Familias Indigenas
Familias Indigenas
Familias Indigenas
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MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL
Secretaria Nacional de Assistência Social
Departamento de Proteção Social Básica
Perguntas e Respostas
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CRÉDITOS
DIREÇÃO
Departamento de Proteção Social Básica | Renata Aparecida Ferreira
ELABORAÇÃO
Júlia Simões Zamboni
Marcela Rolim Siqueira
CONTRIBUIÇÕES
Técnicos da Secretaria Nacional de Assistência Social
PROJETO GRÁFICO
Jonatas Bonach - ASCOM/MDS
DIAGRAMAÇÃO
Érica Cristina Ferreira dos Santos - ASCOM/MDS
perguntas e respostas
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Quantos são e onde vivem
os povos indígenas?
De acordo com o Censo Demográfico 2010, vivem, no Brasil, 896,8 mil índios, que correspondem
a 0,4% da população nacional. As Terras Indígenas (T.I.) compreendem cerca de 13% do território
nacional. Muitos indígenas vivem em Terras Indígenas, alguns tem mais contato com a sociedade
não indígena e outros vivem em relativo isolamento (pouco ou nenhum contato com a sociedade
envolvente). No Brasil, o Censo Indígena 2010 constatou que 36,2% do total dos indígenas têm
domicílio na zona urbana e 63,8% na zona rural. Ao passo que na zona rural 85,9% dos indígenas
residem no interior das reservas. Existem ainda grandes quantidades de indígenas vivendo em
acampamentos de retomada de terras, ou seja, em beira de estradas ou em fundos de fazendas,
lutando para conquistar de volta seus territórios tradicionais.
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Os povos indígenas têm
direitos diferenciados?
Sim. A Constituição Federal de 1988 é o principal marco legal dos direitos indígenas. Ela inaugurou
uma nova era de cidadania porque firmou na legislação nacional o respeito às coletividades
indígenas como sujeitos culturalmente diferenciados - sujeitos com direito à terra, educação e
seguridade social que respeitem suas diferenças.
Nos artigos 231 e 232 – que tratam “Dos Índios” -, é assegurado o direito à diferença,
voz própria e usufruto exclusivo das riquezas do solo, rios e lagos existentes
nas terras tradicionalmente ocupadas. Para garantir a legitimidade da representação
política autônoma dos povos indígenas, o artigo 232 assevera que “os índios, suas comunidades e
organizações são partes legítimas para ingressar em juízo em defesa de seus direitos e interesses,
intervindo o Ministério Público em todos os atos do processo”.
Em reforço aos dispositivos dos artigos 231 e 232, o Estado brasileiro incorporou à nossa
legislação, no ano de 2004, a Convenção nº 169 (“Convenção sobre Povos Indígenas e Tribais em
Países Independentes”), da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Assim, a Convenção nº
169 trouxe grandes avanços para a legislação indigenista ao estabelecer que:
Além disso, firmou o reconhecimento do direito à terra, vista como essencial para
a afirmação e perpetuação dos povos indígenas enquanto sociedades culturalmente
diferenciadas, à consulta prévia “mediante procedimentos apropriados e, particularmente,
através de suas instituições representativas, cada vez que sejam previstas medidas legislativas
ou administrativas suscetíveis de afetá-los diretamente” (Artigo 6º, Convenção nº 169 – OIT)
e à participação livre na “adoção de decisões em instituições efetivas ou organismos
administrativos e de outra natureza responsáveis pelas políticas e programas que lhes sejam
concernentes” (Idem).
Isso significa que toda e qualquer ação que venha a ser desenvolvida pela Assistência Social
deverá ser precedida de explicação clara sobre o papel da Assistência, e elaboração conjunta das
atividades que serão desenvolvidas. Os povos indígenas deverão ser sempre consultados antes de
qualquer decisão que possa afetá-los seu modo de vida.
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Qual a importância do território
para os povos indígenas?
A terra não é mero suporte físico da sobrevivência. O que ela sustenta é todo o modo de vida
indígena, suas relações sociais e o sistema de crenças e conhecimento. A terra é o suporte da
cultura e, como tal, é utilizada para assentar habitações, implantar roças e áreas de caça, pesca e
coleta e estabelecer caminhos de aliança que levam aos grupos vizinhos. Por isso, é mais adequado
falar em territórios indígenas, pois eles remetem à construção e vivência da relação entre uma
sociedade específica e sua base territorial, culturalmente variável.
A Política de Assistência Social reconhece outras dimensões do território para além do seu
aspecto físico. Ou seja, o território não significa meramente um espaço administrativo, mas um
lugar vivo e de vivências, um lugar real mais do que oficial. Nesse sentido, as particularidades
desses territórios devem ser consideradas para oferecer respostas mais adequadas à realidade
dos seus habitantes, incluindo a população indígena. Nessa perspectiva, é importante considerar
os componentes naturais de relevo e solo, mas, sobretudo, é importante também valorizar a
historicidade e os elementos culturais dos povos.
Assim, é importante não tomar o município como critério exclusivo para definir os limites
territoriais: a política de AS se depara com famílias vivendo em aldeias no centro de núcleos
urbanos e metrópoles, em áreas demarcadas e protegidas pelo Estado ou em territórios
reivindicados.
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Como saber se tem povos indígenas no
território de abrangência do Centro de
Referência da Assistência Social/CRAS?
O diagnóstico sócio territorial deverá ser feito pela gestão municipal e deve levar em conta a
existência de Povos e Comunidades Tradicionais no território. É possível identificar a presença
de indígenas também por meio de busca ativa e demanda espontânea. No entanto, é necessário
ter cautela na realização de busca ativa para não adentrar em uma Terra Indígena sem o
consentimento das comunidades locais e prévia autorização. Recomenda-se a parceria e a
presença da FUNAI em atendimentos realizados no interior das Terras Indígenas.
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Qual a recomendação de abordagem,
para as equipes de referência dos CRAS,
ao realizar o trabalho social com
famílias indígenas?
Recomenda-se a adoção de uma abordagem metodológica clara e colaborativa, que promova
o empoderamento dos povos indígenas para uma reflexão crítica sobre a sua situação de vida e
suas prováveis condicionantes socioeconômicas e culturais. A Assistência Social considera povos
indígenas como sujeitos capazes de propor, ao CRAS, linhas de ação em respeito aos seus usos,
costumes e tradições. Requer profissionais qualificados, com saberes científicos e princípios éticos,
que fujam do senso comum e das ideias preconceituosas, tendo como base o território de vivência
das famílias.
Importante salientar que a equipe do CRAS deve contar com o consentimento das famílias
antes de iniciar as ações, bem como com sua participação na definição das mesmas. Paralelamente,
as lideranças indígenas são o canal de comunicação obrigatório para apresentação do CRAS e do
PAIF e negociação antes da implementação das ações socioassistenciais no interior das aldeias.
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É possível atender povos indígenas que
não possuem documento?
A Assistência Social não pode deixar de atender um indígena que não possui documentação.
Ou seja, ausência de documentação civil não deve ser motivo para condicionalizar ou dificultar
o acesso a direitos e ao atendimento na rede socioassistencial do SUAS. A ausência de
documentação civil indica uma situação de não acesso a direitos básicos, por isso, os serviços
socioassistenciais devem atender as famílias com pessoas nestas situações com um olhar atento
para a viabilização do direito ao documento, prevenindo outras situações de vulnerabilidade e
garantindo o desenvolvimento da autonomia dos sujeitos. Com a Portaria MDS nº 177, de 16 de
junho de 2011, foi instituído o “cadastramento diferenciado”, que busca coletar informações de
famílias com características socioculturais e/ou econômicas particulares que demandam formas
específicas de registro de dados no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.
Tal Portaria estabeleceu a não obrigatoriedade de apresentação de CPF ou título de eleitor no
cadastramento de famílias indígenas e quilombolas, devendo ser apresentado qualquer outro
documento de identificação por parte da pessoa responsável pela unidade familiar. Para os
indígenas que não possuem documentação civil é possível apresentar a certidão do Registro
Administrativo de Nascimento Indígena (RANI). Os CRAS têm um papel fundamental no devido
encaminhamento de demandas por documentação civil aos órgãos competentes. A equipe do
CRAS pode orientar os indígenas sobre seus direitos, como a gratuidade na 1ª via da certidão, a
possibilidade de gratuidade também na 2ª via, o direito ao nome indígena, o direito à mudança
de nome e etc. Além disso, a equipe também pode, de forma respeitosa, orientar sobre formas de
guarda dos documentos. Como a ausência de documentação é um indicador de vulnerabilidade,
a equipe do CRAS também pode incluir essa questão nas ações de busca ativa em seu território de
abrangência.
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Como posso fazer um trabalho contínuo e
qualiFIcado para as famílias indígenas?
• Procure se informar sobre as comunidades indígenas do seu município. Leia a respeito,
pesquise e descubra quais são suas características socioculturais: como se organizam,
quais são as suas visões de mundo, seus valores éticos e morais. Como sugestão, visite
o site da FUNAI: http://www.funai.gov.br/, do IBGE que trás informações do Censo
Indígena: http://indigenas.ibge.gov.br/ e do Instituto Socioambiental: http://pib.
socioambiental.org/pt;
• Ofereça uma escuta qualificada aos indígenas que procuram os equipamentos da Assistência
Social: ouça os relatos trazidos, procure entender os problemas apresentados e, acima de tudo,
tenha paciência com as diferenças linguísticas apresentadas;
• Utilize métodos participativos de escuta e construção conjunta para que haja a apropriação
acerca dos direitos socioassistenciais;
• Entre em contato com o Ministério Público Federal (conforme determina o artigo 129, inciso V,
da Constituição Federal), se você se deparar com assuntos que requerem intervenção judicial
para garantia de direitos.
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Quem são povos e comunidades
tradicionais?
Povos e Comunidades Tradicionais são grupos culturalmente diferenciados e que se
reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e
usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa,
ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela
tradição (Decreto 6040/2007).
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Modalidades de Terras Indígenas,
com sua descrição
Foto: xxxx/MDS
TERRA INTERDITADA: Áreas interditadas pela FUNAI para proteção dos povos e
grupos indígenas isolados, com o estabelecimento de restrição de ingresso e trânsito de
terceiros na área.
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