Relações Jurídicas de Propriedade
Relações Jurídicas de Propriedade
Relações Jurídicas de Propriedade
JURÍDICAS DE
PROPRIEDADE
Introdução
Os direitos reais de garantia sobre coisa alheia caracterizam-se por asse-
gurarem o cumprimento de uma obrigação e podem assumir a forma
de penhor, hipoteca e anticrese, sendo que cada uma dessas hipóteses
apresenta espécies e regramentos específicos. Alguns aspectos são
comuns entre elas, como, por exemplo, a preferência, indivisibilidade,
sequela e excussão.
Assim como são constituídos, os direitos reais de garantia também
podem ser extintos. A extinção da obrigação, o perecimento do bem,
a remição e a renúncia do credor são causas de extinção comuns ao
penhor, à hipoteca e à anticrese.
Neste capítulo, você vai ler sobre as definições dos direitos reais de
garantia, as modalidades e espécies de penhor, a hipoteca e anticrese,
bem como as formas de extinção de cada uma dessas hipóteses.
garantia se houver uma dívida. De acordo com o art. 1.419 do Código Civil:
“Art. 1.419 Nas dívidas garantidas por penhor, anticrese ou hipoteca, o bem
dado em garantia fica sujeito, por vínculo real, ao cumprimento da obrigação”
(BRASIL, 2002, documento on-line).
Assim, caso uma dívida seja assegurada por uma garantia real, o credor
terá preferência sobre o valor que pode auferir com a venda judicial do
bem gravado. Na hipoteca ou no penhor, quando verificado o inadimple-
mento da obrigação, o bem dado em garantia é oferecido à penhora, e o
valor alcançado em leilões será destinado, de preferência, ao pagamento
da obrigação garantida. Já na anticrese, o bem dado em garantia é trans-
ferido para o credor, que, com as rendas por ele produzidas, pretende-se
pagar. Os direitos reais de garantia sobre coisa alheia apresentam quatro
características fundamentais:
preferência;
indivisibilidade;
sequela;
excussão.
Sobre os requisitos objetivos, somente bens alienáveis poderão ser dados em garantia;
além disso, as garantias podem recair sobre bens imóveis, classificando-se como
hipoteca e anticrese, e aos bens móveis, na forma de penhor. Quanto aos requisitos
subjetivos, destacamos a capacidade genérica aos atos da vida civil e o fato de que
apenas o proprietário do bem poderá gravá-lo.
Penhor
O penhor fundamenta-se no art. 1.431 do Código Civil e pode ser definido como
um direito real que consiste na transferência de um bem móvel, suscetível de
Do penhor, hipoteca e anticrese 5
Sobre a constituição do penhor, Tartuce (2017, p. 529) comenta que “[...] não se pode
esquecer que a instituição do penhor será efetivada por instrumento, seja ele público
ou particular. Em suma, sua constituição é um ato jurídico formal, pela exigência de
forma escrita, sob pena de nulidade”. Destacamos também a necessidade de registro,
por qualquer dos contratantes, em regra, no Cartório de Títulos e Documentos, tendo
em vista que se trata de elemento essencial para a eficácia do penhor.
Hipoteca
A hipoteca é um direito real de garantia sobre coisa alheia que recai sobre bens
imóveis, exigindo registro no cartório imobiliário, e se caracteriza pela não
transmissão da posse do bem. De acordo com o art. 1.473 do Código Civil,
em atenção aos requisitos objetivos da hipoteca, podem ser hipotecados os
seguintes bens (BRASIL, 2002):
os imóveis;
o domínio direito;
o domínio útil;
as estradas de ferro;
os recursos naturais referidos no art. 1.230, como jazidas e minas;
Do penhor, hipoteca e anticrese 7
os navios;
as aeronaves;
o direito de uso especial para fins de moradia;
o direito real de uso;
a propriedade superficiária.
Sobre os requisitos subjetivos, Diniz (2017, p. 607) comenta que “[...] esse
direito real de garantia requer a capacidade de alienar do devedor; só o que
pode alienar é o que poderá hipotecar, já que, se o débito não for pago, o
imóvel onerado será vendido em leilão”. Assim, se a hipoteca for constituída
por quem não é proprietário, será nula, salvo o devedor de boa-fé, nos termos
no art. 1.420, § 1º. As espécies de hipoteca são (BRASIL, 2002):
Anticrese
A anticrese é regulamentada pelos arts. 1.506 e seguintes do Código Civil:
Art. 1.506 Pode o devedor ou outrem por ele, com a entrega do imóvel ao credor,
ceder-lhe o direito de perceber, em compensação da dívida, os frutos e rendimentos.
§ 1º É permitido estipular que os frutos e rendimentos do imóvel sejam per-
cebidos pelo credor à conta de juros, mas se o seu valor ultrapassar a taxa
máxima permitida em lei para as operações financeiras, o remanescente será
imputado ao capital (BRASIL, 2002, documento on-line).
Formas de extinção
O penhor, a hipoteca e a anticrese, assim como são instituídos, também podem
ser extintos mediante condições específicas que colocam fim ao ônus de direito
real. Nos termos do art. 1.436 do Código Civil, o penhor pode ser resolvido
das seguintes formas (BRASIL, 2002):
dívida não for paga; extingue-se esse direito decorridos quinze anos da data
de sua constituição” (BRASIL, 2002, documento on-line).
Destacamos, porém, que, na pendência da garantia anticrética, não há
curso de prescrição da dívida, tendo em vista que a cobrança poderá ser
exercida, assim, o prazo de prescrição apenas terá início quando o credor
deixar de ter a posse.
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