Cartilha Rouanet 2ed

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INTRODUÇÃO

Esta cartilha tem por objetivo orientar e


auxiliar proponentes a elaborarem e execu-
tarem projetos que sejam viabilizados atra-
vés da Lei de Incentivo a Cultura, também
chamada de Lei Rouanet, bem como orien-
tar incentivadores interessados em investir
o seu Imposto de Renda nos projetos bene-
ficiados pela lei.

Atualmente, não há dúvida de que a Lei


é o principal mecanismo de financiamento
da cultura brasileira.

Porém, para ter acesso a esse benefício,


existem inúmeras normas a serem obser-
vadas, e nem sempre a linguagem das leis é
acessível a todos. Queremos, com essa car-
tilha, desmistificar um pouco esse tema,
tão importante, mas não menos questiona-
do pela sociedade.

Nossa intenção também é, da forma mais


prática possível, levar a comunidade em ge-
ral a entender mais sobre os métodos que
devem ser adotados e caminhos a serem
seguidos. Essa segunda edição está atuali-
zada com as regras trazidas pela Instrução
Normativa n. 05/2017, leitura indispensá-
vel para quem atua na área.

A leitura desta cartilha não dispensa a


leitura de outras normas, nem tampouco
dispensa o constante aperfeiçoamento dos
interessados no tema, seja através de cur-
sos, leituras, e até acompanhamento do site
do Ministério da Cultura. Mas auxiliará em
muito a compreensão básica do universo
da Lei Rouanet.

Reporte-se a esta Cartilha sempre que


necessário, consulte a legislação com fre-
qüência, e mãos a obra! Boa leitura!

Mariana Kadletz
Incentive
ÍNDICE

O QUE É LEI ROUANET 5

QUEM PODE APRESENTAR UM PROJETO 6


Documentos para proponente pessoa física 6
Documentos para proponente pessoa jurídica 7
Dicas 7
Usuário do software Salic 8
Limites de projeto e valores por proponente 8

ENQUADRAMENTO DO PROJETO 10
Artigo 18 – Renúncia fiscal total 10
Artigo 26 – Renúncia fiscal parcial 10
Patrocínio e doação 11
Áreas culturais com 100% de isenção fiscal 11

COMO ELABORAR UM PROJETO 13


Identificação da proposta 13
Acessibilidade 14
Democratização de acesso 14
Produto e Plano de distribuição 14
Ações educativas 15
Projeto orçamentário 16
Limites da planilha orçamentária 17
Plano de divulgação do projeto 18
Contrato de patrocínio 19
Cadastramento do projeto 19

AVALIAÇÃO DA PROPOSTA 20
Análise de admissibilidade 20
Captação de 10% 20
Análise técnica 21
Homologação da CNIC 21
Parecer técnico 21
Recurso 22
QUANDO A VERBA PODE SER CAPTADA 23

QUEM PODE SER UM INCENTIVADOR 24


Vedações dos incentivadores 25

DICAS DE CAPTAÇÃO DE RECURSOS 26


Recibo de mecenato 27

EXECUÇÃO DO PROJETO 28
Captação mínima 28
Transferência dos recursos 28
Alterações no projeto 28
Remanejamentos orçamentários 29
Pedido de complementação e redução do valor do projeto 29
Pedidos de prorrogação – captação e execução 30
Avaliação dos fornecedores 30
Formalização de contratos 30
Documentos fiscais 30
Forma de pagamento 31
Aplicação das logomarcas 31
Acessibilidade e democratização de acesso 31
Comprovações de realização do projeto 32
Fiscalização da execução do projeto 32

RECOLHIMENTO DE SALDO AO FNC 32

PRESTAÇÃO DE CONTAS 34
Aprovação ou reprovação da prestação de contas 35

NÚMEROS DO MECENATO 36
Dados gerais de 2017 36
Maiores patrocinadores em 2017 36
Investimentos de 2017 por região 36

VALIDADE E FUTURO DA LEI 37


CARTILHA LEI ROUANET 7

O QUE É LEI conhecido como FNC;


ROUANET • Fundos de Investimento Cultural e Ar-
tístico – FICART; e
• Incentivo a projetos culturais.

N osso país conta com mais de 300


leis de incentivo à cultura, que
podem ser leis municipais, esta-
duais e federais, e são criadas para estimu-
lar a produção cultural em troca de benefí-
O item terceiro diz respeito ao conhecido
sistema do “Mecenato” ou “Incentivo Fiscal”.
E esta cartilha irá tratar tão somente desse
item, qual seja, incentivo a projetos culturais.

cios de isenção fiscal. O mecanismo do incentivo permite que in-


vestidores apoiem projetos culturais. Esse in-
Essas leis são baseadas no princípio da vestimento pode ocorrer na forma de doação
renúncia fiscal. E a renúncia nada mais é ou patrocínio, como será visto no decorrer da
do que o poder público “abrir mão” de re- cartilha. O investidor deduz o investimento
ceber determinado valor, para que ele seja do seu imposto de renda e ainda investe na
aplicado diretamente no setor cultural. cultura do país, além de fortalecer sua marca
e relacionar-se com a comunidade.
As leis municipais irão oferecer isenção
de impostos municipais, como é o caso do A Lei é aplicada pelo Ministério da Cul-
ISS (imposto sobre serviços) e IPTU (im- tura, criado em 1985, através da SEFIC –
posto sobre a propriedade territorial ur- Secretaria de Fomento e Incentivo a Cultu-
bana). As leis estaduais oferecerão isenção ra. E para a sua aplicação, é necessário que
no imposto estadual, como por exemplo o um determinado trâmite seja seguido.
ICMS (imposto sobre a circulação de mer-
cadorias e serviços) e as leis federais, por Atualmente a Lei Rouanet é regulamen-
sua vez, irão conceder isenção de imposto tada pelo Decreto 5.761, de 27 de abril de
federal, no caso, do IR (imposto de renda). 2006. Além do Decreto, há alguns anos
o Ministério da Cultura vem publicando
A Lei Federal nº 8.313, do dia 23 de de- Instruções Normativas, e através delas é
zembro de 1991 é conhecida como Lei de possível entender de forma mais detalhada
Incentivo a Cultura ou Lei Rouanet. A ex- quais os procedimentos estabelecidos des-
pressão Rouanet é um apelido dado pelo de a apresentação até a prestação de contas
seu criador, Sérgio Paulo Rouanet, diplo- de um projeto. A Instrução Normativa vi-
mata e membro da Academia Brasileira de gente é a de número 05, de 26 de dezembro
Letras, que na época era o Secretário de de 2017, que será chamada neste documen-
Cultura do Governo Collor. to de IN 5/2017, e é com base nessa ins-
trução e entendimentos do Ministério da
A Lei Rouanet é uma lei federal e é a prin- Cultura que, a partir desta cartilha, você
cipal lei de incentivo à cultura do Brasil, já será treinado para aplicar esse mecanismo.
tendo mobilizado aproximados 17 bilhões
em todo o país. No decorrer desta cartilha a norma
mais citada será a atual Instrução Nor-
Através dela foi criado o PRONAC, que mativa 5/2017. Por estes motivos, sempre
significa “Programa Nacional de Apoio à que houver menções a normas diferentes,
Cultura”, para ser implementado através de estas serão identificadas. Quando houver
três mecanismos: menção a anexos e artigos sem referência,
• Fundo Nacional de Cultura, também estaremos sempre citando a IN 5/2017.
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QUEM PODE
da Receita Federal) e também do seu ato
APRESENTAR UM constitutivo (contrato social, estatuto, etc).
PROJETO Todos os documentos devem dispor sobre
a finalidade cultural de forma expressa.

“No ato de inscrição, o proponente

C hamamos de Proponente a pessoa


que apresenta um projeto ao Mi-
nistério da Cultura, e que será res-
ponsável legal pela execução do projeto. É
o proponente que responde por todas as
deverá comprovar a sua experiência em
atividades culturais, salvo na primeira
proposta, bem como a natureza cultural,
no caso de pessoa jurídica, por meio da
existência, nos registros do CNPJ da insti-
ações do projeto e que deverá prestar con- tuição, de código de Classificação Nacio-
tas de sua realização e da utilização dos nal de Atividades Econômicas (CNAE),
recursos obtidos através da Lei Rouanet. referente área cultural, de acordo com a
classificação constante do Anexo VIII.”.
Conforme o Anexo I (Glossário), XLIII, (art. 2º, §1º).
da Instrução Normativa, proponente é a
“pessoa física com atuação na área cultu- Para isso, a atual Instrução Normativa
ral, ou pessoa jurídica de direito público agora prevê o Anexo VIII, que traz a lis-
ou privado, com ou sem fins lucrativos, ta dos segmentos culturais e respectivos
cujo ato constitutivo ou instrumento con- códigos (CNAEs), que devem constar no
gênere disponha sobre sua finalidade cul- cartão de CNPJ do proponente, depen-
tural e com atuação na área, responsável dendo do segmento cultural do projeto.
por apresentar, realizar e responder por
projeto cultural no âmbito do Pronac”. Dessa forma, antes de começar a elabo-
rar um projeto, o proponente precisa se
Assim, antes de iniciar o projeto, o pro- certificar de que possui a documentação e
ponente deve ser avaliado, no que diz res- os requisitos necessários.
peito aos requisitos necessários frente a
legislação, uma vez que o mesmo deverá Abaixo, apresentamos o rol de docu-
comprovar sua natureza cultural. mentos que são necessários para os pro-
ponentes, conforme consta no Anexo III
Poderão ser proponentes as pessoas fí- da Instrução.
sicas e jurídicas (com ou sem fins lucrati-
vos), desde que atendam os requisitos da
Instrução. Pessoas jurídicas de direito pú- DOCUMENTOS PARA PROPONENTE
blico1 poderão ser proponentes, desde que PESSOA FÍSICA
sejam da administração pública indireta 2 . π Currículo de atividades culturais, dan-
do ênfase para as atividades na área obje-
Quando o proponente for pessoa jurídi- to da proposta;
ca, será necessária uma avaliação do car- π Cópia do documento de identidade,
tão de CNPJ – Cadastro Nacional de Pes- contendo RG, CPF, foto e assinatura. Su-
soas Jurídicas (que pode ser obtido no site gerimos que seja a Carteira Nacional de

1. A Administração pública direta só poderá receber doação ou patrocínio em favor do Fundo Nacional de Cultura, conforme §1º
do art. 23 do Decreto 5.761, de 27.04.2006.
2. A Administração Indireta é o conjunto de entidades com personalidade jurídica que são vinculados a um órgão da Adminis-
tração Direta, e prestam serviço público ou de interesse público. São eles: Autarquia, Empresa Pública, Sociedade de economia mista,
Fundação Pública.
CARTILHA LEI ROUANET 9

Habilitação (CNH), pois ela já contém to- DICAS


das as informações necessárias;
π Ou, se for o caso, cédula de identidade • Licitação: A Lei Rouanet dispensa licita-
de estrangeiro emitida pela República Fe- ção, mas quando o proponente for pessoa
derativa do Brasil. jurídica de direito público é necessário lici-
tar, conforme menciona o art. 47, §1º, “I”.
Essa informação é de suma importância e
DOCUMENTOS PARA PROPONENTE deve ser de conhecimento do proponente
PESSOA JURÍDICA logo no início da concepção do projeto.
π Currículo de atividades culturais do
proponente na área objeto da proposta, • Procurador: Se o Proponente for re-
ou, caso a entidade não possua, juntar o presentado por terceiros, é preciso juntar
currículo cultural dos seus dirigentes e/ ao Salic uma procuração que traga firma
ou da equipe que constará na ficha técnica reconhecida, acompanhada dos docu-
do projeto; mentos de identificação do(s) procura-
π Cartão de CNPJ da entidade, em situ- dor(es), com foto, assinatura, RG e CPF.
ação ativa – retirado no site http://www. Atenção: os poderes contidos na procu-
receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/CNPJ/ ração não poderão, sob qualquer hipó-
cnpjreva/Cnpjreva_Solicitacao.asp; tese, configurar intermediação3 , vedada
π Cópia do ato que constituiu a pessoa pelo art. 28 da Lei nº 8.313, de 1991.
jurídica, que pode ser a última alteração
contratual ou estatutária, certificado de • Currículo ou Portfólio: não existe um
micro empreendedor, requerimento de modelo de currículo ou portfólio do Mi-
empresário ou documento equivalente, nistério da Cultura, mas sugere-se um
devidamente registrado no órgão compe- material organizado, por ordem crono-
tente. Caso a última versão do ato não lógica, com dados que comprovem que
seja uma versão consolidada, será neces- a atividade aconteceu de fato. Assim, o
sário juntar todas as alterações; proponente poderá juntar no Salic (den-
π Cópia da ata de eleição e termo de pos- tro do limite que o software permitir),
se da atual diretoria, devidamente regis- todo e qualquer material que comprove a
trada, ou do ato de nomeação dos atuais sua atuação cultural, como por exemplo:
dirigentes, quando for o caso; matérias de jornal, sites e redes sociais,
π Cópia do documento de identidade cartazes, folders, fotos, vídeos, relatórios,
do(s) dirigente(s), contendo RG, CPF, entre outros.
foto e assinatura. Sugerimos que seja a
CNH, pois ela já contém todas as infor- • Execução compartilhada: possibilidade
mações necessárias. Apesar de a norma onde dois ou mais proponentes somam
fazer menção somente a instituição, en- as suas competências para executar um
tendemos que esse documento deve ser projeto, e firmam um contrato ou acor-
juntado também no caso de pessoa jurídi- do de cooperação técnica para formalizar
ca de direito privado com fins lucrativos. essa parceria (Anexo I, XVI).

3. Considera-se intermediação a apresentação de proposta por proponente cuja participação em sua execução será irrelevante, aces-
sória ou nula ou em que a atividade técnico-financeira ou de gestão tenha sido delegada a terceiros (conceito retirado do item XVIII
do Anexo I – Glossário – da IN 5/2017).
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USUÁRIO DO SOFTWARE SALIC LIMITES DE PROJETO E VALORES


POR PROPONENTE
O segundo passo é o registro do pro-
ponente no Sistema Salic, que deverá ser Atualmente, existe um número limite que
a pessoa física ou o representante legal um proponente pode ter de projetos (sobre o
da entidade, no caso de proponente pes- assunto, recomenda-se a leitura dos art. 4 e 5).
soa jurídica. π Pessoas físicas e Micro Empreendedo-
res Individuais (MEI) podem ser pro-
É necessário que seja cadastrado um ponentes de apenas 4 (quatro) projetos.
e-mail, que esteja apto a receber as in- A soma dos projetos deve se limitar ao
formações do Ministério da Cultura. O total de R$1.500.000,00 (um milhão e
Salic e o e-mail são os canais entre pro- quinhentos mil reais).
ponente e Ministério, e por isso devem π As demais empresas que sejam consti-
estar funcionando e serem regularmen- tuídas de forma individual (Empreende-
te verificados. dores Individuais) poderão ter até 8 (oito)
projetos, totalizando R$7.500.000,00
Conforme o Glossário – Anexo I da (sete milhões e quinhentos mil reais).
Instrução, item XLVIII, usuário do Sa- π Empresa Individual de Responsabi-
lic é a pessoa física que é detentora de lidade Limitada (EIRELI), Sociedades
chave de validação para inserção e edi- Limitadas (Ltda.) e demais pessoas ju-
ção de propostas e projetos culturais, rídicas poderão somar até 16 (dezesseis)
podendo ser o próprio proponente, por projetos que totalizem R$60.000.000,00
seu representante legal, ou procurador (sessenta milhões de reais).
devidamente constituído.
Porém, caso os proponentes citados acima
O software é acessado pelo link http:// queiram aumentar o número de projetos (e
salic.cultura.gov.br - é só entrar e fazer não o limite monetário deles), poderão, desde
o cadastro. que os novos projetos sejam integralmente
realizados em equipamentos ou espaços pú-
Se o projeto for cadastrado por usu- blicos. Nesse caso, as pessoas físicas e MEI´s
ário diferente do proponente ou se o poderão acrescer mais 2 (dois) projetos; os
proponente quiser conferir poderes para demais Empreendedores Individuais pode-
um terceiro lhe representar frente o Mi- rão acrescer mais 3 (três) projetos; e EIRELI,
nistério, haverá necessidade de que seja Sociedades Limitadas e outras pessoas jurídi-
firmada uma procuração conferindo po- cas poderão acrescer mais 4 (quatro) projetos.
deres a um representante legal que cui- Essa possibilidade está no art. 4º, §3º.
dará do projeto. Essa procuração deve
ser anexada ao Salic no ato do cadastra- Também vale destacar que a Instrução
mento do projeto. A Instrução Norma- Normativa anterior trazia em seu texto a
tiva também exige que essa procuração menção a projetos “ativos”, eliminando
tenha assinatura com firma reconhecida todos aqueles que não estavam sendo exe-
em cartório (Anexo III). cutados. A nova norma não trouxe essa
CARTILHA LEI ROUANET 11

menção, o que requer um cuidado de in- Mas atenção: Considera-se um mesmo


terpretação. Não nos parece coerente que a proponente a pessoa física que também
norma atual se refira ao total dos projetos se constitua como tipos empresariais EI e
apresentados na vida do proponente, po- EIRELI ou sócio das demais pessoas jurí-
rém, fica a dúvida se os projetos não exe- dicas ou as pessoas jurídicas que possuam
cutados por excesso de prazo sem captação sócios em comum ou que participem do
entrariam no somatório. mesmo grupo empresarial.

Para melhor visualização dos limites de Além disso, todos os limites acima expla-
número de projetos e valores, fizemos o nados não se aplicam aos seguintes tipos
quadro abaixo. de projetos (art. 4º, §2º):
- Planos Anuais e Plurianuais de Atividades;
Existe outra exceção, prevista no art. 5º, - Conservação e restauração de imó-
informando que será permitido mais um veis, monumentos, logradouros, sítios,
acréscimo dos limites de projetos inicialmen- espaços e demais objetos, inclusive na-
te informados neste tópico. A possibilidade é turais, tombados por qualquer das es-
de até 25% para novos projetos integralmen- feras de Poder, desde que apresentada
te executados na Região Sul e nos estados de documentação comprobatória, confor-
Espírito Santo e Minas Gerais e de até 50% me regulamento;
nas Regiões Norte, Nordeste ou Centro- - Preservação de acervos e exposições
Oeste. Porém, a Instrução não deixa claro se organizadas com acervos museológicos
o acréscimo diz respeito ao número de pro- de reconhecido valor cultural pela área
jetos e também ao valor monetário total dos técnica do Ministério da Cultura;
projetos. Assim, caso o proponente tenha - Construção e implantação de equipa-
interesse em se utilizar dessa previsão, suge- mentos culturais de reconhecido valor
rimos uma consulta prévia ao Ministério da cultural pela respectiva área técnica do
Cultura, para dar mais segurança aos projetos. Ministério da Cultura.

LIMITES DE NÚMEROS DE PROJETOS E VALORES

Nº DE SOMA DE TODOS

TIPO DE PROPONENTE EXCEÇÃO
PROJETOS OS PROJETOS

- Pessoas físicas +2 se os novos projetos forem


- Micro Empreendedor Até 4 R$1.500.000,00 integralmente realizados em
Individual equipamentos ou espaços públicos.

+ 3 se os novos projetos forem


Demais enquadramentos de
Até 8 R$7.500.000,00 integralmente realizados em
Empreendedor Individual
equipamentos ou espaços públicos.

Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada + 4 se os novos projetos forem
(EIRELI), Sociedades Até 16 R$60.000.000,0 integralmente realizados em
Limitadas (Ltda) e demais equipamentos ou espaços públicos.
pessoas jurídicas.
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ENQUADRAMENTO ARTIGO 26 – RENÚNCIA FISCAL


PARCIAL
DO PROJETO
Somente parte do valor investido no projeto é
abatido do Imposto de Renda do incentivador.

O enquadramento de um projeto
não é feito pelo proponente, mas
pelo Ministério da Cultura. Po-
rém, cabe ao proponente trabalhar com o
objetivo de que o seu projeto seja enquadra-
Dependendo da modalidade (patrocínio ou
doação), e do incentivador (pessoa física ou
jurídica) os percentuais podem variar entre
30% e 80%

do corretamente. Nesse caso, o valor que não é abatido


do imposto de renda deverá ser suportado
Mas o que é o enquadramento? Nada mais com recursos próprios do incentivador.
é do que verificar em qual artigo da Lei Rou-
anet o seu projeto se enquadra: art. 18 ou 26. Ademais, ainda no caso do artigo 26,
O enquadramento tem relação direta com quando o incentivador for pessoa jurídi-
o percentual que o incentivador do projeto ca, o valor incentivado pode ser abatido
poderá deduzir do seu imposto de renda. como despesa operacional.

Funciona assim: a empresa que incenti- O quadro explicativo abaixo mostra


va pode deduzir até 4% do seu imposto de os percentuais de dedução fiscal para os
renda, dedução esta que será revertida ao dois artigos.
projeto. Se o incentivador for pessoa físi-
ca, a dedução é de até 6%. Esse limite de
PERCENTUAIS DE

imposto de renda pode ser revertido para DEDUÇÃO FISCAL
um ou mais projetos, e, no caso da pessoa
física, para outros mecanismos de incenti-
vo fiscal além da Lei Rouanet. ARTIGO
 ARTIGO

-
18 26

Vejamos agora a diferença entre o art. 18


e art. 26 da Lei 8.313/1991. PJ
 100% 40%
DOAÇÃO Isenção Isenção

ARTIGO 18 – RENÚNCIA FISCAL PJ 100% 30%


TOTAL PATROCÍNIO Isenção Isenção

100% do valor investido no projeto é abatido PF
 100% 80%


do Imposto de Renda do incentivador, para as DOAÇÃO Isenção Isenção
modalidades de patrocínio e doação
PF
 100% 60%
Aqui, o valor incentivado não pode ser PATROCÍNIO Isenção Isenção
abatido como despesa operacional para as
pessoas jurídicas. PJ - Pessoa jurídica. PF - Pessoa física.
CARTILHA LEI ROUANET 13

PATROCÍNIO E DOAÇÃO ÁREAS CULTURAIS COM 100% DE


ISENÇÃO FISCAL (ART. 18 DA LEI
O incentivo pode ocorrer de duas for- 8.313/91)
mas: doação ou patrocínio. O conceito de
doação e patrocínio pode ser obtido nos ARTES CÊNICAS
artigos 4 e 23 do Decreto que regulamen- • circo; dança; mímica; ópera; teatro; tea-
ta a Lei Rouanet (5.761, de 27 de abril de tro de formas animadas, de mamulengos,
2006). bonecos e congêneres;
• teatro musical, quando sua encenação
A doação não tem finalidade comercial. se estabelece por meio de dramaturgia,
Aqui é proibido qualquer tipo de promo- compreendendo danças e canções;
ção do doador e só podem se beneficiar • desfile de escola de samba ou festivos
dela propostas culturais de pessoa física, de caráter musical e cênico que tenham
ou jurídica sem fins lucrativos. relação com festividades regionais, com
confecções de fantasias, adereços ou ma-
Considera-se patrocínio a transferência de terial cenográfico;
dinheiro ou serviços e a utilização de bens • construção e manutenção de salas de
móveis ou imóveis do patrocinador, sem teatro ou centros culturais comunitários
transferência de domínio. O patrocínio pos- em municípios com menos de 100.000
sui finalidade comercial. Ou seja, aqui pode habitantes; e
haver publicidade do apoio com identifica- • ações de capacitação e treinamento
ção do patrocinador, dentro das normas de de pessoal.
aplicação de logomarca previstas no Manual
de Uso das Marcas do Pronac, disponível AUDIOVISUAL
no site do Ministério. Além disso, qualquer • produção de conteúdo audiovisual de
proposta aprovada pode se beneficiar de curta e média metragem, incluindo rá-
patrocínio, inclusive as que estiverem em dios e TVs educativas e culturais;
nome de pessoa jurídica com fins lucrativos. • difusão de acervo e conteúdo audiovi-
sual nos diversos meios e suportes;
Atenção: a doação e o patrocínio só po- • restauração e preservação de acer-
dem ser feitas a projetos ou pessoas não vos audiovisuais;
vinculadas ao investidor (vide art. 27 da • doação de acervos audiovisuais
Lei 8.313/1991). para cinematecas;
• ações de capacitação e treinamento
E para normatizar os artigos 18 e 26 da de pessoal;
Lei Rouanet, a Instrução Normativa 5/2017 • aquisição de equipamentos para ma-
traz, em seu Anexo IV, a lista de todos os nutenção de acervos audiovisuais públi-
segmentos culturais enquadrados no art. cos e cinematecas; e
18, com 100% de isenção fiscal. Dessa for- • construção e manutenção de salas de
ma, todos os segmentos que não estiverem cinema que poderão funcionar tam-
na lista abaixo serão considerados art. 26 bém como centros culturais comuni-
da Lei Rouanet, sendo beneficiados com tários em municípios com menos de
30% a 80% de isenção fiscal. 100.000 habitantes.
14 WWW.CAPACITAR.VC

MÚSICA • ações de segurança para preservação


• música erudita; de patrimônio cultural ou de acervos;
• música instrumental; • ações educativo-culturais, inclusive
• canto coral; e seminários, oficinas e palestras, visando
• ações de capacitação e treinamento a preservação do patrimônio material,
de pessoal. imaterial ou de acervos de valor cultural;
• treinamento de pessoal ou aquisição
ARTES VISUAIS de equipamentos para manutenção de
• exposição de artes visuais que possua acervos, arquivos públicos e institui-
em sua concepção tratamento artístico e ções congêneres;
curatorial, em quaisquer suportes abran- • elaboração de projetos de arquitetura
gendo as seguintes categorias: pintura, e urbanismo; e
desenho, gravura, fotografia, escultura, • elaboração de projetos de restauro (ar-
objeto, grafite, instalação, performances, quitetura e complementares) destinados
vídeo-arte, artes digitais, arte eletrônica, à preservação de bens culturais mate-
design, arquitetura, moda, arte cibernéti- riais tombados pelos poderes públicos,
ca e artes gráficas, que poderão se orga- federal, estadual, municipal ou distrital.
nizar sob a forma de exposições, feiras,
festivais, mostras, circuitos artísticos; e MUSEUS E MEMÓRIA
• ações educativo-culturais, inclusive • doação ou aquisição de acervos para
seminários, oficinas e palestras, assim museus e instituições de preservação
como ações de capacitação e treinamento da memória;
de pessoal que visem a formação e o fo- • preservação, restauração, conservação,
mento em artes visuais. identificação, registro e promoção;
• documentação e digitalização de acer-
PATRIMÔNIO CULTURAL MATERIAL E vos; sistemas de informações;
IMATERIAL4 • ações de segurança para preservação
• doações ou aquisições de acervos cul- de acervos;
turais em geral para arquivos públicos e • planos anuais de atividades e elabora-
instituições culturais; ção de planos museológicos;
• preservação, restauração, conserva- • exposições realizadas em museus, ex-
ção, salvaguarda, identificação, registro, posições organizadas com acervos de
educação patrimonial e acervos do pa- museus e museografia;
trimônio cultural material e imaterial; • pesquisa; sistematização de informações;
• ações de documentação ou digita- • ação educativo-cultural, inclusive semi-
lização de acervo bibliográfico e ar- nários, congressos, palestras;
quivístico, pesquisa, sistematização • criação e implantação (projetos, cons-
de informação; trução, restauração e reforma);
• preservação, restauração, manuten- • ações de capacitação e treinamento de
ção, readequação ou revitalização de pessoal; e
equipamentos culturais ou edificações • aquisição de equipamentos para a pre-
destinadas a preservação de patrimô- servação e manutenção de acervos.
nio cultural;

4. Sobre patrimônio cultural imaterial, sugere-se a leitura do “Anexo V – Tipologias” da IN 5/2017.


CARTILHA LEI ROUANET 15

HUMANIDADES COMO ELABORAR


• livros ou obras de referência, impressos
ou eletrônicos, de valor artístico, literário UM PROJETO
ou humanístico;
• manutenção, preservação ou restaura-
ção de acervos bibliográficos e arquivís- A elaboração diz respeito à parte concei-
ticos compreendidos por livros ou obras tual e orçamentária do projeto, incluindo a
de referência, impressos ou eletrônicos, distribuição do produto e documentos que
de valor artístico, literário ou humanís- deverão ser anexados ao projeto.
tico;
• eventos literários e ações educativo- Atenção: toda informação contida no
culturais voltados para a promoção do projeto deve ser comprovada na prestação
livro e da criação literária, e para o incen- de contas. Ou seja, o que você prometeu
tivo à leitura; deve cumprir e também comprovar.
• doação ou aquisição de acervos para bi-
bliotecas públicas, museus, arquivos pú- O projeto será cadastrado no software
blicos, cinematecas; Salic. Deverá contar com um nome, resu-
• ações de capacitação, treinamento de mo, período de realização acompanhado
pessoal, oficinas e aquisição de equipa- de cronograma; objetivos, justificativa,
mentos, que tenham como finalidade a medidas de acessibilidade e de democrati-
manutenção de acervos de bibliotecas zação de acesso, currículo do proponente
públicas, museus, arquivos públicos e ci- e principais envolvidos, além de outras in-
nematecas; e formações específicas e documentos ane-
• construção de bibliotecas desde que xos que forem necessários.
esteja prevista a implantação de espa-
ço destinado a apresentações de teatro, Cada tipo de projeto tem um rol de do-
exibição de filmes e outras atividades cumentos diferentes que deverão ser apre-
culturais em municípios com menos de sentados. Por isso, antes de enviar o seu
100.000 habitantes. projeto ao Ministério da Cultura, reporte-
se ao Anexo III da Instrução e organize a
As áreas de enquadramento de um proje- sua documentação.
to são de suma importância, pois o percen-
tual de dedução fiscal impacta diretamente
no interesse que o incentivador terá naque- IDENTIFICAÇÃO DA PROPOSTA
le projeto. Isso porque nossa recomenda-
ção é que o incentivo seja prospectado des- O campo “Data Fixa” diz respeito à da-
de o início da concepção do projeto. tas como por exemplo Natal, Carnaval,
Páscoa, que fazem parte de um calendário
Por isso, desde o início do projeto, o pro- e que não podem ser alteradas. Esse tam-
ponente deve estar atento ao possível en- bém é o momento em que o proponente
quadramento do seu projeto cultural. deve indicar qual agência bancária do Ban-
16 WWW.CAPACITAR.VC

co do Brasil ele deseja trabalhar. As contas faça a leitura dessa norma para que sirva de
serão abertas pelo Ministério no momento inspiração sobre quais medidas de acessibi-
oportuno. Também é necessário indicar lidade poderá adotar no seu projeto, ainda
se a proposta é ou não de audiovisual. No o proponente possa sugerir novas alterna-
item “Plano de Execução Imediata” é pre- tivas ao Ministério da Cultura.
ciso indicar qual o tipo do seu projeto, pois
isso irá determinar a tramitação dele. Os custos dessas medidas devem estar den-
tro do orçamento. E, sempre que possível, o
Atente-se também para o período de rea- material de divulgação dos produtos cultu-
lização do projeto, que deve sempre iniciar rais gerados pelo projeto deverá conter infor-
pelo menos 90 dias após o envio da pro- mações sobre a disponibilização das medidas
posta ao Ministério. de acessibilidade adotadas para o produto.

Clique sempre em SIM em “Prorrogação


automática” e caso o seu projeto trabalhe DEMOCRATIZAÇÃO DE ACESSO
com um bem tombado é necessário identi-
ficar a esfera, o número do ato de tomba- Também chamada pela nova norma de
mento e a data. ampliação de acesso, são medidas “pre-
sentes na proposta cultural que promovam
Resumo, objetivos e justificativa são ou ampliem a possibilidade de fruição dos
campos que devem ser preenchidos com bens, produtos e ações culturais, em espe-
atenção, considerando os “textos dicas” in- cial às camadas da população menos as-
seridos pelo Ministério no próprio softwa- sistidas ou excluídas do exercício de seus
re. Indicamos que o proponente primeiro direitos culturais por sua condição socioe-
escreva o seu projeto em um documen- conômica ou por quaisquer outras circuns-
to paralelo, fazendo o backup, e ao final tâncias” (item XI do Anexo I).
transfira as informações para o software,
evitando perda das informações. Dentro desse item, além de observar a
correta distribuição do produto cultural
(art. 20), assunto que será tratado em bre-
ACESSIBILIDADE ve nesta cartilha, o proponente também
precisa adotar, em seu projeto, pelo menos
Na elaboração, o seu projeto deve prever uma medida de ampliação de acesso. As
medidas de acessibilidade, “que busquem sugestões estão no art. 21, podendo o pro-
oferecer à pessoa com deficiência, idosa ou ponente sugerir alguma solução que não
com mobilidade reduzida espaços, ativida- esteja prevista na norma.
des e bens culturais acessíveis, favorecen-
do sua fruição de maneira autônoma, por
meio da adaptação de espaços, assistência PRODUTO E PLANO DE
pessoal, mediação ou utilização de tecno- DISTRIBUIÇÃO
logias assistivas” (item XIX do Anexo I).
Todo projeto cultural terá um produto
A base legal é o Estatuto da Pessoa com resultante. O produto pode ser uma apre-
Deficiência5 e sugerimos que o proponente sentação musical, a restauração de um bem

5. Lei Federal nº 13.164, de 06 de julho de 2015


CARTILHA LEI ROUANET 17

tombado, a construção de um Centro Cul- Para isso, é necessário ter conhecimento


tural, um desfile de carnaval, entre outros. do art. 20. Ele explica que é necessário um
Enfim, o produto cultural é o que está sen- plano de distribuição detalhado, para asse-
do gerado através do seu projeto. E o pro- gurar a ampliação do acesso aos produtos,
duto pode ser principal ou secundário. Isso bens e serviços culturais.
porque o seu projeto pode prever mais de
um produto. Nesse caso, um produto deve- E esses limites preveem que:
rá ser cadastrado como principal e outro (s) π O mínimo de 10% deve ser distribuído
como secundário (s) gratuitamente com caráter social, educa-
tivo ou de formação artística;
O Glossário (Anexo I) da Instrução, no π Até 10% pode ser destinado gratuita-
item XXXIV, explica que produtos secun- mente aos patrocinadores;
dários são “resultados do projeto cultural, π Até 10% pode ser destinado de for-
abrangendo eventos, atividades ou bens ma gratuita para ações promocionais ou
culturais que dependem, derivam ou se de divulgação.
vinculam ao produto principal do projeto”.
Outra dúvida recorrente é se os produtos
A título de exemplo de produtos princi- culturais resultantes dos projetos podem
pal e secundário seria o caso de um livro ser vendidos, como por exemplo, cobrar
(produto principal) que vem acompanhado ingressos, vender livros e CD´s, etc. E a
de um evento literário (produto secundá- resposta é sim! Poderá haver cobrança em
rio). Ou ainda a produção de um CD (pro- projetos aprovados pela Lei Rouanet. No
duto principal) que contará com um show entanto, é necessário que o proponente,
de lançamento (produto secundário). no momento do cadastramento do plano
de distribuição do projeto, informe quais
Atenção, pois o produto principal será os valores serão cobrados e qual a receita
determinante para fins de enquadramen- prevista, e respeite as limitações da norma.
to do seu projeto (art. 18 ou art. 26 da Lei
Rouanet), conforme art. 7º da Instrução. Quando houver venda o valor será pre-
viamente validado pelo Ministério. Nesse
Depois de cadastrar o produto, é necessá- caso, algumas regras devem ser observa-
rio informar no Salic como ele será distribu- das, além das descritas anteriormente.
ído para patrocinadores, para a divulgação e π O mínimo de 20% da venda dos in-
para os beneficiários, e também perguntará gressos não pode ultrapassar R$75,00;
se existe receita envolvida. Todas as infor- π Até 50% dos produtos poderão ser co-
mações devem ser fornecidas no ato do ca- mercializados a critério do proponente,
dastramento, no Plano de Distribuição. respeitando o valor médio de R$225,00,
exceto para projetos com transmissão ao
Os patrocinadores podem receber até vivo em TV aberta;
10% do produto resultante. Se houver mais π A previsão de receita a ser arrecadada
de um, eles devem dividir os produtos, man- deverá constar no plano de distribuição
tendo o limite total de 10%. A divulgação do projeto.
do projeto também não pode receber mais
do que 10%.
18 WWW.CAPACITAR.VC

AÇÕES EDUCATIVAS A partir de 2017 também se tornou obri-


gatória a contratação de contador com o
Além das medidas de acessibilidade, e a respectivo registro no Conselho Regional
ação de ampliação de acesso, o proponen- de Contabilidade, podendo o proponente
te também deverá executar uma ou mais utilizar o profissional da sua empresa ou en-
ações educativas dentro do seu projeto. tidade. A obrigatoriedade também se esten-
Essa necessidade é somente para projetos de a previsão, na planilha orçamentária, de
de plano anual ou plurianual de atividades. serviços advocatícios, ficando a critério do
proponente a utilização ou não desse item.
Aqui não é o número de ações que conta,
mas sim o percentual do público atingido. É Porém, existem algumas vedações ao
necessário que a ação atinja pelo menos 10% orçamento (art. 17), sendo proibido reali-
do público que for beneficiado, previsto no zar os seguintes custos:
plano de distribuição cadastrado pelo pro- π com elaboração de proposta cultural,
ponente, considerando um mínimo de 20 taxa de administração, de gerência, ges-
pessoas. Caso o plano de distribuição pre- tor ou similar;
veja mais de 5 mil pessoas atingidas, a ação π em benefício de agente público ou
educativa poderá se limitar a 500 pessoas. agente político, integrante de quadro
de pessoal de órgão ou entidade pública
O público atingido pela ação educativa da administração direta ou indireta, por
deve ser composto de, no mínimo, 50% de quaisquer tipos de serviços, salvo nas
estudantes e professores da rede pública de hipóteses previstas em leis específicas e
ensino. Outro detalhe é que esta ação deve na Lei de Diretrizes Orçamentárias;
ser cadastrada, no plano de distribuição, π com a elaboração de convites per-
como um produto acessório ao principal. sonalizados ou destinados à circula-
ção restrita;
π com recepções, festas, coquetéis, servi-
PROJETO ORÇAMENTÁRIO

O orçamento do projeto deve ser apre-


sentado no momento do cadastramento
da proposta.

Conforme já mencionado, a Lei Rouanet


dispensa licitação, mas quando o propo-
nente for pessoa jurídica de direito públi-
co é necessário licitar, conforme mencio-
na o art. 47, §1º, “I”. Apesar disso, existem
alguns limitadores para a contratação de
fornecedores, previstos no próximo item.
CARTILHA LEI ROUANET 19

ços de bufê ou similares, excetuados os rídica e contábil (art. 6º).


gastos com refeições dos profissionais ou π Custos administrativos (todos os lista-
com ações educativas, quando necessário dos no art. 10) – até 15%
à consecução dos objetivos da proposta; π Custos de divulgação (regra) – até 20%
π com compra de passagens em primeira π Custos de divulgação (exceção) – até
classe ou classe executiva, salvo em situ- 30% para projetos de até R$300.000,00
ações excepcionais, devendo a necessi- π Remuneração para captação de recur-
dade ser comprovada pelo proponente, sos (que só pode ser paga proporcional-
bem como para algumas autoridades au- mente às parcelas já captadas) – até 10%,
torizadas pela norma 6; 12,5% ou 15% dependendo da região8 ,
π com serviços de captação, nos casos de limitado ao teto de R$150.000,00
proposta cultural com patrocínio exclu- π Direitos autorais – a norma solicita que
sivo de edital ou apresentada por insti- os valores sejam compatíveis com os pra-
tuição cultural criada pelo patrocinador; ticados no mercado cultural. Sugere-se
π com taxas bancárias, multas, juros ou cor- também a leitura do art. 13
reção monetária, inclusive referente a paga-
mentos ou recolhimentos fora dos prazos; Sobre os custos administrativos, atenção:
π com a aquisição de espaço para veicula- quando for necessário utilizar acima de 50%
ção de programas de rádio e TV, no caso do valor dos custos de administração em
de propostas na área de audiovisual, ex- uma única rubrica, será necessária justifica-
ceto quando se tratar de inserções publi- tiva de economicidade (art. 10, § único).
citárias para promoção e divulgação do
produto principal do projeto; O proponente que prestar serviços ao pro-
π que resultarem em vantagem financeira jeto poderá ser remunerado, desde que o va-
indevida ou material para o incentivador7. lor não ultrapasse 50% do custo do projeto
(art. 11). Mas atenção: todo pagamento que
for realizado no projeto por serviços realiza-
LIMITES DA PLANILHA dos por cônjuge, companheiro, parentes em
ORÇAMENTÁRIA linha reta ou colateral até o segundo grau,
parentes com vínculo de afinidade com o
Alguns custos do orçamento devem proponente e em benefício de empresa co-
obedecer a percentuais limites, que serão ligada ou que tenha sócio em comum serão
calculados sobre o valor do projeto, que é computados no limite de 50% que o propo-
a soma de pré-produção, produção e pós nente pode receber. Essa regra só não aplica
-produção, recolhimentos, e assessoria ju- a grupos artísticos familiares que atuem na
execução do projeto e corpos estáveis.

6. O art. 27 do Decreto 71.733/1973 permite a compra de passagens de primeira classe para Presidente e Vice-Presidente da Repú-
blica e passagens da classe executiva para os Ministros de Estado, os ocupantes de cargos de Natureza Especial, os Comandantes do
Exército, da Marinha e da Aeronáutica e o Chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas. Ressalva também para os artigos
3º-B e 10 do Decreto 5.992/2006 que faz menção à “servidor ou colaborador eventual que acompanhar servidor com deficiência em
deslocamento a serviço”.
7. A vantagem financeira é vedada pelo art. 23, §1º da Lei Rouanet e art. 43, §8º da IN 5/2017. Lembrando que é permitido ao patro-
cinador o recebimento até 10% do produto cultural resultante do projeto.
8. Os limites de captação são de até 15% para projetos integralmente executados nas regiões Norte, Nordeste ou Centro-Oeste; até
12,5% para projetos integralmente executados na região Sul e estados de Minas Gerais e Espírito Santo e 10% para o restante do Brasil.
20 WWW.CAPACITAR.VC

Ainda sobre o assunto, apesar do art. 11 O valor por pessoa beneficiada é o quo-
fazer menção ao proponente, entendemos, ciente entre o somatório do Custo do
por analogia, que outros fornecedores tam- Projeto e o quantitativo de beneficiários
bém não poderiam receber por mais de do produto principal. Os beneficiários de
50% do valor do projeto. A exceção se dá produtos secundários poderão ser com-
no caso de projeto de execução de obras e putados, desde que não sejam os mesmos
restauros (§3º do art. 11). beneficiários do produto principal, não se
aplicando para os projetos de ampla difu-
Além disso, outros valores devem ser ob- são em sítio da internet e TV aberta (item
servados para o pagamento de cachês artís- LII do Glossário).
ticos, por apresentação (art. 12):
π para artista ou modelo solo – até Mas esse limite de valor não se aplica às
R$45.000,00 propostas que visem à proteção do patri-
π para grupos artísticos, exceto orques- mônio material ou imaterial e de acervos,
tras – até R$90.000,00 planos anuais ou plurianuais de atividades,
π para grupos de modelos de desfile de obras e restauração, capacitação, cursos,
moda – até R$90.000,00 oficinas, fóruns ou seminários de forma-
π para orquestras – até R$2.250,00 ção, óperas, prêmios, pesquisas, projetos
por músico museológicos, educativos, de manutenção
π para orquestras – até R$45.000,00 para de corpos estáveis, projetos de inclusão da
o maestro pessoa com deficiência, desfiles festivos,
produção de obras audiovisuais, constru-
Valores superiores aos acima citados ção de salas de cinema e teatro em muni-
vão depender de uma aprovação da CNIC cípios com menos de 100.000 habitantes,
– Comissão Nacional de Cultura, consi- bem como projetos realizados em espaços
derando as justificativas do proponente e com até 150 lugares (art. 4º, §4º).
área técnica.

Por fim, um limite orçamentário muito PLANO DE DIVULGAÇÃO DO


importante é que o custo per capita PROJETO
do seu projeto, ou seja, o valor de
pessoa beneficiada, não pode- O Plano de divulgação do projeto, con-
rá exceder R$375,00. forme conceito extraído da Instrução vigen-
te (item XXVIII) é um “conjunto de ações
em mídia impressa ou digital, redes sociais
ou suportes diversos destinadas à divulga-
ção do projeto cultural e dos produtos dele
resultantes.”

Atualmente não é mais necessário que o


proponente apresente este plano e o cadas-
tre no momento de apresentação do proje-
to. No entanto, isso não retira a importân-
cia da divulgação de um projeto, e que ela
seja feita de forma correta, respei-
CARTILHA LEI ROUANET 21

tando a utilização das logomarcas, e inse- autorizada antes de atingidos os percentuais


rida no momento da prestação de contas. mínimos (art. 30, §3º, II) b) possibilidade do
aumento do prazo de captação (art. 33, §1º,
O material de divulgação produzido pre- inciso III), c) pedidos de ajuste orçamentá-
cisará seguir o Manual de Uso das Marcas rio ou de redução antes da captação de no
do Pronac, e o Salic permite que, durante mínimo 20% (art. 37, §5º e art. 39, caput).
a execução do projeto, o proponente anexe
as marcas, para que sejam deferidas pelo
Ministério antes de serem divulgadas. Esse CADASTRAMENTO DO PROJETO
sistema é muito eficiente, pois diminuiu
drasticamente as chances do proponente O proponente deve estar atento aos pra-
ter problemas com a inclusão de logomar- zos de cadastramento. O sistema Salic re-
cas na prestação de contas. cebe novas propostas entre 01 de fevereiro
e 30 de novembro. Para não correr risco
Mas atenção, pois os custos de divul- do sistema apresentar defeitos nos dias que
gação do projeto não poderão ultrapassar antecedem o fechamento, recomendamos
20% do valor do projeto, e 30% para pro- que os projetos sejam cadastrados com al-
jetos de até R$300.000,00 (art. 9º). guns dias de antecedência.

Já o prazo para cadastramento de planos


CONTRATO DE PATROCÍNIO anuais ou plurianuais de atividades é sem-
pre dia 30 de setembro do ano que antece-
O contrato de patrocínio é um documento de a sua execução.
que será firmado entre o proponente e o pa-
trocinador, formalizando o patrocínio a ser Além disso, o início da execução do seu
realizado em determinado projeto cultural. projeto deve ocorrer somente após 90 dias
Esse contrato deverá mencionar expressa- da apresentação da proposta. Como ainda
mente as partes, o nome e número da projeto existe a possibilidade de que haja diligên-
(ou proposta). Também deve trazer o valor cias, sugerimos que o cadastramento seja
do patrocínio, a data de validade e o crono- realizado com maior antecedência.
grama de desembolso (item V, Anexo I).
Nesse momento do cadastro a conta
Hoje, diante dos novos trâmites dos bancária do projeto não será aberta. Você
projetos no Ministério da Cultura, é extre- apenas irá indicar a agência bancária de sua
mamente vantajoso possuir o contrato de preferência – obrigatoriamente do Banco
patrocínio pelo fato do projeto ser encami- do Brasil. O Ministério da Cultura receberá
nhado para a análise técnica sem necessida- essa informação e fará a abertura da conta
de de captação prévia (art. 26, §3º), assunto bancária no momento oportuno.
que será abordado nos próximos tópicos.
Após o cadastramento, deve-se clicar no
Existe também outros casos onde há be- botão “Enviar Proposta ao MinC”. Agora,
nefícios em se firmar um contrato de pa- recomendamos que o software Salic seja
trocínio: a) projetos já homologados que acessado todos os dias para averiguar pos-
poderão ter a movimentação bancária síveis diligências.
22 WWW.CAPACITAR.VC

AVALIAÇÃO DA Após essa avaliação, ela recebe um nú-


mero de Pronac (Programa Nacional de
PROPOSTA Incentivo a Cultura), que irá identificá-lo
daqui em diante, e passa a ser chamado de
projeto cultural (e não mais proposta).
Em geral, o Ministério envia e-mails ao
proponente com os comunicados, por isso Nessa fase a manifestação da CNIC
é necessário que o e-mail informado seja (Comissão Nacional de Incentivo à Cul-
acessado regularmente pelo responsável do tura) não é obrigatória, sendo facultada a
projeto. Porém, a regra é que o proponente Comissão manifestar-se no prazo de até
deve acessar o software para ter conheci- 5 dias da disponibilização dessa análise
mento do andamento do seu projeto, por no Salic.
isso recomendamos acompanhamento diá-
rio no Sistema Salic. Caso a proposta seja indeferida e o pro-
ponente não concorde, ele deve pedir a re-
O Ministério poderá fazer solicitações consideração dessa decisão no prazo de até
dentro do projeto, que são chamadas de 10 dias, dentro do próprio sistema.
diligências. As diligências devem ser
respondidas sempre dentro dos prazos, A novidade desta etapa é que a partir de
do contrário o projeto é arquivado (art. 2017 essa decisão de aprovação preliminar
69, §3º). será publicada no Diário Oficial da União,
permitindo, e em alguns casos exigindo
Quando recebido no Ministério da Cul- que, antes mesmo da aprovação definitiva,
tura, o projeto cultural passa por algu- o proponente faça a captação de pelo me-
mas análises. nos 10% do valor do projeto.

ANÁLISE DE ADMISSIBILIDADE CAPTAÇÃO DE 10%

Primeiramente, ele é apresentado com Via de regra, todos os projetos pre-


a denominação “proposta cultural”. Essa cisarão realizar a captação de pelo me-
proposta recebe um número e passa por nos 10% do valor para serem remetidos
uma primeira avaliação, que é chamada de para a segunda avaliação. Após essa
“admissibilidade” e feita por área técnica captação mínima, o proponente poderá
dentro do próprio Ministério. adequar o seu projeto, no prazo de 30
dias. Não poderão ser alterados objeto
Aqui, os técnicos vão averiguar, em ge- e enquadramento.
ral, se a proposta está dentro das regras,
tem caráter cultural, é similar a outra pro- Esse pedido de adequação será avalia-
posta do mesmo proponente, qual o seu do pelo Ministério, que fará a avaliação
enquadramento (art. 18 ou 26) e se contém entre 30 e 60 dias, dependendo da maté-
medidas de acessibilidade, democratização ria do projeto. Caso não seja necessário
de acesso e ações educativas. pedir adequação, o projeto segue o seu
fluxo normal (art. 26, §4º).
CARTILHA LEI ROUANET 23

Mas nem todos precisam captar os HOMOLOGAÇÃO DA CNIC


10%. São exceções (art. 26, §3º) proje-
tos de: O terceiro e último filtro ocorre quan-
π proteção do patrimônio material ou do o projeto é pautado para reunião da
imaterial e de acervos, Comissão Nacional de Cultura (CNIC),
π os museológicos, composta por representantes dos grupos
π planos anuais e plurianuais de ativi- artísticos, empresariado, sociedade civil
dades, e Estado.
π manutenção de corpos estáveis,
π equipamentos culturais, Cabe a Comissão, além de assessorar a
π os aprovados em editais públicos ou estrutura do Ministério da Cultura, ho-
privados com termo de parceria, mologar ou não o parecer técnico emiti-
π os que possuam contratos de patro- do. Após a reunião, a decisão é disponibi-
cínios ou termo de compromisso de lizada no software Salic.
patrocínio, que garantam o alcance de
pelo menos 10%, Atualmente, a reunião da CNIC pode
π ou projetos apresentados por institui- ser ouvida através do site do Ministério
ções criadas pelo patrocinador (o que da Cultura (www.cultura.gov.br). No dia
é autorizado pelo §2º do art. 27 da Lei da reunião (ou no dia posterior) deve-se
Rouanet). ficar atento ao link que é disponibilizado.

ANÁLISE TÉCNICA PARECER TÉCNICO

Posteriormente, o projeto é enviado a Depois da avaliação da CNIC, o parecer


um parecerista técnico, que fará uma se- finalmente é disponibilizado no sistema
gunda avaliação. Pareceristas são espécie Salic. A decisão emitida poderá:
de “juízes” que estão distribuídos em todo π Aprovar o projeto, sem qualquer ressal-
o território nacional, os quais, em tese, va e/ou corte no orçamento;
devem ser especialistas no assunto relati- π Aprovar o projeto, com ressalvas e/ou
vo ao projeto cultural e que irão adentrar cortes no orçamento;
no mérito do projeto e emitir um parecer, π Reprovar (indeferir), ou seja, não ho-
decidindo pela aprovação (com ou sem mologar o projeto.
cortes) ou indeferimento do projeto.
Nesse momento devemos fazer uma
Essa avaliação deve ser feita entre 30 e leitura criteriosa do parecer e também do
120 dias, variando conforme a complexida- orçamento, para verificar se a decisão foi
de do projeto. Para projetos que envolvem corretamente embasada, possuiu o en-
tombamento, será obrigatória a manifesta- quadramento correto e se é necessário
ção do órgão responsável pelo tombamen- ou não questionar a decisão, caso ela lhe
to ou registro, o que poderá aumentar o seja desfavorável.
período de avaliação (vide art. 27).
Caso o seu projeto não seja aprovado nes-
ta etapa e você já tenha captado recursos, é
24 WWW.CAPACITAR.VC

permitido que os recursos sejam transferi- RECURSO


dos para outro projeto (do mesmo propo-
nente). É necessário formalizar este pedido Recorrer ou pedir a reconsideração da
junto ao Ministério e trazer a anuência dos decisão nada mais é do que pedir ao Mi-
incentivadores (patrocinadores e doadores) nistério da Cultura aquilo que não lhe foi
que forem pessoa jurídica. Se houverem in- atendido, explicando os motivos e a impor-
centivadores pessoas físicas, basta a ciência tância do seu pedido.
deles (art. 28).
A Instrução Normativa atual não mencio-
Mas caso o projeto não homologado que na, após a não homologação da CNIC, que
tenha captado recursos seja um projeto de o proponente tenha a possibilidade de re-
patrimônio cultural ou museus e memó- correr da decisão, como já fez em instruções
ria, o proponente poderá solicitar a trans- anteriores, com informações e prazos claros.
ferência da verba para outros projetos
próprios ou de outros proponentes (vide No entanto, o art. 67 deixa claro que das
§2º do art. 28). decisões administrativas cabe recurso, e
que devem ser aplicadas as disposições da
Enfim, se o proponente entende que a Lei do Processo Administrativo Federal
decisão de não homologação deve ser ques- (Lei nº 9.784, de 29.01.1999). Essa lei expli-
tionada, e que o seu projeto deve ser apro- ca, em seu art. 59, que o prazo para apre-
vado, poderá recorrer da decisão. sentar o recurso será de 10 dias corridos
contados da ciência da decisão ou do ato,
excluindo-se da contagem o dia do começo
e incluindo-se o do vencimento.

Como já dito nesta cartilha, a comunica-


ção oficial do Ministério da Cultura com o
proponente é através do software Salic. En-
tão os prazos vão iniciar a partir da inclusão
das informações no Salic. Por este motivo
reafirmamos que os proponentes deverão
consultar o sistema com frequência.

É importante que o proponente esteja


muito bem embasado nas suas argumen-
tações. Esse não é o momento de expres-
sar inconformismo, mas razões reais pelas
quais o seu projeto deve ser aprovado. Via
de regra, o recurso será enviado pelo Salic.
Na impossibilidade, entre em contato com
o Ministério para verificar qual a forma
de envio.
CARTILHA LEI ROUANET 25

QUANDO A VERBA A publicação também informa qual o


prazo de captação do projeto, que nunca
PODE SER CAPTADA vai ultrapassar o último dia do exercício
fiscal daquele ano. Por exemplo: se o seu
projeto foi aprovado em julho de 2018, por

O recurso pode ser captado após a


publicação da aprovação do pro-
jeto no Diário Oficial da União.
Agora, como já explicado nos itens ante-
riores, teremos duas publicações de apro-
mais que ele termine em julho de 2019,
no Diário Oficial irá constar que o prazo
de captação é até o dia 31 de dezembro
de 2018. Atualmente, ao clicar no botão
“prorrogação automática” disponível no
vações, a inicial e a definitiva. Salic no ato do cadastramento da proposta,
o Ministério fará a primeira prorrogação de
A página do Diário Oficial da União é o forma automática, considerando o período
documento mais eficaz para comprovar a de execução proposto pelo proponente.
veracidade da aprovação do seu projeto, uma
vez que, como o nome já diz, o Diário é Ofi- Dica: o Salic está em constante aprimora-
cial! O link do Diário é http://portal.in.gov.br/ mento e a função de prorrogação automáti-
ca é algo relativamente novo. Por isso reco-
Entenda o Diário Oficial. Ele é o docu- mendamos que o proponente acompanhe
mento que torna público os atos dos três os prazos de execução e captação do seu
poderes (executivo, legislativo e judiciário) e projeto com frequência, realizando a soli-
que publica os atos de todos os Ministérios. citação de prorrogação pelo Salic (quando
No Sumário, que fica na primeira página, esta não for realizada pelo Ministério auto-
vai constar “Ministério da Cultura”. Vá até maticamente), em até 30 dias antes do fim
lá e procure a publicação da “Secretaria de do prazo (vide artigos 33 a 35).
Fomento e Incentivo à Cultura”. Haverá
uma portaria com a finalidade de aprovar No momento das prospecções de incen-
projetos, que diariamente são publicados. tivo, o Diário Oficial é documento indis-
pensável, e pode inclusive fazer parte da
Na publicação, o proponente deve obser- apresentação de vendas do seu projeto.
var se as seguintes informações estão corre-
tas: o enquadramento correto do seu projeto Dica: leve consigo sempre todas as pu-
(art. 18 ou 26), o valor aprovado, o nome do blicações que ocorreram no seu projeto,
projeto, o CNPJ ou CPF do proponente e ou- incluindo publicações de prorrogação
tras informações que constam na publicação. de prazos de captação, execução, erra-
tas, etc.
26 WWW.CAPACITAR.VC

QUEM PODE SER UM de desenvolvimento, caixas econômicas,


sociedades de crédito, financiamento e
INCENTIVADOR investimento, sociedades de crédito imo-
biliário, sociedades corretoras de títulos,
valores mobiliários e câmbio, distribui-
doras de títulos e valores mobiliários,
O primeiro passo para a captação é veri- empresas de arrendamento mercantil,
ficar quem pode ser um incentivador para cooperativas de crédito, empresas de se-
o seu projeto. Atualmente podem apoiar guros privados e de capitalização e enti-
projetos pessoas físicas e jurídicas pagado- dades de previdência privada aberta;
ras do imposto de renda. Vejamos. - que tiverem lucros, rendimentos ou ga-
nhos de capital oriundos do exterior;
PESSOA FÍSICAS: Somente as pessoas - que, autorizadas pela legislação tributá-
que façam a opção pela declaração COM- ria, usufruam de benefícios fiscais relati-
PLETA do IR. Valor da dedução: até 6% vos à isenção ou redução do imposto;
do IR devido. - que, no decorrer do ano-calendário, te-
nham efetuado pagamento mensal pelo
PESSOAS JURÍDICAS: Somente aque- regime de estimativa, na forma do art. 2º
les que fazem a opção de pagamento do da Lei nº 9.430, de 1996;
seu IR com base no regime de tributação - que explorem as atividades de presta-
do LUCRO REAL. Valor da dedução: até ção cumulativa e contínua de serviços de
4% do IR devido. assessoria creditícia, mercadológica, ges-
tão de crédito, seleção e riscos, adminis-
Ou seja, empresas optantes pelo Sim- tração de contas a pagar e a receber, com-
ples Nacional e pelo regime de tribu- pras de direitos creditórios resultantes de
tação de lucro presumido não podem vendas mercantis a prazo ou de prestação
ser incentivadores. de serviços (factoring).
- que explorem as atividades de securiti-
E quem está obrigada ao regime de tribu- zação de créditos imobiliários, financei-
tação do lucro real? Essa definição é dada ros e do agronegócio.
através do art. 14 da Lei n. 9.718, de 27 de
novembro de 1998. Conforme essa lei, es- O lucro real também pode ser uma op-
tão obrigadas à apuração do lucro real as ção da pessoa jurídica, simplesmente por
pessoas jurídicas: se apresentar em uma forma de tributação
- cuja receita total, no ano-calendário mais vantajosa para si.
anterior seja superior ao limite de R$78
milhões, ou proporcional ao número O portal da Rouanet (http://rouanet.cul-
de meses do período, quando inferior a tura.gov.br) também traz as informações de
12 meses; todos os investidores desde o surgimento
- cujas atividades sejam de bancos comer- da Lei.
ciais, bancos de investimentos, bancos
CARTILHA LEI ROUANET 27

VEDAÇÕES DOS INCENTIVADORES

A doação ou o patrocínio não pode ser realizada em favor de uma pessoa ou


instituição (no caso, proponente), vinculada ao agente. Essa previsão está no art.
27 da Lei Rouanet. Serão considerados vinculados ao patrocinador ou doador:
π a pessoa jurídica da qual o doador ou patrocinador seja titular, adminis-
trador, gerente, acionista ou sócio, na data da operação, ou nos doze me-
ses anteriores;
π o cônjuge, os parentes até o terceiro grau, inclusive os afins, e os depen-
dentes do doador ou patrocinador ou dos titulares, administradores, acio-
nistas ou sócios de pessoa jurídica vinculada ao doador ou patrocinador,
nos termos do item anterior;
π outra pessoa jurídica da qual o doador ou patrocinador seja sócio.

Obs.: Não se consideram vinculadas as instituições culturais sem fins lucra-


tivos, criadas pelo doador ou patrocinador, desde que devidamente constituídas
e em funcionamento.

Outra vedação é das empresas que produzem produtos fumígenos. Ainda


que optantes pelo lucro real, não poderão ser patrocinadoras, mas tão somente
doadoras (vide art. 30, §4º).
28 WWW.CAPACITAR.VC

DICAS DE CAPTAÇÃO recursos em projetos através da Lei Rou-


anet. Verifique que tipo de projeto costu-
DE RECURSOS ma patrocinar, em que região do país ele
investe e qual seu tipo de investimento
social privado. Além disso, verifique se
o negócio do empresário tem relação ou
É permitido que o Proponente do proje- não com o seu projeto, buscando sempre
to contrate profissional para captar recursos incentivadores que tenham identificação
para o seu projeto. Esse serviço poderá ser com o que você tem a oferecer. Pesquise
remunerado em 10%, 12,5% ou 15% sobre o site da empresa, relatórios de sustenta-
o valor captado no projeto, dependendo da bilidade, editais, enfim, conheça quem
localidade geográfica que o projeto será exe- você busca conquistar.
cutado. O valor, entretanto, não poderá ultra- π Faça uma boa apresentação de ven-
passar o teto de R$150.000,00 (vide art. 8º). da: prepare um material a altura do seu
projeto. Apresentação curta, com clareza
Também é possível que o próprio Pro- de informações e uma boa escrita são pri-
ponente seja o captador de recursos, já que mordiais. Sugerimos que sejam trazidas
lhe é autorizado prestar serviços no projeto informações básicas como número do
(art. 11). Porém, é necessário que o capta- Pronac, diários oficiais de aprovação e
dor esteja regular para exercer essa atividade prorrogação do projeto, objetivos, visibi-
(converse a respeito com um profissional da lidade que será dada para o patrocinador,
contabilidade). Essa previsão está no Anexo resultados a serem alcançados, etc. Lem-
VII, Trilhas de Controle, da Instrução. bre-se: “ninguém compra uma roupa que
achou feia na vitrine”.
Atenção apenas para a previsão do art. π Prepare-se para as reuniões: Quando
17, inciso V, que veda a realização de des- apresentar o seu projeto, esteja confiante e
pesas com serviços de captação nos casos tenha conhecimento amplo de cada detalhe
de proposta cultural com patrocínio exclu- do projeto. Se for necessário, ensaie antes
sivo de edital ou apresentada por institui- do encontro. Um bom vendedor é aquele
ção cultural criada pelo patrocinador (art. que conhece o produto que está vendendo.
27, § 2º, da Lei nº 8.313). π Possua o mínimo de conhecimento
contábil: entenda sobre o funcionamento
Porém, ainda que se contrate um profis- dos aportes ou contrate profissional apto
sional habilitado para esse serviço, às vezes para tal. Conhecimento traz segurança
o proponente acaba tendo que atuar como ao investidor e ao proponente. Por exem-
captador. Por isso, é importante munir-se plo, o aporte tem que ser feito dentro do
do máximo de informações sobre captação exercício fiscal, tanto para contribuinte
de recursos, para obter êxito na empreitada. pessoa física ou jurídica. Ou seja, o aporte
do Imposto de Renda não pode ser rea-
Depois de avaliar quem pode ser um lizado no momento da declaração. Além
incentivador para o seu projeto, leia estas disso, o 6% da pessoa física concorre com
dicas de captação de recursos. outros mecanismos de incentivo, como o
π Conhecer o seu incentivador em Fundo da Infância e Adolescência, Fun-
potencial: especialmente no caso de in- do do Idoso, Lei do Audiovisual e Lei de
vestidor pessoa jurídica. Pesquise sobre Incentivo ao Esporte. Ou seja, a título de
a empresa, entendendo se ela já aportou exemplo, se o contribuinte pessoa física já
CARTILHA LEI ROUANET 29

destinou 5% para o Fundo do Idoso, ele o que deve ser conferido pelo proponente
só poderá, naquele exercício, destinar 1% dentro do Salic. Mesmo assim, recomenda-
para a Lei Rouanet. Já para o contribuinte mos que o proponente tenha em sua posse
pessoa jurídica aplica-se outra regra. O li- uma via do recibo de mecenato.
mite de 4% de pessoas jurídicas concorre
apenas com a Lei do Audiovisual, ou seja, O recibo é o documento que será apre-
mesmo que a empresa tenha doado 1% sentado ao investidor, para que a contabili-
para a Lei de Incentivo ao Esporte, isso dade o utilize na comprovação da dedução
não a impedirá de aportar os 4% para a fiscal. De fato, a informação enviada pelo
Lei Rouanet. Entenda esse processo para, investidor à Receita Federal não exige o re-
se necessário, explicar ao investidor, ou cibo em si. Porém, trata-se de uma prática
leve consigo profissional ou contador apto de mercado há anos consolidada e alguns
a responder a esses questionamentos. investidores utilizam o documento para
π Mostre inovação: lembre-se que o fins de apresentação à auditoria. Por isso,
seu produto não precisa necessariamente converse com o investidor a fim de apresen-
ser algo novo. A inovação pode estar na tar a documentação que lhe seja necessária.
forma de fazer. Ideias inovadoras podem
chamar a atenção do incentivador em po- Depois da emissão do recibo, esse é o
tencial. Exalte os seus diferenciais! momento em que a verba captada pode ser
π Demonstre os resultados que serão depositada na conta bancária do projeto, o
alcançados: pode ser através de números que será feito pelo próprio patrocinador. A
ou metas do próprio investidor. Se for o verba deve ser depositada em uma conta
caso, demonstre que o seu projeto terá um bancária que consta no Salic, chamada de
alcance significativo para a comunidade conta bancária bloqueada. A norma atual
onde a sua empresa está inserida. faz menção a conta vinculada, porém, até o
π Agradeça mesmo que receba um presente momento, ela ainda não foi posta
não: muitos proponentes, quando recebem em operação, e as contas bloqueada e mo-
um não, ficam indignados e sequer agrade- vimento ainda são as utilizadas.
cem. É importante lembrar que ninguém
tem a obrigação de incentivar um projeto. Os recursos deverão ser depositados en-
Seja gentil e agradeça. Quem sabe amanhã tão na conta bloqueada (também chamada
essa porta pode se abrir para você? conta captação) por meio de depósito iden-
tificado por Transferência Eletrônica Dis-
Além disso, você pode acessar o link da ponível –TED, ou Documento de Opera-
Associação Brasileira de Captadores de Re- ção de Crédito –DOC. Em todos os casos
cursos (captadores.org.br) e se inteirar so- é necessário constar o CPF ou do CNPJ do
bre o tema. depositante e o tipo de depósito, qual seja,
doação ou patrocínio (§1º, art. 30).

RECIBO DE MECENATO Por fim, vale lembrar que patrocínios que


forem realizados por empresas de produtos
O próximo passo para a captação é o pre- fumígenos resultarão em comunicação do
enchimento do recibo de mecenato. Atual- fato à Receita Federal do Brasil para cance-
mente não é mais necessário que o recibo lamento do benefício fiscal eventualmente
seja enviado ao Ministério, pois a informa- usufruído pelo incentivador, ressalvada a
ção do aporte já ocorre automaticamente, possibilidade de doações (art. 30, §4º).
30 WWW.CAPACITAR.VC

EXECUÇÃO DO lado e mediante solicitação de alteração


das fontes de financiamento por meio
PROJETO do Salic;

CAPTAÇÃO MÍNIMA Além disso, valores de outras fontes po-


derão ser considerados para atingimento do
Para movimentar os recursos captados e limite de 20% para liberação da movimen-
iniciar o seu projeto é necessário que haja tação financeira, desde que seja reduzido do
captação de no mínimo 20% do custo do valor total autorizado para captação.
projeto homologado, podendo-se compu-
tar para o alcance desse índice o valor de Então atenção! A partir do momento
aplicação financeira (art. 30). Importan- que você movimenta a conta bancária do
te lembrar que na maioria dos casos, para projeto, se compromete em realizar o obje-
que o projeto fosse avaliado, já houve a to proposto e aprovado. Aqui, deve se ter o
captação de 10%, restando apenas o per- entendimento de que o Ministério deverá
centual complementar para que os 20% considerar a captação parcial dos recursos
seja atingido. e a proporcionalidade entre o que foi cap-
tado e executado (art. 50, §2º).
Já nos casos de plano anual ou plurianual
de atividades, o percentual que deverá ser A seguir, elencamos algumas dicas que
atingido será de 1/12, 1/24, 1/36 ou 1/48 vão auxiliar na execução do seu projeto.
do orçamento global, a depender do prazo
de execução do plano.
TRANSFERÊNCIA DOS RECURSOS
Porém, existem alguns casos onde a mo-
vimentação dos recursos pode ser autoriza- Antes da emissão do cartão e do início da
da antes de serem atingidos os limites aci- execução financeira do projeto, o proponente
ma descritos (art. 30, §3º). São os casos de: pode solicitar transferência dos recursos cap-
π medidas urgentes relativas à restauração tados (vide art. 29, §3º), observando as regras
de bem imóvel visando estancar prejuízos que estão descrita no art. 28 e seus parágrafos
irreparáveis ou de difícil reparação ao bem 1º e 2º, já mencionados nesta cartilha.
ou para preservar a segurança das pessoas
poderão ser adotadas desde que os recur-
sos captados sejam suficientes para sustar ALTERAÇÕES NO PROJETO
os motivos da urgência e deverão ser ro-
bustamente justificadas, documentadas O primeiro momento em que o propo-
e enviadas para convalidação da Secreta- nente poderá realizar alguma alteração no
ria competente; projeto é após a captação mínima de 10%,
π projetos contemplados em seleções pú- não sendo possível, no entanto, alterar ob-
blicas ou respaldados por contrato de pa- jeto e enquadramento.
trocínio, que garantam o percentual míni-
mo estipulado; Já na fase de execução, ou seja, após a
π projetos que obtenham outras fontes liberação da conta para a movimentação
de recursos, desde que comprovadas, que de recursos, o proponente poderá solicitar
garantam o percentual mínimo estipu- alterações no projeto, dentro do Salic. O
CARTILHA LEI ROUANET 31

pedido deve ocorrer de forma justificada e salvados os projetos contemplados em sele-


no mínimo 30 (trinta) dias antes do início ções públicas ou respaldados por contrato
da execução da meta ou ação a ser alterada de patrocínio ou termo de compromisso
(art. 36). de patrocínio.

Pedidos de alteração de nome precisam Em resumo, antes de fazer um remaneja-


de anuência do autor da obra correspon- mento, faça a leitura do art. 37 da Instrução
dente, se for o caso. Para alteração de local, Normativa, tenha uma necessidade real e
vide o descrito no §2º do art. 36. uma justificativa bem fundamentada, para
caso haja algum questionamento no mo-
Para alteração de proponente, é necessário, mento da prestação de contas. Lembran-
além de justificativa, obter a anuência formal do que os valores que foram utilizados em
do proponente substituto (vide art. 41). desconformidade estarão sujeitos à restitui-
ção ao Fundo Nacional de Cultura.
O Salic tem sido constantemente atualiza-
do e hoje praticamente todos os pedidos já
estão sendo feitos dentro do sistema. Mes- PEDIDO DE COMPLEMENTAÇÃO E
mo assim, recomendamos que antes de soli- REDUÇÃO DO VALOR DO PROJETO
citar qualquer alteração, o proponente faça a
leitura da Instrução Normativa vigente. É possível complementar o valor autori-
zado para o seu projeto (art. 38). Para isso,
é necessário fazer um requerimento ao Mi-
REMANEJAMENTOS nistério, justificando a sua necessidade e de-
ORÇAMENTÁRIOS talhando os custos das etapas ora comple-
mentadas. Esse aumento, no entanto, não
Serão permitidos remanejamentos de poderá exceder 50% do valor já aprovado.
itens do orçamento, no limite de até 50%, e Para o pedido, é imprescindível que o pro-
os ajustes de valores não poderão implicar ponente já tenha captado pelo menos 50%
aumento do valor aprovado para grupos de do valor do projeto (podendo considerar o
despesas que possuem limites percentuais rendimento da aplicação financeira).
máximos, como é o caso, por exemplo, dos
custos administrativos (art. 37). Pedidos de redução do valor também são
possíveis (ver art. 39), desde que não com-
Para remanejamentos maiores do que prometam a execução do projeto e a redu-
50% do valor do item, ou para solicitação ção não seja superior a 50% do valor total.
de novos itens (desde que estes itens não te- Esse pedido só é possível depois de cap-
nham sido retirados na análise do projeto), tado 20% do valor do custo total do pro-
o proponente deverá apresentar solicitação jeto, salvo nos projetos contemplados em
justificada para o Ministério, através do seleções públicas, respaldados por contrato
Salic, mesmo que esse remanejamento não de patrocínio ou termo de compromisso
altere o custo total do projeto. de patrocínio. O pedido também precisa
ser justificado, explicando a necessidade
Os pedidos de ajuste orçamentário só po- de redução, detalhando os itens que serão
dem ser feitos depois que haja a captação retirados ou reduzidos e seus valores e re-
de 20% do valor aprovado do projeto, res- dimensionando o escopo do projeto.
32 WWW.CAPACITAR.VC

PEDIDOS DE PRORROGAÇÃO – laridade da Classificação Nacional das Ativi-


CAPTAÇÃO E EXECUÇÃO dades Econômicas – CNAE do fornecedor.

O prazo de captação de um projeto inicia Quando o proponente for pessoa jurídi-


no dia da publicação da portaria que autori- ca de direito público o processo licitatório
za a captação e finda no último dia do exer- deve ser seguido, prevendo as formas pró-
cício fiscal/ano desta publicação. O prazo prias de seleção de fornecedores.
máximo de captação de um projeto, incluin-
do as prorrogações, é de 36 meses, salvo ex- A figura do contador também é de ex-
ceções previstas no art. 33 e seus parágrafos. trema importância, pois ele tem o conhe-
cimento dos regimes de tributação e sa-
Já o cronograma de execução do projeto berá observar se na contratação vai existir
será cadastrado no Salic e não fica limitado retenção de impostos, pagamento de INSS
ao exercício fiscal. patronal, entre outros. Felizmente, hoje em
dia a Instrução Normativa, em seu artigo 6º,
Conforme o art. 34, a solicitação de pror- obriga à contratação deste profissional.
rogação do prazo de captação deverá ser
sinalizada no cadastramento da proposta
(o proponente deve clicar no botão “pror- FORMALIZAÇÃO DE CONTRATOS
rogação automática”) e será concedida por
este Ministério, de forma automática, con- O Ministério da Cultura não obriga, mas
siderando o período de execução proposto, recomenda que sejam firmados contratos
sendo que, para projetos que não possuem o com os fornecedores, a fim de dar maior se-
registro no Salic de prorrogação automática, gurança para os proponentes. Isso porque,
as solicitações de prorrogações de prazos de caso um fornecedor seja pago e não forneça o
captação e de execução devem ser registra- produto ou serviço, o prejuízo irá recair sobre
das no Salic com as devidas atualizações no o proponente. As informações mais impor-
cronograma de execução, com antecedência tantes de um contrato são: objeto do contra-
mínima de 30 (trinta) dias da data prevista to, o valor, a forma de pagamento, obriga-
para seu encerramento. ções das partes e rescisão. Se não for possível
fazer contratos, sugerimos que o proponente
formalize os acordos feitos com os seus for-
AVALIAÇÃO DOS FORNECEDORES necedores por e-mail ou outro meio.

Durante a execução do seu projeto diver- Quando o proponente for pessoa jurídi-
sos fornecedores serão contratados. Reco- ca de direito público o processo licitatório
menda-se que seja averiguado se o forne- deve ser seguido, prevendo as formas pró-
cedor está apto a prestar o serviço antes da prias de contratação dos fornecedores.
contratação ou de qualquer pagamento. Isso
pode ser feito através de uma avaliação rápi-
da do seu cartão de CNPJ, no site da Receita DOCUMENTOS FISCAIS
Federal e também uma avaliação do contra-
to social do fornecedor, se for o caso. Estamos trabalhando com verba pública,
então é necessário que os fornecedores do
Inclusive, uma das trilhas de controle do projeto estejam aptos a emitir o documen-
Ministério da Cultura (Anexo VII) é a regu- to fiscal (nota fiscal, recibo de profissional
CARTILHA LEI ROUANET 33

autônomo ou documento equivalente). Fa- As contas bancárias dos projetos são isen-
turas e recibos serão aceitos somente nos tas de tarifas bancárias (art. 32), as quais
casos permitidos por lei, o que precisa ser estão listadas no Anexo VI da Instrução.
justificável. Por isso, entendemos que o
profissional da contabilidade é indispensá-
vel, pois este possui o conhecimento ne- APLICAÇÃO DAS LOGOMARCAS
cessário para dar segurança ao proponente.
Os materiais de divulgação dos projetos
Hoje a norma não traz mais a previsão precisam observar exigências sobre a apli-
expressa de que os documentos fiscais te- cação das logomarcas. Para isso, existe um
nham que trazer o nome do projeto e o guia chamado “Manual de Uso das Marcas
número do Pronac. Porém, recomenda- do Pronac”, que pode ser obtido no portal
mos que essa prática se mantenha, pois da Rouanet - http://rouanet.cultura.gov.br/.
entendemos que isso auxilia na organi-
zação e na transparência da prestação de Assim, todo material gerado pelo pro-
contas, além de separar de forma clara os jeto (ainda que não seja viabilizado com
custos do projeto de outros que o propo- recursos do projeto) deverá ser inserido
nente venha a ter. no software Salic, para aprovação prévia
do Ministério, antes da sua veiculação,
Eventuais retenções de impostos tam- impressão ou produção.
bém precisam ser observadas. A recomen-
dação é de que, sempre que possível, o pa- No Anexo II da Instrução, que é a de-
gamento do fornecedor só seja feito depois claração de responsabilidade validada
de ele ter enviado a nota fiscal. pelo proponente no momento da apre-
sentação da proposta, explica que “a di-
Documentos fiscais que não forem vulgação da Lei Rouanet é fundamental
eletrônicos precisam ser digitalizados, e para o controle social, para o conheci-
guias de impostos também precisam ser mento do público em geral, para a mo-
arquivadas para, posteriormente, serem tivação e o engajamento de novos patro-
inseridos no Salic e comporem a presta- cinadores e doadores, bem como para a
ção de contas. evolução e a expansão do mecanismo”.
E de fato é. Por isso, atente-se também
para a correta aplicação da logomarca do
FORMA DE PAGAMENTO (s) patrocinador (es), proponente e possí-
veis apoiadores.
As formas de pagamento do projeto são:
transferência bancária identificada, cartão
magnético ou qualquer outro meio eletrô- ACESSIBILIDADE E
nico de pagamento que assegure a identi- DEMOCRATIZAÇÃO DE ACESSO
ficação do fornecedor do bem ou serviço.
Lembre-se das medidas de acessibili-
Quando não houver possibilidade de pa- dade e de democratização de acesso que
gamento de uma despesa pelos meios já des- foram prometidas no momento da elabo-
critos, o proponente poderá realizar saques ração do seu projeto. Execute elas e faça
diários de até R$1.000,00, podendo pagar registros dessa execução, para posterior-
despesas limitadas a este valor (art. 31, §1º). mente incluir na prestação de contas.
34 WWW.CAPACITAR.VC

COMPROVAÇÕES DE REALIZAÇÃO
DO PROJETO
RECOLHIMENTO DE
SALDO AO FNC
Durante a execução, guarde, de forma
organizada, o máximo de comprovações
que forem possíveis. Por exemplo, se o seu
projeto prevê aulas de dança, você pode Depois de encerrado o projeto e efetu-
fotografar as aulas, obter depoimentos dos ado todos os pagamentos, é o momento
alunos, relatórios dos professores, juntar as de zerar a conta bancária onde os valores
fichas de inscrição, fazer vídeos, etc. estavam sendo movimentados. O art. 32
da Instrução, em seu §4º, deixa claro que
Além disso, divulgue! Poste nas redes so- ao término da execução do projeto, todo
ciais, compartilhe a notícia. Dê publicidade saldo remanescente (incluindo o resulta-
ao seu projeto, dando transparência e visi- do de aplicação financeira não utilizado)
bilidade para ele. será recolhido ao Fundo Nacional de
Cultura – FNC.
Use a sua imaginação e registre tudo o que
for executado. Lembre-se: o momento de Também existe a possibilidade do pro-
registrar o seu projeto é durante a execução. jeto ser arquivado por falta de captação
suficiente para iniciar a sua execução
(art. 52).
FISCALIZAÇÃO DA EXECUÇÃO DO
PROJETO Isso porque, em regra, é vedada a trans-
ferência de saldos não utilizados para ou-
Mesmo que a prestação de contas seja tros projetos aprovados pelo Ministério
enviada ao Ministério da Cultura somente da Cultura. As exceções estão no art.
após o término da execução, é importante 28 e §3º do art. 29, já mencionados nos
que o proponente já mantenha uma orga- itens anteriores.
nização documental em tempo real.
A regra também não se aplica para o
Isso é bom para o projeto, e também para caso de planos anuais ou plurianuais de
o Ministério, que poderá, a qualquer momen- atividades ou projetos de ação continu-
to, realizar acompanhamento da execução do ada do mesmo proponente, desde que o
projeto, por meio de vistoria no próprio local projeto anterior seja encerrado e declara-
ou solicitando o envio de informações. do o valor transferido em campo especí-
fico do novo projeto (art. 42).
A vistoria pode ter por objetivo escla-
recer dúvidas acerca do projeto, do ponto Para os demais casos, através do Anexo
de vista físico ou financeiro, podendo ter II da Instrução Normativa (Declaração
sido motivada por vistoria de rotina ou por de Responsabilidade), o proponente de-
eventual denúncia. Ela poderá ser realizada clara ter conhecimento de que deverá:
diretamente pelo Ministério, por suas enti-
dades vinculadas, representações regionais, “DEVOLVER em valor atualizado, o
pareceristas credenciados, ou mediante saldo dos recursos captados e não uti-
parceria com outros órgãos federais, esta- lizados na execução do projeto, quando
duais e municipais (artigos 45 e 46). não transferidos para outro projeto, me-
CARTILHA LEI ROUANET 35

diante recolhimento ao Fundo Nacional No preenchimento, observar:


da Cultura (FNC), conforme instruções - Unidade Gestora (UG): 340001;
dispostas no portal da Rouanet.” - Gestão: 00001 – Tesouro Nacional
- Nome da unidade (aparecerá automa-
Além disso, o art. 47, §1° diz que é ne- ticamente): Coord. Geral de Exec. Or-
cessário que o proponente junte, na pres- cam. e Financeira/FNC
tação de contas no Salic, o “comprovante - Código de Recolhimento: 20082-4 –
do recolhimento ao FNC de eventual sal- FNC – REC.DECOR.NÃO. APLIC.
do não utilizado na execução do projeto, INCENTIVOS FISCAIS
incluídos os rendimentos da aplicação - No número de referência da GRU in-
financeira”. forme o número do Pronac.
- Competência: mês e ano que será efe-
Mas como fazer isso? Primeiramente, tuado o pagamento da guia
certifique-se de que não existe nenhuma - Vencimento: data inserida manual-
aplicação financeira na conta bancária do mente para definir a data do pagamento
seu projeto. Se houver, primeiro desaplique - CNPJ ou CPF do Contribuinte: con-
a verba. Após, verifique o saldo. Vamos su- tribuinte é o proponente
por que o saldo seja de R$150,12. O saldo - Nome do contribuinte/recolhedor:
remanescente é o valor que “sobrou” do nome completo do proponente
seu projeto, e deve englobar tanto a verba - Valor principal e valor total: em am-
que não foi gasta quanto algum possível bos os campos, valor a ser recolhido
rendimento de aplicação. ao FNC

Continuando o nosso exemplo, você Lembramos que o pagamento da guia


deverá emitir uma guia no valor de é o último ato financeiro a ser pratica-
R$150,12, e pagar essa guia com os recur- do no seu projeto, e deve ser feito de-
sos em conta. Assim, o saldo remanescen- pois de todos os pagamentos terem sido
te da execução do projeto será recolhido realizados, a verba já estar devidamente
ao Fundo Nacional da Cultura mediante desaplicada, e o valor restante na conta
o pagamento da Guia de Recolhimento da efetivamente não for mais utilizado.
União – GRU.
Depois de pagar a guia, você deve obter
Depois retire novamente um extrato um novo extrato bancário, certificando-
bancário. O extrato bancário deve apre- se de que a conta realmente foi zerada.
sentar ao final, saldo igual a ZERO. Esse Recomendamos juntar na prestação de
extrato deve ser anexado a prestação contas a GRU; o comprovante de paga-
de contas. mento da guia e o extrato zerado.

A Guia de Recolhimento da União


– GRU se encontra disponível no site
www.stn.fazenda.gov.br da Secretaria de
Tesouro Nacional (STN/MF), clicando
no link direto: http://consulta.tesouro.fazen-
da.gov.br/gru_novosite/gru_simples.asp
36 WWW.CAPACITAR.VC

PRESTAÇÃO DE exemplo, deve ser anexada no Salic, por


meio dos documentos comprobatórios, à
CONTAS medida que os débitos forem sendo lança-
dos no extrato bancário (art. 47, §1º).

A prestação de contas é de extrema O prazo para prestar contas é de 60 dias


importância para o projeto. Faça após o término da execução, quando o
a prestação de contas como uma proponente deverá anexar as informações
prática diária, e não algo que deve ser or- no Salic e enviar ao Ministério. Quando a
ganizado somente ao final do projeto. Ou prestação de contas não for apresentada, o
seja, a prestação de contas começa junto proponente será considerado inabilitado.
com a execução! Além disso, convidamos
vocês a se libertar de todos os mitos de que Ainda que os documentos sejam envia-
a prestação de contas é algo terrível. Ela dos pelo software, recomendamos que o
pode ser extremamente agradável, e levar proponente tenha em sua posse um dossiê
o proponente a melhorar sua organização físico e digital organizado, contendo toda
documental e financeira. Além disso, você a prestação de contas, como por exemplo:
pode apresentá-la aos investidores do pro- contratos firmados com fornecedores, no-
jeto, como forma de agradecimento e tam- tas fiscais originais, comprovantes de paga-
bém plantar uma semente para uma próxi- mento, extratos bancários, comprovações
ma captação. de que o produto cultural foi realizado e
distribuído, fotografias, relatórios, vídeos,
Os artigos 47 e 48 explicam sobre o que jornais com matérias, etc.
deverá ser apresentado na prestação de
contas, que nada mais é do que comprovar Vale lembrar que o comprovante do reco-
a realização de todo o seu projeto, tanto do lhimento do saldo remanescente ao Fundo
ponto de vista de cumprimento do objeto Nacional de Cultural também faz parte da
(produto cultural), quando do ponto de prestação de contas, conforme já explicado
vista financeiro. Caso haja algum produto em item anterior.
cultural que não possa ser enviado ou com-
provado pelo Salic, então o material deve Aconselhamos também que a prestação
ser entregue ao Ministério da Cultura de de contas seja digitalizada e guardada em
forma física. segurança virtualmente. Você pode, por
exemplo, criar um e-mail só para fins de
Ela deve ser inserida no próprio software backup dos seus documentos digitais.
Salic, que atualmente permite que seja ane- Além disso, mantenha na sua posse, e de
xada quase toda a documentação gerada forma organizada, toda a documentação
no projeto. A comprovação financeira, por original do seu projeto, em meio físico.
CARTILHA LEI ROUANET 37

A norma explica que

...mesmo depois do término do projeto, cabe ao proponente man-


ter e conservar a documentação do seu projeto pelo prazo de 5 anos,
contados da avaliação dos resultados, e disponibilizá-la ao Ministério
da Cultura e aos órgãos de controle e fiscalização, caso seja instado
a apresentá-la, conforme prevê o art. 36 IN/RFB 1.131, de 21 de fe-
vereiro de 2011. Veja mais informações no art. 57, §2º. De qualquer
forma, considerando que a prestação de contas também é muito im-
portante para o histórico do proponente, recomendamos que ela seja
guardada por todo o tempo que seja possível.

APROVAÇÃO OU REPROVAÇÃO DA PRESTAÇÃO DE CONTAS

A prestação de contas poderá ser aprovada, aprovada com ressalvas


ou reprovada. Sugerimos que o proponente acompanhe esta avaliação
dentro do Salic.

A reprovação pode ocorrer, por exemplo, pela não entrega da pres-


tação de contas, não cumprimento do objeto, equívocos de ordem
financeira, etc. E a reprovação poderá levar o proponente a ter que
devolver recursos devidamente atualizados ou apresentar propostas
de ações compensatórias.

Para entender mais sobre os elementos que levam o Ministério a


aprovar com ou sem ressalvar ou reprovar um projeto, possibilidade
de recurso, sansões, arquivamento e mais informações, faça a leitura
dos artigos 51 a 57.
38 WWW.CAPACITAR.VC

NÚMEROS DO cializadora, investiu R$8.505.110,00, alcan-


çando o 15º lugar nacional em 2017.
MECENATO • 2.859 projetos foram beneficiados, cap-
tando o montante de 1,18 bilhões. Apesar
de serem valores expressivos, aproxima-

A pesar de datada de 1991, a Lei pas-


sou a ter investimentos somente
em 1993. Desde então, mobilizou
mais de 16 bilhões de reais.
damente 45% dos projetos aprovados não
conseguem captar recursos.
• Destes 2.859 projetos que captaram re-
cursos durante o ano, 2.520 foram apresen-
tados por proponentes pessoas jurídicas e
Em 2016, os valores captados estão esti- apenas 339 por proponentes pessoas físicas.
mados em 1,149 bilhão de reais e em 2017 • Sobre os investidores, durante todo ano,
em 1,183 bilhão de reais. O valor prospec- 11.622 pessoas físicas destinaram parte do
tado para 2018, conforme dados apresen- seu imposto de renda para projetos, junto
tados nos encontros #Cultura gera futuro de- com 3.296 pessoas jurídicas.
vem chegar à casa de 1,43 bilhão.

No primeiro ano foram apenas dois in- MAIORES PATROCINADORES


vestidores, a Souza Cruz com 14 milhões EM 2017
e o Banco Nacional. Em 1994 os aportes
disparam e a Petrobrás assume a lideran- 1º BNDES R$36.744.204,29
ça com 170 milhões. Entre 1995 e 1997 2º Banco do Brasil S.A R$28.962.720,35
é a vez das empresas de Telecomunica- 3º Bradesco Vida e Previdência S/A R$25.853.000,00
ções assumirem a liderança no ranking de 4º Samsung Eletrônica da Amazônia Ltda R$19.300.000,00
maior investidores. 5º Cielo S.A. R$19.255.964,85
6º Cia. Brasileira de Metalurgia e Mineração R$17.316.093,83
A Petrobrás retoma o seu lugar em 1998,
tornando-se o maior patrocinador de Rou-
anet até 2012. O ano de 2006 destaca-se INVESTIMENTOS DE 2017 POR
pelo maior investimento da história, ten- REGIÃO
do a Petrobrás aportado aproximados 226
milhões no mecanismo. Em 2013 o Ban-
co do Brasil assumiu a liderança pela pri-
NORTE
meira vez, aportando em torno de 40 mi- 0,9%
lhões. E a partir de 2014 o BNDES passa 10,8Mi

a ser o maior investidor do Brasil, até os NORDESTE


4,9%
dias atuais. 57,7Mi

CENTRO-OESTE
1,7%
20Mi
DADOS GERAIS DE 2017 SUDESTE
78,8%
934,9 Mi

Em 2017 o maior incentivador continua


sendo o BNDES, que durante este ano apor- 13,7%
SUL

162,5Mi
tou mais de 36 milhões. A ENGIE Brasil
Energia, juntamente com a ENGIE Comer-
CARTILHA LEI ROUANET 39

No ano de 2017, a Rouanet movimentou O projeto, apresentado em 02 de de-


mais de 1 bilhão de reais em todas as regi- zembro de 2009, ainda depende de apro-
ões do Brasil. vação no Senado Federal, e conforme
informações retiradas no site, a última
Enfim, para o ano de 2018 existe a previ- tramitação, datada de 2017, aguarda a re-
são de um teto de renúncia fiscal do Gover- alização de audiência pública para instru-
no para a Cultura na casa de 1,4 bilhão. Ou ção da matéria.
seja, esse será o valor limite de imposto de
renda que poderá ser destinado para o me- Em paralelo, em março de 2016 o Ministé-
canismo de incentivos a projetos culturais. rio da Cultura apresentou uma nova proposta
de alteração para o texto do Procultura. O
Ministério acredita que os ajustes conferem
maior clareza e segurança jurídica ao projeto.
VALIDADE E FUTURO
DA LEI A proposta do Ministério traz, entre di-
versas sugestões, uma de grande impacto
para o incentivo, qual seja, a possibilidade
de pessoas jurídicas tributadas no lucro

A s disposições da Lei Rouanet não


trazem qualquer menção sobre
um prazo de validade da Lei e do
mecanismo do mecenato. Dessa forma, até
que haja qualquer disposição em contrário,
real cuja receita bruta seja de até trezen-
tos milhões de reais deduzirem até 6% do
imposto de renda devido em cada perío-
do de apuração em favor do mecanismo
do mecenato. Nesse caso, as pessoas jurí-
não existe um prazo final para este benefí- dicas cujo faturamento ultrapassa os 300
cio fiscal. milhões manteriam a dedução fiscal de até
4%. Outro exemplo seria de que os proje-
Em 2010 iniciou a tramitação, na Câmara, tos culturais que trouxerem em seu nome a
do Projeto de Lei nº 6.722/2010, para revo- marca do incentivador só poderiam contar
gar e substituir a Lei Rouanet, e instituir o com dedução de 40%.
PROCULTURA – Programa Nacional de
Fomento e Incentivo à Cultura. Enviado Entretanto, atualmente ainda vige, em
pela Câmara em 2014 para o Senado Fe- sua íntegra, o texto da Lei 8.313, de 1991.
deral, este projeto tramita atualmente sob O assunto não tem sido mais abordada nos
a relatoria do Senador Roberto Rocha e a encontros do Ministério da Cultura como
denominação “Projeto de Lei da Câmara nº ocorreu mais intensamente até 2016, e não
93, de 2014”. Em 2015, três emendas foram existe previsão concreta de aprovação deste
apresentadas pelo Senador Álvaro Dias. projeto de lei.
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