Inclusao Ou Exclusaow
Inclusao Ou Exclusaow
Inclusao Ou Exclusaow
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo apresentar e analisar o relato de uma aluna,
caracterizada com cegueira congênita a partir da sua matrícula em uma escola regular de
ensino e, assim, compreender se a mesma está sendo incluída de fato ou excluída no
ambiente escolar. Considerando esses aspectos, foi realizada uma pesquisa de campo na
instituição na qual a aluna está matriculada, localizada na cidade do Natal-RN, no
sentido de acompanhar o seu cotidiano escolar, conhecer as dificuldades e os desafios
enfrentados na escola regular. Para a obtenção e registro dos dados foi utilizada a
observação direta e entrevistas semiestruturadas. A partir das observações e das
entrevistas realizadas, foi possível compreender que, a aluna ainda sofre com o
preconceito e com a discriminação em razão da sua deficiência, principalmente com os
colegas, assim se sente excluída das atividades em sala, pois muitos dos professores não
sabem encontrar estratégias pedagógicas para facilitar o processo de ensino e
aprendizagem.
Abstract
The present work aims to present and analyze the report of a student, characterized with
congenital blindness as from her enrollment in a regular school of education and, thus,
to understand if she is actually being included or excluded in the school environment.
Considering these aspects, was conducted a field study at the institution in which the
student is enrolled, located in the city of Natal-RN, in order to follow your daily school,
understand the difficulties and challenges faced in regular school. To obtain and record
data, was used direct observation and semistructured interviews. From the observations
and performed interviews, it was possible to understand that the student still suffers
with prejudgment and discrimination because of her disability, specially with
classmates, so she feels excluded from activities in the classroom, because many
teachers don’t know find pedagogical strategies to facilitate the process of teaching and
learning.
Introdução
De acordo com Martins (2006, p.17), a escola regular, não foi, nem é planejada
para acolher a diversidade de indivíduos, mas para a padronização, para atingir os
objetivos educativos daqueles que são considerados dentro dos padrões de
“normalidade”. Assim, nos últimos anos as escolas e os demais órgãos da sociedade
vêm sendo desafiados a alcançar e conquistar uma forma equilibrada, capaz de
proporcionar uma cultura a todos os educandos, respeitando as suas especificidades e
necessidades. Porém, percebe-se que esta não é uma tarefa fácil, embora muito já tenha
sido feito, é preciso avançar ainda mais para se ter de fato uma escola inclusiva. De
acordo com Stainback & Stainback, um ensino inclusivo deve ser:
1
De acordo com a Declaração de Salamanca (1994) refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas
necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de
aprendizagem.
são capazes de ver materiais e objetos a poucos centímetros de distância, elas são
capazes de ler textos impressos ampliados ou com o uso de recursos óticos especiais
(Kirk e Gallagher, 2002, p. 180).
As principais causas da cegueira têm sido relacionadas em amplas categorias
como doenças infecciosas, acidentes e ferimentos, e causas hereditárias como a catarata,
a atrofia do nervo ótico, e o albinismo. É importante destacar que esses fatores
hereditários ainda são mais frequentes na causa da deficiência visual do que as doenças
e os acidentes. Dentre as principais doenças que podem levar a cegueira, pode-se
destacar a diabetes, a sífilis, o glaucoma, e a ceratite2.
A criança com deficiência visual enfrenta ao longo da sua vida diversas
limitações referentes à percepção, como a capacidade de se locomover, a interação com
o meio ambiente e a extensão e a variedade de experiências. Em relação ao
desenvolvimento cognitivo, González (2007, p. 104) afirma que:
2
A ceratite é a inflamação da córnea que pode ser causada por bactérias, vírus, e fungos.
Educacionais Especiais nas escolas regulares, neste caso, como alunos cegos estão
sendo acolhidos em suas especificidades de aprendizagem em escolas comuns. Se a
requerida é orientada, nos documentos legais, se há adequação de atividades
condizentes com a necessidade do aluno, adequações curriculares, pedagógicas,
metodológicas, estruturais e físicas estão ocorrendo para a inclusão de tais alunos ou, se
ao contrário, as ações, as práticas escolares contribuem para a sua exclusão.
Metodologia
Assim, fica evidente que a aluna ainda sofre com o problema da discriminação e
do preconceito na maioria das vezes por parte dos alunos. Estes que deviam propiciar
situações acolhedoras, ainda estão imersos no preconceito. Com isso, a escola como
instituição educativa, tem de pensar em práticas humanizadoras que tornem toda a
comunidade escolar inclusiva, aberta ao diferente, à diversidade.
Ainda, durante as observações ficou evidente que os professores não se
adequaram a necessidade educacional da aluna na condição de deficiente visual. As
atividades são na maioria das vezes apenas oralizadas com a aluna escrevendo em
Braille com o auxílio da reglete e do punção:
“Eu fico triste porque os professores não sabem o Braille. Ai, eles deviam
trazer as atividades em Braille pra eu não perder muito tempo escrevendo no
Braille. Eu fico cansada. Se eles trouxessem as atividades no Braille, ai
facilitava muito nas aulas” (Relato da aluna).
“Eu já fui. Às vezes não querem fazer trabalho em grupo comigo porque não
vejo. Daí outra vez teve uma atividade na escola que não deixaram eu
participar porque sou cega. E um dia, a professora disse que eu não
precisava fazer a avaliação, ai eu disse que queria porque eu tinha estudado,
aí ela disse, não você ta cansada, e tá muito difícil pra você” (Relato da
aluna).
Diante tal depoimento, é necessário que se afirme com base nas discussões de
Silva (2006, p. 151) que “o aluno com deficiência visual seja orientado a seguir as
mesmas regras da sala de aula e as normas de disciplina, exatamente como qualquer
outro aluno deve seguir”. Que seja “estimulado a participar de todas as atividades do
dia-dia escolar, sendo-lhes apresentadas alternativas que o tornem capaz de realizá-las
com o mesmo nível de dificuldade conferido aos demais alunos” (p. 151).
Ainda de acordo com Silva (2014), é importante que o professor nunca exclua o
aluno com deficiência visual de participar plenamente das diversas atividades que fazem
parte do cotidiano da escola, muito menos minimizar a participação do mesmo.
Proporcionar oportunidades ao aluno com deficiência visual de ter sucesso ou de falhar
é uma postura correta e que deve ser seguida sempre pelos docentes. Ainda, é
imprescindível que o professor:
“Não, eu não me considero incluída nessa escola. Às vezes parece que nem
existo. Poucos se importam com a minha dificuldade, quase nenhum
professor prepara uma aula pensando em mim. É muito difícil, mas eu vou
me adaptando; tô trazendo meu notebook para escrever mais rápido e tô
pedindo aos professores que enviem minhas provas pra uma escola que tem a
impressora em Braille” (Relato da aluna).
De acordo com Martins (2006, p. 19) para que a aluna seja realmente incluída na
escola é necessário que o Governo de fato adote políticas inclusivas e não apenas
divulgue, através dos meios de comunicação, que está promovendo a inclusão escolar
e que, em decorrência disto, as escolas estão sendo receptivas para receber a todos os
educandos, sem exceção; que busque formas a fim de contribuir para mudar a escola,
para torná-la receptiva às necessidades de todos os alunos.
Conclusão
Referências
SILVA, Luzia Guacira dos Santos. Estratégias de ensino utilizadas, também, com
um aluno cego, em classe regular. In: MARTINS, Lúcia de Araújo Ramos. PIRES,
José. PIRES, Glaúcia Nascimento da Luz. MELO, Francisco Ricardo Lins Vieira de.
(org.) Inclusão: Compartilhando saberes. Petrópolis, RJ: Vozes, 2006.
SILVA, Luzia Guacira dos Santos. Educação Inclusiva: práticas pedagógicas para uma
escola sem exclusões. 1º Ed. São Paulo, Paulinas, 2014.