Historia Acre Completo

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UMÁRIO

PREFÁCIO
06

Parte 1 – ACRE EM DA TAS


07

Parte 2 - POVOS I NDÍGENAS EM TERRITÓRIO ACRIANO


11

Parte 3 - PROCESSO DE ABRASILEIRA MENTO DO TERRITÓ-


RIO QUE HOJE C HAMAMOS D E ACRE
15

Parte 4 - “EVOLU ÇÃO” ECONÔMICA DO ACRE


23

4.1 Primeiro Surto da Borracha


27
4.2 Sistema de Avi amento da borracha
30
4.3 Segundo Surto da Borracha
33
4.4 Expansão (agro )pecuária e o s movimentos de defesa da floresta
no Acre
36
4.5 Agricultura no Acre: das co lônias agrícolas aos projetos de as-
sentamento dirigidos
41
4.6 Desenvolv imento sustentável e reservas extrativistas
44

PARTE 5 - “EVOLUÇÃO” POLÍ TICA E ADMI NISTRATIVA DO


ACRE MOVIM ENTO AUTONO MISTA ACRIANO
48

PARTE 6 - ASPECTOS S ÓCIO -GEOGRÁFICOS DO ACRE


58

6.1 Demografia
58
6.2 Educação
58
6.3 Transporte
59
6.4 Energia
60
6.5 Comunicação
61
6.6 Solo
61
6.7 Clima
62
6.8 Relevo
62
6.9 Vegetação
62
6.10 Hidrografia
63
6. 11 Fuso ho rário
63

PARTE 7 - FLUX OS MIGRATÓRI OS NO ACRE


65

PARTE 8 - GLOS SÁRIO


67

1493 – Bula Papal Intercoetera (o território que


hoje pretende ao Acre passou a ser da Espanha).
1494 – Tratado de Torde silhas ( o Acre continua
sendo área da Espanha).
1542 – O padre espanhol Gaspar de C arvajal na-
vega o Rio Amazonas.
1616 – Os portugueses c omeçam a (des) povoar
a Amazônia. Desrespeitam o Tratado de Tordesi-
lhas e fundam o Forte do Presépio em Belém.
1750 – Tratado de Madri (passa a vigorar o uti
possidetis). O Acre ainda pertencia à Espanha.
Foi este tratado que p rimeiro mencionou a linha
Madeira-Javari.
1761 – Tratado de Prado (os limites voltam ao
prescrito pelo Tratado de Tordesilhas).
1777 – Tratado de Santo Idelfonso (territórios já
conquistados seriam dos Portugueses). O Acre
ainda espanhol, pois pert encia ao Vice-Reino do
Peru.
1809-25 – Independência da Bolívia (Desligou-
se do Vice-Reino do Peru).
1822 – Independência do Brasil.
1839 – A descoberta d a VULCANIZAÇÃO, fun-
damental para a economia da borracha.
1844 – A Bolívia tenta franquear o rio Amazonas
à navegação internacional.
1850 – 5 de setembro (Criação da Província do
Amazonas, desmembrada do Pará).
1852 – A região do Acre é administrada pelo Es-
tado do Amaz onas, fazendo parte da comarca do
Rio Negro.
1854 – João da Cunha Correia (expedição explo-
ratória no Juruá).
1860\66 – Manuel Antônio da Encarnação (expe-
dição exploratória no Purus, percorre o Rio
Acre).
1864 – William Chandless trafega o Juruá;
1867 – Tratado de Ayacucho.
1874 – Tentativa de definição de fronteiras entre
Bolívia e Peru.
1877 - Grande seca no Nordeste.
1878 – João Gabriel de C arvalho e Melo faz o
primeiro povoamento oficial na região.
1894 – Relatório de P ando sobre a ocupação das
terras pelos brasileiros.
1895 - Protocolo Medina-Carvalho. Instruía a co-
missão mista a traçar uma linha geodésica entre
os rios Madeira e Javari, passando pelo rio A cre
e avançando preferencialmente por terra.
1897 - Thaumaturgo de Azevedo pede demissão
da comissão demarcatória e torna público o seu
relatório, afirmando que o Brasil perderia o Acre.
1897 – O ministro brasileiro Dionísio Cerqueira
autoriza Cunha Gomes a fazer nov a ex ploração
do Rio J avari para identificar o ponto em ex tremo
oeste da linha demarcatória entre o Brasil e a Bo-
lívia, tendo por base o Tratado de Ayacucho.
1898 - Cunha Gomes é nomeado ch efe da Comis-
são de Limites.
1898 – Foi traçada a Linha Cunha Gomes, o Acre
seria terras estrangeiras.

1903, 17 de novembro – é assinado o Tratado de


Petrópolis.
1903, 28 de dezembro – O presidente convoca o
Congresso Nacional em caráter extraordinário
para aprovar o Tratado de Petrópolis.
1903, 30 de dezembro – O Congresso se reúne
para avaliar o Tratado de Petrópolis.
1904, 13 de janeiro - Comissão de Diplomacia e
Tratados aprova o Tratado de Petrópolis.
1904, 25 de fevereiro - o Congresso aprova e o
presidente sanciona a abertura de créditos para o
pagamento das despesas oriundas do Tratado de
Petrópolis e autoriza o Governo Federal a adm i-
nistrar diretamente o Acre.
1904, 07 de abril – primeira organização te rrito-
rial do Acre. É criado três departamentos: Alto
Acre, Alto Purus e Alto Juruá.
1904, 12 de junho – é assinatura do Modus Vi-
vendis entr e o Brasil e o Peru. Euclides da Cunha
representava o Brasil.
1908, 11 de agosto - Plácido de Castro é assassi-
nado.
1909, 08 de setembro - Tratado Brasil e Peru é
assinado, a Questão do Acre termina definitiva-
mente.
1909, 25 de junho - o Manifesto Autonomista do
Alto Juruá é publicado nos jornais de Manaus.
1910 – Deu-se a primeira Revolta Autonomista
em Cruzeiro do Sul.
1912 - Revoltas Autonomistas em Sena Madu-
reira.
1912: Nova Administração Política. 4 Departa-
mentos e 5 Municípios (Rio Branco, Sena Madu-
reira, Xapuri, Tarauacá e Cruzeiro do Sul).
1918 – Deu-se a revolta autonomista do Alto
Acre.
1920 – Foi c riado o governo geral no Território
do Acre, os departamentos foram extintos.
1938 - Foram criados os municípios de Feijó e
Brasileia.
1942, em janeiro - o Japão invade e domi na mili-
tarmente a Malásia, maio r forn ecedora de bo rra-
cha aos aliados da segunda guerra mundial.
1942, março – é Assina do os Acordos de Wa-
shington.
1942 – Chegada dos “soldados da borracha” ao
Acre.
1957 - Guiomard Santos redigiu a Proposta de
Lei (PL) que elevaria o Território do Acre à ca-
tegoria de Estado.
1962, 15 de junho - o presidente João Goulart
(PTB) sancionou a Lei que elevou o Acre à cate-
goria de Estado.
1963 – É promulgada a 1° Constituição do Es-
tado do Acre.
1966 – O BASA substit uiu o Banco de Crédito
da Amazônia.
1971 - O BASA revoga as linhas de crédito aos
seringais endividados.
1972 - O INCRA e a Delegacia do Trabalho pas-
saram a funcionar no Acre.
1972 – Criação do P rograma de Incentivo à Pro-
dução da Borracha (PROBOR I).
1975 – Fundação do Sindicato dos Tr abalhadores
Rurais em Brasileia.
1976 – A FUNAI foi instalada no Acre.
1976 – Fundação do Sindicato dos Tr abalhadores
Rurais em Rio Branco e Cruzeiro do Sul.
1976 – Apesar de já terem sido criados, os muni-
cípios Mâncio Lima, As sis Brasil, Epi taciolân-
dia, Manuel Urbano, Plácido de Castro e Quinarí
(Senador Guiomard), partir de então, são plena-
mente instalados.
1977 – Fundação do Sindicato dos Tr abalhadores
Rurais em Xapuri.

Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 10


1992 - Em 1992, foram criados mais dez municí-
pios, a saber: Acrelândia (desmembrado d e Plá-
cido de Castro), Bujari (separado de Rio Branco),
Capixaba (separado de Rio Branco), Epitaciolân-
dia (separada de Brasileia), Jordão (desmem-
brado de Taraua cá), Mar echal Thaumaturgo (se-
parado de Cruzeiro do Sul), Porto Acre (des-
membrado de Rio Branco), Porto Walter (sepa-
rado de C ruzeiro do Sul), Rodrigues Alves (de
Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul) e Santa Rosa do
Purus (desmembrado de Manuel Urbano).
1998 - Vitória da Frente Popular do Acre nas
eleições p ara o governo do Estado. Inicialmente
ela era composta p elos seguintes partidos: PT,
PC do B, PSB, PDT, PSDB, PMN, PL, PPS, PV,
PTB, PT do B.
1982 – Criação da UNI – União das Nações Indí-
genas do Acre.
1985 - 1° Encontro Nacional dos Seringueiros.
1990 – Criação da R eserva Extrativista Alto Ju-
ruá e Chico Mendes.
2000 – Criação da O rganização dos Prof essores
Indígenas do Acre (OPIAC).
2002 – Primeiro empréstimo contraído pela
Frente Popular perante o Banco Interamericano
de Desenvolvimento (BID). Financiou o projeto
de desenvolvimento sustentável do Acre.
2008 - O Supremo Tribunal Federal (STF) apro-
vou um aumento territorial do Acre, acrescen-
tando 1,2 milhão de hectares advindos da incor-
poração de parte dos municípios amazonenses de
Guajará, Ipuxuma, Eurunepé, Lábrea e Bo ca do
Acre.
2014, maio - é aprovada a Emenda Constitucio-
nal Nº 78, que previu o pagamento de R$
25.000,00 (vinte e cinco mil reais) aos “solda-
dos” vivos e pensionistas dos já falecidos
1
.
2015 – Os soldados da borracha r ecebem RS 25
mil do Governo Federal a título de indenização.

A genealogia do Acre começa quando a


história de inúmeros povos nativos termina. O
contato entre nativos e n ordestinos não foi har-
mônico. Acontece que a história do Acre sempre
é contada a partir de um ponto de vista etnocên-
trico. Muito esforço foi feito para inocentar os
primeiros acrianos da chacina.
Primeiramente, tentaram most rar a ine-
xistência dos nativos ou a pouca qu antidade nu-
mérica deles na região. Para isso, foram us adas
expressões do tipo “deserto ocidental”, “terra va-
zia”, etc. Depois, impossibilitados de negar a
existência d as inúmeras nações, bus caram ex pli-
car a redução dramática delas por meio de hipó-
teses alheias à exploração da borracha.
Vários a rgumentos for am empregados
para ex plicar a dizimação dos nativos. Diz em que
os fatores responsáveis pelo desaparecimento d e-
les foram os assassinatos cometidos por pe ruanos
e bolivianos, conflitos intertribais, doenças, além
de outros.
Raramente os primeiros acrianos são res-
ponsabilizados pelo genocídio. Quando a violên-
cia é admitida, eles não figuram como agressores .
Explica-se que o uso da força foi em legítima de-
fesa, uma reação à “barbárie” dos nativos. E tal
enfrentamento ainda s erviu para enaltecer ainda
mais a coragem nordestina.
As “correrias” foram consequências dire-
tas da economia gumífera. Eram que objetivava
a expulsão dos indígenas que moravam em áreas
ricas em s eringueiras, a captura de indí genas para
trabalhar como escravos ex pedições com o obje-
tivo de matar índios. As correrias também tinham
como objetivo e o sequestro de mulheres para se-
rem abusadas sexualmente, etc.
Com as informações que se têm hoje não
dá para n egar a possibil idade de o V ale do Acre
ter sido milenarmente habitado por indígenas.
Nesse sentido, o processo de formação do Acre
enquanto territóri o brasil eiro é apenas um capí-
tulo da história humana na região. O menor capí-
tulo por sinal e o mais nefasto do ponto de vista
de perdas humanas.
A população nativa na re gião acriana bai-
xou consideravelmente após a migração nordes-
tina. Em menos de meio século estima-se que
mais de 50 mil nativos tenham sido vítimas do
“contato” com o acriano.
Durante o período de 19 00 a 1957, nada
menos que 36 grupos étnicos foram extintos. Em
2000, a população estimada de indígenas no Acre
era de 8.009 ( IBGE, 2010), e em 2010 passou
para 15.921 nativos. M esmo com o crescimento
demográfico, a população indígena no Acre
ainda não ultrapassa 2,2 % da população total do
Estado. Algumas tribos são: Ashaninka, J ami-
nawa Arara, Katukina, Po yanawa, Madija, Man-
chineri, Apolima Arara, Jaminawa, Kaxinawá,
Nawa, Nukini, Yawanawá, Apolima, Kax arari,
Shanenawa e Arara.
Na década de 1970, fo ram descobertos
inúmeros geoglifos no Acre. O Estado decidiu
promover a pecuária para posto de principal ati-
vidade econômica da região e, como consequ ên-
cia disso, florestas inteiras foram derrubadas pa ra
a feitura de pastos. Foi exatamente esse desmata-
mento que possibilitou a observação dos geogli-
fos a partir de uma posição aérea de longa distân-
cia. Eles podem servir como prova d a presença
milenar do ser humano no território.

Os geoglifos (geo = terra + glifos = dese-


nhos) são desenhos gigantescos feitos na superfí-
cie da terra. Eles tomam formas geométricas, zo-
omorfas e antropomorfas. Ainda não se sabe exa-
tamente como foram feit os. As técnicas empre-
gadas ainda são desconhecidas. É possí vel que
eles tenham sido produzidos pelo menos há dois
mil anos.
O importante aqui não é s aber o que levou
esses povos “pré-colombianos” a fazer tais dese-
nhos na terra. Muito menos especular sobre a ori-
gem desses povos. O certo é que os geoglifos
apontam para a milenar presença humana na re-
gião. O que faz da hist ória da sociedade acriana
apenas mais uma das inúmeras que possivel-
mente palmilharam nesse solo

INTRODUÇÃO
♦ O termo “índio” fo i uma invenção do europeu para caracterizar os
povos que habitavam na América. O termo oculta toda a diversidade
cultural existente entre os nativos.
♦ A hipótese mais aceita sobre a origem humana no continente ame-
ricano é a de que houve uma mig ração da Ásia durante o p eríodo da
Idade do Gelo, entre os a nos 40.000 e 12.000 a.C., pelo estreito de
Bering.
♦ Acredita-se que os primeiros habitantes da Amazônia chegaram por
volta de 1.500 a.C. (alguns pesquisadores d efendem a hipótese de
que a presença indígena na Amazônia remonta os anos de 31.5 00
a.C.).
♦ Cerca de 6 milhões de nativos habitavam na Amazônia antes da
chegada dos portugueses em 1616.
♦ No território onde hoje chamam os de Acre, na segunda meta de do
século XIX, viviam cerca de 150 mil índios, distribuídos em 50 po vos.
♦ Em 1989, a população indígena em território acreano era em torno
de 5 mil. Em 1996, o número pa ssou para 8.511. No ano de 2001, a
FUNAI notificou a existência d e 10.478 índios em todo Estado do Acr e,
distribuídos em 12 povo s. Esse tímido aumento pode ser explicado
pela atuação de organizações indigenistas.
♦ Os índios nunca abriram mão de suas terras sem colocarem em prá-
tica várias formas de r esistências, dentre as quais o confronto com o
homem branco.
♦ Algumas das causas da diminuição demográfica indígena:
a) assassinatos cometidos pelos coletores de “drogas do sertão”;
b) assassinatos cometidos pelos seringueiros brasileiros através das
“correrias”; c) doenças t ransmitidas pelos brancos; d) assassinatos co-
metidos por caucheiros peruanos e soldados bolivianos; e) assassina-
tos cometidos por capangas de fazendeiros a partir dos anos 1970.
♦ Os caucheiros eram nômades (desbravavam continuamente no-
vos territórios para descobrirem c aucho), por isso constituíram n um
dos principais inimigos dos indígenas.
♦ As correrias eram organizadas pelos seringalistas que reuniam até
50 homens armados para atacarem as aldeias, matavam os líderes,
escravizavam vários índios e cooptavam as índias para servirem de
mulheres no seringal.

TRONCOS LINGUÍSTICOS
♦ No Acre, o s indígenas estão divididos em dois grandes troncos indí-
genas: a) Aruaque ou Aruak, que dominavam a bacia do Rio Purus (Ku-
linas, Ashaninkas / Kam pas e Man chibery.; b) Pano, que dominavam a
região do rio Juruá (Kaxinawás, Yawanawás, Poyanawás, Jaminawas,
Nukinis, Araras, Katukinas, Shaneanawa, Nawas, e Kaxararis). O BS: al-
guns estudiosos preferem a divisão em três troncos: Pano, Aruak e
Arawá

SOCIEDADE
♦ A maior parte dos indígenas habitava nas mar-
gens dos rios amazônicos (várzeas) - devido à facili-
dade para encontrar alimentos. Além disso, a ferti-
lidade das praias estimulou-os a praticarem a agri-
cultura nestes locais.
♦ Habitavam em menor quantidade nas terras fir-
mes, pois tinham que derrubar a floresta e fazer
queimadas para o cultivo de roçados.
♦ Os índios não concebiam a terra co mo mercado-
ria, mas como o lugar onde se vive comunitaria-
mente a cultura, as crenças e as tradições.
♦ A organização social das tribos b aseava-se em fa-
mílias extensas, que habitavam povoações isoladas
sob a liderança de um ancião.
♦ Índios arredios o u “brabos” são aqueles q ue não
assimilaram a cultura do branco, ou que nem ao
menos tiveram convivência com o homem branco.
♦ Os índios se deslocavam para as cidades acrianas
para: a) co mercializarem produtos florestais; b)
buscarem a uxílio de órgãos de proteção ao índio; c )
buscarem tratamento de saúde; d) praticarem a
mendicância (principalmente os jaminawas).
♦ As malocas são feitas de paxiúba;
♦ Alguns grupos desenvolveram com perfeição a
cerâmica e o artesanato.
♦ A cura de várias doenças era obtida co m remé-
dios naturais;
♦ A educação é transmitida pelos mais velhos, res-
ponsáveis por todo o legado cultural da tribo.
♦ Os pajés, líderes e spirituais das tribos, têm uma
função especial na realização de festividades, na
contação de histórias e na preservação do legado
cultural da tribo.
♦ Atualmente, as Terras Indígenas so mam uma
área aproximada de 14% da extensão territorial do
Acre, perfazendo um total de 2.167.146 hectares.
Sendo que das 580 terras indígenas do Brasil, 31 lo -
calizam-se em solo acreano.
♦ O Estado do Acre é a unidad e da federação com
maior diversidade biológica e étnica. Há certa de 34
terras indígenas no Acre, quase 15% do território
do Acre. Há 15 povos indígenas e 3 ainda isolados,
o que somam quase 3% da população do Acre.

ECONOMIA
♦ Nos séculos XVI e XVII, era
costume o co mércio do exce-
dente de produção entre a s tri-
bos indígenas. Para o indígena, a
seringueira não era uma árvo re
dotada de valor especial.
♦ Os índios foram os pr imeiros a
manipular o látex da serin-
gueira. Muitas tribos davam -lhe
um sentido cultural, transfor-
mando-a em objetos.
♦ Os índios dedicavam-se à
pesca, à caça e a guerra. As ín-
dias contribuíam no trabalho
agrícola e na fabricação de cerâ-
micas.
♦ Os povos indígenas da Amazô-
nia eram todos agricultores. A
terra pertencia a todos.
♦ O trabalho de to da a tr ibo po-
deria ser concluído em 3 ou 4
horas.
♦ A produção era para sustentar
toda a aldeia.
♦ O arco e a flecha foram as prin-
cipais armas utilizadas pelos na-
tivos da região.
♦ Os índios participaram do pri-
meiro surto da borracha como
“mateiros” e guias em busca de
novos locais de exploração da
borracha.
♦ Com a primeira grande crise da
empresa extrativa a partir de
1912, a mão-de-o bra indígena
substitui, em grande parte, a de
seringueiros nordestinos.
♦ Aos poucos, fo ram integrados
à economia extrativa, tornando-
se dependentes dos bens avia-
dos pelo barracão, embora
nunca t enham deixado à pesca e
à caça.

ÓRGÃOS INDIGENISTAS
♦ A FU NAI foi criada em 1967. No Acre ela foi instalada
em 1976, com o objetivo de prestar as sistência às co-
munidades indígenas, vítimas das empresas agropecu-
árias.
♦ Durante muitos anos a FUNAI restringiu-se a delimitar
terras indígenas, ao invés de demarcá-las. Além de ofe-
recer uma precária assistência médica aos índios.
♦ A FUNAI t ambém tinha como preocupação o desen-
volvimento de projetos econômicos de base comunitá-
ria, principalmente envolvendo atividades agrícolas.
♦ Atualmente a política da Funai é de que não seja rea-
lizado qualquer contato com os índios isolados. Agem
apenas localizando e delimitando as áreas nas quais vi-
vem, para impedir a entrada de brancos.
♦ Outros órgãos foram criados para subsidiar a luta in-
dígena – Comissão Pró -Índio ( CPI/AC), Conselho de
Missão entre Índios ( COMIN) e o Cent ro de Trabalho In-
digenista (CTI).
♦ Em 1982, f oi idealizada a criação da UNI – União das
Nações Indígenas do Acre – que passou a cobrar da FU -
NAI e de outros órgãos a demarcação urgente das ter-
ras indígenas.
♦ Em 2000, é criada a Organização dos Professores I n-
dígenas do Acre (OPIAC), com o objetivo de promover
a educação escolar indígena de forma diferenciada.
♦ Nas eleições municipais de 1996, foram eleitos 5 ve-
readores dos 14 candidatos indígenas e 1 prefeito. Nas
eleições de 2002, foram eleitos 27 vereadores.

Conclusão
♦ Até 2004, cerca de 65% das terras indígenas ainda
não eram demarcadas. A demarcação é o procedi-
mento legal pelo qual a União determina oficialmente
os limites de uma área indígena.
♦ Desde 1996, a Comissão Pró-Índio desenvolve tam -
bém um projeto p ara formação de agentes agroflores-
tais indígenas. Os índios aprende m a zelar mais pelos
recursos naturais existentes em suas terras, servindo
como verdadeiros fiscais em seu território.
♦ Em 2000, a Comissão Pró-Índio catalogou a existência
de 85 escolas e 137 professores indígenas.
♦ No primeiro mandato da F rente Popular do Acre no
Poder E xecutivo do Estado, foi criada a secretaria dos
Povos Indígenas do Acre, nomeando o primeiro indí-
gena a secretário de Estado - Francisco da Silva Pinhatã,
(da etnia Ashaninka).

história do Acre enqu anto território


habitado por brasileiros não teve origem com a
chegada dos nordestinos , pois jamais teriam
migrado para a região s em que houvesse uma
motivação para tal. Por isso, é preciso compre-
ender o p rocesso de an exação a partir de um
ponto de vista internacional. Primeiro de tudo,
a borracha teve que se to rnar uma mercadoria
desejada pelos países desenvolvidos. Isso
aconteceu quando cientistas europeus d esco-
briram nela c ertas propriedades economica-
mente úteis à indústria.
Na segunda metade do século XIX, a
Europa passou por um processo de industriali-
zação acelerada, e novos mercados e oportuni-
dades de negócios foram abertos. O capita-
lismo enquanto sistema econômico exige isso,
já que o capital está sempre em busca de opor-
tunidades de inversão lucrativa. Foi nesse con-
texto que a borracha foi descoberta como ma-
téria prima.
A Inglaterra, a maior potência indus-
trial da época, tratou logo de investir na produ-
ção de borracha amazônica, a única região que
ofertava o produto. Isso porque o Brasil e a ini-
ciativa privada nacional ficaram indiferentes a
essa nova oportunidade de negócios, centrado
como estavam na economia cafeeira.
Foi assim que o capital internacional
potencializou a cadeia de aviamento então
existentes, financiando toda a migração de nor -
destinos para a Amazônia brasileira. Bancos
ingleses abriram filiais em Manaus e Belém
oferecendo li nhas de c réditos convidativas.
Mas isso não foi gratuito, já que, no topo da
cadeia de avi amento estava as Casas Exporta-
doras, responsáveis pela distribuição internaci-
onal da borracha, ou seja, a In glaterra monopo-
lizou a comercialização mundial do produto,
ficando com o grosso do l ucro d a e conomia go-
mífera.
Como o Nordeste sofria de uma grande
seca, não foi difícil convencer os cearenses a
migrarem para o “inferno verde”. Mentia-se di-
zendo que eles ficariam ricos com a extração
da borracha e r apidamente volt ariam para as
suas respectivas cidades natais.
A extração da borracha inicialmente
aconteceu de forma predatória, de modo que as
seringueiras rapid amente se tornavam inutili-
záveis, obrigando o seringueiro a migrar para

, obrigando o seringueiro a migrar para

Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 16


áreas mais férteis. E foi assim que os nordesti-
nos ult rapassaram a fronteira do Brasil e inva-
diram território est rangeiro. Foi em conse -
quência disso que surgiu a Questão do Acre,
que ao nosso ver, nad a m ais foi do que um re-
sultado da inserção da região na rede comercial
capitalista.
Tudo ia muito bem até que um dos can-
didatos a dono do território, a Bolívia
2
, resol-
veu exercer sua soberani a na re gião, cobrando
impostos sobre a produç ão da bor racha. E foi
por isso que surgiu a Qu estão do Acre – uma
consequência direta da in corporação da região
à cadeia produtiva e com ercial capitalista cujo
topo estavam os p aíses desenvolvidos
3
. Acon-
tece que a história ensinada nas escolas “es-
conde” as mot ivações ec onômicas e prefere di-
vulgar uma visão “romântica”, afirmando que
os acrianos recusaram o governo boliviano por
que eram patriotas.
Podemos dividir o processo de nacio-
nalização do Acre em três etapas: 1) Invasiva;
2) Militar; e 3) Diplomática. A p rimeira foi a
principal, ou seja, sem a ocupação (invasão) do
território pelos brasileiros nada teria aconte-
cido. A segunda foi a resistência militar que fi-
zeram contra a soberania boliviana na região
do Purus e contra a pe ruana no Juruá. A ter-
ceira foi a que de fato resolveu a Quest ão do

2
Bolívia e Peru disputavam o ter ritório que hoje conhe-
cemos como Acre. Já que a região acriana fazia parte do
Vice-Reino d o Peru, u ma colô nia espa nhola q ue d eu ori-
gem à Bolívia e ao Peru.
3
O Acre, portanto, surge co mo par te integrante da
periferia do cap italismo desenvolvido, e nessa condição
Acre, dando ao Brasil o direito de exercer so-
berania no território perante a comunidade in-
ternacional.
Em consequência da assinatura do Tra-
tado de Petrópolis (1903) o B rasil teve, dentre
outros, que: a) construção da Estrada de Ferro
do Madeira ao Mamo ré; b) indeniz ação de
2.000.000 (dois milhões de libras esterlinas);
dentre outros.

ele está até hoje, ou seja, é um mero prod utor de matérias


primas, só q ue agora expo rtador de madeira e m vez de
borracha.
A disputa territorial só aconteceu po r causa da valoriza-
ção da bor racha no mercado Internacional e po rque era
um estratégico reservatório natural de serin gueiras

, obrigando o seringueiro a migrar para

Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 16


áreas mais férteis. E foi assim que os nordesti-
nos ult rapassaram a fronteira do Brasil e inva-
diram território est rangeiro. Foi em conse -
quência disso que surgiu a Questão do Acre,
que ao nosso ver, nad a m ais foi do que um re-
sultado da inserção da região na rede comercial
capitalista.
Tudo ia muito bem até que um dos can-
didatos a dono do território, a Bolívia
2
, resol-
veu exercer sua soberani a na re gião, cobrando
impostos sobre a produç ão da bor racha. E foi
por isso que surgiu a Qu estão do Acre – uma
consequência direta da in corporação da região
à cadeia produtiva e com ercial capitalista cujo
topo estavam os p aíses desenvolvidos
3
. Acon-
tece que a história ensinada nas escolas “es-
conde” as mot ivações ec onômicas e prefere di-
vulgar uma visão “romântica”, afirmando que
os acrianos recusaram o governo boliviano por
que eram patriotas.
Podemos dividir o processo de nacio-
nalização do Acre em três etapas: 1) Invasiva;
2) Militar; e 3) Diplomática. A p rimeira foi a
principal, ou seja, sem a ocupação (invasão) do
território pelos brasileiros nada teria aconte-
cido. A segunda foi a resistência militar que fi-
zeram contra a soberania boliviana na região
do Purus e contra a pe ruana no Juruá. A ter-
ceira foi a que de fato resolveu a Quest ão do

2
Bolívia e Peru disputavam o ter ritório que hoje conhe-
cemos como Acre. Já que a região acriana fazia parte do
Vice-Reino d o Peru, u ma colô nia espa nhola q ue d eu ori-
gem à Bolívia e ao Peru.
3
O Acre, portanto, surge co mo par te integrante da
periferia do cap italismo desenvolvido, e nessa condição
Acre, dando ao Brasil o direito de exercer so-
berania no território perante a comunidade in-
ternacional.
Em consequência da assinatura do Tra-
tado de Petrópolis (1903) o B rasil teve, dentre
outros, que: a) construção da Estrada de Ferro
do Madeira ao Mamo ré; b) indeniz ação de
2.000.000 (dois milhões de libras esterlinas);
dentre outros.

ele está até hoje, ou seja, é um mero prod utor de matérias


primas, só q ue agora expo rtador de madeira e m vez de
borracha.
A disputa territorial só aconteceu po r causa da valoriza-
ção da bor racha no mercado Internacional e po rque era
um estratégico reservatório natural de serin gueiras

CA USAS:
- A i nsi stência do
Governo brasi lei ro em
reconhecer as Terras
Acreana como
propriedade
estrangei ra;
- I nstalação da
Aduana bolivi ana em
Puerto Alonso em
jan/ 18 99.
- O descontent am ento
dos seri ngal i stas e do
governador do
Am azonas com a
soberania bol i vi ana
na regi ão.
- José de C arval ho,
lí der da 1°
insurreição,
consegui u
convencer os
boli vi anos a saí rem
da região sem
precisar f azer uso da
viol ência.
- O B rasi logl
int ervei o no caso e o
Acre (região banhada
pelo rio Acre) passou
a ser admini st rado
novam ent e pe los
boli vianos.
C A USA:
- A d escoberta do
pl an o bol í viano de
prováv el
arrendam ent o do
A cre pa ra um
S i ndicato
I nt ernacio-nal.
- O espanhol Luiz
G al ve z, pat roci n ado
pelo governo do
A m azo nas,
procl am a o A cre um
paí s i ndep endent e,
t ant o do Bra si l,
qua nt o da B olí vi a.
S eu governo
durou pouco, pois
crio u mui t os
in i mi gos,
prin ci palm e nte
quando proíbe a
com erci ali z açã o da
borracha com o
B rasi l.
- G a l vez é depo sto
em 2 8/ 12/1 899.
V ol t a p ara ao c argo
em 1 2/ 1/ 1900. No
di a 1 5 de f evereiro
é def ini t i vamente
dep ost o pelo
G ov erno brasi l ei ro,
e ret orna à E u ropa.
C A USAS:
- A ocu paç ão
m i l i t ar d o Acre
pel a s t ropas
bol vi a nas, a pós a
der- rot a de
G al v ez.
- O f ato de o
Brasi l t er
con f i rmado a
pos se boli vi a na.
- S i lvéria Nerí,
novo governado r
do A m a- zon as,
el eg e-se pro-
m et e ndo "lib ertar
o Ac re".
- Fo i comp ost a por
hom ens "l et rado s"
e f i nanci ada p elo
go- verno do
Am azôn a s.
- Fo ram
derrot ado s em
m enos de u ma
hora de co m ba t e.
CA USA S:
- A perm anenci a dos
bolvi anos na regi ão
acreana e o Bolivi an
Si ndi cat e. .
- Foi f inanci ado pelo
governo am azonense
e po r al guns
seringal i stas l ocai s.
- O s dois princi pais
com bates f oram:
1° ) Xapurí , 06 de
agost o de 1902 - a
vit ória foi conqui st ada
sem derramam ento
de san gue;
2° ) P uert o Al onso, 15
a 24 de janeiro de
1903, quan do os
boli vanos ser rendem
e P l ácido é aclamado
governador do
Est ado I ndependente
do A cre.
-Em maio de
1903, o general
brasil ei ro O l í mpio,
dissol ve desbarat a as
tropas acreanas.
CAUSAS:
- Tent ar resol ver de
fez os confli tos
armados ent re
boli vianos e
brasil eiros na região.
- O Barão de R io
Branco, minist ro do
Exterior, conseguiu
negociar com a
Bol ívia, um "acordo
de perm ut a de
territ órios e out ras
compensações",
através do qual
o Acre seria
nacional izado por
mei o:
a) De pagam ento
de 2 mil hões de
li bra;
b) Da contrução da
ferrovia
mad eira/mam oré;
c) Obt enção da
área de 2. 296 KM²;
d) Li ber- dade de
trânsit o nos rios
acreanos.
,CAUSAS:
- O fato de o Peru
reivind icar o Acre
e part e do
Am azonas,
além dos vári os
conflit os arma-
dos
desencadeados
na regi ão do
Juruá e Purus.
O consenso
entre os dois
países dem orou
quase cinco anos,
até que o Brasil
resolveu ced er
quase 40 m i l KM²
ao P eru, pondo
fi m de vez à
Quest ão do Acre.
D est e modo, o
Acre passou
pertencer ao
Brasil,
defi niti vament e,
ou seja, "de fato e
de di rei t o".
CONTEXTO INTERNACIONAL
IMPERIALISMO
(Valorização da Borracha)
J. Carva lho
Maio /1 8 9 9
Galvez
Julho/1899
Poetas
Dez/1900
Plácido de Castro
Agosto/1902
FASE MI LI TA R
(REVOL UÇÃO ACREANA)
Indifere nça do Governo Feder a l
com a " Que stã o do Acre ".
Petrópoles
17/nov/1903
Brasil-P eru
08/set/1909
FAS E DIP LOMÁTIC A
(TRATADOS )
O Governo Federal soluciona
a "Questão do Acre".
Pr o cesso de Anexação
do Acre ao Br asil
(187 7 - 1 909 )
CONTEXTO NACIONAL
REPÚBLICA VELHA
(Valorização do café)
FASE INVASIVA
(Ocupação do território por
brasileiros a partir de 1877)

Iniciaremos esse tópico rea lizando um


breve comentá rio s obre alguns t ermos frequente-
mente a sso ci a dos à eco nomia gumífer a, ta is
como boom, ciclo, ru sh, su r to, crise e depres-

são. O t ermo “boom ” é uma p ala vra ingles a


que é t raduzida em por t u gu ês como “ exp lo-
s ã o”. E m economia, ela é u s a da p ara designar
um período em que ocorre uma r ápida e elevada
expansão d e u ma a tiv id a d e econômic a p or
c o nt a da dema nda de u m determinado pr oduto
ou serviço
O t er mo “ c i c l o ” es t á a s s o c i a d o à
i d ei a d e “ c i c l o s econômicos” que, p or sua vez,
tem a ver com o fato de a economia capitalista ex-
per imenta r r egular mente per íodos alter nados de
picos e declínios, durante os qua is a p rodução de
bens e serviços ora se ex p a n de ora s e ret r a i.
A f a s e ex p a ns iva do cic lo é t a mb ém chamada
de r ecupera ção e o seu ponto auge de sur to. Já
a fase descendente é chamada de recessão e o
seu ponto mais baix o de depr essão.
Com relação à economia acriana,
o uso do termo “ciclo” passou a ser empr e-
gado com maior frequência após 1942, quando
a economia ex trativista da borracha na
Amazônia foi revigorada por uma demanda
internacional efêmera e ocasional. P assou-se
a designar como Primeiro C iclo da borracha
aquele que durou até a primeira metade da
década de 1910, e de Segundo Ciclo aquele
da primeira metade da década de 1940. No
entanto, a utilização do mesmo não é aconse-
lhável, uma vez qu e sugere uma falsa ideia
de que a economia gumífera p assará por r egu-
lares fases de ex pansão e retração.
O termo “rush” é de origem inglesa e
pode ser traduzida por “ímpeto” e transmite a
ideia de um movimento repentino e intenso.
Ela indica um período em que uma dada eco-
nomia fica voltada exclusivamente para a pro-
dução de um dado bem. O termo “rush da bor-
racha amazônica” significa que durante certo
período houve um rápid o e int enso emprego
dos fatores de produção na atividade gumí-
fera. Portanto, esse conceito não guarda re-
lação alguma com a ideia de “ciclo”, apenas
quer dizer que em um breve momento houve
uma “corrida” de capital e de trabalho para
a extração da borracha.
Já o termo “surto”, da forma como o
empregamos aqui, faz referência a um período
marcado pela sensação de prosperidade eco-
nômica que, no caso em questão, foi susten-
tado pelo interesse do mercado internacional
em adquirir a borracha. É possível que essa
“sensação” tenha se firma do na Amazônia entre
os anos 1876-7 (início do exponencial au-
mento do preço da b orracha e das migra-
ções nordestinas para a Amazônia) e 1913-14
(início da recessão e da depressão da econo-
mia gomífe ra).
Até 1910, o Brasil ainda produzia a
maior parte da borr acha circulada no mundo
(57,1%). No ano seguinte, a participação
mundial brasileira cairia para 49,3 % tendo em
vista o aumento de p rodução ocorrido na
Malásia.
Acr edit a mos qu e o início da re-
ces s ã o econômica tenha acontecido em 1913,
quando a queda da exportação da borr acha
s e somou à queda dos p r eços , p r oduzindo
uma crescente diminuição da renda a gregada
e um desestímulo à produção. A partir de
então, a recessão econômica perdurou até ao

nív el da d e p res sã o , quando a bo rracha dei-


xou de figurar como o pr incipal bem de pro-
duçã o da r egião.
Resolvemos escolher os anos de 1914 e
1915 para marca r o início da depressão
30
. Isso
porque o ano de 1913 assina lou o fim de uma
sequência de anos em que a demanda pela borra-
cha natural era sempre maior do que a ofer ta.
Também marcou a incapacidade do G overno
Federal em tentar “salvar” a economia gumí-
fera ama zônica, pois a o final do citado ano, o
Plano de Defesa da Borracha, posto em prática
em 1912, já da va sinais de insucesso. E em 1913,
foi também o ano em que a produção brasileira é
superada p ela asiática.
Tudo indica que em fins de 1915, já não
havia mais dúvida quanto a o destino final da eco-
nomia gumífera na Ama zônia, uma vez que o
centro dinâmico da produção da borra cha estava
definitiva mente em outro continente.
Há, no entant o, outr as inter pretações.
Uma delas é a de Antonio Lour eiro que em
seu livro A Grande Crise (Valer Editora,
2008 ), defendeu a s eguinte cronologia pa ra o
“ciclo da borracha”: a) boo m ou fase áur ea
(1894-1906); b) crise ou “grande cr ise”
(190 7-191 6) e; c) dep ressã o (191 7-194 0).
Co mo po d emo s o b se rv ar no esquema
a baixo, t oda a estrutur a do sistema de avia-
mento fora montada par a a tender às demandas
oriundas do centro da E conomia-Mundo ca pi-
ta list a. Por conta disso, o fim do int er esse ex-
terno p elo p r odut o a mazônico ocasionou u ma
p r o f u n d a c r i s e n a e c o n o m i a g u mí f e r a.
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 29
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 30

O aviamento enquanto prática de adianta-


mento de mercadorias a crédito com pagamento
em produtos já fazia parte da cultura amazônica
desde o período colonial. No entanto, estava asso-
ciada à p rodução de pequena esca la, envolvendo em
especial as chamadas “drogas do sertão”.
Fizemos dois esquemas-resumos para qu e
o leitor compreenda como acontecia o sistema de
aviamento da borracha n a prática. O primeiro se
adequa melhor à p rodução gomífera at é 1880 . O
segundo vai de 1880 até a crise do primeiro surto
da borracha.
Como se pode observar nas imagens
abaixo, os países do centro da E conomia-Mundo
capitalista figuram no topo da cadeia. Foram el es
quem orquestraram toda a complexa teia de rela-
ções financeiras e mercantis que terminavam no
seringal, mais precisamente, na colocação onde o
seringueiro produzia a borracha. P ortanto, a c adeia
de aviamento estava à serviço do imperialismo. O
surto da borracha amazô nico aconteceu pa ra aten-
der à demanda externa e só se realizou por conta
dos investimentos feitos pela Inglaterra em forma
de linhas de créditos.
Tanto estas quanto a maioria das Casas
Aviadoras sediadas em Belém e em M anaus eram
administradas por estrangeiros. Em 1900, as prin -
cipais Casas Aviadoras já detinham o monopólio
da comercialização dos produtos consumidos
pela en grenagem do sistema de aviamento ama-
zônico. Portanto, a base do sistema - o processo
produtivo propriamente dito - foi dominada por
brasileiros, e topo do s is t em a por estrangeiros
(comer cia nt es portu gueses e capitalistas ingleses
e norte-americanos)firmas.
As Casa s Exportador as da borracha
33

er a m quem, inicialmente, r ealizava m a importa-


ção dos produtos e instrumentos de traba lho ut i-
lizados no seringal (Cf. SANTOS, 1980, p. 124).
Em parcer ia com os bancos estrangeiros, elas ofere-
ciam mercado rias a crédito e faziam adiantamento
em espécie a f im de fomenta r a contra taçã o de ma is
mã o de obra e a ab er tur a de novos seringais. As
principais tomadoras desses créditos eram as Ca-
sas Aviadoras sediadas em Belém e em Manaus.
Seus donos, em sua maioria estrangeiros, of ere-
ciam mercadorias a crédito e certa quantidade de
dinheiro em espécie àqu eles que se aventuravam
na abertura de novos seringais
A partir de 1880, as Ca sas Exportadoras fo-
ram deixando o mercado da importação de bens. As-
sumem tal função as Casas Aviadoras de Belém e de
Manaus, que passaram a comprar os produtos dir e-
tamente dos fornecedores nacionais (sulistas) e/ou es-
trangeiros.

“O capital mer cant il, a tr avés das casas aviado-


r as, fin an ciad as pelas exportador as l igada s ao ca-
pi tal mon opolista in ter n aci onal, con tr ola va o
sistema d e a v i a m en t o n a medida em qu e fi n a n -
ci a v a efetivam ente todo o pr ocesso”.
PAVANI, J acira Leonora. Contribuição para o
estudo da economia gomífera do Acre (1900-
1920). São Paulo: USP, 1982, p. 114. (Disserta-
ção de Mestrado em História).

Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 37


fiscal é muito comum aqui. A tão sonhada Re-
forma Agrária, nunca foi praticada de fato, isso
porque a maioria dos polí ticos e ami gos de po-
líticos no Acre são donos de grandes áreas de
terras. T er te rras no Acre, como em todo Brasil,
sempre foi uma expressão de poder.
A estrutura fundiária no Acre sempre foi
concentrada. Há uma animosidade proposital
dos poderes públicos no processo de identifica-
ção das terras privadas improdutivas candidatas
à desapropriação e à Reforma Agrária
40
, princi-
palmente aquelas com cadeia dominial baseada
na “grilagem”
41
. Preferem indicar terras devo-
lutas
42
para a dema rcação de reservas extrati-
vistas
43
, que foi uma forma de diluir os fo cos de
tensões agrárias sem fazer Reforma Agrária.
Os movimentos sociais rurais não eram,
a priori, ambientalistas. Eram contra o desma-
tamento e a derrubada das árvores praticada pe-
los fazendeiros por uma questão de sobrevivên-
cia e de manutenção do modo de vida deles. A
posse da terra era a garantia que os trabalhado-
res tinham para obterem os meios n ecessários
para se manterem. A de fesa ecológica surgiu
quando as instituições ambientais internacio-
nais passaram a apoiar a causa deles.
Nos anos 1960-70, o Acre ainda e ra um
Estado eminentemente r ural. O setor p rimário
da economia (extrativismo, agricultura, pe cuá-
ria, etc.) empregava 80% da população econo-
micamente ativa, sendo 60% estava alocada na
extração do l átex. A elite econômica acriana es-
tava vinculada a esta atividade . Acontece que
em 1967, foi ex tinto o monopólio estatal das

40
Intervenção do Estado em favor de uma distrib uição
fundiária mais igualitária e m favor dos se m -terra.
41
Posse ilegal da ter ra.
42
Terra pública (não pertence a particular) indispe nsável
à p reservação ambiental e à defesa d as fro nteiras . Foi a
mais usada para a d emarcação das RESEXs.
43
Os sem-terras (po pulações extrativ istas tradicio nais)
contemplados p assam a ter o us ufruto da terra, que, no
entanto, continua a ser da União.
operações finais de compra e vend a da bo rra-
cha. E em 1971, o BASA revogou as linhas de
crédito aos seringais endividados. Na v erdade,
houve uma tentativa in formal de falência dos
seringais, a fim de preparar o terreno para a pe-
cuária. O seringal falido era vendido sem que
fosse avisado aos seringueiros que moravam
nele, dando origem aos principais conflitos ru-
rais no Acre.
Diante da passividade do Estado em re-
solver a questão fundiária, os trabalhadores ru-
rais resolveram a gir coletivamente, de modo
que se organizaram contra os fazend eiros. Entre
1975 e 77, foram fundados S indicato dos Tra-
balhadores Rurais nos principais municípios do
Acre
44
. Eles resolveram “ encarar” os jagunços
contratados pelos fazendeiros, ocorrendo várias
mortes. Foi somente a partir de então que o Es-
tado, o INCRA e a Delegacia do Trabalho dei-
xaram de fazer “vistas grossas” à sit uação. A
Igreja C atólica passa a prestar solidariedade
45

ao movimento de resistên cia dos “povos da flo-


resta”, fortalecendo-os regionalmente.
Infelizmente os conflitos pela terra de -
corridos nos anos 1970 em consequência da pe-
cuarização do Acre não conseguiram mudar a
estrutura fundiá ria desse Estado. A solução pa-
liativa foi criação das Reservas Extrativist as,
que evitava o êxodo rural, garantindo a perma-
nência dos tr abalhadores rurais na terra, inibia
os conflitos com os fazen deiros e deixava os l a-
tifúndios intocáveis.

44
1° E ncontro Nacional dos Se ringueiros acontece u em
1985.
45
Distribuía cartil has que orientavam politicamente os
passeiros diante a tentati va de expulsá -los. Mostrava o s
direitos que tinham. De nuncia a situação ao INCR A e à
polícia federal, etc.

Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 38


Como podemos observar, a quantidad e
de hectares d e terras d e Matas e Florestas tem
diminuído nos últimos trinta anos. Isso implica
dizer que o desmatamento e a comercialização
da madeira estão aumentando, apesar da pres-
são internacional e das políticas ambientais
adotadas. Outra curiosidade é que, ap esar de
toda a crítica que se fez aos fazendeiros dos
anos 1970, a área de terra destinada a pastagens
mais que quadruplicou nos anos 1980, 1990 e
2000. Isso quer dizer que em vez de a pecuá ria
diminuir, ela tem é aumentado, se consolidando
em âmbito regional. Veja que de 2000 a 2006,
mesmo o Acre já estand o sob o governo ambi-
entalista da Frente Popul ar, a área destinada à
pecuária já cresceu mais que na década anterior.
A área destinada a ag ricultura cresceu nos últ i-
mos trinta anos de forma bem tími da no Acre,
conforme os dados do IBGE.

Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 85


II- O garimpo tornou-se uma opção para a sobrevivência dessas popul açõe s na medida em que a
estrutura agrária que apostava na grande propriedade pecuarista não deixava grandes alternativas.
III- A organiz ação esp acial, que é ex tremamente o riginal, se confi gurou on de vilas e cidades ap are-
ciam e desapareciam num piscar de olho s, como se estivéssemos diante de acampamentos provisó-
rios.
IV - O censo de 2000 do IBGE aponta que 70% dos que habitam a região moram em cidades.
No entanto, o processo que enseja essa urbanização se deu, de um lado, como resultado de um deter-
minado modelo agrário e, de outro, por um modelo industrial que não abarcava a população regional.
Sobre essas proposições é correto afirmar que:

a) somente I e II são verdadeiras.


b) somente I é verdadeira.
c) somente II e III são ve rdadeiras.
d) nenhuma é verdadeira.
e) todas são verdadeiras.

57) No Acre, a exploração madeireira geralmente não é feita atr avés de manejo, causando impacto s
severos no ecossistema florestal. Os principais fatores que contribuem para esse tipo de exploração
são:
I- Ineficiência do sistema de controle e monitoramento florestal.
II- Escassez de políticas públicas de incentivos à adoção do manejo florestal.
III- Oferta de madeira em toras oriunda de áreas de reflorestamento.
IV - Conhecimento de técnicas de manejo florestal.
Das afirmações acima, estão corretas:

a) somente I e III
b) somente III e IV
c) somente II e III
d) somente I e IV
e) somente I e II

58) Durante a fase orogênica, na qual se processa o soerguimento d a Cordilheira dos Andes, a b acia
do Acre, que dur ante todo o C retáceo e Terciário Inferior tinha sido mar ginal e pericratônica, torna -
se bloqueada pelo so erguimento dos Andes, transformando -se num a bacia i ntracontinental. As con-
seqüências desses processos geraram:

I- Uma inversão no sentido da rede de drenagem, que passa a fluir para leste, criando assim um am-
biente tipicamente fluvial.
II- A deposição de espessos pacotes argilo-arenosos, que passaram a assorear a bacia do Acre.
III- Intensas mudanças c limáticas que resultaram em um clima quente e úmido com duas estações
bem definidas: a seca e a chuvosa.

A propósito das informações acima, é correto afirmar que:

a) somente I e III estão corretas.


b) somente II e III estão corretas.
c) somente I e II estão corretas.
Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 86
d) nenhuma está correta.
e) todas estão certas

59) No Acre, a exploração madeireira geralmente não é feita atr avés de manejo, causando impacto s
severos no ecossistema florestal. Os principais fatores que contribuem para esse tipo de exploração
são:
I- Ineficiência do sistema de controle e monitoramento florestal.
II- Escassez de políticas públicas de incentivos à adoção do manejo florestal.
III- Oferta de madeira em toras oriunda de áreas de reflorestamento.
IV - Conhecimento de técnicas de manejo florestal.

Das afirmações acima, estão corretas:

a) somente I e III
b) somente III e IV
c) somente II e III
d) somente I e IV
e) somente I e II

Prof. Dr. Eduardo Carneiro. História do Acre: resumão para concurso | 87

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