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Proposta de nova topologia de conexão para transformadores

de corrente visando a otimização da exatidão.


Rodrigo Cerqueira Ciarlini. Francisco Kleber de Araújo Lima

Universidade Federal do Ceará, Fortaleza,


BRA (e-mail: [email protected],
e-mail: [email protected])

Abstract: The main objective of this work is to evaluate the factors that cause an increase in error in
current transformers used in measurement and protection, and to propose a new topology using
computational compensation methods in order to optimize the accuracy of current transformers. In
this way, it is possible to reduce billing losses in the system and enable protection relays to perform
power quality measurements with the greatest possible reliability.
Resumo: Este trabalho tem como objetivo principal avaliar os fatores que provocam aumento no erro em
transformadores de correntes empregados na medição e proteção, e propor uma nova topologia com uso de
métodos de compensação computacional com a finalidade de otimizar a exatidão de transformadores de
corrente. Desta maneira, é possível reduzir perdas de faturamento no sistema e possibilitar que relés de
proteção possam realizar medições de qualidade de energia com a maior confiabilidade possível.
Keywords: power transformer protection, measurement for billing, power quality, power system.
Palavras-chaves: transformadores de corrente, medição para faturamento, qualidade de energia, sistema
de potência.

suportar e realizar leituras de curtos-circuitos elevados e


1. INTRODUÇÃO
disponibilizar medições em uma considerável faixa acima da
Em sistemas de medição de energia elétrica realizados de relação nominal estabelecida em placa, é comum
maneira indireta por intermédio de Transformadores de encontrarmos transformadores de corrente para aplicações em
Corrente (TC), a informação final levada ao equipamento sistemas de proteção que suportam medir até 20 vezes sua
eletrônico que irá processar o sinal elétrico, seja ele um relé de corrente nominal de placa ao custo de um erro em torno de
proteção ou medidor de energia, tem como ponto fundamental 10%. Erro tolerável para a atual topologia para TC – relé de
a exatidão. Assim, é comum utilizarmos transformadores de proteção e inviável para uso em medições de faturamento e
corrente para aplicações especificas de proteção e medição. qualidade de energia, mesmo para normas que vigoram.
Esta condição dá-se ao fato de que em se tratando de um
sistema de proteção, a finalidade do TC ganha particularidades A classe de exatidão é responsável por definir os erros que
construtivas ligadas à sua capacidade de saturação e robustez, poderão surgir nos transformadores de corrente, com indicação
em detrimento ao aumento do erro de leitura disponibilizado das condições de operação que deverão ser atendidas para que
para ser processado nos equipamentos eletrônicos de medição. o limite de erro não seja ultrapassado. Comumente, existem
Desta forma, faz-se necessário reavaliar a topologia de ligação três condições que podem ser estabelecidas para determinado
do TC ao medidor e ao relé de proteção, com o olhar voltado limite de erro. Essas condições são; impedância, tensão eficaz
para otimizar a condição de exatidão do mesmo e mitigar ao e potência aparente. Todas estas condições estão relacionadas
máximo os erros que contribuem para leitura das grandezas ao secundário do transformador de corrente, e cada uma delas
elétricas de um sistema de medição indireta. Esta condição possui uma letra, definida por norma, que as identifica em
permitirá maior confiabilidade no uso destes equipamentos placa e que varia de acordo com a norma a qual o
tanto no processamento de consumo de energia como de transformador de corrente foi especificado. A Tabela 1 mostra
qualidade e proteção do sistema elétrico de potência. Por fim, esse detalhamento para os padrões ABNT, ANSI e IEC.
teremos a redução da quantidade de equipamentos em serviço
e o compartilhamento dinâmico da informação advinda do Assim, em um transformador de corrente comercial cuja
sistema elétrico de potência. placa indica que a norma de orientação para sua construção é
ABNT e que ele tem exatidão 10B200, concluímos que o erro
2. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO máximo tolerável é de 10% e que a máxima tensão no
Em transformadores de corrente para uso em sistemas de secundário não ultrapasse 200Volts, características típicas de
proteção, uma vez que o objetivo principal desta aplicação é um transformador de corrente associados a relés de proteção.
Tabela 1. Formas de expressar condições de classe de
exatidão pelas normas ABNT, ANSI, IEC.

Padrão ABNT
Aplicação Medição Proteção
Parâmetro Potência (VA) Tensão (V)
Símbolo C B

Padrão ANSI
Aplicação Medição Proteção
Parâmetro Impedância (Ω) Tensão (V)
Símbolo B C

Padrão IEC
Aplicação Medição Proteção
Parâmetro Potência (VA) MULT. CORR.(A) E POT (VA) (V)
Símbolo VA P//VA
Figura 1 – Paralelogramo de exatidão para TCs classe de
exatidão 0,3.

Ressalta-se ainda que, quando a classe de exatidão Por essa característica, especificamos transformadores de
especificar a tensão, isso indica a máxima tensão que deve corrente para medição e proteção com enrolamentos
surgir para uma corrente indicada pelo fator de distintos e que, portanto, vão obedecer a classes de exatidão
sobrecorrente para que não haja alterações na curva de diferentes. O que acaba por nos obrigar a instalar
saturação do TC. E quando a classe de exatidão especificar equipamentos separados ou com duplo enrolamento. De tal
a potência, significa que essa deverá ser a máxima potência sorte que em uma mesma instalação onde se quer avaliar,
dissipada pela carga conectada ao secundário do TC quando medição para faturamento, qualidade e proteção para um
uma corrente nominal circular por ele. mesmo ponto, é necessário um conjunto de transformadores
de corrente e medidores independentes.
No que diz respeito aos relés de proteção é totalmente
possível realizar avaliações de qualidade de energia e Assim, a proposta do trabalho traz como pilar principal o
medição para faturamento quando pensamos apenas em sua avanço desta tecnologia na direção de garantir melhores
eletrônica e sua capacidade de processamento de sinais. No condições de exatidão permitindo, redução nas perdas de
entanto, temos como limitante o fato de o TC de proteção faturamento por erro de leitura e, portanto, registro de
associado ao relé apresentar erro permitido de 10%, o que consumo ou geração de energia e compactação de projetos
acaba por inviabilizar as características de medição de de subestações de energia elétrica que passarão a fazer uso
qualidade e faturamento prevista nos submódulos do ONS, de menor quantidade de equipamentos.
por exemplo. Outro ponto impactante neste âmbito é que o
erro de leitura aumenta em função da corrente medida A operação de um TC pode ser melhor explicada através
tomando como referência a relação de transformação de de um diagrama fasorial que tomamos como referência na
placa dos equipamentos. Ou seja, quanto mais distante, para figura a seguir, partindo de um circuito simples apresentado
mais ou para menos, a corrente lida pelo TC estiver da nas Figuras 2 e 3.
corrente nominal, relação de transformação de placa, maior
será o erro percebido. Esta condição também se repete em
transformadores de corrente com melhor classe de exatidão
e que são de uso exclusivo para medições de qualidade de
energia e faturamento de energia. Podemos observar tal
característica analisando o paralelogramo de exatidão de um
TC na Figura 1. O paralelogramo externo se refere a duas
vezes a classe de exatidão nominal para uma corrente de
ensaio igual a 10% da nominal. Para correntes aplicadas
iguais a 10% da nominal existe uma tolerância duas vezes
maior de erro, pois a corrente de magnetização é constante
para um TC, independente da corrente que circula no
primário, logo, para baixos níveis de corrente no primário, I1 – Corrente que circula no primário do TC.
a corrente de magnetização apresentará uma parcela I2 – Corrente que circula no secundário do TC.
percentual significativa. Ou seja, o paralelogramo interno P1 e P2 – Pontos de conexão do TC no primário.
refere-se a 100% da corrente nominal, e o paralelogramo S1 e S2 – Pontos de conexão do TC no secundário.
externo refere-se a 10% da corrente nominal, Almeida
(2006). Figura 2 – Representação do transformador de corrente
Ideal.
Uma vez que circule uma corrente nominal da sua relação
no primário que intitulamos de I1 então circulará em seu
secundário I2 pela ação característica do transformador de
corrente, de modo que independentemente do valor de
corrente que circule no primário, o TC deve manter a
relação, perfazendo a seguinte equação, I1 /I2 para o caso
em questão. Uma vez que não há conexão direta entre o
primário e o secundário, o medidor estará isolado a nível de
tensão primária. O fechamento da carga conectada ao
secundário (medidor ou relé de proteção) deve ser aterrado
como no circuito representado, tão somente no lado
secundário e em um único ponto. Esta condição de ligação
entre o TC e a carga no secundário (medidor ou relé de
proteção) é condição de ligação prevista e usual em todas as
instalações mundiais.
I1 – Corrente que circula no primário do TC.
I2 – Corrente que circula no secundário do TC. Apresentamos a seguir as principais relações de
U2 – Tensão no secundário do TC. transformação normalizadas pela ABNT para que no futuro
R2 I2 – Queda de tensão resistiva no secundário. possamos tomar uma destas como exemplo prático para
X2 I2 – Queda de tensão reativa de dispersão do validar nossa proposta de topologia.
secundário.
β – Ângulo de fase. Tabela 2. Relações nominais simples de
φ – Fluxo magnético. transformadores de corrente, NBR 6856.
Im – Corrente devido ao fluxo do TC.
Ie – Corrente de excitação. Corrente Relação Relação Corrente Relação Relação
If – Corrente de perdas ôhmicas no ferro. primária nominal nominal primária nominal nominal
nominal In - 5A In - 1A nominal In - 5A In - 1A
(A) (A)
Figura 3 – Diagrama fasorial do transformador de corrente.
5 1:1 5:1 100 20:1 100:1
10 2:1 10:1 150 30:1 150:1
15 3:1 15:1 200 40:1 200:1
20 4:1 20:1 150 50:1 250:1
25 5:1 25:1 300 60:1 300:1
30 6:1 30:1 400 80:1 400:1
40 8:1 40:1 500 100:1 500:1
50 10:1 50:1 600 120:1 600:1
60 12:1 60:1 800 160:1 800:1
75 15:1 75:1 1000 200:1 1000:1

Outro ponto relevante é que as marcas de polaridade


indicadas nos nossos circuitos e marcadas fisicamente nos
transformadores de corrente, são usadas para mostrar o
fluxo instantâneo de corrente nos enrolamentos primários e
I1 – Corrente que circula no primário do TC. secundários. Assim, a corrente I1, que circula pelo primário
I2 – Corrente que circula no secundário do TC. na direção do terminal P1 para o terminal P2 como
P1 e P2 – Pontos de conexão do TC no primário. observado na Figura 4, terá na corrente secundária I2 a
S1 e S2 – Pontos de conexão do TC no secundário. direção apresentada no mesmo instante saindo no terminal
U2 – Tensão no secundário do TC. S1 para o terminal S2.
Rf – Resistência dos condores de ligação do TC ao Em uma dada medição de grandeza fasorial com uso de
medidor de energia ou relé de proteção. TC, portanto, são introduzidos dois erros: o erro de relação
Rb – Resistência da bobina do medidor. e o erro de ângulo. O erro da relação pode ser calculado
XLb – Reatância da bobina do medidor. como apresentado a seguir;
Figura 4 – Representação do transformador de corrente
real com carga.
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅𝑅 ∗ 𝐼𝐼𝐼𝐼 − 𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼
A Figuras 4 é a representação de um transformador de ℰ(relação) = ∗ 100 (1)
𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼𝐼
corrente com carga (medidor e cabos de interligação), sem Onde;
a representação do ramo de magnetização.
RTC: Relação de Transformação Nominal do
Transformador de corrente, especificado em placa. Rf – Resistência dos cabos de interligação.
Is: Corrente eficaz medida no secundário do Zb = Rb + XLb – Impedância do medidor.
transformador
Ipn; Valor eficaz da corrente primária, na condição O diagrama fasorial mostrado, Figura 3, representa um TC
especificada. com relação 1:1, para facilitar a didática e a formatação das
𝓔𝓔 (relação): Erro percentual podendo assumir valores equações básicas, a partir das quais, contextualizar futuras
positivos ou negativos. ações.

Como apresentado no diagrama fasorial da Figura 3,


temos na representação do ângulo β o erro de ângulo de fase A. Modelo Matemático
entre a corrente primária e o inverso da corrente secundária,
podendo este, assumir valores positivos ou negativos. Para O fluxo magnético φ no núcleo induz uma tensão V2 no
tanto é necessária uma análise mais detalhada do circuito secundário atrasado do fluxo magnético φ em 90º. A
equivalente do TC conectado a carga e um conjunto de tensão V2 dá origem a U2 após levarmos em consideração
ensaios de exatidão. as quedas de tensão intrínsecas em R2 e X2 nos terminais
do secundário do TC. A corrente I2 é determinada pela
A Figura 5 apresenta um esquema elétrico simplificado tensão U2 nos terminais do secundário e pela impedância
de um TC uma vez que a impedância do enrolamento do circuito secundário Zfb;
primário pode ser desconsiderada, e a corrente primária é Zfb = (Rf +Rb) + jXLB (2)
determinada pela carga do circuito no qual o transformador
de corrente está instalado e a queda de tensão nesta I2 = U2/ Zfb (3)
impedância é de valor desprezível, sendo também omitido
do transformador N1:N2 e todas as correntes e tensões são
referenciadas do lado secundário. I2 defasa de U2 pelo ângulo ϴ2 onde cos (ϴ2) é o fator de
potência da carga secundária do TC.

A queda de tensão R2.I2 está em fase com I2 e a queda


de tensão X2.I2 adiantada em 90º de I2. A tensão induzida
no enrolamento secundário V2 menos a queda de tensão
I2.Z2 no próprio enrolamento secundário, é igual a tensão
U2 nos terminais do secundário do TC.

Im é a corrente de magnetização requerida para fornecer


o fluxo magnético φ e está em fase com este. Ic é a corrente
R2: Resistência do enrolamento secundário. consumida na histerese e nas perdas por correntes parasitas
X2: Reatância de dispersão enrolamento secundário. no núcleo, e adiantada de Im por 90º. A soma fasorial de Im
Zb: Impedância da carga ligada ao secundário do TC. e Ic é a corrente de excitação Ie.
Im: Corrente de magnetização. Assim, podemos observar que a corrente de excitação é
Ic: Corrente que provoca perda no núcleo (histerese e a causa principal de erros de relação e ângulo de fase de
corrente de Foucault) um transformador de corrente. Uma vez que o fluxo
Ie: Corrente de excitação Im + Ic. magnético varia em função da corrente primária, e esta vai
variar em ampla faixa. A corrente de excitação que produz
Figura 5 – Circuito equivalente simplificado de um TC este fluxo, também varia em ampla faixa. Deste modo,
considerando as não linearidades do circuito magnético, as
A corrente de excitação Ie é necessária para magnetizar o variações de corrente de excitação não serão proporcionais
núcleo. A corrente necessária para alimentar a carga do as correntes no primário.
secundário não reflete, portanto, em módulo e em ângulo a
corrente primária, produzindo os erros de relação e ângulo Sobre os efeitos da carga secundária no erro de relação e
de fase do TC. do ângulo de fase temos como fator relevante que para uma
mesma corrente no primário a carga imposta no secundário
A influência dos condutores (cabos de interligação) poderá variar em função da distância entre o TC e o relé ou
utilizados para conectar o secundário do TC ao medidor medidor de energia, fazendo com os que os cabos ganhem
criam pequena queda de tensão, que quando se referem a distâncias muitas vezes acima de 100 metros e que a carga
erros de exatidão. A impedância do medidor ou relés de representada pelo relé ou medidor ficará a cargo do
proteção e a resistência dos cabos são então a carga a fabricante que o construiu. Desta forma, naturalmente
considerar no enrolamento secundário (carga imposta), poderemos ter um aumento na tensão do secundário para
conforme podemos observar na Figura 4 e comentado em que, assim, o circuito realize a manutenção da corrente
Molina (2012). Tomamos assim; secundária refletida. Desta maneira, a tensão induzida em
E2 também irá aumentar e, consequentemente, aumentando Tabela 4. Limites de defasagem de ângulo para TCs de
o fluxo magnético e a corrente de excitação, sendo ela a medição (%) (classes de 0,1 a 0,5). IEC 60044-1.
principal causadora dos erros de relação e ângulo de fase.
Classe de I1/I2 x 100(%)
exatidão 5 20 100 120
A norma IEC 60044-1 adverte que as condições de classe
de exatidão de um dado TC não é garantida para carga 0,1 +- 15,00 +- 8,00 +- 5,00 +- 5,00
imposta no secundário que fujam da nominal prevista em 0,2 +- 30,00 +- 15,00 +- 10,00 +- 10,00
norma. Ou seja, caso uma carga maior que a suportada pelo 0,5 +- 90,00 +- 45,00 +- 30,00 +- 30,00
secundário de um dado TC seja instalada, haverá um erro
acima das condições máximas permitidas em norma.
3. PROPOSTA TOPOLOGIA
É importante mencionar ainda que para cargas impostas
abaixo de 25% do valor nominal, esta exatidão também não Em face ao conjunto de explanações e equações apresentadas
é garantida de acordo com Brito (2012). Este é um ponto de que norteiam o somatório de variáveis que contribuíram para
grande relevância, haja visto que o sistema elétrico de o erro geral do sistema de medição, propõe-se uma nova
potência em seus trabalhos de modernização (retrofit), topologia que reduz toda a carga imposta no secundário do TC
instalam novos medidores e relés associados a antigos a valores ideais conhecidos, uma vez que a carga será definida
transformadores de corrente, e que por sua vez operavam pelo fabricante do TC e fixada ao secundário do mesmo na sua
anteriormente com medidores ou relés de carga muito maior caixa de ligação secundária, e o mais importante, torna fixa a
que os mais modernos. Portanto como a nova carga carga imposta permitindo assim o mapeamento da curva de
secundária, muitas vezes, estão abaixo dos 25% erro para as diversas correntes no primário e, portanto, uma
mencionados e previstos em norma, esta condição de oportunidade de correção destes erros via software de
modernização, acaba por contribuir para erros mais compensação vetorial, Perez (2004) . Ou seja, sem eventuais
elevados ou desconhecidos de medição fasorial. variações da carga imposta em função da distância dos
transformadores de corrente aos relés e medidores. A Figura 5
Em termos práticos, a condição de carga imposta variável representa a topologia convencional com ampla aplicação. A
em função das distâncias entre TC e o IED ou medidor e os nova topologia proposta é apresentada na Figura 6.
diversos fabricantes destes, limitam a possibilidade de
mapeamento do erro geral do sistema, haja visto que a carga
imposta irá variar caso a caso para cada projeto e que,
portanto, o fabricante do TC sempre deverá garantir uma
faixa, relativamente ampla para assim abranger essas
variações de projeto. Comentado em Ciarlini (2019).

A. Referencias Normativas

A norma internacional IEC 60044-1 – Instrument


transformers Part 1 define os limites dos erros de módulos .
de corrente de acordo com as Tabelas 3 e 4 apresentadas a
seguir: Figura 5 – Topologia convencional entre TC e Medidor.

Tabela 3. Limites de erros de corrente para TC’s de


medição (%) (classes de 0,1 a 0,5). IEC 60044-1.
Classe de I1/I2 x 100(%)
exatidão 5 20 100 120
0,1 +- 0,40 +- 0,20 +- 0,10 +- 0,10
0,2 +- 0,75 +- 0,35 +- 0,20 +- 0,20
0,5 +- 1,50 +- 0,75 +- 0,50 +- 0,50

Figura 6 – Topologia inovadora entre TC e medição.


Na nova topologia, apresentada na Figura 6, a bobina que
realiza a leitura da corrente dentro do medidor é conectada
diretamente ao enrolamento secundário e instalada dentro
da caixa de ligação junto ao TC. Isso vale também para o
conversor A/D – Analógico Digital que agora passa a
integrar o conjunto do TC. Assim, a conexão entre o TC e o
medidor ficará a cargo de um par de fibra óptica como
observado. Esta proposta de topologia torna fixa a carga do
TC e agora podemos realizar um conjunto de ensaios e
mapeamento dos erros de relação e ângulo de fase.

Uma vez que fica a cargo do fabricante do TC o conjunto Figura 7 – Arquitetura básica de compensação de erros.
completo de carga imposta, as condições de carga variável
deixam de ser relevantes do ponto de vista dos ensaios de
exatidão com várias cargas tornando completamente viável
o projeto de uma carga que obtenha o “ponto de exatidão” 4. METODOLOGIA EXPERIMENTAL E ENSAIOS
ótimo para um dado TC. Outra vantagem relevante é a
Na primeira etapa do processo realizamos um conjunto de
redução na interferência magnética que o condutor de
ensaios com o objetivo de mapear o comportamento real do
interligação sofre ao longo da conexão e, portanto, acaba
erro do TC buscando verificar o erro de relação 𝓔𝓔% e erro de
por requerer instalações especiais que visem a redução da
ângulo β para a nova carga imposta “fixa” adotada. Variamos
interferência por campos externos. É o caso de subestações
a corrente no primário ampère até seu valor nominal de relação
de alta tensão, onde o condutor de interligação necessita de
de transformação e analisamos o ângulo β e o erro 𝓔𝓔% de
blindagem e ainda de instalação em tubulação em aço. Com
relação e calculamos caso a caso o erro total percentual como
a nova topologia, a interligação fica a cargo do cabo de fibra
apresentado em (4). A Figura 8 apresenta o circuito básico para
óptica reduzindo custos e aumentando a confiabilidade do
levantamento das variáveis, onde utilizamos uma fonte de
sistema de medição.
corrente ajustável como fonte e um osciloscópio de ensaios.
Assim, temos como novo parâmetro para análise de erro,
apenas o erro composto, uma vez que a variável “carga
imposta” se tornou fixa e definida pelo fabricante do TC em
sua etapa de projeto e fabricação.

Uma vez que são conhecidos os erros de relação e erros


de ângulos é possível aplicar diretamente a equação que
define o TVE (Total Vector Error) conforme Molina
(2012), erro total vetorial, de acordo com a norma IEEE
C37.118/2005, apresentado em (4), a seguir, que determina
o erro total percentual.

𝑅𝑅𝑇𝑇𝑇𝑇(%) = 100 ∗ Figura 8 – Montagem básica para ensaios e avaliação dos


���1 + 𝜀𝜀% 2 𝜀𝜀%
� ∗ cos(𝛽𝛽) − 1� + ��1 + 100� ∗ sen (𝛽𝛽)�
2
(4) erros de TC – Transformador de Corrente.
100

Realizamos um conjunto de ensaios com a finalidade de se


Mapeados os erros e reconhecido o fasor medido real, face
obter uma amostragem dos erros de relação e erros de ângulo.
ao fasor ideal, conseguimos definir o fasor resultante que
Todos os pontos medidos foram repetidos por cinco vezes com
fará a compensação do erro natural do TC. A arquitetura
a finalidade de verificar o desvio padrão dos resultados afim
básica, Figura 6, segue a seguinte sequência do fluxograma
de avaliar o grau de dispersão para o conjunto de pontos
apresentado na Figura 7 para efetuar as correções de erro e
medidos. A Tabela 5 apresenta um resumo dos valores médios
apresentar um resultado corrigido e finalmente avaliando os
deste conjunto de ensaios realizados.
resultados e dando um feedback ao software de correção.
Skogestad (2001).
Tabela 5. Conjunto de ensaios realizados em TC também reduz a interferência eletromagnética sofrida
classe 0,3C50 conforme Figura 8. sobretudo pelos cabos de interligação, agora suprimidos e
evidencia a necessidade de desenvolver uma carga fixa ideal
Corrente Relação Conexão no Erro de Erro de fase em conectada ao secundário capaz de melhorar sua condição
injetada nominal secundário relação minutos operacional do ponto de vista da exatidão, ainda na concepção
Pimário In - 5A (% ) (valores médios)
do transformador de corrente.
(A)
150 100 - 5A S1 - S2 -0,07 0,8 É necessário considerar que existem os erros que surgem
100 100 - 5A S1 - S3 -0,12 0,6 em função das harmônicas, não avaliadas neste primeiro
50 100 - 5A S1 - S4 -0,12 0,6 trabalho, e que em nossos ensaios aplicamos a corrente
10 100 - 5A S1 - S5 -0,6 0,5 nominal no primário do TC como primeira ação antes de
iniciarmos os ensaios para magnetização do núcleo, o que
reduz a variação dos resultados quando repetidos e, portanto,
melhora o desvio padrão observado. É ainda valido salientar
que esta é uma topologia inovadora e que por hora, para sua
aplicação, é necessário desconsiderar as regras que vigoram
em normas de concessionárias de energia.

REFERÊNCIAS

ALBERTOS PEREZ, P.; SALA, ANTONIO. Multivariable


Control Systems : An Engineering Approach. Springer, 2004.

ALMEIDA, ROGER GARCIA, “Comportamento de


transformadores de corrente sob condições de energização de
Imagem 1 – Bancada de ensaios para medição de erros de um transformador de potência”, Dissertação apresentada na
relação e ângulo. Universidade Federal de Uberlândia para obtenção do título de
mestre em ciências, 2006.
Uma vez em posse destas informações é simples
equacionar a seguinte proposição e realizar a correção a nível BRITO, LUIZ CARLOS GRILLO., “Avaliação dos Erros de
de programação, haja visto que o banco de dados que define o Corrente em Medições de Sincronofasores e em suas
comportamento do erro para a nova topologia já foi mapeado aplicações”. Dissertação de mestrado – UFRJ/ COPPE/
e armazenado no computador (relé ou medidor) de maneira Programa de Engenharia Elétrica, Rio de Janeiro, RJ, Brasil,
prévia. Por fim temos a aplicação básica vetorial abaixo para 2011.
compensação dos erros, conforme Andrade (2008).
CIARLINI, EDUARDO ALENCAR., “Tópicos de medidas
elétricas – Transformadores de instrumentação”. Livro
técnico, ISBN 978-65-900484-0-0 – Fortaleza, CE, Brasil,
2019.

ANDRADE, SÔNIA RIBEIRO CAMPOS, “Sistemas de medição


Fasorial Sincronizada: Aplicações para melhoria em sistemas
elétricos de potência. Dissertação de mestrado – PPGE -
UFMG, Belo Horizonte, MG, Brasil, 28-Jun. 2008.

FD: Fasor Diferença SKOGESTAD, S.; POSTLETHWAITE, IAN. Multivariable


FI: Fasor Ideal Feedback Control: Analysis and design. Second edition.
FM: Fasor Medido Wiley, 2001.

Figura 9 – Módulo do fasor diferença/ módulo fasor ideal. MOLINA, RODRIGO NORAT TAVARES, “Procedimento para
Testes de Confiabilidade em Sistemas de Medição Indireta”,
XX Seminário Nacional de Distribuição de Energia Elétrica,
5. CONCLUSÃO
ST-21, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 26-Out. 2012.

A metodologia proposta, em tese, leva o conjunto de erros ABNT, NBR 6856 Transformador de Corrente – Especificação.
a percentuais a resultados menores que 0,05% para todas as
faixas de correntes haja visto que o algoritmo realizará IEC, IEC 60044-1Instrument transformers – Part 1: Current
correção automática em ampla faixa. A nova topologia transformers, 2003.

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