Fichamento Discurso Sobre o Colonialismo

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO

CENTRO DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS


CURSO DE LETRAS LICENCIATURA EM LÍNGUA PORTUGUESA
DISCIPLINA: LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
PROF. DR.:ALEX SANTOS MOREIRA

AMANDA AGUIAR SARAIVA

FICHAMENTO DE CITAÇÃO

CÉSAIRE, A. Discurso sobre o Colonialismo. 1ª ed. Trad. Noêmia de Sousa. Lisboa:


Livraria Sá da Costa Editora, 1978.
“A Europa é indefensável.” (CÉSAIRE, 1978, p.13)
"[...] o que é, no seu princípio, a colonização? Concordemos no que ela não é: nem
evangelização, nem empresa filantrópica, nem vontade de recuar as fronteiras da ignorância,
da doença, da tirania, nem propagação de Deus, nem extensão do Direito; admitamos, uma
vez por todas, sem vontade de fugir às consequências, que o gesto decisivo, aqui, é o do
aventureiro e do pirata, do comerciante e do armador, do pesquisador de ouro e do mercador,
do apetite e da força, tendo por detrás a sombra projetada, maléfica, de uma forma de
civilização que a dado momento da sua história se vê obrigada, internamente, a alargar à
escala mundial a concorrência das suas economias antagônicas" (CÉSAIRE, 1978, p.14-15)
"E digo que da colonização à civilização a distância é infinita; que de todas as expedições
coloniais acumuladas, de todos os estatutos coloniais elaborados, de todas as circulares
ministeriais expedidas, é impossível resultar um só valor humano." (CÉSAIRE, 1978, p. 15-
16)
"Sim, valeria a pena estudar clinicamente, no pormenor, os itinerários de Hitler e do
hitlerismo e revelar ao burguês muito distinto, muito humanista, muito cristão do século XX
que traz em si um Hitler que se ignora, que Hitler vive nele, que Hitler é o seu demónio, que
se o vitupera é por falta de lógica, que, no fundo, o que não perdoa a Hitler não é o crime em
si, o crime contra o homem, não é a humilhação do homem em si, é o crime contra o homem
branco, a humilhação do homem branco e o ter aplicado à Europa processos colonialistas que
até aqui só os árabes da Argélia, os coolies da Índia e os negros de África estavam
subordinados." (CÉSAIRE, 1978, p. 18)
"[...] ninguém coloniza inocentemente, nem ninguém coloniza impunemente; que uma nação
que coloniza, que uma civilização que justifica a colonização - portanto, a força - é já uma
civilização doente, uma civilização moralmente ferida que, irresistivelmente, de consequência
em consequência, de negação em negação, chama o seu Hitler, isto é, o seu castigo."
(CÉSAIRE, 1978, p. 21)
"[...] o colonizador, para se dar boa consciência se habitua a ver no outro o animal, se exercita
a tratá-lo como animal, tende objetivamente a transformar-se, ele próprio, em animal
[...]"(CÉSAIRE, 1978, p. 23-24)
" É a minha vez de enunciar uma equação: colonização = coisificação." [...]"(CÉSAIRE,
1978, p. 25)
"[...] Falam-me de progresso, de 'realizações', de doenças curadas, de níveis de vida elevados
acima de si próprios.
Eu, eu falo de sociedades esvaziadas de si próprias, de culturas espezinhadas, de instituições
minadas, de terras confiscadas, de religiões assassinadas, de magnificências artísticas
aniquiladas, de extraordinárias possibilidades suprimidas." (CÉSAIRE, 1978, p. 25)
"que o nosso azar quis que fosse essa a Europa que encontrámos no nosso caminho e que a
Europa tem contas a prestar perante a comunidade humana pela maior pilha de cadáveres da
história.” CÉSAIRE, 1978, p. 27-28)
" O progresso está em que hoje é o detentor das virtudes cristãs quem disputa a honra - e sai-
se muito bem - de administrar no ultramar usando os processos dos falsários e dos
torcionários."(CÉSAIRE, 1978, p. 31)
"Traduzido em gíria jornalística, obtemos Faguet: 'No fim de contas, o bárbaro é da mesma
raça que o Romano e o Grego. É um primo. O Amarelo, o Negro, não é de maneira nenhuma
nosso primo. Existe aqui uma verdadeira diferença, uma verdadeira distância - e muito grande
- etnológica. Afinal, a civilização nunca foi feita até agora senão pelos Brancos”
[...]"(CÉSAIRE, 1978, p. 34)
"Porque, enfim, é preciso tomarmos o nosso partido e dizermos duma vez por todas que a
burguesia está condenada, cada dia que passa, a ser mais intratável, mais abertamente feroz,
mais despudorada, mais sumariamente bárbara; que uma lei implacável estabelece que toda a
classe decadente se vê transformada em receptáculo onde afluem todas as águas sujas da
História; que é uma lei universal que toda a classe, antes de desaparecer, deve previamente
desonrar-se completamente, omnilateralmente, e que é com a cabeça enterrada no esterco que
as sociedades moribundas soltam o seu canto do cisne." (CÉSAIRE, 1978, p.51)
"Um animal agreste que, pelo elementar exercício da sua vitalidade, espalha o sangue e
semeia a morte - estamos lembrados que, historicamente, foi sob esta forma de arquétipo
feroz que se manifestou, à consciência e ao espírito dos melhores, a revelação da sociedade
capitalista." (CÉSAIRE, 1978, p. 53)
"Tudo neste mundo transpira crime: o jornal, a muralha e o rosto do homem.' É Baudelaire, e
Hitler não tinha nascido!" (CÉSAIRE, 1978, p. 53)

"A burguesia, como classe, está condenada, quer se queira, quer não, a ser responsável por
toda a barbárie da História, as torturas da Idade Média e a Inquisição, a razão de Estado e o
belicismo, o racismo e o esclavagismo, em suma, tudo contra o que protestou em termos
inolvidáveis, no tempo em que, classe ao ataque, encarnava o progresso humano."
(CÉSAIRE, 1978, p. 56)
"Que o Ocidente inventou a ciência. Que só o Ocidente sabe pensar; que nos limites do
mundo ocidental começa o tenebroso reino do pensamento primitivo, o qual, dominado pela
noção de participação, incapaz de lógica, é o tipo acabado do falso pensamento." (CÉSAIRE,
1978, p. 58)
"[...] O senhor Caillois toma a retificação por nula e sem efeito. Para o senhor Caillois, o
Lévy-Bruhl autentico só pode ser o do primitivo que extravaga. Ficam, naturalmente, alguns
pequenos factos que resistem. A saber, a descoberta da astronomia pelos Assírios. A saber, o
nascimento da química entre os Árabes. A saber, a aparição do racionalismo no seio do Islão,
numa época em que o pensamento ocidental tina uma feição furiosamente pré-lógica."
(CÉSAIRE, 1978, p. 59)
"É um fato: a nação é um fenômeno burguês [...] que a empresa colonial é, para o mundo
moderno, o que o imperialismo romano foi para o mundo antigo: preparador do Desastre e
percursor da Catástrofe: Pois então? Os Índios massacrados, o mundo muçulmano esvaziado
de si próprio, o mundo chines maculado e desnaturado durante um bom século; o mundo
negro desqualificado; vozes imensas extintas para todo o sempre; lares desfeitos; todo este
esfrangalhamento, todo este desperdício, a humanidade reduzida ao monólogo e credes que
isto não se paga?" (CÉSAIRE, 1978, p. 63)
"[...] quer dizer que a salvação da Europa não tem a ver com uma revolução nos métodos; tem
a ver com a Revolução; aquela que, à espera da sociedade sem classes, substituirá a estreita
tirania duma burguesia desumanizada pela preponderância da única classe que tem ainda
missão universal, porque na sua carne sofre de todos os males da História, de todos os males
universais: o proletariado." (CÉSAIRE, 1978, p. 69)

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