Auditoria Interna JKN
Auditoria Interna JKN
Auditoria Interna JKN
DE
AUDITORIA INTERNA
2014
FICHA TÉCNICA
Título:
Manual de Auditoria Interna
Edição:
Gabinete de Avaliação e Auditoria
Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, I.P.
Ministério dos Negócios Estrangeiros 3ª
Edição
Data:
Dezembro de 2014
Contacto:
Av. da Liberdade, 270, 1250-149 Lisboa
Tel. (351) 21 310 91 00
Website: www.instituto-
camoes.pt/
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................5
CAPÍTULO 1 – ENQUADRAMENTO DA AUDITORIA INTERNA........................................................................6
1.1.Conceito...................................................................................................................................................6
1.2.Função......................................................................................................................................................6
1.3.Auditor Interno........................................................................................................................................9
1.4.Controlo Interno.....................................................................................................................................11
1.5.Avaliação do Controlo Interno................................................................................................................13
1.6.A Auditoria Interna e o Controlo Interno................................................................................................14
1.7.Princípios e Normas aplicáveis à Auditoria Interna................................................................................15
CAPÍTULO 2 – AUDITORIA INTERNA............................................................................................................18
2.1.Missão e Objetivo...................................................................................................................................18
2.2.Âmbito...................................................................................................................................................18
2.3.Ética........................................................................................................................................................19
CAPÍTULO 3 – FUNÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA AUDITORIA INTERNA...........................................................21
3.1.Estrutura e delimitação de funções........................................................................................................21
3.2.Funções do dirigente do GAA.................................................................................................................21
3.3.Funções do auditor interno coordenador..............................................................................................22
3.4.Funções do auditor interno....................................................................................................................22
CAPÍTULO 4 – O PROCESSO DE AUDITORIA INTERNA.................................................................................23
4.1.Avaliação do Risco de Auditoria.............................................................................................................23
4.2.Plano Anual de Auditoria Interna...........................................................................................................26
4.3.Programa de trabalho............................................................................................................................28
4.4.Relatórios de Auditoria Interna..............................................................................................................28
4.5.Acompanhamento da implementação dos resultados e recomendações da auditoria..........................32
CAPÍTULO 5 – DOCUMENTOS DE TRABALHO..............................................................................................34
5.1.Dossiês...................................................................................................................................................34
CAPÍTULO 6 – TESTES E TÉCNICAS DE AUDITORIA.......................................................................................37
6.1.Testes de Auditoria.................................................................................................................................37
6.2.Técnicas de Auditoria..............................................................................................................................43
6.3.Prova de Auditoria e Procedimentos para a sua Obtenção....................................................................47
6.4.Instrumentos de Gestão.........................................................................................................................49
BIBLIOGRAFIA..............................................................................................................................................51
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ACRÓNIMOS
AICPA - American Institute of Certified Public Accountants
CAF – Common Assessment Framework
DRA – Diretrizes de Revisão/Auditoria
DSPG – Direção de Serviços de Planeamento e Gestão
ECI – Estrutura de Controlo Interno
FEE - Fédération des Experts Comptables Européens
GAA – Gabinete de Avaliação e Auditoria
IFAC - International Federation of Accountants
IGF – Inspeção-geral de Finanças
IIA – Institute of Internal Auditors
MNE – Ministério dos Negócios Estrangeiros
NA – Normas de Atributo
NAGA – Normas de Auditoria Geralmente Aceites
ND – Normas de Desempenho
NI – Normas de Implementação
OROC – Ordem dos Revisores Oficiais de Contas
OTS – Outros Testes Substantivos
QUAR – Quadro de Avaliação e Responsabilização
RT – Recomendações Técnicas
SIADAP – Sistema Integrado de Avaliação do Desempenho da Administração Pública
TC – Tribunal de Contas
TSRA – Testes Substantivos de Revisão Analítica
INTRODUÇÃO
No atual contexto de mudança, reflexo das reformas da Administração Pública, impõe-se
como desafio para as organizações a procura de maior economia, eficácia e eficiência. Daí que
o controlo interno tenha sido incluído na orgânica do Camões, IP integrado na função
auditoria do Gabinete de Avaliação e Auditoria (GAA) 1.
A necessidade de eficácia na realização dos objetivos e de eficiência na utilização de recursos
escassos exige aos responsáveis das organizações um conhecimento cada vez maior do
desempenho das suas atividades. A auditoria interna surge assim num contexto de procura
de maior rigor na gestão pública, visando desenvolver soluções, instrumentos e modelos que
proporcionem mais eficiência e eficácia à gestão.
Um serviço de auditoria interna não pode perder de vista que deve funcionar como um
instrumento de gestão ao serviço da organização em que se insere, a qual desenvolve a sua
atividade num ambiente dinâmico e complexo, procurando, designadamente, identificar e
antecipar problemas, analisar as suas causas e os riscos que lhes estão associados. Deve,
ainda, identificar e analisar processos críticos e propor soluções para a sua melhoria, tendo
em vista o aperfeiçoamento da organização.
As atividades de auditoria interna são extremamente vastas abarcando toda a organização,
em todos os aspetos das suas operações e a todos os níveis da sua estrutura orgânica. A
auditoria interna tem como função principal avaliar o processo de gestão. Difere, neste
aspeto, da auditoria externa que está mais focalizada na vertente financeira e nas atividades
organizacionais que podem ter um efeito direto nas demonstrações financeiras.
O objetivo do presente manual é o estabelecimento de um conjunto de princípios, normas e
metodologias para gestão da função auditoria interna no Camões, IP, detalhando as
características mais importantes, como, por exemplo, a avaliação do risco de auditoria, o
planeamento e programação dos trabalhos e a realização criteriosa de testes de auditoria. A
sua implementação e atualização são da responsabilidade do GAA.
CAPÍTULO 1 – ENQUADRAMENTO DA AUDITORIA INTERNA
1.1. Conceito
De acordo com a definição do Institute of Internal Auditors (IIA) 2, a auditoria interna é uma
atividade independente, de avaliação objetiva e de consultoria, que tem como objetivo
acrescentar valor e melhorar as operações de uma organização. Ela pretende ajudar a
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organização na prossecução dos seus objetivos através de uma abordagem sistemática e
disciplinada, na avaliação da eficácia da gestão do risco, do controlo e dos processos de
governação.
Existem diversos tipos de auditoria, os quais, de um modo geral, têm a designação diferente
consoante o seu objeto, finalidade, âmbito, extensão, periodicidade e agente executante
(quadro 1).
Quadro 1 - Tipos de auditoria
Auditoria das demonstrações financeiras
Auditoria de conformidade
1.2. Função
A auditoria interna é uma função contínua, completa e independente, desenvolvida na
organização, por pessoal desta ou não, baseada na avaliação do risco, que verifica a
existência, o cumprimento, a eficácia e a otimização dos controlos internos e dos processos
de governação, ajudando-a a atingir os seus objetivos. Resumindo, a auditoria interna assume
a função primordial de supervisão da gestão do risco, dos controlos e dos processos de
governação. É uma atividade de grande importância estratégica que contribui diretamente
para o fortalecimento da gestão organizacional.
A organização possui um conjunto de necessidades às quais apenas a auditoria interna pode
dar a resposta adequada como, por exemplo:
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Informar periodicamente o Conselho Diretivo sobre o grau de execução dos objetivos
e metas da organização;
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inadequado ou débil, num sistema apropriado, mediante a adoção de medidas
corretivas.
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A atividade de auditoria interna deve pautar a sua atuação pelas seguintes linhas
orientadoras:
Ser dinâmica – não adotar uma atitude de passividade, gerindo o plano de auditoria
em função dos riscos identificados;
Ser prospetiva – ter uma visão para o futuro e encarar a organização como um meio
onde existe um conjunto de relações, que visa atingir os objetivos organizacionais;
Ser evolutiva – deverá evoluir na forma de execução das ações, tanto na forma de
abordagem como na utilização dos meios para atingir os objetivos preconizados para
a atividade.
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normativos e procedimentos instituídos pela organização e saber identificar os controlos-chave
das diversas atividades assim como os sistemas de informação estratégicos para a concretização
das diversas operações;
Conhecer os padrões – o auditor interno deve conhecer os padrões para efetuar análises
comparativas, estabelecidas na organização ou em organizações congéneres. Se o Conselho
Diretivo não estabeleceu padrões, deverá procurar apurar os padrões adequados para a atividade
a auditar e informar disso os gestores operacionais;
Conhecer os efeitos – o auditor interno deve apurar de forma adequada os efeitos dos
problemas diagnosticados. Só assim poderá convencer o responsável pela área operacional
auditada sobre a sua importância; deverá ser tida em conta a materialidade dos valores envolvidos
para se realçar o problema identificado e o custo da implementação;
Conhecer as pessoas – uma organização não existe sem pessoas. Por isso, o auditor deve,
através do seu comportamento e respeito demonstrado pela função desempenhada pelas áreas
operacionais auditadas, conhecer o ambiente organizacional para criar um bom relacionamento
no desempenho das ações de auditoria. Para isso é fundamental que o auditor interno tenha um
comportamento ético exemplar, praticado quotidianamente e no relacionamento com os seus
colegas;
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Acompanhamento – deve ser acompanhada e avaliada a implementação das recomendações
críticas ou de prioridade elevada, conducentes à melhoria dos processos de controlo interno,
visando a mitigação do risco.
• Integridade;
• Valores éticos;
• Competência das pessoas.
Para a criação de um ambiente de controlo interno sólido é, também, fundamental que
exista:
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• Uma definição clara dos objetivos e planos da organização; Uma estrutura
organizativa sólida que:
Possua uma adequada segregação de funções;
Facilite o fluxo de informação;
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• Controlos administrativos: exercício de autoridade, estrutura orgânica, poder de
decisão e descrição de tarefas;
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Pode ter sido feita, pelo auditor, uma interpretação indevida das informações
recebidas sobre a descrição dos subsistemas;
O auditor pode ter recebido apenas uma informação parcial sobre o sistema.
• Execução dos testes de conformidade, que são a avaliação preliminar da existência
efetiva do controlo interno estabelecido em cada um dos subsistemas. É a partir
desta análise que o auditor irá determinar a probabilidade do sistema auditado
produzir dados fiáveis;
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No que diz respeito ao controlo interno, a auditoria interna apenas intervém na respetiva
avaliação, assumindo neste âmbito o papel de identificar potenciais falhas e desvios ao nível
do sistema de controlo interno e ajudar o Conselho Diretivo através das recomendações de
melhoria que venha a conceber.
Normas gerais;
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Normas europeias que começaram a ser emitidas a partir de 1978.
Código de Ética;
• Integridade;
• Objetividade;
• Confidencialidade; Competência.
A segunda parte contém as Regras de Conduta, que não são mais que um conjunto de
deveres deontológicos que se aplicam ao exercício da auditoria. Cada uma das regras de
conduta aplica-se a um dos princípios éticos anteriormente referidos.
6 http://www.oroc.pt/
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As Normas Internacionais para a Prática Profissional da Auditoria Interna 7, revistas em 2002,
delimitam os princípios básicos que devem orientar a prática da auditoria interna, proceder
ao devido enquadramento das atividades que possuam valor acrescentado, estabelecer a
base para a avaliação do desempenho e promover a melhoria dos processos e operações das
organizações. Estão divididas em:
A - Normas de Atributo (NA) Série 1000 - tratam as características das organizações e
7 http://www.ipai.pt/fotos/gca/ippf_2009_port_normas_0809_1252171596.pdf
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CAPÍTULO 2 – AUDITORIA INTERNA
2.1. Missão e Objetivo
A auditoria interna desempenha um papel fundamental numa organização, constituindo um
instrumento privilegiado ao serviço da gestão. Desenvolve uma atividade independente, de
apreciação objetiva e de consultoria, destinada a acrescentar valor e a melhorar o
funcionamento da organização, adotando uma visão integrada e abrangente.
Deve apoiar a organização na prossecução dos seus objetivos, através de uma abordagem
sistemática, contribuindo para o aperfeiçoamento e modernização do seu funcionamento e,
consequentemente, para a melhoria da eficácia dos processos de gestão do risco e controlo.
A sua ação incide essencialmente sobre a eficácia e eficiência das operações e processos,
conformidade legal, regulamentar e contratual, salvaguardando os interesses do Camões, IP.
A auditoria interna procede à avaliação de riscos, identificando áreas que requeiram atenção
especial, identificando problemas que careçam de solução e, a partir daí, propõe medidas
com vista a ultrapassar as deficiências detetadas.
2.2. Âmbito
A auditoria interna tem como âmbito as atividades de avaliação, assessoria e investigação,
identificando:
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Quanto à assessoria, executada por solicitação dos serviços, tem caráter consultivo e destina-
se a apoiar a gestão na concretização dos objetivos definidos, nomeadamente:
• Formação;
• Trabalhos de “due diligence” (avaliação);
• Participação em comités de implementação de software aplicacional;
• Revisão de políticas e procedimentos;
• Contributo para os processos de certificação em curso ou a implementar pelo
Camões, IP.
No que diz respeito à atividade de investigação, esta só se realiza por solicitação do Conselho
Diretivo do Camões, IP para situações específicas.
2.3. Ética
Tal como referido no Código de Ética da Auditoria Interna, o auditor interno deverá pautar a
sua conduta pessoal e profissional pelos seguintes princípios éticos:
• Integridade
• Objetividade
• Confidencialidade
• Competência
• Responsabilidade e Prestação de Contas
• Respeito
• Independência e Imparcialidade.
O auditor interno não deve manter qualquer atividade que possa afetar a sua isenção e
independência nem aceitar nada que possa prejudicar o seu desempenho profissional. Além
disso, deve divulgar todos os factos com relevância material.
A confidencialidade significa que o auditor interno respeita o valor e a propriedade da
informação que recebe e não a divulga sem a devida autorização, a menos que seja obrigado
por lei ou pelos regulamentos profissionais.
Os auditores internos, no desempenho das suas funções, têm acesso a toda a informação
necessária, nomeadamente de:
• Atividades desenvolvidas pelo Camões, IP;
• Registos;
• Programas e planos plurianuais e anuais;
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• Atas das reuniões dos órgãos do Camões, IP.
Os auditores internos não devem executar atividades operacionais que possam ser
posteriormente auditadas por si, registar ou aprovar operações contabilísticas não
relacionadas diretamente com a auditoria interna nem coordenar ou supervisionar as
atividades de pessoal não pertencente ao GAA, exceto se esse pessoal estiver
especificamente afeto à realização de trabalhos de auditoria.
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CAPÍTULO 3 – FUNÇÃO E ORGANIZAÇÃO DA AUDITORIA INTERNA
3.1. Estrutura e delimitação de funções
O dirigente do GAA é responsável pela auditoria interna e depende hierarquicamente do
Conselho Diretivo do Camões, IP.
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3.3. Funções do auditor interno coordenador
Existindo um auditor interno coordenador, este terá por funções:
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CAPÍTULO 4 – O PROCESSO DE AUDITORIA INTERNA
4.1. Avaliação do Risco de Auditoria
A avaliação do risco é realizada na perspetiva de limitar o risco de auditoria. Tem como
objetivo adotar e executar procedimentos que permitam reduzir o risco de a auditoria poder
emitir opiniões inapropriadas e não devidamente fundamentadas.
Podemos assim, definir o risco de auditoria como a suscetibilidade do auditor emitir uma
opinião inapropriada ou baseada em asserções objeto de auditoria que estejam distorcidas
de forma materialmente relevante.
Existem três tipos de risco de auditoria: risco inerente, risco de controlo e risco de deteção:
Risco Inerente
O risco inerente é a suscetibilidade de uma asserção ou classe de transações conter uma
distorção que possa ser materialmente relevante, considerada individualmente ou quando
agregada com distorções em outras asserções, assumindo que não existem os respetivos
controlos internos.
A elaboração do plano anual de auditoria exige a realização da avaliação do risco inerente.
Ao fazer essa avaliação, o auditor usa o juízo profissional para avaliar diversos fatores:
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Risco de Controlo
O risco de controlo é a suscetibilidade do sistema de controlo interno da organização não
prevenir, detetar ou corrigir atempadamente qualquer distorção materialmente relevante que
possa vir a ocorrer em qualquer tipo de asserção ou classe de transações.
Esta avaliação consiste no processo de avaliar a eficácia do sistema de controlo interno da
organização em prevenir, detetar e corrigir distorções materialmente relevantes.
O objetivo dos procedimentos executados para obter uma compreensão do controlo interno
é proporcionar ao auditor o conhecimento necessário para a elaboração do plano anual de
auditoria.
O auditor pode concluir que os procedimentos levados a efeito para obter a compreensão do
sistema de controlo interno constituem prova de auditoria. Essa prova de auditoria, desde
que suficiente, pode ser usada para suportar uma avaliação do risco de controlo.
A gestão reage muitas vezes a situações de risco inerente, concebendo um sistema de
controlo interno para prevenir, detetar e corrigir distorções. Assim, em muitos casos, o risco
inerente e o risco de controlo estão profundamente inter-relacionados. Nestas situações, o
auditor não deve avaliar separadamente o risco inerente e o risco de controlo, sendo mais
apropriado fazer uma avaliação combinada.
Risco de Deteção
O risco de deteção é a suscetibilidade de os procedimentos substantivos executados pelo
auditor não virem a detetar uma distorção que exista numa asserção ou classe de transações
que possa ser materialmente relevante. Neste sentido, o nível do risco de deteção relacionase
diretamente com os procedimentos substantivos executados pelo auditor.
O risco de deteção pode aumentar na sequência do auditor selecionar procedimentos
inapropriados, executá-los de forma errada ou interpretar incorretamente as conclusões de
auditoria. Este risco pode ser reduzido a um nível negligenciável através de um planeamento
e supervisão adequados e de uma conduta que respeite as normas de controlo de qualidade.
O risco inerente e o risco de controlo diferem do risco de deteção pelo facto de aqueles
existirem independentemente da auditoria das demonstrações financeiras ou de outras
asserções, enquanto o risco de deteção está relacionado com os procedimentos do auditor e
pode ser alterado ao seu arbítrio, conforme o seu juízo profissional. Por exemplo, quando o
risco inerente e o risco de controlo forem altos, o risco de deteção aceitável tem de ser baixo
para reduzir o risco de auditoria a um nível aceitavelmente baixo. Por outro lado, quando o
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risco inerente e o risco de controlo forem baixos, o auditor pode aceitar um risco de deteção
mais alto e ainda reduzir o risco de auditoria a um nível aceitavelmente baixo. Estes
componentes do risco de auditoria podem ser avaliados em termos quantitativos, tais como,
em percentagens ou em intervalos de termos não quantitativos, por exemplo, de um mínimo
a um máximo. O quadro 3 mostra como pode variar o nível aceitável de risco de deteção com
base em avaliações do risco inerente e do risco de controlo.
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auditor deve alterar os procedimentos substantivos planeados, com base numa revisão dos
níveis avaliados do risco inerente e do risco de controlo. Quanto maior for a avaliação do
risco inerente e do risco de controlo mais prova de auditoria deve o auditor obter a partir da
execução de procedimentos substantivos. Quando o risco inerente e o risco de controlo
forem ambos avaliados como altos, o auditor necessita de considerar se os procedimentos
substantivos podem ou não proporcionar prova de auditoria para reduzir o risco de deteção
e, por conseguinte, o risco de auditoria a um nível aceitavelmente baixo. Quando o auditor
determina que o risco de deteção respeitante a uma asserção, contida nas asserções ou
classe de asserções ou demonstrações financeiras, em relação a um determinado agregado
ou saldo de conta ou classe de transações materialmente relevante, não pode ser reduzido a
um nível aceitavelmente baixo, o auditor deve expressar uma opinião com reservas ou uma
escusa de opinião.
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• A experiência que o auditor tem desse universo ou entidade;
• O seu conhecimento da respetiva atividade e sua envolvência.
O conhecimento de toda a envolvência e funcionamento do Camões, I.P., é fundamental para
o planeamento da atividade de auditoria. Contribui para a identificação de acontecimentos,
transações e práticas que possam ter um efeito materialmente relevante sobre as asserções.
O Plano deve ser adaptável às circunstâncias e envolver:
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Pode, ainda, proceder-se à contratação externa se os custos internos para efetuar auditorias a
determinadas atividades forem comparativamente superiores ou o trabalho a efetuar
necessitar de reforço temporário de recursos.
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O Programa de Trabalho, assim como o Plano Anual de Auditoria, devem ser revistos sempre
que necessário no decurso dos trabalhos. O planeamento deve ser atualizado quando se
verifiquem alterações nas condições ou resultados inesperados dos procedimentos de
auditoria. As razões subjacentes às alterações significativas devem ser documentadas.
4.4. Relatórios de Auditoria Interna
A atividade de auditoria interna e os respetivos resultados são reportados a diferentes níveis
hierárquicos da entidade.
É através de relatórios que a auditoria interna comunica o trabalho realizado, as conclusões a
que chegou, as recomendações a serem implementadas e as ferramentas necessárias a essa
implementação.
O formato do relatório de auditoria standard deverá conter um Sumário Executivo, que inclui
o objetivo, âmbito e principais observações/recomendações, descritas de forma sintética, e
um Relatório Detalhado que descreva a metodologia seguida, a equipa envolvida e todas as
observações e respetivas recomendações.
Antes da emissão do relatório de auditoria, as observações e recomendações devem ser
discutidas com o auditado, no sentido de verificar a sua adequação. Para o efeito, o auditor
interno deve enviar ao auditado, previamente à reunião, um rascunho do relatório ou da
parte que lhe diz respeito, onde este deverá responder a cada observação e recomendação
reportada.
Se o auditor interno e o auditado discordarem sobre os resultados da auditoria, o relatório
deve expressar ambas as posições e as razões de discordância, as quais podem ser incluídas
em anexo ao relatório de auditoria.
Determinada informação pode não ser apropriada para comunicar a todos os destinatários do
relatório, por ser confidencial, particular ou relacionada com atos impróprios ou ilegais. Tal
informação deve, contudo, ser revelada em relatórios separados, a discutir no grau de
hierarquia apropriado. No relatório deverão estar definidos os planos de ação para
implementação das medidas corretivas sugeridas. Os planos de ações devem ser objeto de
concordância do auditado e devem identificar o prazo de regularização e o responsável pela
sua execução.
Os relatórios não devem conter erros ou distorções e ser fiéis aos factos apresentados. A
forma como os dados e a evidência são coligidos, avaliados e resumidos para uma
apresentação deverá ser efetuada com cautela e precisão. Os relatórios devem ser:
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• Claros – de entendimento fácil e lógico. A clareza pode ser melhorada evitando
linguagem técnica desnecessária e proporcionando informação de suporte suficiente.
• Completos – não carecendo de nada que seja essencial para o auditado e incluindo
toda a informação relevante e observações que sirvam de suporte às recomendações
e conclusões.
• Imparciais – não sendo tendenciais, sendo antes o resultado de uma visão clara e
equilibrada de todos os factos e circunstâncias relevantes. As observações,
conclusões e recomendações deverão ser expressas sem preconceito, partidarismos,
interesses pessoais e influência de terceiros.
Os relatórios de auditoria podem assumir diversos tipos, que podem ser classificados da
seguinte forma:
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• Relatórios especiais: podem resultar de um pedido do Conselho Diretivo e incidirem
sobre um tema ou área específica. O seu conteúdo adaptar-se-á, em cada caso, ao
objetivo da auditoria.
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• Relatório de sugestões: são memorandos, onde constam todas as recomendações
tendentes a corrigir as deficiências observadas durante a execução da auditoria. Além
disso, devem conter outro tipo de sugestões que, ao serem implementadas, possam
conduzir a uma melhoria do controlo interno das operações e dos processos, à
simplificação dos processos administrativos, à rentabilização do tempo, etc.
• Relatório de controlo interno: devem ser públicos e formais. Permitem aos auditores
internos fornecer uma base para o Conselho Diretivo concluir ou emitir uma opinião
sobre o controlo interno. Este tipo de relatórios deve identificar a eficácia de cada
controlo e os critérios que foram utilizados para avaliar o sistema.
De uma forma geral, existe uma estrutura comum a todos os relatórios de controlo
interno que contempla 5 requisitos base:
1. Controlos Relevantes: menção dos controlos associados à obtenção de
operações eficazes e eficientes, demonstrações financeiras, cumprimento de
leis e regulamentos bem como a salvaguarda dos ativos;
2. Prazo: indicação do período avaliado;
3. Pontos fracos importantes: divulgação dos pontos fracos materialmente
relevantes, o seu impacto e as ações corretivas tomadas e/ou planeadas, assim
como as recomendações apresentadas;
4. Processo de auditoria interna: descrição da estrutura utilizada para planear o
processo de auditoria interna e avaliar se o controlo interno é adequado,
incluindo o processo de agregação de auditorias individuais, para permitir
formar uma opinião global;
5. Alcance e conclusões: especificação clara do alcance e das conclusões, assim
como identificação das limitações inerentes.
O relatório deve conter, sempre que for detetado um problema de controlo interno, a
avaliação das suas implicações, da forma como foi detetado, a exposição ao risco ou à
não deteção. Além disso, deve também conter uma descrição das necessárias ações
corretivas e as atividades de acompanhamento.
Sempre que ocorram, durante o período de análise, acontecimentos que possam
comprometer o relatório de controlo interno, o auditor deve alertar de imediato o
Conselho Diretivo. Um sistema de alerta rápido pode ajudar os envolvidos a decidir
MOD19.2 – PR07/V01 32 de 51
se é melhor aumentar os recursos ou modificar os planos. Esses acontecimentos
devem ser devidamente registados no relatório.
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o acompanhamento da execução (ver ponto 7.4). A informação nele contida deverá ser
refletida no Relatório Anual da Avaliação e Auditoria.
CAPÍTULO 5 – DOCUMENTOS DE TRABALHO
Os documentos de trabalho devem explicitar as ações desenvolvidas e comprovar os factos
relatados. Devem ainda fundamentar as observações e as recomendações servindo para:
Fornecer o suporte principal para o relatório de auditoria;
Auxiliar no planeamento, realização e revisão das ações de auditorias;
Facilitar consultas ou revisões por terceiros;
Fornecer uma base para a avaliação do programa de controlo de qualidade da
auditoria;
Fornecer suporte em circunstâncias como as de fraude e ações judiciais.
Os documentos de trabalho poderão estar suportados em papéis (vulgo papéis de trabalho)
e/ou em tecnologias informáticas contendo registos e componentes digitalizados, consoante
a natureza, o objetivo e o âmbito da auditoria e os recursos informáticos utilizados. Deve ser
considerada a conveniência de duplicação dos arquivos em caso de utilização de suporte
informático.
5.1. Dossiês
Os documentos de trabalho serão conservados em dois tipos de dossiês:
Dossiê permanente – engloba todas as informações que o auditor interno considera
importante para consultar na auditoria que está a decorrer e em auditorias futuras.
Dossiê corrente – contém as informações específicas para a auditoria que está a
decorrer.
Por outro lado, os documentos de trabalho devem ser ordenados e indexados de uma forma
lógica e funcional para permitir o seu fácil acesso. O sistema de indexação deve apoiar-se em
letras e números. A ordenação é feita por áreas, devendo cada documento de trabalho conter
no canto superior direito a letra identificativa da área a que respeita.
Para além da letra da área a que respeita o documento de trabalho, este deverá conter
também, no canto superior direito, um número que irá permitir a ordenação dos documentos
de trabalho dentro de cada área específica.
Os documentos de trabalho devem conter, igualmente, uma identificação do trabalho a
realizar e descrever o seu conteúdo ou objetivo e serem assinados (ou rubricados) e datados
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pelo auditor interno executante do trabalho de auditoria. Os símbolos de verificação (marcas)
devem ser explicados e as fontes de informação devem ser claramente identificadas.
Os documentos de trabalho de auditoria são mantidos sob controlo da auditoria interna,
acessíveis somente a pessoal autorizado e sujeitos aos mais exigentes critérios de
confidencialidade.
Existem circunstâncias em que os pedidos de acesso aos documentos de trabalho e relatórios
são feitos por terceiros, externos ao Camões, IP. A decisão de disponibilizar tal documentação
está sujeita à aprovação do Conselho Diretivo do Camões, IP, sob proposta do dirigente do
GAA.
O dossiê permanente inclui, normalmente, entre outros, os seguintes elementos:
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Correspondência ou notas respeitantes a assuntos comunicados ou debatidos no
âmbito da auditoria realizada;
Resultados obtidos pelo auditor relativamente aos aspetos significativos do seu
trabalho, incluindo o tratamento dado às exceções e aos acontecimentos não
usuais;
- Cópia das demonstrações financeiras caso sejam objeto de auditoria;
- Comprovativos dos factos relatados ou objeto de auditoria; - Cópia dos
relatórios emitidos pelo auditor.
No caso de auditorias recorrentes, alguns dos documentos de trabalho classificados acima
como de arquivo corrente podem passar a arquivo permanente, devendo neste caso ser
mantidos atualizados.
O dossiê corrente deve ser conservado pelo período de 10 anos, devendo a sua destruição ser
precedida de autorização pelo Conselho Diretivo do Camões, IP sob proposta do dirigente do
GAA.
O dossiê permanente, como o próprio nome indica, é mantido por tempo indeterminado
devendo ser continuamente atualizado.
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CAPÍTULO 6 – TESTES E TÉCNICAS DE AUDITORIA
6.1. Testes de Auditoria
A determinação da natureza e extensão dos procedimentos de auditoria compreende a
seleção da quantidade e qualidade dos procedimentos a executar e a combinação adequada
dos vários tipos de testes/procedimentos, nomeadamente: testes de controlo e testes
substantivos.
Os procedimentos de auditoria são tarefas que se executam com o objetivo de se obterem as
provas necessárias para a emissão de um parecer. São passos detalhados que se incluem na
investigação do auditor. Podem variar de trabalho para trabalho, para se ajustarem às
circunstâncias específicas de cada caso.
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Estes testes incluem procedimentos idênticos aos que são utilizados para testar a eficácia da
conceção do sistema de controlo interno.
Baseado na estimativa do nível de risco de controlo que o auditor espera suportar e nas
considerações de eficiência da auditoria, o auditor planeia frequentemente executar alguns
testes de controlo simultaneamente com a obtenção da compreensão do controlo interno.
Mesmo que alguns dos procedimentos levados a efeito para obter a compreensão do
controlo interno possam não ter sido especificamente planeados como testes de controlo,
eles podem proporcionar prova de auditoria sobre a eficácia da conceção e funcionamento
dos controlos internos relevantes para determinadas asserções e, consequentemente, servir
como testes de controlo.
O auditor pode decidir executar alguns testes de controlo durante uma visita intercalar antes
do final do período. Porém, o auditor não pode confiar nos resultados de tais testes sem
considerar a necessidade de obter prova de auditoria adicional relativa ao restante período.
Os fatores a serem considerados compreendem:
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• Avaliação e aferição: que os itens que compõem determinada transação/registo
tenham sido corretamente avaliados e aferidos;
• Divulgação: que as transações/registos tenham sido corretamente divulgadas.
É através da correta aplicação deste tipo de testes que o auditor obtém evidências sobre os
saldos e/ou transações ou asserções apresentadas pela organização. São de importância
fundamental para complementar os testes de observância, considerando que é através deles
que é possível confirmar a fidedignidade das transações e dos registos contabilísticos.
Os testes substantivos são de dois tipos:
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Numa perspetiva de auditoria às demonstrações/dados financeiros, se a avaliação do sistema
de controlo interno concluir que este é forte, o auditor deve orientar os seus trabalhos para o
reforço dos testes de controlo, para assegurar essa conclusão e reduzir os testes substantivos,
concentrando-se nas áreas onde a probabilidade de ocorrerem erros é maior por não serem
suficientemente prevenidos pelo sistema de controlo interno.
Embora o risco de distorção material possa ser reduzido a um nível aceitavelmente baixo, ao
executar somente testes de controlos a uma asserção particular relacionada com uma classe
de transações, o auditor deve sempre ponderar a hipótese de execução de procedimentos
substantivos para cada asserção ou classe de transações e divulgações materiais.
Quando o risco de distorção material ao nível de uma asserção é significativo, o auditor deve
realizar testes substantivos que deem especificamente resposta adequada a esse risco. Para
obter prova de auditoria suficiente, os procedimentos substantivos relacionados com riscos
significativos são na maior parte das vezes concebidos para obter prova de auditoria com alta
fiabilidade.
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• Ponderar a importância das diferenças encontradas relativamente ao expectável. Este
tipo de testes substantivos aplica-se a grandes volumes de transações que tendam a
ser previsíveis ao longo do tempo. Subjacente ao seu uso está a premissa básica de
que apenas se justifica relacionar determinadas variáveis se se mantiverem:
• As condições do negócio;
• Os métodos e critérios contabilísticos;
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• Determinar que é suficiente realizar apenas testes de pormenor que deem resposta
ao risco avaliado, com o objetivo de obter prova de auditoria apropriada suficiente
para atingir o nível planeado de segurança ao nível de asserção;
• Determinar que a resposta mais adequada aos riscos avaliados é proceder a uma
combinação dos procedimentos analíticos e testes de pormenor.
Ao conceber procedimentos substantivos relacionados com a asserção, o auditor seleciona a
partir de itens contidos numa demonstração financeira, obtendo assim prova de auditoria
relevante.
Ao conceber procedimentos analíticos, o auditor deve considerar as seguintes questões:
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• O objetivo do teste substantivo;
• O risco determinado de distorção material;
• A capacidade para realizar os testes substantivos em combinação com testes de
controlos de forma a reduzir o risco de distorções não detetadas.
Nas situações em que o auditor considere necessário obter prova de auditoria sobre a eficácia
operacional dos controlos, podem ser realizados testes de eficácia operacional dos controlos,
relevantes ou, então, realizar os testes substantivos no final da auditoria. Em relação à
utilização de prova de auditoria proveniente de testes substantivos realizados em auditorias
anteriores, essa apenas pode ser feita quando tenham ocorrido alterações fundamentais,
tanto na referida prova de auditoria como na asserção a ser auditada.
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provas necessárias para o seu objetivo, procurando captar informações válidas e satisfatórias
e avaliando de imediato as provas e informações que obteve através dos exames realizados.
Da utilização das técnicas pode resultar a identificação de situações de fraude ou falhas nos
procedimentos de controlo interno. Não existe nenhuma técnica de auditoria
especificamente concebida para detetar fraudes ou erros intencionais. A sua deteção apenas
acontece como consequência da utilização de testes e da extensão das técnicas de auditoria
aplicadas de forma correta.
A prática adequada destas técnicas permite ao auditor, em conjugação com os objetivos
traçados, executar o programa de auditoria de acordo com os objetos e com a segurança
fornecida pelos sistemas de controlo interno avaliados.
Entre as principais técnicas incluem-se:
6.4.1. Exames Físicos: consistem na verificação in loco e permitem ao auditor formar opinião
sobre a existência física do objeto ou item a ser examinado. O seu objetivo é confirmar a
efetividade dos controlos, especialmente dos relacionados com a segurança das quantidades
físicas ou qualitativas dos bens tangíveis (asserções).
Estes exames devem possuir o seguinte conjunto de características:
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6.4.2. Circularizações/Confirmações Externas: servem para obter uma declaração formal e
independente, feita por pessoas sem qualquer tipo de relação com a entidade, sobre factos
ligados com as operações desta. A validade desta técnica para comprovação da autoria
apenas se verifica quando o gestor/dirigente da operação está envolvido no processo. Nestes
casos, a função do auditor é controlar o processo de formulação e obtenção das respostas aos
pedidos circulados.
Existem dois tipos de pedidos de confirmação de dados utilizados pela auditoria:
• Positivos: utilizados quando se pretende obter uma confirmação formal e podem ser
realizados de duas maneiras:
• Negativos: utilizados quando não existe confirmação por parte de quem se pretende
obtê-la mas o auditor entende que essa pessoa concorda com os valores que foram
colocados no pedido de confirmação. Geralmente, são utilizados de forma
complementar aos pedidos de confirmação positivos e devem ser realizados para que
se confirme que os pedidos foram efetivamente recebidos.
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6.4.4. Conferência de Somas e Cálculos: esta é, simultaneamente, a técnica de auditoria mais
simples e mais completa. É a mais utilizada uma vez que a quase totalidade das operações de
uma organização envolvem valores, cálculos, etc. Apesar de os valores poderem ter sido
confirmados pela organização, é fundamental que o auditor proceda à sua reconfirmação.
Consiste, basicamente, na revisão das memórias de cálculos ou confirmação dos valores por
meio da comparação de elementos numéricos correlacionados para constatar a adequação
dos cálculos apresentados. Poderá recorrer-se à auditoria informática, quando exista elevado
grau de automatização dos processos.
6.4.5. Exame dos lançamentos contabilísticos: o objetivo é verificar se as informações
contabilísticas, fiscais, etc., são verosímeis. Além disso, permite que o auditor realize
levantamentos específicos nas análises, composição de saldos, conciliações, etc.
6.4.7. Exame dos livros e registos auxiliares: esta técnica deve ser utilizada em conjugação
com outras uma vez que através da análise destes documentos de suporte é possível
constatar e confirmar a fiabilidade dos registos principais. A sua utilização implica que o
auditor tenha consciência de que estes registos também podem estar incorretos ou que
tenham sido preparados apenas para suportar dados incorretos.
6.4.8. Correlação entre informações obtidas: este procedimento decorre do próprio trabalho
do auditor uma vez que, no decorrer desse trabalho, o auditor irá realizar serviços cuja
informação estará relacionada com outras áreas de controlo diferente da organização. À
medida que vai observando este inter-relacionamento, o auditor está a efetuar o
procedimento de correlação, uma vez que confirma informações obtidas através de fontes
independentes, autónomas e distintas dentro da própria organização.
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6.4.9. Observação das atividades e condições: é a mais generalizada das técnicas de
auditoria. Através dela é possível identificar erros, problemas ou deficiências através de
exames visuais, os quais, de outra forma, poderiam passar despercebidos. O seu objetivo não
é proceder à verificação específica de problemas, como acontece com a circularização ou a
conferência de cálculos. A sua utilização é importante em todas as fases do processo de
auditoria, não devendo nunca ser omissa ou negligenciada.
Pelas suas características específicas, a observação implica o poder de constatação e
observação do auditor pelo que a sua argúcia, conhecimentos e experiências são
determinantes para a boa utilização desta técnica.
A observação deve conter os seguintes elementos:
6.4.10. Exame dos registos: consiste na verificação dos registos que constam nos controlos
regulamentares, relatórios sistematizados, mapas e demonstrações formalizadas e que foram
efetuados manualmente ou através de sistemas informatizados. Estes registos devem ser
verificados em todas as suas formas.
6.4.11. Corte das Operações ou “Cut-Off”: esta técnica tem como objetivo analisar a
dinâmica do procedimento operacional ou transacional, através da realização de um corte
nesse processo. A análise é feita através da fotografia do momento chave de um processo.
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6.5. Prova de Auditoria e Procedimentos para a sua Obtenção
Os auditores internos identificam a informação que serve de prova, a qual deve fornecer uma
base sólida para as observações e recomendações da auditoria. Essa informação deve ser:
Suficiente – factual, adequada e convincente, no sentido de que uma pessoa
informada e prudente chegaria às mesmas conclusões que o auditor;
Fidedigna – de confiança e a mais acessível, através do uso de técnicas de auditoria
apropriadas;
Relevante – suporta as observações e recomendações de auditoria e é consistente
com os objetivos da mesma;
Útil – ajuda a organização a atingir os seus objetivos.
Para a obtenção da prova de auditoria deverão ser executados testes de auditoria, adotando
os seguintes procedimentos:
Inspeção de Registos ou Documentos – consiste em examinar registos ou
documentos, internos ou externos, em forma de papel, eletrónica ou outra. A
inspeção de registos e documentos proporciona prova de auditoria de variados graus
de fiabilidade, dependendo da sua natureza e fonte e, no caso de registos e
documentos internos, sobre a eficácia dos controlos sobre a sua produção.
Observação – consiste em olhar para um processo ou procedimento que está a ser
desempenhado por outros. A observação proporciona prova de auditoria quanto à
execução de um processo ou procedimento, mas é limitada ao momento no qual a
observação tem lugar, pelo facto de o ato de ser observado poder afetar a forma
como o processo ou procedimento é executado.
Inquérito – consiste em obter informação de pessoas conhecedoras, dentro ou fora
da entidade, e é um procedimento de auditoria que é extensivamente usado e,
muitas vezes, complementado pela execução de outros procedimentos. O inquérito
pode ser formal ou informal, sendo a avaliação das respostas uma parte integrante
do processo. As respostas a inquéritos podem proporcionar ao auditor interno
informação já conhecida ou prova de auditoria corroborativa. Alternativamente, as
respostas podem proporcionar informação que difira significativamente de outra
informação que o auditor tenha obtido. Em alguns casos, as respostas proporcionam
um fundamento para o auditor modificar ou executar procedimentos adicionais de
auditoria.
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O auditor interno executa procedimentos de auditoria adicionalmente ao uso de
inquérito para obter prova de auditoria apropriada e suficiente. Geralmente, um
inquérito por si só não proporciona prova de auditoria suficiente para detetar uma
distorção material ao nível da asserção. Acresce que a indagação por si só não é
suficiente para testar a eficácia operacional de controlos.
Se bem que a corroboração de prova obtida por intermédio de inquérito seja muitas
vezes de particular importância, no caso de indagações sobre as intenções da gestão, a
informação disponível para suportar a sua intenção pode ser limitada. Nestes casos,
compreender a história passada da gestão pode proporcionar informação relevante sobre
a sua intenção para levar a efeito as intenções declaradas relativamente a ativos ou
passivos, as razões declaradas para escolher uma determinada orientação de gestão e a
capacidade para perseguir uma orientação específica de ação.
Relativamente a algumas questões, o auditor obtém declarações escritas para confirmar
respostas a indagações orais:
Confirmação – é um tipo específico de indagação, ou seja, é o processo de obter uma
declaração de informação ou de uma condição existente, diretamente de uma
terceira parte. As confirmações são usadas frequentemente em relação a saldos de
contas e aos seus componentes, mas não necessitam de ser restritas a esses itens. As
confirmações são também usadas para obter prova de auditoria sobre a ausência de
certas condições.
Reexecução – consiste na verificação do rigor de documentos ou de registos, isto é, a
reexecução é a execução independente de procedimentos ou controlos do auditor,
que foram originariamente executados como parte do controlo interno da entidade,
quer manualmente, quer por intermédio do uso de técnicas de auditoria, com
recurso à informática ou por testes de simulação.
Procedimentos analíticos na revisão das demonstrações financeiras – consistem na
avaliação da informação financeira, feita por relacionamentos plausíveis entre dados
financeiros e não financeiros. Os procedimentos analíticos também englobam a
investigação de flutuações e relacionamentos que sejam inconsistentes com outra
informação relevante ou se desviem significativamente de quantias previsíveis.
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6.6. Instrumentos de Gestão
A auditoria interna deverá apoiar a definição de indicadores de desempenho organizacional e
as escolhas em termos de ferramentas de apoio a uma gestão mais eficaz. Entre outros, o
recurso ao Balanced Scorecard (ferramenta de análise dinâmica que permite visualizar, em
tempo real, o desempenho de uma organização), aliado à implementação do SIADAP/QUAR
(nas suas atribuições relacionadas com a avaliação do desempenho organizacional) e da
Estrutura Comum de Avaliação (instrumento de autoavaliação na Administração Pública,
através do modelo CAF 2006), pode constituir um valioso conjunto de instrumentos de
alinhamento estratégico com as ações operacionais.
A auditoria deverá auxiliar o Conselho Diretivo do Camões, IP no acompanhamento e controlo
da execução dos instrumentos de gestão previsional, tais como os planos de atividade e o
orçamento financeiro, analisando periodicamente os desvios entre o realizado e o previsto e
enunciando, se for caso disso, as recomendações daí decorrentes.
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BIBLIOGRAFIA
Cordeiro, C. M., 2006, “Testes em Auditoria: Uma Revisão Conceitual Aplicável na Prática”,
Revista das Faculdades Santa Cruz, V. 5, nº 2: 5-9
Costa, A., 2007, “Importância Crescente dos Procedimentos Analíticos em Auditoria”,
Revisores/Auditores, nº 38: 36-44
Freitas, C. A., 2007, “A Materialidade, o Risco e a Amostragem em Auditoria”, in VV.AA, Temas de
Contabilidade, Fiscalidade, Auditoria e Direito das Sociedades, Braga, J. G., Malheiro, M. e Guimarães,
M.: 135-149
Marques, M., 1997, Auditoria e Gestão, Lisboa, Editorial Presença
Morais, G., Martins, I., 2007, Auditoria Interna Função e Processo, Áreas Editora
Pinheiro, J. L., 2008, Auditoria Interna – Manual Prático para Auditores Internos, Lisboa, Editora Rei dos
Livros
s.a., s.d, “Técnicas de Auditoria”, S.l. Tribunal de Contas do Estado da Bahia. Disponível em URL:
http://www.tce.ba.gov.br/Auditoria/conteudo/cerds/tecnicas.htm
s.a., s.d., “Técnicas de Auditoria”, S.l., Senado Federal. Disponível em URL:
http://www.senado.gov.br/sf/SENADO/scint/insti/controles_internos_07_tecnicas_auditoria.asp
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