Trabalho de Etica Social - Eugenia R. Samuel

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Universidade Católica de Moçambique


Instituto de Educação à Distância

A liberdade da pessoa
O vínculo da liberdade com a verdade e a lei natural

Eugenia Raimundo Samuel -708211656


Turma: N

Curso: Licenciatura em ensino de


Língua Portuguesa
Disciplina: Ética Social
Ano de Frequência: 3º

Milange, Maio 2023


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 Capa 0.5
 Índice 0.5
Aspectos  Introdução 0.5
Estrutura organizacion
 Discussão 0.5
ais
 Conclusão 0.5
 Bibliografia 0.5
 Contextualização
(Indicação clara do 1.0
problema)

Introdução  Descrição dos objectivos 1.0


 Metodologia adequada ao
objecto do trabalho 2.0

 Articulação e domínio do
discurso académico
Conteúdo (expressão escrita 2.0
cuidada, coerência /
coesão textual)
Análise e
discussão  Revisão bibliográfica
nacional e internacionais
relevantes na área de 2.
estudo
 Exploração dos dados 2.0
 Contributos teóricos
Conclusão práticos 2.0

 Paginação, tipo e tamanho


Aspectos de letra, paragrafo,
Formatação 1.0
gerais espaçamento entre linhas
Normas APA  Rigor e coerência das
Referências
6ª edição em citações/referências
Bibliográfica 4.0
citações e bibliográficas
s
bibliografia
Folha para recomendações de melhoria: A ser preenchida pelo tutor
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Índice

1. Introdução .................................................................................................................................... 1
2. O conceito da liberdade, sua importância e limites da liberdade ................................................ 2
2.1. Importância da liberdade ...................................................................................................... 2
2.2. Limites da Liberdade ............................................................................................................ 3
2.3. A diferença entre liberdade e libertinagem........................................................................... 4
2.4. A liberdade nos dias de hoje ................................................................................................. 5
3. A relação entre liberdade e a verdade, tendo em conta a lei natural ........................................... 5
3.1. A lei natural .......................................................................................................................... 6
4. A dignidade da pessoa humana- conceito ................................................................................... 7
5. Conclusão .................................................................................................................................... 9
6. Referência Bibliográfica ............................................................................................................ 10
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1. Introdução
O presente trabalho surge no âmbito da cadeira de Ética Social, como requisito parcial de avaliação
na referida cadeira. O trabalho tem como tema de estudo A liberdade da pessoa.

Entretanto, na ética a Liberdade e uma atitude fundamental para o desenvolvimento da pessoa,


contribui para a harmonia social e deve ser incentivada no ambiente social. Pode-se dizer que a
Liberdade é parte fundamental do próprio ser humano, pelo fato de estar diretamente relacionada
à razão e consciência. O entendimento real do seu significado é fundamental para guiar o homem
em busca do bem comum.
É nesta perspectiva que no presente trabalho, pretendemos debruçar sobre o vínculo da liberdade
com a verdade e a lei natural.

Assim em relação ao tema definiram-se os seguintes objectivos:

Objectivo Geral

 Compreender a liberdade da pessoa humana

Para o alcance do objectivo acima, definiu-se os seguintes objectivos específicos:


 Conceituar a liberdade, sua importância e limites da liberdade;
 Diferenciar entre liberdade e libertinagem;
 Relacionar a liberdade e a verdade, tendo em conta a lei natural;
 Falar sobre a dignidade da pessoa humana, e o conceito da dignidade da pessoa humana.

Quanto ao aparato metodológico, a presente pesquisa, é de abordagem qualitativa de cunho


exploratório. E usou-se como técnica de recolha de dados, a pesquisa bibliográfica, que segundo
Gil (2008), as investigações realizadas a partir dessa metodologia se apropriam de materiais já
elaborados como livros e artigos científicos para referenciar a problematização que estão propondo.
Assim, a consecução do presente trabalho procedeu-se através de leituras em manuais de formato
físico e eletrónicos que abordam a temática, cujas fontes estão devidamente indicadas na
bibliografia do presente trabalho.

Estruturalmente o trabalho apresenta: capa, folha de feedback dos tutores, índice,


introdução, metodologia, desenvolvimento, conclusão e referências bibliográficas.
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2. O conceito da liberdade, sua importância e limites da liberdade

Liberdade do Latim Libertas é, de maneira geral, a condição daquele que é livre. É um conceito
que assume grande variedade de sentidos entre os diversos autores que se ocuparam do tema, sendo
difícil atribuir um significado consensual, mesmo em seus elementos fundamentais (Foucault,
2004, p.12).

Segundo a Escolástica (citado em Salvador 2012, p.24), define a Liberdade como (Immunita a
coactional = Ausência de constrangimento). Estes constrangimentos podem ser de ordem física,
moral, política, social e psicológicos, que são denominados como tipos de Liberdade.

Para Bobbio (1997), Liberdade indica um estado, uma qualidade da pessoa humana. Norberto
Bobbio trata a Liberdade com relação ao tema Igualdade e Justiça. Ou seja a liberdade é o valor
supremo do indivíduo em face do todo, enquanto a justiça é o bem supremo do todo enquanto
composto das partes

Portanto, a liberdade é um conceito ativo, que podemos apontar como apontar a capacidade de agir
de si mesmo, sentindo ele mesmo que se desdobra em diferentes direções como, por exemplo, em
autodeterminação, independência ou autonomia. Pode também ser compreendida sob uma
perspectiva que denota a ausência de submissão e de servidão, própria da liberdade política, mas
também pode se relacionar com a questão filosófica do livre arbítrio. Na política moderna, a
liberdade é entendida como o estado de estar livre dentro da sociedade do controle ou das restrições
opressivas impostas pela autoridade sobre seu modo de vida, comportamento ou visões política

2.1. Importância da liberdade

Lacerada (2002) refere que a presença da liberdade na lei é uma conquista de toda a humanidade,
pois apoia os direitos fundamentais da pessoa. Por isso, a ideia da livre manifestação de
pensamentos faz parte de legislações da ONU, convenções internacionais e do arcabouço
legislativo de uma série de países democráticos.

Assim, tanto o conceito quanto as medidas que permitem a aplicação da liberdade compõem os
chamados direitos fundamentais que, segundo entidades como a ONU, são indispensáveis para
garantir uma vida digna a qualquer pessoa.
Deste modo a importância da liberdade reside no facto de a liberdade fazer com que o acto ético
seja pessoal, único e não de outra pessoa (Vontade de conhecimento), não só mais também, as
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emoções podem facilitar ou limitar a liberdade de deliberação quando essas forem demasiadas.
Essas deliberações não são elementos decisivos do acto humano, mas sim elementos adicionais.

Assim, homem age livremente, pois ele tem capacidade de controlar todos os actos humanos e
participa dos actos exterior e interiores. Quer dizer, no acto, existem deliberações do individuo para
em seguida decidir o seu acto ético voluntariamente e livremente.

2.2. Limites da Liberdade

Uma pessoa pode se expressar livremente e o ideal é que o faça. Não no sentido da desordem ou
da falta de bom senso, mas no sentido do direito de um ser se expressar como lhe é próprio.

John Locke defendendo a liberdade humana afirma que é a partir do estado natural do homem que
se fundamenta racionalmente a sociedade política. E os homens no estado natural são livres e iguais
entre si, tendo iguais direitos ao trabalho e à propriedade. Mas a liberdade tem limites, o direito do
homem limita-se a si mesmo, a lei moral natural determina o seu comportamento (Bobbio, 1997,
p.23).

Entretanto, para percebermos melhor os limites da liberdade, partimos dos exemplos abaixo:

 Exemplo 1: eu tenho a liberdade de expressar minha opinião sobre alguém. Mas, se o fizer
de forma difamatória, terei infringido o direito à honra dessa pessoa. Qual será a minha
punição? Responder ao crime de difamação, previsto no capítulo de crimes contra a honra
do Código Penal.

 Exemplo 2: Fora da esfera penal, pode ser também que minha atitude gere danos a alguém
e, caso seja constatada a minha conduta culposa e com nexo de causalidade em relação ao
dano, serei condenada a indenizar essa vítima.

Ademais, a famosa frase "A liberdade de cada um termina onde começa a liberdade do outro",
atribuída por muitas pessoas ao filósofo inglês Herbert Spencer, indica que a verdadeira liberdade
respeita o próximo, e os seus direitos.

Na Bíblia, mais concretamente em 1 Coríntios 6:12, o apóstolo Paulo afirma: "Tudo me é


permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas eu não me deixarei dominar por coisa
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alguma." Esta passagem, revela que nós temos a capacidade de fazer muitas coisas, mas que nem
tudo o que podemos fazer é bom, porque as nossas ações têm consequências.

Portanto, o limite da liberdade seria, na verdade, a responsabilização por eventuais condutas


ensejadoras de dano na esfera civil ou criminal. Não há que se falar em um limite prévio, uma
proibição da abstenção de alguma conduta, um limite propriamente dito à possibilidade de se
expressar. Em outras linhas: deve existir liberdade. Caso venhamos a cometer, dentro dessa esfera
de liberdade, alguma conduta antijurídica (a nível civil ou penal), vamos responder por isso.

2.3. A diferença entre liberdade e libertinagem

Liberdade e libertinagem são dois conceitos relacionados e que muitas pessoas confundem. Os dois
são fulcrais no processo de tomada de decisão do ser humano, e revelam atitudes diferentes dos
indivíduos

De acordo com Bobbio (1997), “a liberdade consiste no direito de se movimentar livremente, de


se comportar segundo a sua própria vontade, partindo do princípio que esse comportamento não
influencia negativamente outra pessoa. De acordo com a filosofia, a liberdade é a independência,
autonomia e espontaneidade do ser humano” (p.15).

Na mesma perspectiva Bobbio (1997), conceitua libertinagem “como um mau uso que o indivíduo
faz com sua liberdade uma vez que, a mesma extrapola os limites. Em suma, o libertino é aquele
que age sem se preocupar com as ações realizadas e suas prováveis consequências, e isso o faz ser
visto pelos demais como uma pessoa que não possui caráter e nem dignidade” (p.25).

Portanto, a liberdade é um conceito amplo relativo a possibilidades de escolhas, autonomia e direito


à autodeterminação, limitados pelo respeito à liberdade de outras pessoas. Já a libertinagem é
compreendida como uma extrapolação dos limites da liberdade, alheia às regras e sem moderação.
A ideia de liberdade propõe que as ações são livres desde que não se sobreponham ou restrinjam a
liberdade alheia e o bem comum. Por sua vez, a libertinagem está relacionada muitas vezes a um
comportamento sexual lascivo, ao egoísmo e a ação em interesse próprio sem respeito ao próximo.
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2.4. A liberdade nos dias de hoje

Das abordagens acima descritas sobre a liberdade percebe-se que a ser livre é ser incausado, é
decidir e agir como se quer, sem causa exterior ou interior, mesmo admitindo que força existam, o
ato livre pertence a uma esfera em que perfaz a liberdade humana. O livre-arbítrio (liberum
arbitrium) é poder de se determinar sem outra regra que a própria vontade, vontade não
constrangida.

Lacerda (2002) refere que, uma das características centrais da liberdade moderna é a crença de que
o Homem é, por seu raciocínio, capaz de chegar a proposições éticas válidas. Ele é melhor árbitro
de sua vida do que quaisquer outras pessoas ou instituições. Não deve se submeter a nada que não
seja sua convicção.
A liberdade nos dias actuais, consiste não apenas em pensar qualquer coisa sem coação – mesmo
porque os pensamentos são livres, até um ser humano vivendo sob opressão constante pode, a
princípio, pensar o que quiser. Seu núcleo é a possibilidade de o homem reger sua conduta apenas
segundo a sua convicção, segundo as regras que ele próprio definiu para si como valiosas e corretas
(Foucault, 2004, p.30).

Portanto, a modernidade centralizou a vida ética em cada ser humano, de forma que o indivíduo
pudesse não apenas respeitar ou desrespeitar as normas dadas, mas também criar as normas que
regeriam sua conduta. O individualismo acentuado em que tal concepção pode degenerar, a ponto
de tornar insuportável a vida coletiva, ainda preocupa a liberdade nos dias de hije. A liberdade
como liberdade de consciência abriu e abre possibilidades inéditas para o pleno desenvolvimento
do Homem, ao mesmo tempo que traz consigo perigos também inéditos.

3. A relação entre liberdade e a verdade, tendo em conta a lei natural


A liberdade enquanto direito natural é o fato mesmo de o homem, na ausência de algum poder
exterior, não deparar com entraves ao fazer aquilo que tem vontade de fazer (Lacerda, (2002, p.23)

São Tomás de Aquino declarou em sua Suma Teológica que Deus deu ao homem a capacidade de
determinar a diferença do certo do errado pelo “Lei Eterna”. Esta lei deu a todos os seres uma
tendência a fazer o que era bom ou natural. Ele passou a dizer que, ao fazer o que era certo, cada
ser estava, de fato, usando a razão divina (Bobbio, 1997, p.31).).

Santo Agostinho sustentou sobre a liberdade do homem no seu agir social através de passagem
bíblica” Deus revela que o Homem tem livre escolha da vontade”. Mas como o problema
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fundamental não era Teocêntrico, a liberdade passa a ser analisada no contexto das relações
humanas revelando assim, como um valor ético e um facto ético do homem e social.

Tendo em conta a lei natural Bazarian (1994), refere que:


verdade é a propriedade de estar de acordo com o fato real ou a realidade. A verdade é geralmente
considerada o oposto da falsidade. Ela também pode ser respostas lógicas resultante do exame de
todos os fatos e dados; uma conclusão baseada na evidência, não influenciada pelo desejo,
autoridade ou preconceitos; um facto inevitável, sem importar como se chegou a ele (p.11).

Deste modo a verdade significa aquilo que está intimamente ligado a tudo que é sincero, que é
verdadeiro, é a ausência da mentira. Verdade é também a afirmação do que é correto, do que é
seguramente o certo e está dentro da realidade apresentada.

A verdade na lei natural, de acordo com Tomás de Aquino (1988, citado em Nietzsche 2007):
…era a participação na lei eterna, fazendo o que era certo. (Comptons). O casamento e a
procriação, por exemplo, são naturais de todos os seres. O desejo de se casar e fazer prole é
um instinto inato dado por Deus. A lei natural, tanto cristã quanto secular, afirma que todos
os seres humanos agem ou devem agir de determinadas maneiras e respeitar certas regras,
e que estes foram predestinados por um poder divino. Os pensadores cristãos, liderados por
São Tomás de Aquino, só acrescentaram que o poder divino era Deus e que, ao fazer o que
era certo, estaríamos usando a razão divina (p.35).

Portanto, liberdade e verdade formam um par inseparável: só é verdadeiramente livre aquele que
age de acordo com o conhecimento da verdade.

Assim, dizer que um homem é livre não implica tomá-lo como alguma essência independente do
corpo, visto que o direito natural, ou liberdade, é algo que cada ser possui em função de uma espécie
de princípio de conservação (leis naturais).

3.1. A lei natural

A Lei Natural ou teoria do direito natural é uma teoria que remonta ao tempo dos gregos e a grandes
pensadores como Platão e Aristóteles.

Segundo Reale (1998) “Teoria da lei natural é definida como a lei que afirma que humanos
possuem certas leis inatas predestinadas para eles, que deixam-os determinar o que é certo e o que
é errado” (p.40).

Para Bazarian (1994), a Lei natural é a uma doutrina de natureza ética e jurídica que defende a
existência de certos direitos próprios e particulares da condição humana , ou seja, certos direitos
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baseados na natureza do ser humano e que, portanto, seriam inalienáveis. Esse tipo de direito seria
universal, além de anterior e superior a qualquer outro sistema jurídico.

A lei natural, para Locke, é a lei de Deus, que necessariamente obriga a consciência dos homens,
não importa se num Estado liberal ou autoritário. Conforme indicado por Locke, o problema do
apelo à liberdade de consciência surge quando não se estabelecem limites à mesma. É contra a
liberdade sem limites, e, principalmente, o direito de agir conforme os ditados de uma consciência
desregrada que não reconheça a autoridade civil, que Locke se opõe (Bobbio, 1997, p.35).

Deste modo, percebe-se que mesmo as doutrinas religiosas como as cristãs têm pontos em comum
com a lei natural, no sentido de que admitem no homem “uma lei escrita em seu coração”, que
neste caso teria sido ditada diretamente por Deus. Em todo caso, trata-se de leis inteiramente
humanas e anteriores a qualquer forma de organização judiciária ou regime político

Portanto, a existência da lei natural é de grande importância. Ela é que garante o valor objetivo das
leis que regem o convívio entre os homens. Não havendo lei natural, anterior à vontade ou à
veleidade dos legisladores, toda a sociedade cai sob a arbitrariedade dos seus chefes e partidos,
precipitando-se no caos.

4. A dignidade da pessoa humana- conceito

Ao longo dos anos, a convivência dos humanos em sociedade fez com que fossem criadas formas
de organização a fim de garantir a ordem e a pacificidade. Surgiram Estados, normas, regras e
direitos, criados conforme as relações evoluíam e se tornavam mais complexas.
Um dos valores fundamentais está o da dignidade da pessoa humana, que tem como foco a garantia
da vida digna

Segundo Sarmento (2016), a “dignidade é a característica do que não tem preço, isto é, do que não
pode ser trocado por nada equivalente. E o fundamento da dignidade é a autonomia, a capacidade
de dar leis a si mesmo, em outras palavras, a moralidade entendida como a capacidade de agir de
acordo com a lei mora” (p.45).

Silva (2000) entende dignidade da pessoa humana como a “garantia das necessidades vitais de cada
indivíduo. Para ele a dignidade é um dos fundamentos do Estado Democrático de Direito” (p.9).
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A dignidade humana consiste não apenas na garantia negativa de que a pessoa não será alvo
de ofensas ou humilhações, mas também agrega a afirmação positiva do pleno
desenvolvimento da personalidade de cada indivíduo. O pleno desenvolvimento da
personalidade pressupõe, por sua vez, de um lado, o reconhecimento da total auto
disponibilidade, sem interferências ou impedimentos externos, das possíveis atuações
próprias de cada homem; de outro, a autodeterminação (Selbstbestimmung des Menschen)
que surge da livre projeção histórica da razão humana, antes que de uma predeterminação dada pela
natureza (Rocha, 2011, p.28)

Assim, a dignidade humana pode ser descrita como um fenômeno cuja existência é anterior e
externa à ordem jurídica, havendo sido por ela incorporado. De forma bastante geral, trata-se da
ideia que reconhece aos seres humanos um status diferenciado na natureza, um valor intrínseco e
a titularidade de direitos independentemente de atribuição por qualquer ordem jurídica.

Portanto, percebemos que o ser humano possui dignidade porque é capaz de dar fins a si mesmo,
em vez de se submeter às suas inclinações. Por isso, ele deve ser visto como um fim em si mesmo,
não como meio para a realização de projetos alheios. Essa capacidade de dar normas a si mesmo é
a autonomia, em contraposição à heteronomia. Mas, para que não se reduza às suas inclinações, é
preciso agir de acordo com a razão, de acordo com o dever, isto é, segundo o imperativo categórico,
de maneira que a máxima de sua vontade possa ser tomada como lei universal
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5. Conclusão

Feito o trabalho concluímos que a Liberdade significa o direito de agir segundo o seu livre arbítrio,
de acordo com a própria vontade, desde que não prejudique outra pessoa, é a sensação de estar livre
e não depender de ninguém. Liberdade é também um conjunto de ideias liberais e dos direitos de
cada cidadão.
A liberdade enquanto direito natural é o fato mesmo de o homem, na ausência de algum poder
exterior, não deparar com entraves ao fazer aquilo que tem vontade de fazer. Assim, uma das
características do ser humano é a busca permanente pela verdade, é o desejo de comprovar a
veracidade dos fatos e de distinguir o verdadeiro do falso e que frequentemente nos coloca dúvidas
no que nos foi ensinado.

A que destacar que a dificuldade de entendimento sobre o que é liberdade pode contribuir para
problemas concernentes a falta de ética. Ao confundir o conceito de liberdade com libertinagem, a
pessoa tende a agir sem medir as consequências dos seus atos, acreditando que ser livre é poder
fazer o que se quer. Essa é uma ideia errada de liberdade que teve início com as correntes filosóficas
do Existencialismo.

Sobre a lei natural, importa destacar que ela afirma que humanos possuem certas leis inatas
predestinadas para eles, que deixam-os determinar o que é certo e o que é errado. Assim, a lei
natural afirma que todos os seres humanos agem ou devem agir de determinadas maneiras e
respeitar certas regras, e que estes foram predestinados por um poder divino.

No tange a dignidade da pessoa humana, importa concluir que, a dignidade da pessoa humana
compreende-se a partir da seguinte ideia: todo homem é um fim em si mesmo, não podendo ser
utilizado como um mero objeto para qualquer fim. As pessoas humanas não têm preço nem podem
ser substituídas, visto que possuem um valor absoluto, ao qual se dá o nome de dignidade.
Nesse mesmo sentido, a dignidade da pessoa humana passa a ter conteúdo essencialmente
inclusivo, manifestando-se no reconhecimento e proteção às diferenças entre os indivíduos, bem
como respeito à diversidade de pensamento, orientação sexual, credo e demais formas de expressão
do ser humano.
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6. Referência Bibliográfica
Bazarian, J. (1994). O problema da verdade. (4ª ed). Alfa-Omega: São Paulo.
Bobbio, N. (1996). Igualdade e Liberdade. (3ª ed). Ediouro: Rio de Janeiro.
Bobbio, N. (1997). Locke e o direito natural. Trad. Sérgio Bath. Brasília: Editora Universidade de
Brasília.
Foucault, M. (2004). A ética do cuidado de si como prática da liberdade. In: Ditos & Escritos V –
Ética, Sexualidade, Política: Forense Universitária. Rio de Janeiro
Gil, A. C. (2008) Métodos e técnicas de pesquisa social. Atlas: São Paulo.
Lacerda, T. M. (2002). A liberdade de Leibniz. Cadernos de História e Filosofia da Ciência. Série
3, v.12. Campinas.
Nietzsche, F. (2007). Sobre verdade e mentira no sentido extra moral. Editora Hendra: São Paulo.
Reale, G.; Antiseri, D. (1998). História da Filosofia. Paulinas. São Paulo.
Rocha, C. L.A. (2011). O princípio da dignidade da pessoa humana e a exclusão social. Revista
de Interesse Público. São Paulo.
Salvador M. A. (2012). Ética Social. Manual de Tronco Comum. Universidade Católica de
Moçambique (UCM) Centro de Ensino à Distância (CED). Beira- Moçambique
Sarmento, D. (2016). Dignidade da pessoa humana: conteúdo, trajetórias e metodologia. Belo
Horizonte
Silva, J.A. (2000). A dignidade da pessoa humana como valor supremo da democracia. Malheiros:
São Paulo.

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