Aula 1 - As Origens
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A TRAGÉDIA GREGA
O vocábulo “tragédia” significa drama trágico: uma composição literária escrita
para ser interpretada por atores em que a personagem central se chama
protagonista trágico, ou herói, que sofre uma série de infortúnios que não são
acidentais, mas que estão logicamente vinculados às ações do herói.
A tragédia sintetiza a vulnerabilidade dos seres humanos, cujos sofrimentos
são trazidos pela combinação de ações humanas e divinas.
A receptividade da Tragédia.
O FESTIVAL TRÁGICO
O TEATRO GREGO
Prólogo Párodo
Primeiro Episódio Primeiro Estásimo Segundo Episódio Segundo Estásimo
Terceiro Episódio Terceiro Estásimo Quarto Episódio Quarto Estásimo Quinto
Episódio Quinto Estásimo Êxodo
“Cenário.
Ao fundo o palácio real, diante do qual se reúnem os anciãos conselheiros
do rei, componentes do CORO, que entram em cena.
CORO
Aqui estamos nós, que entre os persas Atualmente ausentes lá na Grécia
Somos chamados de Fiéis por todos, Vigias da opulência de um palácio Onde há
imensa quantidade de ouro. Pelo fato de sermos nobres
O próprio Xérxes, grande rei da Pérsia, Filho e sucessor de Dario,
Deu-nos a incumbência de zelar Pelo país durante a sua ausência. O
coração, porém, profeta inquieto, Já pressagia em nosso peito aflito
Calamidades quanto à volta à pátria Do enorme exército coberto de ouro E de
nosso senhor, seu comandante; As forças todas dos filhos da Ásia Levadas para a
guerra já murmuram Contra seu jovem rei, e não chegou À capital dos persas um
arauto
Ou mensageiro em rápido corcel, Embora o esperemos ansiosos.
Deixando Ecbátana, deixando Susa E as antiqüíssimas muralhas císsias,
Partiram incontáveis combatentes,
Uns a cavalo, outros em muitas naus E a pé o grosso de nossos soldados, A
multidão de bravos lutadores.
Foram assim para as duras batalhas, Amistres, Artafernes, Megabates
E Astaspes, os comandantes dos persas, Submissos apenas ao grande rei,
à frente de forças incalculáveis.
Com eles foram seus archeiros ótimos E seus assustadores cavaleiros,
Terríveis nos combates, impelidos Pela bravura de seus corações.
Estavam entre eles Artembares, Que luta sem abandonar o carro, Masistes e
Imeu irresistível, Arceheiro triunfante, e farandaces, Que sempre fustigava seu
cavalo. O caudaloso Nilo fecundante
Constribuiu também como muitos homens: Susícanes, Pegástenes ilustre,
Filho do rei Egito, Artames, rei
Da sacra Mênfis, e o senhor de Tebas, cidade muito antiga – Ariomardo -,
E os hábeis navegantes, cujos barcos Avançam rápidos vencendo os
pântanos, Constituindoum contingente imenso.
Vinha em seguida a multidão de lídios Voluptuosos, que dominam sós
Toso os povos do continente. Artreu e Metrogartes valorosos,
Seus régios chefes, e Sárdis dourada Deram-lhe ordens para ir a lutar Em
carros aos milhares e puxados
Por quatro a seis cavalos, agrupados Em esquadrões – insólito espetáculo! Os
reis da região do alto Tmolo, Montanha sacra – Tábiris e Márdon, Dois baluartes
diante da lança -, Alardeavam sua decisão
De impor da penosa escravidão Valendo-se de seus mísios exímios
No lançamento dos dardos mortíferos. Da Babilônia, outra cidade áurea,
Chegaram multidões de combatentes Em suas naus, soldados orgulhosos
Dos arcos que empunhavam com mãos fortes.
À sua retaguarda, recrutados
Em toda a Ásia, vinham combatentes Armados com espadas, sempre dóceis
Às ordens terminantes de seu rei.
Estava de partida a fina flor
Dos guerreiros e de todo o império persa, E por eles chorava a Ásia inteira
Repleta de saudades. Pais e esposas Estão aqui contando os muitos dias
E trêmulos com o tempo que se alonga. (...)”
Desde suas origens nos teatros de Atenas a 2500 anos atrás, de onde
herdamos parte da obra de Ésquilo, Sófocles e Eurípides, e as singulares
articulações com Lope de Vega, Shakespeare, Racine e Schiller, às modernas
incursões de Strindberg e Beckett, a tragédia se desenvolveu provocando as
mesmas reações paradoxais. Embora outras culturas tenham criado espetáculos
semelhantes, a tragédia se inscreve numa tradição específica e é parte indissociável
da identidade da cultura Ocidental.
Tragédia, do grego clássico “tragoeidia”: canto do bode. O gemido do
sofrimento humano que oferece ao público uma lição.
Na era clássica a poesia se dividia em épica e lírica, e o teatro em tragédia e
comédia. Hoje o teatro se divide em tragédia, comédia, drama, melodrama,
tragicomédia e teatro épico.
Nietzsche e a Tragédia.
A PRÁTICA DA DRAMATURGIA
PERSONAGEM
Peça 1 – Um avião cai num rio amazônico. A equipe de salvamento não
consegue chegar a tempo e todos os passageiros são dados como mortos. No dia
seguinte um familiar recebe uma ligação de celular: mesmo no fundo do rio há
sobreviventes. Começa uma corrida contra o tempo, para salvar aquelas vidas.
HISTÓRIA/AÇÃO
Peça 2 – Um jovem autor queria fazer uma peça sobre seu avô, que viveu
até os 100 anos. Viveu uma vida dura, foi pracinha da II Guerra Mundial, operário
num estaleiro. A idéia é fazer uma peça que fale da necessidade de viver o presente.
CONFLITO/CRISE
Peça 3 – A autora decidiu escrever sobre sua infância, pois desejava criar
uma peça real, sobre uma vida real. Foi uma infância feliz numa família amorosa.
A autora não apresenta muitos detalhes, mas a idéia está incompleta, pois se
a família é assim tão perfeita, não haverá crise e conflito. Elementos essenciais do
drama.
UNIDADE
Peça 4 – É a história de uma mulher atravessa de carro a transamazônica,
tentando escapar de um péssimo casamento.
É uma idéia incompleta para uma peça, pois embora ali se encontrem bons
elementos para crises e conflitos, não há unidade. A personagem anda sem rumo e,
portanto, não tem unidade.\\
VERDADE
Peça 5 – Homem quer matar a esposa. Espera numa praça por onde ela
passa ao sair do trabalho, para apunhalar a mulher. Na hora a esposa tenta se
defender e cai sobre uma grade de ferro. Uma das lanças atravessa-lhe o coração.
Levado a julgamento, o homem é absolvido e tenta reconstruir sua vida.
A história aparenta possuir boas idéias para ser uma peça, mas falta verdade.
Não é verossímil. Uma peça só tem sentido se suas ações forem aceitas pelo
público.
DURAÇÃO TEATRAL
Peça 6 – O autor deseja escrever uma peça que conte a saga da conquista
da Amazônia. De Pedro Teixeira ao golpe militar de 1964.
ESCALA DE DURAÇÃO
Maior Duração
IDÉIA CINEMATOGRÁFICA
Peça 7 – É a história de um grupo de jornalistas e intelectuais que
freqüentam numa noite de sábado diversos bares de uma cidade. Na medida em
que avança a noite e a cada bar eles vão revelando suas frustrações e desejos sem
inibição.
O problema desta idéia para uma peça teatral é que o autor tem imaginação
cinematográfica.
CONHECIMENTO DO TEMA
Peça 8 – Durante a construção de uma hidrelétrica na Amazônia, a empresa
decide alfabetizar os trabalhadores e contrata uma professora indígena. A
professora é hostilizada pelos trabalhadores por ser índia e história acaba em
violência e tragédia.
É uma excelente idéia para uma peça. Tem todos os requisitos, desde que o
autor tenha profundo conhecimento sobre questões raciais e o problema dos povos
indígenas.
MODISMO
Peça 9 – Um autor decidiu inventar uma história romântica que se passa
num Shopping Center, por acreditar ser uma coisa da moda que vai atrair público.
EXERCÍCIOS
Escrever a partir dos seguintes tópicos.
Antigas memórias
Sonhos e pesadelos
Mágoas
Coisas inacabadas
Injustiça
Notícia de jornal
Fatos testemunhados
Poema
Foto
A partir de sua idéia, responda as perguntas abaixo: Qual é a ação?
Quem são as personagens? Qual é o conflito?
Qual é a crise? Qual é a unidade? Tem verdade?