulado Multiplicador e o Envio dos Discípulos

O Discipulado (“fazer discípulos”) é a estratégia criada por Jesus


para alcançar o mundo, pois por meio dele é possível multiplicar
discípulos para o avanço do Evangelho geograficamente e através
das gerações.
A partir do momento em que uma pessoa se torna discípulo de
Jesus mediante a sua conversão, passando a segui-lo como seu
Senhor, torna- se apta a fazer novos discípulos. Os exemplos
bíblicos são vários, entre eles:
• A mulher samaritana, que, imediatamente depois do
encontro com Jesus, “foi à cidade e disse ao povo: Vinde, vede
um homem que me disse tudo o que tenho feito; será ele o
Cristo?” (João 4.28,29). Em resposta, o povo saiu da cidade
para ter com Jesus (v. 30).
• O ex-endemoninhado gadareno, que, tão logo foi liberto por
Jesus, foi por Ele comissionado: “Vai para casa, para a tua
família, e anuncia-lhes quanto o Senhor fez por ti e como teve
misericórdia de ti”
(Marcos 5.19). Em seguida, “ele se retirou e começou a divulgar
em Decápolis tudo quanto Jesus lhe havia feito; e todos se
admiravam” (v. 20).
• André, a partir do instante em que encontrou Jesus, foi em
busca de seu irmão Simão Pedro, para quem anunciou:
“Achamos o Messias (que, traduzido, é o Cristo). E levou-o a
Jesus” (João 1.41,42).

Por isso, o envio do novo discípulo com a missão de fazer novos


discípulos não é uma etapa do Discipulado e muito menos uma
ação que tenha lugar somente depois do “agregar” ou do
“aperfeiçoar”, mas uma consequência do próprio chamado para
ser um discípulo, pois todo discípulo de Jesus é comissionado a ser
um multiplicador: “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de
homens” (Mateus 4.19 e Marcos 1.17).

2.4 Definição de Discipulado

O Discipulado, como encontrado no chamado primordial de


cada cristão, é mais do que ministrar estudos bíblicos ou ter classe
de doutrina para um novo convertido, pois começa com o
relacionamento intencional que deve ser gerado desde a primeira
ação evangelística que objetiva “chamar discípulos
multiplicadores”, prossegue pelo “agregar discípulos” e continua
no “aperfeiçoar discípulos”.
Diante disso, podemos definir o Discipulado como:

O processo de fazer discípulos multiplicadores por


meio do relacionamento intencional de um discípulo
com uma pessoa visando torná-la outro discípulo.
Isso é o que a partir de agora chamaremos de Relacionamento
Discipulador RD, que é o relacionamento intencional de um
discípulo com uma pessoa visando torná-la outro discípulo, cujos
elementos vamos estudar mais à frente. O RD pode acontecer
entre um discípulo e uma pessoa não convertida visando torná-la
um discípulo ou entre um discípulo e outro visando aperfeiçoá-lo.
Observem que o Discipulado está relacionado com o processo de
“fazer discípulos” encontrado na Grande Comissão, enquanto o
Relacionamento Discipulador é o meio pelo qual esse processo se
desenvolve. Observe, então, a definição de Evangelização
Discipuladora a seguir.

3 Definição de Evangelização Discipuladora

Evangelização e Discipulado precisam ser unidos debaixo da


autoridade da Grande Comissão. Primeiro, porque é somente à luz
dela que esses dois conceitos podem ser entendidos de forma
completa. Segundo, porque só quando eles são plenamente
compreendidos é que a igreja está apta a cumprir a Grande
Comissão em toda a sua abrangência. A Grande Comissão é,
portanto, o ponto de partida e o de chegada da Evangelização
Discipuladora.
O cumprimento da Grande Comissão exige a aplicação conjunta
dessas duas forças: a transmissão de verdades por intermédio da
comunicação do Evangelho e seus desdobramentos, o que
compreende a sua proclamação, exposição e ensino, inclusive
quanto a suas implicações para a vida cristã, e a transmissão de
vida por meio de um relacionamento.
A comunicação do evangelho aliada ao relacionamento
discipulador é o que chamamos de Evangelização Discipuladora,
um dos princípios de Igreja Multiplicadora extraídos do Novo
Testamento. A ideia é que a proclamação (evangelização) e o
cuidado pessoal (discipulado) devem andar de mãos dadas para o
cumprimento da nossa missão. Ainda que a Grande Comissão
tenha começado a se expressar por meio de sermões públicos, os
apóstolos logo entenderam a necessidade de integrar os que
criam e ensinar-lhes a obedecer ao que Cristo ensinou. Por isso,
os discípulos sempre acolhiam em torno de si as pessoas
receptivas ao evangelho. Observem alguns exemplos no Livro de
Atos:

Em 2.40-42, depois de seu sermão, Pedro “com muitas outras


palavras (…) deu testemunho e exortava as pessoas”. Os que
aceitaram de bom grado o evangelho foram batizados e
começaram a perseverar no ensino dos apóstolos, na comunhão e
nas orações. Isso mostra uma dedicação integral dos apóstolos às
pessoas receptivas à pregação. No v. 42, os apóstolos “todos os
dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de
anunciar a Jesus Cristo”. Ora, para os apóstolos terem estado nas
casas, isso dependeu de os seus moradores estarem interessados
em conhecer mais sobre o evangelho.
Em Antioquia da Pisídia (13.4ss.), Paulo começou pregando o
evangelho publicamente na sinagoga. Tendo muitos dos judeus e
prosélitos crido, estes seguiram Paulo e Barnabé. Os dois, então,
dedicaram atenção imediata a esses, falando-lhes e exortando-os
(v. 43). Na semana seguinte, “ajuntou-se quase toda a cidade a
ouvir a palavra de Deus” (v. 44). Alguns rejeitaram a mensagem
(v. 46), outros creram (v. 48). Os apóstolos se dispuseram a
dedicar tempo aos interessados.
Em Icônio, Paulo e Barnabé falaram na sinagoga e muitos
creram; outros permaneceram incrédulos (14.1,2). Em seguida, os
missionários investiram “muito tempo” ali, “ falando
ousadamente no Senhor” (v. 3). Fácil perceber que houve da
parte dos missionários a preocupação de investir no
relacionamento discipulador daquelas pessoas.
Em Filipos, por não haver sinagoga, Paulo e Silas anunciaram
Jesus a umas mulheres à beira do rio (16.13). Lídia, depois de crer
e ser batizada, rogou que os missionários ficassem em sua casa,
no que foi atendida (v. 14). Mais tarde, na evangelização do
carcereiro, uma vez que ele creu, Paulo e Silas foram até a sua
casa. O modelo aqui, mais uma vez, é andar perto daqueles que
se interessarem por saber mais do evangelho, inclusive indo até a
sua casa.
Em Corinto, Paulo “todos os sábados disputava na sinagoga, e
convencia a judeus e gregos”, “testificando (…) que Jesus era o
Cristo” (18.4, 5). Por causa dos que foram receptivos à
mensagem, Paulo ficou ali por um ano e seis meses ensinando a
Palavra de Deus, os quais, ouvindo-o, creram e foram batizados
(vv. 7-11).
Em Éfeso, Paulo, “entrando na sinagoga, falou ousadamente e
por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do
reino de Deus. Mas, como alguns deles se endurecessem e não
obedecessem, falando mal do Caminho perante a multidão,
retirou-se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias
na escola de um certo Tirano. E durou isso por espaço de dois
anos (…)” (19.8-10). Ou seja, o apóstolo, após anunciar ao
máximo de pessoas, priorizou aqueles que se interessaram pelo
evangelho. Mais à frente (20.20), Paulo relata que, enquanto
esteve em Éfeso, ensinava publicamente e pelas A comoção da
despedida em 20.36 e 37 retrata a profundidade do
relacionamento discipulador desenvolvido por Paulo com aqueles
discípulos, agora presbíteros, nesse período.
Paulo seguiu o mesmo padrão até o fim: em Roma, ele
convocou os judeus para lhes pregar o evangelho (At 28.17, 20 e
23). O texto relata que “alguns criam no que se dizia, mas outros
não criam” (v. 24). Aos que se interessaram, Paulo dedicou dois
anos inteiros para receber em sua casa (uma vez que estava em
prisão domiciliar e, por isso, não poderia ir à casa deles): “todos
quantos vinham vê-lo”, a quem “ensinava com toda a liberdade as
coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo” (v. 30 e 31).
Por suas epístolas, vemos também que Paulo sempre esteve
disposto a consumir a sua vida em cuidado dos novos discípulos.
Talvez o texto mais significativo esteja registrado em 1ª
Tessalonicenses 2.8, quando diz: “Assim, devido ao grande afeto
por vós, estávamos preparados a dar-vos de boa vontade não
somente o evangelho de Deus, mas também a própria vida, visto
que vos tornastes muito amados para nós”. Paulo sabia que
deveria transmitir àqueles novos irmãos não somente a Palavra
de Deus, mas tudo que ele era. Poderíamos relatar vários outros
textos em que Paulo manifesta seu amor paternal pelas igrejas
que estavam nascendo e pelos seus discípulos, como Timóteo e
Tito, a quem chamou de filhos (1Tm 1.2,18; Tt 1.4).

De forma intencional, Jesus influenciou vidas que multiplicaram


essa influência em outras vidas. Liderou homens que viraram
líderes. Os discípulos entenderam e praticaram isso. Nós
precisamos fazer o mesmo.
Essas duas linhas paralelas acompanham toda a dinâmica de
cumprimento da Grande Comissão, nas suas três dimensões,
podem ser facilmente observadas na descrição feita pelo
apóstolo Paulo sobre a forma como foi realizado o seu esforço
missionário entre os efésios e os tessalonicenses:
“Quando chegaram, Paulo disse-lhes: Bem sabeis de que modo
tenho vivido entre vós o tempo todo, desde o primeiro dia em
que entrei na Ásia, servindo ao Senhor com toda a humildade,
e com lágrimas e provações, as quais me sobrevieram pelas
ciladas dos judeus. Não me esquivei de vos anunciar nada que
fosse benéfico, ensinando-vos publicamente e de casa em
casa, testemunhando, tanto a judeus como a gregos, o
arrependimento para com Deus e a fé em nosso Senhor Jesus.
(...) Mas em nada considero a vida preciosa para mim mesmo,
contanto que eu complete a minha carreira e o ministério que
recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do
evangelho da graça de Deus. E agora sei que nenhum de
vós, por entre os quais passei pregando o reino de Deus,
jamais tornará a ver o meu rosto. Portanto, no dia de
hoje, eu vos afirmo que estou limpo do sangue de todos.
Porque não deixei de vos anunciar todo o propósito de Deus.
(...) Estai atentos, lembrando-vos de que durante três anos
não cessei, dia e noite e com lágrimas, de aconselhar
cada um de vós. (...) Em tudo vos dei o exemplo de que
deveis trabalhar assim, a fim de socorrerdes os doentes,
recordando as palavras do próprio Senhor Jesus: Dar é mais
bem-aventurado que receber” (Atos 20.18-
21,24,26,27,31,35, grifos nossos).
“Assim, devido ao grande afeto por vós, estávamos preparados a
dar- vos de boa vontade não somente o evangelho de
Deus, mas também a própria vida, visto que vos
tornastes muito amados para nós. Irmãos, sem dúvida
vos lembrais do nosso trabalho e fadiga; trabalhamos dia e
noite para não ser um peso a nenhum de vós, enquanto vos
pregamos o evangelho de Deus. Vós e Deus sois
testemunhas de como nos portamos de modo santo,
justo e irrepreensível para convosco, os que credes;
assim como sabeis que tratávamos a cada um de vós da mesma
forma como um pai trata seus filhos, exortando-vos,
consolando-vos e insistindo em que vivêsseis de modo
digno de Deus, que vos chamou para o seu reino e glória” (1
Tessalonicenses 2.8-11, grifos nossos).

O ministério de Paulo compreendia transmissão de verdades e


de vida, ensino e relacionamento, comunicação e convívio, evangelização e
relacionamento. Veja isso no gráfico a seguir:

Evangelização Discipuladora

Por fim, a Evangelização Discipuladora pode ser assim definida:

A comunicação do Evangelho aliada ao


relacionamento discipulador com o objetivo de
chamar, agregar e aperfeiçoar discípulos
multiplicadores.
Vamos ver, agora, como a Evangelização Discipuladora se expressa
em termos mais práticos.

4 O Que Evangelização Discipuladora Implica

Para ser aplicada, a Evangelização Discipuladora exige de cada


cristão e da igreja como um todo as seguintes ações:

4.1 Evangelização Discipuladora Implica Orar

Como já tratado no capítulo de Oração, antes de qualquer coisa,


precisamos orar, orar e orar: de forma geral por pessoas
desconhecidas e de modo específico por pessoas conhecidas
(familiares e amigos), pela salvação dos perdidos, por corações
abertos, por oportunidades de evangelização e pela criação de
vínculos com não crentes.

4.2 Evangelização Discipuladora Implica Ir

Evangelizar exige um movimento intencional na direção do


perdido a fim de lhe proclamar a mensagem do Evangelho. Essa
foi, por exemplo, a ordem dada pelo anjo a Filipe em Atos 8.26:
“Levanta-te e vai!”. E depois: “Aproxima-te e acompanha essa
carruagem” (v. 29). O resultado foi a conversão e o batismo do
eunuco. Outro exemplo foi a direção dada por Jesus ao ex-
endemoninhado de Gadara: “Vai para casa, para a tua família, e
anuncia-lhes quanto o Senhor fez por ti e como teve misericórdia de ti”
(Marcos 5.19).
Nós é que temos que criar as oportunidades, ir
intencionalmente na direção do perdido, e não ficar esperando
até que as circunstâncias estejam perfeitas. Do contrário, nunca
agiremos: “Quem observa o vento não semeará, e o que olha para
as nuvens não colherá” (Eclesiastes 11.4). Ficamos impressionados
ao ler em Atos que aqueles irmãos buscavam testemunhar de
Jesus a todas as pessoas, onde quer que fossem.
Quando pensamos em pessoas de nosso relacionamento, isto
é, nossos familiares, amigos e conhecidos, o “ir” significa vencer
as barreiras do medo e da timidez para comunicar o Evangelho.
Com relação às pessoas desconhecidas, o “ir” se traduz em
abordar essas pessoas onde elas estão, nas ruas, nos locais
públicos e nas casas e até aos “confins da terra” (Atos 1.8), e
então lhes anunciar o Evangelho. O importante é fazermos o
máximo para comunicar o Evangelho a todas as pessoas. Esse é o
princípio de Semeadura Abundante. Era assim que Paulo
procedia, como vemos nestes textos: “Aproveitando bem cada
oportunidade, porque os dias são maus” (Efésios 5.16). E
também:“Comportai-vos com sabedoria para com os de fora, aproveitando
bem cada oportunidade” (Colossenses 4.5).

4.3 Evangelização Discipuladora Implica Anunciar

A ação de Anunciar pode ser ilustrada com uma flecha


atingindo um alvo, em que a flecha é a mensagem do Evangelho e
o alvo é o coração da pessoa perdida. Para que essa flecha chegue
ao seu objetivo, é necessário pensarmos em alguns fatores:
Público-alvo, Mensagem, Abordagem, Linguagem, Vínculo e Oração, que
podem ser assim visualizados:

O ALVO para Anunciar

• O Público-alvo deve ser Amplo – As expressões “toda


criatura” (Marcos 16.15) e “todas as nações” (Mateus
28.19) deixam claro que o público-alvo da Grande
Comissão inclui todas as pessoas, desde os nossos
familiares, amigos, colegas e conhecidos, pessoas com
quem cruzamos casualmente todos os dias até aquelas
que residem nos pontos mais remotos do planeta. Isso
também compreende pessoas ricas ou pobres, moradoras
de comunidades de risco ou de condomínios fechados,
adultos e crianças, além de grupos específicos, tais como
surdos, etnias, tribos urbanas e pessoas marginalizadas
pela sociedade. A Grande Comissão impõe à igreja de
Cristo chegar até cada uma dessas pessoas. Antes disso, a
missão ainda estará pendente de ser cumprida. Uma Igreja
Multiplicadora, por estar empenhada em cumprir a
Grande Comissão, observará constantemente quem são as
pessoas e os grupos de pessoas ao seu redor que ainda
não foram alcançados e investigará quais as melhores
estratégias para “fazer discípulos” entre eles, tudo isso
sem perder de vista a sua responsabilidade pelas pessoas
perdidas em nível regional, nacional e mundial.
• A Mensagem deve ser Desafiadora – Como já vimos, a
essência da Evangelização é a proclamação da mensagem
do Evangelho, ou seja, a mensagem do amor de Deus
revelado na morte de cruz e na ressurreição de Jesus
Cristo para que todas as pessoas que creem n’Ele como
Salvador e Senhor não sofram a justa retribuição dos seus
pecados, que é a perdição eterna, mas recebam de graça e
mediante a fé a salvação, ou seja, a vida eterna. Ocorre
que há níveis diversos de ignorância com relação a Deus,
ao próprio estado como ser humano e ao Evangelho. Em
alguns casos, as pessoas nem sequer acreditam em Deus,
seja porque optaram por isso, seja por não terem tido a
oportunidade de ouvir sobre Ele “Como crerão naquele de
que não ouviram?” (Romanos 10.14). Em outros, estão
conscientes de que existe um só Deus, mas, por não
conhecerem os Seus atributos à luz da Bíblia, ainda estão
apegados aos ídolos. Ou, então, por não entenderem a
santidade de Deus e as consequências disso com relação
ao pecado, pensam que já estão em paz com Deus,
quando, na realidade, estão apenas de acordo com o
“deus” que idealizam. Outras pessoas têm noção da
santidade divina em contraste com a sua pecaminosidade
e percebem que algo não está certo entre elas e Deus;
porém, por ignorarem o caminho da salvação, buscam
consertar isso na base de rituais religiosos e boas obras.
Todos esses diferentes níveis de compreensão nos
mostram que, para uma comunicação do Evangelho
persuasiva e relevante, precisamos considerar a situação
da pessoa em sua jornada até Cristo de modo a desafiá-la
a dar um passo adiante. Ou seja, precisamos discernir para
desafiar.
• A A Abordagem deve ser Conforme a Receptividade – Abordagem
é a forma de aproximação de uma pessoa ou de um grupo
de pessoas com o objetivo de lhes comunicar a mensagem
do Evangelho. Quanto maior a receptividade das pessoas,
mais direta pode ser a abordagem. Quanto menor a
receptividade, maior a necessidade de utilização de
estratégias de acesso. A receptividade também é medida
com relação à simpatia pela pessoa ou grupo que está
evangelizando. Muitas pessoas aceitam ouvir de coração
aberto a pregação de um evangelista que acabaram de
conhecer; outras só estarão acessíveis à pregação do
Evangelho se for anunciado por um amigo ou conhecido
ou, ainda, se o pregador estiver respaldado por uma igreja
ou projeto com credibilidade. Então, podemos dizer que
nenhum método de abordagem evangelística é bom ou
ruim em si mesmo, mas adequado ou não ao contexto e à
receptividade das pessoas. Nenhuma abordagem deve ser
direta demais a ponto de não cativar a atenção das
pessoas nem indireta demais a ponto de dar rodeios
desnecessários.
• L A Linguagem deve ser Contextualizada – O conteúdo da
mensagem deve ser mantido fiel, mas, a bem da clareza
na comunicação, a forma com que é transmitida é
adaptável ao público-alvo (ex.: crianças, adultos, grupos
específicos, surdos, etc.). Quanto maior for a distância
cultural e etária entre o mensageiro e o destinatário da
mensagem, mais será preciso dar atenção à questão da
contextualização da linguagem. Evangelizar em linguagem
contextualizada inclui a utilização apropriada de folhetos e
demais materiais. Como vimos, o propósito da
Evangelização é dar às pessoas uma oportunidade válida
de crerem em Jesus Cristo. A eventual falta de clareza na
exposição do Evangelho pode comprometer a validade de
uma ação de Evangelização.
• V O Vínculo deve ser Planejado desde o Início – Na
Evangelização Discipuladora, todas as ações de Evangelização
já devem ser vistas como parte de uma dinâmica de “fazer
discípulos”, e não como iniciativas isoladas. Para isso, a
Evangelização deve envolver um planejamento de como
se poderá estabelecer um vínculo com as pessoas
receptivas ao anúncio do Evangelho. O vínculo é a conexão
que se busca estabelecer entre o evangelista e o
evangelizado, que é o primeiro estágio do Relacionamento
Discipulador. Esse vínculo será mais ou menos forte de
acordo com a receptividade e o interesse da pessoa e o
investimento que puder ser feito em sua vida. No mínimo,
pode significar a abertura de um canal de comunicação,
como a simples anotação de um telefone ou e-mail para
contato. Melhor ainda se o anúncio do Evangelho puder
oportunizar o agendamento desde logo de uma vista
evangelística ou a introdução da pessoa evangelizada no
convívio cristão. O importante é que o vínculo seja um
tópico a se considerar no planejamento evangelístico.
• • O A Oração é a Base de Tudo – Como já visto no capítulo
anterior, todos os crentes devem ser estimulados a orar
em favor da salvação das pessoas que estão
evangelizando. A oração é o combustível da
Evangelização.

4.4 Evangelização Discipuladora Implica Criar e Aprofundar


Relacionamentos Discipuladores

É impossível cumprir plenamente a Grande


Comissão sem relacionamentos.

É impossível cumprir plenamente a Grande Comissão sem


relacionamentos. Deus, que é um Ser Pessoal, veio a nós em
forma de pessoa para se relacionar conosco. Jesus Cristo, nosso
modelo de
discipulador, não apenas convidou os seus discípulos para segui-
lo, como também os acompanhou de perto até que estivessem
preparados para dar continuidade a Sua missão.
Não se trata aqui de defender uma metodologia de
Evangelização por meio de relacionamentos como antagônica a
uma Evangelização “sem relacionamentos”. O que queremos
demonstrar é que há uma complementaridade, pois é impossível
implementar plenamente a Grande Comissão sem
relacionamentos e sem a proclamação da Palavra. Um sem o
outro por si só não cumpre a Grande Comissão em sua inteireza.
Para saber mais sobre como os relacionamentos são uma
providência de Deus para a evangelização, confira o livro
Evangelização Via Relacionamentos, de David Bledsoe, disponível
na Livraria de Missões Nacionais
(www.livrariamissoesnacionais.org.br).
É bem verdade que nem sempre será possível criar e
aprofundar relacionamentos discipuladores com as pessoas que
evangelizamos em função de múltiplas circunstâncias limitadoras,
a exemplo de afastamento geográfico – como foi o caso já citado
do encontro de Filipe e o eunuco (Atos 8) – ou a própria recusa
por parte da pessoa evangelizada – como no caso do jovem rico
(Mateus 19.16). Contudo, o evangelista discipulador deve querer
sempre criar e desenvolver um relacionamento discipulador.
A proposta da Evangelização Discipuladora é que
testemunhemos a todas as pessoas e nos ofereçamos a andar
perto daquelas que percebemos que estão abertas a um
relacionamento discipulador. Os únicos limites são o máximo que
podemos fazer – de acordo com a disponibilidade de tempo e
recursos – e o máximo que as pessoas nos permitirem fazer, visto
que as evangelizamos e continuamos a evangelizar conforme a
sua receptividade ao Evangelho.
Por isso, o que caracteriza a Evangelização Discipuladora é que
todo
processo de comunicação do Evangelho deve estar aliado a uma
intencionalidade de criação e aprofunda mento de
relacionamentos discipuladores, a fim de que efetivamente
possamos evangelizar as pessoas com vistas a que se tornem
discípulas de Jesus e a que sejam agregadas à igreja e iniciadas no
aperfeiçoamento cristão. Confira ao final deste livro a ferramenta
do Caminho do Discipulado, que lhe ajudará passo a passo em
como colocar em prática a Evangelização Discipuladora.
O que caracteriza a Evangelização
Discipuladora é que todo processo de
comunicação do Evangelho deve estar aliado
a uma intencionalidade de criação e
aprofundamento de relacionamentos
discipuladores

Pensando assim, o cumprimento da Grande Comissão em toda


sua plenitude passa a ser entendido não apenas como um ato (só
Anunciar), mas como um processo (Criar e Aprofundar Relacionamentos
Discipuladores). Tudo bem que a Evangelização, em si, é uma ação
no sentido de que o verbo mais próprio para sintetizar a atividade
de pregar as Boas-Novas é mesmo Evangelizar, e não há como
fugir disso. No entanto, se considerarmos que o que Jesus espera
da Sua igreja é que ela “faça discípulos” e que essa ordem
envolve expor as pessoas o máximo de tempo ao poder
transformador do Evangelho, a Evangelização Discipuladora é
mais bem identificada como um processo, no sentido de que exige
o estabelecimento de um relacionamento discipulador com vistas
à efetiva conversão do indivíduo e a sua inclusão na igreja pelo
batismo, tornando-se um discípulo multiplicador. Até porque, a
maioria das pessoas precisa ser exposta ao Evangelho durante
algum tempo
até que finalmente se converta. A proposta aqui é eliminar a
dualidade entre o que é função do evangelista e do discipulador,
e também acabar com o entendimento de que “evangelizar” é
uma atividade que pode ser realizada à parte do “fazer
discípulos”.
Observe como a Evangelização Discipuladora contrasta com as
noções habituais sobre a relação entre Evangelização e
Discipulado, que podem ser classificadas de duas formas:
Evangelização Versus Discipulado e Evangelização mais
Acompanhamento Evangelístico Versus Discipulado.
Vejamos o sistema de Evangelização Versus Discipulado. No
passado, em nossas campanhas evangelísticas, era costume
aqueles que se incumbiam da Evangelização – e geralmente
apenas dela –, uma vez encerrada a “fase de evangelização”,
entregarem nomes e fichas de pessoas decididas ao pastor ou
missionário local para que ele iniciasse com elas o processo de
“discipulado”. Esse evangelista se sentia quite com sua obrigação
perante a Grande Comissão no momento em que obtinha tantas
decisões e deixava com o responsável pelo “discipulado” as fichas
das pessoas ditas como “convertidas”. Por esse sistema, quando
os “frutos” não eram “conservados”, a culpa era atribuída ao
obreiro local, que não teria sido diligente na etapa do discipulado.
Não há como argumentar contra o fato de que esse sistema tem
gerado uma grande perda dos “resultados” de muitas de nossas
ações evangelísticas. Um ano depois, costuma-se visualizar
poucos resultados em termos de batismos.

Evangelização Versus Discipulado

Observemos agora o sistema chamado de Evangelização mais


Acompanhamento Evangelístico Versus Discipulado. Devido àquela
realidade incômoda e na tentativa de responder à questão
mencionada, passou-se a entender que “decisão” não é
necessariamente o mesmo que “conversão”. Em geral, uma
“decisão” ou, para outros, uma “manifestação ao lado de Cristo”,
passou a ser encarada como um “interesse por Jesus”, ou seja,
um desejo sincero de conhecer mais sobre Cristo ou até mesmo
de participar de um estudo bíblico. Nesse sistema, o que se segue
à Evangelização são estudos bíblicos em que se pode apresentar o
Evangelho de forma mais completa e continuada às pessoas
interessadas em conhecer mais sobre Jesus, encerrando-se com a
sua efetiva conversão. Esse Acompanhamento Evangelístico, como o
nome sugere, ainda deve ser encarado como parte da
Evangelização. Nessa forma de pensar, o “discipulado”, como
tradicionalmente entendido, é o que acontece depois da
conversão dessa pessoa, quando ela então será “ensinada acerca de
todas as coisas que Jesus Cristo tem nos ordenado” (Mateus 28.20). O
problema é que, de modo geral, o Acompanhamento Evangelístico
acabou preso em uma lacuna que não se sabe quem deve
preencher: se o evangelista ou o discipulador. Além disso, esse
conceito identifica o Discipulado apenas como sinônimo do
cumprimento do “ensinar acerca de todas as coisas”, quando já
vimos que é muito mais do que isso.

Evangelização + Acompanhamento Evangelístico Versus Discipulado

“Fazer discípulos” é um processo que começa no primeiro


anúncio
do Evangelho a uma pessoa, pois ali já se pretende transformá-la
em um seguidor de Cristo, um discípulo. Assim, nós evoluímos
para um novo entendimento: a Evangelização Discipuladora, que une
Evangelização e Discipulado à luz da Grande Comissão.
O tópico a seguir trata do relacionamento discipulador. O
destaque é que o relacionamento discipulador não serve apenas
ao “chamar” discípulos, que, como visto, é apenas a primeira
dimensão do Discipulado, mas também ao “agregar” e ao
“aperfeiçoar” discípulos, como passamos a expor.

5 O Relacionamento Discipulador (RD): Chamar,


Agregar e Aperfeiçoar Discípulos
Como vimos, o Relacionamento Discipulador é o
relacionamento intencional de um discípulo com uma pessoa
visando torná-la outro discípulo. Vejamos agora como o
Relacionamento Discipulador se desenvolve nas três dimensões
do Discipulado.

5.1 Relacionamento Discipulador para Chamar Discípulos

Todas as vezes que, tendo sido anunciado o Evangelho a uma


pessoa perdida, esta se mostra interessada em continuar ouvindo
sobre o assunto, a Grande Comissão nos ordena a estabelecer
com ela um Relacionamento Discipulador. Como já visto, chamar
alguém para ser um discípulo é a primeira dimensão do
Discipulado. Portanto, não devemos ver o Discipulado como
apenas o ato de ajudar uma pessoa que já é crente a crescer na
fé, mas como ações no sentido de fazer de alguém um discípulo
completo de Jesus, incorporado na igreja por meio do batismo e
em processo contínuo de amadurecimento espiritual. Por isso, o
Relacionamento Discipulador é algo a ser buscado desde a primeira
abordagem e que será concretizado dependendo do interesse da
pessoa
pelo Evangelho. As condições iniciais para o estabelecimento de
um Relacionamento Discipulador são, pois, anúncio do Evangelho e
interesse da pessoa evangelizada.
Condições para o Relacionamento Discipulador: Anúncio e Interesse

Se repararmos bem, essa era a metodologia dos apóstolos: em


primeiro lugar, buscavam anunciar o Evangelho para o máximo de
pessoas; depois, dedicavam atenção àquelas que se mostravam
interessadas. Observem alguns exemplos no Livro de Atos:
• Em 2.40-42, depois do célebre sermão no dia de
Pentecostes, Pedro “com muitas outras palavras (...) deu
testemunho e exortava as pessoas”. Os que aceitaram de
bom grado o Evangelho foram batizados e começaram a
perseverar no ensino dos apóstolos, na comunhão e nas
orações. Isso denota uma dedicação integral dos apóstolos
às pessoas receptivas à pregação. No v. 42, os apóstolos
“todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de
ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo”. Ora, para os
apóstolos terem estado nas casas, isso dependeu de os
seus moradores estarem interessados em conhecer mais
sobre o Evangelho, depois de o terem ouvido pelo menos
uma vez.
• Em Antioquia da Pisídia (13.4ss.), Paulo começou pregando
o Evangelho publicamente na sinagoga. Tendo muitos dos
judeus e prosélitos crido, estes seguiram Paulo e Barnabé.
Os dois, então, dedicaram atenção imediata a esses,
falando-lhes e
exortando-os (v. 43). Na semana seguinte, “ajuntou-se quase
toda a cidade a ouvir a palavra de Deus” (v. 44). Alguns
rejeitaram a mensagem (v. 46), outros creram (v. 48). Fica
claro que os apóstolos não encararam como uma surpresa
o fato de que alguns recusaram a mensagem (vv. 46 e 51).
Ao invés, se dispuseram a dedicar tempo e energia com os
interessados.
• Em Icônio, Paulo e Barnabé falaram na sinagoga e muitos
creram; outros permaneceram incrédulos (14.1,2). Em
seguida, os missionários investiram “muito tempo” ali, “falando
ousadamente do Senhor” (v. 3). Fácil perceber que houve da
parte dos missionários a preocupação de investir no
Relacionamento Discipulador dos interessados.
• Em Filipos, por não haver sinagoga, Paulo e Silas
anunciaram Jesus a umas mulheres à beira do rio (16.13).
Lídia, depois de crer e ser batizada, rogou que os
missionários ficassem em sua casa, no que foi atendida
por eles (v. 14). Mais tarde, na evangelização do
carcereiro, uma vez que ele creu, Paulo e Silas foram até a
sua casa. O modelo aqui, mais uma vez, é pregar a todos e
andar perto daqueles que se interessarem por saber mais
do Evangelho, inclusive indo até a sua casa.
• Em Corinto, Paulo “todos os sábados disputava na
sinagoga, e convencia a judeus e gregos”, “testificando (...) que
Jesus era o Cristo” (18.4, 5). Quanto aos que resistiram,
entendeu que não teria tempo a perder com eles (v. 6).
Contudo, para o bem de todos que demonstraram
receptividade à mensagem, Paulo ficou ali por um ano e
seis meses ensinando a Palavra de Deus, os quais,
ouvindo-o, creram e foram batizados (vv. 7-11).
• Em Éfeso, Paulo, “entrando na sinagoga, falou ousadamente e
por espaço de três meses, disputando e persuadindo-os acerca do
reino de Deus. Mas, como alguns deles se endurecessem e não
obedecessem, falando mal do Caminho perante a multidão, retirou-
se deles, e separou os discípulos, disputando todos os dias na
escola de um certo Tirano. E durou isso por espaço de dois anos
(...)” (19.8-10). Ou seja, o apóstolo, após anunciar ao máximo
de pessoas, fez uma triagem com base no
interesse delas, passando a relacionar-se com prioridade
com aqueles que se interessaram pelo Evangelho. Mais à
frente (20.20), Paulo relata que, enquanto esteve em
Éfeso, ensinava publicamente e pelas casas. A comoção da
despedida nos versículos 36 e 37 retrata a profundidade
do Relacionamento Discipulador desenvolvido por Paulo
com aqueles líderes nesse período.
• Paulo seguiu o mesmo padrão até o fim: anunciava ao
máximo, como quando convocou os judeus de Roma para
lhes pregar o Evangelho (At 28.17, 20 e 23). O texto relata
que “alguns criam no que se dizia, mas outros não criam”
(v. 24). A postura do apóstolo foi categórica: para os que
se desinteressaram pela pregação, deixou-os ir para sua
própria condenação (vv. 25-29); para os que se
interessaram, Paulo dedicou dois anos inteiros para os
receber em sua casa (uma vez que estava em prisão
domiciliar e, por isso, não poderia ir à casa de ninguém)
“todos quantos vinham vê-lo”, a quem “ensinava com toda a
liberdade as coisas pertencentes ao Senhor Jesus Cristo”
(vv. 30 e 31).
Não devemos desanimar se uma pessoa não estiver disposta a
conhecer mais sobre o Evangelho – ela continua sendo um alvo
evangelístico –, mas prosseguir tentando evangelizá-la com o uso
de novas abordagens, sempre de acordo com a sua receptividade.
Devemos perceber, de toda forma, que muitas vezes o
desinteresse ou a hostilidade da pessoa não é contra o Evangelho
em si, mas contra o que ela pensa que é o Evangelho. Por isso,
devemos nos esforçar para fazer uma abordagem adequada à sua
receptividade, pela qual o Evangelho possa ser anunciado de
forma clara e fiel, e de modo desafiador (reveja a Mensagem na
figura do ALVO na pág. 65). Somente se uma pessoa ouviu o
Evangelho de forma clara e fiel terá, de fato, tido uma
oportunidade válida de crer em Cristo (releia o conceito de
evangelização na pág. 55).
Uma vez que a pessoa evangelizada demonstre interesse no
Evangelho, deve-se criar e aprofundar o Relacionamento
Discipulador, que contribuirá para a sua conversão e integração à
igreja local. Para o caso de a pessoa evangelizada ser do círculo de
relacionamentos do evangelista, o interesse no Evangelho
despertado pela pregação deve ocasionar a transformação de um
relacionamento “normal” em um Relacionamento Discipulador. O
Relacionamento Discipulador se difere de um relacionamento
“normal” pela intencionalidade no “fazer discípulos”.

5.2 Relacionamento Discipulador para Agregar Discípulos

O objetivo principal do Relacionamento Discipulador é levar a


pessoa ao conhecimento de Deus, mas o evangelista discipulador
também deve procurar relacionar a pessoa discipulada com o
Corpo de Cristo. Muitas pessoas estão abertas a um
relacionamento com Deus, mas são resistentes quanto a
pertencer a uma igreja. Por isso, o evangelista- discipulador deve
buscar apresentar a pessoa discipulada a outros crentes e à igreja
como um todo, com vistas a sua agregação à comunidade de
crentes pelo batismo.
Do ponto de vista da igreja local, esta deve estar preparada
para receber bem as pessoas que estão sendo discipuladas pelos
seus membros e até mesmo os visitantes sem qualquer vínculo
com a membresia, criando um ambiente de reconhecimento
dessas pessoas, interação e receptividade. Uma das maneiras
mais eficientes de agregar pessoas à comunhão da igreja é
inserindo-as em um Pequeno Grupo Multiplicador – PGM (confira
adiante na pág. 83).

5.3 Relacionamento Discipulador para Aperfeiçoar Discípulos

O Discipulado também diz respeito a “aperfeiçoar discípulos”.


O princípio é que o Relacionamento Discipulador seja algo que
nunca termine, uma vez que todos os crentes precisam ser
discipulados por
alguém até o fim de sua vida com vistas ao seu contínuo
amadurecimento.
Para entendermos como essas dimensões do Discipulado se
aplicam no Relacionamento Discipulador, precisamos rever um fato
que é o divisor de águas na vida de uma pessoa que está sendo
discipulada. Esse fato é a conversão. Para isso, recorremos a
alguns dos valiosos princípios teológicos defendidos pelos batistas
e cristalizados na Declaração Doutrinária da nossa Convenção
Batista Brasileira, a qual dispõe o seguinte em sua Seção V sobre
Salvação:
A salvação é outorgada por Deus pela sua graça, mediante
arrependimento do pecador e da sua fé em Jesus Cristo como
único Salvador e Senhor. O preço da redenção eterna do crente
foi pago de uma vez por Jesus Cristo, pelo derramamento do
seu sangue na cruz. A salvação é individual e significa a
redenção do homem na inteireza do seu ser. É um dom
gratuito que Deus oferece a todos os homens e que
compreende a regeneração, a justificação, a santificação e a
glorificação.
A regeneração é o ato inicial da salvação em que Deus faz
nascer de novo o pecador perdido, dele fazendo uma nova
criatura em Cristo. É obra do Espírito Santo em que o
pecador recebe o perdão, a justificação, a adoção como filho
de Deus, a vida eterna e o dom do Espírito Santo. Nesse ato
o novo crente é batizado no Espírito Santo, é por ele selado
para o dia da redenção final e é liberto do castigo eterno dos
seus pecados. Há duas condições para o pecador ser regenerado:
arrependimento e fé. O arrependimento implica mudança
radical do homem interior, por força do que ele se afasta
do pecado e se volta para Deus. A fé é a confiança e
aceitação de Jesus Cristo como Salvador e a total entrega
da personalidade a ele por parte do pecador. Nessa
experiência de conversão o homem perdido é reconciliado com Deus,
que
lhe concede perdão, justiça e paz.

A justificação, que ocorre simultaneamente com a regeneração,


é o ato pelo qual Deus, considerando os méritos do sacrifício
de Cristo, absorve, no perdão, o homem de seus pecados e o
declara justo, capacitando-o para uma vida de retidão
diante de Deus e de correção diante dos homens. Essa
graça é concedida não por causa de quaisquer obras meritórias
praticadas pelo homem mas por meio de sua fé em Cristo.
A santificação é o processo que, principiando na regeneração,
leva o homem à realização dos propósitos de Deus
para sua vida e o habilita a progredir em busca da
perfeição moral e espiritual de Jesus Cristo, mediante a
presença e o poder do Espírito Santo que nele habita.
Ela ocorre na medida da dedicação do crente e se manifesta
através de um caráter marcado pela presença e pelo
fruto do Espírito, bem como por uma vida de
testemunho fiel e serviço consagrado a Deus e ao
próximo” (grifos nossos).
Com base nessas afirmações, podemos dizer que quando uma
pessoa é verdadeiramente convertida, ou seja, salva, ela experimenta
uma transformação tão radical que é impossível de não ser
percebida. Observem bem o que a salvação proporciona, pelos
destaques feitos antes:
• “Redenção do homem na inteireza do seu ser”, “dele fazendo
uma nova criatura em Cristo”, “mudança radical do homem
interior” – Essas três frases estão relacionadas a uma
transformação em todos os sentidos, de modo que nada
escapa de ter sido resgatado por Cristo. O “tornar-se uma
nova criatura” não tem apenas valor declaratório, mas um
efeito prático, pois é muito difícil haver uma “mudança
radical do homem interior” sem que isso transborde para
o exterior.
• “Se afasta do pecado”, “capacitando-o para uma vida de retidão
diante de Deus”, “habilita a progredir em busca da perfeição moral e
espiritual”, “presença e o poder do Espírito Santo que nele
habita”, “caráter marcado pela presença e pelo fruto do
Espírito” – Uma vez salva, a pessoa começa a sentir repulsa
pelo mal, passando a se incomodar com pecados que
antes eram tolerados em sua vida, e até amados. A
santificação, embora seja gradativa, é algo que já começa
a acontecer no momento da conversão, como resultado
da ação do Espírito Santo, que passou a habitar na vida do
novo convertido, levando-o a uma evolução de caráter
marcado cada vez mais pelo fruto do Espírito.
• “Se volta para Deus”, “total entrega da personalidade a ele”,
“leva o homem à realização dos propósitos de Deus para sua
vida” – Uma pessoa salva, que antes vivia apenas para si,
começa a pensar sobre o modo como poderá servir ao
Senhor, preocupando-se em fazer a vontade de Deus
acima da sua própria. O novo convertido, sedento de
Deus, costuma se interessar como nunca pela leitura da
Bíblia e pela oração, buscando estar presente em todas as
oportunidades em que possa de alguma maneira ouvir a
voz de Deus.
• “Confiança e aceitação de Jesus Cristo como Salvador”, “perdão,
justiça e paz” – Uma alma cansada e sobrecarregada na
busca pela salvação terá descanso assim que a encontrar
em Cristo. Ela passará a experimentar alegria, perdão e
paz. Embora continue pecadora, não viverá mais em
desespero, pois sabe que a razão da salvação não é o seu
mérito pessoal, mas a obra de seu Salvador, Jesus.
• “Correção diante dos homens”, “vida de testemunho fiel”,
“serviço consagrado a Deus e ao próximo” – A mudança na
vida de um convertido será perceptível para as pessoas ao
seu redor. Suas palavras e atitudes serão diferentes a
partir da regeneração conferida pelo Espírito Santo. Ele
buscará servir mais as pessoas, inclusive testemunhando
com sua voz e vida a transformação por que passou. A
pessoa salva é invadida por uma vontade grande de
compartilhar com outros o que acabou
de experimentar.

Tudo isso não significa que uma pessoa convertida se tornará


perfeita da noite para o dia, mas que, no mínimo, apresentará
sinais nítidos e crescentes dessa transformação. Como é marcante
ver isso acontecendo, quando há, de fato, alguém nascido de
novo! Depois da conversão, o Relacionamento Discipulador
prossegue, agora com o intuito de aperfeiçoar o discípulo,
lembrando que desde o seu encontro com Jesus ele já está apto à
multiplicação.
Uma igreja, para ser considerada multiplicadora, deve procurar
envolver seus membros na multiplicação de discípulos nas três
dimensões do Discipulado. Vamos ver, então, como o
Relacionamento Discipulador se desenvolve, para tanto
analisando os seus elementos.

5.4 Elementos do Relacionamento Discipulador


Como vimos, o Relacionamento Discipulador é o
relacionamento intencional de um discípulo com uma pessoa
visando torná-la outro discípulo. Esse relacionamento possui seis
elementos, que formam um acróstico com a palavra RAÍZES, como
se pode ver a seguir:

Elementos do Relacionamento Discipulador

• R Relacionar-se Pessoalmente – O evangelista discipulador


deve investir tempo para estar com a pessoa discipulada,
não apenas para conversar sobre o Evangelho e suas
implicações, mas também para aprofundar o convívio e a
relação de confiança. Esse relacionamento é essencial
para a transmissão de vida, que se dá não apenas por
palavras, mas através de um bom testemunho cristão que
produz imitação (1 Coríntios 11.1, 4.16, Filipenses 3.17, 2
Timóteo 2.2).
• A Agregar à Igreja – O evangelista discipulador deve
buscar aproximar a pessoa discipulada ao Corpo de Cristo,
procurando envolvê-la com outros crentes e com a igreja.
Após a sua conversão, o discipulador deve trabalhar para o
desenvolvimento dos dons da pessoa discipulada dentro
do Corpo de Cristo e a liberação de seus sonhos
ministeriais. O discipulador deve incentivar a participação
do novo discípulo em um Pequeno Grupo Multiplicador
(PGM) e a membresia ativa na igreja local.
• I Interceder – O evangelista discipulador, que já deve orar
pela
pessoa discipulada antes mesmo de lhe anunciar o
Evangelho, precisa a cada dia intensificar sua intercessão,
para que experimente uma verdadeira transformação e,
uma vez convertida, cresça no conhecimento de Deus e de
Sua vontade. Tão logo seja possível, o evangelista
discipulador deve também incentivar a pessoa discipulada
a orar por outras pessoas que precisam conhecer Jesus.
• Z Zelar Pela Pessoa – O evangelista discipulador deve
procurar exercer compaixão pela pessoa discipulada,
zelando por sua saúde espiritual, física, emocional, familiar
e até financeira, dentro do possível. Isso não significa que
o discipulador será um provedor de tudo, mas que
pequenos gestos de compaixão podem falar mais alto que
palavras, produzindo grande impacto para a compreensão
do Evangelho. O Pequeno Grupo discipulador (PGM) pode
ser muito valioso para auxiliar o discipulador no
cumprimento desse aspecto do Relacionamento
Discipulador.
• E Ensinar o Evangelho e suas implicações – Esse tópico é o
cerne do Relacionamento Discipulador. A pessoa discipulada
precisa ser exposta ao máximo ao Evangelho, pois é o poder
de Deus para a salvação (Romanos 1.16), sabendo
também que a fé vem pelo ouvir a Palavra de Deus
(Romanos 10.17). Por isso, até que se converta, a pessoa
interessada continua sendo um alvo evangelístico, razão
por que necessita ter contato com o Evangelho uma, duas,
três, vinte vezes, até que o compreenda a ponto de se
arrepender de seus pecados, depositar toda a sua
confiança em Jesus Cristo e passar pela obra de
regeneração espiritual. A maneira mais concentrada de
fazer isso é por meio da ministração de Estudos Bíblicos
Evangelísticos. Mas também devemos buscar ocasiões em
que a pessoa discipulada tenha contato com a mensagem
do Evangelho por outras vias (ex.: culto ou cruzada
evangelística e vídeos de pregação do Evangelho). Não se
deve confundir o ensino do Evangelho (releia o conceito
de Evangelho no item Mensagem, figura do ALVO, pág. 65)
com a aculturação da pessoa ao “jeito de ser”
evangélico. Por mais que isso possa somar, não é o
encontro com a igreja ou seu contexto que pode
promover uma conversão genuína, mas um encontro com
Jesus. Mesmo depois da conversão da pessoa esse tópico
se mantém. Paulo diz em Colossenses 1.28 e 29 que ele
anunciava a Cristo, “admoestando a todo o homem, e
ensinando a todo o homem em toda a sabedoria; para que
apresentemos todo o homem perfeito em Jesus Cristo”, sabendo
que o poder que operava era o do Espírito Santo. O
Evangelho jamais se torna matéria ultrapassada para um
cristão. Todos os aspectos da nossa vida são cobertos
pelos desdobramentos do Evangelho. Em Cristo
encontramos “tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo
conhecimento daquele que nos chamou por sua glória e
virtude” (2 Pedro 1.3). Por isso, o Relacionamento
Discipulador implica o exercício permanente de exortação e
ensino bíblico aplicado do evangelista discipulador para a pessoa
discipulada, assim como aconselhamento bíblico, podendo se
adicionar a isso outros materiais de apoio no
Relacionamento Discipulador.
• S Solicitar Contas – Tendo em vista que o Relacionamento
Discipulador se estabeleceu sobre a condição do interesse
da pessoa discipulada no Evangelho, o discipulador deve
constantemente impulsioná-la a avançar em seu
conhecimento de Deus, que é o alvo principal, solicitando
contas sobre a sua prática de oração e leitura bíblica e o
cumprimento de pequenas tarefas estabelecidas de
comum acordo. Quando convertida, o evangelista
discipulador deve procurar saber regularmente da pessoa
discipulada como anda o seu relacionamento com Deus,
sua vida devocional, sua santificação pessoal, seu serviço
prestado ao Corpo de Cristo e às demais pessoas, e o
progresso com relação às pessoas com quem mantém
Relacionamento Discipulador.

6 Cadeia de Relacionamentos Discipuladores

“Fazer discípulos” é o chamado primordial de cada cristão. Toda


pessoa salva deve se envolver na Evangelização Discipuladora.
Quando todos os crentes estão discipulando alguém, forma-se
uma cadeia de Relacionamentos Discipuladores, que
proporcionará a multiplicação exponencial de discípulos.

“Fazer discípulos” é o chamado primordial de


cada cristão.

Fazer estudos bíblicos com novos convertidos imediatamente


após a sua decisão de seguir a Cristo e depois deixá-los por si
mesmos é relativamente fácil. O desafio é ingressar todos os
membros de igrejas estabelecidas na vida discipular. Nós temos
que fazer da Evangelização Discipuladora um programa em que
todos os cristãos estejam envolvidos para toda a vida. Um cristão
sozinho, seja ele o pastor ou líder da igreja, não terá condições de
discipular todas as pessoas ao mesmo tempo. Sem uma cadeia de
Relacionamentos Discipuladores, a multiplicação ficará comprometida.

Nós temos que fazer da Evangelização


Discipuladora um programa em que todos os
cristãos estejam envolvidos para toda a vida.

Iniciar com o pastor ou líder da igreja fará com que a visão de


multiplicação tenha valor para as demais pessoas. Muitos cristãos,
por não terem sido discipulados, não entendem como funciona
esse processo e não têm condições de fazer discípulos
multiplicadores. A melhor forma de quebrar esse andamento e
estabelecer essa cadeia dinâmica de Relacionamentos
Discipuladores é começar com o pastor ou líder e a sua liderança
estratégica. A sugestão é que o pastor ou líder
inicie o processo com no máximo dez pessoas. Mais do que isso, o
processo pode se tornar inviável, pois “fazer discípulos” exige
muito tempo e dedicação. Esses líderes deverão iniciar o
discipulado com outras pessoas e estas, por sua, vez iniciarão com
outras pessoas e, assim, forma-se a cadeia de Relacionamentos
Discipuladores.
Cada discípulo precisará ajustar a sua agenda para que
encontre tempo para desenvolver os seus Relacionamentos
Discipuladores, para conviver, ministrar e ser ministrado, tanto
junto com o seu discipulador quanto com os seus discípulos. Se a
estrutura da igreja estiver muito voltada para eventos, reuniões e
atividades secundárias, dificilmente haverá tempo para o
discipulado. Mas, desde que “fazer discípulos” é o nosso chamado
primordial, tudo será uma questão de estabelecermos qual é a
nossa prioridade. Na realidade, todas as organizações podem e
devem trabalhar a cadeia de Relacionamentos Discipuladores. Se
quisermos multiplicar discípulos precisamos pagar o preço no que
diz respeito ao tempo que investimos nessa causa tão nobre, a
começar da liderança da igreja e envolvendo todos os membros e
organizações.
Portanto, gerar uma cadeia de Relacionamentos
Discipuladores, partindo do pastor ou líder e de sua liderança
estratégica, é a chave para a multiplicação exponencial de
discípulos.
Na seção seguinte, vamos conferir um resumo da ferramenta
dos Pequenos Grupos Multiplicadores, que é tratada com detalhes
em um livro auxiliar também produzido por Missões Nacionais.

7 O Pequeno Grupo Multiplicador (PGM)

Pequenos Grupos não são uma novidade para os batistas


brasileiros. Em 1988, o Plano Nacional de Evangelização (PNE)
promovido por Missões Nacionais disseminou com grande
aceitação a estratégia de
pequenos grupos então chamados Núcleos de Estudos Bíblicos,
os quais tinham a seguinte justificativa:
“Por que Núcleos de Estudos Bíblicos? O Programa NEBs
constitui-se um dos mais urgentes métodos para o
desenvolvimento das nossas igrejas. Não por ser um método novo,
visto que foi amplamente usado pela Igreja Primitiva, como
podemos perceber em passagens bíblicas como Atos 5:42, 8:3,
10:24; Romanos 16:15; I Coríntios 16:19; Colossenses 4:15 e
Filemon 2. Trata-se, pois, não tanto de uma inovação, mas da
recuperação de um programa muito bem sucedido no passado
e que, uma vez adaptado ao contexto da
sociedade moderna, satisfaz plenamente as necessidades do
presente”7.
Agora, com a Igreja Multiplicadora, Missões Nacionais retoma a
estratégia de pequenos grupos, ora chamados de Pequenos
Grupos Multiplicadores (PGMs), como ferramentas do
cumprimento da Grande Comissão em nível local e uma
importante estrutura de apoio à Igreja Multiplicadora. Observe
como o PGM coopera com os cinco princípios, em especial a
Evangelização Discipuladora, tema deste capítulo.
1) Oração: O PGM ajuda a fomentar a oração entre seus
participantes, principalmente com respeito à intercessão pelas
vidas não salvas e pelas pessoas evangelizadas e discipuladas;
2) Compaixão e Graça: O PGM proporciona um ambiente para
o exercício de compaixão e graça, tanto entre os seus
participantes, que experimentam o amor de Deus por meio dos
relacionamentos, quanto para a comunidade e as pessoas
evangelizadas e discipuladas.

O PGM é um celeiro de lideranças, por permitir


o vasto exercício dos dons e ministérios e a
identificação de novos líderes, levando-os à

multiplicação.

3) Formação de Líderes: O PGM é um celeiro de lideranças, por


permitir o vasto exercício dos dons e ministérios e a identificação
de novos líderes, levando-os à multiplicação;
4) Plantação de Igreja: O PGM é fundamental na formação de
novas igrejas, pois é o protótipo da futura comunidade cristã em
termos de edificação na palavra, relacionamentos, cuidado e
serviço mútuos. No capítulo de Plantação de Igrejas você
aprenderá como começar uma nova igreja através do PGM.
5) Evangelização Discipuladora: O PGM potencializa o anúncio
do Evangelho e a criação e o aprofundamento de
Relacionamentos Discipuladores.
No PGM, os crentes apoiarão uns aos outros na oração por
salvação (Cartão Alvo) e pelo aperfeiçoamento das pessoas
evangelizadas e discipuladas.
Com relação ao anúncio do Evangelho, convidar uma pessoa
não convertida para o PGM serve de abordagem indireta para
pessoas menos receptivas a uma conversa espiritual,
especialmente por preconceito contra o Evangelho, mas que
talvez se interessem através do convívio, podendo, inclusive, ser
este o primeiro vínculo formado.
Pensando na agregação de pessoas em processo de
Relacionamento Discipulador, o PGM auxilia na aproximação que
elas devem ter com outros cristãos e com o Corpo de Cristo,
objetivando a sua conversão e o seu batismo e, quando se
convertem, o desenvolvimento de dons e ministérios para
aperfeiçoamento dos santos. Também no que se refere ao
Relacionamento Discipulador, os membros do PGM podem ajudar
o
evangelista discipulador no zelo que deve ter pelas pessoas que
estiver discipulando.

O PGM existe para desenvolver de forma


potencializada todos os elementos do
Relacionamento Discipulador.

Por fim, o PGM colabora no ensino do Evangelho e de seus


desdobramentos, com o detalhe de que essa pessoa estará sendo
evangelizada de forma mais concentrada dentro do próprio
Relacionamento Discipulador, individualmente.
Desta forma, o PGM existe para desenvolver de forma
potencializada todos os elementos do Relacionamento Discipulador,
tudo isso culminando para a manifestação da glória de Deus por
meio da Evangelização Discipuladora, como podemos ver na
ilustração a seguir:

Propósitos do PGM

Portanto, podemos definir o Pequeno Grupo Multiplicador como:

Um pequeno grupo de pessoas que se reúne regularmente


para glorificar a Deus por meio do fortalecimento de
Relacionamentos Discipuladores e da multiplicação de
discípulos.
Um tópico importante em matéria de PGM é que os grupos
sejam configurados desde o início para a multiplicação. PGM
saudável é aquele que cresce e se multiplica. Esse crescimento
deve se dar principalmente pela chegada de novas pessoas não
crentes, que, através do ensino do Evangelho e do convívio
proporcionados pelo PGM – em apoio ao Relacionamento
Discipulador individual que se desenvolve em paralelo -,
experimentam a conversão e podem ser agregados à igreja
mediante o batismo.
A multiplicação é a criação de um novo PGM, ocasionada pelo
surgimento e a afirmação de novos líderes multiplicadores. Para
mais informações, confira o livro: Pequeno Grupo Multiplicador
na Livraria de Missões Nacionais:
www.livrariamissoesnacionais.org.br

8 Discussão em Grupo

8.1 Questões Para Revisão

1) O que é Evangelização à luz da Grande Comissão?

2) O que é um discípulo?

3) O que é Discipulado?

4) O que é Evangelização Discipuladora?

5) “Fazer discípulos” implica que ações?


a)
b)

c)

d)

6) Preencha as lacunas a seguir, em se tratando de Anunciar o


Evangelho:
a) O público-alvo deve ser .

b) A mensagem deve ser .

c) A abordagem deve ser conforme


a .

d) A linguagem deve ser .

e) O vínculo deve ser desde


o início.
f) A oração é .

7) O que é Relacionamento Discipulador?

8) Quais os elementos do Relacionamento Discipulador?


a)

b)

c)

d)
e)

f)

9) O que é Pequeno Grupo Multiplicador e para que serve?

8.2 Estudo de Caso:

Vamos exemplificar duas formas de abordagem evangelística


bem diferentes quanto à sua complexidade, mas apropriadas à
sua maneira para os seus respectivos contextos.
Abordagem Direta

Uma pesquisa feita por Missões Nacionais por ocasião da


MEGATRANS 2012 com mais de 215 mil pessoas em todo o Brasil
constatou que 88% delas aceitam ouvir sobre a Palavra de Deus
se perguntadas se fariam isso. Dentre essas, o percentual das que
tomaram uma decisão ao lado de Jesus e/ou externaram
interesse em conhecer sobre o Evangelho foi de 12%. Isso
demonstra que muitas vezes podemos estar demasiadamente
preocupados com estratégias
complexas de acesso para um público-alvo que já está disponível à
comunicação do Evangelho.
MEGATRANS 2012 Percentual de Receptividade dos Brasileiros a uma
Abordagem Direta
Evangelização com Motociclistas

Um missionário de Missões Nacionais enviado para uma cidade


turística de Pernambuco começou um projeto de Evangelização
Discipuladora com motociclistas. Como abordagem inicial, ele
idealizou um evento relacionado com o Dia da Criança,
promovendo também uma festa de recepção para os
motociclistas que chegavam à cidade para a programação, com
fogos de artifício, música e comida, terminando com a
distribuição de bíblias e uma oração pela proteção de Deus para
sua viagem de retorno. Impactados pelo tratamento, alguns
aproveitaram para compartilhar seus dilemas pessoais com o
missionário. Um “motoculto” foi programado para uma vez por
mês, ocasião em que os motociclistas passaram a ouvir o
Evangelho. O local ficou pequeno e a programação foi transferida
para uma igreja batista da capital do estado, onde acontece um
“motoculto” mensal, que cresce cada vez mais com a presença de
dezenas de motociclistas, dentre os quais alguns já se
converteram e estão se preparando para o batismo. Esse é um
exemplo de uma abordagem indireta adequada
para um público-alvo com menor receptividade, gerando grandes
resultados.
8.3 Questões Para Reflexão:

1) Evangelização e Discipulado são conceitos que temos


interpretado corretamente à luz da Grande Comissão?
2) A proclamação do Evangelho e o desenvolvimento de
relacionamentos intencionais com vistas a “fazer discípulos” são
duas coisas antagônicas, ou estão, na verdade, unidas na Grande
Comissão?
3) Nossa semeadura tem sido realmente abundante? Temos
buscado evangelizar pessoas desconhecidas, ou isso tem sido um
entrave? As pessoas com quem já travamos relacionamentos
(parentes e amigos) têm sido alvo de nossa evangelização
discipuladora?
4) Temos dado a devida atenção a todas as pessoas que têm se
mostrado interessadas no Evangelho quando o anunciamos?
5) Será que todos os membros de nossas igrejas têm sido, de
fato, discipulados? Se não, o que podemos fazer para mudar essa
realidade?
6) Quando pensamos em Discipulado, qual a primeira coisa que
vem a nossa mente: ministração de estudos bíblicos ou
Relacionamento Discipulador? Em outras palavras, na nossa prática
de Discipulado, temos estado mais preocupados com o material a
ser estudado, ou com as pessoas?

7 NOVAES, Carlos César Peff. PEREIRA, Odilon Santos. RIOS, Billy


Wesley Larrubia.

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