Farsa Ines Pereira

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Sem casamento que enfadamento

1.1
A divisão do excerto baseia-se na entrada das personagens em cena.
- Cena l: monólogo de Inês.
- Cena II: dialogo entre Inês e a Mãe.
- Cena III: diálogo entre Lianor Vaz e a Mãe.

2.
A ideia recorrente no monólogo de Inês é a de cativeiro.
Os três fatores que motivam essa ideia são
- o confinamento ao espaço da casa «que nam sai senão à porta?»,
- a subjugação à autoridade materna «a tarefa que lhe dei», e
- a obrigação de trabalhar nos lavores «Renego deste lavrar».

3.
Inês é uma jovem preguiçosa, ambiciosa, revoltada e inconformada por não poder
fazer o que quer, desejando libertar-se da vida que leva.

4.1.
O relacionamento entre Inês e a Mãe é pouco amistoso/conflituoso.
Ambas têm pontos de vista diferentes:
Ines detesta as tarefas domésticas e deseja casar-se para se libertar do
Jugo da mão «Prouvesse a Deos que id é rezãos de nam estar tam
singelas.
A mãe, pelo contrario, acusa Inês de ser preguiçosa e apressada para se casar «como
queres tu casar/com fama de prequicosas e «Nam te apresses tu Ines

5.
Lianor relata o seu encontro com um clérigo que desejava um encontro
intimo com ela.
Apesar de inicialmente se mostrar indignada com as intenções do clérigo,
subentende-se que o frade foi bem-sucedido nos seus intentos.
Lianor, perante Inês e a Mãe, deixa transparecer o prazer que tal experiência lhe
proporcionou.

6
Inês está a «lavrar» ou seja, a coser ou bordar, um travesseiro (provavelmente para o
enxoval)
A Mãe vem da missa.
Lianor é uma alcoviteira que arranjava casamento. O episódio que relata pretende
ainda alertar ines para o perigo que as mulheres solteiras correm por não terem
ninguém que as defenda.

7
Com a ironia, a Mãe pretende mostrar a Inês que já adivinhava que ela não estava a
trabalhar como era suposto. Mostra-se trocista.
Pretendente apresentado e logo rejeitado

-Cena l:
Lianor vem com uma proposta de casamento para Inês. Esta mostra-se ansiosa, mas
também desconfiada sobre o seu pretendente. Aceita ler a carta de Pero Marques.

- Cena II:
Inês aceita receber Pero Marques, com o intuito de gozar com ele, enquanto a Mãe,
levando a sério o pretendente, lhe pede para se arranjar.

- Cena Ill:
Monólogo de Pero Marques em que, desnorteado, se questiona sobre a morada certa
de Inês

- Cena IV:
Encontro de Inês e Pero, em que é visível a sua incompatibilidade.

- Cena VI
Apesar das boas intenções de Pero Marques, este é rejeitado por Inês.

2.
A mãe põe em evidência a esperteza da filha que, para alcançar os seus objetivos, é
capaz de tudo.

3.
A carta
-prepara o encontro com Pero Marques
- faz a primeira apresentação / caracterização da personagem
(homem com boas intenções, cerimonioso, ingénuo),
- refere a sua intenção de casamento e
- revela, desde logo, a atitude jocosa de Inês para com este pretendente.

4
A verdadeira intenção de Inês é gozar com Pero Marques: «logo em chegando
aqui/pera me fartar de rir» (vv. 263-264)

5
Embora rico e apaixonado por Inês, Pero revela-se pouco à vontade em
sociedade, um verdadeiro simplório, ignorante e desajustado. É, porém respeitador,
carinhoso, bom e preocupado com a reputação de Inês
Mostra-se ainda persistente, pois mesmo depois de rejeitado, continua a demonstrar
o seu interesse por Inês.
5.1
Para Inês, o seu marido não tem de ser rico, mas ser sensato, inteligente, culto, hábil
com as palavras e saber estar em sociedade
«Porém nam hei de casar/senam com homem avisado/inda que pobre e pelado/seja
discreto em falar» (vv. 184-187).
Pero Marques é o oposto do ideal de marido de Inês, pois é um simples campónio,
ingénuo e rude.

6.
Pero Marques, com a melhor das intenções, quer presentear Inês com peras que
guardou no capuz. Contudo, o seu capuz é um verdaeiro armazém, em que tudo cabe:
«peas» (cordas), «perlas», «três chocalhos» e «um novelo». Inês, contrariada, ajuda-
o, mas as peras não aparecem.

6.1.
O cómico de situação está presente nesta cena. A atrapalhação de Pero
Marques, o desagrado de Inês e os objetos que, muito provavelmente, caem em
palco, contribuem para uma situação que suscita riso.

7
Enquanto Pero se preocupa com a segurança de Inês por estar sozinha e às escuras,
esta, mais atrevida, fica desapontada por Pero Marques não ter tentado aproveitar-se
do facto de estarem sós para lhe dizer «mil doçuras» e tentar cortejá-la, mostrando o
seu lado romântico.

8.
Ao longo do discurso de Inês é evidente a ironia. Os vários momentos irónicos
servem o propósito de troçar e ridicularizar Pero Marques, dizendo o oposto daquilo
que verdadeiramente pensa.

8.1.
Por exemplo:
«Oh Jesu que João das Bestas/olhai aquela canseira» (vv. 291/292)
«O galante despejado» (v. 341)
«Quam desviado este está./Todos andam por caçar/suas damas sem casar/e este
tomade-o la.» (vv. 345-348)
«Olhai se o levou o gato» (v.371)

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