O A C D B B: Bservação E Nálise Do Omportamento Inâmico de Arragens de Etão
O A C D B B: Bservação E Nálise Do Omportamento Inâmico de Arragens de Etão
O A C D B B: Bservação E Nálise Do Omportamento Inâmico de Arragens de Etão
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• à Eng.ª Luísa Farinha, ao Eng.º Eduardo Bretas e ao Investigador Nuno Azevedo pela
amizade, apoio e incentivos durante o período que estive no LNEC desenvolver este
trabalho;
• a todos os técnicos do LNEC que intervieram na instalação do sistema na barragem do
Cabril, o Sr. Victor Henriques, o Sr. Fernando Marques, o Sr. Hélder Vitória e o
Sr. Jorge Gião.
Agradeço à FEUP a oportunidade que me concedeu ao aceitar a minha inscrição como
aluno de Doutoramento de uma instituição de reconhecido prestígio nacional e internacional.
Agradeço à EDP a autorização para instalar o sistema na barragem do Cabril, e todo o
apoio prestado na instalação do mesmo, de uma forma especial queria agradecer:
• ao Eng.º Ilídio Ferreira e ao Eng.º Assunção, por toda a disponibilidade demonstrada
para a instalação do sistema na barragem do Cabril;
• ao Eng.º Carlos Rosário, Chefe de Produção da Zona Centro da EDP, pela
disponibilização das melhores soluções para a implementação do controlo remoto do
sistema;
• ao Sr. Jorge Fernandes, Chefe da Central do Cabril, um obrigado especial, quer pelo
apoio prestado à instalação do sistema, quer pela disponibilidade e empenho em
ajudar, em obra, a implementar o controlo remoto do sistema;
• a todos os técnicos da EDP: observadores, electricistas, pessoal da manutenção e
segurança, por todo o apoio sempre prontamente disponibilizado.
Um agradecimento também para os técnicos das empresas envolvidas na instalação do
sistema na barragem do Cabril, nomeadamente a Cabelte, a Demobetão, bem como à Quantific e
à Kinemetrics pelo empréstimo de equipamento.
Gostaria também de agradecer à FCT, quer pela bolsa individual de doutoramento que me
concedeu, quer pelo financiamento concedido no âmbito do projecto REEQ/815/ECM/2005 -
Estudo de processos de deterioração evolutiva em barragens de betão. Controlo da segurança
ao longo do tempo.
Agradeço ao ISEL a bolsa de Doutoramento que me concedeu, disponibilizando-me assim
três anos para me dedicar inteiramente a este trabalho, e a todos os colegas do ISEL pela
amizade, apoio e incentivo constantes. Aos colegas José Gomes, Paulo Martins, Mário Ferreira,
Luciano Jacinto, Idália Gomes, Alexandra Costa, Paula Lamego, um obrigado especial. Um
palavra também de muito apreço ao Professor Manuel Vasques, à Professora Maria da Graça
Lopes, à Professora Carla Costa, à Professora Cristina Machado e à Professora Manuela
Gonçalves por todo o apoio recebido durante o meu percurso académico.
Por fim gostaria de expressar o meu agradecimento aos meus pais Etelvino e Delmira, às
minhas irmãs Amélia e Maria, ao meu cunhado Álvaro e à minha namorada Telma pela
paciência, pelo apoio e pelos permanentes incentivos.
ii
OBSERVAÇÃO E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DE BARRAGENS
DE BETÃO
Resumo
iii
iv
OBSERVATION AND ANALYSIS OF CONCRETE DAMS DYNAMIC BEHAVIOUR
Abstract
The main aim of this research work is to improve the methodologies currently used in the
monitoring and analysis of concrete dam dynamic behaviour. For this purpose, a prototype of a
monitoring system based on a continuous vibration measurement has been installed in Cabril
dam. This allows the characterization of Cabril dam’s dynamic behaviour over time, taking into
account different types of excitation such as the wind, the vibration due to the operation of both,
the power units and the outlets, micro tremors, and earthquakes of both medium and high
intensity.
The prototype of the monitoring system proposed here aims at providing an integrated
approach which guarantees both, the seismic behaviour monitoring of dams, according to the
current Portuguese regulation for the safety of dams, and the possibility of obtaining
experimental data on the dynamic behaviour of dams (for different type of excitation), which is
essential for the improvement of available numerical models used both, to design new dams and
to predict the structural behaviour of operating dams.
The effect that the reservoir has on the dynamic behaviour of the dam-foundation-reservoir
system is referred, and it is emphasised the influence of the reservoir variations in the variations
of natural frequencies, or mode shapes or modal damping.
The governing equations of structural mechanics are systematically presented with a view
to developing numerical models for the dynamic analysis of concrete dams (in both time and
frequency domains) based on the hypothesis of damping proportional or not proportional to the
distribution of mass and stiffness (based on the state formulation), and correlating these with the
modal identification formulations (in both time and frequency domains).
The use of automated modal identification methods is implemented with a view to
continuously evaluating the natural frequencies of the first modes (and corresponding mode
shapes and modal damping), adapted to the analysis of dam-foundation-reservoir systems. The
use of statistical models of separation of effects based on multiple linear regression techniques is
also proposed, for the analysis the natural frequencies data histories identified from the results of
continuous dynamic monitoring.
An application to Cabril dam is presented which shows the potential of the continuous
dynamic monitoring system, demonstrates that the methodologies proposed in this thesis can be
effectively used in practice, and shows the possibility of correlating variations in the modal
parameters of the dam´s dynamic response with structural deterioration, which is very much
evident in this dam.
v
vi
OBSERVATION ET ANALYSE DU COMPORTEMENT DYNAMIQUE DES
BARRAGES EN BÉTON
Résumé
vii
viii
Palavras Chave / Keywords
ix
x
Índice
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
1 INTRODUÇÃO ..........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................1
Capítulo 2
COMPORTAMENTO DINÂMICO DE BARRAGENS DE BETÃO.
CONTROLO DA SEGURANÇA E OBSERVAÇÃO
2 COMPORTAMENTO DINÂMICO DE BARRAGENS DE BETÃO. CONTROLO DA SEGURANÇA E OBSERVAÇÃO .............................................................................................................................................................................................................................................13
xi
Capítulo 3
MODELOS PARA INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DE
BARRAGENS DE BETÃO
3 MODELOS PARA INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DE BARRAGENS DE BETÃO .....................................................................................................................................................................................................................................73
3.5 Evolução do comportamento dinâmico ao longo da vida útil. Modelos de separação de efeitos ............ 178
Capítulo 4
OBSERVAÇÃO EM CONTÍNUO DO COMPORTAMENTO DINÂMICO
DE BARRAGENS DE BETÃO
4 OBSERVAÇÃO EM CONTÍNUO DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DE BARRAGENS DE BETÃO .....................................................................................................................................................................................................................................................................185
xii
4.3.4 Gestão de dados ..................................................................................................................................... 209
Capítulo 5
MONITORIZAÇÃO E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DINÂMICO
DA BARRAGEM DO CABRIL
5 MONITORIZAÇÃO E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DA BARRAGEM DO CABRIL.................................................................................................................................................................................................................................................................... 225
5.4 Modelos numéricos para apoio à interpretação dos ensaios de vibrações ................................................ 244
5.4.1 Alterações nas configurações modais devidas à fissuração. Modelação numérica da zona fissurada.... 245
5.4.2 Influência da torre das tomadas de água. Modelo numérico da torre ..................................................... 246
5.4.3 Efeito das juntas de contracção. Modelação numérica com o MED (3DEC) ........................................ 250
xiii
Capítulo 6
CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS
6 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS .............................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................279
BIBLIOGRAFIA
7 BIBLIOGRAFIA ....................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................287
xiv
Lista de figuras
Figura 1.1 – a) Evolução do panorama da produção de Energia eléctrica, tendo em conta o tipo de combustível,
entre 1973 e 2005; b) barragens em construção com mais de 60 m de altura (WRI, 2003). ................................ 2
Figura 1.2 – Evolução dos níveis de segurança de uma obra ao longo da sua vida útil. Efeito da deterioração
evolutiva e de acidentes/incidentes (adaptado de (Oliveira, 2000)). .................................................................... 4
Figura 1.3 – Várias fases do desenvolvimento e instalação do sistema de monitorização em contínuo do
comportamento dinâmico da barragem do Cabril. ................................................................................................ 5
Figura 1.4 – Esquema representativo do sistema de observação do comportamento dinâmico em contínuo e da
utilização integrada de resultados experimentais e modelos numéricos. .............................................................. 6
Figura 1.5 – a) Detecção automática das frequências naturais, baseada em identificação modal no domínio da
frequência; b) Utilização conjunta de modelos de identificação modal no domínio do tempo e da
frequência; c) Evolução de uma frequência natural ao longo do tempo e correspondente variação do nível
da albufeira. .......................................................................................................................................................... 7
Figura 1.6 – Avaliação da amplitude das vibrações e análise espectral dos registos obtidos, para controlo da
segurança em “tempo real”. .................................................................................................................................. 8
Figura 2.1 Barragem de Alqueva (altura: 96 m; construção:1997-2002; albufeira: 250 km2, 4150 hm3). Vista
aérea da barragem, albufeira e estruturas anexas. ............................................................................................... 14
Figura 2.2 Controlo da segurança de sistemas barragem-fundação-albufeira sob acções sísmicas. Observação e
desenvolvimento de modelos de previsão da resposta estrutural. ....................................................................... 17
Figura 2.3 – Construção da barragem de Xiaowan (2008) – barragem abóbada com 292 m de altura máxima
acima da fundação (Ren, et al., 2007)................................................................................................................. 19
Figura 2.4 – Sistema barragem-fundação-albufeira. Representação das principais superfícies de
descontinuidade, órgãos anexos e dispositivos de segurança na fundação (cortinas de impermeabilização e
drenagem). .......................................................................................................................................................... 20
Figura 2.5 Construção de uma barragem abóbada (Alqueva). Vista dos vários blocos na fase de betonagem do
corpo da obra e pormenor de uma face das juntas de contracção onde se podem ver os encaixes (“shear
boxes”), neste caso com a forma semi-esférica. ................................................................................................. 21
Figura 2.6 Linhas de influência típicas das frequências naturais de barragens abóbada. ............................................ 22
Figura 2.7 – Barragem de Lower Crystal Springs: a) vista da obra; b) corte pela consola central (altura 38,5 m). .... 25
Figura 2.8 – Planta, alçado e cortes da barragem de Hsinfengkiang, na China, adaptado de (Jansen, 1988). ............ 25
Figura 2.9 – Barragem de Koyna, na Índia: a) Vista aérea; b) Secção transversal...................................................... 26
Figura 2.10 – Barragem de Pacoima: a) vista geral; b) vista do encontro da margem esquerda; c) corte consola
central. ................................................................................................................................................................ 28
Figura 2.11 – Barragem de Rapel, no Chile. ............................................................................................................... 28
Figura 2.12 – Barragem de Sefid Rud. ........................................................................................................................ 29
Figura 2.13 – Barragem de Sefid Rud após um sismo violento de magnitude 7,6, com epicentro a cerca de 1 km
da obra: a) mapa das fissuras no contraforte nº 15 – deslocamento tangencial para jusante, da ordem de 20
xv
mm, da cunha indicada, formada após o sismo; b) fissuração horizontal no paramento de montante da
barragem; c) sala de controlo da central de produção de energia. Adaptado de (Wieland, 2006). ...................... 30
Figura 2.14 – Barragem de Sefid Rud: a) pontas dos cabos de pré-esforço, durante a sua instalação; b) esquema
da disposição dos cabos de pré-esforço (Wieland, 2006). ................................................................................... 30
Figura 2.15 – Colapso da Barragem de Shih-Kang, junto à margem direita. .............................................................. 31
Figura 2.16 – Barragem de ZiPingPu (156 m de altura): a) Imagem de satélite; b) Paramento de jusante, com
inúmeros desprendimentos e fissurações............................................................................................................. 32
Figura 2.17 – Barragem de Saipai (130 m de altura) após o sismo de Wenchuan: a) foto aérea; b) encontros
direito e esquerdo. ............................................................................................................................................... 33
Figura 2.18 – Vibradores: a) rotativos de massa excêntrica, com motor eléctrico (LNEC); b) de translação com
motor servo hidráulico (EMPA). ......................................................................................................................... 34
Figura 2.19 – a) Barragem do Alto Lindoso; b) Barragem do Alto Ceira. .................................................................. 35
Figura 2.20 – a) Barragem de Contra (altura máxima - 220 m); b) Barragem de Emosson (altura máxima - 180
m). ....................................................................................................................................................................... 36
Figura 2.21 – Disposição de acelerómetros na 2ª galeria (cota 274,5 m) da barragem do Cabril, durante a
realização de um ensaio de vibração ambiental................................................................................................... 37
Figura 2.22 – Localização dos acelerómetros do sistema de observação sísmica da barragem de Pacoima.
Adaptado de (Alves, et al., 2006). ....................................................................................................................... 39
Figura 2.23 – Barragem de Mauvoisin: a) Vista geral; b) Disposição dos sensores na monitorização em
contínuo (galeria à cota 1957 m). ........................................................................................................................ 40
Figura 2.24 – Linhas de influência das duas primeiras frequências naturais identificadas, nas campanhas de
vibração ambiental e de observação em contínuo [adaptado de (Darbre, et al., 2002)]. ..................................... 40
Figura 2.25 – Barragem de Enguri: a) Vista de frente; b) Plano de observação sísmica (GEOSIG, 2009). ................ 42
Figura 2.26 – Barragem de Karun III no Irão. ............................................................................................................. 42
Figura 2.27 – a) Barragem de Kaore; b) Linha de influência da variação da primeira frequência própria em
função do nível da água na albufeira, [adaptado de (Toyoda, et al., 2002)]. ....................................................... 43
Figura 2.28 – Barragem de Hitotsuse, no Japão. ......................................................................................................... 44
Figura 2.29 – Observação em contínuo da barragem de Hitotsuse (Okuma, et al., 2008): a) Variação do nível da
albufeira; b) Variação da temperatura; c) Variação das primeiras frequências naturais. .................................... 45
Figura 2.30 – Barragem de Cahora-Bassa: a)Localização das estações sismológicas E1 a E5 (LNEC, 1971);
b) vista aérea da obra........................................................................................................................................... 46
Figura 2.31 – Rede de observação sísmica na barragem (Carvalho, et al., 2008)........................................................ 47
Figura 2.32 – Barragem da Aguieira: a) Vista geral; b) Alçado com a localização dos 3 macro-sismógrafos. ........... 47
Figura 2.33 – Barragem de Alqueva: a) vista geral; b) alçado com a disposição das 5 estações sísmicas
instaladas no corpo da barragem; c) estações sísmicas dispostas ao longo da albufeira adaptado de
(Gomes, et al., 2001). .......................................................................................................................................... 48
Figura 2.34 – Barragem de Enguri na Geórgia, obras de reabilitação após a guerra civil. .......................................... 50
Figura 2.35 – Barragem da Aguieira e modelo de elementos finitos tridimensional. .................................................. 52
xvi
Figura 2.36 – Modelo físico da barragem de Odiáxere com albufeira (modelo à escala 1:40). Estudo dinâmico
na mesa sísmica do LNEC (Gomes, 2010). ........................................................................................................ 54
Figura 2.37 – Modelo físico da barragem arco-gravidade de Longyangxia (EERC-IWHR, 2008). ........................... 54
Figura 2.38 – Ensaio de uma barragem abóbada numa mesa sísmica de 5x5 m2 na China. Exemplo de um
“cinto anti-sísmico” – combinação de armaduras de reforço e amortecedores (Zou, et al., 2006). .................... 55
Figura 2.39 – Comparação de mesas sísmicas de diferentes dimensões (Saouma, et al., 2007). ................................ 55
Figura 2.40 – Imagens 3D obtidas através de técnicas de fotogrametria para a Barragem do Cabril: ficheiro em
formato 3D PDF que permite aceder interactivamente a um modelo gráfico 3D com possiblidade de
visualizar sectorialmente imagens orto-rectificadas com diferentes resoluções (Berberan, et al., 2007). .......... 60
Figura 2.41 – Sirenes para emissão de alarmes às populações, em caso de perigo de inundações (Wieland, et
al., 2009). ............................................................................................................................................................ 61
Figura 2.42 – Componentes de um sistema modular: a) unidades de aquisição e digitalização de dados;
b) concentrador de dados. Adaptado de (http://www.gantner-instruments.com). .............................................. 64
Figura 2.43 – Exemplos de soluções propostas para medição de acelerações recorrendo a tecnologia sem fios
(“wireless”): a) (http://www.techkor.com); b) (http://www.microstrain.com). .................................................. 64
Figura 2.44 – Soluções para medição de acelerações recorrendo a tecnologia associada à fibra óptica:
a) Unidades de medição; b) Acelerómetros. Adaptado de (http://www.fibersensing.com). ............................... 65
Figura 2.45 – Prescrição da acção sísmica: a) zonas consideradas no RSAEEP; b) zonas consideradas no EC8;
c) modelos de rotura falha. ................................................................................................................................. 69
Figura 3.1 – Tipos de modelos utilizados na análise do comportamento dinâmico de barragens de betão................. 75
Figura 3.2 – Modelação do comportamento dinâmico de barragens de betão: a) barragem abóbada - Cahora-
Bassa; b) diferentes tipos de modelos usualmente adoptados na simulação do comportamento dinâmico de
sistemas barragem-fundação-albufeira. ............................................................................................................. 78
Figura 3.3 – Análise dinâmica de estruturas. Problema directo, inverso e de identificação. ...................................... 79
Figura 3.4 – Equações fundamentais da Mecânica Estrutural: formulações forte e fraca. Aplicação à análise
dinâmica de sistemas barragem-fundação-albufeira.......................................................................................... 82
Figura 3.5 – Elemento finito tridimensional isoparamétrico tipo cubo com 20 pontos nodais. a) Representação
dos eixos locais e expressões com os valores das funções de interpolação para os diferentes nós. b)
Representação das funções de interpolação (vectoriais) associadas a cada grau de liberdade; representação
para os GL dos pontos nodais 1, 2 e 20. ............................................................................................................. 86
Figura 3.6 – Barragem abóbada discretizada em elementos finitos tridimensionais de 20 nós................................... 87
Figura 3.7 – Análise dinâmica de estruturas pelo MEF. Formulação em deslocamentos e no espaço de estados. ..... 90
Figura 3.8 – Modelo físico de um edifício de um piso. Perspectiva e representação esquemática do modelo de 1
GL idealizado para estudar o comportamento dinâmico da direcção mais flexível. ........................................... 91
Figura 3.9 – Modo natural de vibração de um modelo de 1 GL, com amortecimento inferior ao valor do
amortecimento crítico ccr = 2 k m . .................................................................................................................. 93
Figura 3.10 – Aplicação da transformada de Fourier para converter a equação diferencial da dinâmica, definida
no domínio do tempo, numa equação algébrica (complexa), definida no domínio da frequência.
Representação da decomposição em ondas da função incógnita u(t), definida no intervalo [0,T],
xvii
correspondente à transformada discreta de Fourier (a transformada contínua de Fourier corresponde a
considerar T→∞). ............................................................................................................................................ 95
Figura 3.11 – Modo natural de vibração de um modelo de 1 GL, com amortecimento. Representação no
domínio do tempo e no espaço de estados......................................................................................................... 101
Figura 3.12 – Representação de modos de vibração com componentes complexas. ................................................. 110
Figura 3.13 – Discretização temporal de forças em cada intervalo: a) constante; b) varia linearmente. ................... 116
Figura 3.14 – Malha de elementos finitos isoparamétricos de 20 nós do corpo da barragem do Cabril. ................... 117
Figura 3.15 – Modos de vibração e frequências naturais (MEF_DIN3D). ................................................................ 118
Figura 3.16 – História de deslocamentos medida no ponto central da abóbada, devida a uma acção sísmica
(definida no regulamento português) aplicada na base do modelo (MEF_DIN3D). ......................................... 118
Figura 3.17 – Resposta sísmica de uma barragem abóbada – cálculo no domínio do tempo com o programa
MEF_DIN3D. Deformação da obra e distribuição das tensões principais (nos pontos de Gauss) em quatro
instantes. ............................................................................................................................................................ 119
Figura 3.18 – Tipo de elementos utilizados pelo Método dos Elementos Discretos: a) Malha de blocos
(poliedros) da barragem de Cahora-Bassa; b) Malha de elementos finitos, da barragem de Alqueva, com
alguns elementos discretizados em partículas (esferas)..................................................................................... 120
Figura 3.19 – Tipos de elementos discretos. .............................................................................................................. 120
Figura 3.20 – Ciclo de cálculo nos algoritmos explícitos [adaptado de (Lemos, 1999)]. .......................................... 122
Figura 3.21 – Esquema que ilustra o conceito base da identificação modal estocástica. ........................................... 126
Figura 3.22 – Vista do tanque utilizado para estudar o comportamento dinâmico de uma parede de contenção
de água, em consola, para diferentes cotas de água (construído no Labest – ISEL). ........................................ 127
Figura 3.23 – a) Malha plana de elementos finitos; b) ensaio de ultra-sons em provete de betão para determinar
experimentalmente o módulo de elasticidade do betão (módulo de elasticidade dinâmico). ............................ 128
Figura 3.24 – Primeiros modos de vibração obtidos com o modelo de elementos finitos. ........................................ 128
Figura 3.25 – a) Esquema representativo dos graus de liberdade de interesse para a caracterização experimental
plana do modelo físico; b) acelerómetros colocados no modelo. ...................................................................... 129
Figura 3.26 – Decomposição de uma série temporal, de comprimento T (p. ex., série observada num sensor
colocado numa obra sob excitação ambiental), em ondas sinusoidais (Oliveira, 2007). O comprimento T
do registo determina o espaçamento em frequência ∆ω das várias ondas constituintes da série temporal
(para se aumentar a precisão em frequência é necessário aumentar o comprimento T das séries temporais). .. 130
Figura 3.27 – Modelo físico da estrutura de um edifício de 3 pisos: a) Representação esquemática da
decomposição em ondas dos acelerogramas no modelo físico de um edifício de 3 pisos (Oliveira, 2007;
Mendes, et al., 2008). Em cada ponto identificam-se três ondas principais cujas frequências correspondem
às frequências naturais de vibração da estrutura; b) Análise comparativa das principais ondas identificadas
nos pontos observados, para cada uma das três frequências identificadas. ....................................................... 131
Figura 3.28 – Esquema exemplificativo da relação entre as séries temporais observadas a matriz das funções de
densidade espectral e a matriz das funções de correlação. ................................................................................ 133
Figura 3.29 – Estimativa das funções de densidade espectral de potência da resposta em aceleração da parede
em consola. Matriz completa considerando as amplitudes e as fases. ............................................................... 135
xviii
Figura 3.30 – Espectro normalizado médio obtido para o modelo físico da parede em consola............................... 138
Figura 3.31 – Estimativa das funções de coerência, obtidas para o modelo físico da parede em consola. ............... 139
Figura 3.32 – Estimativa das funções de transferência, obtidas para o modelo físico da parede em consola. .......... 141
Figura 3.33 – (a) Matriz modal escalada; (b) Configurações modais avaliadas. ....................................................... 141
Figura 3.34 – Coeficientes de amortecimento modais estimados com o método da meia potência. ......................... 142
Figura 3.35 – Espectro dos valores singulares da matriz das densidades espectrais de potência da resposta em
aceleração. ........................................................................................................................................................ 145
Figura 3.36 – (a) Matriz modal escalada; (b) Configurações modais avaliadas. ....................................................... 146
Figura 3.37 – Valores do coeficiente MAC. ............................................................................................................. 148
Figura 3.38 – Funções de densidade espectral de cada modo de vibração, obtidas com base no coeficiente
MAC. ................................................................................................................................................................ 148
Figura 3.39 – Avaliação do coeficiente de amortecimento e da frequência do 1º modo de vibração. ...................... 149
Figura 3.40 – Avaliação do coeficiente de amortecimento e da frequência do 2º modo de vibração. ...................... 149
Figura 3.41 – Avaliação do coeficiente de amortecimento e da frequência do 1º modo de vibração. ...................... 150
Figura 3.42 – (a) Matriz modal escalada; (b) Configurações modais avaliadas com base na 1ª coluna das
Funções de Transferência. ................................................................................................................................ 151
Figura 3.43 – Representação de estado de um sistema dinâmico na perspectiva da identificação das suas
principais características modais. Esquema ilustrativo das relações entre as variáveis de estado u(t) e
ɶ
v(t) , a excitação f(t) e a resposta observada y(t) . ....................................................................................... 154
ɶ ɶ ɶ
Figura 3.44 – Representação de uma história de carga f(t) definida por troços constantes. ...................................... 157
Figura 3.45 – Diagrama de blocos ilustrativo das variáveis e matrizes envolvidas num modelo de identificação
modal determinístico no espaço de estados. ..................................................................................................... 161
Figura 3.46 – Síntese da metodologia de identificação modal determinística no espaço de estados, com
aplicação de forças impulsivas. ........................................................................................................................ 162
Figura 3.47 – Diagrama de blocos ilustrativo das variáveis e matrizes envolvidas num modelo de identificação
modal estocástico no espaço de estados. Definição da matriz R das funções de correlação da resposta e da
matriz G das funções de covariância entre o estado e a resposta. ..................................................................... 164
Figura 3.48 – Modelo de identificação modal estocástico no espaço de estados (SSI-COV). Utilização da
matriz R das funções de correlação da resposta e da matriz G de covarância entre o estado e a resposta. .... 167
Figura 3.49 – Diagrama de estabilização utilizando o método SSI-COV. ................................................................ 168
Figura 3.50 – Modos complexos. Configurações modais no instante em que ocorre o máximo no topo da
consola. ............................................................................................................................................................. 168
Figura 3.51 – Sistematização geral dos principais métodos de identificação modal estocástica (Rodrigues,
2004)................................................................................................................................................................. 171
Figura 3.52 – Disposição dos 8 acelerómetros utilizados para identificação dos modos de flexão e de torção. ....... 172
Figura 3.53 – Diagramas de estabilização utilizando o programa IDModal_SSI-COV. ........................................... 173
Figura 3.54 – Variação da 1ª frequência natural em função da cota da água. Comparação entre resultados
numéricos e experimentais (identificação modal com os método BFD e SSI-COV). ...................................... 174
xix
Figura 3.55 – Esquema da variação do valor da 1ª frequência natural em função da cota da água, comparação
entre resultados numéricos e experimentais. ..................................................................................................... 175
Figura 3.56 – 1º Modo de torção. Identificação experimental pelo método SSI-COV, com determinação de
modos com componentes complexas: a) reservatório vazio; b) reservatório cheio. Representação do
movimento oscilatório nos pontos 7 e 8 para análise da não simultaneidade dos máximos - mais notória na
situação de reservatório cheio. .......................................................................................................................... 176
Figura 3.57 – Esquema de detecção automática de máximos e selecção de picos modais. ....................................... 178
Figura 3.58 – Exemplo de aplicação de um modelo de separação de efeitos à análise da evolução ao longo do
tempo da frequência natural de um modo de vibração de uma barragem. ........................................................ 182
Figura 4.1 – Barragem do Cabril: a) fotografia com representação de um modo de vibração; b) modelo de E. F.
distinguindo a zona fissurada. ........................................................................................................................... 187
Figura 4.2 – Esquema de posicionamento dos acelerómetros.................................................................................... 189
Figura 4.3 – Acelerómetros utilizados no sistema de observação do comportamento dinâmico, na barragem do
Cabril: a) acelerómetro triaxial; b) acelerómetro uniaxial. ................................................................................ 189
Figura 4.4 – Componentes do sistema modular: a) Unidades de aquisição e digitalização – ebloxx A1;
b) Concentradores de dados – e.pac. ................................................................................................................. 190
Figura 4.5 – Esquema da rede de fibra óptica. ........................................................................................................... 191
Figura 4.6 – Esquema com as várias componentes do sistema de observação do comportamento dinâmico em
contínuo, instalado na barragem do Cabril. ....................................................................................................... 193
Figura 4.7 – Caixas instaladas junto dos transdutores: a) tipo 1; b) tipo 2; tipo 3. .................................................... 194
Figura 4.8 – Equipamento em testes no CIC-LNEC. ................................................................................................. 194
Figura 4.9 – Trabalhos de instalação da rede de fibra óptica: a) preparação das fibras; b) soldagem das fibras; c)
ligações dos vários filamentos dentro de uma caixa.......................................................................................... 195
Figura 4.10 – Trabalhos de abertura de nichos para acondicionamento dos acelerómetros. ..................................... 195
Figura 4.11 – Aspecto geral dos acelerómetros e respectivas caixas instalados em obra. ......................................... 196
Figura 4.12 – Computador onde é efectuado o controlo do sistema e o armazenamento dos dados, nos
escritórios da central da barragem. .................................................................................................................... 196
Figura 4.13 – Esquema de controlo remoto do sistema via internet. ......................................................................... 197
Figura 4.14 – Interface do programa de aquisição (Cabril Aquis) desenvolvido no CIC. ......................................... 198
Figura 4.15 – Esquema da análise e gestão de dados do sistema de observação do comportamento dinâmico em
contínuo desenvolvido para a barragem do Cabril. ........................................................................................... 201
Figura 4.16 – Interface do programa Cabril PRE. ..................................................................................................... 202
Figura 4.17 – Interface do programa Cabril Alarme. ................................................................................................. 204
Figura 4.18 – Alçado da barragem com a numeração dos vários acelerómetros e sua localização em obra. ............ 206
Figura 4.19 – Ajuste de um espectro analítico aos valores estimados para um espectro do 1º valor singular. .......... 207
Figura 4.20 – Interface do programa Cabril GEST. ................................................................................................... 210
Figura 4.21 – Interface do programa Cabril Acel. ..................................................................................................... 213
Figura 4.22 – Interface do programa Cabril IDModal. .............................................................................................. 214
Figura 4.23 – Interface do programa Cabril RES. ..................................................................................................... 216
xx
Figura 4.24 – Esquema em que se representa alguns espectros de horas consecutivas. ............................................ 217
Figura 4.25 – Representação animada da 1ª configuração modal com o programa Cabril RES (a animação é
fundamental no caso dos denominados modos complexos, em que não há nodos). ......................................... 218
Figura 4.26 – Representação do ajuste de um espectro analítico com o programa Cabril RES. ............................... 219
Figura 4.27 – Interface do programa Cabril RES, em que se mostra a evolução das frequências naturais ao
longo do tempo e sua correlação com o desenvolvimento do nível da albufeira, também ao longo do
tempo. ............................................................................................................................................................... 220
Figura 4.28 – Interface do programa Cabril COMPARA, em que se comparam resultados numéricos com
experimentais. ................................................................................................................................................... 222
Figura 4.29 – Fotografias referentes à fase de remodelação dos grupos da central da barragem do Cabril:
a) início da desmontagem do grupo 2; b) remodelação do grupo 2; c) novo grupo 2....................................... 223
Figura 5.1 – Barragem do Cabril............................................................................................................................... 228
Figura 5.2 – Barragem do Cabril. Planta, alçado desenvolvido e corte pela consola central. ................................... 228
Figura 5.3 – Barragem do Cabril: a) levantamento da fissuração no paramento de jusante efectuado em 1996,
adaptado de (Florentino, et al., 2003); b) análise dos deslocamentos no topo da consola central, adaptado
de (Oliveira, 2000)............................................................................................................................................ 229
Figura 5.4 – Barragem do Cabril. Malha de elementos finitos de um modelo contínuo (sem juntas) e
homogéneo. ...................................................................................................................................................... 231
Figura 5.5 – Primeiras quatro configurações modais determinadas com o modelo numérico preliminar (malha
larga, sem considerar o efeito da fissuração e das juntas). ............................................................................... 232
Figura 5.6 – Posicionamento dos sensores no ensaio de vibração ambiental de 20 de Fevereiro de 2002. .............. 233
Figura 5.7 – Registo de acelerações obtido no topo da consola central (cota 293,5 m) no ensaio de vibração
ambiental de 20 de Fevereiro de 2002 (nível da albufeira 267 m), com os grupos em funcionamento, em
dois níveis de potência, e com os grupos desligados. ....................................................................................... 234
Figura 5.8 – Registo de acelerações obtido na galeria do coroamento (cota 293,5 m) na consola central no
ensaio de vibração ambiental de 20 de Fevereiro de 2002, com os grupos desligados (valores de
aceleração máximos da ordem de 50 µg). ........................................................................................................ 235
Figura 5.9 – Espectros de valores singulares da matriz das DEP da resposta em aceleração, obtidos para os
ensaios de vibração ambiental de Fevereiro de 2002 (nível da albufeira à cota 267,0 m), com os grupos
em funcionamento e com os grupos desligados. ............................................................................................... 236
Figura 5.10 – Espectro dos valores singulares da matriz das DEP da resposta em aceleração, obtido para o
ensaio de vibração ambiental de Fevereiro de 2002, com os grupos em funcionamento. ................................ 238
Figura 5.11 – Espectro dos valores singulares da matriz das DEP da resposta em aceleração, obtido para o
ensaio de vibração ambiental de Fevereiro de 2002, com os grupos desligados. ............................................. 240
Figura 5.12 – Primeiras quatro configurações modais identificadas experimentalmente com o método FDD na
situação de grupos desligados (20 de Fevereiro de 2002; nível da albufeira 267,0 m)..................................... 241
Figura 5.13 – Posicionamento dos sensores nos ensaios de vibração ambiental de Maio e de Outubro de 2003. .... 242
Figura 5.14 – Registo de acelerações obtido na galeria do coroamento (cota 293,5 m) na consola central no
ensaio de vibração ambiental de Maio de 2003 (grupos ligados, com diferentes potências)............................ 243
xxi
Figura 5.15 – Linhas de variação das frequências naturais, em função do nível da albufeira. Comparação de
resultados experimentais e numéricos (modelo preliminar EF3D, sem juntas)................................................. 243
Figura 5.16 – Barragem do Cabril. Malha de elementos finitos de um modelo contínuo (sem juntas)
considerando na zona da fissuração uma maior deformabilidade na direcção vertical. .................................... 245
Figura 5.17 – Configuração modal associada à fissuração: a) identificada experimentalmente a partir dos
resultados do ensaio de vibração ambiental de 30 de Maio de 2003 (Mendes, 2005); b) determinada com o
modelo numérico considerando o efeito da fissuração de uma forma simplificada. ......................................... 246
Figura 5.18 – Barragem do Cabril e torre da tomada de água: a) alçado de montante; b) corte pela consola
central. ............................................................................................................................................................... 247
Figura 5.19 – Torre das tomadas de água: a) vista do encontro esquerdo; b) Malha de EF 3D. ................................ 247
Figura 5.20 – Ensaios de ultra-sons para determinar o módulo de elasticidade do betão da torre das tomadas de
água. .................................................................................................................................................................. 248
Figura 5.21 – Primeiros três modos de vibração do modelo da torre da tomada de água. ......................................... 248
Figura 5.22 – Planta do topo da torre da tomada de água. ......................................................................................... 249
Figura 5.23 – Registos de aceleração medidos nas direcções 1 (Margem Esquerda - Margem Direita) e 2
(Montante - Jusante) na torre da tomada de água. ............................................................................................. 249
Figura 5.24 – Espectros obtidos a partir dos registos de aceleração medidos na torre da tomada de água. ............... 250
Figura 5.25 – Modelo 3DEC para estudo do efeito das juntas de contracção na resposta dinâmica da obra.
Análise para vários níveis da albufeira (cálculos dinâmicos não lineares)........................................................ 251
Figura 5.26 – Determinação de frequências naturais e modos de vibração de um modelo com juntas (3DEC –
comportamento dinâmico não linear) através da utilização de métodos de identificação modal (BFD) para
análise de séries de acelerações calculadas numericamente. Barragem rigidamente apoiada,
considerando a água à cota 288,71 m (massas de água associadas). ................................................................. 253
Figura 5.27 – Linhas de influência da frequência natural do 1º modo de vibração. Comparação de
resultados experimentais e numéricos obtidos com base em modelos com e sem juntas. .......................... 255
Figura 5.28 – Acelerómetros que compõem o sistema de observação do comportamento dinâmico em
contínuo na barragem do Cabril. ..................................................................................................................... 256
Figura 5.29 – Análise espectral (DEP) dos registos obtidos em alguns dos 16 canais do sistema de
observação do comportamento dinâmico instalado na barragem do Cabril (08-03-2009 16:00-17:00)
e espectro médio. ............................................................................................................................................. 257
Figura 5.30 – Vibrações medidas no acelerómetro situado no topo da consola central com e sem os grupos
em funcionamento. ........................................................................................................................................... 258
Figura 5.31 – Espectro dos dois primeiros valores singulares da matriz das DEP da resposta em aceleração
medida no corpo da barragem. Identificação dos picos correspondentes aos três primeiros modos de
vibração da torre das tomadas de água. ............................................................................................................. 259
Figura 5.32 – Amplitudes máximas obtidas no acelerómetro 6 (galeria do coroamento, no bloco MN), em que
se mostra uma redução das amplitudes após a desactivação do grupo 1. .......................................................... 260
xxii
Figura 5.33 – Espectro de valores singulares da matriz DEP obtido na fase de testes do novo grupo 2, em
que é evidente uma largura anormal no pico correspondente à operação dos grupos, devido a
dificuldades de estabilização da sua frequência de rotação.......................................................................... 261
Figura 5.34 – Análise de um segmento de uma série temporal horária antes de uma perturbação. .................... 262
Figura 5.35 – Análise de um segmento temporal correspondente a uma hora após o início da perturbação. .... 263
Figura 5.36 – a) Aspirador para extrair de poeiras sobre o passadiço que dá acesso à torre das tomadas de
água; b) vista inferior do passadiço; c) vistas inferior do encontro do passadiço no coroamento da
barragem. .......................................................................................................................................................... 263
Figura 5.37 – Aspirador de poeiras e grupos de produção em funcionamento. .................................................... 264
Figura 5.38 – O pico na série temporal às 23:58 UTC (dia 17-07-2007) permite determinar a hora de ocorrência
de um acto de vandalismo na barragem (arremesso de uma grelha metálica sobre o paramento de
jusante), a partir do coroamento. ...................................................................................................................... 265
Figura 5.39 – Primeiros resultados da observação em contínuo: a) variação do nível da albufeira; b) variação
das quatro primeiras frequências naturais identificadas automaticamente ao longo do tempo.................. 266
Figura 5.40 – a) Variação do nível da albufeira; b) Resultados do ajuste de modelos estatísticos de separação
de efeitos aos valores das quatro primeiras frequências naturais identificadas automaticamente. .................. 268
Figura 5.41 – Linhas de influência do nível da albufeira referentes às frequências naturais dos quatro primeiros
modos de vibração. Comparação dos resultados do modelo de separação de efeitos com resultados
numéricos (MEF) ............................................................................................................................................. 269
Figura 5.42 – Aplicação do modelo de separação de efeitos na interpretação das frequências naturais dos
quatro primeiros modos de vibração identificados: a) efeito onda térmica anual; b) efeito do tempo. ......... 270
Figura 5.43 – Identificação da configuração do 1º modo de vibração (anti-simétrico). Representação de duas
imagens de uma sequência animada (Programa Cabril_RES) que mostra a não existência de um nodo na
zona central (modo “complexo”). ..................................................................................................................... 271
Figura 5.44 – Identificação modal com o método SSI-COV. Diagramas de estabilização correspondentes à
análise dos registos obtidos em 1 de Setembro de 2009 (10:00 – 11:00 UTC) e 8 de Outubro de 2009
(14:00 – 15:00 UTC). ....................................................................................................................................... 272
Figura 5.45 – Modos de vibração identificados com o método SSI-COV em 1 de Setembro de 2009 (10:00 –
11:00 UTC), com o nível da albufeira à cota 279,2 m. Representação no tempo da oscilação em três
pontos do coroamento e da configuração modal (em planta, ao nível do coroamento) para um dado
instante (indicado na representação temporal com uma linha vertical). ........................................................... 273
Figura 5.46 – Modos de vibração identificados com o método SSI-COV em 8 de Outubro de 2009 (14:00 –
15:00 UTC), com o nível da albufeira à cota 274,8 m. Representação no tempo da oscilação em três
pontos do coroamento e da configuração modal (em planta, ao nível do coroamento) para um dado
instante (indicado na representação temporal com uma linha vertical). ........................................................... 275
xxiii
xxiv
Simbologia
Latinas maiúsculas
xxv
Latinas minúsculas
xxvi
Gregas maiúsculas
Φ Matriz modal
ΦE Matriz modal no espaço de estados
Gregas minúsculas
Abreviaturas (siglas)
xxvii
xxviii
1
1 INTRODUÇÃO
1
De acordo com o ICOLD, classificam-se como “grandes barragens” aquelas que tenham mais de 15 m de altura
e/ou armazenem mais de 3×106 m3 de água nas suas albufeiras. Segundo dados recentes (Lempérie, 2006), existem
cerca de 50000 grandes barragens em todo mundo, das quais 600 têm mais de 100 m; 2000 têm entre 60 e 100 m;
10000 entre 30 e 60 m. Metade das grandes barragens tem menos de 20 m.
obras tem-se centrado em grande parte na definição de estratégias que permitam o seu
enquadramento no âmbito das modernas políticas de desenvolvimento sustentável.
Actualmente, organismos internacionais como o WCD (World Comission on Dams) e o
ICOLD (International Comission on Large Dams) vêm promovendo o debate sobre o interesse
dos grandes empreendimentos hidroeléctricos, salientando a importância das barragens como
uma extraordinária fonte de energia renovável, económica e não poluente, que representa cerca
de 16% da produção mundial de electricidade (ver Figura 1.1 a). Pelo que, os novos projectos de
barragens deverão ser irrepreensivelmente bem enquadrados em termos económicos, sociais e
ambientais e as barragens existentes devem ser modernizadas, de forma a minimizar riscos,
ambientais e estruturais, e a preservar e prolongar ao máximo a sua vida útil.
a)
b)
Figura 1.1 – a) Evolução do panorama da produção de Energia eléctrica, tendo em conta o tipo de combustível,
entre 1973 e 2005; b) barragens em construção com mais de 60 m de altura (WRI, 2003).
2
sistemas de monitorização que permitam acompanhar e analisar em “tempo real” a evolução do
comportamento estrutural das obras ao longo do tempo, recorrendo, se possível, a módulos
computacionais que permitam a comparação automática das observações com resultados de
modelos de simulação, os quais devem permitir ter em conta o efeito de eventuais processos de
deterioração, o efeito da variação das principais acções (nível da albufeira e temperatura) e os
efeitos associados a eventos excepcionais como grandes cheias e sismos de elevada intensidade.
Com este trabalho pretende-se precisamente contribuir para o desenvolvimento dos
sistemas de monitorização do comportamento dinâmico de barragens de betão, não apenas na
perspectiva da sua concepção, projecto e instalação em obra mas também na perspectiva do
desenvolvimento das metodologias de análise e interpretação da resposta dinâmica observada,
com vista à sua utilização no desenvolvimento e calibração de modelos de previsão do
comportamento, fundamentais para o controlo da segurança.
2
A instalação de sistemas de observação tecnologicamente evoluídos para o acompanhamento de cenários
específicos de comportamento das obras e para avaliar a sua segurança estrutural ao longo do tempo é
reconhecidamente um instrumento de grande valia para o dono de obra, as autoridades de segurança de barragens e
para as áreas financeira e seguradora. Através da exploração destes sistemas de observação, é possível prognosticar
a fiabilidade, as condições de exploração e a longevidade das obras e caracterizar o risco associado, seja ele
estrutural ou financeiro, com vantagens óbvias para o planeamento estratégico tendo em conta os objectivos do
empreendimento e o investimento.
3
deterioração na resposta global das obras. Assim, na prática, estes sistemas poderão contribuir
para uma maior qualidade dos projectos estruturais, para o melhoramento das tecnologias
associadas ao processo construtivo, e para a optimização dos procedimentos de observação e
monitorização e para o aperfeiçoamento das metodologias de verificação do nível de segurança
das obras ao longo do tempo (Figura 1.2).
Nível
de
Segurança
Nível de segurança
mínimo aceitável
Figura 1.2 – Evolução dos níveis de segurança de uma obra ao longo da sua vida útil. Efeito da deterioração
evolutiva e de acidentes/incidentes (adaptado de (Oliveira, 2000)).
1.2 Objectivos
4
processos de deterioração ao longo do tempo e a possibilidade de ocorrência de eventos
excepcionais, como é o caso de grandes cheias ou de sismos intensos, tornam o controlo da
segurança estrutural de grandes barragens uma actividade que exige uma permanente
actualização dos meios envolvidos, quer em termos de equipamentos (de medição, aquisição,
transmissão, e armazenamento de dados), quer em termos de aplicações computacionais para
apoio ao processo de automatização de recolha, tratamento, análise e gestão de toda a
informação necessária ao controlo da segurança.
Neste enquadramento, foi definido como principal objectivo do presente trabalho o
desenvolvimento e a implementação de um sistema para a monitorização em contínuo do
comportamento dinâmico de barragens3 através do desenvolvimento de um protótipo a instalar
na maior barragem portuguesa - a barragem do Cabril (ver Figura 1.3). Com este sistema
pretende-se observar a evolução dos principais parâmetros da resposta dinâmica da obra ao longo
do tempo - frequências naturais, modos de vibração e amortecimentos modais - bem como
registar a resposta dinâmica sob acções excepcionais como é o caso de acções sísmicas de
elevada intensidade ou acções associadas a grandes cheias.
3
O desenvolvimento deste sistema foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), no âmbito do
Programa Nacional de Reequipamento Científico.
5
Para atingir este objectivo principal considera-se fundamental investir no desenvolvimento
e implementação de aplicações informáticas (em LabView e Fortran90), que permitam assegurar
o processo de aquisição de dados em contínuo, a identificação modal automática dos principais
parâmetros da resposta dinâmica da obra, bem como, a implementação de uma adequada
estratégia de gestão e armazenamento local dos dados que vão sendo adquiridos e processados
em contínuo e ainda a transmissão de informação (dados e avisos/alertas) para unidades de
controlo centrais. Para maximizar estas potencialidades é igualmente importante estabelecer
ligações via Internet, que permitam o controlo remoto do sistema e a transmissão de dados entre
o centro de controlo instalado em obra e o designado centro de análise localizado no LNEC4, tal
como se esquematiza da Figura 1.4. Nesta figura mostra-se uma outra potencialidade que este
tipo de sistemas deve incorporar que corresponde à possibilidade de utilização integrada de
resultados experimentais e de modelos numéricos para simulação do comportamento dinâmico
do conjunto barragem-fundação-albufeira.
Centros
de
Internet análise
EDP
Modelo numérico
Resultados experimentais
4
Numa fase inicial apenas funcionará apenas um centro de análise no LNEC, no entanto, numa fase posterior,
prevê-se que irá funcionar um outro centro de análise a num local a indicar pela EDP (em sintonia com o do LNEC).
6
resultados observados com resultados de modelos numéricos (de elementos finitos e/ou
discretos), para interpretação do comportamento dinâmico do sistema barragem-fundação-
albufeira. Neste sentido pretende-se:
i) mostrar que, com a actual tecnologia, é possível identificar com a precisão necessária os
vários parâmetros modais que caracterizam o comportamento dinâmico de barragens de
betão;
ii) mostrar a adequabilidade dos actuais modelos de identificação modal (formulados no
domínio da frequência ou no domínio do tempo, recorrendo a representações de estado)
para a análise dos registos experimentais de acelerações obtidos em grandes barragens
de betão e, em particular, mostrar o interesse da implementação de procedimentos de
identificação modal automática (ver Figura 1.5);
Ordem do modelo
DEP
Detecção de
máximos
Frequência Frequência
a) b)
Evolução da frequência natural do 1º modo
f1
t
Evolução do nível da albufeira
h
t
c)
Figura 1.5 – a) Detecção automática das frequências naturais, baseada em identificação modal no domínio da
frequência; b) Utilização conjunta de modelos de identificação modal no domínio do tempo e da frequência;
c) Evolução de uma frequência natural ao longo do tempo e correspondente variação do nível da albufeira.
7
variação das frequências naturais do conjunto em função do nível da água na albufeira
(ver Figura 1.5), em função da época do ano (efeito da onda térmica anual) e em função
do tempo decorrido desde o início do período de vida útil da obra, permitindo discutir o
efeito das juntas de contracção no comportamento dinâmico global da obra;
v) estudar a influência da albufeira, no comportamento estrutural do conjunto barragem-
fundação-albufeira, nomeadamente, estudar a hipótese de massa de água associada e o
efeito da albufeira no amortecimento do conjunto, analisando as hipóteses de
amortecimento proporcional e não proporcional com base na identificação experimental
de modos reais ou complexos para diferentes cotas de água (nesta perspectiva foi
inclusivamente construído um modelo físico de uma parede em consola para estudar o
problema da interacção dinâmica estrutura-água, o qual foi utilizado como exemplo
para descrever algumas das metodologias de identificação modal que foram
implementadas computacionalmente no âmbito deste trabalho);
vi) utilizar o exemplo de aplicação à barragem do Cabril para mostrar que é possível
correlacionar alterações dos parâmetros da resposta dinâmica observada com alterações
estruturais devidas a processos de deterioração, nomeadamente, mostrar que é possível
correlacionar o desenvolvimento de fissuração com alterações ao nível das
configurações modais;
vii) mostrar a importância do estudo do comportamento dinâmico de estruturas auxiliares,
como é o caso das torres das tomadas de água, e dos possíveis efeitos de interacção
dinâmica entre estas estruturas e a própria barragem.
Amp.
DEP DEP
f f
Figura 1.6 – Avaliação da amplitude das vibrações e análise espectral dos registos obtidos, para controlo da
segurança em “tempo real”.
8
1.3 Organização do trabalho
9
Capítulo 3 – Modelos para interpretação e análise do comportamento dinâmico de
barragens de betão
10
análise, transmissão e gestão de dados em contínuo e descrevem-se os vários módulos
computacionais que foram desenvolvidos no âmbito deste trabalho (em Fortran90 e Labview)
com vista a tornar o sistema de monitorização instalado de fácil utilização, fiável e efectivamente
útil do ponto de vista do controlo da segurança da obra em “tempo real”. É apresentada, em
particular, a metodologia e os critérios adoptados no armazenamento dos dados adquiridos e
descrevem-se as principais funcionalidades dos módulos computacionais desenvolvidos para
analisar, interpretar e explorar os dados armazenados, nomeadamente: i) módulo de visualização
das séries de acelerações medidas nos vários canais, no domínio do tempo e em frequência
(representação espectral); ii) módulo de identificação modal automática (formulação no domínio
da frequência); iii) módulo gráfico de comparação automática entre resultados observados e
resultados numéricos de modelos de EF; e iv) módulo de separação de efeitos para análise da
variação das frequências naturais ao longo do tempo, com base em regressões lineares múltiplas
considerando três variáveis – nível da albufeira, dia do ano e tempo decorrido desde o início da
vida útil da obra. Salienta-se o interesse da utilização integrada de resultados numéricos e
experimentais e o interesse da utilização conjunta de diferentes técnicas de identificação modal.
Finalmente, refere-se a utilidade deste tipo de sistemas na medição da resposta das obras sob
acções sísmicas, sob excitação ambiental, sob excitação devida à operação dos órgãos de
descarga e exploração e também no apoio a eventuais obras de remodelação dos grupos de
produção de energia.
11
Capítulo 6 – Conclusões e perspectivas futuras
12
2
2 COMPORTAMENTO DINÂMICO DE BARRAGENS DE BETÃO.
CONTROLO DA SEGURANÇA E OBSERVAÇÃO
Figura 2.1 Barragem de Alqueva (altura: 96 m; construção:1997-2002; albufeira: 250 km2, 4150 hm3). Vista aérea
da barragem, albufeira e estruturas anexas.
5
O significado de risco pode ser diverso. No âmbito da segurança de barragens define-se risco potencial como a
quantificação das consequências de um acidente, independentemente da probabilidade da sua ocorrência, e risco
efectivo como o produto do risco potencial pela probabilidade de ocorrência do acidente com ele relacionado
(Ramos, 1994).
14
Em termos estruturais a questão da segurança coloca-se desde a fase de projecto e consiste
em garantir, para todas as fases de vida das obras, a capacidade do corpo da barragem, obras
anexas e fundação, para suportarem os efeitos das diversas acções (sem que a funcionalidade do
empreendimento seja comprometida), entre as quais se podem destacar o peso próprio, a pressão
hidrostática, as variações térmicas, eventuais variações de volume diferenciais devidas a
reacções expansivas (Charlwood, et al., 1995; Larive, 2000; Gomes, 2007) e os sismos (Wieland,
2003).
A definição e implementação de adequados sistemas de monitorização6 e respectivos
planos de observação, desde a fase construtiva até à fase de abandono e demolição, passando
pelas fases de primeiro enchimento e de exploração, contribuem de forma decisiva para uma
maior segurança das obras (Londe, 1997), a par da adequabilidade do projecto e da qualidade do
processo de construção. Uma adequada monitorização possibilita ainda a obtenção de
informações que enriquecem os conhecimentos acerca do comportamento real das obras, o que
permite definir programas de investigação mais adequados com vista a uma melhor concepção
das futuras barragens e a um melhor controlo de segurança das barragens existentes. Esta
perspectiva é sobretudo importante para o aprofundamento dos estudos sobre a resposta
dinâmica de sistemas barragem-fundação-albufeira (Wieland, 2003; Uchita, et al., 2005), em
que subsistem ainda dúvidas importantes, nomeadamente sobre quais as hipóteses mais
adequadas para simular numericamente a interacção água-estrutura-fundação de forma a
contabilizar o efeito da pressão hidrodinâmica e os efeitos de amortecimento (associados, não só
ao comportamento viscoso, mas também ao efeito de radiação das ondas de pressão na albufeira
e aos movimentos em juntas, fissuras e diacalases), em particular, no caso de ocorrência de um
evento sísmico de grande intensidade numa grande barragem com a albufeira cheia o que ainda
nunca foi monitorizado (Chen, 2004; Chen, 2007; Chen, 2009).
A aplicação à engenharia de barragens dos conceitos probabilísticos de segurança de
estruturas veio permitir contabilizar objectivamente a contribuição favorável dos sistemas de
monitorização no cálculo da probabilidade de ocorrência de incidentes e/ou acidentes7 (Dibiagio,
2000). Nesta perspectiva, e tendo em conta as crescentes preocupações da sociedade com as
questões de segurança e o desenvolvimento tecnológico ao nível dos equipamentos de medição e
aquisição de dados, verifica-se actualmente uma tendência para o desenvolvimento de sistemas
de monitorização com componentes de recolha automática de dados (RAD). A actual experiência
com este tipo de sistemas RAD tem-se confinado essencialmente à automatização da recolha de
dados referentes a grandezas para caracterização do comportamento estático, o que envolve
frequências de amostragem da ordem de quatro a oito valores por dia - muito baixas quando
comparadas com as frequências de amostragem necessárias para a medição da resposta dinâmica.
6
De entre as estruturas de engenharia civil as barragens têm sido, desde sempre, as que possuem sistemas de
monitorização mais sofisticados, o que se deve ao generalizado reconhecimento do seu elevado risco potencial.
7
Para os donos de obra a redução da probabilidade de incidentes ou acidentes decorrente do investimento em
modernos sistemas de monitorização, e em particular em sistemas RAD para monitorização em contínuo, pode-se
reflectir a curto prazo na redução de custos ao nível dos contratos com as seguradoras.
15
Ainda assim, a experiência com os actuais sistemas RAD, tem mostrado que, depois de
ultrapassadas as dificuldades iniciais de instalação em obra, surgem geralmente dificuldades
importantes ao nível da manutenção e calibração dos equipamentos e ao nível da exploração da
informação obtida automaticamente. Em face da grande quantidade de informação gerada pela
recolha automática (muito superior à obtida com os tradicionais sistemas de recolha manual)
considera-se fundamental continuar a investir na formação de equipas devidamente preparadas
para o desenvolvimento de software adequado para a recolha, transmissão, tratamento, análise,
visualização, gestão e armazenamento em suporte computacional, de toda a informação obtida
(Yamamoto, 2002).
Neste capítulo salienta-se que o interesse da monitorização em contínuo do comportamento
dinâmico de barragens, não se restringe à sua capacidade para registar a resposta dinâmica das
obras durante a ocorrência de acções sísmicas8 (o que é fundamental para o desenvolvimento de
modelos de análise e previsão da resposta sísmica das obras): a informação obtida com este tipo
de sistemas também pode contribuir de forma decisiva para a caracterização da integridade
estrutural ao longo da vida útil das obras, complementando a informação usualmente obtida com
os sistemas de observação clássicos, a qual, como se sabe, é utilizada correntemente no controlo
da integridade estrutural das obras ao longo do tempo (ver Figura 2.2), a par de informação
obtida com base em ensaios in-situ, tais como ensaios de ultra-sons, ensaios de vibração forçada
e/ou ambiental, ou ensaios na fundação (Farinha, 2009), campanhas de inspecção visual, manual
ou automatizada (Berberan, et al., 2007), e com base em ensaios laboratoriais de caracterização
química e mecânica do betão colocado em obra (Silva, 1992; Coutinho, et al., 1994; Silva, 2006).
A monitorização em contínuo do comportamento dinâmico ao longo da vida útil das obras
também permite caracterizar o efeito de eventuais processos de deterioração na resposta
estrutural (como se mostra no Capítulo 5), na medida em que a deterioração afecta os principais
parâmetros modais: frequências naturais dos principais modos de vibração e respectivas
configurações e amortecimentos. Neste âmbito da caracterização da integridade estrutural com
base na medição da resposta dinâmica, salienta-se que uma das principais características que
distingue as barragens das outras grandes estruturas de engenharia civil, como é o caso das
pontes e edifícios de grande porte, é o facto da sua resposta dinâmica ser significativamente
variável no tempo devido às usuais variações do nível da albufeira. Neste sentido refere-se o
8
Existem actualmente vários sistemas de monitorização sísmica que apenas são activados em caso de ocorrência de
eventos sismos (Wieland, 2003), contudo este tipo de sistemas para além de não permitir o contínuo
acompanhamento da resposta dinâmica das obras ao longo da sua vida útil, têm também o inconveniente de, pelo
facto de estarem grandes períodos em situação de inactividade, serem mais susceptíveis a falhas de manutenção e
avarias, as quais podem comprometer irremediavelmente a sua principal tarefa que é a de estarem em perfeitas
condições de funcionamento no preciso momento em que ocorre um evento sísmico. É de notar que, até hoje, ainda
não foi devidamente registado o comportamento de uma grande barragem, em situação de albufeira cheia, sob a
acção de um sismo intenso (há registos para o caso da barragem de Pacoima (Alves, 2005) mas com escassa
aparelhagem e para cotas de água pouco elevadas). Será de todo o interesse colmatar esta falha ao nível da
informação experimental sobretudo tendo em conta que estão actualmente em construção algumas das maiores
barragens abóbada do mundo em zonas de elevado risco sísmico (Chen, 2004; Chen, 2009).
16
grande interesse da utilização de modelos de separação de efeitos9 (modelos semi-empíricos
baseados na hipótese de linearidade e em técnicas de regressão linear múltipla), para analisar os
efeitos sobre os principais parâmetros modais das variações da cota de água, das variações
térmicas anuais (e/ou diárias) e de eventuais fenómenos evolutivos associados ao decorrer do
tempo.
Figura 2.2 Controlo da segurança de sistemas barragem-fundação-albufeira sob acções sísmicas. Observação e
desenvolvimento de modelos de previsão da resposta estrutural.
9
Originalmente desenvolvidos para análise de resultados da observação de grandezas estáticas os modelos de
separação de efeitos (Rocha, et al., 1958; Bonaldi, et al., 1977) são actualmente muito utilizados em conjunto com
modelos numéricos de EF (Oliveira, 2000; Oliveira, 2006) na análise das referidas grandezas estáticas.
17
formulações no espaço de estados (ver capítulo 3). Paralelamente, é de todo o interesse recorrer a
resultados de modelos numéricos que permitam simular o comportamento dinâmico das obras
para diferentes níveis da albufeira e, assim, calcular as variações dos principais parâmetros
modais (frequências dos primeiros modos de vibração e correspondentes configurações e
amortecimentos, eventualmente complexos, sobretudo para situações de cota de água elevada
para a qual a hipótese de amortecimento proporcional poderá não ser adequada como se refere no
capítulo 3).
Refere-se, por fim, que em termos dos sistemas de observação de barragens o maior
desafio actual é precisamente o do aperfeiçoamento da componente de automatização da recolha
de dados (RAD) que, como se sabe, envolve os equipamentos de leitura automática, a formação
de equipas de gestão e manutenção, e o software para aquisição, análise, armazenamento,
transmissão e aviso - com a devida integração em planos de emergência (RSB, 2007; Wieland, et
al., 2009). Neste âmbito da automatização dos sistemas de observação instalados em barragens
as maiores dificuldades colocam-se, naturalmente, ao nível da automatização da observação da
resposta dinâmica, sobretudo devido ao facto de ser necessário utilizar elevadas frequências de
amostragem (da ordem das dezenas ou centenas de leituras por segundo) e da consequente
dificuldade de análise e gestão (em “tempo real”) da grande quantidade de informação recolhida.
O software de apoio aos sistemas automáticos de monitorização em contínuo do
comportamento dinâmico das obras, para além das já referidas componentes de identificação
modal e de comparação com resultados de modelos numéricos, deve também incluir módulos
para emissão de avisos, quer para indicar situações de falha do próprio sistema de monitorização
automática, quer para indicar situações de ocorrência de acções excepcionais. Por exemplo, em
caso de ocorrência de um sismo superior ao de projecto o software deve estar preparado para
comparar automaticamente as acelerações máximas observadas com as de projecto, assim como
para comparar os espectros de resposta ou os diagramas de velocidade absolutas acumuladas
observados e de projecto (EPRI, 1988; Fleitz, et al., 2003).
Actualmente é convicção generalizada (Wieland, 2009) que os resultados a obter
futuramente com os sistemas de monitorização em contínuo do comportamento dinâmico de
barragens abóbada (na generalidade dos países estão ainda em fase de projecto e/ou instalação,
com algumas excepções de entre as quais se pode destacar o caso de algumas barragens nos
Estados Unidos e no Japão em que estes sistemas já têm sido testados (Yamamoto, 2002)) irão
influenciar a nível mundial, a curto e médio prazo, o desenvolvimento/aperfeiçoamento da
regulamentação de segurança de barragens e respectivas normas de projecto e observação, em
particular após a observação da resposta sísmica das grandes barragens actualmente em
construção – por exemplo, na China, estão agora em fase de projecto e/ou construção várias
barragens de grande altura (da ordem dos 300 m), em zonas de elevada sismicidade (Chen,
2007), como é o caso da barragem abóbada de Xiaowan (ver Figura 2.3) com 292 m de altura
máxima acima da fundação (numa zona com acelerações de projecto da ordem de 0,3 g) para a
qual está a ser estudada a possibilidade de colocação de um dispositivo de segurança especial
18
para acções sísmicas (cintagem “anti-sísmica”) envolvendo a colocação de armaduras de reforço
com varões horizontais ao nível do coroamento (liga especial de aço e vanádio, com elevada
extensão de cedência – ductilidade alta) para redução das aberturas de junta durante a ocorrência
de sismos intensos (Chen, et al., 2003; Zou, et al., 2006; Saouma, et al., 2007).
Figura 2.3 – Construção da barragem de Xiaowan (2008) – barragem abóbada com 292 m de altura máxima acima
da fundação (Ren, et al., 2007).
19
Juntas de contracção
Cintagem anti-sísmica
(barras de aço-vanádio)
Albufeira
Falha
geológica
Sedimentos
Zona Fissuras
consolidada
Diaclases
Maciço
rochoso da
Cortina de fundação
impermeabilização
Cortina de
drenagem
Grupos de produção
de energia
20
fundo pode ter um efeito de acréscimo de massa (a massa específica dos sedimentos pode ser
superior à da água) e pode influenciar os mecanismos de radiação/reflexão das ondas de pressão
na água na fronteira água-rocha (Pedro, et al., 1996; Bouaanani, et al., 2008).
A interacção dinâmica com estruturas anexas também deve ser tida em conta,
nomeadamente a interacção com a central de produção de energia quando esta se situa no pé de
jusante (o funcionamento dos grupos de produção pode provocar importantes vibrações que se
propagam para o corpo da obra) e com as próprias torres de tomada de água (ver capítulo 5).
Figura 2.5 Construção de uma barragem abóbada (Alqueva). Vista dos vários blocos na fase de betonagem do corpo
da obra e pormenor de uma face das juntas de contracção onde se podem ver os encaixes (“shear boxes”), neste caso
com a forma semi-esférica.
21
• Acções de terrorismo (Gong, et al., 2009);
• Vibrações induzidas pela oscilação de estruturas anexas (Millán, et al., 2008; Mendes,
et al., 2009).
Comportamento linear
2,5 (modelos sem juntas)
Frequência (Hz)
H
2,0
0 Nível da albufeira (m) H
Figura 2.6 Linhas de influência típicas das frequências naturais de barragens abóbada.
23
2.3.1 Incidentes devidos a eventos sísmicos
De uma maneira geral as barragens de betão apresentam uma boa resistência estrutural a
eventos sísmicos, essencialmente por serem projectadas para as elevadas forças horizontais
devidas à pressão hidrostática e pelo facto de serem as primeiras estruturas em que existe uma
sistematização dos processos de projecto em relação às acções sísmicas (Westergaard, 1933;
Wieland, 2008). Porém, para sismos com elevados valores de aceleração podem ocorrer danos
importantes capazes de afectar a funcionalidade das obras (Ramos, 1994). Existem referências a
alguns incidentes que envolvem o aparecimento de fissuras e deslocamentos permanentes, bem
como a problemas associados à fundação, tais como percolação anómala por rotura das cortinas
de impermeabilização, escorregamento de blocos do maciço rochoso formado a partir das
descontinuidades (falhas e diaclases).
A partir da análise dos referidos incidentes, tem-se constatado que as patologias e
anomalias detectadas advêm por vezes de hipóteses desadequadas admitidas ao nível do projecto
e da construção daquelas obras (Chen, et al., 2002; Monteiro, 2009). Assim, para mitigar esta
situação é imperativo obter mais e melhor informação experimental, que permita caracterizar a
resposta destas obras quando solicitadas por eventos sísmicos, bem como obter mais elementos
que permitam caracterizar melhor a própria acção sísmica.
De acordo com dados obtidos em (USCOLD, 2000), conhecem-se menos de 30 situações
envolvendo a ruína de barragens devido a eventos sísmicos. Na sua generalidade estas situações
referem-se a pequenas obras hidráulicas ou barragens de aterro, nas quais se detectaram, a
posteriori, a existência de deficiências ao nível do projecto e/ou da construção. De entre os
vários incidentes, apenas uma barragem de betão, com a forma em gravidade, ruiu parcialmente,
porém verificou-se que tal se ficou a dever a movimentos de uma falha que se encontrava na
zona da fundação. Relativamente a barragens abóbada, constata-se que não existe referência a
nenhuma que, após a ocorrência de um evento sísmico, tenha registado danos que colocassem
em perigo a sua segurança estrutural (Chen, et al., 2002).
Importa referir que muitas barragens foram e são construídas em rios que se formaram a
partir de falhas sísmicas. Porém, isso não significa que essas falhas se encontrem
necessariamente activas, contudo, o risco de poderem ocorrer movimentos na fundação destas
barragens deverá ser tido em conta e convenientemente investigado.
Apresentam-se de seguida um conjunto de alguns incidentes, registados em barragens de
betão, em que se relatam as principais ocorrências em cada uma das obras.
Concluída a sua construção em 1890, a barragem de Lower Crystal Springs (ver Figura
2.7), sofreu um intenso abalo sísmico em 1906, com uma magnitude estimada de 8,3, existindo
relatos de roturas no solo nas suas imediações. Esta obra, pertencente já à era do betão, à base de
24
cimento de Portland, apresenta uma forma em arco-gravidade, com 38,5 de altura máxima acima
da fundação e não sofreu quaisquer danos. O exemplo desta obra tem sido várias vezes
referenciado quando se pretende salientar a boa resposta das barragens do tipo arco-gravidade
sob acções sísmicas (Chen, et al., 2002; Wieland, 2006).
a) b)
Figura 2.7 – Barragem de Lower Crystal Springs: a) vista da obra; b) corte pela consola central (altura 38,5 m).
Figura 2.8 – Planta, alçado e cortes da barragem de Hsinfengkiang, na China, adaptado de (Jansen, 1988).
25
2.3.1.3 Barragem de Koyna, 1967 (M 6,5)
A barragem de Koyna (ver Figura 2.9 a) foi construída entre 1954 e 1963 próximo de
Maharashtra, na Índia. Trata-se de uma barragem de gravidade de betão, com um
desenvolvimento em alinhamento recto de 854 m e uma altura máxima de 103 m e é constituída
por blocos monolíticos com 16 m de largura. Para reduzir os prazos de construção, o seu perfil
transversal foi modificado para uma secção não convencional mais esbelta (Figura 2.9 b).
Nível máximo da
albufeira
0.8
1
a) b)
De acordo com dados de projecto, no seu dimensionamento às acções sísmicas, foi apenas
considerada uma aceleração na base da barragem traduzida por um coeficiente sísmico de 0,05 g
(Wieland, 2006; Monteiro, 2009). Quando em 1967 ocorreu um sismo de magnitude 6,5
(segundo alguns estudos este sismo foi induzido pela massa da albufeira), cujo epicentro se
localizou numa zona situada a cerca de 10 km do local da barragem, registou-se num
acelerógrafo localizado numa galeria próximo do encontro direito da barragem, acelerações de
pico de 0,63 g na direcção transversal ao rio, 0,49 g na direcção montante jusante e 0,34 g na
direcção vertical.
Como consequência deste sismo a barragem sofreu fissuração nos blocos não galgáveis em
ambos os paramentos de montante e jusante, numa zona situada a cerca de 35 m a 45 m do
coroamento, com desenvolvimento horizontal correspondente à secção de transição da
geometria. Verificou-se ainda, existirem evidências da ocorrência de movimentos relativos entre
os blocos monolíticos durante o sismo. Foram também detectadas fissuras na galeria situada a
cerca de meia altura da barragem e na galeria da fundação. Após o sismo os caudais de drenagem
aumentaram para cerca do dobro do valor que registavam antes do sismo. Observou-se também o
aparecimento de infiltrações pelas zonas fissuradas, não tendo, no entanto, ocorrido a libertação
da albufeira por nenhuma zona da estrutura.
Para colmatar as anomalias detectadas após o sismo, a estrutura foi reforçada com
contrafortes e cabos de pré-esforço (Wieland, 2006).
26
2.3.1.4 Barragem de Pacoima, 1971 (M 6,5) e 1994 (M 6,7)
27
Em 2001 voltou a ocorrer um sismo de menor intensidade, com uma magnitude de 4,3 g, a
cerca de 6 km a sul da barragem. A aceleração de pico na base da barragem foi de 0,02 g e ao
longo dos encontros, próximo do coroamento de 0,1 g.
Importa salientar que durante a ocorrência destes sismos, a albufeira nunca se encontrava
no nível de pleno armazenamento (Alves, 2005).
113 m
a) b) c)
Figura 2.10 – Barragem de Pacoima: a) vista geral; b) vista do encontro da margem esquerda; c) corte consola
central.
A barragem de Rapel localizada no Chile é uma barragem abóbada de dupla curvatura com
110 m de altura máxima. Tem 270 m de desenvolvimento ao nível do coroamento e uma
espessura variando entre 19 m na base e 5,5 m ao nível do coroamento.
A barragem sofreu os efeitos de um sismo que teve uma magnitude de 7,8 (na escala de
Richter), cujo epicentro se localizou a cerca 45 km da obra. Sismógrafos localizados na
proximidade da barragem mediram uma aceleração de 0,31 g. Apesar da elevada intensidade
deste sismo a barragem apresentou um comportamento satisfatório, não tendo sido registados
quaisquer danos (Wieland, 2004).
28
2.3.1.6 Manjil, sismo no Irão em 1990 (M 7,6)
Em 1990 esta barragem sofreu um violento sismo com uma magnitude de 7,6, cujo
epicentro se localizou a cerca de 1 km do local da barragem, estimando-se que a aceleração de
pico no maciço rochoso terá rondado 0,72 g. Quando ocorreu o sismo a albufeira encontrava-se à
cota 265 m, cerca 6 m abaixo do nível de pleno armazenamento, o qual é 271,65 m.
A barragem sofreu diversos tipos de danos, que incluíram fissuração horizontal
significativa na parte superior dos contrafortes, nomeadamente nos da parte central,
nomeadamente entre as cotas 258,25 m e 264,25 m, ou seja numa zona correspondente à
mudança de geometria da secção transversal da barragem. Registou-se no contraforte 15 a
formação de uma cunha, na qual se verificou um deslocamento tangencial para jusante, da ordem
dos 15 a 20 mm, como se pode ver na Figura 2.13 a) (Ahmadi, et al., 1992).
Na sequência deste grave incidente foram efectuados diversos estudos sobre o
comportamento dinâmico desta obra, recorrendo a modelos numéricos e a ensaios de modelos
físicos em mesa sísmica (Ghaemmaghami, et al., 2008; Ghaemmaghami, et al., 2010), nos quais
se confirmou o aparecimento de tensões elevadas na face de jusante junto à zona de transição de
geometria da barragem.
29
276,25 m
Fissuras causadas
260
pelo sismo
Cunha
240
Jusante Montante
220 b)
Fissuras
antigas 200
a)
c)
Figura 2.13 – Barragem de Sefid Rud após um sismo violento de magnitude 7,6, com epicentro a cerca de 1 km da
obra: a) mapa das fissuras no contraforte nº 15 – deslocamento tangencial para jusante, da ordem de 20 mm, da
cunha indicada, formada após o sismo; b) fissuração horizontal no paramento de montante da barragem; c) sala de
controlo da central de produção de energia. Adaptado de (Wieland, 2006).
a) b)
Figura 2.14 – Barragem de Sefid Rud: a) pontas dos cabos de pré-esforço, durante a sua instalação; b) esquema da
disposição dos cabos de pré-esforço (Wieland, 2006).
30
2.3.1.7 Barragem de Shih-Kang, 1999 (M 7,6)
Em 12 de Maio de 2008, a província chinesa de Sichuan foi abalada por um intenso sismo,
que teve uma magnitude de 7,9. Este sismo afectou cerca de 1800 barragens (a maioria, cerca de
95%, eram pequenas barragens de terra utilizadas para irrigação). Uma das mais afectadas foi a
barragem de Zipingpu (ver Figura 2.16 a), que se localiza numa zona muito próxima do
epicentro deste sismo (cerca de 17 km). Na altura colocou-se a hipótese deste sismo ter sido
31
induzido pela albufeira desta barragem, cuja construção tinha terminado em 2006, todavia
estudos posteriores apontaram no sentido de se tratar de uma hipótese sem fundamento (Chen,
2009).
Para além da barragem de Zipingpu, com cerca de 156 m de altura, localizam-se nas
proximidades do epicentro mais três barragens com altura acima dos 100 m: a barragem de
Saipai (130 m); a barragem de Baozhusi (132 m); e, a barragem de Bikou (105,3 m).
A barragem de Zipingpu tem um perfil em gravidade constituída pelo paramento de
montante em betão, que se manteve em condições de segurança estrutural após o sismo, e um
paramento de jusante composto por um enrocamento de blocos de pedra, no qual se registaram
alguns desprendimentos e fissurações, como se mostra na Figura 2.16 b). Importa salientar que a
intensidade do sismo foi superior à intensidade do sismo de projecto (Chen, 2009).
a) b)
Figura 2.16 – Barragem de ZiPingPu (156 m de altura): a) Imagem de satélite; b) Paramento de jusante, com
inúmeros desprendimentos e fissurações.
A barragem de Saipai é uma abóbada de betão compactado (ver Figura 2.17), localiza-se a
cerca de 30 km do epicentro do sismo e na sua estrutura não se detectaram quaisquer anomalias,
excepto na central da barragem, em que se verificaram alguns danos e inundações. A barragem
de Baozhusi é uma barragem de gravidade, localizada a cerca de 260 km do epicentro do sismo,
essencialmente por essa razão também não se verificaram quaisquer anomalias, embora esta seja
uma barragem do mesmo tipo de outras anteriormente referidas (Koyna e Sefid Rud), nas quais
foram detectadas fissuras nas inspecções realizadas após os sismos. Finalmente a barragem de
Bikou (do tipo aterro) localizada na província de Gansu, vizinha de Sichuan, não lhe foi
detectada danos importantes, apenas pequenos danos nos parapeitos existentes no coroamento e
um pequeno abatimento no coroamento.
32
a) b)
Figura 2.17 – Barragem de Saipai (130 m de altura) após o sismo de Wenchuan: a) foto aérea; b) encontros direito e
esquerdo.
A realização de ensaios dinâmicos, em obra, é reconhecida como uma ferramenta útil para
identificar as principais características da resposta dinâmica (frequências naturais, configurações
e amortecimentos modais) de barragens de betão (Hall, 1988; Ventura, et al., 1996),
encontrando-se prevista a sua utilização na regulamentação portuguesa (NOIB, 1993; RSB,
2007) e faz parte das recomendações da ICOLD para avaliação do comportamento dinâmico
destas obras (Wieland, 2003).
Os resultados obtidos a partir destes ensaios podem ajudar a esclarecer a importância dos
mecanismos de interacção que envolvem a barragem, a albufeira e a fundação, contribuindo
desta maneira para o melhoramento dos modelos numéricos existentes. O desenvolvimento deste
tipo de modelos, para análise do comportamento dinâmico destas obras, é fundamental para se
poderem efectuar estudos de previsão que envolvam acções sísmicas de elevada intensidade.
Contudo, convém salientar que nestes ensaios os níveis de vibração são relativamente
baixos, quando comparados com os registados durante a actuação de sismos de elevada
intensidade, pelo que, nos ensaios obtêm-se geralmente valores de amortecimento modal mais
baixos do que os que devem ser considerados na análise do comportamento sísmico de barragens
de betão (Hall, 1988).
Embora a realização deste tipo ensaios proporcione dados importantes sobre o
comportamento dinâmico destas obras, facilmente se constata que, mesmo assim essa
informação ainda é escassa, uma vez que apenas representa situações pontuais relativas ao
comportamento dinâmico das obras, não permitindo caracterizar muitas das situações que
influenciam o comportamento dinâmico destas obras (que envolvem diversas situações,
designadamente, ruído ambiente, funcionamento dos grupos de produção de energia em
diferentes níveis de potência de exploração, vários tipos de descarregadores em funcionamento e
sismos de pequena, média e elevada intensidade). Apenas a instalação de sistemas de
monitorização do comportamento dinâmico em contínuo (como o que se propõe nos capítulos 4
33
e 5), permitirá obter um conjunto mais vasto de informação experimental, essencial para
caracterizar melhor o comportamento dinâmico de barragens de betão.
Porém, nesta secção apenas serão abordados os principais aspectos relacionados com os
referidos ensaios de vibração forçada e ambiental. Assim, começa-se por abordar os ensaios de
vibração forçada, os quais já se efectuam há algumas dezenas de anos, e cujo procedimento de
ensaio se baseia na aplicação de uma excitação às estruturas (do tipo aleatório, transitório ou
harmónico), utilizando vibradores (ver Figura 2.18), em que a excitação pode ser ou não
conhecida e/ou controlada e na medição do seu efeito sobre a estrutura.
A análise dos resultados obtidos nestes ensaios baseia-se na correlação da excitação
aplicada com a resposta medida, por exemplo, através das designadas funções de resposta em
frequência (FRF), a partir das quais é possível obter estimativas para as frequências naturais,
modos de vibração e coeficientes de amortecimentos modais.
a) b)
Figura 2.18 – Vibradores: a) rotativos de massa excêntrica, com motor eléctrico (LNEC); b) de translação com
motor servo hidráulico (EMPA).
Contudo, a estes ensaios está associado um elevado custo, pelo que apenas se realizam com
intervalos de tempo muito longos, não permitindo assim a obtenção de muita informação
experimental sobre o comportamento dinâmico destas obras, ao contrário do que se verifica para
o caso do comportamento estático (e do sistema de monitorização em contínuo que se propõe
neste trabalho), em que se está permanentemente a obter informação experimental, de acordo
com o plano de observação estabelecido (Severn, 2007).
Em Portugal, essencialmente devido à actividade desenvolvida no LNEC, tem existido
uma forte tradição na realização de ensaios de vibração forçada para caracterizar o
comportamento dinâmico de algumas das barragens consideradas como de maior risco potencial,
que remonta à década de 1960, datando dessa altura a construção do vibrador apresentado na
Figura 2.18 a) (LNEC, 1965). Existem referências a trabalhos realizados em diversas barragens,
dos quais se destacam os realizados nas seguintes barragens: Aguieira, Alto Lindoso (ver Figura
2.19 a), Crestuma, Cabril, Alto Ceira (ver Figura 2.19 b) e Alqueva (Portugal, 1990; Portugal, et
al., 1992; Câmara, et al., 1993; Pina, et al., 1996).
34
a) b)
35
a) b)
Figura 2.20 – a) Barragem de Contra (altura máxima - 220 m); b) Barragem de Emosson (altura máxima - 180 m).
São ainda utilizados ensaios de vibração em regime livre e mistos; em regime livre,
procede-se à análise da reposta da estrutura após a cessação da excitação, enquanto no regime
misto analisam-se registos provenientes de ciclos de vibração forçada e vibração livre
alternadamente (Portugal, 1990).
Como se referiu anteriormente, no caso das barragens de Emosson e Contra, também se
recorreu à realização de ensaios de vibração ambiental para caracterizar o comportamento
dinâmico destas obras. O recurso à realização deste tipo de ensaios tem crescido nos últimos
anos essencialmente devido às evidentes vantagens económicas e à simplicidade de execução
deste tipo de ensaios, quando comparados com os ensaios de vibração forçada. Nestes ensaios10
apenas se mede a resposta das estruturas (usualmente em aceleração) para as acções a que estão
normalmente sujeitas (ver Figura 2.21), tais como o vento, o tráfego de veículos que circulem
sobre as estruturas, o funcionamento dos grupos de produção de energia eléctrica (que originam
vibrações do tipo harmónico), sismos de baixa intensidade (micro sismicidade), o efeito da
ondulação da albufeira, ou a operação dos órgãos de descarga.
Para além dos já referidos casos de utilização de ensaios de vibração ambiental em nas
barragens de Emosson e Contra (Brownjohn, et al., 1987; Severn, 2007), existe um conjunto de
várias obras onde a aplicação desta metodologia já foi igualmente utilizada, dos quais se refere
os ensaios realizados na barragem abóbada de Quanshui (Zhang, et al., 1986) e nas barragens
abóbada iranianas de Shahid-Rajaee e Saveh (Mivehchi, et al., 2003). Em Portugal, são de
salientar um conjunto de ensaios pioneiros realizados na barragem da Aguieira (Portugal, 1990)
e na barragem do alto Lindoso (Portugal, et al., 1992), aos quais se seguiram os trabalhos
10
Aos ensaios de vibração ambiental, que apenas se baseiam na medição da reposta, são usualmente atribuídas
diversas designações, na literatura inglesa, referem-se nomeadamente as seguintes: outpu-only, natural input.
36
desenvolvidos na barragem do Cabril (Oliveira, et al., 2003; Mendes, 2005), que se apresentam
no âmbito deste trabalho (ver Figura 2.21).
Figura 2.21 – Disposição de acelerómetros na 2ª galeria (cota 274,5 m) da barragem do Cabril, durante a realização
de um ensaio de vibração ambiental.
37
quais devem de ser adequados para situações em que apenas se mede a reposta das
estruturas.
A informação experimental que se obtém a partir dos ensaios de vibração forçada e
ambiental é essencial para continuar a desenvolver e calibrar os modelos utilizados para avaliar o
comportamento dinâmico destas obras. Contudo, como já foi referido anteriormente, é de crer
que o recurso à instalação de sistemas de monitorização do comportamento dinâmico em
contínuo, utilizando a tecnologia dos ensaios de vibração ambiental, irá revolucionar a
interpretação do comportamento dinâmico de barragens de betão, pois irá proporcionar
informação experimental sobre todo o tipo de acções que actuam estas obras, que vão desde as
acções de origem ambiental, aos grupos de produção de energia e aos eventos sísmicos.
11
A sismicidade induzida pode-se subdividir em duas formas distintas: em pequena e média sismicidade e em
elevada sismicidade. A primeira corresponde a sismos que usualmente podem ir até uma magnitude de cerca de 4 e
que se deve ao abalroamento de grutas e pequenas falhas existentes no maciço rochoso de fundação por baixo da
albufeira criada, enquanto a segunda ocorre quando a albufeira criada se localiza na zona de uma falha activa de
grande importância interferindo com o seu equilíbrio devido ao aumento de massa com o enchimento da albufeira.
38
sistema de observação sísmico na barragem, que incluía 4 acelerómetros de 3 componentes
(triaxial) e 5 acelerómetros de 1 componente (uniaxial), num total de 17 canais de medida, de
acordo com o esquema que se apresenta na Figura 2.22 b).
a) b)
Figura 2.22 – Localização dos acelerómetros do sistema de observação sísmica da barragem de Pacoima. Adaptado
de (Alves, et al., 2006).
Com este sistema foi possível medir os valores das acelerações de pico, em alguns canais,
para o sismo de Northridge em 1994, porém verificou-se que alguns canais saturaram para os
valores de acelerações envolvidos. O valor máximo que se conseguiu medir foi 2,0 g em
acelerómetros que se encontravam na zona do coroamento. Desta experiência confirma-se a
importância de em pontos estratégicos, como é o caso da zona central do coroamento, ser
aconselhável uma configuração diferente, para os canais de medida aí colocados, para que estes
não saturem.
Ainda para este exemplo, em 2001, foi medida a resposta da estrutura a um sismo, com
uma magnitude de 4,3, o qual originou uma aceleração de pico de 0,1 g num acelerómetro do
coroamento e 0,02 g num acelerómetro situado na base da estrutura (Alves, et al., 2006).
39
período de seis meses (de Dezembro de 1998 a Junho de 1999), na qual se registaram medições
duas vezes por dia (Darbre, et al., 2000), utilizando 4 sensores, como se mostra da Figura 2.23
b).
a) b)
Figura 2.23 – Barragem de Mauvoisin: a) Vista geral; b) Disposição dos sensores na monitorização em contínuo
(galeria à cota 1957 m).
2,5
2,4
2º Modo
Frequência (Hz)
2,2
2,0
1º Modo
1,8
114 154 194 234 250
Altura de água (m)
Figura 2.24 – Linhas de influência das duas primeiras frequências naturais identificadas, nas campanhas de
vibração ambiental e de observação em contínuo [adaptado de (Darbre, et al., 2002)].
40
as máximas frequências ocorrem à cota 190 m (um pouco acima da meia altura da barragem).
Para níveis da albufeira acima deste valor verifica-se um decréscimo acentuado (devido ao efeito
de massa da água da albufeira). Enquanto para níveis de água na albufeira inferiores, verifica-se
também um decréscimo das frequências naturais, mas menos acentuado, o qual poderá ser
explicado pelo facto de ocorrer um decréscimo de rigidez da estrutura devido à abertura das
juntas de contracção (este decréscimo sobrepõe-se assim ao efeito de decréscimo da massa da
água, tendo em conta que as frequências naturais são proporcionais à raiz quadrada da razão
rigidez/massa).
Os resultados obtidos com o sistema instalado na barragem de Mauvoisin ilustram bem as
potencialidades que podem ser exploradas com a instalação deste tipo de sistemas em barragens
de betão. Isto é, a vocação deste tipo de sistemas, deverá ser preferencialmente a observação
sísmica, porém podem ser igualmente rentabilizados em actividades relacionadas com a
caracterização experimental do comportamento dinâmico destas obras, com vista à obtenção de
informação que permita calibrar os modelos de previsão comportamento estrutural destas obras.
A opção por esta segunda via, para além de proporcionar informação com interesse evidente,
constitui uma preciosa ajuda nas actividades de manutenção do sistema. Nestas condições, os
sistemas mantêm-se em permanente funcionamento, assegurando-se assim que estão funcionais
aquando da ocorrência de eventos sísmicos, obviando-se assim um dos principais problemas que
são correlacionados com este tipo de sistemas, isto é, a sua utilização muito esporádica, e a falta
de um plano de manutenção adequado deixa-os ao esquecimento, não se apresentando em
condições operacionais aquando da ocorrência de sismos.
41
a) b)
Figura 2.25 – Barragem de Enguri: a) Vista de frente; b) Plano de observação sísmica (GEOSIG, 2009).
A barragem Karun III é uma barragem abóbada de dupla curvatura que se localiza numa
zona com elevada sismicidade no Irão, trata-se da segunda mais alta neste país, com 205 m e tem
462 m de desenvolvimento ao nível do coroamento, apresenta uma espessura de 29 m na base e
5,5 m ao nível do coroamento (ver Figura 2.26).
De acordo com alguns registos geofísicos, o vale onde se localiza a barragem tem duas
falhas activas, uma de cada lado do vale do rio. Atendendo a este facto, instrumentou-se a
barragem e a zona envolvente da albufeira com algumas estações sísmicas, tendo-se verificado
que, após enchimentos rápidos da albufeira ocorriam sismos de média intensidade, com
magnitudes entre os 3,7 e 4,1, que não têm colocado em causa a segurança estrutural da obra
(Kangi, et al., 2008).
42
2.3.3.5 Barragem de Kaore, no Japão
A barragem de Kaore localiza-se na zona central do Japão num vale estreito com elevada
sismicidade. Trata-se de uma barragem abóbada de dupla curvatura com cerca de 100 m de
altura, cuja construção terminou em 1992. Após a sua entrada em serviço, obtiveram-se para esta
obra um conjunto de resultados experimentais obtidos com base na realização in situ de ensaios
de vibração forçada e vibração ambiental, bem como resultados provenientes de um sistema de
observação sísmica instalado na obra, que permitiu observar a resposta desta durante a
ocorrência de alguns sismos.
Estes resultados experimentais serviram como um importante elemento de apoio ao
desenvolvimento e calibração de modelos numéricos, que se desenvolveram posteriormente.
Tendo-se desenvolvido dois modelos distintos, um considerando o efeito das juntas de
contracção verticais e o outro não, obtendo-se os resultados apresentados na Figura 2.27, para a
variação da primeira frequência natural em função do nível da cota da água na albufeira
(Toyoda, et al., 2002).
Em termos de comportamento geral da obra, verifica-se que para a primeira frequência
natural, são avaliados valores máximos entre os 25 m e 75 m (num máximo de 100 m), obtendo-
se acima e abaixo desta zona valores de frequência com tendência para decrescerem, denotando-
se uma maior tendência para decrescer entre os 75 m e os 100 m, de forma idêntica ao que se
mostra para a barragem de Mauvoisin na Suíça.
3,2
Mod. sem juntas
3,0
2,8
Frequência (Hz)
2,6
2,4
0 20 40 60 80 100
Altura de água (m)
Figura 2.27 – a) Barragem de Kaore; b) Linha de influência da variação da primeira frequência própria em função
do nível da água na albufeira, [adaptado de (Toyoda, et al., 2002)].
43
Tendo em conta o caso apresentado para a barragem de Mauvoisin, este trabalho, embora
não apresente uma sequência de resultados de observação em contínuo tão vasta, apresenta o
desenvolvimento e calibração de modelos numéricos, adequados para elaborar estudos de
previsão do comportamento desta obra, tendo apenas sido calibrados com base na informação
experimental obtida.
44
tendência para se formarem duas grandes linhas de concentração de pontos, porém estas nuvens
de pontos são associadas a uma primeira frequência natural da obra. Esta dúvida advém do facto
de as barragens abóbada, terem quase sempre as duas primeiras frequências naturais muito
próximas (como acontece para o caso da barragem do Cabril, em análise neste trabalho, e outras
obras com as mesmas características). Nestas circunstâncias é recomendável utilizar modelos
numéricos para comparar com os resultados experimentais, para estes se validarem mutuamente,
o que não se verifica neste estudo.
Apenas refere que nos dias 21 e 22 de Fevereiro de 2007, foram realizadas extensas
campanhas de ensaios de vibração ambiental, com o objectivo de caracterizar o comportamento
dinâmico desta obra, nomeadamente, identificar a forma dos primeiros modos de vibração da
estrutura, nunca apresentando a forma dos modos identificados e respectivas frequências naturais
(Okuma, et al., 2008).
a)
b)
c)
Figura 2.29 – Observação em contínuo da barragem de Hitotsuse (Okuma, et al., 2008): a) Variação do nível da
albufeira; b) Variação da temperatura; c) Variação das primeiras frequências naturais.
A barragem de Cahora Bassa é uma obra que foi construída em Moçambique no início da
década de 1970, tem 171 m de altura e um desenvolvimento ao nível do coroamento de 303 m, é
possivelmente uma das barragens abóbada mais esbeltas existentes em todo o mundo, com uma
espessura na base de 23 m e de 4 m ao nível do coroamento.
Durante a fase de construção e primeiro enchimento da albufeira foram instaladas, nas
proximidades da barragem, um conjunto de estações sísmicas (ver Figura 2.30), com o objectivo
45
de caracterizar a actividade sísmica do local, nomeadamente, localizar o epicentro e determinar a
magnitude de eventuais sismos (induzidos pela criação da albufeira). Contudo, dificuldades de
funcionamento associadas à falta de pessoal qualificado e de fiabilidade dos equipamentos de
transmissão (via rádio) impediram a sua conveniente exploração. Em 1976 esta rede foi
desactivada, embora em meados de 1977 algumas destas estações tenham sido reactivadas
temporariamente, contudo, as adversidades provocadas pela guerra votou-as ao abandono tendo,
em alguns casos, o equipamento desaparecido.
a) b)
Figura 2.30 – Barragem de Cahora-Bassa: a)Localização das estações sismológicas E1 a E5 (LNEC, 1971); b) vista
aérea da obra.
46
Figura 2.31 – Rede de observação sísmica na barragem (Carvalho, et al., 2008).
M.D M.E
Macro-sismógrafos
a) b)
Figura 2.32 – Barragem da Aguieira: a) Vista geral; b) Alçado com a localização dos 3 macro-sismógrafos.
Embora este equipamento esteja instalado em obra desde meados da década de 1980,
dificuldades de funcionamento associadas à falta de manutenção do equipamento têm impedido a
sua conveniente exploração. Salienta-se o facto de se encontrar presentemente em
desenvolvimento, no LNEC, um sistema de observação do comportamento sísmico e dinâmico
idêntico ao que se apresenta no capítulo 5 deste trabalho, para o caso da barragem do Cabril.
Pretende-se com este novo sistema, para além de substituir o anterior, obter mais informação
12
Obras com este tipo configuração são usualmente designadas como barragens de abóbadas múltiplas.
47
experimental sobre o comportamento sísmico e dinâmico de barragens de betão, em Portugal,
nomeadamente numa barragem com características estruturais diferentes das da barragem do
Cabril, que é objecto de estudo neste trabalho.
A barragem de Alqueva (ver Figura 2.33) é uma barragem abóbada com 96 m de altura e
348 m de desenvolvimentoo ao nível do coroamento, apresenta uma espessura de 7 m ao nível do
coroamento, tendo na sua base uma espessura
espess da ordem de 30 m.
Estações sísmicas
a) b)
E1
E2
E3 Estações Sísmicas
E1 – Courelas
E2 – Trincalhos
E3 – Alqueva
c)
48
A construção desta obra deu origem ao maior lago artificial da Europa, o que motivou a
instalação de um sistema de monitorização sísmica que permita a caracterização de eventuais
sismos induzidos pela albufeira ou outros. Por outro lado, importa referir que esta obra foi
construída sobre uma falha tectónica pelo que a instalação deste sistema também permite
verificar a existência de eventual actividade sísmica associada a esta falha.
Este sistema é composto por 3 estações sísmicas colocadas junto à albufeira (ver Figura
2.33 c), e 5 no corpo da barragem (ver Figura 2.33 b), com as quais se pretende monitorizar a
resposta sísmica da obra (Gomes, et al., 2001). Cada estação sísmica é composta por um
acelerómetro triaxial e um sistema de aquisição de dados. O funcionamento destas estações
baseia-se na utilização de níveis de disparo, que, uma vez atingidos (para determinados valores
de amplitudes de vibração) determinam o início do registo das vibrações, devidas a eventos
especiais.
49
Em termos gerais, a vida útil de uma barragem de betão depende dos esforços que são
empreendidos na sua manutenção, bem como na manutenção de todas as obras anexas ao
empreendimento (ICOLD, 2000; ICOLD, 2002), podendo no seu conjunto, atingir uma vida útil
muito longa (Wieland, et al., 2009). Porém quando a manutenção é descurada, as condições de
segurança podem diminuir drasticamente, como se verificou no caso da barragem de Enguri na
Geórgia (ver Figura 2.34), na qual não foram asseguradas as condições mínimas de manutenção
durante a guerra civil que conduziu à independência deste país, no início da década de 1990. Este
exemplo, referente à maior barragem abóbada existente no mundo (com cerca de 272 m), ilustra
bem a importância da manutenção no prolongamento da vida útil destas obras, mostrando
igualmente que a segurança de uma barragem pode decrescer muito rapidamente. Uma
barragem relativamente nova pode-se tornar potencialmente perigosa em pouco anos, se não for
devidamente conservada.
Figura 2.34 – Barragem de Enguri na Geórgia, obras de reabilitação após a guerra civil.
50
primeira instância os donos de obra, que respondem perante a Autoridade, o Instituto da Água
(INAG13), que frequentemente recorre à assessoria do LNEC14 (RSB, 2007). Neste panorama, o
LNEC tem assumido um papel importante, uma vez que para além de assessorar a Autoridade,
tem também contribuído para o desenvolvimento de investigação neste domínio.
Perante este enquadramento, discutem-se nesta secção os principais aspectos envolvidos no
controlo da segurança de barragens, salientando-se as principais inovações neste domínio,
nomeadamente as que estão relacionadas com o comportamento dinâmico destas obras. Assim,
aborda-se a questão da observação e da modelação no controlo da segurança estrutural,
destacam-se as principais evoluções verificadas nos sistemas de observação, que vão desde a
recolha manual de dados à sua automatização, abordam-se os principais aspectos relacionados
com os sistemas utilizados para a monitorização do comportamento dinâmico e finalmente
discutem-se alguns aspectos sobre a regulamentação existente no que se refere à definição das
acções sísmicas e à monitorização da resposta das obras sob este tipo de acções.
13
O Instituto da Água, organismo do Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento
Regional, criado em 1993, sucedeu nas suas competências à Direcção-Geral dos Recursos Naturais que, por sua vez,
era já a herdeira da rica tradição de trabalho em prol da protecção e aproveitamento dos recursos hídricos nacionais
dos Serviços Hidráulicos, cujas raízes remontam aos finais do século passado.
14
O LNEC é uma instituição pública, na qual a regulamentação portuguesa delega competências ao nível da
investigação associada ao controlo de segurança de barragens.
51
arquitectura do sistema, definir orientações que prevejam mínimos de instrumentação,
agendamento da observação e processamento dos dados e sua avaliação, recolha automática de
dados, e procedimentos para a respectiva aceitação e conveniente apresentação.
Por outro lado, convém salientar que a simples instalação de instrumentos em obra ou a
simples acumulação de dados observados, por si só, não melhora as condições de segurança das
obras nem protege pessoas e bens. Os aparelhos devem ser criteriosamente seleccionados,
localizados e instalados. A recolha de dados deve ser efectuada em consciência, meticulosamente
reduzidos ao essencial, organizados de acordo com os critérios de avaliação das condições de
segurança das obras. Um programa de observação mal concebido produz dados desnecessários,
originando perdas de tempo e dinheiro na recolha e interpretação, perdendo por vezes a
objectividade que é necessária para este tipo de situações, daí resultando por vezes o abandono
do programa (Garrett, 2007).
Importa também salientar que as actividades relacionadas com a instrumentação e
observação envolvem muitas vezes a contribuição de especialistas de diversas áreas do
conhecimento, para além da Engenharia Civil, nomeadamente são usualmente formadas equipas
multidisciplinares com técnicos provenientes das Engenharias Electrotécnica e Mecânica
(Instrumentação) e da Engenharia Informática (Tecnologias de Informação).
No âmbito das actividades de controlo da segurança de barragens de betão, é também
fundamental o desenvolvimento de modelos numéricos (ver Figura 2.35), que são utilizados para
efectuar verificações de segurança e previsões sobre o comportamento futuro destas obras. Neste
domínio, têm sido utilizados diversos tipos de modelos, nomeadamente, modelos de elementos
finitos e modelos de elementos discretos, como se verá no Capítulo 3.
52
exploração, o que acontece numa sequência formalmente normalizada na regulamentação de
cada país. Concluída a fase inicial, são em geral desenvolvidos novos modelos numéricos, a
partir dos quais a avaliação de segurança é efectuada na fase de exploração normal, sendo
possível confirmar a evolução do carácter satisfatório do seu comportamento. A utilização destes
modelos deve permitir avaliar a importância de eventuais fenómenos de deterioração e
fundamentar a necessidade de realização de estudos especiais de diagnóstico, que em alguns
casos podem conduzir à adopção de medidas de condicionamento da exploração, bem como a
obras de reabilitação e até mesmo à desactivação de obras (DeHeer, 2001).
Como já se referiu anteriormente, embora a utilidade dos modelos numéricos seja evidente,
subsistem algumas dúvidas na sua utilização e no seu desenvolvimento, que estão relacionadas
com a sua fiabilidade e adequabilidade para simular determinadas realidades físicas. É o caso,
por exemplo, das dúvidas que subsistem ao nível da representação do comportamento dinâmico
destas obras, tendo em consideração, o complexo sistema barragem-fundação-albufeira, cuja
compreensão e interpretação é essencial para avaliar as condições de segurança deste tipo de
obras para eventos sísmicos intensos (Chen, 2009).
Uma das principais razões para as actuais dificuldades ao nível da modelação do
comportamento dinâmico de barragens prende-se com a escassa informação experimental que
existe actualmente sobre o comportamento dinâmico destas obras (Wieland, 2003). Neste
sentido, foi estabelecido como um dos principais objectivos deste trabalho a recolha de
informação experimental sobre o comportamento dinâmico destas obras, através do
desenvolvimento e implementação de um sistema de observação do comportamento dinâmico
em contínuo, para a barragem do Cabril, como se mostra no capítulo 4.
Quanto à informação experimental que tem sido recolhida sobre o comportamento
dinâmico de barragens, é de referir que já existem dados que têm contribuído para o
esclarecimento de algumas questões, nomeadamente os registados durante a ocorrência de alguns
eventos sísmicos, como se mostrou no ponto 2.3.1 e os obtidos através da realização de ensaios
de vibração forçada e ensaios de vibração ambiental, que têm permitido a caracterização das
frequências naturais, configurações modais e amortecimentos modais das obras, para níveis de
vibração baixos e/ou controlados. Por fim é de destacar o interesse da realização de ensaios de
ultra sons, com vista à caracterização do módulo de elasticidade dinâmico do betão (Farinha, et
al., 2002), e com vista à caracterização de eventual fissuração que possa influenciar a resposta
dinâmica das obras, a par da realização de ensaios dinâmicos.
Figura 2.36 – Modelo físico da barragem de Odiáxere com albufeira (modelo à escala 1:40). Estudo dinâmico na
mesa sísmica do LNEC (Gomes, 2010).
15
O ERRC, na China, tem uma mesa sísmica com 5x5 m2 (com 6 graus de liberdade), com capacidade para aplicar
forças de 20 toneladas, dotada de uma gama de frequências desde 0,1 até 120 Hz, que permite a aplicação de
acelerações máximas de 1 g na horizontal e 0,7 g na vertical.
54
Também nos estudos efectuados para o projecto da barragem abóbada de Xiaowan
(concluída a sua construção será a maior barragem abóbada do mundo) se recorreu a ensaios de
modelos físicos em mesa sísmica (Zou, et al., 2006), dos quais se mostra o esquema que se
apresenta na Figura 2.38.
Figura 2.38 – Ensaio de uma barragem abóbada numa mesa sísmica de 5x5 m2 na China, com vista a estudar o
efeito de um “cinto anti-sísmico” – combinação de armaduras de reforço e amortecedores (Zou, et al., 2006).
Figura 2.39 – Comparação de mesas sísmicas de diferentes dimensões (Saouma, et al., 2007).
55
2.4.2 Evolução dos sistemas de monitorização. Recolha manual e automática
57
2.4.2.1 Grandezas observadas para o controlo da segurança sob acções estáticas e dinâmicas
Tabela 2.1 – Grandezas observadas em grandes barragens de betão e dispositivos instalados para as medir.
Dispositivos instalados
• Fios de prumo
Horizontais • Sistema para medição de deslocamentos horizontais em vários
Deslocamentos no
corpo da obra pontos do paramento de jusante, por geodesia de posição
58
2.4.2.2 Escolha de grandezas para automatização
16
O Sistema Global de Navegação por Satélite em inglês Global Navigation Satellite Systems (GNSS) trata-se de
um termo genérico para referir os sistemas de navegação por satélite. Neste momento existem dois sistemas a
operar, o GPS (Norte-americano) e o GLONASS (Russo). Encontram-se, ainda outros dois em desenvolvimento, o
Galileo (Europeu) e o Compass (Chinês).
59
Relativamente à actividade relacionada com a inspecção visual de barragens de betão é
necessário definir para cada obra a periodicidade das inspecções a efectuar, bem como o tipo de
inspecções a realizar e os principais aspectos a ter em conta na inspecção. Finalmente é
necessário encontrar a forma adequada para efectuar a apresentação dos resultados das
inspecções visuais.
Na perspectiva do comportamento dinâmico de barragens de betão, as inspecções visuais
são essencialmente utilizadas para detectar e aferir qualitativamente a importância da evolução
de algumas das patologias referidas no início deste ponto, já existentes na obra ou,
eventualmente, o surgimento de novas patologias devidas à ocorrência de eventos sísmicos ou a
outras acções dinâmicas importantes.
Neste domínio tem-se recorrido recentemente à criação de imagens 3D através de técnicas
de fotogrametria (ver Figura 2.40) que permitem criar uma base de dados sobre inspecções
visuais (Berberan, et al., 2007), com a vantagem de estas imagens ficarem arquivadas e poderem
ser analisadas e comparadas sempre que se entender, para avaliar, por exemplo, a evolução de
eventual fissuração.
Figura 2.40 – Imagens 3D obtidas através de técnicas de fotogrametria para a Barragem do Cabril: ficheiro em
formato 3D PDF que permite aceder interactivamente a um modelo gráfico 3D com possiblidade de visualizar
sectorialmente imagens orto-rectificadas com diferentes resoluções (Berberan, et al., 2007).
60
aceleração, em pontos criteriosamente seleccionados, que permitem avaliar os parâmetros da
resposta dinâmica (frequências naturais, configurações e amortecimentos modais) e a
caracterização da acção sísmica.
A avaliação dos parâmetros da resposta dinâmica é assegurada através da implementação
de rotinas de identificação modal automática, que se apresentam no capítulo 3, enquanto para a
caracterização da acção sísmica (detecção de eventos especiais) o sistema prevê que sejam
accionados 3 níveis de alarme, que dependem da amplitude das vibrações medidas. No caso de
os alarmes serem accionados, os dados são automaticamente guardados, em directorias
específicas, para posterior análise.
Após a ocorrência de sismos podem-se efectuar, automaticamente, análises expeditas para
verificar as condições de segurança das obras, designadamente, comparando os valores de pico
da aceleração, medidos durante a ocorrência do sismo, com os considerados no projecto das
obras, sendo também importante efectuar comparações entre os espectros de resposta e os
diagramas de velocidade absoluta acumulada correspondentes ao sismo medido (no maciço
rochoso envolvente), com os considerados no projecto (Fleitz, et al., 2003).
Após este tipo de análises pode-se prever o envio de mensagens para o correio electrónico
dos responsáveis pela segurança das obras, ou para telemóveis.
Em casos de perigo iminente as mensagens de alerta podem ser enviadas para outras
entidades, nomeadamente os responsáveis por parte do dono de obra, os agentes da protecção
civil, que em situações extremas, em que exista perigo de colapso da obra e consequente risco de
inundações, podem proceder ao accionamento de alarmes (ver Figura 2.41) para evacuação das
populações a jusante da obra (Wieland, et al., 2009).
Figura 2.41 – Sirenes para emissão de alarmes para avisar as populações em caso de perigo de inundação (Wieland,
et al., 2009).
61
2.4.3 Monitorização
rização do comportamento dinâmico
62
apresentam-se alguns dos acelerómetros com características compatíveis com os sistemas de
aquisição apresentados na Tabela 2.2.
63
a) b)
a) b)
Figura 2.43 – Exemplos de soluções propostas para medição de acelerações recorrendo a tecnologia sem fios
(“wireless”): a) (http://www.techkor.com); b) (http://www.microstrain.com).
64
a) b)
Figura 2.44 – Soluções para medição de acelerações recorrendo a tecnologia associada à fibra óptica: a) Unidades
de medição; b) Acelerómetros. Adaptado de (http://www.fibersensing.com).
Numa primeira fase deve ser desenvolvido um modelo numérico, da estrutura em análise
(modelo de elementos finitos, p. ex.), para avaliar de uma forma preliminar os valores das
frequências naturais e a configuração dos modos de vibração. A informação obtida neste tipo de
análise preliminar é essencial para a preparação dos ensaios de vibrações, nomeadamente, para
definir o valor a utilizar como frequência de amostragem e o número e a localização dos pontos a
medir, de maneira a garantir que as frequências naturais e as formas dos modos de interesse
sejam convenientemente caracterizados com os ensaios a realizar.
Frequência de amostragem
17
A frequência de Nyquist corresponde a metade do valor da frequência de amostragem.
65
se distribui por uma gama mais alargada de frequências, proporcionando assim um sinal com
uma melhor qualidade sinal-ruído. Todavia, após a aquisição do sinal este deve ser decimado
para a gama de frequências de interesse preservando a qualidade sinal-ruído entretanto obtida e
facilitando as operações de análise. É importante salientar que alguns sistemas de aquisição,
disponíveis no mercado efectuam esta operação automaticamente, isto é, quando se indica um
determinado valor de frequência de amostragem, na realidade o equipamento utiliza o valor
máximo possível e o valor indicado pelo utilizador é obtido por decimação a partir do anterior.
Antes de efectuar um ensaio deverá ser efectuada uma análise preliminar em que se
avaliam as condições de ensaio, nomeadamente deverá ser efectuada a caracterização da relação
sinal-ruído e da existência de possíveis frequências de ressonância devidas a efeitos não
estruturais (Cunha, et al., 2006).
A partir deste tipo de análise pode-se proceder a alguns reajustes ao planeamento inicial do
ensaio, isto é, poderá ser necessário rever o valor da frequência de amostragem; em alguns casos
pode existir a necessidade de aumentar o nível de excitação para melhorar a qualidade da relação
sinal-ruído, podendo mesmo ser necessário induzir excitações aleatórias (Peeters, 2000).
66
Comprimento dos registos de dados
67
2.4.4 Regulamentação
2.4.4.1 Sismicidade
68
2.4.4.2 Definição da acção sísmica
Na regulamentação portuguesa de 1983 (RSA, 1983) a acção sísmica foi definida com base
numa divisão do território nacional em 4 zonas sísmicas (ver Figura 2.45 a), A, B, C e D, às
quais é atribuído por ordem decrescente de perigosidade sísmica um coeficiente de sismicidade α
igual a 1, 0,7, 0,5 e 0,3. Nesta definição são considerados dois tipos de acção sísmica e três tipos
de terrenos, para os quais as acções sísmicas são representadas através de espectros de resposta
ou de densidades espectrais de potência de aceleração. Na recente proposta para o documento de
aplicação nacional do Eurocódigo 8 (Oliveira, et al., 2000) (EC8, 2002) prevêem-se duas
situações distintas: consideração de uma acção sísmica próxima em que se consideram 3 zonas e
uma acção sísmica afastada em que se consideram 5 zonas (ver Figura 2.45 b).
No caso de barragens é usual recorrer a estudos determinísticos e/ou probabilísticos para a
prescrição da acção sísmica a considerar no projecto de novas obras, nomeadamente recorrendo
à utilização de modelos de rotura de falha (ver Figura 2.45 c), os quais são utilizados para
estudar diversos cenários em que se prevê a possível localização das zonas de rotura de falha e os
vários trajectos possíveis até ao local de implantação das novas estruturas (Atkinson, et al., 2000;
Carvalho, 2007).
Obra
(Vista em planta)
Plano de falha
a) b) c)
Figura 2.45 – Prescrição da acção sísmica: a) zonas consideradas no RSAEEP; b) zonas consideradas no EC8;
c) modelos de rotura falha.
69
2.4.4.3 Avaliação da segurança sísmica de obras existentes
No ponto 2.3.1 referiram-se algumas das anomalias que foram identificadas em barragens
após a ocorrência de sismos cuja análise tem contribuído para a revisão da regulamentação,
tornando as verificações de segurança em relação à acção sísmica mais exigentes. De facto,
muitas das obras actualmente em serviço foram projectadas utilizando critérios que actualmente
se consideram desadequados, atendendo à experiência entretanto adquirida. Em muitos casos
tem-se optado por proceder à reavaliação da segurança sísmica das obras, nomeadamente para os
casos em que existe maior probabilidade de ocorrência de sismos intensos (Wieland, 2003; Chen,
2009).
A avaliação da resposta sísmica das barragens existentes deverá ter em conta como
aspectos importantes, como a sua forma estrutural (gravidade, contrafortes, abóbada), a história
da sua exploração e todos os dados disponíveis de projecto, tais como elementos hidrológicos,
análises estruturais e ainda resultados referentes ao comportamento observado ao nível da
estrutura e da fundação. Em particular será útil reunir todos os elementos que contribuam para
uma melhor caracterização do comportamento dinâmico das obras, nomeadamente será
conveniente:
• a realização de ensaios de vibrações (forçada e ambiental), para obter dados
experimentais que permitam a calibração dos modelos numéricos utilizados na
avaliação do comportamento sísmico destas obras;
• a utilização de métodos numéricos adequados para simular o comportamento sísmico
destas obras;
• a comparação entre resultados experimentais e numéricos (de modelos já
devidamente calibrados);
• a realização de ensaios geofísicos para quantificar a variabilidade das características
dos materiais da estrutura e da fundação. Estes ensaios incluem a determinação das
velocidades da propagação de ondas de vibração em profundidade, a partir dos quais
se podem identificar as características de elasticidade, densidade e variabilidade
espacial dos materiais. Permitem igualmente avaliar a existência de vazios, que
possam existir no núcleo da estrutura e juntas de construção ou estruturais que se
encontrem desligadas;
• a realização de estudos de caracterização geológica, que permitam averiguar a
existência de falhas, que possam interferir no comportamento estrutural destas obras.
70
o comportamento de grandes barragens abóbada sob a acção de sismos intensos (Chen, et al.,
2003; Zou, et al., 2006; Zhang, et al., 2007; Chen, 2007; Ren, et al., 2007), dos quais ressalta a
introdução no projecto destas novas obras de “cintos anti-sísmicos” ao nível do coroamento, para
impedir grandes movimentos de abertura de juntas de contracção verticais, funcionando estes
dispositivos como uma combinação de armaduras de reforço (em ligas aço-vanádio, com grandes
patamares de cedência), entre juntas, na direcção dos arcos e amortecedores (Zou, et al., 2006).
72
3
3 MODELOS PARA INTERPRETAÇÃO E ANÁLISE DO
COMPORTAMENTO DINÂMICO DE BARRAGENS DE BETÃO
74
ANÁLISE DINÂMICA DE SISTEMAS BARRAGEM-FUNDAÇÃO-ALBUFEIRA
MODELOS PARA APOIO AO PROJECTO, INTERPRETAÇÃO DO COMPORTAMENTO OBSERVADO
E CONTROLO DA SEGURANÇA ESTRUTURAL
MODELOS NUMÉRICOS
MODELOS FÍSICOS
EFEITO DO NíVEL
EFEITO DO TEMPO
20
15
10
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
Frequência (Hz)
Figura 3.1 – Tipos de modelos utilizados na análise do comportamento dinâmico de barragens de betão.
75
O interesse em aprofundar o conhecimento sobre o comportamento dinâmico real das obras
existentes (o que, como já foi referido, requer o desenvolvimento de sistemas de observação que
permitam a medição de vibrações em contínuo) justifica-se:
i) na perspectiva do aperfeiçoamento das actuais metodologias de controlo da segurança
de barragens ao longo do tempo (muitas das obras em serviço revelam problemas de
deterioração cuja evolução pode ser correlacionada com alterações na resposta dinâmica
observada);
ii) na perspectiva do aperfeiçoamento dos modelos a utilizar no apoio ao projecto das
novas barragens, no que respeita à componente de verificação da segurança sob acções
sísmicas; e
iii) na perspectiva do aperfeiçoamento da regulamentação de segurança no que concerne às
disposições relativas ao comportamento das barragens e dos respectivos órgãos de
exploração e segurança sob acções sísmicas.
Quanto aos modelos numéricos (ver Figura 3.2), é importante salientar o grande interesse
dos modelos mais simples nos quais se admite, por exemplo, que:
i) o betão tem um comportamento elástico-linear e isotrópico;
ii) não existem juntas (ou juntas fechadas com comportamento elástico linear);
iii) a fundação é elástica (sem massa, o que equivale a considerar desprezável o seu
comportamento dinâmico);
iv) a pressão hidrodinâmica sobre o paramento de montante pode ser simulada através de
massas de água associadas (hipótese de Westergard);
v) o amortecimento pode ser simulado apenas com base numa parcela viscosa proporcional
à distribuição da massa e/ou da rigidez.
76
Nos modelos mais sofisticados, a desenvolver preferencialmente após estudos numéricos
com os anteriores modelos simplificados, pode-se admitir, por exemplo:
i) a possibilidade de ocorrência de roturas no betão - comportamento não linear, em
tracção (possibilidade de ocorrência de fissuras) e em compressão (modelos de fenda
discreta) (Pina, 1988), modelos de dano (Oliver, et al., 1990; Faria, et al., 1993; Faria,
1994; Oliveira, 2000), modelos de partículas ou híbridos EF-partículas (Munjiza, 2004;
Azevedo, et al., 2006);
ii) as juntas e fissuras podem ter movimentos de abertura/fecho e deslizamento (elementos
finitos de juntas ou elementos discretos);
iii) propagação de ondas de pressão na albufeira e de ondas de corte e de pressão na
fundação;
iv) amortecimento devido a efeitos viscosos e à radiação de ondas elásticas na fundação e
na albufeira;
v) comportamento não linear da fundação com possibilidade de deslizamento em falhas e
diaclases (Cundall, 1971; Lemos, 1987) com possibilidade de instalação de subpressões
nas superfícies de descontinuidade.
18
O amortecimento em sistemas barragem-fundação-albufeira pode ser devido a: i) dissipação de energia associada
a mecanismos internos de deformação dos materiais, em regime elástico linear (baixo valor de amortecimento) ou
em regime não linear, envolvendo a formação de fissuras e microfissuras (amortecimento elevado); ou ii) dissipação
de energia por radiação de ondas para a fundação e a albufeira – ondas de pressão na água e ondas de corte e de
pressão no maciço de fundação – que se comportam como meios semi-infinitos (Erigen, et al., 1975; Câmara, 2007).
77
dos diversos materiais, admite-se, de forma ainda mais simplificada, que a distribuição de
amortecimento é proporcional à distribuição da massa e/ou à da rigidez global.
a)
b)
Massas de água
associadas
Massas de água
associadas
Apoios elásticos
(pontuais ou tipo Vogt)
Fundação elástica
sem massa
Apoios rígidos
E. F. de água formulação
em deslocamentos E. F. de água formulação
em pressões
Interface
betão-rocha
com condições
de radiação
para ondas de
pressão
Figura 3.2 – Modelação do comportamento dinâmico de barragens de betão: a) barragem abóbada - Cahora-Bassa;
b) diferentes tipos de modelos usualmente adoptados na simulação do comportamento dinâmico de sistemas
barragem-fundação-albufeira.
78
Ao nível da modelação o amortecimento por radiação pode ser contabilizado de forma
independente do amortecimento viscoso o que exige a consideração do comportamento dinâmico
da fundação e da albufeira (discretização da fundação e da albufeira, com atribuição dos devidos
parâmetros de rigidez e de massa) e a consideração de adequadas condições de fronteira (na
modelação há que distinguir as zonas de fronteira rocha-rocha e água-água). Em determinados
tipos de modelos de interacção, em que se utilizam formulações em pressão para a albufeira e
formulações em deslocamentos para a barragem e fundação (“coupled models”), é possível
definir também condições de radiação nas interfaces água-rocha e água-betão (Fenves, et al.,
1986; Câmara, 1999; Bathe, et al., 2007; Chuhan, et al., 2009; Monteiro, 2009).
Assim, neste capítulo apresentam-se os fundamentos da análise dinâmica de estruturas,
inicialmente na perspectiva do desenvolvimento de modelos com vista à determinação da
resposta dinâmica admitindo que são conhecidos os parâmetros que caracterizam o sistema e os
parâmetros que caracterizam as acções (perspectiva do denominado problema directo) e, em
seguida, na perspectiva do desenvolvimento de modelos de identificação modal estocástica (ver
Figura 3.3) em que se admite que o objectivo é identificar algumas das características do sistema
sendo conhecida experimentalmente a resposta estrutural (em alguns pontos) e algumas
características da acção, que, em geral, se admite ter as características de um processo
estocástico.
Problema directo
Sistema
Acções
estrutural ?
Problema inverso
Sistema
? estrutural
Resposta
Acções * ? Resposta
79
3.2 Análise dinâmica na perspectiva do problema directo
ɶ
pequenos deslocamentos e o termo f = f ( x1 ,x 2 ,x3 ,t ) representa as restantes forças mássicas:
ɶ ɶ
forças exteriores (como, p. ex., o peso mg ) e forças de inércia, −muɺɺT , e de amortecimento,
ɶ ɶ
−c uɺ (sendo uɺ = ∂u /∂t , uɺɺ = ∂2u /∂t 2 , m a massa específica e c o amortecimento viscoso
ɶ ɶ ɶ ɶ ɶ
específico dos materiais da estrutura em análise - betão, rocha e água, como se mostra na Figura
3.4). É de notar que no cálculo das forças de inércia, em cada ponto da estrutura, deve ser
considerada a aceleração total uɺɺT que corresponde à soma da aceleração de corpo rígido
ɶ
(idêntica à aceleração na base as - aceleração sísmica, p. ex.) com a aceleração relativa uɺɺ , ou
ɶ ɶ
seja, uɺɺT = uɺɺ+as . No cálculo das forças de amortecimento, admite-se, em geral, que a parcela
ɶ ɶ ɶ
devida à velocidade de corpo rígido é nula. L é o operador diferencial (matricial) definido na
Figura 3.4 e D é a conhecida matriz de elasticidade, também definida na Figura 3.4 para o caso
80
de um material elástico e isotrópico. A matriz de elasticidade apresenta-se em termos do módulo
de compressibilidade volumétrica KV e do módulo de distorção G, porque se trata de uma forma
mais adequada para generalizar a formulação em deslocamentos para o caso da água (basta
considerar para a água o módulo de distorção nulo).
No caso geral de equilíbrios tridimensionais há que determinar três componentes de
deslocamento por ponto enquanto as seis componentes de deformação e as seis componentes de
tensão, a determinar também em cada ponto da estrutura e em cada instante, são obtidas a partir
das três componentes de deslocamento, com base nas equações de compatibilidade e nas
equações constitutivas (ver Figura 3.4).
Quando se consideram acções dinâmicas as forças mássicas f em cada ponto da estrutura
ɶ
(três componentes por ponto, no caso geral tridimensional), envolvem para além da força
correspondente ao peso, as forças de inércia e as forças de amortecimento, ou seja
Dado que para a generalidade das estruturas este problema não pode ser resolvido
analiticamente recorre-se a métodos numéricos para obter a pretendida solução.
A integração numérica efectua-se em duas etapas: i) integração no espaço (utilizando o
MEF, p. ex.); ii) integração no tempo.
Para efectuar a integração numérica em ordem às coordenadas espaciais, pode-se partir
directamente da forma diferencial da equação de Navier e, neste caso, há que utilizar o Método
da Diferenças Finitas (MDF). Contudo a resolução da equação de Navier pelo MDF apresenta
importantes limitações nos problemas em que a geometria da fronteira não é regular, como
acontece geralmente nos problemas de barragens.
81
EQUAÇÕES FUNDAMENTAIS DA MECÂNICA ESTRUTURAL
Análise dinâmica de estruturas tridimensionais
(Lu) D (Lϕ) dV = f ϕ , ϕ D
T ∋
LFCV V ~ ~ V~ ~ ~
Teorema de Green-Gauss
Forças Forma diferencial ou forma forte
mássicas Deslocamento
L(DLu) + f = 0 + f ) ϕ dV= 0 , ϕ D
T T ∋
~u
f ~ ~ ~ (L(DLu)
~
~ V ~ ~ ~
(3 1) Equação de Navier (3 1)
D Conjunto das funções de teste, ϕ (desl. virtuais),
Equações de Equações de de suporte compacto em V
~
equilíbrio compatibilidade
Lσ + f = 0
T
ε=Lu
~ ~ ~ ~ ~ ∂ 0 0
Operador ∂x1
diferencial
0 ∂ 0
∂x 2
Tensões Deformações 0 0 ∂
L=
σ ε ∂
∂x 3
∂
σ ~ ~ ε 0
∂x3 ∂x 2
ε~ = εε
σ
11 11
(6 1) (6 1)
σ= σ 22
σ=Dε
22
∂ ∂
~ σ 33 33
0
~ ~ 2ε ∂x 3 ∂x1
σ 2ε
23 23
Equações constitutivas ∂ ∂ 0
σ 2ε
31 31
12 12 ∂x 2 ∂x 1
4
Kv+ 3 G Kv- 23 G Kv- 23 G
Matriz de elasticidade
4
Kv+ 3 G Kv- 23 G 0 Kv=
E
3(1-2ν)
(material isotrópico)
D= 4
Kv+ 3 G E
G=
G 2(1+ν)
(6 6) sim. 0
G
G
Figura 3.4 – Equações fundamentais da Mecânica Estrutural: formulações forte e fraca. Aplicação à análise
dinâmica de sistemas barragem-fundação-albufeira (adaptado de (Oliveira, et al., 2010b)).
82
Assim o mais usual é recorrer ao Método dos Elementos Finitos (MEF) para efectuar a
integração numérica da equação de Navier em ordem às coordenadas espaciais. Contudo o MEF
não pode ser aplicado directamente à equação de Navier na forma diferencial (forma forte),
sendo necessário, previamente, obter a correspondente forma integral (ou forma fraca), o que se
pode conseguir matematicamente, aplicando à equação de Navier o Lema Fundamental do
Cálculo Variacional19 (LFCV) e o Teorema de Green-Gauss. A forma integral da equação de
Navier também pode ser obtida fisicamente através da aplicação do conhecido Princípio dos
Trabalhos Virtuais20 (PTV), como se mostra na Figura 3.4.
Após esta primeira etapa, correspondente à integração numérica em ordem às coordenadas
espaciais da equação de Navier, o problema passa a ser descrito por um sistema de N GL equações
diferenciais ordinárias de 2ª ordem (na variável tempo), em que N GL é o número total de graus
liberdade da discretização adoptada, como se mostra no ponto seguinte.
Actualmente o Método dos Elementos Finitos (MEF) é um dos métodos numéricos mais
utilizado na resolução computacional de equações diferenciais, nomeadamente, no âmbito da
Análise de Estruturas em Engenharia Civil. As primeiras referências à utilização do MEF datam
19
Lema Fundamental do Cálculo Variacional (LFCV):
∫ F ϕɶ ( xi ) dV = 0, ∀ ϕ ∈ D = Cc ( V )
∞
F=0 em V ⇔
V ɶ
que, para o caso em análise, corresponde a uma equivalência entre a equação diferencial na forma que foi
estabelecida para um elemento infinitesimal e uma nova forma (forma integral) em que surge uma integração
estendida ao domínio V. Na formulação do PTV as funções de teste ϕ correspondem aos deslocamentos virtuais
uV . ɶ
ɶ
20
Princípio dos Trabalhos Virtuais (PTV): Para que um corpo elástico esteja em equilíbrio, é necessário, e
suficiente, que, para todo o campo de deslocamentos virtuais uV = uV (x1 , x 2 , x3 ) o trabalho das forças exteriores
seja igual ao trabalho das forças interiores, isto é ɶ ɶ
∫
Wext = f uv dV ; ∫
Wint = σ ε v dV → Wint = Wext ⇔ ∫ σɶ εɶ v dV = ∫ fɶ uɶ v dV , ∀ uv
V
ɶɶ V
ɶɶ V V
83
do final da década de 1940 e surgiram no âmbito do programa de desenvolvimento da indústria
aeroespacial americana. Tal como tem acontecido em muitos outros domínios da Matemática, as
ideias fundamentais que estão na base do MEF surgiram da necessidade de resolver problemas
práticos: neste caso era necessário encontrar uma boa aproximação da solução de equações
diferenciais governativas de problemas complexos referentes à condução do calor e a problemas
de Mecânica dos Sólidos, em domínios geometricamente irregulares e com condições de
fronteira que tornavam impossível a utilização de métodos analíticos e dos métodos numéricos
conhecidos.
Contudo, é na década de 1960 que se assiste a um extraordinário desenvolvimento deste
método21 (Zienkiewicz, 1967), essencialmente, devido ao aparecimento dos primeiros
computadores.
Embora o MEF esteja suficientemente descrito em bibliografia da especialidade
(Zienkiewicz, 1967; Hughes, 1987), apresenta-se nesta secção uma síntese, em que se aborda a
formulação da mecânica estrutural, salientando-se os conceitos básicos da sua fundamentação
física e matemática, com base nos quais se estabelece o problema a resolver por intermédio deste
método numérico. Após o estabelecimento do problema, introduz-se naturalmente a
discretização das estruturas em vários elementos de dimensão finita (elementos finitos),
apresentando-se os principais aspectos relacionados com este método numérico de resolução de
equações diferenciais recorrendo aos actuais meios computacionais disponíveis. A abordagem ao
método termina com a introdução da formulação geral para o caso de acções dinâmicas, que
constitui o tema central abordado neste trabalho.
u = N . ue (2.3)
ɶ (3×60) (60ɶ×1)
(3×1)
21
Em 1961 Zienkiewicz apresentou uma conferência sobre a utilização do método das diferenças finitas no cálculo
de barragens; em 1964 Wilkins, apresenta uma nova formulação de diferenças finitas que permite resolver o
problema da discretização das fronteiras e utiliza um método de relaxação dinâmica para solução das equações de
equilíbrio; em 1967 é publicado um dos primeiros trabalhos de divulgação sobre o MEF (Zienkiewicz, 1967). Em
Portugal (no LNEC), o MEF foi introduzido no âmbito de um trabalho referente à análise do comportamento de
barragens (Pedro, 1977).
84
sendo N a matriz com os valores das funções de interpolação (Zienkiewicz, 1967) no ponto
(x1 , x 2 , x3 ) em análise; para o caso tridimensional com elementos finitos de 20 pontos nodais,
com 3 GL de translação por nó (ver Figura 3.5), a matriz N assume a forma seguinte (dimensão
3 × 60 )
N1 0 0 N2 0 0 ⋯ N 20 0 0
N= 0 N1 0 0 N2 0 ⋯ 0 N 20 0 (2.4)
0 0 N1 0 0 N2 ⋯ 0 0 N 20
ε = L N ue = B ue (2.5)
ɶ ɶ ɶ
em que B ( 6 × 60 ) é uma matriz cujos termos não nulos correspondem às derivadas das funções
de interpolação em ordem às coordenadas gerais. Esta equação mostra que as deformações em
qualquer ponto dum elemento finito podem ser obtidas a partir dos deslocamentos nodais u e e
ɶ
das derivadas das funções de interpolação em ordem às coordenadas gerais B .
Introduzindo a aproximação do MEF na relação constitutiva e admitindo a hipótese de
comportamento elástico linear, pode-se escrever
σ = D B ue (2.6)
ɶ ɶ
85
x3
y3
Elemento
isoparamétrico de 20
pontos nodais (60 GL). y1
y2
x2
x1
1
N i = (1 + y1(i) y1 )(1 + y2(i) y2 )(1 + y3(i) y3 )( y1(i) y1 + y2(i) y2 + y3(i) y3− 2) (i = 1, 2,...8);
8
1
N i = (1 − y12 )(1 + y2(i) y2 )(1 + y3(i) y3 ) (i = 10,12,14,16);
4
1
N i = (1 − y22 )(1 + y3(i) y3 )(1 + y1(i) y1 ) (i = 9,11,13,15);
4
1
N i = (1 − y32 )(1 + y1(i) y1 )(1 + y2(i) y2 ) (i = 17,18,19, 20).
4
N1 0 0
0 , N , 0
1
0 0 N1
N2 0 0
0 , N , 0
2
0 0 N 2
⋮ ⋮
N 20 0 0
0 , N , 0
20
0 0 N 20
Figura 3.5 – Elemento finito tridimensional isoparamétrico tipo cubo com 20 pontos nodais. a) Representação dos
eixos locais e expressões com os valores das funções de interpolação para os diferentes nós. b) Representação das
funções de interpolação (vectoriais) associadas a cada grau de liberdade; representação para os GL dos pontos
nodais 1, 2 e 20 (adaptado de (Oliveira, et al., 2010b)).
86
Figura 3.6 – Barragem abóbada discretizada em elementos finitos tridimensionais de 20 nós.
∫ m (
uɺɺ + a ) u v dV + ∫ c uɺ T u v dV + ∫ ( L u ) D ( L u v ) dV = 0 , ∀ u v
T T
s
(2.7)
Ve
ɶ ɶ ɶ Ve
ɶ ɶ Ve
ɶ ɶ ɶ
uɺɺT
ɶ
∫ m ( N ɺɺuɶ + N a se ) u v dV + ∫ c ( N uɺ e ) u v dV + ∫ ( L N u e ) D ( L u v ) dV = 0 , ∀ u v
e T T T
(2.8)
Ve
ɶ ɶ Ve
ɶ ɶ Ve
ɶ ɶ ɶ
87
que as funções de interpolação formam uma base de um espaço linear que contém todos os
campos de deslocamentos virtuais. Com esta aproximação basta verificar a anterior expressão
apenas para os campos de deslocamentos virtuais u v coincidentes com as funções de
ɶ
interpolação que formam a base do referido espaço. No caso do elemento finito, tipo cubo com
20 pontos nodais e 3 GL por nó, há que verificar a anterior expressão para cada uma das 60
funções de interpolação vectoriais seguintes (ver Figura 3.5)
∫mN u e + ∫ c N T N dV uɺ e + ∫ B T D B dV u e = − ∫ m N T N dV a se
T
N dV ɺɺ (2.10)
Ve
ɶ Ve ɶ Ve ɶ Ve
ɶ
o que é equivalente a
m e ɺɺ
u e + c e uɺ e + k e u e = f e
(2.11)
ɶ ɶ ɶ ɶ
em que:
88
valores próprios da matriz de estado que se define no ponto 3.2.3.2); no caso de formulações em
que as funções incógnitas são definidas em termos de deslocamentos na estrutura e pressões na
albufeira, as matrizes generalizadas de massa e rigidez são sempre assimétricas pelo que os
modos de vibração do conjunto serão sempre complexos independentemente das hipóteses
simplificativas que se adoptem para o amortecimento (Fenves, et al., 1984; Câmara, 1999).
Para uma dada discretização espacial em elementos finitos, as matrizes globais – matrizes
de massa, de amortecimento e de rigidez – são obtidas por sobreposição ou assemblagem das
anteriores matrizes elementares, sendo possível, a partir destas matrizes globais, estabelecer a
seguinte equação de equilíbrio global (equação diferencial matricial) que corresponde a um
sistema de equações diferenciais ordinárias (na variável tempo) de 2ª ordem, acopladas, a
resolver para as condições iniciais estabelecidas. Assim, na resolução numérica, após a primeira
etapa correspondente à integração em ordem às coordenadas espaciais (ver Figura 3.7),
utilizando uma dada discretização em elementos finitos, a análise dinâmica do sistema fica
reduzida à resolução do seguinte problema de valores iniciais (PVI)
u ( t ) + c uɺ ( t ) + k u ( t ) = f G ( t )
m ɺɺ
ɶ ɶ ɶ ɶ
(2.12)
Condições iniciais (em deslocamento e velocidade)
89
(Westergaard, 1933); e ii) considerando a albufeira discretizada em elementos finitos de água,
formulados em deslocamento, nos quais se considera o módulo de compressibilidade da água
KV = 2 GPa (valor correspondente a uma velocidade de propagação das ondas de pressão na
água de 1440 m/s) e um módulo de distorção nulo (ver Figura 3.4).
Estabelecimento do problema
Forma adequada para aplicação do MDF Forma adequada para aplicação do MEF
_m = Σ _m e
_e = mN N dV
m
Ve
T
_c = Σ _c e
_c e
= cN N dV
Ve
T
_k = Σ _k e
_k e T
= B D B dV
Ve
~ = Σ ~f
e
f f
e
_ a~S
m e e
~ =
G (sismo)
.
.. . u(t) = _0 _I u(t) + _
0 f (t)
_ u~(t) + _c u~(t) + _k u~(t) = ~f (t)
m G
~. ~ ~ G
v(t)
~ _ _k - m
-m _ _c
-1 -1
v(t)
~
_
m -1
Condições iniciais
Condições iniciais
Representação clássica (em deslocamentos): Representação no espaço de estados (em desl. e velocidades):
Sistema de NGL equações diferenciais Sistema de 2N GL equações diferenciais
de 2ª ordem de 1ª ordem.
Figura 3.7 – Análise dinâmica de estruturas pelo MEF. Formulação em deslocamentos e no espaço de estados
(adaptado de (Oliveira, et al., 2010b)).
90
Introdução das condições de fronteira
X2 Condições iniciais
u(0) = u0
.
u(0) = v0
X1 c
Amortecimento
X3
Figura 3.8 – Modelo físico de um edifício de um piso. Perspectiva e representação esquemática do modelo de 1 GL
idealizado para estudar o comportamento dinâmico da direcção mais flexível.
91
O grande interesse do estudo dos modelos de 1 GL deve-se sobretudo ao facto de conduzir
a resultados que podem ser utilizados directamente na análise de modelos de vários GL, dado
que a resposta dinâmica desses modelos de maior complexidade pode ser estudada através da
sobreposição da resposta de modelos de 1 GL, se for utilizada uma transformação de
coordenadas adequada (transformação das coordenadas estruturais, correspondentes aos
deslocamentos nos diversos graus de liberdade, para as denominadas coordenadas modais).
u + c uɺ + k u = f
m ɺɺ (2.13)
m ɺɺ u + c uɺ + k u = 0
(2.14)
u ( 0 ) = u 0 , uɺ ( 0 ) = v 0
22
Método baseado na hipótese de que a solução geral pode ser uma combinação linear de funções da forma
u(t) = e .
λt
92
em que λ e λ correspondem a um par de raízes complexas conjugadas do polinómio
característico ( m λ 2 + c λ + k = 0 ), sendo
k c
λ = −ξ ωN + i ωA , com ωN = , ξ= e ωA = ωN 1 − ξ 2
m 2 km
e
v0 − u 0 λ 1 1 v + ξ ωNu 0 v0 − u 0 λ
a = u0 − = u0 + 0 i e b= =a
λ−λ 2 2 ωA λ−λ
v + ξ ωN u 0 − ξ ωN t
u ( t ) = u 0 cos ( ωA t ) + 0 sen ( ωA t ) e (2.16)
ωA
u(t) λt λt
u(t) = a e + a e λ = −ξωN + iωA
u(t)
m
a = u 0 + v0 + ξωNu 0 i
2 2 ωA
c u0
k
0
t
Condições iniciais
u(0) = u0
.
u(0) = v0
Figura 3.9 – Modo natural de vibração de um modelo de 1 GL, com amortecimento inferior ao valor do
amortecimento crítico ccr = 2 k m .
93
Quando existe uma história de forças aplicadas a solução envolve mais uma parcela
(parcela forçada) correspondente a um integral de convolução entre a história da força f(t) e a
função de resposta a impulsos unitários h(t)
v + ξ ωN u 0 − ξ ωN t t
u ( t ) = u 0 cos ( ωA t ) + 0 sen ( ω )
A e
t + ∫ h ( t − τ ) f ( τ ) dτ (2.17)
ωA
0
h ( t )*f ( t )
Convolução
em que
sen( ω A ( t − τ ) ) e − ξ ω N ( t − τ )
1
h( t − τ ) = (2.18)
mω A
94
Domínio da frequência
2
-m ω U(ω) + i ω c U(ω) + k U(ω) = F(ω)
ω
U(ω) = Η(ω).F(ω) 11∆ω
10 ∆ω
1
Η(ω)= 9∆ω
(k-mω )+iωc
2
8∆ω
7∆ω
6∆ω
Re(U(ω))
U(ω)
Im(U(ω)) 4∆ω
5∆ω
F
3∆ω
-1
F u(t) ∆ω
2 ∆ω
-1
u(t) = F U(ω)
Figura 3.10 – Aplicação da transformada de Fourier para converter a equação diferencial da dinâmica, definida no
domínio do tempo, numa equação algébrica (complexa), definida no domínio da frequência (adaptado de (Oliveira,
2007)). Representação da decomposição em ondas da função incógnita u(t), definida no intervalo [0,T],
correspondente à transformada discreta de Fourier (a transformada contínua de Fourier corresponde a considerar
T→∞).
∞ ∞
a k − i b k iωk t
f T ( t ) = v méd + ∑ a k cos ( ω k t ) + b k sen ( ω k t ) f T ( t ) = v méd + ∑ e
k =1 k =−∞ 2
ω k = k ∆ω −∞ < ω k = k ∆ ω< + ∞
cujos coeficientes (coeficientes de Fourier) são obtidos através das seguintes médias em [0, T],
sendo usual proceder ao seu cálculo através do algoritmo FFT (“Fast Fourier Transform”)
proposto por (Cooley, et al., 1965)
95
T
1
v med = f ( t ) f ( t ) dt
T ∫0
T
=
T
2
a k = 2 f ( t ) cos ( ωk t ) f ( t ) cos ( ωk t ) dt
T ∫0
T
= , n = 1, 2, 3, ...
T
2
b k = 2 f ( t ) sen ( ωk t ) f ( t ) sen ( ωk t ) dt
T ∫0
T
= , n = 1, 2, 3, ...
a k − i bk
T
FT ( ωk ) = ∫ f T ( t ) e −i ωk t dt = T , − ∞ < ωk = k ∆ω < +∞ (2.19)
0
2
Com esta definição, a aproximação de uma função fT(t) em série de Fourier, num intervalo
de comprimento T (intervalo [0,T] ou [-T/2,T/2]), pode ser escrita na seguinte forma (note-se que
1/ T = ∆ω / 2π )
1 ∞ 1 ∞
fT ( t ) = ∑ FT ( ωk ) eiωk t
= ∑ FT ( ωk ) eiωk t ∆ω (2.20)
T k =−∞ 2π k =−∞
+∞
1
f (t) = ∫ F ( ω) eiωt dω (2.21)
2π −∞
O anterior par de funções, F(ω) e f(t), que agora se pode escrever na forma
+∞ +∞
F ( f ( t ) ) = F ( ω) = ∫ f ( t ) e F ( F ( ω) ) = f ( t ) = ∫ F ( ω) eiωt dω
−iωt −1 1
dt
−∞
2π −∞
23
A função FT(ωk) - transformada discreta de Fourier de fT(t) - é uma função complexa cujas partes real e
imaginária são, respectivamente:
a ( ωk ) b ( ωk )
T e − T
2 2
96
variável real contínua ω (domínio da frequência) e a correspondente transformada inversa f(t)
coincide com a função original f(t), que é uma função real de variável real t (domínio do tempo).
Matematicamente o grande interesse das Transformadas de Fourier advém, em boa parte,
do facto de que a Transformada de Fourier da derivada de uma dada função f(t) pode ser obtida
através de uma simples operação algébrica: basta multiplicar a Transformada de Fourier da
função por iω. Por esta razão, a aplicação da transformada de Fourier à equação diferencial da
dinâmica permite transformá-la numa equação algébrica (complexa), de fácil resolução (a
transformada de Laplace é, como se referiu, uma generalização da transformada de Fourier em
que o imaginário puro iω é substituído pelo complexo s = α + iω )
F ( m ɺɺu ( t ) +c uɺ ( t ) + k u ( t ) ) = F ( f ( t ) ) (2.22)
− m ω2 U ( ω) +i c ω U ( ω) + k U ( ω) = F( ω) (2.23)
F ( ω)
U ( ω) = (2.24)
(k − m ω ) + i c ω
2
U ( ω) = H ( ω) F( ω) (2.25)
em que
1
H ( ω) = (2.26)
( k − m ω2 ) + i c ω
97
Tabela 3.1 – Resolução da equação da dinâmica. Modelos de 1GL.
1
h( t ) = sen ( ωA t ) e−ξωN t
1
H(ω) =
m ωA ( k − m ω ) + ( c ω) i
2
u(t) = F −1 ( U(ω) )
U(ω) =F ( u(t))
* Para condições iniciais não nulas utiliza-se a transformada de Laplace em vez da transformada de Fourier.
uɺ = v
u + c uɺ + k u = 0
m ɺɺ ⇔ (2.27)
m vɺ + c v + k u = f
98
A partir do anterior sistema obtém-se facilmente a conhecida representação no espaço de
estados da equação do movimento do modelo estrutural de 1 GL (nas variáveis de estado:
deslocamento e velocidade)
uɺ = v
k c f
vɺ = − m u − m v + m (2.28)
uɺ 0 1 u 0
vɺ = − k m − c m v + 1 m f xɺ = A x + B m f
ou (2.29)
ɶ (mck) ɶ ɶ
xɺ A x Bm
ɶ (mck) ɶ ɶ
Para resolver esta equação de estado é conveniente proceder à sua diagonalização através
da decomposição da matriz de estado em valores próprios λE (matriz diagonal 2× 2 ) e vectores
próprios Φ Ε (matriz 2× 2 ) com vista a obter o resultado seguinte
A = Φ Ε λ E Φ -1Ε A* = Φ -1Ε A Φ Ε = λE
(mck) (mck) (mck)
em que:
λ 0 1 1 i λ −1
λE = ΦE = Φ −E1 = λ = −ξω N + i ω A
0 λ λ λ 2 ωA −λ 1
ɺ = ( Φ Ε λE Φ -1Ε ) ( Φ E x*) + Bm f
Φ E x* (2.30)
ɶ ɶ ɶ
ɺ = λE x* + Φ-1Ε Bm f
x* (2.31)
ɶ ɶ ɶ
o que equivale a escrever
99
u*
ɺ λ 0 u* i −1
v* = +
0 λ v* 2mω 1 f (2.32)
ɺ A
i
t
* λt
u*(t) = u 0 e − ∫e
λ (t-τ)
f ( τ ) dτ
2mωA 0
t
(2.33)
v*(t) = v* eλ t + i f ( τ ) dτ
∫e
λ (t-τ)
0
2mωA
0
u*(t) = u 0 e
* λt
* λt
(2.34)
v*(t) = v 0 e
u 1 1 u* u = u* + v*
= λ v*
ou (2.35)
v λ v = λu* + λv*
u = u*0 e λ t + v*0 eλ t
* λt * λt
(2.36)
v = λ u 0 e + λ v 0 e
* u 0 v 0 + u 0 ξωN
u 0 = u 0 + v 0
* * u 0 = 2 + 2ωA
i
⇔ (2.37)
v 0 = λ u 0 + λ v 0 v* = u 0 − v 0 + u 0 ξωN i
* *
0 2 2ωA
então, substituindo em (2.36) e aplicando a fórmula de Euler para os complexos obtém-se, tal
como no caso da formulação clássica, a solução correspondente ao modo natural de vibração do
modelo de 1 GL com amortecimento
v + u 0 ξω N −ξωN t
u ( t ) = u 0 cos(ωA t) + 0 sen(ωA t) e (2.38)
ωA
100
tal como se pretendia, para ilustrar a aplicação da formulação de estado. Na figura seguinte
representa-se graficamente a resposta do modelo de 1 GL no seu modo natural de vibração, com
amortecimento, num gráfico tempo-deslocamento e no espaço de estados – gráfico no plano
deslocamento-velocidade.
m u(t) u(t) v
Condições iniciais
u(0) = u0
.
u(0) = v0
k (u0 ,v0)
u0
c 0
t u
Figura 3.11 – Modo natural de vibração de um modelo de 1 GL, com amortecimento. Representação no domínio do
tempo e no espaço de estados.
u ( t ) + c uɺ ( t ) + k u ( t ) = f ( t )
m ɺɺ (2.39)
ɶ ɶ ɶ ɶ
u = Φ u* (2.40)
ɶ ɶ
Se, por aproximação, for admitido que amortecimento é nulo (c = 0), ou que a matriz de
amortecimento é proporcional às matrizes m e k, a pretendida diagonalização obtém-se
facilmente através da anterior matriz Φ = φ 1 ... φn ...φNGL calculando-a por forma que as suas
ɶ ɶ ɶ
N GL colunas correspondam aos N GL vectores próprios φ associados ao seguinte problema de
ɶ
valores e vectores próprios
em que os valores próprios λ correspondem ao quadrado das frequências modais de cada modo
vibração.
Determinada desta forma, a matriz modal Φ = φ 1 ... φn ...φNGL diagonaliza a matriz de
ɶ ɶ ɶ
massas e a matriz de rigidez de acordo com as seguintes relações (25)
24
Esta transformação pode ser interpretada fisicamente com base no facto de que cada estrutura tem formas de
vibração preferenciais (cada uma delas associada a uma frequência de vibração específica) que se denominam
modos naturais de vibração, verificando-se que a deformação estrutural num qualquer instante t pode ser obtida
como uma combinação linear desses seus modos naturais de vibração, em que os coeficientes da combinação são as
denominadas coordenadas modais:
u N ( t )
GL φ N 1
GL φ N 2
GL φ N N
GL GL
25
É de notar que, em face da conhecida indeterminação de 1ª ordem do problema de valores e vectores próprios, a
matriz modal só é determinada impondo para cada vector próprio uma condição adicional - assim, a matriz Φ é
geralmente determinada impondo condições por forma a diagonalizar a matriz de massas transformando-a na matriz
identidade: m* = Φ m Φ = I .
T
102
1
m* = Φ m Φ =
T = I
⋱
1
ω12
k* = Φ T k Φ = ⋱
ω2
N GL
2ξ1 ω1
c* = Φ c Φ =
T
⋱
2ξ N ωN
GL GL
u* ( t ) + Φ T c Φ uɺ* ( t ) + Φ T k Φ u* ( t ) = Φ T s f ( t )
Φ T m Φ ɺɺ (2.42)
ɶ ɶ ɶ ɶ
f (t)
ɶG
ou
u* ( t ) + c* uɺ* ( t ) + k* u* ( t ) = f* ( t )
m* ɺɺ (2.43)
ɶ ɶ ɶ ɶ
103
dividindo cada equação modal n pela correspondente massa modal m *n conclui-se que este
sistema pode ser escrito apenas em termos dos amortecimentos modais relativos ξ n e das
frequências modais não amortecidas ω n (n=1,2, … N GL )
ou, matricialmente, apenas em termos das matrizes diagonais c* e k* e da matriz dos factores
de participação modal, L ,
u* ( t ) + c* uɺ* ( t ) + k* u* ( t ) = Lf( t )
ɺɺ (2.46)
ɶ ɶ ɶ ɶ
Com esta transformação para coordenadas modais consegue-se, portanto, obter um sistema
de equações diferenciais ordinárias, em t, que podem ser resolvidas independentemente, sendo de
notar que cada uma dessas equações é idêntica à equação de um oscilador de 1 GL. É
exactamente por esta razão que se justifica iniciar o estudo da dinâmica de estruturas com a
análise detalhada do comportamento dinâmico dos osciladores de 1 GL.
A equação da dinâmica para o caso de modelos de vários GL também pode ser transposta
do domínio do tempo para o domínio da frequência, aplicando a ambos os membros a
transformada de Fourier, obtendo-se
− m ω2 U ( ω) +i ω c U ( ω) + k U ( ω) = F( ω) (2.47)
ɶ ɶ ɶ ɶ
em que
H ( ω ) = ( k − m ω2 ) + i ω c
−1
(2.49)
104
A determinação da matriz das FRF, H ( ω) , a partir da equação anterior envolve o cálculo
da inversa de uma matriz complexa de ordem N GL , para cada valor de ω (Caetano, 1992), o que
é computacionalmente dispendioso. Assim, tal como no domínio do tempo, também no domínio
da frequência é usual recorrer à formulação alternativa em coordenadas modais, ou formulação
modal, neste caso, para determinar a matriz H ( ω) .
Como se verificou anteriormente, o sistema das N GL equações diferenciais de 2ª ordem,
dado pela equação (2.39), é transformado num conjunto de N GL equações diferenciais
independentes, dado pela equação (2.40). O conjunto das FRFs, determinadas para cada uma
destas equações diferenciais independentes, pode ser correlacionado com a matriz H ( ω) global,
através da seguinte expressão
H ( ω) = Φ H* ( ω) ΦT (2.50)
em que H ( ω) é uma matriz diagonal que contém as FRFs das várias equações diferenciais
*
N GL
( φm )i ( φn )i
H m,n ( ω ) = ∑ , ( m = 1, 2,…, N GL ) , ( n = 1, 2,…, N GL ) (2.51)
i=1 ( ωi − ω ) + i ( 2 ξ i ωi ω )
2 2
105
Tabela 3.2 – Formulação clássica no domínio do tempo. Paralelismo entre modelos de 1 GL e N GL.
Modelos com 1 GL Modelos com N GL
Equação Diferencial escalar Equação Diferencial vectorial
[incógnita escalar: u(t)] (sistema de N eq. diferenciais acopladas)
ɺɺ + c uɺ + k u = f (t)
mu
u ( t ) + c uɺ ( t ) + k u ( t ) = f ( t )
m ɺɺ ɶ ɶ ɶ ɶ
Recorrendo à matriz dos modos de vibração Φ , este
sistema transforma-se num conjunto de NGL eq.
diferenciais escalares, não acopladas (coord. modais)
1 m ωAn
*
h( t ) = sen ( ωA t ) e−ξωN t
n
m ωA
u(t) = Φ u*(t)
ɶ ɶ
Tabela 3.3 – Formulação clássica no domínio da frequência. Paralelismo entre modelos de 1 GL e N GL.
Modelos com 1 GL Modelos com N GL
Equação algébrica, complexa, Sistema de N equações algébricas, complexas (não
com incógnita escalar U(ω) acopladas, quando se utilizam coordenadas modais u *n
)
F ( m ɺɺ ɺ + k u(t)) = F ( f (t))
u(t) + c u(t) F ( m *n ɺɺ
u *n + c*n uɺ *n + k *n u *n ) = F ( f n* ) , n = 1 a N GL
−m*n ωn2 U*n (ω) + iωn c*n U*n (ω) + k *n U*n (ω) = Fn*(ω)
−m ω U(ω) + iω cU(ω) + k U(ω) = F(ω)
2
ɶ ɶ ɶ ɶ
Solução (cond. iniciais nulas) Solução (cond. iniciais nulas)
H(ω) =
1 H(ω) = Φ H*(ω) Φ T
( k − m ω ) + ( c ω) i
2
Matriz das
FRF(diagonal)
1
H*n (ω) =
k − m ω2 + i ω c*n
*
n
*
n
ɺ = v(t)
u(t)
ɶ ɶ
vɺ ( t ) = − m k u ( t ) − m c v ( t ) + m s f ( t )
-1 -1 -1
(2.53)
ɶ ɶ ɶ ɶ
ou, matricialmente
u(t)
ɺ 0 I u(t) 0
ɶ =
v(t) ɶ + -1 f ( t )
v(t)
(2.54)
ɺ
-1
k − m -1 c
− m m s
ɶ
ɶɺ
ɶ (n I ×1)
X A X B
ɶ (mck) ɶ
(2N GL ×1)
(ms)
(2N GL ×1)
( 2N GL × 2N GL ) (2N GL × n I )
107
e das matrizes A e B , obtendo-se então a conhecida representação de estado da equação do
(mck) (ms)
xɺ = A x + B f (2.55)
ɶ (mck) ɶ (ms) ɶ
em que
x = Φ E x* (2.56)
ɶ ɶ
A matriz modal de estado Φ E é uma matriz cujas colunas correspondem aos vectores próprios
da matriz de estado A , sendo Φ E = φE1 ... φ En ...φE2N . A determinação de Φ E envolve, por-
(mck)
ɶ ɶ ɶ GL
tanto, a resolução do seguinte problema de valores e vectores próprios (dimensão 2NGL × 2NGL )
A −λΕ I
A φΕ = λE φΕ ⇔ (mck) φΕ = 0 (2.57)
ɶ
(mck)
ɶ ɶ ɶ
que fornece, para além dos 2NGL vectores próprios que constituem as colunas da matriz
Φ E = φE1 ... φ En ...φE2N , os correspondentes 2NGL valores próprios (de estado) λΕ . Dado que a
ɶ ɶ ɶ GL
matriz de estado A é não simétrica verifica-se que os seus valores próprios são complexos,
(mck)
108
assim como as componentes dos correspondentes vectores próprios (ver Figura 3.12) analisa-se
em detalhe o significado físico das correspondentes partes real e imaginária; é de salientar desde
já que a representação da deformada da estrutura associada a modos com componentes
complexas só pode ser apresentada com recurso a um esquema gráfico envolvendo o tempo pois
os deslocamentos máximos não são atingidos simultaneamente em todos os pontos da estrutura
(Mitchell, 1990).
Neste ponto é importante notar que a relação entre os elementos das matrizes Φ E e λE
(matriz diagonal) e os modos de vibração φn , as frequências modais ω n e os amortecimentos
ɶ
modais ξ n que caracterizam o comportamento dinâmico da estrutura é estabelecida através das
seguintes equações
⋱
λ 0
λE = , λ= λn , λ n = −ξ n ω n + i ω n 1 − ξ n2
0 λ
⋱
Φ Φ uE
Φ E = uE Φ uE = … φn … ( φn - componentes complexas)
Φ uE λ Φ uE λ ɶ
( n = 1,2,…N ) GL
Tendo em conta que, por definição de valores e vectores próprios de uma matriz, a matriz
A pode ser factorizada com base na matriz dos seus vectores próprios Φ E (e correspondente
(mck)
A = Φ Ε λ E Φ -1Ε (2.58)
(mck)
e que, portanto,
λE = Φ -1Ε A Φ Ε (26)
(mck)
26
Por analogia com a notação k e k* utilizada para designar a matriz de rigidez k e a matriz de rigidez modal
k* = Φ T kΦ (diagonal) também se pode utilizar a notação A* para designar a matriz de estado diagonalizada
(mck)
109
Amortecimento nulo
Amortecimento proporcional
110
Assim, a pretendida diagonalização da equação de estado obtém-se facilmente efectuando
a mudança de variável x = ΦE x* e substituindo A por ΦΕ λE Φ-1Ε , vindo então
ɶ ɶ (mck)
ɺ = λ E x* + Φ -1Ε BmS f
x* (2.60)
ɶ ɶ ɶ
ɺ = λ E x* + L E f
x* (2.61)
ɶ ɶ ɶ
em que
Na tabela seguinte apresenta-se uma síntese dos principais resultados obtidos em que se
salienta a utilização de equações diferenciais de 2ª ordem na formulação clássica e de equações
diferenciais de 1ª ordem na formulação de estado.
111
Tabela 3.4 – Formulação clássica e formulação de estado, em coordenadas estruturais e modais.
Coordenadas estruturais
m ɺɺ
u + c uɺ + k u = s f xɺ - A x = BmS f
ɶ ɶ ɶ ɶ ɶ (mck) ɶ ɶ
u = u(t) u(t)
ɶ ɶ x =ɶ
ɶ v(t)
ɶ
Coordenadas modais
u* + c* uɺ* +k* u* = Lf
m* ɺɺ ɺ - A* x* = L E f
x*
ɶ ɶ ɶ ɶ ɶ ɶ
(mck) ɶ
m* = ΦT mΦ = I λE
A* = Φ -1E A Φ E = λE
k* = ΦT k Φ (mck) (mck)
c* = Φ T c Φ (diagonal se c = α m +β k)
L = ΦT S LE=ΦE-1 BmS
u = Φ u* x = ΦE x*
ɶ ɶ ɶ ɶ
Neste ponto mostra-se que a anterior formulação de estado em coordenadas modais, que
envolve a inversa da matriz modal de estado Φ E (nota: Φ −E1 corresponde à transposta da
conjugada de Φ E ) pode ser modificada no sentido de não envolver directamente a inversa de
ΦE .
De facto, pode-se considerar uma outra forma da equação de estado, equivalente à anterior,
baseada na utilização de duas matrizes de estado (ou duas “sub-matrizes” de estado). A partir da
equivalência seguinte, facilmente verificável,
c uɺ + m vɺ + k u = s f
u + c uɺ + k u = s f
m ɺɺ ⇔ ɶ ɶ ɶ ɶ (2.62)
ɶ ɶ ɶ ɶ uɺ = v
ɶ ɶ
112
c m uɺ k 0 u s
m 0 vɺɶ + 0 − m vɶ = 0 f (t ) (2.63)
ɶ
ɶɺ ɶ (n I ×1)
A X X A B S0
ɶ ɶ
(2N GL ×1)
(mc) (mk)
(2N GL ×1) (2N GL × n I )
( 2N GL × 2N GL ) ( 2N GL × 2N GL )
A xɺ + A x = BS0f (2.64)
(mc) (mk) ɶ
em que
xɺ + A -1 A x = A -1 BmS f
ɶ
(mc) (mk) (mc)
− A B0S
(mck)
Com esta nova forma de apresentar a equação de estado, em termos das duas referidas sub-
matrizes de estado, A e A , a diagonalização obtém-se directamente com base na matriz de
(mc) (mk)
113
A+λ Aφ = 0 (2.65)
(mk) Ε (mc) ɶE ɶ
⋱
T
Φ A ΦE = aj = A* , j = 1,2, ... ,2N GL
E
(mc) (mc)
⋱
⋱
T
Φ A ΦE = bj = A* , j = 1,2, ... ,2N GL
E
(mk) (mk)
⋱
ɺ + A* -1 A* x* = Φ TE B S0 f
x* (2.67)
ɶ (mc)
ɶ
(mk) ɶ
LE
− A* = λ E
(mck)
⋱ ⋱ λ En
− A* -1 A* = − 1/a j
. b = ⋱
(mc) (mk) j
⋱ ⋱ λ En
com λ En = −ξ n ωn + i ωn 1 − ξ n2
114
Na tabela seguinte sintetizam-se os principais resultados atrás obtidos, referentes à
diagonalização das equações do movimento com as formulações clássica e de estado.
Tabela 3.5 – Estudo do comportamento dinâmico de sistemas estruturais com base em modelos espacialmente
discretos. Utilização de coordenadas modais para diagonalização.
Formulação clássica
(equações de 2ª ordem e matrizes N GL× N GL )
m ɺɺ
u + c uɺ + k u = s f , u = u(t)
ɶ ɶ ɶ ɶ ɶ ɶ
u = Φ u*
ɶ ɶ
[ k-λm] φ = 0 ( λ e φ reais )
ɶ ɶ ɶ
Matrizes diagonalizadas
m* = ΦT mΦ = I k* = ΦT k Φ c* = Φ T c Φ (diagonal se c = α m +β k)
Sistema diagonalizado
u* + c* uɺ* + k* u* = Φ
m* ɺɺ T
sf
ɶ ɶ ɶ L
ɶ
xɺ - A x = BmS f A xɺ + A x = BS0f
ɶ (mck) ɶ ɶ ɶ (mk) ɶ
(mc) ɶ
x = ΦE x* x = ΦE x*
ɶ ɶ ɶ ɶ
A - λ Ε I φΕ = 0 A+λ Aφ = 0
(mck) ɶ ɶ (mk) Ε (mc) ɶE ɶ
Matrizes diagonalizadas
Matrizes diagonalizadas
A* = Φ A Φ E = λE
-1
E A* = Φ TE A Φ E , [a j ] A* = Φ TE A Φ E , [b j ]
(mck) (mck)
(mc) (mc) (mk) (mk)
ɺ - A* x* = Φ-1E BmS f
x* A* x*ɺ + A* x* = ΦTE BS0 f
ɶ (mck) ɶ ɶ (mc) ɶ (mk) ɶ ɶ
LE LE
λ E = A* λ E = − A* -1 A*
(mck) (mc) (mk)
115
3.2.2.3 Resolução numérica das equações modais. Formulações recursivas
resta agora determinar uma fórmula computacionalmente eficiente que permita obter a solução
numérica de cada uma das anteriores equações modais considerando uma discretização do tempo
( 0 ≤ t ≤ t f ) em intervalos constantes de comprimento ∆t .
Admitindo a condição inicial x (0) = x0 , a solução de uma qualquer equação modal n é
* *
t
x (t) = x 0 e
* * λE t
+ ∫ e λE (t-τ ) f *( τ) dτ (2.69)
0
Para uma dada discretização temporal pode-se admitir que a força é constante em cada
intervalo de tempo ou que varia linearmente (ver Figura 3.13).
a) b)
Figura 3.13 – Discretização temporal de forças em cada intervalo: a) constante; b) varia linearmente.
116
∆f
ii) hipótese de força linear em cada intervalo ∆t : f(t') = fi + t' , 0 ≤ t ' ≤ ∆t
∆t
λ E ∆t
( ∆t-1) ( e λ ∆t − 1) − λ E
E
e λ E ∆t +( ∆t-1) *
x (t i +1) = e
*
x (t i ) +
*
f (t i ) +
*
f (t i+1 ) (2.71)
λ E ∆t λ E ∆t
Figura 3.14 – Malha de elementos finitos isoparamétricos de 20 nós do corpo da barragem do Cabril.
Após a assemblagem das matrizes globais de rigidez e massa, aplica-se directamente uma
função intrínseca do MatLab, que permite a determinação de valores e vectores próprios, que
para o caso deste modelo (considerando apenas a estrutura sem influência da albufeira),
obtiveram-se os modos de vibração e as frequências naturais que se apresentam na Figura 3.15.
117
Modo 1 – f1 = 3,06 Hz Modo 2 – f2 = 3,29 Hz
x 10
-8 Deslocamento estrutural segundo o G.L.1
6
2
u1(m)
-2
-4
-6
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
t (s)
Figura 3.16 – História de deslocamentos medida no ponto central da abóbada, devida a uma acção sísmica (definida
no regulamento português) aplicada na base do modelo (MEF_DIN3D).
Este programa inclui ainda um módulo gráfico, com animação, que permite visualizar, em
cada instante, os campos de deslocamentos e de tensões principais (nos pontos de Gauss), tal
como se mostra na Figura 3.17.
118
Figura 3.17 – Resposta sísmica de uma barragem abóbada – cálculo no domínio do tempo com o programa
MEF_DIN3D. Deformação da obra e distribuição das tensões principais (nos pontos de Gauss) em quatro instantes.
Por fim é ainda de referir que o programa MEFDIN_3D está ainda preparado para calcular
a resposta dinâmica pelo método dos espectros de resposta (em aceleração).
119
(a) (b)
Figura 3.18 – Tipo de elementos utilizados pelo Método dos Elementos Discretos: a) Malha de blocos (poliedros)
da barragem de Cahora-Bassa; b) Malha de elementos finitos, da barragem de Alqueva, com alguns elementos
discretizados em partículas (esferas).
rígidos
Método dos blocos
(poliedros)
deformáveis
ED-EF
Método dos Elementos
Discretos
EP
Método das partículas
(esferas)
EF-EP
120
No âmbito deste trabalho, o Método dos Elementos Discretos é utilizado, recorrendo ao
programa comercial 3DEC (Itasca, 2003), no qual se exploram as potencialidades do método,
relacionadas com a simulação do comportamento de superfícies de descontinuidade, em que o
principal objectivo é estudar o efeito das juntas de contracção em barragens abóbada e a interface
entre materiais ao nível da ligação betão-rocha na fundação das barragens.
Assim, apresentam-se nesta secção alguns aspectos gerais sobre: i) os princípios de base;
ii) a formulação geral; iii) o algoritmo de integração, baseado na relaxação dinâmica; iv) os
parâmetros a considerar e; v) a análise não linear, aplicação de métodos de identificação modal.
121
possibilitando assim, a representação de interacções não-lineares entre um grande número de
blocos.
Velocidades e
Novas tensões e forças
deslocamentos novos
Figura 3.20 – Ciclo de cálculo nos algoritmos explícitos [adaptado de (Lemos, 1999)].
Resta referir que é possível resolver o problema de forma implícita sendo para isso
necessário proceder à assemblagem da matriz de rigidez, à semelhança do que acontece para o
caso do método dos elementos finitos. Nestas circunstâncias pode-se correlacionar directamente
as deformações em todos os graus de liberdade do modelo.
Relaxação dinâmica
u + α m uɺ = f c + f a + f e
m ɺɺ (2.72)
ɶ ɶ ɶ ɶ ɶ
fe = ∫B
T
σ dV (2.73)
ɶ Ve
ɶ
122
em que B é a matriz das derivadas das funções de interpolação (matriz que permite transformar
deslocamentos nodais em deformações) e σ representa as componentes de tensão, como se
ɶ
referiu anteriormente.
Parâmetros a considerar
Um dos aspectos fundamentais deste método está associado à interacção mecânica devida
aos contactos, a qual depende das forças de contacto e dos deslocamentos relativos entre blocos.
Sendo usual definir uma área nominal para os pontos de contacto confirmados, que para ligações
face a face esta área é distribuída por sub-contactos. Assim, é necessário caracterizar
convenientemente o comportamento dos vários tipos de contactos tendo em conta as
propriedades dos materiais envolvidos.
É usual recorrer à utilização dos conceitos de rigidez na direcção normal ao contacto e na
direcção tangencial (ou de corte), kn e kt, dando origem respectivamente às forças de contacto fn
e ft, na direcção normal e tangencial, as quais dependem também da área de contacto Ac , de
acordo com as seguintes expressões
fn = Ac kn
(2.74)
ft = Ac kt
σn = k n u n
(2.75)
σt = k t u t
123
3.2.4.2 Análise não linear. Aplicação de métodos de identificação modal
A utilização do MED, no âmbito deste trabalho, tem como objectivo estudar a influência
da consideração das juntas de contracção verticais sobre os principais parâmetros que
caracterizam o comportamento dinâmico de barragens abóbada (nomeadamente frequências
naturais e modos de vibração), tendo-se para isso recorrido ao programa 3DEC (Itasca, 2003),
que se baseia no método dos blocos.
O programa 3DEC permite a obtenção de histórias de acelerações em cálculos dinâmicos.
Para situações em que as juntas de contracção se encontram parcialmente abertas é possível
aplicar cargas de pequena duração em vários pontos do modelo para o excitar convenientemente
e assim obter a resposta dinâmica em termos das histórias de acelerações, a partir das quais se
avaliam os referidos parâmetros dinâmicos utilizando as metodologias de identificação modal
que se apresentam na secção seguinte.
Esta metodologia de análise dos resultados numéricos consiste na simulação numérica não-
linear de um ensaio de vibrações (modelo de elementos discretos), cujos resultados em termos de
histórias no tempo, após análise com base nas técnicas de identificação modal, permitem avaliar
as principais características modais do modelo numérico desenvolvido para simular o
comportamento dinâmico não-linear da obra. Assim, nesta perspectiva numérica, as técnicas de
identificação modal que se aplicam usualmente às histórias de acelerações obtidas
experimentalmente, são aplicadas às histórias de acelerações calculadas com base em modelos
numéricos não lineares de elementos discretos (MED).
124
sensores – esta possibilidade deve-se ao facto, bem conhecido da modelação numérica, de que as
principais características modais de uma estrutura podem ser, em geral, bem captadas com
diferentes discretizações espaciais, desde que envolvam um dado número mínimo de pontos
devidamente distribuídos pelo corpo da estrutura.
Assim, na utilização de uma qualquer técnica de identificação modal o que importa, na
prática, é a escolha de um número adequado de sensores (nO) para efectuar a observação do
comportamento dinâmico da obra, os quais devem ser criteriosamente distribuídos pelo corpo da
obra de forma a possibilitar uma adequada identificação das configurações dos principais modos
de vibração e correspondentes frequências e amortecimentos (modais). A escolha dos vários
graus de liberdade a observar – posição e orientação dos vários sensores – deve ser definida com
base no prévio conhecimento, aproximado, dos principais modos de vibração da estrutura, o que
se consegue elaborando à partida um modelo numérico da obra (MEF, MED, MEF-MED) que
permita obter preliminarmente alguma informação sobre as suas principais características
dinâmicas (nomeadamente configurações modais e respectivas frequências naturais de vibração).
Nos estudos de caracterização do comportamento dinâmico de barragens de betão podem
ser utilizados:
i) métodos de identificação modal determinísticos baseados na medição da resposta sob
a actuação de forças com variação harmónica ao longo do tempo, (bem conhecida)
utilizando geralmente vibradores rotativos com massa excêntrica (Gomes, et al., 1994;
Cantieni, 2001) (métodos de sintonização, ou “tunning methods”, nos quais a
frequência de rotação do vibrador se faz variar por forma a obter uma boa sintonização
– ressonância - das principais frequências naturais da obra); e
ii) métodos identificação modal estocásticos baseados apenas na medição da resposta da
obra (“output-only”) sob a excitação que ocorre usualmente em obra (desconhecida),
ou seja, excitação resultante das acções ambientais (vento, p. ex.), e operacionais
(vibrações associadas ao funcionamento dos órgãos de exploração e segurança -
grupos de produção de energia e descarregadores).
Ao nível de ensaios dinâmicos de barragens em modelo físico (Pereira, et al., 1973;
Severn, 2007) é de referir que os métodos de identificação modal podem também ser de grande
utilidade: neste caso, para além dos modelos de identificação baseados nos tipos de excitação já
referidos, é ainda possível utilizar modelos de identificação modal determinísticos apoiados em
técnicas de excitação impulsiva (nos modelos físicos, ao contrário do que acontece nas obras
reais, é fácil aplicar forças impulsivas (Juang, et al., 1985; Juang, et al., 2001), bem controladas,
com intensidade suficiente para excitar de forma significativa os modelos) e modelos apoiados
em técnicas de excitação baseadas no recurso a mesas sísmicas (mais dispendiosas), em que se
tem um conhecimento detalhado da vibração aplicada na base dos modelos.
Os métodos de identificação modal em que a excitação não é conhecida, usualmente
designados por métodos de identificação modal estocásticos têm sido utilizados em engenharia
civil para caracterizar o comportamento dinâmico de grandes obras (Browjohn, et al., 1989;
125
Cantieni, et al., 1995; Brincker, et al., 1996; Ventura, et al., 2000; De Roeck, et al., 2000;
Peeters, 2000; Costa, et al., 2001; Cunha, et al., 2004; Rodrigues, 2004), com base em resultados
de ensaios de vibração em que não há controlo sobre as forças de excitação nem é possível
conhecê-las (ou medi-las), o que leva a que o processo referente à identificação modal assente na
hipótese de que as forças de excitação sejam consideradas como um processo estocástico
gaussiano de tipo ruído branco com média nula, advindo precisamente desta hipótese a
designação de identificação modal estocástica (ver Figura 3.21).
Figura 3.21 – Esquema que ilustra o conceito base da identificação modal estocástica.
126
importância da utilização integrada de resultados de modelos numéricos e resultados
experimentais analisados com base em diversas metodologias de identificação modal.
Exemplo: As barragens de betão são estruturas constituídas por blocos verticais contínuos, separados por juntas de
contracção, cujo comportamento global é influenciado de forma determinante pela interacção com a albufeira.
Com o objectivo de estudar o problema da interacção dinâmica estrutura-água foi construído um modelo físico de
uma parede de contenção de água, em consola, incorporada num reservatório (ver Figura 3.22). Este exemplo será
utilizado, ao longo deste capítulo, para apresentar os conceitos fundamentais dos diversos métodos de identificação
modal, que foram implementados computacionalmente no âmbito deste trabalho.
O modelo físico da parede em consola que se apresenta na Figura 3.22, tem 1m de altura, uma largura de
0,50 m e 8,5 cm de espessura, com uma base, também em betão, com uma espessura de 25 cm.
a) b)
Figura 3.22 – Vista do tanque utilizado para estudar o comportamento dinâmico de uma parede de contenção de
água, em consola, para diferentes cotas de água (construído no Labest – ISEL).
O comportamento dinâmico do modelo físico da parede em consola foi previamente estudado com base
num modelo numérico 2D de elementos finitos de placa (posteriormente será utilizado um modelo tridimensional
que permite estudar os modos de torção da parede), analisado com programa MEF_DIN3D, recorrendo a
elementos finitos isoparamétricos do 2º grau com 8 nós por elemento (ver Figura 3.27 a). O valor do módulo de
Elasticidade considerado foi obtido a partir de ensaios de ultra-sons em provetes de betão retirados durante a
construção do modelo físico (ver Figura 3.27 b), utilizando a fórmula da elastodinâmica
(1 + ν )(1 − 2ν )
E=v ρ v − velocidade de propagação da onda de ultra-sons
2
,
(1 −ν )
em que v representa a velocidade medida das ondas de pressão no betão (v ≈ 3800 m/s), ρ = 2,45 ton/m3 é a massa
específica do betão e ν = 0,2 é o coeficiente de Poisson. A partir destes valores foi estimado um valor médio de
E ≈ 32,5 GPa. O efeito hidrodinâmico da água foi considerado recorrendo a duas hipóteses: i) consideração de
massas de água associadas, de acordo com a formulação proposta por (Westergaard, 1933), e; ii) considerando
elementos finitos de água, formulados em deslocamentos, nos quais se admite o módulo de compressibilidade
volumétrica, Kv, e o módulo de distorção G.
127
E=32.5 GPa
Eeq=70GPa
a) b)
Figura 3.23 – a) Malha plana de elementos finitos; b) ensaio de ultra-sons em provete de betão para determinar
experimentalmente o módulo de elasticidade do betão (módulo de elasticidade dinâmico).
Com base nos pressupostos apresentados avaliou-se preliminarmente os valores das frequências naturais e
as respectivas configurações modais, apresentando-se na Figura 3.24 as primeiras 4.
Figura 3.24 – Primeiros modos de vibração obtidos com o modelo de elementos finitos.
Na Figura 3.25, mostra-se a disposição dos acelerómetros que foi adoptada, de maneira a possibilitar a
identificação das configurações dos modos apresentados na Figura 3.24, contudo, colocaram-se mais dois
acelerómetros no topo da parede em consola para avaliar os modos de torção. A consideração de um ponto de
medida na base ficou-se a dever à necessidade de avaliar a importância de movimentos de base do modelo, que se
verificaram experimentalmente, os quais foram discutidos em (Mendes, et al., 2007; Mendes, et al., 2008).
Foram realizados vários ensaios de vibrações, para diversas cotas de água no reservatório. Nestes ensaios
utilizou-se um sistema de aquisição da OROS, com 8 canais de medida, aos quais se ligaram 8 acelerómetros
piezoeléctricos da PCB, como se mostra na Figura 3.25 b).
Em face dos valores das frequências naturais determinadas com o modelo de elementos finitos e tendo em
conta as características técnicas do equipamento de aquisição utilizado, utilizou-se uma frequência de amostragem
de 2048 Hz, que permite a identificação de frequências até 1024 Hz, tendo sido adquiridas séries temporais de
aceleração com uma duração de 5 minutos.
128
u1 (t)
u2 (t)
u3 (t)
u4 (t)
u5 (t)
u6 (t)
a) b)
Figura 3.25 – a) Esquema representativo dos graus de liberdade de interesse para a caracterização experimental
plana do modelo físico; b) acelerómetros colocados no modelo.
Importa ainda salientar que em face da fraca relação sinal-ruído (o modelo encontra-se numa 2ª cave onde a
excitação de origem natural é fraca), optou-se por aplicar aleatoriamente, pancadas com um martelo de impacto,
em diversos locais da parede, durante a realização dos ensaios.
129
3.3.1 Métodos de identificação modal no domínio da frequência
Domínio da frequência w
∆w = 2 π
11∆w Onda 11
T
10∆w Onda 10
wn = n. 2 π = n. ∆ w
9∆w Onda 9
T 8∆w Onda 8
7∆w
Onda 7
a n = a(wn )
6∆w Onda 6
an , bn 5∆w Onda 5
bn= b(wn) 4 ∆w Onda 4
3∆w Onda 3
2∆w Onda 2 Onda n = an cos(wn .t) + bn sen(wn .t)
∆w Onda 1
f(t)
te
0 Onda 0 =c
Figura 3.26 – Decomposição de uma série temporal, de comprimento T (p. ex., série observada num sensor
colocado numa obra sob excitação ambiental), em ondas sinusoidais (Oliveira, 2007). O comprimento T do registo
determina o espaçamento em frequência ∆ω das várias ondas constituintes da série temporal (para se aumentar a
precisão em frequência é necessário aumentar o comprimento T das séries temporais).
Esta técnica, também conhecida por análise espectral das histórias observadas, quando
aplicada a vários registos medidos sincronizadamente em vários pontos de uma estrutura,
permite inclusivamente determinar de forma directa e simples as configurações dos principais
modos de vibração, como se ilustra esquematicamente na Figura 3.27 (fundamentos da
identificação modal no domínio da frequência).
27
O posicionamento do ponto para obter a referida história de acelerações deve ser devidamente escolhido de forma
a reflectir bem os movimentos de vibração da estrutura – numa barragem, p. ex., não convém, obviamente, escolher
um ponto junto à superfície de inserção mas sim na zona superior central da obra.
130
a)
ONDAS DE FREQUÊNCIA 4,017 Hz 1ºModo
0.15
0,135
0.1
Piso Superior
0.05 Piso Intermédio 0.087
Amplitude
Piso Inferior
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 t (s) 0.038
-0.05
-0.1
-0.15
0.10
Piso Superior
0.05 Piso Intermédio
Amplitude
0.127
Piso Inferior
0.00
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 t (s)
-0.05 0.132
-0.10
-0.15
0.1
Piso Superior
0.05 Piso Intermédio
Amplitude
0,097
Piso Inferior
0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 t (s) 0.122
-0.05
-0.1
-0.15
b)
Figura 3.27 – Modelo físico da estrutura de um edifício de 3 pisos: a) Representação esquemática da decomposição
em ondas dos acelerogramas no modelo físico de um edifício de 3 pisos (Oliveira, 2007; Mendes, et al., 2008). Em
cada ponto identificam-se três ondas principais cujas frequências correspondem às frequências naturais de vibração
da estrutura; b) Análise comparativa das principais ondas identificadas nos pontos observados, para cada uma das
três frequências identificadas.
131
É de salientar que, para obter estas funções é necessário ter em conta diversas noções de
processamento digital e análise espectral de sinais, as quais são amplamente abordadas em
(Bendat, et al., 1993; Bendat, et al., 2000), salientando-se ainda duas referências escritas em
português (Carvalhal, et al., 1989; Caetano, 1992), que abordam esta temática. Resta salientar
que a obtenção destas funções de obtém a partir da utilização das Transformadas Discretas de
Fourier (DFT), cuja implementação computacional é efectuada graças ao algoritmo da
transformada rápida de Fourrier (FFT – Fast Fourrier Transform) desenvolvido por (Cooley, et
al., 1965).
Usualmente, estas funções são dispostas numa matriz, a designada matriz das funções de
densidade espectral de potência da resposta, a qual contém na sua diagonal principal os
designados auto-espectros da resposta medida nos vários graus de liberdade instrumentados,
enquanto nos elementos fora da diagonal principal, encontram-se os designados espectros
cruzados, que relacionam a resposta medida entre os diferentes graus de liberdade
instrumentados.
A partir da matriz das funções de densidade espectral de potência da resposta
desenvolvem-se os mais relevantes métodos no domínio da frequência:
i) o método básico no domínio da frequência (BFD – Basic Frequency Domain),
também conhecido por método da selecção dos picos (PP – Peak Picking), que se
baseia na obtenção de um espectro médio a partir dos auto-espectros, cuja
sistematização foi proposta por (Felber, 1993), na qual os modos de vibração são
obtidos relacionando os vários elementos que compõem uma coluna da matriz das
densidades espectrais de potência da resposta, enquanto a obtenção de amortecimentos
modais é obtida analisando a largura dos picos, através da aplicação do método da
meia potência;
ii) o método de decomposição no domínio da frequência (FDD – Frequency Domain
Decomposition) cuja designação advém do trabalho de (Brincker, et al., 2000) e que se
baseia na decomposição em valores singulares da matriz das densidades espectrais de
potência da resposta, também é conhecido pela sigla CMIF – Complex Mode
Identification Function, nomeadamente no trabalho desenvolvido por (Peeters, 2000).
Neste método, o 1º valor singular fornece um espectro idêntico ao espectro médio
obtido com o método anterior, com a vantagem de apresentar melhores resultados
quando existem modos de vibração com frequências naturais próximas, relativamente
às configurações modais são obtidas a partir do 1º vector singular;
iii) a versão melhorada do método de decomposição no domínio da frequência (EFDD)
apresentada em (Brincker, et al., 2001) permite também a obtenção de estimativas de
amortecimentos modais;
iv) o designado método p-LSCF (poly-Least Squares Complex Frequency), que
inicialmente foi desenvolvido para identificar os parâmetros modais a partir da matriz
das FRFs, e que agora se aplica também a metade da matriz DEP da resposta é
132
apresentado em (Peeters, et al., 2005), sendo-lhe nesta publicação atribuída a
designação comercial de PoliMAX. É de salientar que a fama que este método tem
adquirido, advém do facto de se encontrar implementado no programa TestLab (LMS,
2008).
Figura 3.28 – Esquema exemplificativo da relação entre as séries temporais observadas a matriz das funções de
densidade espectral e a matriz das funções de correlação.
133
medições efectuadas nas diferentes fases sejam relacionáveis, pelo que, alguns graus de
liberdade têm de ser medidos em todas as fases, designando-se por graus de liberdade de
referência.
Atendendo aos conceitos associados às funções de densidade espectral de potência,
nomeadamente aos de auto-espectro e de espectro cruzado (Bendat, et al., 2000), e considerando
a sua aplicação a séries temporais observadas u m ( t ) e u n ( t ) , então, pode-se organizar a
matriz das funções de densidade espectral de potência da resposta, utilizando a seguinte
expressão geral
X*i ( ωm ) X j ( ωm )
Sij ( ωm ) = , i, j = 1, 2,…, NPI e m = 0,1, 2,…, N -1 (2.76)
T
Tendo em conta que, as séries temporais observadas têm uma duração finita e que apenas
se medem os seus valores em instantes temporais afastados de ∆t , pois o sinal adquirido
encontra-se discretizado, então apenas é possível obter estimativas dos espectros, as quais são
obtidas com base no produto do conjugado da transformada discreta de Fourier Xi ( ωm ) , no grau
*
1nd Xi ( ωm ) X j ( ωm )
*
Sɶ ij ( ωm ) = ∑ N-1
, i, j = 1, 2,…, NPI e m = 0,1, 2,…, N -1 (2.77)
n d k=1
Td ∑ w k
2
k=0
k
28
Para para séries temporais provenientes de ensaios de vibração ambiental é usual aplicar janelas de dados de
Hanning, para minimizar os efeitos dos erros por escorregamento.
134
Segundo alguns autores, a utilização de janelas de dados de Hanning associadas a uma
sobreposição de segmentos de 2/3, é a que optimiza o aproveitamento da informação contida nas
séries temporais (Bendat, et al., 2000; Rodrigues, 2004), no entanto, também é muito comum
utilizar-se uma sobreposição de 1/2. Este procedimento utilizado para estimar as funções de
densidade espectral com base em séries temporais divididas em segmentos, aplicação de uma
janela de dados a cada segmento, cálculo da FFT de cada segmento e posterior realização de
médias é conhecido como procedimento de (Welch, 1967). Em (Bendat, et al., 1993) e (Bendat,
et al., 2000) são descritos este e outros métodos utilizados para estimar as funções de densidade
espectral.
Finalmente resta referir que, tendo em conta as propriedades de simetria e anti-simetria das
funções de densidade espectral e uma vez que é mais cómodo trabalhar apenas com frequências
positivas (Caetano, 1992), é usual representar só a parte positiva das estimativas das funções de
densidade espectral, à qual está normalmente associada a letra G, “one-sided spectral density
functions”, (Bendat, et al., 2000).
Exemplo: Retomando o exemplo do modelo físico da parede em consola, avaliaram-se as estimativas das funções
de densidade espectral de potência da resposta em aceleração. Na Figura 3.29 apresentam-se as estimativas das
funções DEP, amplitude e fase (representada entre 0 e 180º) no mesmo gráfico, correspondentes aos 5 primeiros
canais de medida, que são os preponderantes para a análise plana que se efectua.
10
180
Fase [º]
-5
10 90
-10
10 0
Gy [2,1] Gy [2,2] Gy [2,3] Gy [2,4] Gy [2,5]
0
DEP [(m/s2)2z]
10
180
Fase [º]
-5
10 90
-10
10 0
Gy [3,1] Gy [3,2] Gy [3,3] Gy [3,4] Gy [3,5]
DEP [(m/s2)2/z]
0
10
180
Fase [º]
-5
10 90
-10
10 0
Gy [4,1] Gy [4,2] Gy [4,3] Gy [4,4] Gy [4,5]
DEP [(m/s2)2z]
0
10
180
Fase [º]
-5
10 90
-10
10 0
Gy [5,1] Gy [5,2] Gy [5,3] Gy [5,4] Gy [5,5]
0
DEP [(m/s2)2/z]
10
180
Fase [º]
-5
10 90
-10
10 0
0 500 1000 0 500 1000 0 500 1000 0 500 1000 0 500 1000
f [Hz] f [Hz] f [Hz] f [Hz] f [Hz]
Figura 3.29 – Estimativa das funções de densidade espectral de potência da resposta em aceleração da parede em
consola. Matriz completa considerando as amplitudes e as fases.
135
3.3.1.2 Método básico no domínio da frequência
Fundamentos do BFD
Em termos gerais, a aplicação do BFD baseia-se na hipótese das acções ambientais serem
consideradas como um processo estocástico gaussiano de ruído branco com média nula. Nestas
condições, as funções de densidade espectral da resposta apresentam uma concentração
energética, que se manifesta sob a forma de picos, nas suas frequências naturais de vibração.
Para estruturas que apresentem modos de vibração com frequências bem separadas, a sua
resposta é essencialmente condicionada pela contribuição dos modos ressonantes. Esta hipótese
está na base dos designados métodos de 1 GL, pelo que, assumindo a sua validade, é possível
simular o comportamento dinâmico de uma estrutura na vizinhança das suas frequências de
ressonância através de osciladores de 1 GL, com base na frequência ωm e no coeficiente de
amortecimento modal ξm do modo ressonante.
Assim, as frequências naturais ωm correspondem às frequências associadas aos picos das
funções de densidade espectral, enquanto os coeficientes de amortecimento ξm reflectem-se na
largura dos picos de ressonância das mesmas funções de densidade espectral. Já as configurações
de cada modo φm , dependem da relação entre as funções de densidade espectral, tendo por
referência um determinado grau de liberdade.
136
Identificação de frequências naturais. Espectro normalizado médio
Sɶ ii ( ω m )
NPSD i ( ω m ) = NF
(2.78)
∑ Sɶ ( ω )
m=ii
ii m
no
1
ANPSD ( ω m ) = ∑ NPSD ( ω ) i m
(2.79)
no i=1
137
Exemplo: Na Figura 3.30 apresenta-se o espectro normalizado médio, onde são identificadas as três primeiras
frequências naturais da parede em consola.
0
10
49 281
Densidade Espectral de Potência
-2
10
751
-4
10
[(m/s2)/Hz]
-6
10
-8
10
-10
10
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
f [Hz]
Figura 3.30 – Espectro normalizado médio obtido para o modelo físico da parede em consola.
Funções de coerência
ɶ (ω ) 2
S
γ ij2 ( ω m ) =
ij m
(2.80)
ɶS ( ω ) Sɶ ( ω )
ii m jj m
138
Exemplo: Na Figura 3.31, apresentam-se as estimativas das funções de coerência, na forma de uma matriz à
semelhança do que se passa com as funções DEP. Facilmente se verifica que nas zonas onde se identificaram as
frequências naturais estas funções assumem valores próximos da unidade.
2 2 2 2 2
γ [1,1] γ[1,2] γ[1,3] γ[1,4] γ [1,5]
Coerência
0.5
0 2
γ [2,1]
2
γ[2,2]
2
γ[2,3]
2
γ[2,4]
2
γ [2,5]
1
Coerência
0.5
0 2 2 2 2 2
γ [3,1] γ[3,2] γ[3,3] γ[3,4] γ [3,5]
1
Coerência
0.5
0 2 2 2 2 2
γ [4,1] γ[4,2] γ[4,3] γ[4,4] γ [4,5]
1
Coerência
0.5
0 2 2 2 2 2
γ [5,1] γ[5,2] γ[5,3] γ[5,4] γ [5,5]
1
Coerência
0.5
0
0 500 1000 0 500 1000 0 500 1000 0 500 1000 0 500 1000
f [Hz] f [Hz] f [Hz] f [Hz] f [Hz]
Figura 3.31 – Estimativa das funções de coerência, obtidas para o modelo físico da parede em consola.
139
Identificação das configurações modais
Para avaliar a forma dos modos de vibração, considera-se um dos pontos instrumentados
como referência, todavia a escolha deste ponto deverá ser cuidada, para evitar escolher um ponto
que esteja posicionado num nodo da forma dos modos de vibração, em seguida divide-se todos
os elementos de uma coluna da matriz das funções de densidade espectral de potência da
resposta, pelo elemento considerado como referência, para todo o intervalo [0, fN]. À função que
se obtém é atribuída a designação de função de transferência Tj,ref, ou FRF de transmissibilidade,
entre um qualquer ponto j da coluna escolhida e o ponto de referência ref, sendo dada pela
seguinte expressão
Sɶ j,ref ( ω m )
Tj,ref = (2.81)
Sɶ ref,ref ( ω m )
Como as formas dos modos de vibração, resultam da relação entre as respostas observadas
em diferentes graus de liberdade das estruturas, então é usual designar estes modos, como modos
de vibração operacionais, pois não resultam do ajuste de um modelo matemático representativo
do comportamento dinâmico da estrutura. Pelo que, os modos de vibração obtidos, não
coincidem exactamente com os modos de vibração teóricos, eles representam a configuração que
a estrutura assume quando excitada por um harmónico puro. Quando existem modos de vibração
com frequências naturais próximas, os modos de deformação operacionais, identificados na
vizinhança dessas frequências, são uma combinação dos modos de vibração respectivos.
É de salientar que, uma vez que os espectros cruzados são funções complexas, então do
quociente entre um qualquer elemento de uma qualquer coluna e os restantes elementos,
resultarão igualmente funções complexas. Para uma dada frequência, a amplitude corresponde à
amplitude do modo de vibração, enquanto a fase ou é 0º ou 180º, caso sejam expectáveis apenas
modos reais. A fase indica o sentido a dar às amplitudes na avaliação das configurações modais,
isto é quando a fase é 0º significa que a amplitude tem sentido igual ao da referência, por
contraposição quando a fase é 180º a amplitude tem sentido oposto ao da referência (encontra-se
fora de fase).
140
Exemplo: Na Figura 3.32 apresentam-se as estimativas das funções de transferência, ou FRF de transmissibilidade,
com base nas quais se avaliaram as configurações modais associadas às frequências naturais identificadas no
espectro normalizado médio apresentado na Figura 3.30.
Fase [º]
180
3 90
Fase [º]
180
3 90
0 0
T[1,3] T[2,3] T[3,3] T[4,3] T[5,3]
6
Amplitude
180
Fase [º]
3 90
0 0
T[1,4] T[2,4] T[3,4] T[4,4] T[5,4]
6
Amplitude
180
Fase [º]
3 90
0 0
T[1,5] T[2,5] T[3,5] T[4,5] T[5,5]
6 180
Amplitude
Fase [º]
3 90
0 0
0 500 1000 0 500 1000 0 500 1000 0 500 1000 0 500 1000
f [Hz] f [Hz] f [Hz] f [Hz] f [Hz]
Figura 3.32 – Estimativa das funções de transferência, obtidas para o modelo físico da parede em consola.
Na Figura 3.33, apresentam-se a matriz modal (escalada para uma representação em relação às coordenas
reais) e as respectivas configurações modais obtidas com base naquela matriz.
0 0 0
141
Estimativas dos coeficientes de amortecimentos modais
ω2 − ω1 ω2 − ω1 f 2 − f1
ξn = = → ξn = (2.82)
ω2 + ω1 2 ωn 2 fn
Exemplo: Na Figura 3.34, apresentam-se as estimativas dos coeficientes de amortecimento avaliadas com base no
método da meia potência.
-1 -1 -1
10 10 10
Gy máx Gy máx
-2 -2 -2
10 1/2 Gy máx 10 1/2 Gy máx 10
ξ=2% ξ = 0.95 %
-3 -3 -3 Gy máx
10 10 10
1/2 Gy máx
ξ = 0.75 %
-4 -4 -4
10 10 10
f 1 = 47.98 Hz f2 = 49.977 Hz f1 = 278.17 Hz f2 = 283.53 Hz f 1 = 745.1 Hz f2 = 756.4 Hz
20 30 40 50 60 70 260 270 280 290 300 310 730 740 750 760 770 780
f [Hz] f [Hz] f [Hz]
Figura 3.34 – Coeficientes de amortecimento modais estimados com o método da meia potência.
142
3.3.1.3 Método de decomposição no domínio da frequência
A obtenção de bons resultados utilizando este método depende das seguintes hipóteses: i) a
excitação deverá ter as características de um ruído branco; ii) o amortecimento da estrutura
deverá ser baixo, e; iii) os modos de vibração com frequências próximas deverão ser ortogonais.
Caso não se verifiquem estas hipóteses, obtêm-se resultados aproximados, mas mesmo assim,
143
ainda melhores que os obtidos com o método BFD. Assim, o método baseia-se nas seguintes
etapas:
i) avaliação das funções DEP da resposta;
ii) aplicação do algoritmo da decomposição em valores singulares SVD29 à matriz das
DEP da resposta, decompondo-a num conjunto de funções de densidade espectral
de 1 grau de liberdade, correspondendo cada uma a um sistema de um grau de
liberdade, com as mesmas frequências e os mesmos coeficientes de amortecimento
dos modos de vibração da estrutura;
iii) análise dos espectros de valores singulares para selecção dos picos de ressonância
correspondentes aos modos de vibração;
iv) avaliação das configurações modais segundo os graus de liberdade observados,
através dos vectores singulares
Importa referir que a estimativa das DEP avaliada em qualquer frequência discreta ωm, é
decomposta aplicando SVD à matriz
G ( ωm ) = Um Sm UHm (2.83)
29
O algoritmo da decomposição em valores singulares (SVD – Singular Value Decomposition) é uma ferramenta
matemática, que em termos gerais pode ser entendida como uma extensão da decomposição em valores e vectores
próprios, em que uma dada matriz pode ser decomposta no produto de outras três
S 0
→ A=USV
T T
A=UΣV , Σ=
0 0
Neste caso concreto, o algoritmo diagonaliza a matriz das densidades espectrais de potência da resposta em
aceleração, decompondo-a em contribuições modais que, em cada frequência, influenciam significativamente a
resposta duma estrutura.
A matriz S é uma matriz quadrada diagonal, que contém os designados por valores singulares de A por
ordem decrescente. Enquanto as matrizes U e V são matrizes unitárias que contêm os vectores singulares à
esquerda e à direita respectivamente.
Quando a matriz A é real e simétrica ou complexa e hermitiana, os valores singulares coincidem com os
valores próprios e as matrizes U e V , que passam a ser coincidentes, contêm os vectores próprios. Assim, o
problema de determinação de valores e vectores próprios pode ser entendido como um caso particular de aplicação
desta técnica mais genérica, que pode ser aplicada a matrizes rectangulares.
A descrição desta ferramenta matemática e algumas das suas aplicações são descritas num anexo do livro
(Juang, 1994), podendo-se encontrar uma descrição mais detalhada em (Klema, et al., 1980).
144
próximas, então a SVD da matriz das funções de densidade espectral, na vizinhança dessas
frequências, apresenta tantos valores singulares como valores significativos (picos), quantos os
modos nessa situação, permitindo assim o seu reconhecimento.
A matriz Um, contém na 1ª coluna para cada valor de frequência a configuração do modo
dominante, as configurações dos restantes modos, se forem mutuamente ortogonais e ortogonais
em relação ao primeiro, aparecem nas restantes colunas desta matriz. Caso existam modos com
frequências próximas, então a configuração do modo dominante é avaliada através da 1ª coluna
da matriz Um, em correspondência com as respectivas frequências de ressonância. As outras
configurações modais serão avaliadas com base nas colunas (vectores singulares),
correspondentes aos valores singulares que apresentem picos, em correspondência com a abcissa
em que o valor singular apresenta o seu máximo local.
Exemplo: A partir da matriz das funções de densidade espectral de potência da resposta em aceleração, estimaram-
se os espectros de valores singulares, aplicando o algoritmo SVD, os quais se apresentam na Figura 3.35. É de
salientar que apenas os três primeiros valores singulares contribuem para a definição dos osciladores de 1 GL, uma
vez que apenas se identificam 3 frequências naturais.
0
10
49 281
-2
Densidade Espectral de Potência
10 751
-4
10
[(m/s2)/Hz]
-6
10
-8
10 1º valor singular
2º valor singular
-10 3º valor singular
10
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
f [Hz]
Figura 3.35 – Espectro dos valores singulares da matriz das densidades espectrais de potência da resposta em
aceleração.
Analisando os resultados obtidos, verifica-se que os valores identificados nos três picos de ressonância do
1º valor singular coincidem com os previamente identificados no espectro normalizado médio apresentado na
Figura 3.30. Na Figura 3.33, apresentam-se a matriz modal (escalada para uma representação em relação às
coordenas reais) e as respectivas configurações modais obtidas com base naquela matriz.
145
1º modo - 49Hz 2º modo - 281Hz 3º modo - 751Hz
1 1 1
0 0 0
Figura 3.36 – (a) Matriz modal escalada; (b) Configurações modais avaliadas.
O coeficiente MAC é utilizado para efectuar a comparação entre vectores singulares, sendo
utilizado para estimar as funções de densidade espectral associadas a cada modo de vibração,
146
através da medição da correlação entre duas configurações modais analíticas e/ou experimentais
(Allemang, et al., 1982), através da seguinte expressão
2
φiT φj
MAC i, j = (2.84)
(φ
i
T
φi ) ( φjT φj )
em que φi e φj, são dois vectores coluna que contêm as configurações modais a comparar.
Uma vez definidas as funções de densidade espectral dos osciladores de 1 grau de liberdade,
estas são transpostas para o domínio do tempo através da inversa da transformada de Fourier
(utilizando o algoritmo da IFFT), obtendo-se assim as correspondentes funções de auto-
correlação, com base nas quais é possível obter estimativas dos coeficientes de amortecimento
modais e valores ajustados das estimativas das frequências naturais.
Os coeficientes de amortecimentos modais são avaliados com base no decremento
logarítmico δ que se obtém a partir dos máximos positivos e negativos das funções de auto-
correlação utilizando a seguinte sequência de expressões
2 r0 2πξ δ
δ= ln → δ = → ξ= (2.85)
k rk 1− ξ2 δ2 + 4× π 2
fa
fN = (2.86)
1− ξ2
Importa referir que, uma vez que as funções de auto-correlação são discretas, para se
avaliar de uma forma mais precisa os seus valores máximos (positivos ou negativos), por
consequência os correspondentes instantes de ocorrência e os instantes de passagem por zero, é
147
conveniente recorrer à utilização de funções de interpolação entre os valores discretos, em
(Brincker, et al., 2001) é proposta a utilização de uma interpolação quadrática.
Exemplo: Na Figura 3.37, apresenta-se a variação dos coeficientes MAC em frequência, com base nos quais se
definem as funções de densidade espectral, dos osciladores de 1 GL, que se apresentam na Figura 3.38.
1.05
0.95
0.9
0.85 MAC 1
MAC 2
MAC 3
0.8
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
f [Hz]
0
10
-2
10
Densidade Espectral de Potência
-4
10
[(m/s2)/Hz]
-6
10
-8
10
-10
10
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
f [Hz]
Figura 3.38 – Funções de densidade espectral de cada modo de vibração, obtidas com base no coeficiente MAC.
A partir das funções de densidade espectral referentes aos osciladores de 1 GL avaliam-se as respectivas
funções de auto-correlação, com base nas quais se estimam valores para os coeficientes de amortecimento modais,
com base no logaritmo dos máximos locais obtidos para aquelas funções. Ainda com base naquelas funções
estimam-se valores ajustados para as frequências naturais, tendo em conta os instantes de passagem por zero
(determinação dos períodos naturais amortecidos).
Nas Figura 3.39, Figura 3.40 e Figura 3.41, apresentam-se os resultados estimados para os três modos de
vibração da parede em consola.
148
correlação normaliz.
ln[máx.(+ e -)]
Índice
t (s)
t (s)
149
correlação normaliz.
ln[máx.(+ e -)]
Índice
t (s)
Tabela 3.7 – Comparação dos valores de amortecimento modal obtidos pela aplicação dos métodos BFD e EFDD.
Coeficientes de amortecimento modais [%]
Modo BFD EFDD
1º 2.00 0.72
2º 0.95 0.46
3º 0.75 0.84
150
1º modo - 49.6Hz 2º modo - 282.1Hz 3º modo - 746.4Hz
1 1 1
0 0 0
Figura 3.42 – (a) Matriz modal escalada; (b) Configurações modais avaliadas com base na 1ª coluna das Funções de
Transferência.
151
dos modelos de identificação modal estocásticos, desenvolvidos a partir das funções de
correlação (métodos de duas fases) obtidas a partir da resposta das estruturas a excitação do tipo
ruído branco. Finalmente faz-se uma breve introdução aos modelos estocásticos desenvolvidos a
partir das séries temporais (métodos de uma fase).
muɺɺ + cuɺ + k u = s f
ɶ ɶ ɶ ɶ
(2.87)
y = Ca ɺɺ
u + Cv uɺ + Cd u
ɶ ɶ ɶ
ɶ
em que
152
A representação de estado do anterior sistema, base da identificação modal de estruturas,
assume a forma genérica seguinte em que a dimensão da matriz de estado passa a ser
genericamente designada por n × n (existindo uma discretização em EF com NGL graus de
liberdade, será n = 2NGL ), representando por n o número de elementos do vector de estado x
ɶ
uɺ 0 I u 0
vɶɺ = − m -1k − m -1 c vɶ + -1 fɶ
m s
ɶ ɶ
(n × n )
(2.88)
uɺ u
y = [ 0 Ca ] ɶ + [Cd Cv ] ɶ
ɶ vɺ v
(n O × n) ɶ (n O × n) ɶ
ou, escrevendo a segunda equação apenas em termos das variáveis de estado (substituindo a
primeira na segunda equação)
uɺ 0 I u 0
ɶ = ɶ + f
vɺɶ − m
-1
k − m -1 c v m -1 s ɶ
ɶ
(n I ×1)
(n × n ) (n ×1) (n × n I )
(2.89)
y = C − C m -1k C − C m -1 c uɶ + C m -1 s f
v
d a v a a
ɶ ɶ
(n O × 1) (n O × n) ɶ (n O × nI )
(n I × 1)
xɺ = (mck)
A x + Bf
ɶ ɶ (ms) ɶ
(2.90)
y = C x + D f
ɶ ɶ
ɶ
em que
153
(identificação modal), pode ser entendida matematicamente como um problema de determinação
de valores e vectores próprios de uma matriz de estado definida com base num dado modelo
estrutural, espacialmente discreto (sob o ponto de vista dos ensaios a discretização corresponde à
escolha dos pontos em que se colocam os sensores), construído de forma a representar
adequadamente o comportamento dinâmico da estrutura.
. _=
A _0 _I Matriz
de
_ x~(t) + _B
x~(t) = A
(mck) (ms)
f (t)
~
(mck) _ _k -m
-m -1
_ _c -1
estado
Forças _
D (n O n I) Resposta
observada
f (t)
~ y (t)
(n I 1) ~
(n O 1)
(n I = 3)
_B (n O= 4)
_
C
(ms)
n I - nº hist. de forças aplicadas
(2NGL n I ) NGL- nº de graus de liberdade
(n O 2NGL )
n O- nº de pontos observados
k_ , m
_ , c_
.x (t) = ~u. u
~ v
. x~ (t) = ~
v~
~ _
A
(2NGL 1) (mck) (2NGL 2NGL) (2NGL 1)
Figura 3.43 – Representação de estado de um sistema dinâmico na perspectiva da identificação das suas principais
características modais. Esquema ilustrativo das relações entre as variáveis de estado u(t) e v(t) , a excitação f(t) e
ɶ ɶ ɶ
a resposta observada y(t) .
ɶ
154
Representação modal no espaço de estados
x = ΦE x*
ɶ ɶ
ficando
Φ E x*
ɺ = A ΦE x* + B f
ɶ (mck) ɶ (ms) ɶ
(2.91)
y = C Φ E x* + Df
ɶ ɶ
ɶ
ɺ = Φ E−1 A Φ E x* + Φ −E1 B f
x*
ɶ (mck) ɶ (ms) ɶ
(2.92)
y = C Φ x* + D f
E
ɶ ɶ
ɶ
x*ɺ = λ x* + L f
ɶ ɶ ɶ
(2.93)
y = V x* + D f
ɶ ɶ ɶ
em que surge a nova matriz V que relaciona as coordenadas modais de estado com as
observações
V = C ΦE (2.94)
Como foi referido no início desta secção, os métodos de identificação modal no domínio
do tempo baseiam-se em formulações matemáticas que se apoiam na representação de estado do
denominado problema da identificação dinâmica de estruturas, que envolve, como se mostrou
155
em 3.3.2.1, uma equação diferencial matricial (equação da dinâmica representada no espaço de
estados) e uma equação algébrica (equação de observação)
xɺ = A x + B f
ɶ (mck) ɶ (ms)
ɶ
(n×1) (n× n ) (n × n I ) (n I ×1)
(2.95)
y = C x + D f
ɶ ɶ ɶ
(n ×1)
O
(n O × n) (n O ×nI )
da operação de exponenciação.
Assim, ao contrário dos métodos de identificação dinâmica no domínio da frequência, nos
métodos de identificação dinâmica no domínio do tempo é necessário proceder à identificação da
referida matriz de transmissibilidade de estado, também conhecida como matriz de estado no
tempo discreto, a partir das séries temporais da resposta dinâmica medida em alguns pontos da
estrutura (criteriosamente seleccionados). A determinação da matriz A consegue-se com base no
estabelecimento de modelos paramétricos cujo ajuste às séries temporais observadas ou às
correspondentes funções de correlação corresponde a determinar os coeficientes da pretendida
matriz de estado no tempo discreto. Em geral, como se verá, experimentam-se modelos
paramétricos de diferentes ordens e analisa-se a estabilidade das soluções à medida que se
aumenta o número de parâmetros do modelo (ordem do modelo): é usual recorrer a
representações gráficas denominadas por diagramas de estabilização (ver mais à frente a Figura
3.49)
156
Usualmente, na formulação dos modelos de identificação modal considera-se aceitável a
hipótese de discretização da força em troços constantes (Figura 3.44) definidos em intervalos de
tempo idênticos aos escolhidos para registar a resposta estrutural.
Figura 3.44 – Representação de uma história de carga f(t) definida por troços constantes.
Considerando que a anterior equação diferencial (de 1ª ordem) pode ser resolvida
independentemente para cada um dos intervalos da discretização desde que as condições iniciais
(deslocamento e velocidade) de um dado intervalo correspondam às condições finais do intervalo
anterior o problema reduz-se a obter a solução para um intervalo ∆t genérico definido entre ti e
ti+1, com base numa variável t tal que:
0 ≤ t = t − t i ≤ ∆t
Assim, para cada intervalo [ ti ,ti+1 ] , de comprimento ∆t , a equação diferencial a resolver pode
ser escrita da seguinte forma
xɺ ( t ) = A x ( t ) + B f ( t ) , 0 ≤ t ≤ ∆t
ɶ (mck) ɶ (ms) ɶ
Condições inicais: x ( t =0 ) = x i
ɶ ɶ
à qual corresponde a seguinte solução particular para as condições iniciais estabelecidas no início
do intervalo (Juang, et al., 2001)
A t t A ( t -τ)
x( t ) = e (mck)
x ( ti ) + ∫e
(mck)
B f ( τ ) dτ (2.96)
ɶ ɶ 0
ɶ
(ms)
157
efectuando a integração, tendo em conta que a força f ( t ) neste intervalo é constante, fica
ɶ
A t
At -1
x(t )= e (mck)
x ( ti ) + e
(mck)
− I A Bf (t) (2.97)
ɶ ɶ (mck) (ms) ɶ
A ∆t A ∆t -1
x ( t i+1 ) =
e (mck)
x ( ti ) +
e − I A B f ( ti )
(mck)
(2.98)
ɶ ɶ (mck) (ms) ɶ
A A
x ( t i+1 ) = A x ( t i ) + ( A − I ) A B f ( t i )
-1
(2.99)
ɶ ɶ ɶ
(mck) (ms)
x ( t i+1 ) = A x ( t i ) + B f ( t i )
ɶ ɶ ɶ
(2.100)
y ( t i ) = C x ( t i ) + D f ( t i )
ɶ ɶ ɶ
em que
158
ln ( µ i )
µ i = e λi ∆t ⇔ λi = , ( i=1,2,...,n ) (2.101)
∆t
λi
ωi = λ i (rad / s) → f i = (Hz)
2π
( i=1,2,...,n ) (2.102)
ξ = − Re ( λ i )
i λi
Para se obter uma metodologia que, na prática, permita identificar a matriz A com base
nas n O histórias da resposta recorreu-se inicialmente (Juang, et al., 1985) ao conhecido conceito
de resposta a impulsos e à anterior fórmula recursiva.
Conhecida a resposta estrutural y sob forças impulsivas f (ver Figura 3.45), a
ɶ
identificação das matrizes A , B , C e D,ɶ resulta directamente do estabelecimento de uma
comparação ou ajuste entre a resposta a forças impulsivas calculada teoricamente com base na
referida fórmula recursiva (Juang, et al., 2001) e a resposta da estrutura observada para as
mesmas condições de excitação, ou seja, para forças impulsivas (trata-se de um método em que a
excitação é conhecida – método de identificação determinístico).
É importante salientar desde já que, em obra, o mais usual é que a resposta medida
corresponda a condições de excitação bem distintas da excitação impulsiva (apenas em modelos
físicos e em estruturas de reduzida dimensão, flexíveis e com pequena massa, é viável utilizar
técnicas de excitação impulsiva). Assim é frequente que a resposta em obra seja apenas medida
sob excitação operacional ou ambiental, do tipo ruído branco, ou aproximadamente ruído branco;
nestes casos a excitação tem características que apenas podem ser estimadas em termos
estatísticos o que levou ao desenvolvimento dos denominados métodos estocásticos de
identificação modal que se abordam na secção seguinte, onde se verá que o conhecimento das
159
técnicas de identificação sob excitação impulsiva é também de grande interesse pois pode ser
facilmente generalizado para o estudo sob excitação do tipo ruído branco após a conversão das
séries medidas nas correspondentes funções de correlação (James, et al., 1992).
De entre os vários tipos de excitação que podem actuar numa estrutura as forças impulsivas
assumem uma especial importância em dinâmica de estruturas na perspectiva clássica. Também
agora na perspectiva da identificação modal, com modelos de estado, as forças impulsivas são de
grande interesse. Com base na fórmula recursiva (2.99) correspondente à solução do modelo de
estado para a identificação modal
x ( t k+1 ) = A x ( t k ) + B f ( t k )
ɶ ɶ ɶ
(2.103)
y ( t k ) = C x ( t k ) + D f ( t k )
ɶ ɶ ɶ
pode-se verificar que para um impulso unitário, num dado grau de liberdade, f(t k ) = 1
( f(t ) = f(t k-2 ) = ... = f(t k-p ) = 0 e f(t k+1 ) = f(t k+2 ) = ... = f(t k+s-1 ) = 0 ) aplicado num dado instante ti
k-1
a resposta em cada um dos instantes subsequentes pode ser escrita em termos de produtos
matriciais simples envolvendo as matrizes A , B , C e D . Para condições iniciais nulas
x(t i ) = 0 pode-se utilizar a fórmula recursiva anterior para concluir que
ɶ ɶ
x(t k ) = 0 ⇒ y(t k ) = D
ɶ ɶ
x(t k+1 ) = B ⇒ y(t k+1 ) = C B
ɶ ɶ
x(t k+2 ) = A B ⇒ y(t k+2 ) = C A B
ɶ ɶ
x(t k+3 ) = A 2 B ⇒ y(t k+3 ) = C A 2 B
ɶ ɶ
⋮ ⋮
x(t k+s-1 ) = A s − 2 B ⇒ y(t k+s-1 ) = C As − 2 B
ɶ ɶ
ou seja, a resposta impulsiva nos instantes após a aplicação do impulso unitário é dada pelas
seguintes matrizes constantes, denominadas parâmetros de Markov do sistema
Estes parâmetros de Markov são geralmente usados como base para a identificação de
modelos dinâmicos lineares como se mostra de forma resumida na Figura 3.46, para o caso geral
em que são aplicadas várias cargas impulsivas em nI pontos para cada uma das quais é registada
a resposta no tempo nos no graus de liberdade observados.
160
IDENTIFICAÇÃO MODAL DE ESTRUTURAS
Modelação determinística no espaço de estados
Forma recursiva - tempo discretizado em intervalos ∆ t
_A ∆ t
_ x~ k + B
x~ k+1= A _ f
~k
_=e
A (mck)
_ - _I ) A
_B = ( A _B_
~
yk = C _ x~ k + D
_ f
~k
(mck) (ms)
Forças _
D (n O n I) Resposta
observada
f (t k)
~ y(t k)
(n I 1) ~
(n O 1)
1 2 3
(n I = 3)
_B 4 (n O= 4)
_
C
(n n I) n I - nº hist. de forças aplicadas ( n O n)
n - ordem da matriz de estado
n O- nº de GL observados
∆t
x(t )
~ k+1
x(t k)
~
(n 1) _
A (n n) (n 1)
t0 = 0 y0 _
=D Dimensão da matriz de estado
t 1 = ∆t y1 _B
=C _ n 2NGL
t 2 = 2∆t y2 _A
=C _B _ Na perspectiva da identificação modal a dimensão da
2 matriz de estado passa a ser designada por n (em vez
t 3 = 3∆t y3 _A
=C _B _ de 2NGLcomo é usual adoptar na perspectiva dos E.F.)
para salientar que existem vários valores de n que
...
...
(Parâmetros
de Markov)
_
A P.V.P
µ
_ _λ = ln(µ)
_ ∆t
Φ
_E _ = C_ Φ
V _ E
(n n) (nO n )
Figura 3.45 – Diagrama de blocos ilustrativo das variáveis e matrizes envolvidas num modelo de identificação
modal determinístico no espaço de estados.
161
FUNDAMENTOS DOS MÉTODOS DE IDENTIFICAÇÃO MODAL NO DOMÍNIO DO TEMPO
Aplicação de forças impulsivas e medição da resposta: Modelo de identificação determinística no espaço de estados.
Identificação por ajuste dos parâmetros de Markov à resposta observada sob impulsos [Juang & Pappa 1985]
f (1) 1 , t = t0
f (t)
~ = f (3)
(n I 1) (i)
_ x~ k + _B
x~ k+1= A f
~k 2 3
(2)
f =
0 , t > t1
1 f
yk = C _ x~ k + _D f
~k
~ y(1,1) y(1,2) y(1,3)
4 (n I = 3) _y(t) = y(2,1) y(2,2) y(2,3)
f y(3,1) y(3,2) y(3,3)
(n O n I )
~ (n O= 4)
y(4,1) y(4,2) y(4,3)
1
∆t
t0 t1 t2 t3 t4 t5 t6 t7 ... tk ... t
_y Resultados observados (resposta a impulsos unitários)
_y 0
_y 1 _y _y
2
_y _y
7 _y 9 ...
3 8
_y 4
_y 6
t
_y 5
(1) (1)
(r.nO N.n I) _ y(1)
H (r.nO n)
_ bs
O (n)
_ on
C (n)
(n N.n I)
_ ∼= U
1/2 1/2
T T T (1) (1)
_y1 _y 2 _y 3
... _yN _y N+1
_ y(1) = U
H _ _S V _ _S V
_ = U
_ S
_ S
_ V
_ (n) (n) (n) (n) (n) (n) (n) = _ bs C
O _ on
(n) (n)
_y2 _y 3 _y 4
... _yN+1 _y N+2
n - número de valores singulares da matriz _ (1)
H
y
que se decide adoptar - em geral só se consideram
...
...
...
...
...
__
CA (2) _ on
C
_ on
C
...
...
...
...
...
r+N-2 r+N-1
CA
r-1
__ B
_ CAB
_ _ _ CA
__ B
_
r r+1
... __ B
CA _ CA
__ B
_
_ (2)bs
O __
CA
r-1
(2)
_y
H
- 1/2 - 1/2
(1) (2) (1) T (2) T (1) (2) (2) (1)
(n n) _ bs H
_ = O
A _y C _ U
_ on = S _ S
_y V
_ H (n)
_ (n) (n) (n) (n) (n) ou A _ bs O
_ = O _ bs (n) (n)
ou A _on C
_ =C _on (n) (n)
(1)
(n n I ) _ on
_ = Primeiras n colunas de C
B I (n)
(1)
(n O n ) _ bs
_ = Primeiras n linhas de O
C O (n)
(n O n I ) _ = _y
D 0
Figura 3.46 – Síntese da metodologia de identificação modal determinística no espaço de estados, com aplicação de
forças impulsivas.
162
3.3.2.4 Modelos de identificação estocásticos. Excitação do tipo ruído branco
x ( t k+1 ) = A x ( t k ) + w(t k )
ɶ ɶ ɶ
(2.104)
y ( t k ) = C x ( t k ) + r (t k )
ɶ ɶ ɶ
em que
r (tk ) − é um vector de dimensão ( nO ×1) que também inclui, de forma não explícita, a
ɶ
excitação (a parcela D f não pode ser considerada explicitamente pela mesma
ɶ
razão atrás referida), e o denominado ruído de medição (designado por rˆ (t i ) na
Figura 3.47).
163
IDENTIFICAÇÃO MODAL DE ESTRUTURAS
Modelação estocástica no espaço de estados
Forma recursiva - tempo discretizado em intervalos ∆ t
_ ~f k+w~ k _A ∆ t
_ x~ k +
x~ k+1= A w
~k
B _=e
A (mck)
_ x~ k + _B = ( A
_ - _I ) A
_ _B
~
yk = C rk
~ _ ~f k+ ~r k
D (mck) (ms)
Resposta
r
~k observada (n O n O)
_ = E x~ k+1. ~ykT
G _(τi) =E ~yk+. ~yk
y(t k) R i
T
(n n O)
~
(n O 1)
1 2 3
w
~k
4 (n O= 4)
_
C
n - ordem da matriz de estado (n O n)
n O- nº de GL observados
∆t
x(t )
~ k+1
x(t k)
~
(n 1) _
A (n n) (n 1)
τ0 = 0 R0
τ1 = ∆ t _G
R1 = C _
τ2 = 2∆t _A
R2 = C _G _
τ3 = 3∆t
2
_A
R3 = C _G _
...
...
r-1
τr = r ∆ t _A
Rr = C _ G
_
...
...
_
A P.V.P
µ
_ _λ = ln(µ)
_ ∆t
Φ
_E _ = C_ Φ
V _ E
(n n) (nO n )
Figura 3.47 – Diagrama de blocos ilustrativo das variáveis e matrizes envolvidas num modelo de identificação
modal estocástico no espaço de estados. Definição da matriz R das funções de correlação da resposta e da matriz G
das funções de covariância entre o estado e a resposta.
(1)
Organizando as anteriores funções de correlação teóricas numa matriz de Hankel HR
pode-se verificar que (ver a síntese apresentada na figura seguinte)
C
CA
H R(1) = A i −1 G ⋯ A G G = O(bs1) C(on1) (2.107)
i −1
C A
em que a matriz O (bs) é constituída por um conjunto de r blocos dispostos em coluna, enquanto a
1
matriz C (on) é constituída por um r conjunto de blocos dispostos em linha. Correlacionando estas
1
matrizes é possível extrair a matriz de estado A (no tempo discreto), contudo para se obter as
duas anteriores matrizes a partir da matriz de Hankel obtida a é necessário aplicar o algoritmo da
decomposição em valores singulares, obtendo-se
C CA
CA C A2
O(bs1) = O(bs2) = (2.109)
i−2 i −1
C A C A
e
165
C(on1) = G AG A G 2 ⋯ A G N −1
(2.110)
( 2)
C on = A G A G2 A G 3 ⋯ A G N
verificando-se que
166
IDENTIFICAÇÃO MODAL ESTOCÁSTICA NO DOMÍNIO DO TEMPO
Medição da resposta sob excitação do tipo ruído branco: Modelo de identificação estocástica no espaço de estados.
Identificação por ajuste dos parâmetros do sistema às funções de correlação da resposta [James et al. 1995]
_ (n O n O)
_ ~f k+w~ k
B (n O 1)
p(y)
p(x)
t0 t1 t2 t3 t4 t5 t6 t7 ... tk ... t
(1) (1)
(r.nO N.n O ) _ R(1)
H (r.nO n)
_ bs
O (n)
_ on
C (n)
(n N.n O )
_ ∼= U
1/2 1/2
T T T (1) (1)
_1
R _2
R _3
R ... _N
R _ N+1
R H _ _S V
_ R(1) = U _ _S V
_ = U
_ S
_ S
_ V
_ (n) (n) (n) (n) (n) (n) (n) = _ bs C
O _ on
(n) (n)
_
R 2 _3
R _4
R ... _ N+1
R _ N+2
R n - número de valores singulares da matriz R _ (1)
H
que se decide adoptar - em geral só se consideram
...
...
...
...
...
__
CA (2) _ on
C
_ on
C
...
...
...
...
...
r+N-2 r+N-1
__ G
CA
r-1
_ CAG
_ _ _ CA
__ G
_
r r+1
... __ G
CA _ CA
__ G
_
_ (2)bs
O __
CA
r-1
(2)
_R
H
- 1/2 - 1/2
(1) (2) (1) T (2) T (1) (2) (2) (1)
(n n) A _ bs H
_ = O _ U
_ on = S
_R C _ S
_R V
_ H(n)
_ (n) (n) (n) (n) (n) ou A _ bs O
_ = O _ bs (n) (n)
ou A _ on C
_ =C _on (n) (n)
(1)
(n O n ) _ bs
_ = Primeiras n linhas de O
C O (n)
Figura 3.48 – Modelo de identificação modal estocástico no espaço de estados (SSI-COV). Utilização da matriz R
das funções de correlação da resposta e da matriz G de covarância entre o estado e a resposta.
167
Exemplo: Aplicando o método SSI-COV ao exemplo do modelo físico da parede de betão em consola (utilizando
uma rotina desenvolvida em MatLab, desenvolvida no âmbito deste trabalho), sem água, obteve-se o diagrama de
estabilização que se apresenta na Figura 3.49, o qual é apresentado sobre um espectro médio obtido com o método
BFD, para uma melhor interpretação do diagrama de estabilização.
25
Modelo físico
sem água
20 u1 (t)
u2 (t)
Ordem do modelo r
15
u3 (t)
u4 (t)
10
u5 (t)
5
u6 (t)
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
f [Hz]
sim - - - -
sim sim - - -
No diagrama de estabilização, verifica-se que existem três linhas verticais de estabilização de pólos, cuja
abcissa indica o valor das três frequências naturais identificadas. Na Figura 3.50, apresentam-se os correspondentes
modos de vibração (complexos) referentes ao modelo de ordem r = 25.
Figura 3.50 – Modos complexos. Configurações modais no instante em que ocorre o máximo no topo da consola.
168
Neste caso, sem água, verificou-se que os máximos das respostas pontuais harmónicas, em cada modo, são
praticamente simultâneos. Este facto corresponde a uma evidência experimental de que o amortecimento global do
modelo físico da parede em consola (sem água) pode ser bem simulado numericamente utilizando a hipótese de
amortecimento viscoso, proporcional à rigidez e à massa. Na tabela seguinte comparam-se os coeficientes de
amortecimento modais avaliados com o método SSI-COV (modelo de ordem 25), com os obtidos a partir dos
métodos no domínio da frequência, BFD (método da meia potência) e EFDD.
Tabela 3.8 – Comparação dos valores de amortecimento modais obtidos (sem água) com os métodos SSI-COV, EFDD e BFD.
Coeficientes de amortecimento modais [%]
Modo SSI – COV BFD EFDD
1º 0,90 2.00 0.72
2º 0,80 0.95 0.46
3º 1,40 0.75 0.84
Os resultados apresentados na tabela mostram que os valores de amortecimento apresentam uma elevada
dispersão.
169
aplicações mais relacionadas com a engenharia electrónica ou a engenharia de sistemas de
controlo (Van Overschee, et al., 1996; Ljung, 1999). A sua aplicação no âmbito da engenharia
civil deve-se essencialmente aos trabalhos desenvolvidos na Universidade Católica de Leuven na
Bélgica (Peeters, 2000) e na Universidade de Aalborg na Dinamarca (Kirkegaard, et al., 1997). É
de salientar que a implementação deste método nos programas ARTeMIS (SVS, 2008) e TestLab
(LMS, 2008) generalizou a sua aplicação na identificação modal de estruturas.
Ainda nesta família de métodos, referem-se os métodos que se baseiam no ajuste de
modelos ARMAV e ARV, os quais são abordados em (Piombo, et al., 1993; Andersen, 1997),
mas que têm vindo a perder interesse essencialmente devido às dificuldades sentidas na sua
aplicação e ao surgimento do SSI-DATA.
Tal como nos métodos de duas fases (como o SSI-COV, atrás apresentado), também nos
métodos de uma fase (como é o caso do SSI-DATA) é conveniente organizar as séries temporais
da resposta, sob a forma matricial. Por vezes é utilizada a seguinte organização dos dados na
forma de uma matriz de Hankel com duas componentes
y ( t 0 ) y ( t1 ) ⋯ y ( t N-1 )
ɶ ɶ ɶ
y ( t1 ) y ( t 2 ) ⋯ y ( t N )
ɶ ⋮ ɶ
⋮ ⋱
ɶ
⋮
y ( t j-1 ) y ( t j ) ⋯ y ( t j+N-2 ) Yp
1 ɶ ɶ ɶ
Hy = −−−−−−−−−−−−−−−− = (2.113)
N
⋯ y ( t j+N-1 )
ɶ ( j ) ɶ ( j+1 )
(p f )
y t y t Yf
ɶ
y ( t j+1 ) y ( t j+2 ) ⋯ y ( t j+N )
ɶ ɶ ɶ
⋮ ⋮ ⋱ ⋮
y ( t 2⋅ j-1 ) y ( t 2⋅ j ) ⋯ y ( t 2⋅ j+N-1 )
ɶ ɶ ɶ
R ( ti ) R ( t i −1 ) ⋯ R ( t1 )
R t ⋯ R ( t 2 )
( i +1 ) R ( t i )
T R = Yf ( Yp ) =
T
(2.114)
⋮ ⋮ ⋱ ⋮
R ( t 2i −1 ) R ( t 2i − 2 ) ⋯ R ( ti )
na qual as funções de correlação surgem arrumadas na forma de uma matriz de Toplitz, que
também pode ser utilizada directamente na formulação do método SSI-COV (Peeters, 2000).
170
3.3.3 Principais métodos no domínio da frequência e do tempo
Na tabela Tabela 3.9 e na Figura 3.51 indicam-se alguns dos métodos de identificação
modal estocástica mais utilizados (Peeters, 2000; Caetano, 2000; Rodrigues, 2004), indicando as
suas principais características.
Tabela 3.9 – Classificação de alguns dos mais relevantes métodos de identificação modal estocástica.
Métodos para análise da resposta em regime ITD é um método SIMO e MRITD é um método
livre (ITD e MRITD) MIMO
Métodos baseados em ajustes de mínimos LSCE é um método SIMO e PTD é um método
Domínio
quadrados (LSCE e PTD) MIMO
do
tempo Ajuste de modelos auto recursivos às séries
Métodos auto recursivos (ARMA)
temporais
Métodos estocásticos baseados na projecção de
um vector de estado num vector de realizações
Métodos de identificação estocástica em
passadas (aplicado quer às funções de
subespaços (SSI)
correlação, quer directamente às séries
temporais)
método BFD
método de Welch
FFT estimativas método FDD e EFDD
das funções
de densidade SVD
espectral método RD-BFD
S(ω)
métodos RD-FDD e RD-EFDD Técnicas numéricas utilizadas
estimativas SVD parâmetros
método FFT transformada rápida de Fourrier
das funções FFT modais
RD
de
séries de decremento SVD decomposição em valores singulares
fi
resposta aleatório métodos ITD e MRITD
u(t) LS ajuste de mínimos quadrados
D(t) LS, EVD ξi
estimativas EVD decomposição em valores e vectores próprios
das funções φi
métodos LSCE e PTD
método directo de QR decomposição ortogonal ou decomposição QR
correlação LS, EVD
R(t)
método com utilização da FFT
FFT método SSI-COV
SVD, LS, EVD
método SSI-DATA
QR, SVD, LS, EVD
Figura 3.51 – Sistematização geral dos principais métodos de identificação modal estocástica (Rodrigues, 2004).
171
3.3.4 Análise experimental e numérica da interacção dinâmica estrutura-água
7
1
8
2
Figura 3.52 – Disposição dos 8 acelerómetros utilizados para identificação dos modos de flexão e de torção.
172
Modos de torção
25
20
Ordem do modelo
15
Cota da água
0,00 m
10
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
25
20
Ordem do modelo
15
Cota da água
0,50 m
10
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
25
20
Ordem do modelo
15
Cota da água
1,00 m
10
0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000
f [Hz]
173
linhas de estabilização de pólos que se supõe corresponderem aos dois primeiros modos de
torção. Para o caso dos ensaios com água verifica-se que é difícil a identificação do 3º modo de
flexão e do 2º modo de torção. É de referir que, muito próximo da frequência do primeiro modo
de torção, é identificado um outro modo associado a movimentos da base do modelo físico.
Resultados experimentais
Método BFD Método SSI-COV
Resultados numéricos
50 Massas de água associadas E. F. de água
45
Frequência (Hz)
40
35
30
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
Cota da água (m)
Figura 3.54 – Variação da 1ª frequência natural em função da cota da água. Comparação entre resultados numéricos
e experimentais (identificação modal com os método BFD e SSI-COV).
Analisando a figura anterior verifica-se que o aumento da cota de água origina uma
significativa redução dos valores da 1ª frequência natural, sobretudo para níveis de água
superiores a 0,5 m. Verifica-se igualmente que os resultados experimentais obtidos para as
diferentes cotas de água, a partir de reservatório vazio até cheio, mostram uma boa concordância
com os resultados numéricos (é de notar que os resultados numéricos obtidos são praticamente
coincidentes, o que mostra a equivalência das duas formulações, para este caso particular). A
ligeira discrepância entre os resultados experimentais e os numéricos que se verifica para valores
da cota de água próximos do nível máximo (os valores numéricos são ligeiramente inferiores aos
174
experimentais) indicia que nas formulações numéricas adoptadas o efeito da massa de água
poderá estar ligeiramente sobreavaliado. É também de salientar que os resultados da
identificação modal obtidos com o método SSI-COV estão mais próximos dos resultados
numéricos.
0 0 0
0 0 0
0 0 0
Figura 3.55 – Esquema da variação do valor da 1ª frequência natural em função da cota da água, comparação entre
resultados numéricos e experimentais.
175
sistema pode ser bem simulado numericamente com base na hipótese de amortecimento viscoso
proporcional à distribuição de rigidez e de massa.
Na situação de reservatório cheio, apresentada na Figura 3.56 b), a oscilação
correspondente ao modo de torção (que tem agora uma frequência bastante inferior, 165,53 Hz) é
caracterizada nos pontos 7 e 8 por respostas harmónicas cujos máximos não são simultâneos, o
que significa que o amortecimento global do sistema deve ser simulado com base num modelo
de estado que permita considerar a hipótese não proporcional à massa e à rigidez.
7 8
1º MODO DE TORÇÃO
Identificação modal
(SSI-COV)
λ = -7,90 + 208,00 i
0
f = 208,15 Hz
-0.5
ξ= 3,80%
-1
0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018 0.02
a)
1
λ = -1,89 + 165,52 i
0
f = 165,53 Hz
-0.5
ξ= 1,14%
-1
0 0.002 0.004 0.006 0.008 0.01 0.012 0.014 0.016 0.018 0.02
b)
Figura 3.56 – 1º Modo de torção. Identificação experimental pelo método SSI-COV, com determinação de modos
com componentes complexas: a) reservatório vazio; b) reservatório cheio. Representação do movimento oscilatório
nos pontos 7 e 8 para análise da não simultaneidade dos máximos - mais notória na situação de reservatório cheio.
f1
DEP
f2
detecção de máximos
f4 f5
f3
f
Figura 3.57 – Esquema de detecção automática de máximos e selecção de picos modais.
178
O estabelecimento de modelos de interpretação quantitativa, relativos a períodos de
exploração normal, baseia-se nas seguintes considerações:
i) as solicitações de serviço que influenciam predominantemente o comportamento
das barragens são a pressão devida à água na albufeira e a temperatura (onda
térmica anual); para estas solicitações o comportamento estrutural das obras é
essencialmente reversível (elástico ou viscoelástico);
ii) os efeitos irreversíveis, que se verificam normalmente devido a fenómenos
inelásticos, podem-se considerar, com boa aproximação, como função exclusiva do
tempo.
fmod = fH ( h ) + fT ( t ) + f t ( t ) + k (2.115)
Para cada valor de frequência observado (ou identificado) numa determinada época e, a
componente de frequência observada, fobs = fobs ( he ,te ,t e ) , coincidirá com a frequência calculada
pelo modelo de separação de efeitos na mesma época fmod = fmod ( he ,te ,t e ) , a menos de um
resíduo re, decorrente do ajuste estatístico da expressão (2.115) aos valores observados nas várias
épocas
Cada uma das funções parcelares do modelo, anteriormente referidas, é composta por um
conjunto de parâmetros, cuja determinação depende de um número n suficiente de observações
(tendo em conta o número de parâmetros a determinar), necessárias para o estabelecimento das n
equações correspondentes, de acordo com o critério de Gauss de minimização da soma dos
quadrados dos resíduos. Os parâmetros determinados serão válidos para o domínio de variação
das variáveis associadas às acções nas n observações utilizadas. A fiabilidade do modelo
179
pressupõe, ainda que não haja correlação na evolução das variáveis que afectam efeitos
parcelares distintos.
Assim, para a função parcelar associada à acção do nível é usual adoptarem-se expressões
polinomiais, como por exemplo
fH ( h ) =a1 h4 + a2 h3 + a3 h2 + a4 h (2.117)
2π t 2π t
f T ( t ) =b1 cos +b 2 sen (2.118)
da da
Nesta expressão t representa o tempo decorrido desde uma determinada data de referência
(em geral o fim da construção). Podem-se considerar associados a esta parcela vários efeitos,
designadamente, aumentos de volume devidos a acções expansivas, ou decréscimo de rigidez
global devido a eventuais processos de deterioração evolutiva.
Assim, a expressão geral (2.115) pode ser escrita com base nas expressões parcelares
anteriores, vindo
2π t 2π t
f mod ( h, t , t ) = a1 h 4 + a 2 h 3 + a 3 h 2 + a 4 h + b1 cos +b 2 sen 2
+ c
1 t +c 2 t + k (2.120)
d
a d
a
Efeito do nível
da albufeira
Efeito do
tempo
Efeito da onda
térmica anual
Para ne épocas de observação (podem ser consideradas várias épocas de observação por
dia) podem-se estabelecer ne equações (uma para cada época de observação) como as seguintes
180
2π t1 2π t1
f obs1 = a1 h14 + a 2 h13 + a 3 h12 + a 4 h1 +b1cos +b 2 sen
2
+c1 t1 +c 2 t1 + k
da da
2π t2 2π t2
f obs2 = a1 h 24 + a 2 h 32 + a 3 h 22 + a 4 h 2 +b1cos +b 2 sen
2
+c1 t 2 +c 2 t 2 + k
da da (2.121)
⋮
2π tn 2π tn
f obsn = a1 h n4 + a 2 h 3n + a 3 h n2 + a 4 h n +b n cos +b 2 sen 2
+c1 t n +c 2 t n + k
da da
e
Para determinar os parâmetros a1, a2, a3, a4, b1, b2, c1, e c2 k, (incógnitas) há que resolver o
sistema equações anterior (sistema com mais equações do que incógnitas) pelo método dos
mínimos quadrados (MMQ). Matricialmente fica
a1
a
2
4 2π t 2π t a fN
h1 h13 h12 h1 cos 1 sen 1 t12 t1 1 3 1
da da a 4
⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ ⋮ × b1 = ⋮ (2.122)
4 2π tn 2π tn 2 b2
h n h 3n h 2n hn cos sen tn tn 1
da da c1 f Nn
c2
k
⋅X
A ɶ
= F
ɶ
(2.123)
( n ×9 ) ( 9×1) n ×1
e ( e )
A resolução deste sistema pelo MMQ com a multiplicação de ambos os membros pela
transposta da matriz dos coeficientes A T
⋅ A ⋅X ⋅ F
T T
A =A ɶ (2.124)
ɶ
( 9× n ) ( n ×9 ) 9×1 ( 9× n ) n ×1
e e ( ) e ( e )
= ( AT ⋅ A ) ⋅ ( AT ⋅ F)
-1
X (2.125)
ɶ ɶ
( 9×1) ( 9×9 ) ( 9×1)
181
que como se pretendia contém os parâmetros da função que melhor se ajusta aos valores
observados.
Analisando cada uma das funções parcelares definidas pelas equações (2.117), (2.118) e
(2.119), pode-se avaliar separadamente o efeito do nível, da onda térmica anual e do tempo sobre
a frequência natural em análise, como se ilustra esquematicamente na figura seguinte.
2π t
T=
365
Figura 3.58 – Exemplo de aplicação de um modelo de separação de efeitos à análise da evolução ao longo do tempo
da frequência natural de um modo de vibração de uma barragem.
Neste capítulo apresentaram-se alguns dos modelos mais utilizados para analisar o
comportamento dinâmico de sistemas barragem-fundação-albufeira, tendo-se referido as
principais dúvidas que existem na interpretação do comportamento dinâmico destas obras e a
importância de recorrer à observação para obter elementos (nomeadamente, através da instalação
de sistemas de observação em contínuo, como se referiu no capítulo 2), que permitam
aperfeiçoar os modelos numéricos existentes e o desenvolvimento de novos modelos.
Apresentou-se a formulação para a análise dinâmica na perspectiva do problema directo e
na perspectiva da identificação modal.
No primeiro caso estabeleceram-se as equações gerais, começando pelo problema da
discretização espacial das estruturas, utilizando o MEF, e concretizando para o caso das acções
dinâmicas, evidenciando-se as questões muito próprias dos sistemas barragem-fundação-
albufeira, relacionadas com a consideração do efeito hidrodinâmico (utilizando massas de água
associas e discretização em elementos finitos) e as condições de fronteira.
182
Após a discretização e o estabelecimento das equações gerais, que resolvem um problema
geral, mostrou-se o interesse do estudo de modelos de um grau de liberdade e abordou-se o
problema considerando vários graus de liberdade recorrendo à formulação clássica (no domínio
do tempo e da frequência) e à formulação no espaço de estado.
Na formulação de estado salientou-se o facto de ser possível diagonalizar a matriz de
estado, mesmo para a situação de amortecimento proporcional, obtendo-se nessa situação modos
com componentes complexas, nos quais os máximos não são atingidos simultaneamente nos
vários pontos da estrutura.
Apresentou-se um programa de elementos finitos tridimensionais desenvolvido, no âmbito
deste trabalho, em MatLab (MEF-DIN3D). Descreveram-se alguns aspectos importantes do
método dos elementos discretos, salientando-se uma aplicação explorada no âmbito deste
trabalho, que consistiu na análise de histórias de acelerações obtidas em cálculos não lineares
(obtidos com o programa 3DEC) utilizando técnicas de identificação modal, para avaliar as
frequências naturais e os modos de vibração.
Descreveram-se alguns métodos de identificação modal no domínio da frequência (não
paramétricos) e do tempo (paramétricos).
No domínio da frequência descreveram-se três métodos (BFD, FDD e EFDD) que se
baseiam na análise das estimativas das funções de densidade espectral da resposta em aceleração.
Nos métodos no domínio do tempo salientou-se a introdução, no problema de estado, da
equação de observação e a importância de exprimir a formulação de estado com base numa
fórmula recursiva, considerando, por simplificação, as histórias de carga definidas por troços
constantes.
Introduziu-se uma perspectiva sobre a identificação modal determinística, baseada no
ajuste de modelos à resposta a forças impulsivas (utilizando os parâmetros de Markov), que
serviu de base para a introdução da identificação modal estocástica, baseada no ajuste de
modelos às funções de correlação (método de duas fases, no domínio do tempo), com o objectivo
de mostrar a analogia entre estas duas formulações, pela semelhança que existe entre a reposta a
forças impulsivas e as funções de correlação obtidas a partir da resposta a vibrações ambientais,
com propriedades de ruído branco.
Para exemplificar a aplicação dos vários métodos de identificação modal (no domínio da
frequência e do tempo) utilizou-se o exemplo de uma parede de contenção de água em consola,
que permitiu no final explorar de uma forma preliminar o problema da interacção dinâmica
estrutura-água, dos resultados obtidos salienta-se a obtenção de modos com componentes
complexas para a situação de reservatório cheio (nomeadamente para o caso do 1º modo de
torção) e a variação das frequências naturais em função da variação do nível da água no
reservatório.
Apresentaram-se os fundamentos da identificação modal automática (aplicada ao método
FDD – no domínio da frequência) essenciais para a implementação da observação do
comportamento dinâmico em contínuo.
183
Finalmente, apresentou-se uma proposta para utilizar modelos estatísticos de separação de
efeitos, para interpretar a variação das frequências naturais em barragens de betão, ao longo do
tempo, tendo em conta as variações do nível da albufeira, variações de temperatura de período
anual e efeitos associados ao tempo.
184
4
4 OBSERVAÇÃO EM CONTÍNUO DO COMPORTAMENTO DINÂMICO DE
BARRAGENS DE BETÃO
185
por essa razão, muitas vezes, votados ao esquecimento e, por falta de manutenção, não se
encontram preparados para funcionar quando as obras são solicitadas por sismos, não cumprindo
assim a sua missão.
Aproveitando a evolução da tecnologia associada aos ensaios de vibração ambiental, a
observação do comportamento sísmico de barragens de betão pode ser encarada numa
perspectiva diferente, designadamente através da instalação de sistemas de observação que
permitam a medição da resposta dinâmica das obras em contínuo e que permitam igualmente a
medição da resposta das obras aquando da ocorrência de sismos intensos. Desta maneira, para
além de se garantir a funcionalidade dos sistemas de observação, garantindo assim a medição da
reposta sísmica das obras, é possível obter também uma elevada quantidade de informação
experimental (para outros níveis de vibração e para as mais variadas condições do sistema
barragem-fundação-albufeira), essencial para se poder melhorar substancialmente o
conhecimento existente sobre o comportamento dinâmico destas obras (Wieland, 2009).
Assim, neste capítulo, apresentam-se as várias componentes de um sistema de observação
do comportamento dinâmico em contínuo, para barragens de betão, pioneiro em Portugal e
instalado na barragem do Cabril (ver Capítulo 5). É igualmente abordada a estratégia adoptada
para a exploração do sistema, bem como, um conjunto de programas, desenvolvidos para
implementar essa estratégia.
Convém referir que este sistema é para já, uma ferramenta que será utilizada numa
perspectiva de análise científica do comportamento dinâmico desta obra, podendo quando se
entender adequado, ser integrado no sistema global de observação da barragem, para avaliação
da segurança da obra, ao longo do tempo.
186
4.2.1 Definição da arquitectura do sistema
a) b)
Figura 4.1 – Barragem do Cabril: a) fotografia com representação de um modo de vibração; b) modelo de E. F.
distinguindo a zona fissurada.
Por outro lado, importa desde já salientar que algumas das soluções técnicas adoptadas ao
nível de circuitos electrónicos do sistema, foram desenvolvidas no Centro de Instrumentação
Científica (CIC) do LNEC, atendendo à experiência existente nessa área.
Importa também destacar algumas condições específicas a satisfazer por parte do
equipamento a instalar, nomeadamente:
• O campo de medição deve cobrir a gama máxima expectável de variação da
grandeza a medir, tendo em conta a existência de eventuais influências espúrias
(não controláveis), que imponham o aumento da gama de medição para além do
que é previsível pelos modelos de comportamento;
187
• A incerteza requerida para a medição de uma grandeza num determinado ponto
está directamente relacionada com o “erro” de previsão do modelo de
comportamento, uma vez que este é, necessariamente uma aproximação da
realidade e portanto da ordem de grandeza da variação mínima interpretável;
• O tempo de resposta deve ser compatível com a dinâmica do sinal observado na
gama de frequências de interesse;
• Deverá ter independência de outras grandezas, das quais se destaca a temperatura,
que afecta de um modo geral, todas as medições e, também, no que diz respeito a
transdutores direccionais, tal como acelerómetros, os efeitos da variação da
grandeza nas direcções ortogonais;
• Os transdutores, assim como os cabos e os acessórios que lhe estão associados,
devem possuir uma robustez mecânica adequada para suportar em plenas
condições as acções a que irão estar sujeitos, durante a sua instalação, assim como
às condições ambientais na fase de exploração;
• O equipamento no seu geral deve ser dotado de imunidade eléctrica, capaz de
suportar sobretensões induzidas por descargas atmosféricas e outras fontes, assim
como as provocadas por erros fortuitos de ligação eléctrica durante a sua
montagem ou operações de manutenção.
30
Para além dos acelerómetros conta-se ainda instalar dois LVDTs e um extensómetro. Com os LVDTs, pretende-se
medir movimentos de abertura das juntas enquanto o extensómetro destina-se à averiguação do estado de tensão, no
betão, aquando da ocorrência de um sismo intenso.
188
MD ME
189
Relativamente à solução adoptada para aquisição dos dados, optou-se por um sistema do
tipo modular, bastante versátil, que possibilita, com relativa facilidade, a acoplagem de mais
canais de medida de aceleração ou qualquer outro tipo de grandeza (deslocamentos, extensões,
temperaturas, etc.). Neste tipo de sistema existem dois componentes distintos, os módulos
e.bloxx A1, responsáveis pela aquisição de sinais e sua conversão analógica digital (AD), aos
quais daqui em diante será atribuída a designação de unidades de aquisição e digitalização (ver
Figura 4.4 a), e, os módulos e.pac, cuja principal função é concentrar os dados, já digitalizados,
provenientes dos módulos e.bloxx A1, aos quais doravante será atribuída a designação de
concentradores de dados (ver Figura 4.4 b).
Figura 4.4 – Componentes do sistema modular: a) Unidades de aquisição e digitalização – ebloxx A1;
b) Concentradores de dados – e.pac.
190
sinais medidos e concentrados nestes módulos, para um computador central vocacionado para
esse efeito.
No caso concreto do sistema desenvolvido para a barragem do Cabril, atendendo ao
número de aparelhos de medida utilizados, à sua localização em obra e à frequência de
amostragem adoptada para os vários canais (1000 Hz), existiu a necessidade de recorrer à
utilização de quatro concentradores de dados.
Como os concentradores de dados não têm capacidade para armazenar uma grande
quantidade de dados (apenas 16 MBytes), foi necessário conceber e implementar uma rede local
com características adequadas para assegurar a transmissão de dados, desde os vários
concentradores de dados, até um computador central, instalado num escritório localizado na
central da barragem. Em face do volume de dados a transmitir, das distâncias a percorrer e da
inevitabilidade da passagem por zonas em que existem campos de alta tensão, optou-se por
instalar uma rede de fibra óptica31, adequada para todas estas situações, cujo esquema de
disposição em obra se apresenta na Figura 4.5.
MD ME
O traçado da rede de fibra óptica está disposto em anel, disponibilizando-se sempre dois
caminhos alternativos para a circulação dos pacotes de dados entre os concentradores de dados e
o computador instalado na central da barragem. Nestas circunstâncias, caso ocorra uma falha em
algum dos troços, a informação será encaminhada através do caminho disponível, até que o
troço, em falha, seja reparado.
As posições assinaladas de 1 a 7 representam interrupções na rede de fibra óptica: a
posição 1, corresponde à localização do computador na central da barragem, onde o anel
formado pela rede começa e acaba, neste local existe um conversor óptico – eléctrico; as
31
Com a vulgarização das fibras ópticas e consequente diminuição de custos e disponibilidade de dispositivos de
conversão óptica, a interligação entre as diversas unidades tem vindo a ser feita com recurso àquele meio de
transmissão em substituição das linhas em cobre pela sua imunidade a interferências electromagnéticas e pelo
isolamento galvânico que promovem (Garrett, 2007).
191
posições 2, 3, 5 e 6 correspondem à localização dos concentradores de dados, onde estão
colocados conversores do tipo eléctrico – óptico, os quais funcionam igualmente como “switch”
(também conhecidos com “hub”), podendo por intermédio destes dispositivos aceder a todos os
pontos da rede32; enquanto as posições 4 e 7 correspondem à localização dos acelerómetros na
zona dos encontros, justificando-se esta interrupção na rede pela necessidade de utilizar um dos
pares de fibra óptica disponíveis para transportar os sinais destes acelerómetros até aos
concentradores de dados, dada a grande distância entre estes pontos e os concentradores de dados
mais próximos (nas posições 5 e 6, respectivamente), uma vez que para distâncias tão grandes a
ligação em cabo de cobre não é adequada, essencialmente pelas perdas que daí resultariam.
Na Figura 4.6, apresenta-se um esquema em que se mostram as componentes mais
importantes do sistema. Existe, porém, um conjunto de outras componentes igualmente
relevantes para o funcionamento do sistema, que se encontram instaladas em caixas existentes
junto dos vários transdutores.
Com o objectivo de apresentar as restantes componentes do sistema é conveniente começar
por referir as três tipologias de caixas montadas em obra, onde essas componentes foram
instaladas (ver Figura 4.7):
• caixa tipo 1, contém concentrador de dados;
• caixa tipo 2, localizadas na zona dos encontros;
• caixa tipo 3, apenas para estabelecimento de ligação aos transdutores.
Nas caixas tipo 1 para além dos concentradores de dados encontram-se também instalados,
conversores de sinal eléctrico em óptico, um conjunto de circuitos desenvolvidos no CIC-LNEC
que: i) asseguram a alimentação das várias componentes; ii) gerem a transmissão de dados entre
as unidades de aquisição e os concentradores de dados; iii) permitem aplicar factores de ganhos
aos sinais medidos nas unidades de aquisição (com factores de 1, 2, 4, 8, 16 e 32); e i) asseguram
a sincronização de dados entre os vários concentradores de dados.
Nestas caixas encontram-se igualmente instalados dispositivos que asseguram a redução da
tensão de corrente eléctrica, dos usuais 220 Volts, para valores entre os 12 Volts e os 15,75
Volts, adequados para a alimentação das diversas componentes do sistema. Estes dispositivos
englobam limitadores de sobretensões (sob a forma de fusíveis) e transformadores de isolamento,
que contribuem igualmente de uma forma decisiva para diminuir efeitos nefastos causados por
sobretensões, sobretudo as causadas por descargas atmosféricas induzidas na linha de
distribuição de energia.
Nas caixas tipo 2, para além dos dispositivos que regulam a tensão de corrente eléctrica,
idênticos aos existentes nas caixas do tipo 1, destacam-se as três unidades de aquisição e
digitalização (uma para cada canal dos acelerómetros triaxiais) e um sistema de conversão de
32
Estes pontos de acesso à rede possibilitam o controlo do sistema e o acesso à internet (via computador instalado
na central da barragem).
192
sinal eléctrico em óptico, que coloca os dados num par de rede de fibra óptica disponível e os
encaminha até ao concentrador de dados mais próximo. Nestas caixas existem também circuitos
desenvolvidos pelo CIC-LNEC para gestão da energia e da transmissão de dados entre
componentes.
Sincronização
I II Sincronização
(digital) (digital)
e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx
ES-U2 ES-U2 ES-U2 ES-U2 LVDT ES-U2 ES-T ES-U2 ES-U2 ES-U2 ES-U2
EF FG HI IJ IJ KL KL MN NO PQ QR
1 2 3 4 5 17 6 7 8 9
FOSTC
1 par - sincronização
1 par - ligação triaxial ao e.Pac FOSTC
ethernet (TCP/IP) 1 par - sincronização
1 par livre FOSTC
1 par - sincronização
1 par - ligação triaxial ao e.Pac FOSTC
RMC40 RMC40
Sincronização
III IV Sincronização
ligação triaxial ao e.Pac (digital) (digital) ligação triaxial ao e.Pac
e.Pac e.Pac
RS485
e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx e.bloxx
ES-T ES-U2 ES-U2 ES-U2 LVDT ES-U2 EXT. ES-U2 ES-U2 ES-U2 ES-T
18 10 11 12 13 14 15 16 19
Centro de controlo
LNEC
(barragem)
RS900
Internet Centros
EDP
e.Pac Concentrador de dados e portal de comunicação
de
e.bloxx Aquisição e digitalização de dados
ES-U2 Acelerómetro uniaxial (Episensor - force balance) análise
LVDT
ES-T Acelerómetro triaxial (Episensor - force balance)
Medidor de deslocamentos
(VPN)
EXT. Extensómetro
RUDGECOM
Conversor de sinal óptico-eléctrico-óptico
FOSTC
FOSTC
Figura 4.6 – Esquema com as várias componentes do sistema de observação do comportamento dinâmico em
contínuo, instalado na barragem do Cabril.
193
Finalmente nas caixas do tipo 3 apenas existem circuitos que asseguram a alimentação dos
transdutores e a gestão de dados através das redes RS485 que ligam às caixas do tipo 1.
a) b) c)
Figura 4.7 – Caixas instaladas junto dos transdutores: a) tipo 1; b) tipo 2; tipo 3.
194
Nesta fase efectuaram-se testes ao funcionamento conjunto das várias componentes do
sistema. Testaram-se vários circuitos desenvolvidos pelo CIC-LNEC, nomeadamente circuitos
de amplificação de sinal e de sincronização entre os vários e.pac. Esta fase foi igualmente
aproveitada para testar os programas que asseguram a exploração em contínuo do sistema, os
quais serão apresentados em secções posteriores, bem como o controlo remoto do sistema a
partir do DBB-LNEC.
Nesta fase de preparação foi igualmente instalada em obra uma rede local, em fibra óptica,
para transmitir os dados adquiridos em contínuo, das galerias da barragem para o computador
instalado na central da barragem. Na Figura 4.9 mostram-se algumas das operações mais
importantes desta etapa.
a) b) c)
Figura 4.9 – Trabalhos de instalação da rede de fibra óptica: a) preparação das fibras; b) soldagem das fibras; c)
ligações dos vários filamentos dentro de uma caixa.
195
a) b) c)
Figura 4.11 – Aspecto geral dos acelerómetros e respectivas caixas instalados em obra.
Figura 4.12 – Computador onde é efectuado o controlo do sistema e o armazenamento dos dados, nos escritórios da
central da barragem.
196
e.Pac E01 e.Pac E02
192.168.171.210 192.168.171.220
192.168.171.110 192.168.171.120
192.168.171.20
(VPN)
É de salientar que o computador instalado em obra tem duas placas de rede, possibilitando
assim, a ligação a duas redes em simultâneo. Os endereços de IP assinalados a verde
correspondem à rede local, enquanto os endereços IP a azul correspondem à ligação à rede
através da internet. Neste caso o computador instalado em obra apresenta dois endereços de IP
distintos, um dedicado para cada rede.
Esta tecnologia de controlo remoto é extremamente útil, pois permite controlar e explorar
este tipo de sistemas remotamente, tornando assim possível efectuar alterações às configurações
do sistema e a transmissão de ficheiros.
O controlo remoto de sistemas RAD, permite optimizar o apoio às actividades relacionadas
com a sua exploração e manutenção, porém isto não significa que deixe de ser necessário ter
técnicos em obra e que periodicamente sejam efectuadas inspecções de rotina, para averiguar a
sua funcionalidade.
197
Esta operação de gestão de dados ao nível dos concentradores de dados e de
armazenamento dos pacotes de dados em ficheiros no computador é assegurada por um
programa desenvolvido em LabView no CIC-LNEC, ao qual foi atribuída a designação de Cabril
Aquis, cuja interface gráfica se apresenta na Figura 4.14 (Reis, et al., 2009).
Este programa é utilizado como um serviço do Windows, que está preparado para ser
inicializado automaticamente com o arranque do sistema operativo do computador. Para além da
criação e gestão dos ficheiros que contêm os dados referentes aos valores das acelerações
medidas, é igualmente gerado um conjunto de outros ficheiros, que se passa agora a descrever.
Com o início de funcionamento do sistema são automaticamente criados vários ficheiros
que funcionam como uma espécie de bilhete de identidade dos concentradores de dados, os quais
são caracterizados pela sigla BI (abreviatura de bilhete de identidade) e pelo endereço de IP
referente a cada concentrador. Estes ficheiros contêm informação sobre a configuração dos
módulos concentradores de dados e emitem informação sobre eventuais alterações à sua
configuração.
Para cada mês são gerados os designados ficheiros de teste e diagnóstico (um por cada
concentrador), nos quais se regista mensalmente a análise funcional do sistema associada a cada
concentrador de dados, bem como um relatório de diagnóstico das falhas eventualmente
detectadas.
Para cada hora são gerados os já referidos ficheiros binários onde se armazenam os dados e
os designados ficheiros de cabeçalho, também em formato binário, os quais contêm informação
sobre as configurações do sistema que permite um acesso mais rápido e directo à informação
armazenada nos ficheiros de dados.
198
No Fluxograma 4.1 apresenta-se o algoritmo do programa Cabril Aquis, no qual se mostra
a sequência das diversas operações.
Início do serviço
BI_192_168_171_210.dat
Cria ficheiros que contêm informação Nestes ficheiros é possível ver eventuais
BI_192_168_171_210.dat
sobre a configuração dos módulos alterações introduzidas na configuração
BI_192_168_171_210.dat
concentradores de dados dos módulos concentradores de dados.
BI_192_168_171_210.dat
E01Hdrxxx.dat
E02Hdrxxx.dat Estes ficheiros contêm informação sobre
Cria os ficheiros de cabeçalho
E03Hdrxxx.dat as configurações do sistema
E04Hdrxxx.dat
199
refere-se aos últimos dois dígitos do ano, MM os dígitos do mês, DD os dígitos do dia e HH os
dígitos da hora.
A sigla Hdr representa a abreviatura de Header (designação de cabeçalho na literatura
Inglesa), enquanto xxx corresponde aos dígitos que indicam o número de vezes que os ficheiros
de cabeçalho foram alterados desde o início de funcionamento do sistema.
Nos ficheiros de dados combinam-se as siglas E01, E02, E03 e E04, a primeira sigla
refere-se ao concentrador mestre, a partir do qual é emitido um sinal de sincronismo (responsável
sincronização dos dados entre os vários concentradores), enquanto a segunda sigla refere-se ao
concentrador de onde são originários os dados. Os últimos seis dígitos referem-se ao número de
vezes que os ficheiros de cabeçalho já foram criados (os três primeiros – mmm – são referentes
ao ficheiro de cabeçalho para os dados do concentrador mestre e os três últimos – eee – para o
concentrador, de onde são originários os dados).
200
Sistema de observação do
comportamento dinâmico
em contínuo
h (m)
300
Dados
250
Acelerações
Cabril Aquis
(1000 Hz)
Acelerações
(50 Hz) Cabril PRE Cabril Alarme
Frequências naturais;
modos de vibração;
Cabril IDModal
Cabril ACEL Cabril IDModal espectros;
automático acelerações máximas;
nível da albufeira
Cabril MEF
Cabril Compara
Figura 4.15 – Esquema da análise e gestão de dados do sistema de observação do comportamento dinâmico em
contínuo desenvolvido para a barragem do Cabril.
201
4.3.1 Pré-processamento de dados
Esta ferramenta é constituída por um programa principal que incorpora duas aplicações,
essencialmente devido ao grande tamanho dos ficheiros de dados originais, uma para os
concentradores 1 e 2 e outra para os concentradores 3 e 4.
202
Com este programa são inicialmente gerados, a partir dos quatro ficheiros de dados, oito
ficheiros temporários, quatro com os registos de aceleração referentes aos canais que serão
objecto de identificação modal (um por cada concentrador) e mais quatro, que contêm os valores
máximos de medida de cada canal (um por cada concentrador). Os oito ficheiros anteriores dão
origem a dois novos ficheiros, um ficheiro em formato binário, com extensão *.bin, onde são
arrumados, na ordem pretendida, as séries temporais referentes aos canais que serão alvo de
identificação modal, por cada concentrador de dados e um ficheiro em formato ASCII, com
extensão *.txt, onde é guardada alguma informação sobre o ficheiro de dados original,
designadamente: a designação desse ficheiro, o início da contagem do tempo, o número total de
amostras e os valores máximos das acelerações, obtidos para cada canal de medida.
[email protected]
Leitura dos 4 ficheiros de dados,
[email protected] Ficheiros criados com o
criados na hora anterior, que contêm
[email protected] programa Cabril Aquis
os acelerogramas
[email protected]
[email protected] [email protected]
Estes dois ficheiros são imediatamente colocados à disposição dos programas seguintes
(Cabril Alarme, Cabril IDModal automático e Cabril GEST), sendo no final armazenados numa
203
base de dados permanente, que fica disponível e a partir da qual é possível reanalisar novamente
os dados, sempre que se justifique, utilizando os programas adequados, dependendo do objectivo
das análises (Cabril Acel, Cabril IDModal).
Caso os valores definidos para alarme sejam ultrapassados, este programa copia os quatro
registos originais *.dat, referentes àquela hora, para directorias associadas ao tipo de alarme
activado. É de referir que, para o caso concreto da barragem do Cabril, definiram-se três níveis
diferentes de alarme, pelo que foram igualmente criadas três directorias, designadas por
ALARME_1 (50 mG), ALARME_2 (10 mG), e ALARME_3 (5 mG). A estrutura referente ao
algoritmo da aplicação Cabril Alarme é apresentada no Fluxograma 4.3.
204
Fluxograma 4.3 – Algoritmo do programa Cabril Alarme.
[email protected]
Leitura dos 4 ficheiros gerados com o
[email protected] Ficheiros gerados com o
programa Cabril PRE, que contêm os
[email protected] programa Cabril PRE
valores máximos de aceleração
[email protected]
[email protected]
[email protected]
Não necessita de efectuar qualquer [email protected]
operação! [email protected]
Durante a ocorrência de um sismo intenso, a grande maioria dos canais de medida poderá
saturar, isto é, o campo de medida definido poderá não ser suficiente para registar valores de
aceleração muito elevados. Nestas circunstâncias, possivelmente, apenas os canais referentes aos
acelerómetros triaxiais terão capacidade para registar os valores de acelerações envolvidos, uma
vez que têm uma configuração diferenciada dos demais, precisamente para garantir que se
consegue medir a diferença entre os valores de aceleração medidos junto do maciço rochoso e na
zona, onde potencialmente ocorrerão os valores máximos de aceleração no corpo da obra, isto é,
na consola central ao nível da galeria do coroamento. A relação que se estabelece entre estes
valores é conhecida como a amplificação dinâmica das ondas sísmicas na estrutura da obra.
Ao guardarem-se os ficheiros originais, associados a este tipo de eventos, garante-se a
possibilidade de efectuar todas as análises que se entender suficientes e adequadas, a partir da
informação em bruto, antes de qualquer tipo de pré-processamento. Este tipo de informação é
importante para a verificação da fiabilidade dos modelos de comportamento utilizados nas usuais
actividades de controlo de segurança destas obras, que envolvem a previsão do seu
comportamento em relação às acções sísmicas (Câmara, 1999), bem como para a verificação
205
validade das acções sísmicas prescritas nos regulamentos da especialidade, aplicado em Portugal
(RSA e EC8).
17
1 2 3 4 5 6 7 8 9
18 10 11 12 13 14 15 16
19
Figura 4.18 – Alçado da barragem com a numeração dos vários acelerómetros e sua localização em obra.
206
Assim, para o caso da barragem do Cabril, adoptaram-se procedimentos que têm como
objectivo identificar as primeiras cinco frequências naturais da estrutura. Esta opção foi tomada
tendo em conta a experiência obtida em anteriores processos de identificação modal estocástica,
em que foi possível identificá-las claramente, e no facto de estas serem suficientes para uma
adequada caracterização do comportamento dinâmico desta obra.
Uma vez identificadas automaticamente as frequências naturais de interesse e as
respectivas configurações modais, o programa Cabril IDModal Automática procede ao ajuste de
um espectro analítico aos pontos correspondentes ao espectro identificado do primeiro valor
singular, entre 2 Hz e 6 Hz (ver Figura 4.19), utilizando um método de regressão não linear
múltipla com ajuste de mínimos quadrados, baseado na utilização da expressão
A1 AN
F (ω) = +…+ (2.126)
(ω - ω ) + (2 ω ω ξ )
2
1
2 2
1 1
2
(ω 2
N -ω ) + (2 ω ω
2 2
N ξN )
2
na qual ωN, corresponde aos valores identificados automaticamente para as frequências naturais,
enquanto AN e ξN são determinados pelo método de regressão referido, sendo ω a variável da
função. Este ajuste permite obter uma estimativa dos coeficientes de amortecimento modal, ξN.
Figura 4.19 – Ajuste de um espectro analítico aos valores estimados para um espectro do 1º valor singular.
207
Fluxograma 4.4 – Algoritmo do programa Cabril Análise.
[email protected] [email protected]
Método FDD
Ainda no programa Cabril IDModal Automática, para cada hora analisada guardam-se,
num ficheiro em formato binário, os dados mais relevantes sobre a evolução do comportamento
dinâmico da obra (frequências naturais, modos de vibração, amortecimentos modais e valores
máximos de aceleração nos vários canais de medida) ao longo do tempo. Estes ficheiros em
formato binário constituem uma verdadeira base de dados, em formato compactado, sobre a
evolução do comportamento dinâmico desta obra. São criados ficheiros mensais que contêm por
208
cada linha uma determinada hora do mês, assim para um mês de 31 dias contêm 744 linhas de
dados, e em cada uma dessas linhas encontram-se arrumados 1132 valores (colunas) de interesse
para o acompanhamento do comportamento dinâmico da obra. Estes 1132 valores encontram-se
arrumados como se mostra na Tabela 4.1:
Tabela 4.1 – Discriminação dos valores que ocupam as 1132 posições referentes a cada hora.
Espectros
Parâmetros
Nível da Condições Potência Acel. Freq. do 1º e 2º
Data Modos do E. A.:
albufeira ambientais grupos máximas naturais valores
Ampl. e ξ
singulares
1-4 5 6-8 9 10 - 34 35 - 40 41 - 136 137 - 1112 1128 – 1132
Os ficheiros que contêm esta informação, constituem, como já se referiu uma base de
dados que será acedida por uma aplicação informática para apoio à visualização gráfica que se
irá descrever posteriormente.
209
16 canais de medida, com uma frequência de amostragem de 50 Hz, obtida por decimação, a
partir dos registos adquiridos a 1000 Hz), para além de informação associada a eventos especiais.
33
FTP – é uma sigla muito conhecida ao nível das tecnologias da informação, que representa a abreviatura de File
Transfer Protocol (em português: protocolo de transferência de arquivos), e é uma forma bastante rápida e versátil
de transferir arquivos (também conhecidos como ficheiros), sendo uma das mais usadas através da internet.
210
Fluxograma 4.5 – Algoritmo do programa Cabril GEST.
[email protected]
Elimina ficheiros do tipo *txt, criados [email protected]
pelo programa Cabril PRE [email protected]
[email protected]
[email protected]
Elimina ficheiros do tipo *bin, [email protected]
criados pelo programa Cabril PRE [email protected]
[email protected]
[email protected]
Elimina ficheiros do tipo *dat,
[email protected]
criados pelo programa Cabril
[email protected]
AQUIS, há 3 dias e 1 hora atrás
[email protected]
Porém, é ainda necessário proporcionar, aos responsáveis pela segurança estrutural destas
obras, ferramentas que permitam facilmente manusear, explorar e analisar esses dados, de acordo
com os critérios utilizados na sua arrumação, bem como prepará-los para se poderem estabelecer
comparações com previsões de modelos matemáticos e análises que se julguem pertinentes
usando algoritmos em que se confia.
Neste sentido, apresenta-se nesta secção um conjunto de ferramentas computacionais,
desenvolvidas com o intuito de facilitar o manuseamento e a exploração da informação contida
nas bases de dados entretanto criadas com o sistema.
212
Este programa foi desenvolvido com o objectivo de proporcionar uma ferramenta que
permita assegurar o controlo da segurança da obra em tempo real, estando disponível para ser
utilizado pelos técnicos da EDP residentes na obra.
A utilização deste programa baseia-se na escolha de uma hora para analisar, para a qual se
mostra a representação gráfica do registo de aceleração correspondente e o respectivo espectro
de potência, tal como se mostra na Figura 4.21, seleccionando a opção Análise espectral.
Contudo é possível analisar apenas segmentos dos registos de aceleração relativos a qualquer
hora, recorrendo aos menus Análise espectral 2 e 3, enquanto na opção Séries temporais é
possível comparar registos de aceleração medidos em diferentes canais de medida e para
diferentes horas.
213
O programa Cabril IDModal, cuja interface (desenvolvida em Labview) se apresenta na
Figura 4.22, tem implementados os métodos de identificação modal estocástica no domínio da
frequência BFD, FDD, RD-BFD e RD-FDD (descritos no capítulo 2). Na plataforma em
Labview explora-se as potencialidades de visualização gráfica e a possibilidade de o utilizador
seleccionar alguns parâmetros a considerar na análise, enquanto na plataforma desenvolvida em
Fortran 90 se aproveita as suas potencialidades de rapidez em cálculo científico.
214
Fluxograma 4.6 – Algoritmo do programa Cabril IDModal.
215
Na interface gráfica em Labview, indicam-se, numa primeira fase, os parâmetros a
considerar na identificação modal, os quais são colocados num ficheiro de dados que
posteriormente é acedido pela rotina desenvolvida em Fortran 90, na qual se encontram
implementados os vários métodos de identificação modal anteriormente referidos. Após o
cálculo, é criado um conjunto de ficheiros, com os resultados obtidos, que posteriormente são
acedidos pela plataforma em LabView, na qual se mostram representações gráficas adequadas
para a sua interpretação e análise, designadamente sob a forma de auto-espectros, espectros
cruzados, funções de coerência, funções de transferência entre canais de medida, espectros de
valores singulares e representações tridimensionais das configurações modais.
216
Na Figura 4.23, é possível ver na janela denominada “Densidade espectral”, um espectro de dois
valores singulares entre 0 Hz e 6 Hz, bem como os valores das frequências naturais identificadas
automaticamente, a partir desse espectro, para uma determinada hora. Na Figura 4.24,
esquematiza-se uma sequência de vários espectros correspondentes ao 1º valor singular, que no
programa se encontram acessíveis mediante um clique para percorrer os espectros de hora a hora.
((m/s²)/Hz)
((m/s²)/Hz)
Amplitude
Amplitude
((m/s²)/Hz)
((m/s²)/Hz)
Amplitude
Amplitude
01/02/2009 01/02/2009
09:00 12:00
f (Hz) f (Hz)
((m/s²)/Hz)
((m/s²)/Hz)
Amplitude
Amplitude
01/02/2009 01/02/2009
08:00 11:00
f (Hz) f (Hz)
((m/s²)/Hz)
((m/s²)/Hz)
Amplitude
Amplitude
01/02/2009 01/02/2009
07:00 10:00
f (Hz) f (Hz)
01/02/2009 01/02/2009
0 06:00 0 09:00
f (Hz) f (Hz)
217
Figura 4.25 – Representação animada da 1ª configuração modal com o programa Cabril RES (a animação é
fundamental no caso dos denominados modos complexos, em que não há nodos).
218
Figura 4.26 – Representação do ajuste de um espectro analítico com o programa Cabril RES.
Uma das representações gráficas com maior interesse neste programa encontra-se na opção
designada por “Evolução das frequências naturais no tempo”, na qual é possível ver a evolução
das frequências naturais ao longo de um determinado período de tempo e correlacionar com a
variação do nível da albufeira. Este período é escolhido no menu do lado esquerdo, na zona
identificada por “Evolução ao longo do tempo”, onde existem dois controlos temporais, um
designado por “Início” e o outro por “Fim”, nos quais é possível escolher respectivamente o
início e o fim do referido período de tempo. A arrumação dos dados, tal como se mostra na
Figura 4.27, é efectuada recorrendo a uma rotina desenvolvida em Fortran 90, que é accionada
após a selecção do período de análise.
219
Figura 4.27 – Interface do programa Cabril RES, em que se mostra a evolução das frequências naturais ao longo do
tempo e sua correlação com o desenvolvimento do nível da albufeira, também ao longo do tempo.
220
Fluxograma 4.7 – Algoritmo do programa Cabril RES.
Iniciar programa
Possibilidade de visualizar a
evolução das frequências naturais ao Para cada hora mostra:
longo do período considerado, bem Espectros de dois valores singulares;
como, nível da albufeira, temperatura frequências naturais;
do ar, humidade, velocidade do vento configurações modais;
e acelerações máximas verificadas amortecimentos modais.
em cada canal de medida
221
data e uma outra determinada tendo em conta condições idênticas, designadamente a cota da
água.
Figura 4.28 – Interface do programa Cabril COMPARA, em que se comparam resultados numéricos com
experimentais.
Actualmente, está a ser empreendido pela EDP, em Portugal, um programa que visa a
modernização, remodelação e ampliação da produção de energia hidroeléctrica. Em algumas
obras substituem-se os antigos grupos de produção de energia por novos, os quais são dotados de
uma maior eficiência, isto é, necessitam de um caudal turbinado menor para produzir mais
energia, enquanto noutras obras acrescentam-se grupos de produção de energia aos existentes,
para assim aumentar a capacidade de produção de energia hidroeléctrica (a potência instalada).
Atendendo que os grupos de produção de energia são a principal fonte de excitação
dinâmica destas obras (em condições normais), é de todo o interesse caracterizar a resposta
dinâmica destas obras, antes e após este tipo de intervenções.
A instalação do sistema de observação do comportamento dinâmico em contínuo, que se
apresenta nesta secção, coincidiu precisamente, com a substituição dos grupos de produção de
energia existentes na barragem do Cabril, tendo ainda sido possível obter alguma informação
experimental relativa ao funcionamento de um grupo antigo, antes da sua substituição. Na Figura
4.29, apresentam-se fotografias em que se mostra algumas fases relativas à substituição dos
grupos de produção de energia, existentes na barragem do Cabril.
222
a) b) c)
Figura 4.29 – Fotografias referentes à fase de remodelação dos grupos da central da barragem do Cabril: a) início da
desmontagem do grupo 2; b) remodelação do grupo 2; c) novo grupo 2.
223
matriz das funções de DEP, para cada hora, assim como os valores das primeiras cinco
frequências naturais e respectivos modos de vibração identificados automaticamente, para além
de um conjunto de outra informação, descrita na secção 4.3.3.
Foi igualmente apresentado um conjunto de outras ferramentas computacionais,
desenvolvidas para a exploração da informação contida nas bases de dados anteriormente
referidas, salientando-se a perspectiva final que visa o estabelecimento de comparações entre os
resultados observados com resultados calculados numericamente, para condições idênticas às
verificadas durante a observação, designadamente atendendo ao nível da albufeira.
Finalmente referiu-se a utilidade do sistema de observação do comportamento dinâmico
em contínuo instalado na barragem do Cabril e das ferramentas computacionais associadas, no
apoio às actividades de remodelação dos grupos de produção de energia, bem como nas usuais
actividades de exploração da obra, por dos técnicos da EDP.
224
5
5 MONITORIZAÇÃO E ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
DINÂMICO DA BARRAGEM DO CABRIL
226
comportamento elástico linear. Nesta abordagem preliminar salienta-se o interesse da utilização
integrada de resultados experimentais e numéricos. São elaboradas linhas de influência
representativas da variação das frequências naturais em função do nível da albufeira e salienta-se
a identificação de uma configuração modal associada à fissuração da obra. Ainda nesta
abordagem, mostra-se a importância de caracterizar o comportamento dinâmico da torre das
tomadas de água para interpretar os resultados observados nas galerias do corpo da obra.
É igualmente apresentado um estudo numérico, recorrendo a modelos numéricos de
elementos finitos e discretos (MEF e MED), com o objectivo de analisar o efeito das juntas de
contracção verticais, comparando os resultados numéricos com resultados experimentais obtidos
nos referidos ensaios de vibrações.
Finalmente, apresentam-se os primeiros resultados experimentais obtidos com o sistema de
monitorização do comportamento dinâmico em contínuo, relativamente aos quais se evidencia os
níveis de vibração com e sem os grupos de produção de energia em funcionamento, a
identificação das frequências naturais das torres das tomadas de água, o apoio prestado aos
técnicos do dono de obra, na fase de renovação dos grupos de produção de energia, a detecção de
eventos especiais associados à exploração do aproveitamento hidroeléctrico e finalmente a
apresentação de resultados em que se mostra a sua variação ao longo do tempo, em função do
nível da albufeira.
Apresentam-se resultados da observação em contínuo do comportamento dinâmico da obra
obtidos com o sistema de monitorização desenvolvido (Capítulo 4), destacando-se o interesse da
utilização de metodologias de identificação modal automática e a aplicação de modelos de
separação de efeitos para apoio à interpretação da evolução das frequências naturais identificadas
ao longo do tempo. Analisa-se a importância relativa do nível da albufeira e dos efeitos da onda
térmica anual e do tempo. Por fim comparam-se os resultados da identificação modal obtidos
com o método FDD (automatizado) com os do método SSI-COV.
A barragem do Cabril foi construída no rio Zêzere entre Setembro de 1952 e Dezembro de
1953, com base em projecto apoiado por estudos em modelo físico (Xerez, 1954; Rocha, et al.,
1956). O primeiro enchimento iniciou-se no princípio de 1954 e decorreu durante cerca de dois
anos. Trata-se de uma barragem constituída por uma grande abóbada de dupla curvatura que se
encontra fundada num maciço granítico (ver Figura 5.1).
227
Figura 5.1 – Barragem do Cabril.
Esta barragem apresenta uma geometria em planta aproximadamente simétrica (ver Figura
5.2) e tem a particularidade de apresentar uma zona de maior espessura ao nível do coroamento.
Trata-se de uma barragem de arcos circulares, com 132 m de altura máxima acima da fundação e
com um desenvolvimento no coroamento entre encontros de 290 m. O perfil central tem uma
espessura na base de 20,2 m, junto ao soco e uma espessura mínima de 4,5 m à cota 290 m na
concordância com a zona do coroamento, elevação a partir da qual a largura aumenta
linearmente até 8,3 m na cota máxima (297 m) como se pode ver na Figura 5.2.
210
210
250
290 0 20 40 m 250
290
(m)
IID ID A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V IE IIE 297
290
270
250
230
210
190
170
Figura 5.2 – Barragem do Cabril. Planta, alçado desenvolvido e corte pela consola central.
228
Logo na fase inicial de exploração foi detectada nesta obra uma significativa fissuração
horizontal no paramento de jusante (essencialmente segundo as juntas de betonagem), numa
faixa situada entre os 10 m e os 20 m abaixo do coroamento. Em 1981, depois de analisado o
comportamento estrutural, de investigações complementares na fundação, de ensaios de
materiais e de simulação em modelos físicos e numéricos para determinar as causas da
fissuração, foi decidido efectuar trabalhos de reparação (WGPNCOLD, 1985). Os referidos
trabalhos consistiram no tratamento da fundação, na injecção das juntas de contracção e no
tratamento das fendas com injecções de resina após a caracterização das respectivas aberturas e
profundidades. Com o reenchimento da albufeira verificou-se que voltaram a ocorrer fissuras na
mesma zona. Na Figura 5.3 a) apresenta-se o levantamento da fissuração efectuado em 1996,
enquanto na Figura 5.3 b) mostra-se a deformada da consola central, para uma situação de
albufeira cheia, em que se comparam resultados numéricos e resultados da observação após
análise com um modelo de separação de efeitos, também denominado modelo de interpretação
quantitativa (Oliveira, 2000).
(m)
297 IID ID A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V IE IIE
290
270
250
230
Fissuras
210 Microfissuras
190
170
a)
297 Modelo viscoelástico
linear
280
Modelo viscoelástico
com dano
260
240
m
Observações. Modelo
220
de Int. Quantitativa
200
180
Deslocamento para Jusante
171
0 -10 -20 -30 -40 -50 -60 mm
b)
Figura 5.3 – Barragem do Cabril: a) levantamento da fissuração no paramento de jusante efectuado em 1996,
adaptado de (Florentino, et al., 2003); b) análise dos deslocamentos no topo da consola central, adaptado de
(Oliveira, 2000).
A deformada que se apresenta na Figura 5.3 b), evidencia a importância que a fissuração
tem no comportamento estrutural da obra – a simulação da resposta da obra requer a utilização
de modelos que permitam simular a evolução da fissuração ao longo do tempo, tendo-se
229
utilizado, neste caso, um modelo constitutivo de dano isotrópico com duas variáveis de dano
independentes, uma para a tracção e outra para a compressão (Oliveira, 2000).
Embora se tenham realizado no LNEC diversos estudos para caracterizar a fissuração e o
seu efeito sobre o comportamento estrutural da barragem (Oliveira, 2000; Florentino, et al.,
2003), considera-se importante continuar a analisar o comportamento da obra efectuando novos
estudos que permitam complementar os resultados anteriores. Nomeadamente, considera-se que
seria de todo o interesse efectuar estudos que permitam avaliar a influência da fissuração na
resposta dinâmica da obra. Para tal foram realizados diversos ensaios de vibração ambiental e
forçada, cujos resultados, em conjunto com resultados de modelos numéricos para apoio à
interpretação do comportamento, permitem avaliar a influência da fissuração na resposta
dinâmica da obra, tal como se apresenta seguidamente.
230
pressões hidrodinâmicas. Quanto ao corpo da barragem, considerou-se a hipótese de
continuidade (modelo sem juntas) e, para o betão, admitiu-se a hipótese de isotropia e
comportamento elástico linear, com módulo de elasticidade E = 32,5 GPa34, coeficiente de
Poisson ν = 0,2, e peso específico γ = 24 kNm-3. Quanto ao amortecimento optou-se pela
hipótese clássica de efectuar o cálculo dos modos de vibração considerando amortecimento nulo
– com esta hipótese o amortecimento é posteriormente introduzido através dos denominados
coeficientes de amortecimento modais (análise dinâmica em coordenadas modais), os quais
podem ser calculados com base na hipótese de amortecimento de Rayleigh, em que a matriz de
amortecimento se considera proporcional às matrizes de rigidez e de massas (consistente, neste
caso) ou definidos independentemente para cada modo.
Quanto à modelação do maciço rochoso da fundação considerou-se, por simplificação, que
este apresenta características mecânicas idênticas às do corpo da barragem; admitiu-se ainda a
hipótese massa nula na fundação, o que corresponde a desprezar a resposta dinâmica da
fundação, ou seja, corresponde a considerar a barragem elasticamente apoiada.
Betão:
E = 32,5 GPa;ν = 0,2.; γ = 24 kN/m3
Figura 5.4 – Barragem do Cabril. Malha de elementos finitos de um modelo contínuo (sem juntas) e homogéneo.
34
O valor do módulo de elasticidade dinâmico é usualmente considerado como sendo 50 % superior ao valor
determinado com base nos usuais ensaios de deformabilidade, o que, em geral, corresponde aos resultados
determinados através de ensaios de ultra-sons.
231
central. A quarta configuração modal volta a ser anti-simétrica, mas com três nodos, um na zona
central e os outros dois entre o centro e as extremidades, mas com maior proximidade ao centro.
Modo 1 Modo 2
Albufeira vazia: 2,675 Hz Albufeira vazia: 2,898 Hz
Albufeira Cheia: 2,112Hz Albufeira Cheia: 2,266Hz
Modo 3 Modo 4
Albufeira vazia: 3,914 Hz Albufeira vazia: 4,167 Hz
Albufeira Cheia: 3,180 Hz Albufeira Cheia: 3,452 Hz
Figura 5.5 – Primeiras quatro configurações modais determinadas com o modelo numérico preliminar (malha larga,
sem considerar o efeito da fissuração e das juntas).
232
5.3.2.1 Ensaios de vibração ambiental
(m) R L
297
290
270
250
230
210
Sensor
190
170
Figura 5.6 – Posicionamento dos sensores no ensaio de vibração ambiental de 20 de Fevereiro de 2002.
35
Os primeiros ensaios de vibração ambiental que se realizaram na barragem do Cabril foram solicitados pela EDP,
para averiguar a razão pela qual ocorriam fenómenos de ressonância associados à torre das tomadas de água, para
determinadas cotas da água na albufeira perante determinados níveis de excitação dos grupos de produção de
energia.
233
A colocação dos 3 sensores na galeria à cota 274,5 m teve como objectivo avaliar a
importância estrutural da fissuração existente numa zona entre as duas galerias instrumentadas
(Oliveira, et al., 2003).
Os acelerómetros utilizados (ES-U) foram configurados para uma sensibilidade de
2,5 Volt/g. Quanto ao ganho nos condicionadores de sinal, adoptaram-se valores diferentes para
as duas situações referidas, 200 com os grupos a funcionar e 1000 com os grupos desligados.
Considerando as características da placa de aquisição de dados (resolução de 16 bits e entrada de
±10 Volts) as configurações adoptadas para o equipamento, correspondem a capacidades de
discretização de valores mínimos de aceleração de, respectivamente, 0,610 µg e 0,122 µg. Em
ambos os casos os registos de aceleração foram adquiridos com uma frequência de amostragem
de 200 Hz, tendo sido recolhidas séries temporais com um comprimento superior a 30 minutos.
Na primeira situação (grupos em funcionamento), mediram-se acelerações máximas da
ordem de 2 mg (ver registo apresentado na Figura 5.7) e com os grupos desligados (apenas
excitação ambiente, essencialmente devida à acção do vento) mediram-se acelerações máximas
da ordem de 50 mg (ver registo apresentado na Figura 5.8).
Na Figura 5.7 apresenta-se um registo de acelerações no ponto superior da consola central
que foi obtido num período no qual os grupos funcionaram em dois níveis de potência
(aceleração máxima da ordem de 2 mg) e, em seguida, foram desligados. Com se pode constatar,
quando os grupos são desligados a amplitude da aceleração decresce cerca de 40 vezes, para
valores da ordem de 0,05 mg (50 µg), com se mostra na Figura 5.8.
Antes da identificação modal dos resultados, os registos de aceleração foram
préprocessados através das seguintes operações: remoção de média; filtragem passa-baixo com
um filtro de tipo Butterworth de ordem 8 e frequência de corte a 5 Hz; decimação de 200 Hz para
50 Hz.
2
Aceleração (mg)
-1
-2
-3
0 500 1000 1500 2000 2500
t (s)
Figura 5.7 – Registo de acelerações obtido no topo da consola central (cota 293,5 m) no ensaio de vibração
ambiental de 20 de Fevereiro de 2002 (nível da albufeira 267,0 m), com os grupos em funcionamento, em dois
níveis de potência, e com os grupos desligados.
234
0.3
0.2
Aceleração (mg)
0.1
-0.1
-0.2
-0.3
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 2000
t (s)
Figura 5.8 – Registo de acelerações obtido na galeria do coroamento (cota 293,5 m) na consola central no ensaio de
vibração ambiental de 20 de Fevereiro de 2002, com os grupos desligados (valores de aceleração máximos da ordem
de 50 µg).
235
Grupos em funcionamento
0.07
Densidade Espectral de Potência
0.06
4.25
0.05
[(m/s2)2/Hz]
0.04
3.88
0.03
2.71
0.02 2.65
0.01
Grupos desligados
-5
x 10
4.5
Densidade Espectral de Potência
4
2.63
3.5
[(m/s2)2/Hz]
3
2.71
2.5 3.87
2 4.1
1.5
0.5
Figura 5.9 – Espectros de valores singulares da matriz das DEP da resposta em aceleração, obtidos para os ensaios
de vibração ambiental de Fevereiro de 2002 (nível da albufeira à cota 267,0 m), com os grupos em funcionamento e
com os grupos desligados.
Quanto ao caso do 4º pico que se assinala em cada um dos espectros anteriores veremos
em seguida que a correspondente configuração modal que foi identificada é bem distinta da
configuração do 4º modo calculado numericamente (ver Figura 5.5) com o modelo preliminar.
Mais à frente (ponto 5.4.1) mostra-se que se trata de um modo cuja configuração é claramente
influenciada pela existência da extensa fissuração horizontal na zona superior da obra; a
identificação deste modo permite, portanto, confirmar a importância estrutural da referida
fissuração.
Relativamente ao espectro obtido para a situação de grupos em funcionamento é impor-
tante referir que o pico menos amortecido que ocorre aproximadamente à frequência 3,57 Hz não
é um pico correspondente a um modo estrutural como indica o seu baixo amortecimento. De
facto trata-se de um pico que corresponde à frequência de rotação dos grupos de produção de
236
energia (estes devem rodar sempre com a mesma frequência pois, independentemente da
potência requisitada pela rede eléctrica, a frequência de 50 Hz na rede deve ser sempre constante
o que consegue com uma frequência de rotação dos grupos de 50/14 ≈ 3,57 Hz, devido aos 14
pólos da máquina rotativa).
A detecção deste pico espectral pouco amortecido na frequência de 3,57 Hz mostra a boa
precisão em frequência que é conseguida com a utilização de janelas temporais com um
comprimento de 81,92 s (∆f = 1/81,92 = 0,0122 Hz).
Relativamente ao espectro obtido para a situação de grupos desligados é de assinalar a
existência de dois picos, nas frequências 0,9 Hz e 1,1 Hz, que não coincidem com nenhuma das
frequências naturais de vibração da barragem. Numa primeira fase da análise dos anteriores
resultados espectrais, a origem destes picos levantou algumas dúvidas, contudo, o estudo
numérico e experimental do comportamento dinâmico da torre das tomadas de água (Mendes, et
al., 2009; Espada, 2009) permitiu associá-los a modos de vibração da torre das tomadas de água
da barragem, como mais à frente se verá (secção 5.4.2).
237
0,6
0,4
1º modo
0,2
Amplirude
-0,2
-0,4
f = 2,65 Hz
-0,6
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s)
0,6
0,4 2º modo
0,2
Amplirude
-0,2
-0,4
f = 2,71 Hz
-0,6
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s)
0,3
0,2 3º modo
0,1
Amplirude
-0,1
-0,2
f = 3,88 Hz
-0,3
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s)
0,5
0,4
0,3 4º modo
0,2
Amplirude
0,1
0
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
-0,5
f = 4,25 Hz
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s)
Figura 5.10 – Espectro dos valores singulares da matriz das DEP da resposta em aceleração, obtido para o ensaio de
vibração ambiental de Fevereiro de 2002, com os grupos em funcionamento.
238
registadas com o sistema de monitorização dinâmica em contínuo que já está actualmente
instalado na barragem (ver capítulo 4 e secções 5.5, 5.6 e 5.7).
Quanto às configurações modais identificadas, as quais se representam, em planta, para os
instantes assinalados nos gráficos temporais, verifica-se que, para o caso dos três primeiros
modos identificados, existe uma notória semelhança com as configurações modais determinadas
numericamente com o modelo preliminar, contínuo e homogéneo. Contudo, para o caso do 4º
modo identificado verifica-se que se trata de uma configuração modal que não é captada
numericamente com o referido modelo preliminar. Como já foi referido, veremos mais à frente
que este 4º modo identificado em obra está associado à fissuração (secção 5.4.1).
239
0,5
0,4
0,3 1º modo
0,2
Amplirude
0,1
0
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4
-0,5 f = 2,63 Hz
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s)
0,5
0,4
0,3 2º modo
0,2
Amplirude
0,1
0
-0,1
-0,2
-0,3
-0,4 f = 2,71 Hz
-0,5
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s)
0,3
0,2 3º modo
0,1
Amplirude
-0,1
-0,2
f = 3,87 Hz
-0,3
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s)
0,4
0,3
4º modo
0,2
0,1
Amplirude
0
-0,1
-0,2
-0,3
f = 4,10 Hz
-0,4
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s)
Figura 5.11 – Espectro dos valores singulares da matriz das DEP da resposta em aceleração, obtido para o ensaio de
vibração ambiental de Fevereiro de 2002, com os grupos desligados.
240
modo identificado experimentalmente o movimento estrutural ocorre essencialmente nos pontos
situados acima da zona fissurada o que é visível sobretudo na zona central (na galeria sob a zona
fissurada foram apenas colocados três acelerómetros na zona central).
Figura 5.12 – Primeiras quatro configurações modais identificadas experimentalmente com o método FDD
na situação de grupos desligados (20 de Fevereiro de 2002; nível da albufeira 267,0 m).
241
(m) R L
297
290
270
250
230
- Sensor de referência
210 - Sensores na fase 1
- Sensores na fase 2
190
- Sensores na fase 3
170 - Sensores na fase 4
- Sensores na fase 5
Figura 5.13 – Posicionamento dos sensores nos ensaios de vibração ambiental de Maio e de Outubro de 2003.
242
3
2
Aceleração (mg)
-1
-2
-3
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800
t (s)
Figura 5.14 – Registo de acelerações obtido na galeria do coroamento (cota 293,5 m) na consola central no ensaio
de vibração ambiental de Maio de 2003 (grupos ligados, com diferentes potências).
Modo 2
3,5 Vibração forçada
2,5 Modo 1
2,0
Figura 5.15 – Linhas de variação das frequências naturais, em função do nível da albufeira. Comparação de
resultados experimentais e numéricos (modelo preliminar EF3D, sem juntas).
243
Como se pode verificar na figura, as linhas de influência (determinadas numericamente
com base no modelo numérico preliminar – sem juntas de contracção) representativas da
variação das três primeiras frequências naturais da barragem do Cabril em função do nível da
albufeira, mostram que, apenas para níveis de água acima da cota 260 m é que se nota um
significativo decréscimo das frequências naturais calculadas. A comparação das referidas linhas
de influência calculadas numericamente para a hipótese de modelo contínuo (sem juntas) com os
valores das frequências naturais identificadas em vários ensaios de vibração ambiental e forçada,
para diferentes níveis da albufeira, mostra uma boa concordância entre resultados numéricos e
experimentais, excepto para o caso dos resultados dos ensaios de vibração forçada. Em
particular, para o caso do ensaio de vibração forçada realizado em 1981 verifica-se que as duas
frequências naturais identificadas são claramente inferiores a todas as restantes e, naturalmente,
inferiores às previstas numericamente com o modelo sem juntas. Este resultado pode ser
explicado pelo facto de se verificar uma generalizada abertura das juntas de contracção para
níveis da albufeira baixos, o que provoca um decréscimo da rigidez global da obra que se pode
reflectir no decréscimo das frequências naturais. Este efeito não pode ser previsto com base em
cálculos lineares efectuados com modelos contínuos como é o caso do modelo preliminar até
agora utilizado. No ponto 5.4.3 mostra-se que este efeito pode ser simulado numericamente
recorrendo a um modelo de elementos discretos em que se considere a possibilidade de abertura
das juntas de contracção verticais (cálculo dinâmico não linear).
No ponto 5.3 analisaram-se alguns dos resultados obtidos em três ensaios de vibração
ambiental e em dois ensaios de vibração forçada que foram realizados na barragem do Cabril. Os
resultados dos ensaios foram comparados com os resultados de um modelo numérico simples
(modelo numérico preliminar). As diversas comparações entre resultados numéricos e
experimentais que foram efectuadas na secção anterior, permitiram concluir que o referido
modelo numérico preliminar era adequado para, numa primeira fase, apoiar os estudos de
interpretação dos diversos ensaios de vibrações que foram realizados.
Contudo, foram detectadas algumas discrepâncias entre os resultados observados e os
resultados do modelo preliminar as quais são investigadas numericamente na presente secção,
com base no refinamento do modelo preliminar e/ou com base no desenvolvimento de outros
modelos numéricos.
Assim, apresentam-se seguidamente três estudos (pontos 5.4.1, 5.4.2 e 5.4.3) que, com o
apoio de novos modelos numéricos, visam esclarecer algumas das referidas discrepâncias,
nomeadamente:
i) estudo da configuração do 4º modo identificado (associado à fissuração), com o apoio
de um modelo numérico em que a zona fissurada é representada de forma simplificada;
244
ii) estudo da possível interacção dinâmica entre a torre das tomadas de água e a barragem,
com o apoio de um modelo de elementos finitos 3D da torre;
iii) estudo do efeito das juntas de contracção sobre o comportamento dinâmico da
barragem, para diferentes níveis da albufeira, com o apoio de um modelo de elementos
discretos.
Betão:
E = 32,5 GPa;ν = 0,2.; γ = 24 kN/m3
Zona fissurada:
EZ = 3,25 GPa;
Figura 5.16 – Barragem do Cabril. Malha de elementos finitos de um modelo contínuo (sem juntas) considerando
na zona da fissuração uma maior deformabilidade na direcção vertical.
245
Ensaio de vibração ambiental
Resultado numérico com modelo simplificado
de 30 de Maio de 2003
Modo associado à fissuração (3,72 Hz) Modo associado à fissuração (3,90 Hz)
a) b)
Figura 5.17 – Configuração modal associada à fissuração: a) identificada experimentalmente a partir dos resultados
do ensaio de vibração ambiental de 30 de Maio de 2003 (Mendes, 2005); b) determinada com o modelo numérico
considerando o efeito da fissuração de uma forma simplificada.
A barragem do Cabril tem na sua proximidade uma estrutura auxiliar em betão armado,
com a mesma altura da barragem (132 m), à qual é usual atribuir a designação de torre das
tomadas de água (ver Figura 5.18). Trata-se de uma estrutura em pórtico que incorpora as duas
tomadas de água e a descarga de fundo da barragem, encontrando-se no seu topo, acima do nível
da água, os órgãos de manobra das comportas, com os quais se controla a entrada de água nas
tomadas de água e consequentemente o fornecimento de água aos grupos geradores de energia
(turbinas), tal como se mostra na Figura 5.18.
Como já se referiu anteriormente, através da análise e interpretação dos resultados
experimentais, obtidos com base em ensaios de vibração ambiental efectuados no corpo da
barragem, verificou-se que eram identificadas algumas frequências relevantes, que não tinham
correspondência com as conhecidas frequências naturais da obra, mas que poderiam
eventualmente estar correlacionadas com as desta estrutura auxiliar.
Com o objectivo de clarificar este problema, apresenta-se nesta secção um modelo 3D de
elementos finitos desenvolvido para analisar o comportamento dinâmico desta estrutura auxiliar
e analisam-se alguns resultados experimentais obtidos a partir de ensaios de vibração ambiental
efectuados na torre das tomadas de água.
246
a) b)
Figura 5.18 – Barragem do Cabril e torre da tomada de água: a) alçado de montante; b) corte pela consola central.
Assim, na Figura 5.19 mostra-se a ligação existente entre o topo da torre das tomadas de
água e o coroamento da barragem, sob a forma de uma ponte, e o modelo de elementos finitos
desenvolvido para ajudar a interpretar o comportamento dinâmico desta estrutura auxiliar.
Importa ainda salientar que esta estrutura auxiliar tem a mesma fundação que a barragem, tal
como se mostra na Figura 5.18.
Betão:
E = 34,0 GPa;
ν = 0,2.
a) b)
Figura 5.19 – Torre das tomadas de água: a) vista do encontro esquerdo; b) Malha de EF 3D.
247
Figura 5.20 – Ensaios de ultra-sons para determinar o módulo de elasticidade do betão da torre das tomadas de
água.
Figura 5.21 – Primeiros três modos de vibração do modelo da torre da tomada de água.
Foi igualmente realizado um ensaio de vibração ambiental no topo da torre das tomadas de
água para avaliar experimentalmente as primeiras frequências naturais desta estrutura. Neste
ensaio utilizou-se um sistema de medição de vibrações, com o qual apenas era possível utilizar
248
um canal de medição devido à indisponibilidade de cabos e fichas conectoras adequadas. O
sistema era constituído por:
• 1 sensor de aceleração uniaxial do tipo “force balance” (Marca: Kinemetrics;
Modelo: EpiSensor ES-U2) com uma sensibilidade de 10 Volt/g;
• um sistema de aquisição de dados da Kinemetrics, modelo Basalt, com 4 canais de
medida (com conversão analógica/digital a 24 bits);
• cabos para alimentação do acelerómetro e transmissão do respectivo sinal ao
sistema de aquisição;
• 1 computador portátil para a aquisição e armazenamento das medições, utilizando-
se neste processo o programa Rockhound;
2
1
0.2
Aceleração [mg]
0.1
0
1
-0.1
-0.2
0 100 200 300 400 500 600
t(s)
0.2
Aceleração [mg]
0.1
0 2
-0.1
-0.2
0 100 200 300 400 500 600
t(s)
Figura 5.23 – Registos de aceleração medidos nas direcções 1 (Margem Esquerda - Margem Direita) e 2
(Montante - Jusante) na torre da tomada de água.
249
A partir da análise dos registos de acelerações apresentados na Figura 5.23, obteve-se o
espectro médio apresentado na Figura 5.24.
NPSD[1,1] NPSD[2,2]
Densidade Espectral de Potência
0.1 0.1
0.08 0.08
[(m/s2)2/Hz]
0.06 0.06
0.04 0.04
0.02 0.02
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
f [Hz] f [Hz]
Figura 5.24 – Espectros obtidos a partir dos registos de aceleração medidos na torre da tomada de água.
5.4.3 Efeito das juntas de contracção. Modelação numérica com o MED (3DEC)
250
(Cundall, 1971), estando, por isso, vocacionado para a representação e simulação do
comportamento de superfícies de descontinuidade. Os modelos de elementos discretos permitem
efectuar a análise de conjuntos de blocos separados por superfícies de descontinuidade, que
podem ser diaclases num maciço rochoso, juntas de contracção ou fendas em barragens, ou
interfaces de ligação entre materiais distintos como é o caso da ligação betão-rocha.
Nos modelos do 3DEC o maciço rochoso pode ser discretizado em blocos rígidos ou
blocos deformáveis formados por elementos finitos tetraédricos, que se adequam bem à
discretização de uma forma poliédrica arbitrária. Contudo, no estudo de uma abóbada é essencial
a representação correcta dos modos de flexão, o que é obtido de modo muito mais eficiente com
elementos finitos hexaédricos, com funções de interpolação de deslocamentos quadráticas. Estes
elementos também estão disponíveis no programa 3DEC (Lemos, 1998) e foram utilizados no
presente estudo.
Na Figura 5.25 apresenta-se o modelo da barragem, onde se distinguem os blocos verticais
separados pelas juntas de contracção. Por questões de eficiência computacional considerou-se
apenas o modelo do corpo da barragem, rigidamente apoiada. Este modelo foi desenvolvido a
partir de uma malha original de elementos finitos hexaédricos (Lemos, 1998).
Fundação: rígida.
Figura 5.25 – Modelo 3DEC para estudo do efeito das juntas de contracção na resposta dinâmica da obra. Análise
para vários níveis da albufeira (cálculos dinâmicos não lineares).
251
uma matriz de rigidez de um elemento de junta diagonalizada, que se obtém por integração
numérica com base nos pontos nodais.
Na análise do modelo, o programa 3DEC recorre a um algoritmo passo a passo para a
solução de problemas estáticos e dinâmicos. Trata-se de um algoritmo explícito de integração no
tempo das equações do movimento dos pontos nodais dos elementos dos blocos, pelo método das
diferenças centrais. Deste modo, torna-se conveniente adoptar a hipótese de massas concentradas
nos pontos nodais.
Nos cálculos estáticos, a aplicação deste algoritmo de solução designa-se habitualmente
por relaxação dinâmica, e implica a introdução de um amortecimento viscoso elevado para forçar
a convergência para a solução estática. Para optimizar o processo controla-se o valor do
amortecimento por uma técnica adaptativa, e utilizam-se também massas escaladas (Itasca,
2003). Nos cálculos dinâmicos adopta-se a hipótese de amortecimento de Rayleigh, que pode ser
definido pela frequência e percentagem do amortecimento crítico no ponto correspondente ao
mínimo do diagrama amortecimento-frequência, podendo-se considerar apenas a componente
proporcional à massa ou a componente proporcional à rigidez.
Quanto à simulação da interacção hidrodinâmica é adoptada a hipótese de massas de água
associadas ao paramento de montante da barragem calculadas de acordo com a formulação de
Westergaard (sem qualquer factor correctivo).
5.4.3.1 Determinação das frequências naturais e modos de vibração de modelos com juntas
A avaliação das frequências naturais e dos modos de vibração, para vários níveis da
albufeira, baseou-se na determinação numérica de histórias de aceleração em 16 pontos nodais
situados na zona superior do modelo (cálculos dinâmicos no domínio do tempo, não lineares),
para forças impulsivas. A partir destas histórias de acelerações nos 16 pontos referidos,
identificam-se as frequências naturais e as configurações modais com base na aplicação de
técnicas de identificação modal. Neste caso foi utilizado o método da selecção de picos (BFD)
programado em MatLab (Mendes, et al., 2007), apresentando-se na Figura 5.26 o espectro médio
e as primeiras quatro configurações modais para a água à cota 288,7 m.
Quanto às referidas forças impulsivas que foram aplicadas para excitar o modelo é de
referir que foram aplicadas através de histórias de carga (do tipo impluso) em vários pontos
nodais escolhidos com o objectivo de excitar os principais modos de vibração, simétricos e anti-
simétricos. Quanto à intensidade, aplicaram-se impulsos de pequena intensidade de maneira a
não alterar significativamente o deslocamento normal nas juntas. Deste modo, embora o modelo
tenha comportamento não linear, os cálculos dinâmicos efectuados correspondem a uma pequena
perturbação em torno da solução estática obtida para cada uma das cotas de água analisadas.
Foram calculadas histórias de aceleração com a duração de 50 s, utilizando-se um passo de
cálculo muito pequeno (que depende das propriedades adoptadas e das características
geométricas do modelo), o que, na prática, implicou a obtenção de registos com uma elevada
252
frequência de amostragem, pelo que as séries de acelerações calculadas
alculadas foram posteriormente
filtradas para uma frequência de amostragem de 100 Hz. Finalmente, na identificação modal
utilizaram-se janelas com 4096 pontos (40,96 segundos) o que permitiu obter uma boa resolução
em frequência, ∆ff = 1/40,96 = 0,0244 Hz.
Hz
0.02
0.01
-0.01
-0.02
-0.03
0 5 10 15 20 25 30 35 40
-2
10
[(m/s2)2/Hz]
-4
10
-6
10
-8
10
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
f(Hz)
Figura 5.26 – Determinação de frequências naturais e modos de vibração de um modelo com juntas (3DEC –
comportamento dinâmico
nâmico não linear) através da utilização de métodos de identificação modal (BFD) para análise de
séries de acelerações calculadas numericamente. Barragem rigidamente apoiada,, considerando a água à cota
288,71 m (massas de água associadas).
253
Esta metodologia de cálculo das frequências naturais e modos de vibração de modelos não
lineares de elementos discretos é, como se pode constatar, de grande interesse para os estudos de
aplicação a sistemas barragem-fundação-albufeira, onde, muitas vezes, é importante recorrer a
modelos não-lineares para os quais as características modais apenas podem ser calculadas com
base no pós-processamento das séries temporais, com base em metodologias de identificação
modal como proposto.
5.4.3.2 Linha de influência da 1ª frequência natural em função do nível. Efeito das juntas de
contracção para situações de nível baixo
254
3,50
3,30
3,10
2,90
3DEC (modelo com juntas)
Frequência (Hz)
Figura 5.27 – Linhas de influência da frequência natural do 1º modo de vibração. Comparação de resultados
experimentais e numéricos obtidos com base em modelos com e sem juntas.
255
acelerómetros em obra e indicam-se os principais objectivos delineados para a sua utilização,
atendendo às diferentes configurações adoptadas.
1 2 3 4 5 6 7 8 9
10 11 12 13 14 15 16
17
18 19
Figura 5.28 – Acelerómetros que compõem o sistema de observação do comportamento dinâmico em contínuo
na barragem do Cabril.
256
ser analisadas no domínio da frequência estimando-se funções de densidade espectral de
potência (mostrando-se apenas os espectros entre 0 e 5 Hz), as quais foram avaliadas
considerando uma resolução em frequência de 0,0122 Hz, utilizando segmentos temporais com
4096 valores (81,92 s) sobrepostas a 66,7 % e utilizando janelas de Hanning para reduzir os
efeitos dos erros por escorregamento (leakage).
MD ME
1 2 3 4 5 6 7 8 9 280,37 m
10 11 12 13 14 15 16
Data: 08-03-2009
Hora: 16:00-17:00 UTC
Grupos
[g/Hz]
4º Modo
-9
3x10
4º Modo
Densidade Espectral
2º Modo 4º Modo
-9
2x10
1º Modo 1º Modo
3º Modo 2º Modo
1º Modo
-9
1x10
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
f [Hz] f [Hz] f [Hz]
[g/Hz]
Densidade Espectral
-9 2º Modo Grupos
2x10
Espectro médio
-9
6x10
-9
5x10
4.15 Hz
Densidade Espectral [g/Hz]
-9
4x10
-9
3x10
3.77 Hz
2.60 Hz
2.47 Hz
-9
2x10
Torre
(1º Modo)
-9
1x10
0 1.0 2.0 3.0 4.0 5.0
f [Hz]
Figura 5.29 – Análise espectral (DEP) dos registos obtidos em alguns dos 16 canais do sistema de observação
do comportamento dinâmico instalado na barragem do Cabril (08-03-2009 16:00-17:00) e espectro médio.
257
Nesta secção, analisa-se um conjunto de resultados preliminares, obtidos com este sistema,
correspondentes a um período de observação de cerca de 1 ano, com os quais se pretende mostrar
as principais potencialidades deste tipo de sistemas.
Neste sentido, apresentam-se em primeiro lugar alguns exemplos em que se mostram as
vibrações típicas que se mediram durante este primeiro período de exploração, as quais se
encontram essencialmente associadas a excitações do tipo ruído ambiente e ao funcionamento
dos grupos de produção de energia. São igualmente apresentados alguns exemplos em que se
evidencia a utilidade deste tipo de sistemas, nomeadamente no apoio prestado ao dono da obra,
durante as obras de renovação dos grupos de produção de energia, bem como, a detecção de
alguns eventos especiais durante este período.
Finalmente, apresentam-se e discutem-se os resultados que mostram a variação das
frequências naturais durante este primeiro período de exploração, os quais apenas se podem
correlacionar com a variação do nível da albufeira.
Figura 5.30 – Vibrações medidas no acelerómetro situado no topo da consola central com e sem os grupos em
funcionamento.
258
5.5.2 Detecção de frequências naturais da torre das tomadas de água
Figura 5.31 – Espectro dos dois primeiros valores singulares da matriz das DEP da resposta em aceleração medida
no corpo da barragem. Identificação dos picos correspondentes aos três primeiros modos de vibração da torre das
tomadas de água.
259
recorrendo a um volume menor de caudal de água turbinado, ao qual se encontrava igualmente
associado, como objectivo paralelo, a mitigação das vibrações induzidas à obra.
A validação deste objectivo paralelo, foi confirmada pelos resultados obtidos com o
sistema, apresentando-se na Figura 5.32, a variação das amplitudes máxima dos registos de
acelerações obtidos para cada hora, para o canal 6, localizado na galeria do coroamento na
consola MN, em que se comprova que a partir de 19 de Março (data da desactivação do grupo 1)
os valores máximos destas amplitudes diminuem claramente, confirmando-se assim o objectivo
estabelecido pelo dono de obra.
Figura 5.32 – Amplitudes máximas obtidas no acelerómetro 6 (galeria do coroamento, no bloco MN), em que se
mostra uma redução das amplitudes após a desactivação do grupo 1.
No período referente à renovação dos grupos, destaca-se um outro aspecto que mostra a
utilidade deste tipo de sistemas. Verificou-se através da análise de alguns espectros de valores
singulares, que quando o grupo novo entrou em funcionamento, o pico correspondente à
frequência da sua operação apresentava uma largura anómala, isto é, com os grupos antigos
obtinha-se um pico muito esbelto na frequência de 3,57 Hz (50 Hz/14) e agora um pico menos
esbelto, tal como se mostra na Figura 5.33, o que parecia indicar que a frequência de rotação dos
grupos não seria agora tão estável. Constatou-se posteriormente, com os técnicos responsáveis
260
pela instalação do novo grupo que existiram de facto algumas dificuldades em estabilizar a
frequência de rotação do novo grupo.
Figura 5.33 – Espectro de valores singulares da matriz DEP obtido na fase de testes do novo grupo 2, em que é
evidente uma largura anormal no pico correspondente à operação dos grupos, devido a dificuldades de
estabilização da sua frequência de rotação.
261
a)
b)
Figura 5.34 – Análise de um segmento de uma série temporal horária antes de uma perturbação.
Figura 5.35 – Análise de um segmento temporal correspondente a uma hora após o início da perturbação.
Atendendo que esta análise foi efectuada a partir do centro de análise no LNEC e sabendo
que o pico identificado corresponde à já caracterizada 1ª frequência natural da torre das tomadas
de água, estabeleceu-se contacto com os técnicos da EDP em obra e confirmou-se que havia sido
instalado na ponte que dá acesso à torre das tomadas de água um aspirador extractor de poeiras
(ver Figura 5.36), concluindo-se que a sua entrada em serviço ajudava a excitar o primeiro modo
de vibração da torre das tomadas de água.
a) b) c)
Figura 5.36 – a) Aspirador para extrair de poeiras sobre o passadiço que dá acesso à torre das tomadas de água;
b) vista inferior do passadiço; c) vistas inferior do encontro do passadiço no coroamento da barragem.
Importa ainda analisar a razão pela qual o pico começa com uma frequência de 0,40 Hz e
só estabiliza com uma frequência de 0,55 Hz, ao fim de cerca de uma hora. Sendo a hipótese
263
mais provável o facto de o passadiço se encontrar simplesmente apoiado no coroamento da
barragem, tal como se mostra na Figura 5.36 a) e b), levando esse tempo até mobilizar
completamente o atrito, entre a ponte e o cachorro de apoio no coroamento da barragem,
estabelecendo-se assim uma ligação com propriedades de rigidez mais elevadas, fazendo
aumentar o valor da frequência natural.
Na Figura 5.37 apresenta-se a análise de um segmento de uma série temporal
correspondente a uma situação em que o aspirador de poeiras e os grupos se encontravam em
funcionamento, em que é notória a importância do pico associado ao 1º modo de vibração da
torre das tomadas de água excitado pelo funcionamento do aspirador de poeiras.
264
Figura 5.38 – O pico na série temporal às 23:58 UTC (dia 17-07-2007) permite determinar a hora de ocorrência de
um acto de vandalismo na barragem (arremesso de uma grelha metálica sobre o paramento de jusante), a partir
do coroamento.
265
295
Nível da albufeira (m)
290
285
280
275
270
Nível albufeira
265
Nov-08 Dez-08 Jan-09 Fev-09 Mar-09 Abr-09 Mai-09 Jun-09 Jul-09 Ago-09 Set-09 Out-09 Nov-09
a)
4,5
4
Frequência (Hz)
3,5
2,5
2
Nov-08 Dez-08 Jan-09 Fev-09 Mar-09 Abr-09 Mai-09 Jun-09 Jul-09 Ago-09 Set-09 Out-09 Nov-09
b)
Figura 5.39 – Primeiros resultados da observação em contínuo: a) variação do nível da albufeira; b) variação das
quatro primeiras frequências naturais identificadas automaticamente ao longo do tempo.
266
2π t 2π t
f mod (h, t , t) = a 1 h 4 + a 2 h 3 + a 3 h 2 + a 4 h + b1 cos +b 2 sen + c
1t + k
365 365
Efeito do nível
da albufeira
Efeito do
tempo
Efeito da onda
térmica anual
em que os parâmetros a1, a2, a3, a4, b1, b2, c1, e k se determinam efectuando uma regressão linear
múltipla para obter o melhor ajuste (MMQ) aos resultados da identificação modal automática. Os
resultados do referido ajuste estatístico apresentam-se na Figura 5.40 para as frequências dos
quatro primeiros modos identificados.
267
APLICAÇÃO DE UM MODELO DE SEPARAÇÃO DE EFEITOS PARA INTERPRETAÇÃO DAS FREQUÊNCIAS NATURAIS
DOS QUATRO PRIMEIROS MODOS VIBRAÇÃO IDENTIFICADOS
2π t 2π t
f mod = a 1 h + a 2 h + a 3 h + a 4 h+b1 cos
4 3 2
+b 2 sen +c1 t+ k , com h = h nível - h ref
da da
295
Nível da albufeira (m)
290
285
280
275
270
Nível albufeira
265
Nov-08 Dez-08 Jan-09 Fev-09 Mar-09 Abr-09 Mai-09 Jun-09 Jul-09 Ago-09 Set-09 Out-09 Nov-09
a)
4,5
4
Frequência (Hz)
3,5
2,5
2
Nov-08 Dez-08 Jan-09 Fev-09 Mar-09 Abr-09 Mai-09 Jun-09 Jul-09 Ago-09 Set-09 Out-09 Nov-09
b)
Efeito do Termo
Efeito do nível Efeito térmico
tempo independente
a1 a2 a3 a4 b1 b2 c1 k
Modo 1 -0,0000197 0,0005074 -0,0044119 0,011191 -0,015082 0,008726 0,0001318 2,4928
Modo 2 0,0000043 -0,0001672 0,0024175 -0,022256 0,013828 -0,008237 0,0001355 2,7218
Modo 3 -0,0000239 0,0007642 -0,0082045 0,01622 -0,02577 0,01378 0,0003027 3,8456
Modo 4 -0,0000249 0,000823 -0,009536 0,039254 -0,032305 -0,063158 -0,0003534 4,2381
c)
Figura 5.40 – a) Variação do nível da albufeira; b) Resultados do ajuste de modelos estatísticos de separação de
efeitos aos valores das quatro primeiras frequências naturais identificadas automaticamente.
268
EFEITO DO NÍVEL NAS FREQUÊNCIAS NATURAIS
DOS QUATRO PRIMEIROS MODOS VIBRAÇÃO IDENTIFICADOS
a1 h + a 2 h + a 3 h + a 4 h
4 3 2
4,5
4
Frequência (Hz)
3,5
2,5
2
250 255 260 265 270 275 280 285 290 295
Modelo numérico
Figura 5.41 – Linhas de influência do nível da albufeira referentes às frequências naturais dos quatro primeiros
modos de vibração. Comparação dos resultados do modelo de separação de efeitos com resultados numéricos (MEF)
.
269
Em face do pequeno período em análise, estes resultados não podem ser tomados como
conclusivos, mas ilustram muito bem as potencialidades deste tipo de análises. Por exemplo, a
diminuição ao longo do tempo da frequência natural do 4º modo (associado à existência da já
referida fissuração horizontal na zona superior da obra) pode indiciar um aumento da fissuração -
a diminuição de rigidez (localizada) devida a uma eventual progressão da fissuração pode
originar frequências mais baixas associadas àquele modo de vibração.
2π t +b sen 2π t
b1 cos 2
365 365
Modo 1 Modo 2 Modo 3 Modo 4
0,1
Frequência (Hz)
0,05
0
-0,05
-0,1
Out-08 Dez-08 Fev-09 Mar-09 Mai-09 Jul-09 Ago-09 Out-09 Dez-09
a)
0,1
0,05
0
-0,05
-0,1
-0,15
Out-08 Dez-08 Fev-09 Mar-09 Mai-09 Jul-09 Ago-09 Out-09 Dez-09
b)
Figura 5.42 – Aplicação do modelo de separação de efeitos na interpretação das frequências naturais dos quatro
primeiros modos de vibração identificados: a) efeito onda térmica anual; b) efeito do tempo.
270
Figura 5.43 – Identificação da configuração do 1º modo de vibração (anti-simétrico). Representação de duas
imagens de uma sequência animada (Programa Cabril_RES) que mostra a não existência de um nodo na zona
central (modo “complexo”).
271
podem ser programados de maneira a não identificar pólos com amortecimentos inferiores a um
valor predefinido.
50
40
279,20 m
Ordem do modelo
30
20
10
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
50
40
274,80 m
Ordem do modelo
30
20
10
0
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5 5
f [Hz]
Figura 5.44 – Identificação modal com o método SSI-COV. Diagramas de estabilização correspondentes à análise
dos registos obtidos em 1 de Setembro de 2009 (10:00 – 11:00 UTC) e 8 de Outubro de 2009 (14:00 – 15:00 UTC).
272
0,004
1º Modo
0,002
Amplirude
-0,002
λ = -0,275 + 15,782 i
-0,004
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s)
f = 2,52 Hz ξ= 1,62 %
0,01
2º Modo
0,005
Amplirude
-0,005
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 λ = -0,166 + 16,557 i
0,004
3º Modo
0,002
Amplirude
-0,002
λ = -1,133 + 23,476 i
-0,004
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s) f = 3,77 Hz ξ= 4,71 %
0,006 4º Modo
0,004
0,002
Amplirude
-0,002
-0,004
λ = -0,447 + 27,046 i
-0,006
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s) f = 4,28 Hz ξ= 1,17 %
Figura 5.45 – Modos de vibração identificados com o método SSI-COV em 1 de Setembro de 2009 (10:00 – 11:00
UTC), com o nível da albufeira à cota 279,2 m. Representação no tempo da oscilação em três pontos do coroamento
e da configuração modal (em planta, ao nível do coroamento) para um dado instante (indicado na representação
temporal com uma linha vertical).
Como se pode observar trata-se de modos em que os máximos (positivos e/ou negativos)
da resposta oscilatória (modal) em cada ponto da obra não ocorrem simultaneamente (por esta
razão são modos que apenas podem ser correctamente visualizados através de animações ou
recorrendo a representações temporais como as adoptadas).
273
Este tipo de configurações modais (por vezes designadas como complexas) já foi
anteriormente identificado com o método FDD, como, por exemplo, se mostrou no ponto 5.3.2.2
para o caso do ensaio de vibração realizado em Fevereiro de 2002 com os grupos em
funcionamento. É, portanto, de salientar a coerência dos resultados obtidos em condições
semelhantes com os métodos FDD e SSI-COV.
Este tipo de resposta modal, em que os máximos nos diferentes pontos de medição não
estão em fase ou oposição de fase, é explicada teoricamente com modelos em que a distribuição
de amortecimento (matriz de amortecimento no caso de se adoptarem discretizações espaciais
em EF) não é proporcional à distribuição de massa e rigidez do conjunto barragem-fundação-
albufeira. Isto significa que para as condições de excitação verificadas na situação de grupos em
funcionamento (amplitudes de aceleração no corpo da obra cerca de 20 a 40 vezes superiores às
que ocorrem sob excitação ambiental) a resposta dinâmica da obra não poderá ser correctamente
simulada com base nos tradicionais modelos simplificados que se baseiam no cálculo de modos
de vibração para a hipótese de amortecimento nulo (neste tipo de cálculos determinam-se modos
com componentes reais e a resposta amortecida é calculada com base na introdução dos
denominados amortecimentos modais que podem ser calculados com base num modelo de
amortecimento proporcional de Rayleigh ou fornecidos independentemente para cada modo).
É importante verificar se estes resultados com identificação de modos complexos ocorrem
para diferentes níveis da albufeira e para outras condições de excitação, nomeadamente, para
situações em que se verifiquem maiores amplitudes de aceleração no corpo da obra – é de
recordar que os resultados obtidos para excitação ambiental (com amplitudes de resposta 20 a 40
vezes inferiores) conduzem à identificação de modos de vibração em que os máximos nos vários
pontos são simultâneos como se verificou para os modos de vibração 1, 2 e 4 para o caso do
ensaio de vibração ambiental de Fevereiro de 2002 com os grupos desligados, com nível da
albufeira à cota 267 m (ver Figura 5.11).
274
0,004 1º Modo
0,002
Amplirude
-0,002
λ = -0,177 + 16,109 i
-0,004
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s) f = 2,56 Hz ξ= 0,98 %
0,01
2º Modo
0,005
Amplirude
-0,005
λ = -0,094 + 16,874 i
-0,01
f = 2,69 Hz ξ= 0,76 %
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s)
0,006
3º Modo
0,004
0,002
Amplirude
-0,002
0,006
4º Modo
0,004
0,002
Amplirude
-0,002
-0,004
λ = -0,222 + 27,242 i
-0,006
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2 t (s) f = 4,33 Hz ξ= 0,80 %
Figura 5.46 – Modos de vibração identificados com o método SSI-COV em 8 de Outubro de 2009 (14:00 – 15:00
UTC), com o nível da albufeira à cota 274,8 m. Representação no tempo da oscilação em três pontos do coroamento
e da configuração modal (em planta, ao nível do coroamento) para um dado instante (indicado na representação
temporal com uma linha vertical).
275
actualmente instalado em obra. Os resultados dos referidos ensaios de vibração permitiram
concluir que:
i) a amplitude das acelerações na situação de grupos desligados é muito reduzida com
máximos da ordem de 50 µg; utilizando conversor analógico/digital de 16 bits, ou
mais, e circuitos de amplificação adequados é possível obter registos de aceleração
com uma boa relação sinal/ruído; com os grupos em funcionamento verificou-se a
amplitude das acelerações pode atingir valores da ordem de 2 mg;
ii) as metodologias de identificação modal aplicadas (no domínio da frequência) são
adequadas para avaliar os principais parâmetros modais que caracterizam o
comportamento dinâmico destas obras, o qual é influenciado de forma significativa
pelas variações do nível da albufeira;
iii) a fissuração horizontal na zona superior da obra influencia o seu comportamento
dinâmico global; o 4º modo de vibração identificado apresenta uma configuração
que é claramente influenciada pela existência da referida fissuração, como foi
confirmado através de simulação numérica;
iv) na análise dos registos de aceleração obtidos no corpo da obra surgem, para
determinadas condições de excitação, picos espectrais que correspondem às
primeiras frequências naturais da torre das tomada de água; para confirmar estes
resultados foram realizados ensaios de vibração ambiental na torre e elaborado um
modelo de elementos finitos 3D;
v) quando os grupos estão em funcionamento a análise espectral dos registos de
aceleração mostra importantes diferenças de comportamento relativamente de
grupos desligados, nomeadamente surge um pico espectral na frequência de
3,57 Hz (rotação dos grupos), pouco amortecido, e em face das amplitudes de
vibração serem muito superiores o conteúdo espectral é significativamente alterado;
vi) os principais modos identificados podem ser do tipo “complexo” sobretudo para
níveis de vibração mais elevados; foi salientado o interesse de confirmar estes
resultados para outras condições de excitação e para outros níveis da albufeira (a
ocorrência deste tipo de modos é um indicador de que o amortecimento do sistema
não é proporcional à distribuição de massa e rigidez);
vii) para situações de albufeira com nível muito baixo é notória redução global de
rigidez devida à generalizada abertura das juntas de contracção, o que se reflecte
numa perceptível diminuição das frequência naturais identificadas (ensaio de
vibração forçada realizado em 1981 durante as obras de reabilitação com a
albufeira vazia); este resultado foi confirmado numericamente com base num
modelo de elementos discretos (3DEC) que permite simular o efeito da abertura das
juntas, tendo-se igualmente mostrado que para as situações de exploração corrente
(níveis da albufeira acima da cota 260 m) é adequado utilizar modelos contínuos
(juntas de contracção fechadas).
276
Com base nos resultados anteriores constatou-se que era viável e de grande interesse para o
controlo da segurança da obra a instalação de um sistema para monitorização em contínuo do seu
comportamento dinâmico. Estes resultados contribuíram de forma determinante para a definição
da arquitectura do sistema, ao nível dos equipamentos e do software desenvolvido,
nomeadamente:
i) na opção por um sistema com conversor analógico/digital de 19 bits ao qual foi
necessário juntar um amplificador com um ganho de 16 para obter uma aceitável
relação sinal/ruído;
ii) na instalação de acelerómetros na galeria sob a zona fissurada para caracterizar
adequadamente a evolução da configuração do 4º modo de vibração correlacionado
com a fissuração existente na obra;
iii) na adopção de uma configuração especial para medir a resposta sísmica da obra (2
acelerómetros triaxiais na rocha e 1 no topo da consola central configurados para
medir acelerações até 1 g) diferenciada da adoptada para as condições normais de
exploração (medição de acelerações até 0,25 g), caracterizada por valores
relativamente baixos das amplitudes das vibrações, esperando-se que para a
actuação do sismo máximo de projecto ocorram acelerações máximas (na zona
superior da consola central) da ordem de 0,5 a 1 g;
iv) na adopção de uma frequência de amostragem de 1000 Hz para “varrer” uma gama
de frequências mais alargadas durante a ocorrência de um sismo e para distribuir o
ruído electrónico por maior gama de frequências;
v) no que respeita às aplicações informáticas de identificação modal automática, tendo
em conta as particularidades detectadas ao nível do conteúdo espectral e ao nível
das configurações modais (índices MAC) que foram detectadas para as situações de
grupos em funcionamento e desligados (picos da torre e dos grupos).
277
o efeito determinante das variações do nível da albufeira (neste período os efeitos
da onda térmica anual e os efeitos do tempo revelaram-se muito reduzidos);
iv) obter resultados relativos à evolução no tempo das quatro primeiras frequências
naturais identificadas automaticamente, cuja análise por intermédio modelos de
separação de efeitos permitiu obter linhas de influência que revelaram uma boa
concordância com as obtidas numericamente através de um modelo de elementos
finitos contínuo;
v) detectar remotamente eventos/incidentes associados à exploração da obra;
vi) confirmar a eficiência do software desenvolvido para identificação modal
automática, gestão e transmissão de dados em contínuo;
278
6
6 CONCLUSÕES E PERSPECTIVAS FUTURAS
As grandes barragens de betão incluem-se entre as obras de engenharia civil cujo projecto
e controlo da segurança, coloca aos engenheiros de estruturas os maiores desafios ao nível do
desenvolvimento de modelos para análise do comportamento, e ao nível do desenvolvimento de
sistemas de monitorização adequados para o controlo da segurança em “tempo real”. Tal facto
deve-se, essencialmente, ao elevado risco potencial associado a este tipo de obras e à
complexidade do seu comportamento estrutural, decorrente, em boa parte, da presença
dominante da água e dos consequentes fenómenos de interacção água-estrutura-fundação, que
condicionam fortemente o seu comportamento global para os diversos tipos de solicitações a que
são submetidas, de carácter estático ou dinâmico.
280
Nesta estratégia revelou-se fundamental a possibilidade de controlar remotamente o sistema, a
partir de um centro de análise localizado no LNEC, através de uma ligação à Internet, assim
como a disponibilização, para utilização em obra pelos técnicos da EDP, de vários módulos
computacionais para análise das séries de acelerações medidas (no tempo e em frequência), os
quais fornecem informação de grande interesse para o controlo da segurança da obra em tempo
real. No período que teve início na data de entrada em funcionamento do sistema instalado na
barragem do Cabril (Dezembro de 2008), destaca-se a obtenção de variações das frequências
naturais associadas à variação do nível da albufeira da barragem e a detecção de alguns eventos
especiais enquadrados nas actividades de exploração da obra.
281
segurança da obra em “tempo real” (com possibilidade de controlo remoto a partir do
centro de análise localizado no LNEC ou a partir do próprio centro de controlo em
obra) com apoio de módulos computacionais que permitem visualizar graficamente os
registos de acelerações medidos (em termos de séries temporais ou em termos de
representações espectrais) e avaliar a evolução ao longo do tempo dos principais
parâmetros dinâmicos (frequências naturais, modos de vibração e amortecimentos
modais);
ii) estabelecimento de uma estratégia de exploração do sistema anteriormente referido, na
qual se automatizaram os processos relativos à aquisição, gestão e armazenamento dos
dados que são obtidos e processados em contínuo, desenvolvendo-se com essa
finalidade um conjunto de aplicações informáticas em Labview e Fortran90;
iii) sistematização das formulações da mecânica estrutural na perspectiva do
desenvolvimento de modelos numéricos para análise dinâmica de estruturas (no
domínio do tempo e da frequência), nas hipóteses de amortecimento proporcional ou
não proporcional à distribuição de massa e de rigidez, e interligação com as
formulações de identificação modal, nomeadamente, recorrendo ao conceito de
variáveis de estado e à teoria do controlo de sistemas em que se introduz a equação de
observação a par da equação da dinâmica (discretizada no espaço e no tempo);
iv) desenvolvimento de metodologias de identificação modal automática com vista à
determinação das frequências naturais dos principais modos de vibração (e
correspondentes configurações e amortecimentos modais), adaptadas à análise de
sistemas barragem-fundação-albufeira;
v) desenvolvimento de estudos numéricos para análise da variação das frequências
naturais tendo em conta os movimentos de abertura e fecho das juntas de contracção e
a variação do nível da albufeira, utilizando-se para o efeito um modelo de elementos
discretos (comportamento não linear das juntas de contracção verticais), cujos
resultados foram comparados com os de um modelo de elementos finitos
(comportamento elástico linear) e com alguns resultados experimentais obtidos em
ensaios de vibração forçada e ambiental;
vi) desenvolvimento de metodologias para análise espectral dos resultados obtidos
numericamente, em termos de histórias de acelerações, com modelos não lineares de
elementos discretos aplicando algumas técnicas de identificação modal estocástica no
domínio da frequência para determinar as frequências naturais e os modos de vibração
do modelo;
vii) estudo da interacção dinâmica estrutura-água recorrendo a um modelo físico de um
sistema constituído por uma parede de betão em consola e um reservatório de água,
com o qual se estudou a influência da cota de água na variação das frequências
naturais do conjunto; os resultados experimentais foram comparados com resultados
282
numéricos de um modelo plano com elementos finitos de água desenvolvido para o
efeito;
viii) estabelecimento de procedimentos que visam a utilização integrada de resultados
experimentais e numéricos, para melhorar a interpretação do comportamento dinâmico
destas obras e desenvolvimento de metodologias para identificar alterações de
configurações modais associadas a alterações estruturais, tais com fissuração;
ix) utilização das técnicas de identificação modal para detecção experimental da eventual
existência de modos complexos, em particular nas situações de albufeira cheia, com
vista a obter informação que possa ser utilizada na definição das hipóteses que devem
ser adoptadas ao nível dos modelos numéricos para simular adequadamente os efeitos
de amortecimento em sistemas barragem-fundação-albufeira - neste tipo de sistemas,
a eventual detecção de modos complexos deverá ser entendida como um indicador de
que não é adequado considerar a hipótese de amortecimento proporcional à
distribuição de rigidez e de massa; esta situação pode ocorrer, sobretudo, nas situações
de albufeira cheia ou em situações em que ocorram movimentos de abertura e fecho
das juntas com grande amplitude;
x) utilização de modelos estatísticos de separação de efeitos baseados em técnicas de
regressão linear múltipla (envolvendo como variáveis, a cota de água na albufeira, a
época do ano e o tempo decorrido desde o final da construção) para análise das
histórias de frequências naturais identificadas a partir de resultados da observação
dinâmica em contínuo.
Considera-se que os objectivos delineados para este trabalho foram atingidos, realçando-se
que foi instalado pela primeira vez numa barragem portuguesa um sistema de recolha automática
de dados para monitorização em contínuo do comportamento dinâmico, baseado na a medição de
acelerações em vários pontos da obra. Contudo existem ainda alguns aspectos a rever,
designadamente poderá ser melhorada a configuração do sistema no sentido de aumentar a
resolução em amplitude recorrendo, preferencialmente, a conversores analógico/digital de 24 bits
(não disponíveis na fase em que foi iniciado o trabalho – na altura a melhor solução disponível
contemplava conversores analógico/digital de apenas 19 bits, pelo que foi necessário
desenvolver circuitos de ganhos).
O sistema instalado mostrou ser de grande interesse para esclarecer algumas das principais
dúvidas que ainda persistem acerca de vários aspectos relacionados com o comportamento
dinâmico de sistemas barragem-fundação-albufeira, nomeadamente, sobre a adequabilidade da
hipótese de massas de água associadas, da hipótese de consideração de amortecimento viscoso
proporcional ou não proporcional à distribuição de massa e de rigidez, da hipótese de
283
consideração de amortecimento de radiação nas diferentes fronteiras ou da hipótese de
continuidade versus consideração das juntas de contracção.
285
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