Introducao - Sociologia Do Direito
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Hespanha – “O que é para nós o direito?” –, que pode ser lida como
uma tentativa de dar voz ao senso comum e aos preocupados com
os fenómenos sociojurídicos, na busca de uma definição subjetiva
do direito, eventualmente essencialista, mas situada socialmente.
A terceira e quarta, respetivamente, de François Ost – “Para que
serve o direito? – e de Jacques Commaille – “Para que nos serve o
direito?”– remetem para a constelação dos protagonistas, actores
sociais, povo, sujeito de direito, movimentos sociais, lobbies, pes-
soas e, simultaneamente, para a organização social do direito que
cumpre finalidades em situações concretas, reais e simbólicas, e que
desempenha também diferentes tipos de funções sociais. A quinta, da
autoria de Boaventura de Sousa Santos, – “Pode o direito ser eman-
cipatório?” –, coloca-nos perante dois caminhos básicos que são o da
afirmação da promessa da democracia e do direito democrático ou,
em alternativa, dos cenários cada vez mais reais da pós-democracia,
da democracia iliberal e das diferentes manifestações de autoritarismo
mesmo no quadro das sociedades ditas democráticas.
A intertextualidade e interdependência das propostas acima enun-
ciadas são por de mais evidentes e, sobejamente conhecidas, pelos
estudiosos destes nomes de referência para sociologia do direito na
atualidade. Ao procurar o ponto comum entre elas, sou conduzi-
do a formular uma sexta pergunta – “A quem serve o direito?” –,
pretendendo salientar o modo como o direito se combina com as
diferentes formas de poder, com as desigualdades sociais, a maneira
como as instituições e organizações são servidas e se servem do
direito, e, no limite, os processos sociojurídicos onde a exceção se
normaliza, criando um novo normal onde se descortinam dimensões
performativas dos fenómenos da anomia e das patologias sociais e
individuais. Numa palavra, o que está em causa é entender de que
modo a regressão do direito democrático corresponde ao enfraque-
cimento da democracia e ao retrocesso temporal dos valores civili-
zacionais que tornam dececionante e perigoso o tempo que corre.
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5. Uma abordagem passível de dialogar com a de Ost é a de Nick Crossley (1996). A questão
do poder na relação de intersubjetividade é estudada pelo autor, o qual, através dos direitos
de cidadania, demonstra como o direito e o poder são fatores indissociáveis na manifestação
da subjetividade. A sua análise evidencia, a título de exemplo, que o “poder liberal” faz uso
da relação de intersubjetividade e do desejo de reconhecimento, acabando por subordinar
o outro à vontade do que detém mais poder (cf. Crossley, 1996: 147). Ao invés de negar
a subjetividade do outro, a aceitação da mesma pretende tornar-se num mecanismo de
utilização dos direitos, como forma de atingir outros objetivos. O reconhecimento de
direitos pode, nesta medida, funcionar como objeto de submissão à vontade do mais forte.
O poder opera através da lógica das relações humanas, de partilhas e interdependências,
sendo produto de propriedades específicas da intersubjetividade (Crossley, 1996: 148). O
autor, ao classificar a cidadania como uma forma de intersubjetividade, afirma a propósito
da mesma, que os direitos formais a ela associados podem ser interpretados como um
embodiment institucional de uma relação intersubjetiva de reconhecimento (cf. idem: 155).
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das ciências sociais, no caso que aqui se especifica do direito, têm co-
locado em causa os conceitos e categorias com os quais as disciplinas
jurídicas, políticas e sociojurídicas têm pensado a realidade: estatali-
dade, positivização do direito, legalidade, legitimidade, expectativas
jurídicas, expectativas normativas, constitucionalismo, funções do
direito, tribunais, resoluções de conflitos, acesso ao direito, direitos
sociais, direitos fundamentais, democracia, justiça social, etc.
A construção deste universo conceptual deu-se na historicidade da
modernidade e consolidou-se no que se poderá designar por tempo
normal da sua aplicação e utilização interpretativa. Mas poderão os
mesmos continuar a ser academicamente transmitidos e utilizados
na investigação científica quando a realidade parece evoluir, de uma
forma irreversível, para um mundo cada vez mais incerto e indeter-
minado? Não será de aceitar a intuição de Ulrich Beck quando con-
sidera que as nossas comuns formas de pensamento e instrumentos
de análise da sociedade são postos em causa por um futuro que não
é mais a mera projeção do presente – o que, a suceder, asseguraria
a continuidade das formas epistémicas no tempo?
Como forma de interpelar a analítica da sociologia política do
direito, parto de quatro pressupostos:
Primeiro: Desarmadilhar o real, questionando a raiz das perguntas
e não as respostas que normalmente lhes são dadas, tendo presente
a diversidade destas, é uma forma de provocar a interpelação des-
construtiva, como procedimento reflexivo complexo e teoricamente
fundamentado. Assumo que desmascarar o real é um trabalho so-
ciológico árduo que insiste em contrariar a ideia de irredutibilidade
do social, tendo presente as múltiplas barreiras epistemológicas e as
sempre invocadas ruturas epistemológicas, visando uma interpreta-
ção não mitificada da sociedade.
Segundo: Constatar que a forma contrapõe a dimensão teórica à
dimensão prática e assenta na distinção entre perguntas e problemas.
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