Cartilha Rouanet 2ed
Cartilha Rouanet 2ed
Cartilha Rouanet 2ed
Mariana Kadletz
Incentive
ÍNDICE
ENQUADRAMENTO DO PROJETO 10
Artigo 18 – Renúncia fiscal total 10
Artigo 26 – Renúncia fiscal parcial 10
Patrocínio e doação 11
Áreas culturais com 100% de isenção fiscal 11
AVALIAÇÃO DA PROPOSTA 20
Análise de admissibilidade 20
Captação de 10% 20
Análise técnica 21
Homologação da CNIC 21
Parecer técnico 21
Recurso 22
QUANDO A VERBA PODE SER CAPTADA 23
EXECUÇÃO DO PROJETO 28
Captação mínima 28
Transferência dos recursos 28
Alterações no projeto 28
Remanejamentos orçamentários 29
Pedido de complementação e redução do valor do projeto 29
Pedidos de prorrogação – captação e execução 30
Avaliação dos fornecedores 30
Formalização de contratos 30
Documentos fiscais 30
Forma de pagamento 31
Aplicação das logomarcas 31
Acessibilidade e democratização de acesso 31
Comprovações de realização do projeto 32
Fiscalização da execução do projeto 32
PRESTAÇÃO DE CONTAS 34
Aprovação ou reprovação da prestação de contas 35
NÚMEROS DO MECENATO 36
Dados gerais de 2017 36
Maiores patrocinadores em 2017 36
Investimentos de 2017 por região 36
QUEM PODE
da Receita Federal) e também do seu ato
APRESENTAR UM constitutivo (contrato social, estatuto, etc).
PROJETO Todos os documentos devem dispor sobre
a finalidade cultural de forma expressa.
1. A Administração pública direta só poderá receber doação ou patrocínio em favor do Fundo Nacional de Cultura, conforme §1º
do art. 23 do Decreto 5.761, de 27.04.2006.
2. A Administração Indireta é o conjunto de entidades com personalidade jurídica que são vinculados a um órgão da Adminis-
tração Direta, e prestam serviço público ou de interesse público. São eles: Autarquia, Empresa Pública, Sociedade de economia mista,
Fundação Pública.
CARTILHA LEI ROUANET 9
3. Considera-se intermediação a apresentação de proposta por proponente cuja participação em sua execução será irrelevante, aces-
sória ou nula ou em que a atividade técnico-financeira ou de gestão tenha sido delegada a terceiros (conceito retirado do item XVIII
do Anexo I – Glossário – da IN 5/2017).
10 WWW.CAPACITAR.VC
Para melhor visualização dos limites de Além disso, todos os limites acima expla-
número de projetos e valores, fizemos o nados não se aplicam aos seguintes tipos
quadro abaixo. de projetos (art. 4º, §2º):
- Planos Anuais e Plurianuais de Atividades;
Existe outra exceção, prevista no art. 5º, - Conservação e restauração de imó-
informando que será permitido mais um veis, monumentos, logradouros, sítios,
acréscimo dos limites de projetos inicialmen- espaços e demais objetos, inclusive na-
te informados neste tópico. A possibilidade é turais, tombados por qualquer das es-
de até 25% para novos projetos integralmen- feras de Poder, desde que apresentada
te executados na Região Sul e nos estados de documentação comprobatória, confor-
Espírito Santo e Minas Gerais e de até 50% me regulamento;
nas Regiões Norte, Nordeste ou Centro- - Preservação de acervos e exposições
Oeste. Porém, a Instrução não deixa claro se organizadas com acervos museológicos
o acréscimo diz respeito ao número de pro- de reconhecido valor cultural pela área
jetos e também ao valor monetário total dos técnica do Ministério da Cultura;
projetos. Assim, caso o proponente tenha - Construção e implantação de equipa-
interesse em se utilizar dessa previsão, suge- mentos culturais de reconhecido valor
rimos uma consulta prévia ao Ministério da cultural pela respectiva área técnica do
Cultura, para dar mais segurança aos projetos. Ministério da Cultura.
Nº DE SOMA DE TODOS
TIPO DE PROPONENTE EXCEÇÃO
PROJETOS OS PROJETOS
Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada + 4 se os novos projetos forem
(EIRELI), Sociedades Até 16 R$60.000.000,0 integralmente realizados em
Limitadas (Ltda) e demais equipamentos ou espaços públicos.
pessoas jurídicas.
12 WWW.CAPACITAR.VC
O enquadramento de um projeto
não é feito pelo proponente, mas
pelo Ministério da Cultura. Po-
rém, cabe ao proponente trabalhar com o
objetivo de que o seu projeto seja enquadra-
Dependendo da modalidade (patrocínio ou
doação), e do incentivador (pessoa física ou
jurídica) os percentuais podem variar entre
30% e 80%
co do Brasil ele deseja trabalhar. As contas faça a leitura dessa norma para que sirva de
serão abertas pelo Ministério no momento inspiração sobre quais medidas de acessibi-
oportuno. Também é necessário indicar lidade poderá adotar no seu projeto, ainda
se a proposta é ou não de audiovisual. No o proponente possa sugerir novas alterna-
item “Plano de Execução Imediata” é pre- tivas ao Ministério da Cultura.
ciso indicar qual o tipo do seu projeto, pois
isso irá determinar a tramitação dele. Os custos dessas medidas devem estar den-
tro do orçamento. E, sempre que possível, o
Atente-se também para o período de rea- material de divulgação dos produtos cultu-
lização do projeto, que deve sempre iniciar rais gerados pelo projeto deverá conter infor-
pelo menos 90 dias após o envio da pro- mações sobre a disponibilização das medidas
posta ao Ministério. de acessibilidade adotadas para o produto.
6. O art. 27 do Decreto 71.733/1973 permite a compra de passagens de primeira classe para Presidente e Vice-Presidente da Repú-
blica e passagens da classe executiva para os Ministros de Estado, os ocupantes de cargos de Natureza Especial, os Comandantes do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica e o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Ressalva também para os artigos
3º-B e 10 do Decreto 5.992/2006 que faz menção à “servidor ou colaborador eventual que acompanhar servidor com deficiência em
deslocamento a serviço”.
7. A vantagem financeira é vedada pelo art. 23, §1º da Lei Rouanet e art. 43, §8º da IN 5/2017. Lembrando que é permitido ao patro-
cinador o recebimento até 10% do produto cultural resultante do projeto.
8. Os limites de captação são de até 15% para projetos integralmente executados nas regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste; até
12,5% para projetos integralmente executados na região Sul e estados de Minas Gerais e Espírito Santo e 10% para o restante do Brasil.
20 WWW.CAPACITAR.VC
Ainda sobre o assunto, apesar do art. 11 O valor por pessoa beneficiada é o quo-
fazer menção ao proponente, entendemos, ciente entre o somatório do Custo do
por analogia, que outros fornecedores tam- Projeto e o quantitativo de beneficiários
bém não poderiam receber por mais de do produto principal. Os beneficiários de
50% do valor do projeto. A exceção se dá produtos secundários poderão ser com-
no caso de projeto de execução de obras e putados, desde que não sejam os mesmos
restauros (§3º do art. 11). beneficiários do produto principal, não se
aplicando para os projetos de ampla difu-
Além disso, outros valores devem ser ob- são em sítio da internet e TV aberta (item
servados para o pagamento de cachês artís- LII do Glossário).
ticos, por apresentação (art. 12):
π para artista ou modelo solo – até Mas esse limite de valor não se aplica às
R$45.000,00 propostas que visem à proteção do patri-
π para grupos artísticos, exceto orques- mônio material ou imaterial e de acervos,
tras – até R$90.000,00 planos anuais ou plurianuais de atividades,
π para grupos de modelos de desfile de obras e restauração, capacitação, cursos,
moda – até R$90.000,00 oficinas, fóruns ou seminários de forma-
π para orquestras – até R$2.250,00 ção, óperas, prêmios, pesquisas, projetos
por músico museológicos, educativos, de manutenção
π para orquestras – até R$45.000,00 para de corpos estáveis, projetos de inclusão da
o maestro pessoa com deficiência, desfiles festivos,
produção de obras audiovisuais, constru-
Valores superiores aos acima citados ção de salas de cinema e teatro em muni-
vão depender de uma aprovação da CNIC cípios com menos de 100.000 habitantes,
– Comissão Nacional de Cultura, consi- bem como projetos realizados em espaços
derando as justificativas do proponente e com até 150 lugares (art. 4º, §4º).
área técnica.
destinou 5% para o Fundo do Idoso, ele o que deve ser conferido pelo proponente
só poderá, naquele exercício, destinar 1% dentro do Salic. Mesmo assim, recomenda-
para a Lei Rouanet. Já para o contribuinte mos que o proponente tenha em sua posse
pessoa jurídica aplica-se outra regra. O li- uma via do recibo de mecenato.
mite de 4% de pessoas jurídicas concorre
apenas com a Lei do Audiovisual, ou seja, O recibo é o documento que será apre-
mesmo que a empresa tenha doado 1% sentado ao investidor, para que a contabili-
para a Lei de Incentivo ao Esporte, isso dade o utilize na comprovação da dedução
não a impedirá de aportar os 4% para a fiscal. De fato, a informação enviada pelo
Lei Rouanet. Entenda esse processo para, investidor à Receita Federal não exige o re-
se necessário, explicar ao investidor, ou cibo em si. Porém, trata-se de uma prática
leve consigo profissional ou contador apto de mercado há anos consolidada e alguns
a responder a esses questionamentos. investidores utilizam o documento para
π Mostre inovação: lembre-se que o fins de apresentação à auditoria. Por isso,
seu produto não precisa necessariamente converse com o investidor a fim de apresen-
ser algo novo. A inovação pode estar na tar a documentação que lhe seja necessária.
forma de fazer. Ideias inovadoras podem
chamar a atenção do incentivador em po- Depois da emissão do recibo, esse é o
tencial. Exalte os seus diferenciais! momento em que a verba captada pode ser
π Demonstre os resultados que serão depositada na conta bancária do projeto, o
alcançados: pode ser através de números que será feito pelo próprio patrocinador. A
ou metas do próprio investidor. Se for o verba deve ser depositada em uma conta
caso, demonstre que o seu projeto terá um bancária que consta no Salic, chamada de
alcance significativo para a comunidade conta bancária bloqueada. A norma atual
onde a sua empresa está inserida. faz menção a conta vinculada, porém, até o
π Agradeça mesmo que receba um presente momento, ela ainda não foi posta
não: muitos proponentes, quando recebem em operação, e as contas bloqueada e mo-
um não, ficam indignados e sequer agrade- vimento ainda são as utilizadas.
cem. É importante lembrar que ninguém
tem a obrigação de incentivar um projeto. Os recursos deverão ser depositados en-
Seja gentil e agradeça. Quem sabe amanhã tão na conta bloqueada (também chamada
essa porta pode se abrir para você? conta captação) por meio de depósito iden-
tificado por Transferência Eletrônica Dis-
Além disso, você pode acessar o link da ponível –TED, ou Documento de Opera-
Associação Brasileira de Captadores de Re- ção de Crédito –DOC. Em todos os casos
cursos (captadores.org.br) e se inteirar so- é necessário constar o CPF ou do CNPJ do
bre o tema. depositante e o tipo de depósito, qual seja,
doação ou patrocínio (§1º, art. 30).
Durante a execução do seu projeto diver- Quando o proponente for pessoa jurídi-
sos fornecedores serão contratados. Reco- ca de direito público o processo licitatório
menda-se que seja averiguado se o forne- deve ser seguido, prevendo as formas pró-
cedor está apto a prestar o serviço antes da prias de contratação dos fornecedores.
contratação ou de qualquer pagamento. Isso
pode ser feito através de uma avaliação rápi-
da do seu cartão de CNPJ, no site da Receita DOCUMENTOS FISCAIS
Federal e também uma avaliação do contra-
to social do fornecedor, se for o caso. Estamos trabalhando com verba pública,
então é necessário que os fornecedores do
Inclusive, uma das trilhas de controle do projeto estejam aptos a emitir o documen-
Ministério da Cultura (Anexo VII) é a regu- to fiscal (nota fiscal, recibo de profissional
CARTILHA LEI ROUANET 33
autônomo ou documento equivalente). Fa- As contas bancárias dos projetos são isen-
turas e recibos serão aceitos somente nos tas de tarifas bancárias (art. 32), as quais
casos permitidos por lei, o que precisa ser estão listadas no Anexo VI da Instrução.
justificável. Por isso, entendemos que o
profissional da contabilidade é indispensá-
vel, pois este possui o conhecimento ne- APLICAÇÃO DAS LOGOMARCAS
cessário para dar segurança ao proponente.
Os materiais de divulgação dos projetos
Hoje a norma não traz mais a previsão precisam observar exigências sobre a apli-
expressa de que os documentos fiscais te- cação das logomarcas. Para isso, existe um
nham que trazer o nome do projeto e o guia chamado “Manual de Uso das Marcas
número do Pronac. Porém, recomenda- do Pronac”, que pode ser obtido no portal
mos que essa prática se mantenha, pois da Rouanet - http://rouanet.cultura.gov.br/.
entendemos que isso auxilia na organi-
zação e na transparência da prestação de Assim, todo material gerado pelo pro-
contas, além de separar de forma clara os jeto (ainda que não seja viabilizado com
custos do projeto de outros que o propo- recursos do projeto) deverá ser inserido
nente venha a ter. no software Salic, para aprovação prévia
do Ministério, antes da sua veiculação,
Eventuais retenções de impostos tam- impressão ou produção.
bém precisam ser observadas. A recomen-
dação é de que, sempre que possível, o pa- No Anexo II da Instrução, que é a de-
gamento do fornecedor só seja feito depois claração de responsabilidade validada
de ele ter enviado a nota fiscal. pelo proponente no momento da apre-
sentação da proposta, explica que “a di-
Documentos fiscais que não forem vulgação da Lei Rouanet é fundamental
eletrônicos precisam ser digitalizados, e para o controle social, para o conheci-
guias de impostos também precisam ser mento do público em geral, para a mo-
arquivadas para, posteriormente, serem tivação e o engajamento de novos patro-
inseridos no Salic e comporem a presta- cinadores e doadores, bem como para a
ção de contas. evolução e a expansão do mecanismo”.
E de fato é. Por isso, atente-se também
para a correta aplicação da logomarca do
FORMA DE PAGAMENTO (s) patrocinador (es), proponente e possí-
veis apoiadores.
As formas de pagamento do projeto são:
transferência bancária identificada, cartão
magnético ou qualquer outro meio eletrô- ACESSIBILIDADE E
nico de pagamento que assegure a identi- DEMOCRATIZAÇÃO DE ACESSO
ficação do fornecedor do bem ou serviço.
Lembre-se das medidas de acessibili-
Quando não houver possibilidade de pa- dade e de democratização de acesso que
gamento de uma despesa pelos meios já des- foram prometidas no momento da elabo-
critos, o proponente poderá realizar saques ração do seu projeto. Execute elas e faça
diários de até R$1.000,00, podendo pagar registros dessa execução, para posterior-
despesas limitadas a este valor (art. 31, §1º). mente incluir na prestação de contas.
34 WWW.CAPACITAR.VC
COMPROVAÇÕES DE REALIZAÇÃO
DO PROJETO
RECOLHIMENTO DE
SALDO AO FNC
Durante a execução, guarde, de forma
organizada, o máximo de comprovações
que forem possíveis. Por exemplo, se o seu
projeto prevê aulas de dança, você pode Depois de encerrado o projeto e efetu-
fotografar as aulas, obter depoimentos dos ado todos os pagamentos, é o momento
alunos, relatórios dos professores, juntar as de zerar a conta bancária onde os valores
fichas de inscrição, fazer vídeos, etc. estavam sendo movimentados. O art. 32
da Instrução, em seu §4º, deixa claro que
Além disso, divulgue! Poste nas redes so- ao término da execução do projeto, todo
ciais, compartilhe a notícia. Dê publicidade saldo remanescente (incluindo o resulta-
ao seu projeto, dando transparência e visi- do de aplicação financeira não utilizado)
bilidade para ele. será recolhido ao Fundo Nacional de
Cultura – FNC.
Use a sua imaginação e registre tudo o que
for executado. Lembre-se: o momento de Também existe a possibilidade do pro-
registrar o seu projeto é durante a execução. jeto ser arquivado por falta de captação
suficiente para iniciar a sua execução
(art. 52).
FISCALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO DO
PROJETO Isso porque, em regra, é vedada a trans-
ferência de saldos não utilizados para ou-
Mesmo que a prestação de contas seja tros projetos aprovados pelo Ministério
enviada ao Ministério da Cultura somente da Cultura. As exceções estão no art.
após o término da execução, é importante 28 e §3º do art. 29, já mencionados nos
que o proponente já mantenha uma orga- itens anteriores.
nização documental em tempo real.
A regra também não se aplica para o
Isso é bom para o projeto, e também para caso de planos anuais ou plurianuais de
o Ministério, que poderá, a qualquer momen- atividades ou projetos de ação continu-
to, realizar acompanhamento da execução do ada do mesmo proponente, desde que o
projeto, por meio de vistoria no próprio local projeto anterior seja encerrado e declara-
ou solicitando o envio de informações. do o valor transferido em campo especí-
fico do novo projeto (art. 42).
A vistoria pode ter por objetivo escla-
recer dúvidas acerca do projeto, do ponto Para os demais casos, através do Anexo
de vista físico ou financeiro, podendo ter II da Instrução Normativa (Declaração
sido motivada por vistoria de rotina ou por de Responsabilidade), o proponente de-
eventual denúncia. Ela poderá ser realizada clara ter conhecimento de que deverá:
diretamente pelo Ministério, por suas enti-
dades vinculadas, representações regionais, “DEVOLVER em valor atualizado, o
pareceristas credenciados, ou mediante saldo dos recursos captados e não uti-
parceria com outros órgãos federais, esta- lizados na execução do projeto, quando
duais e municipais (artigos 45 e 46). não transferidos para outro projeto, me-
CARTILHA LEI ROUANET 35
CENTRO-OESTE
1,7%
20Mi
DADOS GERAIS DE 2017 SUDESTE
78,8%
934,9 Mi
162,5Mi
tou mais de 36 milhões. A ENGIE Brasil
Energia, juntamente com a ENGIE Comer-
CARTILHA LEI ROUANET 39