Tutela Educativa
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Tutela Educativa
º 166/99, de 14 de Setembro
[ Nº de artigos:234 ]
Lei n.º 166/99, de 14 de Setembro (versão actualizada)
SUMÁRIO
Aprova a Lei Tutelar Educativa
__________________________
A Assembleia da República decreta, nos termos da alínea c) do artigo 161.º da Constituição, para
valer como lei geral da República, o seguinte:
Artigo 1.º
É aprovada a Lei Tutelar Educativa, anexa à presente lei e que dela faz parte integrante.
Artigo 2.º
1 - A presente lei é de aplicação imediata, sem prejuízo da validade dos actos realizados na vigência
da lei anterior.
2 - As disposições de natureza processual não se aplicam aos processos iniciados anteriormente à sua
vigência quando da sua aplicabilidade imediata possa resultar quebra de harmonia e unidade dos
vários actos do processo.
3 - Os processos tutelares pendentes na data da entrada em vigor da nova lei que tenham por objecto
a prática, por menor com idade compreendida entre os 12 e os 16 anos, de facto qualificado pela lei
como crime são reclassificados como processos tutelares educativos, observando-se o disposto no
artigo 43.º da Lei Tutelar Educativa.
4 - No caso previsto no número anterior:
a) Procede-se, se necessário, à revisão das medidas aplicadas;
b) São obrigatoriamente revistas as medidas de internamento, bem como as situações de menores
colocados para observação ou acolhidos em instituições.
5 - Aos processos tutelares pendentes não incluídos na previsão do n.º 3 é aplicável o disposto na Lei
de Protecção de Crianças e Jovens em Perigo.
6 - Aos menores com idade compreendida entre os 12 e os 16 anos que tenham praticado facto
qualificado pela lei penal como crime antes da data referida no n.º1 podem ser aplicadas:
a) As medidas tutelares previstas no artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 314/78, de 27 de Outubro, salvo a
referida na respectiva alínea j); ou
b) As medidas tutelares educativas previstas na Lei Tutelar Educativa.
7 - Nos casos previstos nos n.os 4 e 6 é aplicável a medida que concretamente se mostre mais
favorável ao interesse educativo do menor, tendo em conta a gravidade do facto e a necessidade de
educação do menor para o direito manifestada na prática do facto e subsistente no momento da
decisão.
8 - As medidas tutelares previstas nas alíneas i) e l) do artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 314/78, de 27 de
Outubro, consideram-se, para todos os efeitos, nomeadamente para efeitos de execução,
equiparadas à medida de internamento em centro educativo em regime aberto e à medida de
internamento em centro educativo em regime semiaberto, respectivamente.
9 - À execução da medida prevista na alínea j) do artigo 18.º do Decreto-Lei n.º 314/78, de 27 de
Outubro, anteriormente aplicada é aplicável o regime previsto para a medida de internamento em
centro educativo em regime semiaberto.
10 - Os processos pendentes nos tribunais de menores ou nos tribunais de competência especializada
mista de família e menores que, em virtude do disposto nos artigos 28.º, 29.º e 31.º da Lei Tutelar
Educativa, deixarem de ser competentes são remetidos ao tribunal que for territorialmente
competente nos termos desta lei e das leis de organização e funcionamento dos tribunais judiciais.
Artigo 3.º
1 - A classificação dos centros educativos é efectuada por acto regulamentar do Governo.
2 - O Governo adoptará as providências regulamentares necessárias à aplicação da presente lei.
3 - A regulamentação da execução das medidas tutelares educativas consta de decreto-lei.
Artigo 4.º
1 - São revogadas as disposições legais que contenham normas que contrariem as disposições da Lei
Tutelar Educativa aprovada pela presente lei, nomeadamente as disposições do título I e do título II
do Decreto-Lei n.º 314/78, de 27 de Outubro, alterado pelo Decreto-Lei n.º 58/95, de 31 de Março.
2 - São revogados os artigos 23.º e 24.º do Decreto-Lei n.º 39/83, de 25 de Janeiro.
Artigo 5.º
A entrada em vigor da legislação que, nos termos do artigo 144.º, n.º 4, da Lei Tutelar Educativa,
proceda à reorganização dos colégios de acolhimento, de educação e formação do Instituto de
Reinserção Social e à sua classificação como centros educativos não determina a cessação das
comissões de serviço dos respectivos dirigentes que tenham sido nomeados na sequência de concurso
público.
Artigo 6.º
A Lei Tutelar Educativa, bem como a presente lei, com excepção do artigo 3.º, entram em vigor com
a legislação a que se refere o n.º 4 do artigo 144.º da mesma lei.
Aprovada em 2 de Julho de 1999.
O Presidente da Assembleia da República, António de Almeida Santos.
Promulgada em 26 de Agosto de 1999.
Publique-se.
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O Presidente da República, JORGE SAMPAIO.
Referendada em 2 de Setembro de 1999.
O Primeiro-Ministro, António Manuel de Oliveira Guterres.
ANEXO
TÍTULO I
Disposição introdutória
Artigo 1.º
Âmbito da lei
A prática, por menor com idade compreendida entre os 12 e os 16 anos, de facto qualificado pela lei
como crime dá lugar à aplicação de medida tutelar educativa em conformidade com as disposições
da presente lei.
TÍTULO II
Das medidas tutelares educativas
CAPÍTULO I
Disposições gerais
Artigo 2.º
Finalidades das medidas
1 - As medidas tutelares educativas, adiante abreviadamente designadas por medidas tutelares,
visam a educação do menor para o direito e a sua inserção, de forma digna e responsável, na vida em
comunidade.
2 - As causas que excluem ou diminuem a ilicitude ou a culpa são consideradas para a avaliação da
necessidade e da espécie de medida.
Artigo 3.º
Aplicação da lei no tempo
1 - Só pode aplicar-se medida tutelar a menor que cometa facto qualificado pela lei como crime e
passível de medida tutelar por lei anterior ao momento da sua prática.
2 - No caso de sucessão de leis no tempo, é sempre aplicado o regime que concretamente se mostrar
mais favorável ao menor.
Artigo 3.º-B
Aplicação da lei no espaço
1 - A presente lei é aplicável ao menor que, residindo ou sendo encontrado em território nacional,
aqui tenha praticado facto qualificado pela lei como crime.
2 - Salvo tratado ou convenção internacional em contrário, a presente lei é, ainda, aplicável aos
menores desde que:
a) Pratiquem facto qualificado como crime em território estrangeiro, sejam encontrados em
território nacional e residam em Portugal;
b) O facto praticado seja qualificado como crime, quer pela lei portuguesa, quer pela lei do lugar da
prática do facto.
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Artigo 3.º-C
Lugar da prática do facto
O facto considera-se praticado tanto no lugar em que o menor atuou ou, no caso de omissão, devia
ter atuado, como naquele em que o resultado se tiver produzido.
Artigo 4.º
Princípio da legalidade
1 - São medidas tutelares:
a) A admoestação;
b) A privação do direito de conduzir ciclomotores ou de obter permissão para conduzir ciclomotores;
c) A reparação ao ofendido;
d) A realização de prestações económicas ou de tarefas a favor da comunidade;
e) A imposição de regras de conduta;
f) A imposição de obrigações;
g) A frequência de programas formativos;
h) O acompanhamento educativo;
i) O internamento em centro educativo.
2 - Considera-se medida institucional a prevista na alínea i) do número anterior e não institucionais
as restantes.
3 - A medida de internamento em centro educativo aplica-se segundo um dos seguintes regimes de
execução:
a) Regime aberto;
b) Regime semiaberto;
c) Regime fechado.
Artigo 5.º
Execução das medidas tutelares
A execução das medidas tutelares pode prolongar-se até o jovem completar 21 anos, momento em
que cessa obrigatoriamente.
Artigo 6.º
Critério de escolha das medidas
1 - Na escolha da medida tutelar aplicável o tribunal dá preferência, de entre as que se mostrem
adequadas e suficientes, à medida que represente menor intervenção na autonomia de decisão e de
condução de vida do menor e que seja suscetível de obter a sua maior adesão e a adesão de seus
pais, representante legal ou pessoa que tenha a sua guarda de facto.
2 - O disposto no número anterior é correspondentemente aplicável à fixação da modalidade ou do
regime de execução de medida tutelar.
3 - A escolha da medida tutelar aplicável é orientada pelo interesse do menor.
4 - Quando o menor for considerado autor da prática de uma pluralidade de factos qualificados como
crime o tribunal aplica uma ou várias medidas tutelares, de acordo com a concreta necessidade de
educação do menor para o direito.
Artigo 7.º
Determinação da duração das medidas
1 - A medida tutelar deve ser proporcionada à gravidade do facto e à necessidade de educação do
menor para o direito manifestada na prática do facto e subsistente no momento da decisão.
2 - A duração da medida de internamento em centro educativo não pode, em caso algum, exceder o
limite máximo da pena de prisão prevista para o crime correspondente ao facto.
Artigo 8.º
Aplicação de várias medidas
1 - Quando forem aplicadas várias medidas tutelares ao mesmo menor, no mesmo ou em diferentes
processos, o tribunal determina o seu cumprimento simultâneo, quando entender que as medidas são
concretamente compatíveis.
2 - Quando considerar que o cumprimento simultâneo de medidas tutelares aplicadas no mesmo
processo não é possível, o tribunal, ouvido o Ministério Público, substitui todas ou algumas medidas
por outras ou determina o seu cumprimento sucessivo, nos termos da presente lei.
3 - No caso de aplicação de várias medidas ao mesmo menor em diferentes processos, cujo
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cumprimento simultâneo não seja possível nos termos do n.º 1, o tribunal determina o seu
cumprimento sucessivo, nos termos da presente lei.
4 - Quando for aplicada mais do que uma medida de internamento ao mesmo menor, sem que se
encontre integralmente cumprida uma delas, é efetuado, ouvido o Ministério Público, o menor e o
seu defensor, o competente cúmulo jurídico de medidas, nos termos previstos na lei penal.
5 - No caso de substituição de medidas tutelares o tribunal toma em conta o disposto nos artigos
anteriores do presente capítulo.
6 - Se for caso de cumprimento sucessivo de medidas tutelares, o tempo total de duração não pode
ultrapassar o dobro do tempo de duração da medida mais grave aplicada, cessando, em qualquer
caso, o cumprimento na data em que seu destinatário completar 21 anos.
7 - Sempre que forem aplicáveis medidas de internamento com diferentes regimes de execução, o
tempo total de duração não pode ultrapassar o dobro do tempo de duração da medida mais grave
aplicada, cessando, em qualquer caso, o cumprimento com o limite de idade previsto no número
anterior.
CAPÍTULO II
Conteúdo das medidas
Artigo 9.º
Admoestação
A admoestação consiste na advertência solene feita pelo juiz ao menor, exprimindo o carácter ilícito
da conduta e o seu desvalor e consequências e exortando-o a adequar o seu comportamento às
normas e valores jurídicos e a inserir-se, de uma forma digna e responsável, na vida em comunidade.
Artigo 10.º
Privação do direito de conduzir
A medida de privação do direito de conduzir ciclomotores ou de obter permissão para conduzir
ciclomotores consiste na cassação ou na proibição de obtenção da licença, por período entre um mês
e um ano.
Artigo 11.º
Reparação ao ofendido
1 - A reparação ao ofendido consiste em o menor:
a) Apresentar desculpas ao ofendido;
b) Compensar economicamente o ofendido, no todo ou em parte, pelo dano patrimonial,
exclusivamente através de bens ou verbas que estejam na disponibilidade do menor;
c) Exercer, em benefício do ofendido, atividade que se conexione com o dano, sempre que for
possível e adequado.
2 - A apresentação de desculpas ao ofendido consiste em o menor exprimir o seu pesar pelo facto,
por qualquer das seguintes formas:
a) Manifestação, na presença do juiz e do ofendido, do seu propósito de não repetir factos análogos;
b) Satisfação moral ao ofendido, mediante ato que simbolicamente traduza arrependimento.
3 - O pagamento da compensação económica pode ser efetuado em prestações, desde que não
desvirtue o significado da medida, atendendo o juiz, na fixação do montante da compensação ou da
prestação, apenas às disponibilidades económicas do menor.
4 - A atividade exercida em benefício do ofendido não pode ocupar mais de dois dias por semana e
três horas por dia e respeita o período de repouso do menor, devendo salvaguardar um dia de
descanso semanal e ter em conta a frequência da escolaridade, bem como outras atividades que o
tribunal considere importantes para a formação do menor.
5 - A atividade exercida em benefício do ofendido tem o limite máximo de doze horas, distribuídas,
no máximo, por quatro semanas.
6 - A medida de reparação nas modalidades previstas nas alíneas b) e c) do n.º 1 exige o
consentimento do ofendido.
Artigo 13.º
Imposição de regras de conduta
1 - A medida de imposição de regras de conduta tem por objetivo criar ou fortalecer condições para
que o comportamento do menor se adeque às normas e valores jurídicos essenciais da vida em
sociedade.
2 - Podem ser impostas, entre outras, as seguintes regras de conduta com a obrigação de:
a) Não frequentar certos meios, locais ou espetáculos;
b) Não acompanhar determinadas pessoas;
c) Não consumir bebidas alcoólicas;
d) Não frequentar certos grupos ou associações;
e) Não ter em seu poder certos objetos.
3 - As regras de conduta não podem representar limitações abusivas ou desrazoáveis à autonomia de
decisão e de condução de vida do menor e têm a duração máxima de dois anos.
Artigo 14.º
Imposição de obrigações
1 - A medida de imposição de obrigações tem por objetivo contribuir para o melhor aproveitamento
na escolaridade ou na formação profissional e para o fortalecimento de condições psicobiológicas
necessárias ao desenvolvimento da personalidade do menor.
2 - A imposição de obrigações pode consistir na obrigação de o menor:
a) Frequentar um estabelecimento de ensino com sujeição a controlo de assiduidade e
aproveitamento;
b) Frequentar um centro de formação profissional ou seguir uma formação profissional, ainda que
não certificada;
c) Frequentar sessões de orientação em instituição psicopedagógica e seguir as diretrizes que lhe
forem fixadas;
d) Frequentar atividades de clubes ou associações juvenis;
e) Submeter-se a programas de tratamento médico, médico-psiquiátrico, médico-psicológico ou
equiparado junto de entidade ou de instituição oficial ou particular, em regime de internamento ou
em regime ambulatório.
3 - A submissão a programas de tratamento visa, nomeadamente, o tratamento das seguintes
situações:
a) Habituação alcoólica;
b) Consumo habitual de estupefacientes;
c) Doença infetocontagiosa ou sexualmente transmissível;
d) Anomalia psíquica.
4 - O juiz deve, em todos os casos, procurar a adesão do menor ao programa de tratamento, sendo
necessário o consentimento do menor quando tiver idade superior a 16 anos.
5 - É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 3 do artigo 13.º
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Artigo 16.º
Acompanhamento educativo
1 - A medida de acompanhamento educativo consiste na execução de um projeto educativo pessoal
que abranja as áreas de intervenção fixadas pelo tribunal.
2 - O tribunal pode impor ao menor sujeito a acompanhamento educativo regras de conduta ou
obrigações, bem como a frequência de programas formativos.
3 - O projeto é elaborado pelos serviços de reinserção social e sujeito a homologação judicial.
4 - Compete aos serviços de reinserção social supervisionar, orientar, acompanhar e apoiar o menor
durante a execução do projeto educativo pessoal.
5 - A medida de acompanhamento educativo tem a duração mínima de três meses e a máxima de dois
anos, contados desde a data do trânsito em julgado da decisão de homologação judicial prevista no
n.º 3.
6 - No caso de o tribunal impor ao menor a frequência de programas formativos é
correspondentemente aplicável o disposto no n.º 3 do artigo 15.º
7 - No caso de o tribunal impor ao menor a obrigação prevista na alínea e) do n.º 2 do artigo 14.º vale
correspondentemente o disposto no n.º 4 do mesmo artigo.
CAPÍTULO III
Regime das medidas
Artigo 19.º
Não cumulação
1 - Salvo o disposto no n.º 2 do artigo 16.º e no número seguinte, as medidas tutelares não podem ser
aplicadas cumulativamente por um mesmo facto ao mesmo menor.
2 - A medida de privação do direito de conduzir ciclomotores ou de obter permissão para conduzir
ciclomotores pode cumular-se com outra medida.
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Artigo 20.º
Prestações económicas ou tarefas a favor da comunidade
1 - Se for aplicada medida de realização de prestações económicas ou de tarefas a favor da
comunidade, o tribunal fixa, na decisão:
a) A modalidade da medida;
b) Consoante o caso, o montante e a forma da prestação económica ou a atividade, a duração e a
forma da sua prestação;
c) Consoante o caso, a entidade que acompanha a execução ou a entidade destinatária da prestação.
2 - O tribunal pode deferir aos serviços de reinserção social a definição da forma da prestação de
atividade.
Artigo 21.º
Imposição de obrigações, frequência de programas formativos e acompanhamento educativo
1 - Antes de aplicar as medidas de imposição de obrigações, de frequência de programas formativos
ou de acompanhamento educativo que incluir obrigações ou frequência de programas formativos o
tribunal pode pedir aos serviços de reinserção social informação sobre instituições ou entidades junto
das quais o menor deve cumprir a medida, respetivos programas, horários, condições de frequência e
vagas disponíveis.
2 - Os serviços de reinserção social informam o tribunal em prazo não superior a 20 dias.
Artigo 22.º
Execução participada
1 - O tribunal associa à execução de todas as medidas tutelares, sempre que for possível e adequado
aos fins educativos visados, os pais ou outras pessoas de referência para o menor, familiares ou não.
2 - O tribunal delimita a colaboração das pessoas referidas no número anterior relativamente a
serviços e entidades encarregados de acompanhar e assegurar a execução das medidas, em ordem a
garantir a conjugação de esforços.
3 - Na ausência de qualquer pessoa de referência e colaborante, o tribunal associa uma entidade de
proteção social à execução das medidas tutelares educativas.
CAPÍTULO IV
Interatividade entre penas e medidas tutelares
Artigo 23.º
Execução cumulativa de medidas e penas
O menor sujeito a processo tutelar que for simultaneamente arguido em processo penal cumpre
cumulativamente as medidas tutelares e as penas que lhe forem aplicadas, sempre que as mesmas
forem entre si concretamente compatíveis.
Artigo 24.º
Condenação em pena de prisão efetiva
1 - Cessa a execução das medidas tutelares quando o jovem maior de 16 anos for condenado em pena
de prisão efetiva, salvo o disposto no número seguinte.
2 - Tratando-se das medidas de admoestação, de reparação ao ofendido na modalidade de
compensação económica ou de prestações económicas a favor da comunidade a sua execução não
cessa com a condenação em pena de prisão efetiva, nos casos em que a situação concreta do jovem,
durante a execução da pena, lhe garanta disponibilidades económicas bastantes para satisfazer os
encargos resultantes do cumprimento das medidas.
3 - Quando a execução da medida tutelar cesse nos termos do n.º 1, a execução da pena de prisão
inicia-se com o trânsito em julgado da sentença condenatória.
Artigo 25.º
Condenação nas penas de internamento em centro de detenção, colocação por dias livres em
centro de detenção ou colocação em centro de detenção em regime de semi-internato.
1 - Quando for aplicada pena de internamento em centro de detenção, pena de colocação por dias
livres em centro de detenção ou pena de colocação em centro de detenção em regime de semi-
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internato a jovem maior de 16 anos que esteja a cumprir medida tutelar de internamento, a
execução das penas referidas tem início após o cumprimento da medida tutelar.
2 - Quando for aplicada medida tutelar não institucional a jovem maior de 16 anos que esteja a
cumprir pena de internamento em centro de detenção, pena de colocação por dias livres em centro
de detenção ou pena de colocação em centro de detenção em regime de semi-internato e a medida
aplicada for incompatível com a pena em execução, aquela é executada após o cumprimento desta.
3 - Quando for aplicada medida tutelar de internamento em regime aberto ou semiaberto a jovem
maior de 16 anos que esteja a cumprir pena de internamento em centro de detenção, pena de
colocação por dias livres em centro de detenção ou pena de colocação em centro de detenção em
regime de semi-internato, a execução da medida tutelar tem início após o cumprimento da pena.
4 - Quando for aplicada medida tutelar de internamento em regime fechado a jovem maior de 16
anos que esteja a cumprir pena de internamento em centro de detenção, pena de colocação por dias
livres em centro de detenção ou pena de colocação em centro de detenção em regime de semi-
internato, a pena cessa no momento em que o tempo que falte cumprir for igual ou inferior ao da
duração da medida cuja execução se inicia nesse momento.
Artigo 26.º
Condenação em pena de multa, prestação de trabalho a favor da comunidade ou suspensão da
execução da pena de prisão
1 - Quando for aplicada pena de multa, prestação de trabalho a favor da comunidade ou suspensão
da execução da pena de prisão a jovem maior de 16 anos que esteja a cumprir medida tutelar de
internamento, o tribunal da condenação:
a) Tratando-se de multa que o jovem não possa cumprir dada a sua situação concreta, pode proceder
à suspensão da prisão subsidiária, nos termos do n.º 3 do artigo 49.º do Código Penal;
b) Tratando-se de prestação de trabalho a favor da comunidade, procede à suspensão da pena de
prisão determinada na sentença, nos termos da alínea b) do n.º 6 do artigo 59.º do Código Penal;
c) Tratando-se da suspensão da pena de prisão, modifica os deveres, regras de conduta ou obrigações
impostos.
2 - Nos casos previstos nas alíneas a) a c) do número anterior, o tribunal da condenação procede,
respetivamente, à fixação ou modificação dos deveres, regras de conduta ou obrigações, por forma a
adequá-los à situação concreta do jovem, ou pode solicitar ao tribunal que aplicou a medida as
informações que entender necessárias para proceder a essa fixação ou modificação.
3 - Quando for aplicada medida tutelar de internamento a jovem maior de 16 anos que esteja a
cumprir alguma das penas referidas no n.º 1, o regime da medida a executar tem em conta, tanto
quanto possível, a compatibilidade da pena com a medida.
Artigo 27.º
Prisão preventiva
1 - A aplicação de prisão preventiva a jovem maior de 16 anos não prejudica a execução cumulativa
de medida tutelar não institucional que esteja a cumprir ou lhe seja aplicada, desde que esta não
seja concretamente incompatível com a prisão.
2 - Tratando-se das medidas de admoestação, de reparação ao ofendido na modalidade de
compensação económica ou de prestações económicas a favor da comunidade a execução é
compatível com a prisão preventiva, salvo nos casos em que a situação concreta do jovem não lhe
permitir disponibilidades económicas bastantes para satisfazer os encargos resultantes do
cumprimento das medidas.
3 - A execução das medidas tutelares não institucionais incompatíveis com a prisão preventiva não se
inicia ou interrompe-se conforme o momento em que a prisão seja ordenada.
4 - Compete ao juiz que aplica a prisão preventiva determinar, em concreto, a compatibilidade da
execução cumulativa de medida tutelar não institucional com a prisão preventiva.
5 - Quando for aplicada prisão preventiva a jovem maior de 16 anos que esteja a cumprir medida
tutelar de internamento, a execução da medida não se interrompe, o menor é colocado ou mantido
em centro educativo de regime fechado pelo tempo correspondente à prisão preventiva e o seu
termo não afeta a continuação da medida pelo tempo que falte.
6 - Quando for aplicada medida tutelar de internamento a jovem maior de 16 anos que esteja a
cumprir prisão preventiva, bem como quando a medida tutelar não se iniciar ou for interrompida nos
termos do n.º 3, a execução da medida ou a sua continuação depende do resultado do processo
penal, procedendo-se à revisão da medida e o jovem for absolvido ou aplicando-se, conforme o caso,
o disposto nos artigos 23.º a 26.º
TÍTULO III
Dos tribunais
CAPÍTULO I
Tribunal
Artigo 28.º
Competência
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Artigo 35.º
Conexão subjetiva
1 - Organiza-se um só processo quando vários menores tiverem cometido um ou diversos factos, em
comparticipação ou reciprocamente, na mesma ocasião ou lugar, sendo uns causa ou efeito dos
outros, ou destinando-se uns a continuar ou a ocultar os outros.
2 - No caso referido no número anterior é competente o tribunal da residência do maior número de
menores e, em igualdade de circunstâncias, o tribunal do processo que tiver sido instaurado em
primeiro lugar.
3 - É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 2 do artigo anterior.
Artigo 36.º
Separação de processos
A autoridade judiciária determina a separação de processos quando a celeridade do processo ou o
interesse do menor o justificar.
Artigo 37.º
Apensação
1 - Se houver vários processos procede-se à apensação ao processo instaurado em primeiro lugar, se
os menores forem irmãos, ou sujeitos à guarda de facto da mesma pessoa.
2 - Quando forem organizados vários processos relativamente ao mesmo menor, após o trânsito em
julgado da decisão, os processos são apensados àquele cuja decisão tenha transitado em primeiro
lugar.
Artigo 38.º
Tribunal competente para a execução
A execução das medidas tutelares, incluída a revisão, compete ao tribunal que as aplicou.
Artigo 39.º
Execução
1 - A execução das medidas tutelares corre nos próprios autos, perante o juiz da secção de família e
menores ou constituída como tal.
2 - Compete ao juiz:
a) Tomar as decisões necessárias à execução efetiva das medidas tutelares aplicadas;
b) Ordenar os procedimentos que considere adequados face a ocorrências que comprometam a
execução e que sejam levadas ao seu conhecimento;
c) Homologar os projetos educativos pessoais dos menores em acompanhamento educativo ou
internados;
d) Decidir sobre a revisão da medida tutelar aplicada;
e) Acompanhar a evolução do processo educativo do menor através dos relatórios de execução das
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medidas;
f) Decidir sobre os recursos interpostos relativamente à execução das medidas tutelares a que se
refere o artigo 134.º;
g) Decidir sobre os pedidos e queixas apresentados sobre quaisquer circunstâncias da execução das
medidas suscetíveis de pôr em causa os direitos dos menores;
h) Realizar visitas aos centros educativos e contactar com os menores internados.
CAPÍTULO II
Ministério Público
Artigo 40.º
Competência
1 - Compete ao Ministério Público:
a) Dirigir o inquérito;
b) Promover as diligências que tiver por convenientes e recorrer, na defesa da lei e no interesse do
menor;
c) Promover a execução das medidas tutelares e das custas e demais quantias devidas ao Estado;
d) Dar obrigatoriamente parecer sobre recursos, pedidos e queixas interpostos ou apresentados nos
termos da lei;
e) Dar obrigatoriamente parecer sobre o projeto educativo pessoal de menor em acompanhamento
educativo ou internado em centro educativo;
f) Realizar visitas a centros educativos e contactar com os menores internados.
2 - É correspondentemente aplicável o disposto nos artigos 31.º e 33.º
TÍTULO IV
Do processo tutelar
CAPÍTULO I
Princípios gerais
Artigo 41.º
Sigilo
1 - O processo tutelar é secreto até ao despacho que designar data para a audiência prévia ou para a
audiência, se aquela não tiver lugar.
2 - A publicidade do processo faz-se com respeito pela personalidade do menor e pela sua vida
privada, devendo, na medida do possível, preservar a sua identidade.
Artigo 43.º
Iniciativas cíveis e de proteção
1 - Em qualquer fase do processo tutelar educativo, nomeadamente em caso de arquivamento, o
Ministério Público:
a) Participa às entidades competentes a situação de menor que careça de proteção social;
b) Toma as iniciativas processuais que se justificarem relativamente ao exercício ou ao suprimento
das responsabilidades parentais;
c) Requer a aplicação de medidas de proteção.
2 - Em caso de urgência, as medidas a que se refere a alínea c) do número anterior podem ser
decretadas provisoriamente no processo tutelar educativo, caducando se não forem confirmadas em
ação própria proposta no prazo de um mês.
3 - As decisões proferidas em processos que decretem medidas ou providências de qualquer natureza
relativamente ao menor devem conjugar-se com as proferidas no processo tutelar educativo.
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Artigo 46.º
Defensor
1 - O menor, os pais, o representante legal ou a pessoa que tenha a sua guarda de facto podem
constituir ou requerer a nomeação de defensor, em qualquer fase do processo.
2 - Não tendo sido anteriormente constituído ou nomeado, a autoridade judiciária providencia pela
nomeação de defensor no despacho em que determine a audição ou a detenção do menor.
3 - O defensor nomeado cessa funções logo que seja constituído outro.
4 - O defensor é advogado ou, quando não seja possível, advogado estagiário.
5 - A nomeação de defensor deve recair preferencialmente entre advogados com formação
especializada, segundo lista a elaborar pela Ordem dos Advogados.
Artigo 47.º
Audição do menor
1 - A audição do menor é sempre realizada pela autoridade judiciária.
2 - A autoridade judiciária pode designar um técnico de serviço social ou outra pessoa especialmente
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habilitada para acompanhar o menor em ato processual e, se for caso disso, proporcionar ao menor o
apoio psicológico necessário por técnico especializado.
Artigo 48.º
Condições dos meios de transporte utilizados nas deslocações de menores
A deslocação e o transporte do menor devem realizar-se de modo a assegurar, em todos os casos, o
respeito pela sua dignidade e condições particulares de maturidade física, intelectual e psicológica e
a evitar, tanto quanto possível, a aparência de intervenção de justiça.
Artigo 49.º
Inimputabilidade em razão de anomalia psíquica
1 - Quando, em qualquer fase do processo, se verificar que o menor sofre de anomalia psíquica que o
impede de compreender o sentido da intervenção tutelar, o processo é arquivado.
2 - No caso previsto no número anterior, o Ministério Público encaminha o menor para os serviços de
saúde mental, examina a necessidade de internamento e, se for caso disso, providencia, nos termos
da lei, o internamento compulsivo.
3 - O despacho de arquivamento é notificado ao menor, aos pais, representante legal ou pessoa que
tenha a sua guarda de facto e ao ofendido.
CAPÍTULO II
Identificação, detenção e medidas cautelares
SECÇÃO I
Identificação
Artigo 50.º
Formalidades
O procedimento de identificação de menor obedece às formalidades previstas no processo penal,
com as seguintes especialidades:
a) Na impossibilidade de apresentação de documento, o órgão de polícia criminal procura, de
imediato, comunicar com os pais, representante legal ou pessoa que tenha a guarda de facto do
menor;
b) O menor não pode permanecer em posto policial, para efeito de identificação, por mais de três
horas.
SECÇÃO II
Detenção
Artigo 51.º
Pressupostos
1 - A detenção do menor é efetuada:
a) Em caso de flagrante delito, para, no mais curto prazo, sem nunca exceder quarenta e oito horas,
ser apresentado ao juiz, a fim de ser interrogado ou para sujeição a medida cautelar;
b) Para assegurar a presença imediata ou, não sendo possível, no mais curto prazo, sem nunca
exceder doze horas, perante o juiz, a fim de ser interrogado ou para aplicação ou execução de
medida cautelar, ou em ato processual presidido por autoridade judiciária;
c) Para sujeição, em regime ambulatório ou de internamento, a perícia psiquiátrica ou sobre a
personalidade.
2 - A detenção fora de flagrante delito tem apenas lugar quando a comparência do menor não puder
ser assegurada pelos pais, representante legal ou pessoa que tenha a sua guarda de facto e faz-se por
mandado do juiz, a requerimento do Ministério Público durante o inquérito e, depois, mesmo
oficiosamente.
Artigo 52.º
Flagrante delito
1 - O menor só pode ser detido em flagrante delito por facto qualificado como crime punível com
pena de prisão, sem prejuízo do disposto no número seguinte.
2 - A detenção só se mantém quando o menor tiver cometido facto qualificado como crime contra as
pessoas, a que corresponda pena máxima, abstratamente aplicável, de prisão igual ou superior a três
anos ou tiver cometido facto qualificado como crime a que corresponda pena máxima, abstratamente
aplicável, igual ou superior a cinco anos ou, ainda, tiver cometido dois ou mais factos qualificados
como crimes a que corresponda pena máxima, abstratamente aplicável, superior a três anos, cujo
procedimento não dependa de queixa ou de acusação particular.
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3 - Fora dos casos referidos no número anterior procede-se apenas à identificação do menor.
4 - Em caso de flagrante delito:
a) A autoridade judiciária ou qualquer entidade policial procede à detenção;
b) Se não estiver presente autoridade judiciária ou entidade policial nem puder ser chamada em
tempo útil, qualquer pessoa pode proceder à detenção, entregando imediatamente o menor àquelas
entidades.
Artigo 54.º
Confiança do menor
1 - Quando não for possível apresentá-lo imediatamente ao juiz, o menor é confiado aos pais, ao
representante legal, a quem tenha a sua guarda de facto ou a instituição onde se encontre
internado.
2 - Se a confiança do menor nos termos do número anterior não for suficiente para garantir a sua
presença perante o juiz ou para assegurar as finalidades da detenção, o menor é recolhido no centro
educativo mais próximo ou em instalações próprias e adequadas de entidade policial, sendo-lhe, em
qualquer caso, ministrados os cuidados e a assistência médica, psicológica e social que forem
aconselhados pela sua idade, sexo e condições individuais.
3 - O menor confiado nos termos dos números anteriores é apresentado ao juiz no prazo e para os
efeitos do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 51.º
Artigo 55.º
Primeiro interrogatório
Quando assistirem ao primeiro interrogatório, os pais, representante legal ou pessoa que tiver a
guarda de facto do menor abstêm-se de qualquer interferência.
SECÇÃO III
Medidas cautelares
Artigo 56.º
Adequação e proporcionalidade
As medidas cautelares devem ser adequadas às exigências preventivas ou processuais que o caso
requerer e proporcionadas à gravidade do facto e às medidas tutelares aplicáveis.
Artigo 57.º
Tipicidade
São medidas cautelares:
a) A entrega do menor aos pais, representante legal, família de acolhimento, pessoa que tenha a sua
guarda de facto ou outra pessoa idónea, com imposição de obrigações ao menor;
b) A guarda do menor em instituição pública ou privada;
c) A guarda do menor em centro educativo.
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c) A existência fundada de perigo de fuga ou de cometimento de outros factos qualificados pela lei
como crime.
2 - A medida prevista na alínea c) do artigo anterior só pode ser aplicada quando se verificarem os
pressupostos previstos na alínea a) do n.º 4 do artigo 17.º
3 - No caso previsto no número anterior, a medida é executada em centro educativo semiaberto se o
menor tiver idade inferior a 14 anos. Se o menor tiver idade igual ou superior a 14 anos, o juiz
determina a execução da medida em centro educativo de regime semiaberto ou fechado.
Artigo 59.º
Formalidades
1 - As medidas cautelares são aplicadas por despacho do juiz, a requerimento do Ministério Público
durante o inquérito e, posteriormente, mesmo oficiosamente.
2 - A aplicação de medidas cautelares exige a audição prévia do Ministério Público, se não for o
requerente, do defensor e, sempre que possível, dos pais, representante legal ou pessoa que tenha a
guarda de facto do menor.
3 - O despacho referido no n.º 1 é notificado ao menor e comunicado aos pais, representante legal ou
pessoa que tenha a sua guarda de facto.
Artigo 60.º
Duração
1 - A medida de guarda de menor em centro educativo tem o prazo máximo de três meses,
prorrogável até ao limite máximo de mais três meses em casos de especial complexidade
devidamente fundamentados.
2 - O prazo de duração das restantes medidas cautelares é de seis meses até à decisão do tribunal de
1.ª instância e de um ano até ao trânsito em julgado da decisão.
Artigo 61.º
Revisão
1 - Oficiosamente ou a requerimento, as medidas cautelares são substituídas, se o juiz concluir que a
medida aplicada não realiza as finalidades pretendidas.
2 - As medidas cautelares são revistas, oficiosamente, de dois em dois meses.
3 - O Ministério Público e o defensor são ouvidos, se não forem os requerentes, bem como os pais,
representante legal ou pessoa que tenha a guarda de facto do menor.
Artigo 63.º
Pedido de informação
A fim de fundamentar as decisões sobre a substituição e a cessação da medida de guarda em centro
educativo o juiz, oficiosamente ou a requerimento, pode solicitar informação aos serviços de
reinserção social.
Artigo 64.º
Extinção
1 - As medidas cautelares extinguem-se:
a) Quando tiver decorrido o prazo da sua duração;
b) Com a suspensão do processo;
c) Com o arquivamento do inquérito ou do processo;
d) Com o trânsito em julgado da decisão.
2 - As medidas cautelares extinguem-se também quando a decisão de 1.ª instância, ainda que não
transitada em julgado, não tiver aplicado qualquer medida ou tiver aplicado medida menos grave do
que a de acompanhamento educativo.
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CAPÍTULO III
Provas
Artigo 65.º
Objeto
Constituem objeto de prova os factos juridicamente relevantes para a verificação da existência ou
inexistência do facto, para avaliação da necessidade de medida tutelar e para determinação da
medida a aplicar.
Artigo 66.º
Declarações e inquirições
1 - Os pais, o representante legal ou quem tenha a guarda de facto do menor prestam declarações,
mas não são ajuramentados.
2 - A inquirição sobre factos relativos à personalidade e ao carácter do menor, bem como às suas
condições pessoais e à sua conduta anterior e posterior, é permitida, quer para prova do facto quer
para avaliação da necessidade de medida tutelar e determinação da medida a aplicar.
3 - Quando tenham idade inferior a 16 anos, o ofendido e as testemunhas são inquiridos pela
autoridade judiciária.
4 - O ofendido é inquirido quando a autoridade judiciária, oficiosamente ou a requerimento, o
entender conveniente para a boa decisão da causa.
Artigo 67.º
Convocação de menores
As testemunhas ou quaisquer outros participantes processuais com idade inferior a 18 anos são
convocados na sua pessoa e nas pessoas dos pais, representante legal ou quem tiver a sua guarda de
facto, podendo o juiz fazer recair sobre estes as sanções devidas por falta injustificada.
Artigo 68.º
Exames e perícias
1 - Os exames e as perícias têm carácter de urgência e, salvo quando outro prazo for exigido pela sua
natureza, são apresentados no prazo máximo de dois meses.
2 - As perícias sobre o menor podem ser realizadas em regime ambulatório ou de internamento, total
ou parcial. A realização de perícia em regime não ambulatório é autorizada por despacho do juiz.
3 - O internamento para a realização da perícia não pode exceder dois meses, prorrogáveis por um
mês, por despacho do juiz, em caso de especial complexidade devidamente fundamentado.
Artigo 69.º
Perícia sobre a personalidade
Quando for de aplicar medida de internamento em regime fechado a autoridade judiciária ordena
aos serviços de reinserção social a realização de perícia sobre a personalidade.
Artigo 70.º
Acareação
A prova por acareação em que intervenha o menor é ordenada pela autoridade judiciária e tem lugar
na sua presença.
Artigo 71.º
Informação e relatório social
1 - Podem utilizar-se como meios de obtenção da prova a informação e o relatório social.
2 - A informação e o relatório social têm por finalidade auxiliar a autoridade judiciária no
conhecimento da personalidade do menor, incluída a sua conduta e inserção socioeconómica,
educativa e familiar.
3 - A informação é ordenada pela autoridade judiciária e pode ser solicitada aos serviços de
reinserção social ou a outros serviços públicos ou entidades privadas, devendo ser apresentada no
prazo de 15 dias.
4 - O relatório social é ordenado pela autoridade judiciária e solicitado aos serviços de reinserção
social, devendo ser apresentado no prazo máximo de 30 dias. Pode solicitar-se a sua atualização ou
informação complementar e ouvir-se, em esclarecimentos e sem ajuramentação, os técnicos que o
subscreveram.
5 - É obrigatória a elaboração de relatório social com avaliação psicológica quando for de aplicar
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medida de internamento em regime aberto ou semiaberto.
CAPÍTULO IV
Inquérito
SECÇÃO I
Abertura
Artigo 72.º
Denúncia
1 - Qualquer pessoa pode denunciar ao Ministério Público ou a órgão de polícia criminal facto
qualificado pela lei como crime, independentemente da natureza deste, praticado por menor com
idade compreendida entre os 12 e os 16 anos.
2 - (Revogado.)
3 - A denúncia não está sujeita a formalismo especial, mas deve, sempre que possível, indicar os
meios de prova.
4 - A denúncia apresentada a órgão de polícia criminal é transmitida, no mais curto prazo, ao
Ministério Público.
SECÇÃO II
Formalidades
Artigo 75.º
Direção, objeto e prazo
1 - O inquérito é dirigido pelo Ministério Público, assistido por órgãos de polícia criminal e por
serviços de reinserção social.
2 - O inquérito compreende o conjunto de diligências que visam investigar a existência de facto
qualificado pela lei como crime e determinar a necessidade de educação do menor para o direito,
com vista à decisão sobre a aplicação de medida tutelar.
3 - A assistência dos serviços de reinserção social tem por objeto a realização dos meios de obtenção
da prova a que se refere o artigo 71.º
4 - O prazo para a conclusão do inquérito é de três meses, podendo, mediante despacho
fundamentado, ser prorrogado por mais três meses, em razão de especial complexidade.
Artigo 76.º
Cooperação
O Ministério Público pratica os atos e assegura os meios de prova necessários à realização do
inquérito e pode solicitar as diligências e informações que entender convenientes a qualquer
entidade pública ou privada.
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Artigo 77.º
Audição do menor
1 - Aberto o inquérito, o Ministério Público ouve o menor, no mais curto prazo.
2 - A audição pode ser dispensada quando for caso de arquivamento liminar e pode ser adiada no
interesse do menor.
Artigo 78.º
Arquivamento liminar
1 - O Ministério Público procede ao arquivamento liminar do inquérito quando, sendo o facto
qualificado como crime punível com pena de prisão de máximo não superior a um ano e, perante a
informação a que se refere o n.º 2 do artigo 73.º, se revelar desnecessária a aplicação de medida
tutelar face à reduzida gravidade dos factos, à conduta anterior e posterior do menor e à sua
inserção familiar, educativa e social.
2 - Se o crime for de consumo de estupefacientes ou substâncias psicotrópicas, o Ministério Público
procede ao arquivamento liminar do inquérito e, sendo caso disso, encaminha o menor para serviços
de apoio e tratamento, se não tiver notícia do cometimento ou do perigo de cometimento de facto
qualificado como crime de diferente espécie.
3 - O despacho de arquivamento é comunicado ao menor e aos pais, ao representante legal ou a
pessoa que tenha a sua guarda de facto.
4 - (Revogado.)
Artigo 80.º
Disciplina processual
1 - Os atos de inquérito efetuam-se pela ordem que o Ministério Público reputar mais conveniente.
2 - O Ministério Público indefere, por despacho, os atos requeridos que não interessem à finalidade
do inquérito ou sirvam apenas para protelar o andamento do processo.
Artigo 81.º
Sessão conjunta de prova
A sessão conjunta de prova tem por objetivo examinar contraditoriamente os indícios recolhidos e as
circunstâncias relativas à personalidade do menor e à sua inserção familiar, educativa e social, com a
finalidade de fundamentar a suspensão do processo ou o despacho final.
Artigo 82.º
Obrigação de comparência na sessão conjunta de prova
1 - Na sessão conjunta de prova é obrigatória a presença do menor e dos pais, representante legal ou
quem tenha a sua guarda de facto e do defensor.
2 - Quando se mostrar necessária à finalidade do ato o Ministério Público determina a comparência
do ofendido.
3 - O Ministério Público pode ainda determinar a comparência de outras pessoas, nomeadamente
técnicos de serviço social e de reinserção social.
Artigo 83.º
Notificações e adiamento da sessão conjunta de prova
1 - A notificação para a sessão conjunta de prova faz-se com a antecedência mínima de cinco dias,
com menção de segunda data para o caso de o menor não poder comparecer e da cominação das
consequências a que se referem os números seguintes.
2 - A sessão é adiada, se o menor faltar.
3 - Na ausência de outras pessoas que tenham sido convocadas, o Ministério Público decide sobre se a
sessão deve ou não ser adiada.
4 - A sessão conjunta de prova só pode ser adiada uma vez.
5 - Se o menor faltar na data novamente designada, é representado por defensor.
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SECÇÃO III
Suspensão do processo
Artigo 84.º
Regime
1 - Verificando-se a necessidade de medida tutelar e sendo o facto qualificado como crime punível
com pena de prisão de máximo não superior a cinco anos, o Ministério Público pode decidir-se pela
suspensão do processo, mediante a apresentação de um plano de conduta, quando o menor:
a) Der a sua concordância ao plano proposto;
b) Não tiver sido sujeito a medida tutelar anterior;
c) Evidenciar que está disposto a evitar, no futuro, a prática de factos qualificados pela lei como
crime.
2 - Os pais, o representante legal ou quem tiver a guarda de facto do menor são ouvidos sobre o
plano de conduta.
3 - O Ministério Público pode solicitar aos serviços de reinserção social ou aos serviços de mediação a
elaboração do plano de conduta.
4 - O plano de conduta pode consistir, nomeadamente:
a) Na apresentação de desculpas ao ofendido;
b) No ressarcimento, efetivo ou simbólico, total ou parcial, do dano, com dispêndio de dinheiro de
bolso ou com a prestação de uma atividade a favor do ofendido, observados os limites fixados no
artigo 11.º;
c) Na consecução de certos objetivos de formação pessoal nas áreas escolar, profissional ou de
ocupação de tempos livres;
d) Na execução de prestações económicas ou tarefas a favor da comunidade, observados os limites
fixados no artigo 12.º;
e) Na não frequência de determinados lugares ou no afastamento de certas redes de companhia.
5 - Para os efeitos previstos na alínea a) do n.º 1 e no n.º 2, o Ministério Público procede à audição do
menor e das pessoas aí referidas.
6 - A suspensão do processo faz-se pelo prazo máximo de um ano e interrompe o prazo do inquérito.
7 - É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 3 do artigo 78.º
SECÇÃO IV
Encerramento
Artigo 86.º
Modalidades
O Ministério Público encerra o inquérito, arquivando-o ou requerendo a abertura da fase
jurisdicional.
Artigo 87.º
Arquivamento
1 - O Ministério Público arquiva o inquérito logo que conclua pela:
a) Inexistência do facto;
b) Insuficiência de indícios da prática do facto;
c) Desnecessidade de aplicação de medida tutelar, sendo o facto qualificado como crime punível com
pena de prisão de máximo não superior a três anos.
2 - O Ministério Público pode ainda determinar o arquivamento do inquérito quando, tratando-se de
facto qualificado pela lei como crime de natureza semipública ou particular, o ofendido manifeste no
processo oposição ao seu prosseguimento, invocando fundamento especialmente relevante.
3 - É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 3 do artigo 78.º
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Artigo 89.º
Requerimento para abertura da fase jurisdicional
Devendo o processo prosseguir, o Ministério Público requer a abertura da fase jurisdicional.
Artigo 90.º
Requisitos do requerimento
1 - O requerimento para abertura da fase jurisdicional contém:
a) A identificação do menor, seus pais, representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto;
b) A descrição dos factos, incluindo, quando possível, o lugar, o tempo e motivação da sua prática e o
grau de participação do menor;
c) A qualificação jurídico-criminal dos factos;
d) A indicação de condutas anteriores, contemporâneas ou posteriores aos factos e das condições de
inserção familiar, educativa e social que permitam avaliar da personalidade do menor e da
necessidade da aplicação de medida tutelar;
e) A indicação da medida a aplicar ou das razões por que se torna desnecessária;
f) Os meios de prova, limitando-se o rol de testemunhas a vinte;
g) A data e a assinatura.
2 - O limite do número de testemunhas previsto na alínea f) do número anterior pode ser
ultrapassado desde que tal se afigure necessário para a descoberta da verdade material,
designadamente quando tiver sido praticado facto qualificado como crime a que corresponda algum
dos crimes referidos no n.º 2 do artigo 215.º do Código de Processo Penal ou se o processo se revelar
de excecional complexidade, devido ao número de arguidos ou ofendidos ou ao carácter altamente
organizado do crime, sem prejuízo do disposto no n.º 4 do artigo 340.º do Código de Processo Penal.
CAPÍTULO V
Fase jurisdicional
SECÇÃO I
Natureza e atos preliminares
Artigo 92.º
Natureza
1 - A fase jurisdicional compreende:
a) A comprovação judicial dos factos;
b) A avaliação da necessidade de aplicação de medida tutelar;
c) A determinação da medida tutelar;
d) A execução da medida tutelar.
2 - A fase jurisdicional é presidida pelo juiz e obedece ao princípio do contraditório.
Artigo 92.º-A
Saneamento do processo
1 - Recebido o requerimento para abertura da fase jurisdicional, o juiz verifica se existem questões
prévias que obstem ao conhecimento da causa.
2 - O juiz rejeita o requerimento:
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a) Que não contenha os requisitos que constam do artigo 90.º;
b) Se os factos nele descritos não forem qualificados pela lei penal como crime.
Artigo 93.º
Despacho inicial
1 - Resolvidas as questões referidas no artigo anterior, o juiz:
a) (Revogada.)
b) Arquiva o processo quando, sendo o facto qualificado como crime punível com pena de prisão de
máximo superior a três anos, lhe merecer concordância a proposta do Ministério Público no sentido
de que não é necessária a aplicação de medida tutelar;
c) Designa dia para audiência prévia se, tendo sido requerida a aplicação de medida não
institucional, a natureza e gravidade dos factos, a urgência do caso ou a medida proposta
justificarem tratamento abreviado.
2 - Não se verificando nenhuma das situações referidas no número anterior, o juiz determina o
prosseguimento do processo, mandando notificar o menor, os pais, representante legal ou quem
tenha a sua guarda de facto e o defensor de que podem:
a) Requerer diligências, no prazo de 10 dias;
b) Alegar, no mesmo prazo, ou diferir a alegação para a audiência;
c) Indicar, no mesmo prazo, os meios de prova a produzir em audiência, se não requererem
diligências.
3 - É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 3 do artigo 78.º
SECÇÃO II
Audiência prévia
Artigo 94.º
Designação da audiência
1 - A designação da audiência prévia faz-se dentro dos 10 dias imediatos ao recebimento do
requerimento para a abertura da fase jurisdicional, para a data mais próxima compatível com a
notificação das pessoas que nela devem participar.
2 - Se o menor se encontrar sujeito a medida cautelar, a data de audiência é designada com
precedência sobre qualquer outro processo.
3 - O despacho que designa dia para a audiência prévia contém:
a) A indicação dos factos imputados ao menor e a sua qualificação criminal;
b) Os pressupostos de conduta e de personalidade que justificam a aplicação de medida tutelar;
c) A medida proposta;
d) A indicação do lugar, dia e hora da comparência, o número de sessões da audiência e a sua
provável duração;
e) A indicação de defensor, se não tiver sido constituído.
4 - As indicações constantes das alíneas a) a c) podem ser exaradas por remissão, no todo ou em
parte, para o requerimento de abertura da fase jurisdicional.
5 - O despacho é notificado ao Ministério Público.
6 - O despacho, com o requerimento do Ministério Público quando tenha havido remissão, é ainda
notificado ao menor, aos pais ou representante legal e ao defensor, com indicação de que podem ser
apresentados meios de prova na audiência prévia.
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1 - Oficiosamente ou a requerimento, o juiz pode determinar que a audiência prévia decorra fora das
instalações do tribunal, tendo em conta, nomeadamente, a natureza e gravidade dos factos e a
idade, personalidade e condições físicas e psicológicas do menor.
2 - Os magistrados, os advogados e os funcionários de justiça usam trajo profissional na audiência
prévia, salvo quando o juiz, oficiosamente ou a requerimento, considerar que não é aconselhado pela
natureza ou gravidade dos factos, pela personalidade do menor ou pela finalidade da intervenção
tutelar.
Artigo 99.º
Assistência
1 - O juiz assegura que a prova seja produzida de forma a não ferir a sensibilidade do menor ou de
outros menores envolvidos e que o decurso dos atos lhes seja acessível, tendo em conta a sua idade e
o seu grau de desenvolvimento intelectual e psicológico.
2 - Para efeito do disposto no número anterior, o juiz pode determinar a assistência de médicos, de
psicólogos, de outros especialistas ou de pessoa da confiança do menor e determinar a utilização dos
meios técnicos ou processuais que lhe pareçam adequados.
Artigo 100.º
Organização e regime da audiência
1 - A audiência prévia é contínua, decorrendo sem interrupção ou adiamento até ao encerramento,
salvo as suspensões necessárias para alimentação e repouso dos participantes.
2 - Se a audiência prévia não puder ser concluída no dia em que tiver iniciado, é interrompida, para
continuar no dia útil imediatamente posterior.
3 - O adiamento da audiência só é admissível quando, não sendo a simples interrupção bastante para
remover o obstáculo:
a) Faltar ou ficar impossibilitada de participar pessoa que não possa ser de imediato substituída e
cuja presença seja indispensável por força da lei ou de despacho do tribunal, exceto se estiverem
presentes outras pessoas, caso em que se procederá à sua inquirição ou audição, mesmo que tal
implique a alteração da ordem de produção de prova;
b) For absolutamente necessário proceder à produção de qualquer meio de prova superveniente e
indisponível no momento em que a audiência estiver a decorrer;
c) Surgir qualquer questão prejudicial, prévia ou incidental, cuja resolução seja essencial para a boa
decisão da causa e que torne altamente inconveniente a continuação da audiência; ou
d) For absolutamente necessário proceder à atualização de relatório social ou de informação dos
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serviços de reinserção social, nos termos previstos no artigo 71.º
4 - Em caso de interrupção da audiência ou do seu adiamento, a audiência retoma-se a partir do
último ato processual praticado na audiência interrompida ou adiada.
5 - A interrupção e o adiamento dependem sempre de despacho fundamentado do juiz que é
notificado a todos os sujeitos processuais.
6 - Se a continuação da audiência não puder ocorrer dentro dos 30 dias subsequentes à data do
adiamento, por impedimento do tribunal ou por impedimento do defensor, em consequência de outro
serviço judicial já marcado, deve o respetivo motivo ficar consignado em ata, identificando-se
expressamente a diligência e o processo a que respeita.
7 - Sem prejuízo do previsto no artigo 44.º, para efeitos do disposto no número anterior, não é
considerado o período das férias judiciais, nem o período em que, por motivo estranho ao tribunal,
os autos aguardem a realização de diligências de prova.
8 - O anúncio público em audiência do dia e hora para continuação ou recomeço daquela vale como
notificação das pessoas que devam considerar-se presentes.
9 - Na organização da agenda e na programação das sessões são especialmente ponderadas a idade e
a condição física e psicológica do menor.
Artigo 103.º
Medida compulsória
1 - Se se tornar necessário para assegurar a realização da audiência, o juiz emite mandados de
detenção do menor e determina as diligências necessárias para a realização da audiência no mais
curto prazo que não pode exceder doze horas.
2 - É correspondentemente aplicável o disposto no n.º 2 do artigo 51.º
Artigo 104.º
Formalidades
1 - Aberta a audiência, o juiz expõe o objeto e a finalidade do ato, em linguagem simples e clara, por
forma a ser compreendido pelo menor, tendo em atenção a sua idade e grau de desenvolvimento.
2 - De seguida, se não considerar que a medida proposta pelo Ministério Público é desproporcionada
ou desadequada, o juiz:
a) Interroga o menor e pergunta-lhe se aceita a proposta;
b) Ouve, sobre a proposta, os pais, o representante legal ou a pessoa que tenha a guarda de facto do
menor, o defensor e, se estiver presente, o ofendido.
3 - Não sendo obtido consenso, o juiz pode:
a) Procurar consenso para outra medida que considere adequada, salvo a medida tutelar de
internamento;
b) Determinar a intervenção de serviços de mediação e suspender a audiência por prazo não superior
a 30 dias.
4 - Se for obtida a concordância de todos, o juiz homologa a proposta do Ministério Público ou aplica
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a medida proposta nos termos do número anterior.
5 - Quando considerar desproporcionada ou desadequada a medida proposta pelo Ministério Público
ou não existir consenso sobre ela, o juiz determina a produção dos meios de prova apresentados e:
a) Profere decisão quando considerar que o processo contém todos os elementos;
b) Determina o prosseguimento do processo, nos outros casos.
6 - Sempre que possível, a decisão é ditada para a ata.
7 - Em caso de complexidade, é designada data para leitura da decisão, dentro de cinco dias.
Artigo 106.º
Leitura de autos
1 - Sem prejuízo do disposto no número seguinte, é permitida a leitura em audiência de autos de
qualquer das fases do processo tutelar que não contenham declarações do menor, seus pais,
representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto.
2 - A leitura de declarações anteriormente prestadas pelo menor, pelos pais ou representante legal
ou por quem tenha a sua guarda de facto é permitida:
a) A pedido dos próprios ou, se não houver oposição, independentemente da entidade perante a qual
tenham sido prestadas;
b) Quando tenham sido prestadas perante a autoridade judiciária.
Artigo 107.º
Declarações e inquirições
1 - O menor, os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto são ouvidos pelo
juiz.
2 - Se o interesse do menor não o desaconselhar, e for requerido, o juiz pode autorizar que o
Ministério Público e o defensor inquiram diretamente os pais, o representante legal ou quem tenha a
guarda de facto do menor.
3 - As testemunhas, os peritos e os consultores técnicos são inquiridos diretamente pelo Ministério
Público e pelo defensor.
4 - O Ministério Público e o defensor podem sempre propor a formulação de perguntas adicionais.
Artigo 108.º
Documentação
1 - As declarações prestadas em audiência são documentadas em ata quando o tribunal dispuser de
meios idóneos para assegurar a sua reprodução integral.
2 - Se o tribunal não dispuser dos meios referidos no número anterior, o juiz dita para a ata uma
súmula das declarações, podendo o Ministério Público e o defensor requerer que sejam aditados os
elementos que se mostrarem necessários à boa decisão da causa.
Artigo 109.º
Alegações
1 - Produzida a prova, o juiz concede a palavra ao Ministério Público e ao defensor para alegações,
por trinta minutos cada uma, prorrogáveis por mais quinze, se o justificar a complexidade da causa.
2 - Oficiosamente ou a requerimento, o juiz pode ouvir o menor e os pais, o representante legal ou
quem tiver a sua guarda de facto até ao encerramento da audiência.
Artigo 110.º
Decisão
1 - A decisão inicia-se por um relatório que contém:
a) As indicações tendentes à identificação do menor e dos pais, representante legal ou de quem
tenha a sua guarda de facto e do ofendido, quando o houver;
b) A indicação dos factos imputados ao menor, sua qualificação e medida tutelar proposta, se a
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houver.
2 - Ao relatório segue-se a fundamentação que consiste na enumeração dos factos provados e não
provados, indicação da sua qualificação e exposição, tão completa quanto concisa, das razões que
justificam o arquivamento ou a aplicação de medida tutelar, com indicação das provas que serviram
para formar a convicção do tribunal.
3 - A decisão termina pela parte dispositiva que contém:
a) As disposições legais aplicáveis;
b) A decisão de arquivamento ou de aplicação de medida tutelar;
c) A designação das entidades, públicas ou privadas, a quem é deferida a execução da medida tutelar
e o seu acompanhamento;
d) O destino a dar a coisas ou objetos relacionados com os factos;
e) A ordem de remessa de boletins ao registo;
f) A data e a assinatura do juiz.
Artigo 111.º
Nulidade da decisão
É nula a decisão:
a) Que não contenha as menções referidas no n.º 2 e na alínea b) do n.º 3 do artigo anterior;
b) Que dê como provados factos que constituam alteração substancial dos factos descritos no
requerimento para abertura da fase jurisdicional.
Artigo 112.º
Correção da decisão
1 - O tribunal procede, oficiosamente ou a requerimento, à correção da decisão quando:
a) Fora dos casos previstos no artigo anterior, não tiver sido observado, no todo ou em parte, o
disposto no artigo 110.º;
b) A decisão contiver erro, lapso, obscuridade ou ambiguidade cuja eliminação não afete o seu
conteúdo essencial.
2 - Se o recurso tiver subido, a correção é feita pelo tribunal competente para dele conhecer.
3 - O disposto nos números anteriores é correspondentemente aplicável a despachos judiciais.
Artigo 113.º
Publicidade da decisão
1 - É obrigatória a presença do menor na sessão em que for tornada pública ou lida a decisão, salvo
se, no seu interesse, for dispensada.
2 - É também obrigatória a presença do Ministério Público e do defensor.
3 - A decisão é explicada ao menor.
4 - A leitura da decisão equivale à sua notificação.
5 - Após a leitura, o juiz procede ao depósito da decisão na secretaria, devendo o secretário apor a
data e subscrever a declaração de depósito.
Artigo 114.º
Ata
A ata de audiência contém:
a) O lugar, a data e a hora de abertura e de encerramento da audiência e das sessões que tiverem
ocorrido;
b) O nome do juiz e do representante do Ministério Público;
c) A identificação do menor, dos pais, do representante legal ou de quem tenha a sua guarda de facto
e do defensor;
d) A identificação das testemunhas, peritos, consultores técnicos, intérpretes e pessoas que tenham
intervindo para prestar assistência ao menor;
e) A indicação das provas produzidas ou examinadas;
f) A decisão de exclusão ou restrição da publicidade e as medidas tomadas relativamente à audição
de pessoas em separado ou ao afastamento do menor da audiência;
g) Os requerimentos, decisões e quaisquer outras indicações que, por força da lei, dela devem
constar;
h) A assinatura do presidente e do funcionário de justiça que a lavrar.
SECÇÃO III
Audiência
Artigo 115.º
Notificações
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Artigo 118.º
Decisão
1 - Encerrada a audiência, o tribunal recolhe para decidir.
2 - Sempre que possível, a leitura da decisão é feita em ato contínuo à deliberação.
3 - O presidente tem voto de qualidade e lavra a decisão.
4 - No caso de ser aplicada medida de internamento, o tribunal indica o regime de execução da
medida.
Artigo 119.º
Tribunal misto
1 - Intervindo os juízes sociais, a deliberação é tomada por maioria e incide, em primeiro lugar, sobre
os factos, votando primeiramente os juízes sociais, por ordem crescente de idade, e, no fim, o juiz
presidente.
2 - Se forem dados como provados os factos ou parte dos factos, o tribunal decide, pela mesma
forma e sequência, sobre a necessidade de medida tutelar e sobre a medida tutelar a aplicar; se não
forem dados como provados os factos ou se não houver necessidade de medida tutelar, o tribunal
arquiva os autos.
Artigo 119.º-A
Princípio da plenitude da assistência dos juízes
1 - Só podem intervir na sentença os juízes que tenham assistido a todos os atos de instrução e
discussão praticados na audiência, salvo o disposto nos números seguintes.
2 - Se durante a discussão e julgamento falecer ou se impossibilitar permanentemente algum dos
juízes sociais, não se repetirão os atos já praticados, a menos que as circunstâncias aconselhem, de
preferência, a repetição de algum ou alguns dos atos já praticados, o que será decidido sem recurso,
mas em despacho fundamentado, pelo juiz que deva presidir à continuação da audiência.
3 - Sendo temporária a impossibilidade, interrompe-se a audiência pelo tempo indispensável, a não
ser que as circunstâncias aconselhem, de preferência, a substituição do juiz impossibilitado, o que
É
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será decidido pelo presidente do tribunal, em despacho fundamentado. É correspondentemente
aplicável o disposto no n.º 2.
4 - O juiz substituto continuará a intervir, não obstante o regresso ao serviço do juiz efetivo.
5 - No caso previsto no n.º 2, falecendo o juiz presidente ou ficando este permanentemente
impossibilitado, repetem-se os atos já praticados.
6 - O juiz que for transferido, promovido ou aposentado ou o juiz social a quem tenha sido deferida a
escusa, concluirá o julgamento, exceto se a aposentação tiver por fundamento a incapacidade física,
moral ou profissional para o exercício do cargo, ou a escusa tiver por fundamento a incapacidade
física ou moral para o exercício do cargo, ou se em qualquer dos casos as circunstâncias
aconselharem, de preferência, a substituição do juiz impossibilitado, o que será decidido pelo
presidente do tribunal, em despacho fundamentado. É correspondentemente aplicável o disposto nos
n.os 2 e 5.
Artigo 120.º
Normas supletivas
São supletivamente aplicáveis as disposições constantes da secção anterior.
SECÇÃO IV
Recursos
Artigo 121.º
Admissibilidade do recurso
1 - Só é permitido recorrer de decisão que:
a) Ponha termo ao processo;
b) Aplique ou mantenha medida cautelar;
c) Aplique ou reveja medida tutelar;
d) Recuse impedimento deduzido contra o juiz ou o Ministério Público;
e) Condene no pagamento de quaisquer importâncias;
f) Afete direitos pessoais ou patrimoniais do menor ou de terceiros.
2 - O recurso é interposto para o tribunal da Relação que julga definitivamente, de facto e de
direito.
3 - O juiz do tribunal recorrido fixa provisoriamente o efeito do recurso.
Artigo 122.º
Prazo de interposição
1 - O prazo para interposição do recurso é de cinco dias.
2 - Se o recurso for interposto por declaração na ata, a motivação pode ser apresentada no prazo de
cinco dias contado da data da interposição.
Artigo 123.º
Legitimidade
Têm legitimidade para recorrer:
a) O Ministério Público, mesmo no interesse do menor;
b) O menor, os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto;
c) Qualquer pessoa que tiver a defender direito afetado pela decisão, limitada à parte em que a
decisão recorrida afete tal direito.
Artigo 125.º
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Efeito do recurso
1 - No exame preliminar o relator verifica se deve manter o efeito atribuído ao recurso e confirma-o
ou altera-o, determinando, neste caso, as providências adequadas.
2 - O recurso interposto de decisão que aplique ou mantenha medida cautelar é decidido no prazo
máximo de 15 dias, a contar da data de receção dos autos no tribunal superior.
3 - O recurso interposto de decisão que aplique ou mantenha medida tutelar de internamento é
decidido no prazo máximo de 60 dias, a contar da data de receção dos autos no tribunal superior.
4 - Ao recurso interposto de decisão que aplique medida tutelar de internamento é atribuído efeito
devolutivo, aguardando o menor em centro educativo até ao trânsito em julgado da decisão.
Artigo 127.º
Recursos extraordinários
São admitidos recursos extraordinários:
a) Para fixação de jurisprudência;
b) De revisão.
CAPÍTULO VI
Tempos dos atos
Artigo 127.º-A
Prazo e seu excesso
1 - Salvo disposição legal em contrário, é de 10 dias o prazo para a prática de qualquer ato
processual.
2 - Os despachos ou promoções de mero expediente, bem como os considerados urgentes, devem ser
proferidos no prazo máximo de dois dias.
3 - Decorridos três meses sobre o termo do prazo fixado para a prática de ato próprio do juiz sem
que o mesmo tenha sido praticado, deve o juiz consignar a concreta razão da inobservância do prazo.
4 - A secretaria remete, mensalmente, ao presidente do tribunal informação discriminada dos casos
em que se mostrem decorridos três meses sobre o termo do prazo fixado para a prática de ato
próprio do juiz, ainda que o ato tenha sido entretanto praticado, incumbindo ao presidente do
tribunal, no prazo de 10 dias contado da data de receção, remeter o expediente à entidade com
competência disciplinar.
CAPÍTULO VII
Direito subsidiário
Artigo 128.º
Direito subsidiário e casos omissos
1 - Aplica-se subsidiariamente às disposições deste título o Código de Processo Penal.
2 - Nos casos omissos observam-se as normas do processo civil que se harmonizem com o processo
tutelar.
TÍTULO V
Da execução das medidas
CAPÍTULO I
Princípios gerais
Artigo 129.º
Exequibilidade das decisões
A execução de medida só pode ter lugar por força de decisão reduzida a escrito e transitada em
julgado que determine a medida aplicada.
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Artigo 130.º
Entidades encarregadas de acompanhar e assegurar a execução das medidas tutelares
1 - Na decisão o tribunal fixa a entidade encarregada de acompanhar e assegurar a execução da
medida aplicada.
2 - Excetuados os casos em que a entidade encarregada de acompanhar e assegurar a execução da
medida está determinada na lei, o tribunal pode encarregar da sua execução serviço público,
instituição de solidariedade social, organização não-governamental, associação, clube desportivo e
qualquer outra entidade, pública ou privada, ou pessoa, a título individual, considerados idóneos.
Artigo 131.º
Dever de informação
1 - As entidades encarregadas de acompanhar e assegurar a execução das medidas informam o
tribunal, nos termos e com a periodicidade estabelecida na lei ou, sendo esta omissa, por este
determinados, sobre a execução da medida aplicada e sobre a evolução do processo educativo do
menor, bem como sempre que se verifiquem circunstâncias suscetíveis de fundamentar a revisão das
medidas.
2 - O menor, os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto e o defensor têm
acesso, nos termos previstos na lei, às informações referidas no número anterior, sempre que o
solicitem e o tribunal autorize.
Artigo 132.º
Dossier individual do menor
1 - A informação relativa a menor em acompanhamento educativo ou internado em centro educativo
integra um dossier individual.
2 - Por cada menor é organizado um único dossier.
3 - O dossier acompanha sempre o menor em caso de transferência ou mudança de centro educativo.
4 - O acesso ao dossier individual é reservado às entidades e pessoas previstas na lei, podendo o juiz,
nos casos em que esteja em causa a intimidade do menor ou de outras pessoas, restringir o direito de
acesso.
5 - Os dossiers são obrigatoriamente destruídos decorridos cinco anos sobre a data em que os jovens
a quem respeitam completarem 21 anos.
Artigo 133.º
Execução sucessiva de medidas tutelares
1 - Quando for determinada a execução sucessiva de medidas tutelares no mesmo processo, a ordem
pela qual são executadas é fixada pelo tribunal, que pode ouvir, para o efeito, as pessoas, entidades
ou serviços que entender convenientes.
2 - No caso de execução sucessiva de medidas tutelares a execução efetua-se por ordem decrescente
do grau de gravidade, salvo quando o tribunal entender que a execução prévia de uma determinada
medida favorece a execução de outra aplicada ou entender que a situação concreta e o interesse do
menor aconselham execução segundo ordem diferente.
3 - Para efeito do disposto no número anterior:
a) A execução de medida institucional prevalece sobre a execução de medida não institucional, cujo
cumprimento se suspende, se for o caso;
b) A execução de medida de internamento de regime mais restritivo prevalece sobre medida de
internamento de regime menos restritivo, cujo cumprimento se suspende, se for o caso.
4 - O grau de gravidade das medidas tutelares afere-se pela ordem crescente da sua enumeração no
n.º 1 do artigo 4.º, e relativamente às modalidades de cada uma, pelo grau de limitação que, em
concreto, impliquem na autonomia de decisão e de condução de vida do menor.
Artigo 134.º
Recursos
1 - O menor, os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto e o defensor podem
interpor recurso de qualquer decisão tomada durante a execução de medida tutelar que imponha
restrições superiores às decorrentes da decisão judicial.
2 - O recurso é dirigido, por escrito, ao tribunal competente para a execução, que decide em
definitivo.
3 - O tribunal pode fixar efeito suspensivo ao recurso relativamente às decisões suscetíveis de alterar
substancialmente as condições de execução da medida.
4 - O recurso é decidido no prazo de cinco dias a contar da data do seu recebimento, ouvidos o
Ministério Público e as pessoas que o tribunal considere necessárias.
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Artigo 135.º
Extinção das medidas tutelares
O tribunal competente para a execução declara extinta a medida, notificando por escrito o menor, os
pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto, o defensor e a entidade
encarregada de acompanhar e assegurar a execução.
CAPÍTULO II
Revisão das medidas tutelares
Artigo 136.º
Pressupostos
1 - A medida tutelar é revista quando:
a) A execução se tiver tornado impossível, por facto não imputável ao menor;
b) A execução se tiver tornado excessivamente onerosa para o menor;
c) No decurso da execução a medida se tiver tornado desajustada ao menor por forma que frustre
manifestamente os seus fins;
d) A continuação da execução se revelar desnecessária devido aos progressos educativos alcançados
pelo menor;
e) O menor se tiver colocado intencionalmente em situação que inviabilize o cumprimento da
medida;
f) O menor tiver violado, de modo grosseiro ou persistente, os deveres inerentes ao cumprimento da
medida;
g) O menor com mais de 16 anos cometer infração criminal.
2 - A medida tutelar de internamento é obrigatoriamente revista, para efeitos de avaliação da
necessidade da sua execução, quando:
a) A pena ou a medida devam ser executadas nos termos do artigo 25.º;
b) For aplicada prisão preventiva a jovem maior de 16 anos que esteja a cumprir medida tutelar de
internamento;
c) Nos casos previstos no n.º 6 do artigo 27.º, o jovem for absolvido.
Artigo 137.º
Modalidades e periodicidade da revisão das medidas tutelares
1 - A revisão tem lugar oficiosamente, a requerimento do Ministério Público, do menor, dos pais, do
representante legal, de quem tenha a sua guarda de facto ou do defensor ou mediante proposta da
entidade encarregue de acompanhar e assegurar a execução da medida.
2 - A revisão oficiosa pode ter lugar a todo o tempo, sendo obrigatória decorrido um ano após:
a) O início da execução da medida;
b) A anterior revisão;
c) A aplicação de medida cuja execução não se tiver iniciado, logo que for cumprido mandado de
condução do menor ao local que o tribunal tiver determinado.
3 - Para efeitos de se dar início ao processo de revisão nos termos da alínea c) do número anterior, a
entidade encarregada de acompanhar e assegurar a execução da medida comunica, de imediato, ao
tribunal competente a data do início da execução.
4 - A medida de internamento, em regime semiaberto e em regime fechado, é obrigatoriamente
revista seis meses após o início da execução ou a anterior revisão.
5 - A revisão, a requerimento, de medidas tutelares pode ter lugar a todo o tempo, salvo no caso da
medida de internamento.
6 - A revisão, a requerimento, da medida de internamento pode ter lugar três meses após o início da
sua execução ou após a última decisão de revisão.
7 - No caso de revisão a requerimento das pessoas referidas no n.º 1, o juiz deve ouvir o Ministério
Público, o menor e a entidade encarregada da execução da medida. Nos restantes casos, ouve o
menor, sempre que o entender conveniente.
8 - No caso previsto no n.º 2 do artigo anterior, o juiz ouve o Ministério Público, o menor e os serviços
de reinserção social.
9 - A decisão de revisão é notificada ao menor, aos pais, ao representante legal ou a quem tenha a
sua guarda de facto, ao defensor e às entidades encarregadas da execução.
CAPÍTULO III
Regras de execução das medidas não institucionais
Artigo 140.º
Admoestação
1 - A medida de admoestação é executada imediatamente, se houver renúncia ao recurso, ou no
prazo de oito dias contado do trânsito em julgado da decisão.
2 - A admoestação é feita na presença do defensor do menor e do Ministério Público, podendo o juiz
autorizar a presença de outras pessoas, se a considerar conveniente.
3 - Os pais do menor, o representante legal ou quem tiver a sua guarda de facto podem estar
presentes, salvo se o juiz entender que a isso se opõe o interesse do menor.
Artigo 141.º
Reparação ao ofendido e realização de prestações económicas ou de tarefas a favor da
comunidade
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1 - No caso de aplicar a medida de reparação ao ofendido nas modalidades previstas nas alíneas b) e
c) do n.º 1 do artigo 11.º, o tribunal pode encarregar os serviços de reinserção social de acompanhar
a execução da medida.
2 - No caso de aplicar a medida de realização de prestações económicas ou de tarefas a favor da
comunidade, o tribunal pode encarregar os serviços de reinserção social de acompanhar a execução
da medida sempre que esse acompanhamento não possa ser adequadamente assegurado pela
entidade destinatária da prestação ou da tarefa.
Artigo 142.º
Acompanhamento educativo
1 - No prazo de três dias a contar do trânsito em julgado da decisão que aplicar a medida de
acompanhamento educativo, o tribunal remete cópia aos serviços de reinserção social, acompanhada
de cópia dos elementos necessários para a execução de que aqueles serviços não disponham.
2 - Os serviços de reinserção social procedem à elaboração do projeto educativo pessoal e ao seu
envio ao tribunal, em prazo não superior a um mês, para homologação.
3 - O menor e os seus pais, representante legal ou pessoa que tiver a sua guarda de facto devem ser
motivados para a participação na elaboração do projeto educativo pessoal.
CAPÍTULO IV
Internamento em centro educativo
SECÇÃO I
Disposições gerais
Artigo 143.º
Âmbito
O disposto na presente secção é aplicável à execução da medida de internamento em centro
educativo, bem como a todos os internamentos determinados em processo tutelar e previstos na
presente lei que tenham de ser realizados em centro educativo.
Artigo 144.º
Centros educativos
1 - Os centros educativos são estabelecimentos orgânica e hierarquicamente dependentes dos
serviços de reinserção social.
2 - A intervenção em centro educativo obedece a regulamento geral e a orientações pedagógicas
estabelecidas para todos os centros educativos, com vista à realização uniforme dos princípios
fixados na lei em matéria tutelar educativa.
3 - Dentro dos limites referidos no número anterior, a intervenção orienta-se, em geral, pelo projeto
de intervenção educativa do centro e, em especial, pelo projeto educativo pessoal do menor.
4 - A criação, a organização e a competência dos órgãos dos centros educativos e seu funcionamento,
bem como o regulamento geral e a regulamentação do regime disciplinar dos centros educativos,
constam de legislação própria.
Artigo 145.º
Fins dos centros educativos
Os centros educativos destinam-se exclusivamente, consoante a sua classificação e âmbito:
a) À execução da medida tutelar de internamento;
b) À execução da medida cautelar de guarda em centro educativo;
c) Ao internamento para a realização de perícia sobre a personalidade quando incumba aos serviços
de reinserção social;
d) Ao cumprimento da detenção;
e) (Revogada)
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Artigo 147.º
Internamento para perícia sobre a personalidade
O internamento para a realização de perícia sobre a personalidade pode ser realizado em centro
educativo de regime semiaberto ou fechado, preferencialmente em unidade residencial
especialmente destinada para esse fim.
Artigo 148.º
Internamento em fins de semana
(Revogado.)
Artigo 150.º
Escolha e determinação do centro educativo para a execução da medida de internamento
1 - No prazo de três dias, a contar do trânsito em julgado da sentença que aplicar medida de
internamento em centro educativo, o tribunal remete aos serviços de reinserção social cópia da
decisão, acompanhada de cópia de todos os elementos necessários para a execução, nomeadamente
do relatório social, dos relatórios relativos a perícias sobre a personalidade e exames psiquiátricos ou
outros que se encontrem no processo.
2 - Na definição de qual o centro educativo mais adequado para a execução da medida aplicada, os
serviços de reinserção social tomam em conta as necessidades educativas do menor e, tanto quanto
possível, a maior proximidade do centro relativamente à sua residência.
3 - Definido o centro educativo, os serviços de reinserção social informam o tribunal, no prazo de
cinco dias a contar da receção dos documentos referidos no n.º 1.
4 - Não sendo possível a colocação imediata no centro educativo considerado mais adequado à
execução da medida aplicada e às necessidades educativas do menor, os serviços de reinserção social
informam o tribunal, no prazo referido no número anterior, da data a partir da qual a colocação no
referido centro será possível ou, em alternativa, de outro centro educativo onde a colocação
imediata pode ter lugar.
5 - Ponderadas as informações referidas no número anterior e a situação do menor, o tribunal
comunica aos serviços de reinserção social a solução que considera preferível, competindo a este
fixar em conformidade, no prazo de três dias, o centro educativo para a colocação e informar o
tribunal da data e período horário da admissão.
Artigo 151.º
Apresentação do menor no centro educativo para execução de medida de internamento
1 - Logo que recebida a informação sobre a data e hora da admissão no centro educativo, o tribunal
notifica do facto o menor, os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto e o
defensor.
2 - No caso de a medida aplicada ser executada em centro educativo de regime aberto ou
semiaberto, o tribunal notifica igualmente os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda
de facto para que o apresentem no centro educativo, na data e hora fixadas, dando conhecimento
aos serviços de reinserção social, a quem aqueles podem solicitar apoio.
3 - O tribunal emite mandado de condução, a cumprir por entidades policiais, no caso de a medida
ser de executar em centro educativo de regime fechado ou quando a apresentação do menor, nos
termos do n.º 2, não possa ou não tenha podido realizar-se por causa imputável ao menor, aos pais,
ao representante legal ou a quem tenha a sua guarda de facto.
4 - A menos que o tribunal o proíba, o disposto no n.º 3 não obsta a que o menor possa ser
acompanhado por um dos pais, representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto, se as
condições da viatura das entidades encarregadas da apresentação o permitirem.
5 - No caso de o menor já se encontrar internado em centro educativo diferente do fixado para a
execução da medida, a sua condução ao novo centro cabe aos serviços de reinserção social, sendo
correspondentemente aplicável, se tal não for possível, o disposto no n.º 4, com as devidas
adaptações.
6 - Se o menor não der entrada no centro educativo fixado pelos serviços de reinserção social, nos 30
dias imediatos à comunicação deste ao tribunal, nos termos do n.º 5 do artigo anterior, e se o lugar
nesse centro não puder permanecer reservado ao menor, os serviços de reinserção social fixam outro
centro educativo para a execução da medida e informam o tribunal.
7 - No caso previsto no número anterior, o juiz emite mandado de condução do menor ao centro
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educativo, a cumprir pelas entidades policiais.
Artigo 152.º
Escolha e determinação do centro educativo para a execução de outros internamentos
1 - É correspondentemente, com as devidas adaptações, o disposto nos n.os 1, 2 e 3 do artigo 150.º
quanto à escolha e determinação pelos serviços de reinserção social do centro educativo para a
execução dos internamentos referidos nas alíneas b), c) e d) do artigo 145.º, sem prejuízo do
disposto no número seguinte.
2 - Os serviços de reinserção social informam o tribunal, no próprio dia da solicitação, quanto ao
centro educativo para a execução da detenção e da medida cautelar de guarda.
Artigo 155.º
Ausência não autorizada do menor
1 - Considera-se ausência não autorizada a fuga e o não regresso ao centro, após uma saída
autorizada.
2 - A execução da medida de internamento é interrompida se o menor se ausentar sem autorização
do centro educativo, não contando o tempo da ausência na duração da medida e do internamento.
3 - A ausência de centro educativo de regime fechado é imediatamente comunicada ao tribunal pelo
respetivo diretor. A ausência de centro educativo com outro regime é comunicada pelo respetivo
diretor no prazo máximo de vinte e quatro horas a contar da data do conhecimento da ocorrência.
4 - Cabe ao tribunal determinar que a localização e recondução do menor ausente sem autorização
seja feita, se necessário, por entidades policiais, emitindo mandado de condução.
5 - A recondução do menor e a continuação da execução da medida de internamento podem realizar-
se no centro educativo onde o mesmo se encontrava internado ou noutro, classificado com o mesmo
regime de funcionamento e grau de abertura ao exterior, igualmente adequado à execução dessa
medida, a definir pelos serviços de reinserção social.
6 - É correspondentemente aplicável, com as devidas adaptações, o disposto nos n.os 1, 3, 4 e 5 aos
internamentos referidos nas alíneas b), c) e d) do artigo 145.º
Artigo 157.º
Pedidos e reclamações
1 - Os menores podem dirigir, verbalmente ou por escrito, em sobrescrito aberto ou fechado, pedidos
ou reclamações aos serviços de reinserção social sobre assuntos relativos ao seu internamento.
2 - Os pedidos ou reclamações referidos no número anterior podem também ser dirigidos ao diretor
do centro educativo que decide, se constituírem matéria da sua competência, ou que, em caso
contrário, os remete superiormente ou às autoridades competentes.
3 - O disposto nos números anteriores é aplicável aos pedidos ou reclamações efetuados pelos pais,
representante legal ou por quem tiver a guarda de facto dos menores internados.
Artigo 158.º
Cessação do internamento
1 - O diretor do centro deve informar o tribunal, com pelo menos 15 dias de antecedência, da data
prevista para a cessação da medida de internamento, de acordo com a decisão que a determinou.
2 - A cessação da medida de internamento só pode ter lugar por decisão do tribunal comunicada,
expressamente e por escrito, ao diretor do centro educativo.
3 - Antes da saída do menor, o diretor do centro deve confirmar a inexistência, nos serviços de
reinserção social, de outras decisões pendentes de internamento em centro educativo, relativamente
ao mesmo menor.
4 - No caso de se encontrarem a aguardar execução outras decisões de internamento em centro
educativo, os serviços de reinserção social solicitam ao tribunal competente a emissão das
orientações que tiver por adequadas.
5 - É correspondentemente aplicável o disposto nos n.os 3 e 4 à cessação da medida cautelar de
guarda em centro educativo e do internamento para realização de perícia sobre a personalidade.
Artigo 158.º-A
Período de supervisão intensiva
1 - Por decisão judicial, a execução das medidas de internamento pode compreender um período de
supervisão intensiva, o qual visa aferir o nível de competências de natureza integradora adquiridas
pelo menor no meio institucional, bem como o impacto no seu comportamento social e pessoal,
tendo sempre por referência o facto praticado.
2 - A decisão prevista no número anterior é sempre precedida de parecer dos serviços de reinserção
social.
3 - A duração do período de supervisão intensiva não pode ser inferior a três meses nem superior a
um ano, cabendo aos serviços de reinserção social avaliar e propor a duração do período de
supervisão intensiva em cada caso.
4 - Em qualquer caso, o período de supervisão intensiva não pode ser superior a metade do tempo de
duração da medida.
5 - A supervisão intensiva é executada em meio natural de vida ou, em alternativa, e sempre que
possível, em casa de autonomia, gerida pelos próprios serviços de reinserção social, por entidades
particulares sem fins lucrativos, ou por organismos da Segurança Social, mediante formalização de
acordos de cooperação, assegurando-se em qualquer caso a supervisão do período pelos serviços de
reinserção social.
6 - O tribunal pode sujeitar o menor ao cumprimento de obrigações e, ou, impor-lhe regras de
conduta durante o período de supervisão intensiva.
7 - As obrigações e regras de conduta previstas no número anterior podem consistir no seguinte:
a) Obrigação de frequentar o sistema educativo e formativo, se o menor estiver abrangido pela
escolaridade obrigatória;
b) Obrigação de se submeter a programas de tipo formativo, cultural, educativo, profissional,
laboral, de educação sexual, de educação rodoviária ou outros similares;
c) Obrigação de assiduidade no posto de trabalho;
d) Proibição de frequentar determinados meios, locais ou espetáculos;
e) Proibição de se ausentar do local de residência sem autorização judicial prévia;
f) Obrigação de residir num local determinado;
g) Obrigação de comparecer perante o tribunal ou os serviços de reinserção social, sempre que for
convocado, para os informar sobre as atividades realizadas;
h) Quaisquer outras obrigações que o tribunal considere convenientes para a reinserção social do
menor, desde que não atentem contra a sua dignidade como pessoa.
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8 - Durante o período de supervisão intensiva, o menor é acompanhado pela equipa de reinserção
social competente, que para o efeito prepara e executa um plano de reinserção social, em
colaboração com o menor, os pais ou outras pessoas de referência significativa para o menor, ou com
a entidade de proteção social designada pelo tribunal, de acordo com o n.º 3 do artigo 22.º
9 - Para efeitos de avaliação da execução do período de supervisão intensiva, os serviços de
reinserção social remetem ao tribunal relatórios trimestrais.
10 - Findo o período de supervisão intensiva, e sempre que se comprove que o menor cumpriu as
obrigações impostas pelo tribunal, a medida é extinta e o processo arquivado.
11 - Em caso de grave ou reiterada violação das obrigações e regras de conduta impostas ao menor, o
tribunal determina o seu internamento, para cumprimento do tempo de medida que lhe faltar
cumprir, sempre que possível, no mesmo centro educativo onde cumpriu a medida.
12 - Serão estabelecidas, em termos a definir por decreto-lei, as normas reguladoras das condições
de instalação e funcionamento das casas de autonomia.
Artigo 158.º-B
Acompanhamento pós-internamento
1 - Não sendo determinado período de supervisão intensiva, nos termos do n.º 1 do artigo anterior,
cessada a medida de internamento, os serviços de reinserção social acompanham o regresso do
menor à liberdade, nos termos dos números seguintes.
2 - O diretor do centro deve informar os serviços de reinserção social, com, pelo menos 3 meses de
antecedência, da data prevista para a cessação da medida de internamento.
3 - Recebida a comunicação prevista no número anterior, os serviços de reinserção social avaliam as
condições de integração do menor no seu meio natural de vida, e propõem fundamentadamente,
sendo caso disso, junto da comissão de proteção de crianças e jovens territorialmente competente, a
instauração de processo de promoção e proteção, nos termos da Lei de Proteção de Crianças e
Jovens em Perigo, aprovada pela Lei n.º 147/99, de 1 de setembro, disso dando, em simultâneo,
conhecimento ao Ministério Público.
4 - Podem ser criadas, em termos a definir por decreto-lei, unidades residenciais de transição
destinadas a jovens saídos de centro educativo.
SECÇÃO II
Princípios da intervenção em centro educativo
Artigo 159.º
Socialização
1 - A atividade dos centros educativos está subordinada ao princípio de que o menor internado é
sujeito de direitos e deveres e de que mantém todos os direitos pessoais e sociais cujo exercício não
seja incompatível com a execução da medida aplicada.
2 - A vida nos centros educativos deve, tanto quanto possível, ter por referência a vida social comum
e minimizar os efeitos negativos que o internamento possa implicar para o menor e seus familiares,
favorecendo os vínculos sociais, o contacto com familiares e amigos e a colaboração e participação
das entidades públicas ou particulares no processo educativo e de reinserção social.
3 - O regulamento geral dos centros educativos e o regulamento interno de cada centro estabelecem
as autorizações ordinárias e extraordinárias de que o menor pode usufruir para manutenção de
contactos benéficos com o exterior.
Artigo 160.º
Escolaridade
1 - Os menores internados continuam sujeitos aos deveres decorrentes da escolaridade obrigatória,
devendo ser incentivados a prosseguir ou a completar estudos em estabelecimento de ensino no
exterior, desde que o regime de internamento o permita.
2 - Quando o regime de internamento não permita a frequência pelo menor internado de
estabelecimento de ensino no exterior, a atividade escolar oficial desenvolvida nos centros
educativos deve ser orientada de modo a adaptar-se às particulares necessidades dos menores e a
facilitar a sua inserção social.
Artigo 161.º
Orientação vocacional e formação profissional e laboral
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Conforme a sua idade, regime e duração do internamento, os menores internados devem participar
em atividades de orientação vocacional e de formação profissional ou laboral, dentro ou fora do
estabelecimento, de acordo com as necessidades especificamente previstas no projeto educativo
pessoal.
Artigo 162.º
Projeto de intervenção educativo
Cada centro educativo dispõe de projeto de intervenção educativo próprio que deve permitir a
programação faseada e progressiva da intervenção, diferenciando os objetivos a realizar em cada
fase e o respetivo sistema de reforços positivos e negativos, dentro dos limites fixados pelo
regulamento geral e de harmonia com o regulamento interno.
Artigo 164.º
Projeto educativo pessoal
1 - Para cada menor em execução de medida tutelar de internamento é elaborado um projeto
educativo pessoal, no prazo de 30 dias após a sua admissão, tendo em conta o regime e duração da
medida, bem como as suas particulares motivações, necessidades educativas e de reinserção social.
2 - O projeto educativo pessoal deve especificar os objetivos a alcançar durante o tratamento, sua
duração, fases, prazos e meios de realização, nomeadamente os necessários ao acompanhamento
psicológico, por forma a que o menor possa facilmente aperceber-se da sua evolução e que o centro
possa avaliá-lo.
3 - O projeto educativo pessoal é obrigatoriamente enviado ao tribunal para homologação, no prazo
máximo de 45 dias a contar da admissão do menor no centro.
Artigo 165.º
Atividades para menores não sujeitos a medida de internamento
1 - Os menores internados pelos motivos referidos nas alíneas b) e c) do artigo 145.º frequentam
diariamente um programa diversificado de atividades, tendo por objetivos principais a aquisição de
competências sociais e a satisfação das necessidades de desenvolvimento físico e psíquico comuns
para o seu nível etário.
2 - (Revogado.)
Artigo 167.º
Regime aberto
1 - Nos centros educativos de regime aberto os menores residem e são educados no estabelecimento,
mas frequentam no exterior, preferencialmente, as atividades escolares, educativas ou de formação,
laborais, desportivas e de tempos livres previstas no seu projeto educativo pessoal.
2 - Os menores podem ser autorizados a sair sem acompanhamento e a passar períodos de férias ou
de fim de semana com os pais, representante legal, pessoa que tenha a sua guarda de facto ou
outras pessoas idóneas.
3 - No desenvolvimento da atividade educativa os centros educativos de regime aberto devem
incentivar a colaboração do meio social envolvente, abrindo ao mesmo, tanto quanto possível, as
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suas próprias estruturas.
Artigo 168.º
Regime semiaberto
1 - Nos centros educativos de regime semiaberto os menores em execução de medida de
internamento residem, são educados e frequentam atividades educativas e de tempos livres no
estabelecimento, mas podem ser autorizados a frequentar no exterior atividades escolares,
educativas ou de formação, laborais ou desportivas, na medida do que se revele necessário para a
execução inicial ou faseada do seu projeto educativo pessoal.
2 - As saídas são normalmente acompanhadas por pessoal de intervenção educativa, mas os menores
podem ser autorizados a sair sem acompanhamento para a frequência das atividades referidas no
número anterior e a passar períodos de férias com os pais, representante legal, pessoa que tenha a
sua guarda de facto ou outras pessoas idóneas.
Artigo 169.º
Regime fechado
1 - Durante o internamento em centro educativo de regime fechado os menores residem, são
educados e frequentam atividades formativas e de tempos livres exclusivamente dentro do
estabelecimento, estando as saídas, sob acompanhamento, estritamente limitadas ao cumprimento
de obrigações judiciais, à satisfação de necessidades de saúde ou a outros motivos igualmente
ponderosos e excecionais.
2 - Para efeitos do disposto no n.º 1 do artigo 139.º, pode o tribunal autorizar, mediante proposta dos
serviços de reinserção social, saídas sem acompanhamento por períodos limitados.
Artigo 170.º
Medidas preventivas e de vigilância
Em ordem a assegurar a tranquilidade, disciplina e segurança o pessoal dos centros educativos, nos
termos previstos no regulamento geral, pode realizar:
a) Inspeções a locais e dependências individuais ou coletivas;
b) Revistas pessoais, bem como às roupas e objetos dos menores internados.
SECÇÃO III
Direitos e deveres dos menores
Artigo 171.º
Direitos
1 - Os menores internados em centro educativo têm direito ao respeito pela sua personalidade,
liberdade ideológica e religiosa e pelos seus direitos e interesses legítimos não afetados pelo
conteúdo da decisão de internamento.
2 - O internamento em centro educativo não pode implicar privação dos direitos e garantias que a lei
reconhece ao menor, a menos que o tribunal expressamente os suspenda ou restrinja para proteção e
defesa dos interesses deste.
3 - De acordo com o disposto no número anterior e com o tipo de internamento e respetivo regime, e
nos termos regulamentares, o menor tem direito:
a) A que o centro zele pela sua vida, integridade física e saúde;
b) A um projeto educativo pessoal e à participação na respetiva elaboração, a qual terá
obrigatoriamente em conta as suas particulares necessidades de formação, em matéria de educação
cívica, escolaridade, preparação profissional e ocupação útil dos tempos livres;
c) À frequência da escolaridade obrigatória;
d) À preservação da sua dignidade e intimidade, a ser tratado pelo seu nome e a que a sua situação
de internamento seja estritamente reservada perante terceiros;
e) Ao exercício dos seus direitos civis, políticos, sociais, económicos e culturais, salvo quando
incompatíveis com o fim do internamento;
f) A usar as suas próprias roupas, sempre que possível, ou as fornecidas pelo estabelecimento;
g) A usar artigos próprios, autorizados, de higiene pessoal ou os que, para o mesmo efeito, forem
fornecidos pelo centro;
h) À posse de documentos, dinheiro e objetos pessoais autorizados;
i) À guarda, em local seguro, dos valores e objetos pessoais, não proibidos por razões de segurança,
que não queira ou não possa ter consigo, e à restituição dos mesmos à data da cessação do
internamento;
j) A contactar, em privado, com o juiz, com o Ministério Público e com o defensor;
l) A manter outros contactos autorizados com o exterior, nomeadamente por escrito, pelo telefone,
através da receção ou da realização de visitas, bem como da receção e envio de encomendas;
m) A ser ouvido antes de lhe ser imposta qualquer sanção disciplinar;
n) A ser informado, periodicamente, sobre a sua situação judicial e sobre a evolução e avaliação do
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seu projeto educativo pessoal;
o) A efetuar pedidos, a apresentar queixas, fazer reclamações ou interpor recursos;
p) A ser informado pessoal e adequadamente, no momento da admissão, sobre os seus direitos e
deveres, sobre os regulamentos em vigor, sobre o regime disciplinar e sobre como efetuar pedidos,
apresentar queixas ou interpor recursos;
q) Sendo mãe, a ter na sua companhia filhos menores de 3 anos.
Artigo 172.º
Deveres
1 - São deveres do menor internado em centro educativo:
a) O dever de respeito por pessoas e bens;
b) O dever de permanência;
c) O dever de obediência;
d) O dever de correção;
e) O dever de colaboração;
f) O dever de assiduidade;
g) O dever de pontualidade.
2 - O dever de respeito por pessoas e bens consiste em não cometer atos lesivos ou que coloquem em
perigo a pessoa ou bens de outrem.
3 - O dever de permanência consiste em não sair sem autorização do centro educativo ou de
instalações onde decorra atividade prevista no projeto educativo pessoal.
4 - O dever de obediência consiste em cumprir os regulamentos, as atividades previstas no projeto
educativo pessoal e as orientações legítimas dos responsáveis do estabelecimento.
5 - O dever de correção consiste em tratar educadamente com outrem e em se apresentar
adequadamente limpo e arranjado.
6 - O dever de colaboração consiste em participar nas atividades do centro, de interesse coletivo,
designadamente na manutenção da limpeza e arrumação dos materiais, equipamentos e instalações
do centro.
7 - O dever de assiduidade consiste em o menor comparecer, regular e continuamente, às atividades
previstas no projeto educativo pessoal ou outras previstas para o seu tipo de internamento.
8 - O dever de pontualidade consiste em comparecer, às horas fixadas, nas atividades referidas no
número anterior e no centro educativo, após saída autorizada.
Artigo 173.º
Direitos dos pais, representante legal ou pessoa que tenha a guarda de facto do menor
1 - Os pais, o representante legal ou a pessoa que tenha a guarda de facto do menor conservam,
durante o internamento, todos os direitos e deveres relativos à pessoa do menor, que não sejam
incompatíveis com a medida tutelar, salvas as restrições ou proibições impostas pelo tribunal.
2 - Os pais, representante legal ou pessoa que tenha a guarda de facto do menor têm direito, nos
termos regulamentares, salvas as restrições ou proibições impostas pelo tribunal:
a) A ser imediatamente informados pelo centro educativo da admissão, transferência, ausência não
autorizada, concessão ou suspensão de autorizações de saída, bem como doença, acidente ou outra
circunstância grave referente ao menor;
b) A ser informados sobre a execução da medida de internamento e sobre a evolução do processo
educativo do menor, nos termos do n.º 2 do artigo 131.º;
c) A ser avisados pelo centro educativo, em tempo útil, da cessação do internamento.
Artigo 175.º
Liberdade de religião
1 - Durante o internamento é respeitada a liberdade de religião do menor.
2 - O horário das atividades dos centros educativos deve permitir, sempre que possível, aos menores
internados a prática de atos da sua confissão religiosa.
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Artigo 176.º
Proteção da intimidade
1 - Os menores internados em centro educativo têm o direito a não ser fotografados ou filmados,
bem como a não prestar declarações ou a dar entrevistas, contra a sua vontade, a órgãos de
informação.
2 - Antes da manifestação de vontade referida no número anterior, os menores têm o direito a ser
inequivocamente informados, por um responsável do centro educativo, do teor, sentido e objetivos
do pedido de entrevista que lhes for dirigido.
3 - Independentemente do consentimento dos menores, são proibidas:
a) Entrevistas que incidam sobre a factualidade que determinou a intervenção tutelar;
b) A divulgação, por qualquer meio, de imagens ou de registos fonográficos que permitam a
identificação da sua pessoa e da sua situação de internamento.
SECÇÃO IV
Prémios
Artigo 177.º
Requisitos de atribuição
O centro educativo, de acordo com o previsto no regulamento geral e no respetivo regulamento
interno, pode atribuir prémios a menor em execução de medida de internamento pela evolução
positiva do seu processo educativo, pelo empenho demonstrado no cumprimento das atividades
previstas no projeto educativo pessoal, bem como pelo seu sentido de responsabilidade e bom
comportamento individual ou em grupo.
SECÇÃO V
Medidas de contenção
Artigo 178.º
Medidas de contenção
São autorizadas em centro educativo as seguintes medidas de contenção:
a) Contenção física pessoal;
b) Isolamento cautelar.
Artigo 179.º
Casos em que podem ser adotadas
1 - As medidas de contenção apenas podem ser adotadas nos casos seguintes:
a) Para impedir que os menores cometam atos lesivos ou que coloquem em perigo a sua pessoa ou a
de outrem;
b) Para impedir fugas;
c) Para evitar danos importantes nas dependências ou equipamentos dos centros;
d) Para vencer a resistência violenta dos menores às ordens e orientações do pessoal do centro no
exercício legítimo das suas funções.
2 - O recurso às medidas de contenção só é admissível em casos de inexistência de outra forma
efetiva e eficaz de evitar os atos e situações referidos no número anterior.
Artigo 180.º
Duração das medidas de contenção
As medidas de contenção só podem durar o tempo estritamente necessário para garantir o efeito que
justificou a sua utilização.
Artigo 181.º
Adoção em casos urgentes
1 - A adoção de medidas de contenção é autorizada pelo diretor do centro.
2 - Sempre que a urgência da situação o exija as medidas de contenção podem ser tomadas por outro
responsável ou elemento do pessoal do centro, sem prejuízo da sua imediata comunicação ao diretor.
Artigo 182.º
Contenção física pessoal
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A contenção física pessoal limita-se à utilização da força física para imobilização do menor.
Artigo 183.º
Isolamento cautelar
1 - O isolamento cautelar pode ter lugar em dependência especialmente adequada a evitar os atos e
as situações justificativas do recurso a este tipo de medidas.
2 - O isolamento cautelar não pode prolongar-se para além de vinte e quatro horas consecutivas.
3 - No caso previsto no n.º 1, o menor deve ser observado pelo médico do centro, com recurso, se
necessário, a especialista em psicologia ou psiquiatria, com a maior brevidade possível, devendo a
medida ser interrompida se for considerado que a sua continuação é prejudicial para a saúde física
ou psíquica do menor.
4 - Sobrevindo aplicação de medida disciplinar pelos mesmos factos que o originaram, o tempo de
duração do isolamento cautelar é obrigatoriamente tido em conta na aplicação de medida disciplinar.
Artigo 184.º
Dever de informação
O recurso ao isolamento cautelar é imediatamente comunicado ao tribunal.
SECÇÃO VI
Regime disciplinar
SUBSECÇÃO I
Princípios gerais
Artigo 185.º
Subsidiariedade do procedimento e das medidas disciplinares
1 - O procedimento e as medidas disciplinares constituem o último recurso dos centros educativos
para corrigir as condutas dos menores internados que constituam infrações disciplinares, nos termos
da presente lei e do regulamento geral.
2 - Não há lugar a procedimento nem a medidas disciplinares sempre que se considere possível e
adequado reagir perante infração disciplinar através de outro tipo de respostas educativas,
voluntariamente aceites pelo menor.
Artigo 186.º
Tipicidade das infrações e das medidas disciplinares
As infrações cometidas pelo menor que constituam infração disciplinar nos termos desta lei só podem
ser corrigidas através da aplicação das medidas disciplinares previstas no artigo 191.º, sem prejuízo
do disposto no artigo anterior.
Artigo 187.º
Infrações atípicas
1 - As infrações cometidas pelo menor durante a execução da medida de internamento, que não
constituam infração disciplinar nos termos legais, são corrigidas mediante métodos educativos,
oportunos e exequíveis, não lesivos dos direitos do menor.
2 - Os métodos referidos no número anterior não podem, em caso algum, revestir igual ou maior
gravidade do que as medidas disciplinares previstas na lei.
Artigo 188.º
Respeito pela saúde física e psíquica e pela dignidade do menor
1 - É proibida a aplicação de medidas que se traduzam em tratamento cruel, desumano, degradante
ou que possam comprometer a saúde física ou psíquica do menor.
2 - A aplicação de medida disciplinar não pode, em caso algum, de maneira direta ou indireta,
traduzir-se em castigos corporais, privação de alimentos ou do direito a receber visitas, não proibidas
pelo tribunal, dos pais, representante legal ou pessoa que tenha a guarda de facto do menor.
3 - Nenhuma sanção disciplinar pode ser executada com violação do respeito pela dignidade da
pessoa do menor.
Artigo 189.º
Outros princípios fundamentais da intervenção disciplinar
1 - Nenhuma medida disciplinar pode ser aplicada sem o menor ter sido informado da infração
disciplinar cuja prática lhe é atribuída, de modo apropriado à sua completa compreensão.
2 - Não pode ser aplicada medida disciplinar sem ouvir o menor e sem lhe dar a oportunidade de se
defender.
3 - Nenhum menor pode ser disciplinarmente punido mais de uma vez pela mesma infração.
4 - É proibida a aplicação de medida disciplinar por tempo indeterminado.
5 - É proibida a aplicação de medidas disciplinares coletivas ou abrangendo um número
indeterminado de menores.
Artigo 190.º
Classificação das infrações disciplinares
As infrações disciplinares classificam-se, segundo a sua gravidade, em leves, graves e muito graves.
Artigo 191.º
Infrações disciplinares leves
Consideram-se infrações disciplinares leves as seguintes condutas do menor internado em centro
educativo:
a) Faltar ao respeito a funcionário do centro, a companheiro ou a outra pessoa, dentro do centro
educativo ou fora dele, durante saída autorizada, sem consequências importantes;
b) Não comparecer, injustificadamente, a atividades previstas no projeto educativo pessoal;
c) Não cumprir, injustificadamente, as horas de início e termo das atividades previstas no projeto
educativo pessoal;
d) Destruir ou danificar, intencionalmente ou por falta censurável de cuidado, bens móveis ou
imóveis, dentro do centro educativo ou fora dele, durante saída autorizada, causando pequeno
prejuízo;
e) Fazer uso abusivo e prejudicial de objetos ou substâncias não proibidos por lei ou regulamento,
dentro do centro educativo ou fora dele durante saída autorizada;
f) Apoderar-se de bens de outrem ou de pequeno valor, dentro do centro educativo ou fora dele,
durante saída autorizada.
Artigo 192.º
Infrações disciplinares graves
Consideram-se infrações disciplinares graves as seguintes condutas do menor internado em centro
educativo:
a) Ameaçar pessoa, dentro do centro educativo ou fora dele, durante saída autorizada;
b) Insultar ou faltar gravemente ao respeito a funcionário do centro, a companheiro ou a outra
pessoa, dentro do centro educativo ou fora dele, durante saída autorizada;
c) Instigar, sem êxito, os companheiros à prática de motins ou de atos coletivos de insubordinação ou
de desobediência às ordens do pessoal do centro no exercício legítimo das respetivas funções;
d) Resistir ou desobedecer às ordens do pessoal do centro no exercício legítimo das respetivas
funções, dentro do centro educativo ou fora dele, durante saída autorizada;
e) Não comparecer, repetida e injustificadamente, a atividades previstas no projeto educativo
pessoal;
f) Não cumprir, repetida e injustificadamente, as horas de início e termo das atividades previstas no
projeto educativo pessoal;
g) Não regressar ao centro, injustificadamente, na data e até à hora fixadas como termo de saída
autorizada;
h) Tentar a fuga do centro, bem como instigar a fuga de menor internado;
i) Destruir ou danificar, intencionalmente ou por falta censurável de cuidado, bens móveis e imóveis,
dentro do centro educativo ou fora dele, durante saída autorizada, causando prejuízo elevado;
j) Introduzir, distribuir, transacionar ou guardar, no centro, objetos proibidos por lei ou regulamento;
l) Apoderar-se de bens de valores de outrem, dentro do centro educativo ou fora dele, durante saída
autorizada.
Artigo 193.º
Infrações disciplinares muito graves
Consideram-se infrações disciplinares muito graves as seguintes condutas do menor internado em
centro educativo:
a) Praticar um ato de violência física ou de coação contra uma pessoa, dentro do centro educativo ou
fora dele, durante saída autorizada;
b) Participar em motins ou em atos coletivos de insubordinação ou de desobediência às ordens do
pessoal do centro no exercício legítimo das respetivas funções;
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c) Instigar, com êxito, os companheiros à prática de motins ou de atos coletivos de insubordinação ou
de desobediência às ordens do pessoal do centro no exercício legítimo das respetivas funções;
d) Resistir com violência ou desobedecer ostensivamente em público às ordens do pessoal do centro
no exercício legítimo das respetivas funções, dentro do centro educativo ou fora dele, durante saída
autorizada;
e) Consumar a fuga do centro, bem como instigar com êxito ou facilitar a fuga de outro menor
internado;
f) Destruir ou danificar, intencionalmente ou por falta censurável de cuidado, bens móveis ou
imóveis, dentro do centro educativo ou fora dele, durante saída autorizada, causando prejuízo muito
elevado;
g) Introduzir, distribuir, transacionar, guardar ou consumir, no centro, droga, álcool ou qualquer outra
substância tóxica;
h) Introduzir, distribuir, transacionar ou guardar, no centro, armas ou outros objetos igualmente
perigosos e proibidos por lei ou regulamento;
i) Apoderar-se com violência de bens de outrem, dentro do centro educativo ou fora dele, durante
saída autorizada.
Artigo 194.º
Medidas disciplinares
1 - São aplicáveis as seguintes medidas disciplinares:
a) Repreensão;
b) Suspensão do uso de dinheiro de bolso concedido pelo centro educativo, por período não superior
a dois meses;
c) Não atribuição de dinheiro de bolso pelo centro educativo, por período não superior a dois meses;
d) Suspensão do uso pelo menor de dinheiro do seu pecúlio, por período não superior a um mês;
e) Suspensão da participação em algumas atividades recreativas programadas, dentro ou fora do
centro, por período não superior a um mês;
f) Suspensão da participação em todas as atividades recreativas programadas, dentro ou fora do
centro, por período não superior a um mês;
g) Perda de autorizações de saída de fim de semana ou férias, por período não superior a dois meses;
h) Suspensão do convívio com os companheiros, por período não superior a uma semana.
2 - A competência para a aplicação e revisão das medidas disciplinares é definida em regulamento
geral.
Artigo 195.º
Medidas disciplinares aplicáveis por infrações leves
São aplicáveis por infrações leves as seguintes medidas disciplinares:
a) Repreensão;
b) Suspensão do uso de dinheiro de bolso concedido pelo centro educativo, por período não superior
a uma semana;
c) Não atribuição de dinheiro de bolso pelo centro educativo, por período não superior a uma
semana;
d) Suspensão do uso pelo menor de dinheiro do seu pecúlio, por período não superior a uma semana;
e) Suspensão da participação em algumas atividades recreativas programadas, dentro ou fora do
centro, por período não superior a três dias.
Artigo 196.º
Medidas disciplinares aplicáveis por infrações graves
São aplicáveis por infrações graves as seguintes medidas disciplinares:
a) Suspensão do uso de dinheiro de bolso concedido pelo centro educativo, por período não superior
a um mês;
b) Não atribuição de dinheiro de bolso pelo centro educativo, por período não superior a 15 dias;
c) Suspensão do uso pelo menor de dinheiro do seu pecúlio, por período não superior a uma semana;
d) Suspensão da participação em algumas atividades recreativas programadas, dentro ou fora do
centro, por período não superior a 15 dias;
e) Suspensão da participação em todas as atividades recreativas programadas, dentro ou fora do
centro, por período não superior a uma semana;
f) Perda de autorizações de saída de fim de semana ou férias, por período não superior a 15 dias;
g) Suspensão, sempre que possível parcial, do convívio com os companheiros, por período não
superior a três dias.
Artigo 197.º
Medidas disciplinares aplicáveis por infrações muito graves
São aplicáveis por infrações muito graves as seguintes medidas disciplinares:
a) Não atribuição de dinheiro de bolso pelo centro educativo, por período não superior a um mês;
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b) Suspensão do uso pelo menor de dinheiro do seu pecúlio, por período não superior a 15 dias;
c) Suspensão da participação em algumas atividades recreativas programadas, dentro ou fora do
centro, por período não superior a um mês;
d) Suspensão da participação em todas as atividades recreativas programadas, dentro ou fora do
centro, por período não superior a um mês;
e) Perda de autorizações de saída de fim de semana ou férias, por período não superior a um mês;
f) Suspensão, sempre que possível parcial, do convívio com os companheiros, por período não
superior a uma semana.
Artigo 198.º
Critério de escolha das medidas disciplinares
A escolha e aplicação da medida disciplinar obedece aos princípios da adequação, da
proporcionalidade e da oportunidade, tendo em conta, nomeadamente, a natureza e a gravidade da
infração, as circunstâncias em que a mesma foi praticada, a idade e a personalidade do menor e a
exequibilidade da medida no mais curto período de tempo.
Artigo 199.º
Aplicação de várias medidas disciplinares
1 - Quando um menor internado praticar duas ou mais infrações disciplinares são-lhe aplicáveis as
medidas disciplinares correspondentes a cada uma das infrações.
2 - Se a mesma conduta constituir duas ou mais infrações disciplinares ou se uma infração disciplinar
for instrumental relativamente a outra, apenas é aplicável ao menor a medida disciplinar
correspondente à mais grave das infrações cometidas.
Artigo 200.º
Obrigatoriedade do registo das medidas disciplinares
Com exceção da repreensão, é obrigatório o registo das medidas disciplinares aplicadas no dossier
individual do menor, nos termos previstos no regulamento geral.
Artigo 201.º
Interposição de recurso
1 - O menor, os pais, o representante legal ou quem tenha a sua guarda de facto e o defensor podem
interpor recurso da decisão que aplicou a medida disciplinar, nos termos definidos no regulamento
geral.
2 - A repreensão é insuscetível de recurso.
3 - Do indeferimento cabe recurso para o tribunal. É correspondentemente aplicável o disposto no
artigo 134.º
Artigo 202.º
Prescrição das infrações disciplinares
1 - As infrações disciplinares prescrevem 30, 60 e 90 dias após a data em que foram cometidas,
consoante se trate de infrações leves, graves ou muito graves, respetivamente.
2 - O prazo da prescrição interrompe-se com a comunicação ao menor sobre o início do procedimento
disciplinar.
Artigo 203.º
Prescrição das medidas disciplinares
1 - As medidas disciplinares prescrevem 30, 60 e 90 dias a contar do dia seguinte ao da data da
decisão ou deliberação que as aplicou, consoante se trate de infrações leves, graves ou muito graves,
respetivamente.
2 - A notificação ao menor do início do cumprimento da medida disciplinar interrompe o prazo da
prescrição, o qual retomará o decurso no caso de a execução ser interrompida durante 30 dias por
causa não imputável ao presumível infrator.
SUBSECÇÃO II
Procedimento disciplinar
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Artigo 204.º
Procedimento disciplinar
1 - A aplicação de medidas disciplinares por infrações graves ou muito graves só pode ter lugar após
procedimento disciplinar nos termos previstos no regulamento geral.
2 - A aplicação de medidas disciplinares por infrações leves é precedida de procedimento disciplinar
sumário, sem prejuízo para o menor das garantias do direito a ser informado dos factos que lhe são
atribuídos e das medidas disciplinares que lhes são aplicáveis e do seu direito de defesa.
SUBSECÇÃO III
Execução das medidas disciplinares
Artigo 205.º
Execução de várias medidas disciplinares
1 - Quando um menor internado tiver de cumprir duas ou mais medidas disciplinares, a sua execução
é simultânea, sempre que forem concretamente compatíveis.
2 - No caso de não ser possível, por incompatibilidade, a execução simultânea das medidas
disciplinares aplicadas, a sua execução é sucessiva por ordem decrescente da respetiva gravidade e
duração.
3 - O disposto no número anterior não pode determinar em nenhum caso:
a) A permanência do menor em quarto disciplinar por período superior a três dias consecutivos;
b) A suspensão do menor do convívio com os companheiros por período superior a sete dias
consecutivos ou a três quando não se trate de suspensão parcial;
c) A execução continuada das medidas disciplinares das alíneas f) e g) do artigo 194.º por período
superior a uma vez e meia o seu limite máximo.
4 - A gravidade das medidas disciplinares afere-se pela ordem crescente da sua enumeração no artigo
194.º
SECÇÃO VII
Centros educativos
Artigo 206.º
Classificação dos centros educativos
1 - Os centros educativos classificam-se em abertos, semiabertos e fechados em função do regime de
execução das medidas de internamento.
2 - A classificação dos centros educativos condiciona o seu regime de funcionamento e grau de
abertura ao exterior.
3 - Os centros educativos podem ainda ser classificados em função dos projetos de intervenção
educativa que desenvolvem para grupos específicos de menores, de acordo com as suas particulares
necessidades educativas.
Artigo 207.º
Âmbito dos centros educativos
No mesmo centro educativo podem coexistir unidades residenciais diferenciadas segundo os regimes
de execução das medidas, projetos de intervenção educativa e tipos de internamento.
Artigo 208.º
Cooperação de entidades particulares
1 - Os serviços de reinserção social podem celebrar acordos de cooperação com entidades
particulares, sem fins lucrativos, com experiência reconhecida na área da delinquência juvenil, para
a execução de internamentos em regime aberto, semiaberto e fechado, nos termos previstos na lei.
2 - O disposto no número anterior não pode, em caso algum, determinar a transferência para a
entidade cooperante da responsabilidade de acompanhar a execução das medidas que cabe aos
serviços de reinserção social.
3 - Para garantir o previsto no número anterior, a direção do centro educativo é assegurada por um
diretor designado pelos serviços de reinserção.
4 - Nos casos em que a dimensão do centro educativo o justifique pode também ser designado pelos
serviços de reinserção um coordenador técnico.
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Artigo 209.º
Entidade fiscalizadora
1 - Sem prejuízo da competência dos tribunais, do Ministério Público e demais entidades a quem
incumbe a defesa da legalidade, o funcionamento dos centros educativos será especialmente
acompanhado por uma comissão independente composta por dois representantes da Assembleia da
República, um do Governo, um do Conselho Superior da Magistratura, um do Conselho Superior do
Ministério Público e dois de organizações não-governamentais de apoio à criança.
2 - A comissão pode solicitar informação sobre o funcionamento dos centros, nas suas várias
vertentes, e efetuar visitas sempre que o julgue necessário.
3 - A comissão tem livre acesso aos centros educativos, podendo contactar em privado com o menor
internado.
4 - A Comissão é apoiada pelo Ministério da Justiça nos termos que forem fixados por portaria.
TÍTULO VI
Registo de medidas tutelares educativas
Artigo 210.º
Objeto e finalidade do registo
1 - Estão sujeitas a registo as decisões judiciais que apliquem, revejam ou que declarem a cessação
ou extinção de medidas tutelares educativas.
2 - O registo de medidas tutelares educativas tem por finalidade a recolha, o tratamento e a
conservação dos extratos de decisões judiciais por forma a possibilitar o conhecimento das decisões
proferidas.
Artigo 211.º
Princípios
O registo de medidas tutelares educativas deve processar-se no estrito respeito pelos princípios da
legalidade, da autenticidade, da veracidade, da univocidade e da segurança.
Artigo 212.º
Entidade responsável pelo tratamento da base de dados
1 - O registo de medidas tutelares educativas funciona na Direção-Geral da Administração da Justiça,
sendo o diretor-geral da Administração da Justiça a entidade responsável pela respetiva base de
dados.
2 - Compete ao diretor-geral da Administração da Justiça assegurar o direito de informação e de
acesso aos dados pelos respetivos titulares, a correção de inexatidões, o completamento de
omissões, a supressão de dados indevidamente registados, bem como velar pela legalidade da
consulta ou da comunicação da informação.
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Artigo 214.º
Comunicação ao registo
1 - As comunicações ao registo são efetuadas em boletim de registo de medidas tutelares educativas.
2 - A comunicação das decisões sujeitas a registo é efetuada imediatamente após trânsito em
julgado.
3 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, sendo interposto recurso com efeito meramente
devolutivo, a decisão é comunicada antes da subida deste.
Artigo 215.º
Acesso à informação
Podem apenas aceder aos dados contidos no registo de medidas tutelares educativas:
a) O titular dos dados e o seu defensor;
b) Os pais do menor e o seu representante legal, até o menor completar 18 anos;
c) Um terceiro, em nome e no interesse do titular maior de 18 de anos, em situações de comprovada
ausência ou impossibilidade deste;
d) Os magistrados judiciais e do Ministério Público para a instrução de processo tutelar educativo;
e) Os serviços de reinserção social, por solicitação dos seus órgãos dirigentes, para instrução do
dossier individual do menor;
f) As entidades autorizadas pelo Ministro da Justiça para a prossecução de fins de investigação
científica ou estatísticos.
Artigo 216.º
Formas de acesso
O acesso aos dados realiza-se por uma das seguintes formas:
a) Certificado do registo;
b) Consulta do registo.
Artigo 217.º
Certificado do registo
1 - O certificado do registo é emitido, com recurso preferencial a meios informáticos, pela Direção-
Geral da Administração da Justiça.
2 - O certificado do registo é emitido mediante requisição ou requerimento, conforme se trate,
respetivamente, de entidades públicas ou particulares, e constitui documento bastante de prova da
medida tutelar educativa aplicada ao titular da informação.
3 - O certificado do registo de medidas tutelares educativas contém a transcrição integral do registo
vigente.
4 - A emissão de certificados do registo de medidas tutelares educativas pode processar-se
automaticamente em terminais de computador colocados nos tribunais, com garantia do controlo e
segurança da transmissão dos dados.
5 - Não havendo possibilidade de emissão do certificado de registo através de plataforma informática
disponível nos tribunais ou nos serviços de reinserção social, o envio daquele para instrução do
processo tutelar educativo ou para a instrução do dossier individual do menor deve ser realizado no
prazo máximo de dez dias.
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como a supressão das indevidamente registadas, nos termos da alínea d) do n.º 1 do artigo 11.º da
Lei n.º 67/98, de 26 de outubro.
2 - São dados incorretos ou indevidamente registados os que não se mostrem conformes com o teor
da comunicação efetuada pelo tribunal.
Artigo 220.º
Cancelamento
1 - A informação constante do registo é cancelada no ficheiro informático ou retirada do ficheiro
manual decorridos dois anos a contar da data de cessação ou extinção da medida tutelar educativa.
2 - A informação em registo é cancelada na data em que o respetivo titular completar 21 anos.
Artigo 221.º
Violação de normas relativas a ficheiros
A violação das normas relativas ao ficheiro informatizado do registo de medidas tutelares educativas
é punida nos termos dos artigos 43.º a 47.º da Lei n.º 67/98, de 26 de outubro.
Artigo 222.º
Medidas de segurança do registo
A Direção-Geral da Administração da Justiça e as entidades mencionadas na alínea d) do artigo 215.º
devem adotar as medidas de segurança referidas no n.º 1 do artigo 15.º da Lei n.º 67/98, de 26 de
outubro.
TÍTULO VII
Acompanhamento da execução e avaliação da Lei Tutelar Educativa
Artigo 225.º
Avaliação e monitorização
1 - Com vista a avaliar a eficácia da Lei Tutelar Educativa nos objetivos a que se propõe, o Ministério
da Justiça apresenta anualmente à Assembleia da República um relatório que, mediante recolha de
informação junto dos contextos comunitários e sociofamiliares dos menores que cumpriram medida
tutelar educativa de internamento em centro educativo e, no respeito pelos consentimentos devidos,
designadamente dos referidos menores e respetivos representantes legais, permita aferir dos
percursos seguidos pelos mesmos após o cumprimento daquela medida e, bem assim, da eventual
ocorrência de reincidência.
2 - O relatório referido no número anterior deve, sempre que possível, e com observância de
idênticos pressupostos, permitir aferir dos percursos seguidos pelos menores que cumpriram medidas
tutelares educativas não institucionais, designadamente, a medida tutelar de acompanhamento
educativo.
Aditado pelo seguinte diploma: Lei n.º 4/2015, de 15 de Janeiro
https://www.pgdlisboa.pt/leis/lei_print_articulado.php?tabela=leis&artigo_id=&nid=542&nversao=&tabela=leis 48/49
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