Documento 8
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DESLEXIA DO DESENVOLVIMENTO
A dificuldade do aprendizado é uma das queixas mais frequentes, correspondendo a 5% das
avaliações em um consultório pediátrico.
Na maioria das vezes, a família não apresenta uma queixa específica de dificuldade para a
leitura, e muitos profissionais não estão habituados a pensar na possibilidade diagnóstica de
dislexia, que revela uma incidência de 4 a 5%.
Assim, tais famílias continuam a passar por uma peregrinação em busca do motivo das
dificuldades apresentadas por seu filho que, embora aparentemente normal quanto a outras
atividades, não consegue aprender a ler de modo razoável.
➢ Definição
A dislexia caracteriza-se por uma dificuldade inesperada na leitura em crianças que
apresentam inteligência, motivação e escolaridade necessárias para uma leitura fluente e
adequada.
Paralelamente, também pode ser observada uma dificuldade na capacidade de soletrar e na
escrita.
• Dislexia e DSM-5
A quinta edição do Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-5),5
publicada em maio de 2013, inclui o transtorno da leitura como parte dos transtornos
específicos de aprendizagem, junto aos de linguagem oral, da escrita e da matemática.
Os transtornos específicos da aprendizagem estão inclusos no item dos Transtornos do
Neurodesenvolvimento, ao lado do transtorno do déficit da atenção/hiperatividade, dos
transtornos do espectro autista, dos transtornos da comunicação, dos transtornos do
desenvolvimento intelectual e dos transtornos motores.
• São diferenciados três subcomponentes da leitura: acurácia, compreensão e fluência.
Os sintomas devem ter uma duração mínima de 6 meses e afetar as habilidades acadêmicas,
conforme a idade, devendo ser excluídos: déficit mental, alterações auditivas ou visuais,
adversidade psicossocial e instrução inadequada.
• Tratamento
A terapêutica inicial do indivíduo com dislexia deve ser fundamentada na estimulação das
dificuldades apresentadas.
Destaca-se o papel da consciência fonológica, com treinamento da correspondência
fonema/grafema, estimulando-se a identificação correspondente dos sons da fala e a
capacidade de rimar, soletrar e perceber palavras.
Deve também ser estimulada a fluência da leitura associada à compreensão desta e também a
aquisição de um vocabulário mais rico.
Salienta-se, não obstante o diagnóstico de dislexia implique, pelo menos, 2 anos de exposição
à leitura, que a terapêutica deve ser iniciada precocemente nos indivíduos apresentando risco
de dislexia (p. ex., com maior dificuldade em aprendizado de letras ou de rimas ou com
história familiar de dislexia).
É amplamente conhecido o fato de que a estimulação da habilidade de leitura dos disléxicos
apresenta melhores resultados quando iniciada mais precocemente.
Considerações Finais
Destaca-se que realmente existem os casos de dificuldade de aprendizado da leitura
decorrentes de falhas na escola ou devido ao método de alfabetização utilizado, que precisam
ser consideradas e corrigidas quando for a ocasião.
É importante também estarmos alertas para as dificuldades naturais das crianças, que não
devem ser confundidas com dislexia, como a escrita em espelho, a qual pode ser normal nos
primeiros anos da alfabetização.
Nessa etapa, convém descartar outras condições que possam explicar as dificuldades
apresentadas, como deficiência intelectual, problemas sensoriais, condições neurológicas ou
mesmo inadequada instrução ou estimulação do meio. Para tal, a atuação em equipe
multiprofissional é fundamental.
A Tabela 27.2 apresenta um conjunto de sinais que podem indicar dislexia, disortografia e
discalculia, conforme diversas referências da área).9,14-16 Tais sinais não são determinantes
do quadro, mas podem sugerir risco. Logo, a criança que apresenta tais sinais não
necessariamente tem o transtorno.
Além da avaliação qualitativa, a avaliação quantitativa deve ser usada. Ela possibilita analisar
os aspectos específicos de cada domínio, bem como de outras habilidades cognitivas
relevantes, visto que uma avaliação ampla das dificuldades é importante para o estabelecimento
do perfil de desempenho do indivíduo.
•Leitura: a leitura deve ser avaliada em seus distintos componentes, ou seja, reconhecimento
de palavras/pseudopalavras por meio de distintas estratégias, fluência e compreensão
• Estudo de caso
A presente seção ilustra o caso de J., 13 anos, sexo masculino, aluno da 7a série do Ensino
Fundamental de uma escola pública, com diagnóstico de dislexia realizado na 2a série.27
Tendo em vista a exclusão de outras queixas ou histórico por meio de anamnese, J. foi
submetido a uma avaliação neuropsicológica com foco em suas habilidades de leitura e escrita.
A avaliação contou com os seguintes instrumentos: Prova de Consciência Fonológica por
Produção Oral (PCFO); Teste de Repetição de Palavras e Pseudopalavras (TRPP); Teste de
Competência de Leitura de Palavras e Pseudopalavras (TCLPP); Prova de Escrita Sob Ditado
(PED-vr) e Teste Contrastivo de Compreensão Auditiva e de Leitura (TCCAL), com os
subtestes de Compreensão de Sentenças Escritas (SCSE) e Compreensão de Sentenças Faladas
(SCSF). Foram também utilizados testes de funções executivas (Teste de Trilhas – partes A e
B, de Montiel e Seabra28; e Teste de Atenção por Cancelamento, de Montiel e Seabra29 e de
inteligência (Teste Não Verbal de Inteligência R1, de Oliveira e Alves30).
Na escrita, avaliado por meio da PED-vr e da redação de um texto livre, J. apresentou padrão
semelhante à leitura. Na PED-vr, J. teve pontuação-padrão muito baixa. Ele conseguiu
escrever, mediante um ditado, sílabas com estrutura simples. Houve erros por omissão e troca
de fonemas, bem como referentes às regras ortográficas. Algumas palavras irregulares de alta
frequência foram escritas corretamente, o que pode ter sido devido à estratégia logográfica de
escrita. A Figura 27.4 apresenta parte da folha de aplicação da PED-vr de J. Os números ao
lado de cada item correspondem à correção do teste, referindo-se ao número de erros cometidos
em cada item.
De acordo com o Ministério da Saúde e últimos indicadores, o AVC representa a maior taxa
de mortalidade no Brasil em relação às outras doenças.
Pesquisa realizada no município de São Paulo sugere que o AVC é a causa de morte mais
comum a partir dos 60 anos.
Classificação
Cerca de 80% dos AVC são do tipo isquêmico e 20% do tipo hemorrágico.
Lobo Frontal
O treino cognitivo é mais empregado em pacientes com alterações cognitivas em grau leve-
moderado. Tratando-se de alterações da memória episódica verbal, podem-se empregar as
seguintes técnicas:
•Associação face-nome: técnica de associação relacionada com o nome e a face de uma pessoa;
associação gesto-nome: técnica que se baseia na aprendizagem de associação criada entre um
nome e um gesto
•Aprendizagem sem erro: princípio básico que norteia todas as técnicas de reabilitação, em que
não se permite que o paciente produza respostas incorretas mediante incerteza ou dúvida.
O TCE apresenta distribuição bimodal por idade, e as maiores taxas de lesão ocorrem em
pessoas com idade de 15 a 24 anos e com mais de 65 anos.
A maioria dos TCE resulta de acidentes de trânsito – causa predominante em pessoas mais
jovens –, agressões e quedas, mais comum entre os idosos.
• Disfunção cognitiva
Os pacientes podem ter dificuldades de realizar tarefas e trabalhos mesmo seguindo instruções
de rotina.
Como resultado desses déficits, os pacientes podem tornar-se irritáveis, ansiosos, apáticos ou
deprimidos. A expressão clínica pode ser interpretada como secundária a uma desordem
Se o paciente tiver um transtorno afetivo subjacente, a atenção também pode ser prejudicada
em decorrência de falta de interesse ou distração
• Avaliação neuropsicológica
No primeiro mês pós-trauma, a avaliação pode mostrar déficits muito graves, mas temporários,
na medida em que a melhora espontânea pós-TCE pode ser evidente.
Dessa forma, a identificação precoce pode contribuir para elaborar um perfil mais adequado do
paciente, com fins de se elaborar um programa de reabilitação cognitiva.
Essa especialidade faz interface com as áreas da neurologia, psicologia, geriatria, pediatria,
psiquiatria, fonoaudiologia, pedagogia, forense e, mais recentemente, com economia e
marketing.
• Avaliação neuropsicológica
• Entrevista clínica
• Humor
Para a investigação do humor, deve-se complementar a entrevista clínica com o uso de escalas,
por exemplo, as escalas de ansiedade e depressão de Beck, a escala hospitalar de ansiedade
de depressão.
• Instrumentos ecológicos
Muitos dos testes cognitivos padronizados existentes são insensíveis ou incapazes de captar
os problemas da vida diária dos pacientes.
Por isso, sempre que possível, devem ser complementados tanto por instrumentos ecológicos,
os quais têm maior interface com as atividades da vida real, quanto por escalas e inventários.
Testes psicométricos são instrumentos utilizados para comparação dos resultados obtidos com
os de uma amostra representativa da população saudável.
Testes que dispõem de normas satisfatórias abrangem o maior número de fatores que
influenciam no desempenho, por exemplo, idade, escolaridade e gênero.
Os resultados brutos obtidos por meio desses testes são convertidos em média e desvio-padrão
ou nota ponderada ou T escore ou Z escore ou percentil, esse último indicando a porcentagem
do grupo de referência que pontua na mesma faixa que o paciente (Tabela 1.1).
Tais escores permitem classificar os resultados em diferentes faixas, desde deficitário até muito
superior, e interpretar o desempenho do examinando em preservado, ou, em caso de não
preservado, o grau do comprometimento cognitivo (leve, moderado ou grave).
• Administração de testes | Baterias fixas ou testes específicos
A escolha entre baterias fixas ou testes específicos depende de vários fatores, como objetivo
da avaliação, tempo disponível, local do exame e características do sujeito a ser avaliado, como
idade e escolaridade.
Nesse contexto, a seleção dos testes a serem administrados depende em grande parte da
pergunta clínica ou do motivo do encaminhamento.
Protocolo Típico
Esse protocolo deve ser complementado por escalas de humor e de AVDs, além da observação
clínica.
Neuropsicologia
A reabilitação neuropsicológica (RN), em seu conceito mais amplo, pode ser definida como
um conjunto de procedimentos e técnicas que visam promover o restabelecimento do mais
alto nível de adaptação física, psicológica e social do indivíduo incapacitado (OMS, 1980,
2001, 2002).
Barbara A. Wilson (2009), uma das principais pesquisadoras e autora de inúmeras obras nessa
área, descreveu a RN como um processo no qual o paciente e seus familiares trabalham em
parceria com os profissionais da saúde a fim de possibilitar o alcance do potencial máximo de
recuperação, bem como lidar ou conviver melhor com as dificuldades cognitivas,
emocionais, comportamentais e sociais resultantes de lesão cerebral ou quadro neurológico.
Segundo essa visão, clientes e familiares relatam suas expectativas, e as metas de reabilitação
são discutidas e negociadas com todas as partes envolvidas.
É importante ressaltar que o objetivo do tratamento deve sempre estar associado à melhora de
aspectos e atividades no contexto da vida do paciente.
• Abordagens e objetivos
•Potencializar a plasticidade cerebral ou a reorganização funcional por meio das áreas cerebrais
preservadas
O planejamento de metas é uma das etapas mais desafiadoras do processo de RN, pois
exige “negociação” entre as necessidades e os anseios individuais dos pacientes, de seus
familiares e da equipe interdisciplinar.
2) o estabelecimento de metas deve ser realista e realizado junto com o paciente e seus
familiares
5) a meta deve ser escrita em detalhes para que qualquer pessoa que a leia saiba como proceder
(Wilson, 2012).
Para esses autores, as ‘metas a longo prazo’ precisam ser voltadas às incapacidades e
desvantagens, uma vez que o objetivo da RN é melhorar a qualidade de vida e a funcionalidade
do paciente.
LM, 44 anos de idade e com curso superior completo, havia sido diagnosticado com encefalite
herpética e sequelas cognitivas envolvendo a capacidade de aprendizagem de novas
informações, memória retrógrada e anterógrada, linguagem de nomeação e funções executivas.
Metas
Longo Prazo
Essas duas metas foram selecionadas como prioritárias no período de 6 meses de RN devido à
rotina diária de intervenções que o paciente estava recebendo dos profissionais envolvidos e
porque a leitura era um de seus hobbies e o fato de não conseguir armazenar as
informações lidas causava-lhe grande insatisfação.
•Aprender os nomes dos profissionais que estavam trabalhando com ele no programa de RN
Para a primeira meta a longo prazo, a fim de auxiliar o paciente na memorização dos nomes
dos profissionais da RN, foram elaboradas e comparadas duas metas a curto prazo, utilizando
a técnica de aprendizagem procedural e a técnica de imagem visual em cada uma. As
estratégias estão descritas a seguir.
Curto prazo
A segunda estratégia utilizada foi a técnica de imagem visual, na qual o paciente era treinado
a desenhar a figura que melhor representasse o nome do profissional (p. ex., para o
sobrenome “Ferreti”, ele desenhou a figura de uma ferradura).
•Utilizar estratégia eficiente para auxiliá-lo a memorizar informações lidas em jornais e
livros.
Para a segunda meta a longo prazo, foram elaboradas e comparadas duas metas a curto prazo
com o objetivo de auxiliar o paciente a se recordar da leitura de artigos de jornal.
Na primeira, foi utilizada a técnica do PQRST (P = preview: prévia ou leitura inicial do texto;
Q = question: questionar e formular perguntas sobre o texto; R = read: ler novamente o texto
para responder às perguntas; S = state: responder às perguntas; T = test: testar o quanto se
lembra da informação lida.
Na segunda meta a curto prazo, foi utilizada a técnica da exposição repetida ao texto, na qual
o paciente foi solicitado a repetir a leitura do mesmo artigo de jornal 4 vezes na tentativa de
memorizá-lo.