Políticas Públicas

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SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL - SUAS

“A noção de política pública geralmente é usada para se referir a proposições, medidas e


ações do governo dirigidas aos problemas de uma determinada população na tentativa de
gerir soluções, relacionada ao Estado democrático moderno (CONSELHO FEDERAL DE
PSICOLOGIA, 2007)1. É, ao mesmo tempo, uma forma de colocar o governo em ação uma
vez que os problemas podem ser colocados em pauta, na agenda pública, pela sociedade
civil (SOUZA, 2006). Assim, falar de política pública remete a levantar questões sobre o
contexto de construção dessas políticas e acerca dos atores que estão envolvidos nessa
rede heterogênea (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 2007; GRAU;
IÑIGUEZ-RUEDA; SUBIRATS, 2010; SPINK, 2011).”

- A política pública é uma ação intencional, com objetivos a serem alcançados.


- A política pública, embora tenha impactos no curto prazo, é uma política de
longo prazo.
- A política pública envolve processos subsequentes após sua decisão e proposição,
ou seja, implica também implementação, execução e avaliação.

A Dimensão Subjetiva da Exclusão Social

- Exclusão Social
- Pobreza Fenômeno Multidimensional
- Dialética Exclusão/inclusão
- Desnecessários Economicamente
- Preconceito e Estereótipo
- Sofrimento ético-político

HISTÓRIA A ASSISTÊNCIA SOCIAL NO BRASIL - MARCO LEGAL

- Constituição Federal de 1988 - marco legal determinante para se estabelecer a


Assistência Social como política pública.
- A Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), aprovada em 1993, regulamenta os
artigos 203 e 204 da Constituição e torna possível a Assistência Social se configurar
como dever do Estado e um direito do cidadão.

Objetivos da Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS)

I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da


incidência de riscos, especialmente:
a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice;
b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes;
c) a promoção da integração ao mercado de trabalho;
d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua
integração à vida comunitária;
e) a garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e
ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de
tê-la provida por sua família;
II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva
das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos;
III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das
provisões socioassistenciais.

MARCO LEGAL

- Outro marco normativo de grande relevância é a Política Nacional de Assistência


Social (PNAS) de 1995 (revisado e aprimorado em 1998 e 2004).

- Na última versão, a Assistência Social é definida como “[...] direito de cidadania, com
vistas a garantir o atendimento às necessidades básicas dos segmentos
populacionais vulnerabilizados pela pobreza e pela exclusão social” (BRASIL, 2004,
p.14).

Em 2005, foi instituído o Sistema Único de Assistência Social – SUAS

- Criado a partir das deliberações da IV Conferência Nacional de Assistência Social e


previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (Loas), o SUAS teve suas bases de
implantação consolidadas em 2005, por meio da sua Norma Operacional Básica do
Suas (NOB/Suas).

Em 2009:

- a Resolução 109 do Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) tipifica os


Serviços Socioassistenciais disponíveis no Brasil organizando-os por nível de
complexidade do Sistema Único de Assistência Social.

A Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais

Serviços Socioassistenciais disponíveis no Brasil organizando-os por nível de complexidade


do Sistema Único de Assistência Social:

1) Proteção Social Básica (CRAS), destinada à prevenção de riscos sociais e pessoais,


por meio da oferta de programas, projetos, serviços e benefícios a indivíduos e
famílias em situação de vulnerabilidade social.
2) Proteção Social Especial (CREAS), destinada a famílias e indivíduos que já se
encontram em situação de risco e que tiveram seus direitos violados por ocorrência
de abandono, maus-tratos, abuso sexual, uso de drogas, entre outros aspectos.

Princípios organizativos do SUAS

- Universalidade: todos têm direito à proteção socioassistencial, prestada a quem dela


necessitar, com respeito à dignidade e à autonomia do cidadão, sem discriminação
de qualquer espécie ou comprovação vexatória da sua condição;
- Gratuidade: a assistência social deve ser prestada sem exigência de contribuição ou
contrapartida;
- Integralidade da proteção social: oferta das provisões em sua completude, por meio
de conjunto articulado de serviços, programas, projetos e benefícios
socioassistenciais;
- Intersetorialidade: integração e articulação da rede socioassistencial com as demais
políticas e órgãos setoriais;
- Equidade: respeito às diversidades regionais, culturais, socioeconômicas, políticas e
territoriais, priorizando aqueles que estiverem em situação de vulnerabilidade e risco
pessoal e social.

A atuação do psicólogo nessa realidade, enquanto profissional dos Centros de Referência


de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializada de Assistência Social
(CREAS), traz a contribuição da Psicologia para a compreensão e a intervenção construtiva
na constituição da subjetividade de famílias acostumadas a conviver com a sujeira, o mau
cheiro, o lixo, com cadáveres expostos pelas ruas, em ambientes onde a morte, a violência
e a exclusão fazem parte do cotidiano, banalizando-se e perdendo seu sentido trágico
(CALIL, 1999).

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CENTROS DE REFERÊNCIA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL (CRAS)

O Centro de Referência de Assistência Social – CRAS

- É uma unidade pública estatal descentralizada da Política de Assistência Social,


responsável pela organização e oferta de serviços da Proteção Social Básica do
Sistema Único de Assistência Social (SUAS) nas áreas de vulnerabilidade e risco
social.

- Se caracteriza como a principal porta de entrada do SUAS, ou seja, é uma unidade


que possibilita o acesso de um grande número de famílias à rede de proteção social
de assistência social.

- O CRAS é uma unidade de proteção social básica do SUAS, que tem por objetivo
prevenir a ocorrência de situações de vulnerabilidades e riscos sociais nos
territórios, por meio do desenvolvimento de potencialidades e aquisições, do
fortalecimento de vínculos familiares e comunitários, e da ampliação do acesso aos
direitos de cidadania.

- A primazia do CRAS é que este seja um espaço para desenvolver o protagonismo


de seus usuários com ações locais que estimulem a convivência, a socialização e o
acolhimento de famílias cujos vínculos familiares e comunitários não foram
rompidos.

A Política Nacional de Assistência Social (PNAS) define que o CRAS ofereça ou articule a
oferta dos seguintes serviços, benefícios e programas:

Serviços:
- Centro de convivência para idosos;
- Serviços para crianças de 0 a 6 anos que visem ao fortalecimento dos vínculos
familiares, o direito de brincar, ações de socialização e de sensibilização para a
defesa dos direitos da criança;
- Serviços socioeducativos para crianças, adolescentes e jovens na faixa etária de 6 a
24 anos visando à sua proteção, socialização e ao fortalecimento dos vínculos
familiares e comunitários;

Benefícios:
- Transferência de renda (bolsa-família e outra);
- Benefícios de Prestação Continuada – BPC;
- Benefícios eventuais – assistência em espécie ou material;
- Outros.

Programas e Projetos:
- Capacitação e promoção da inserção produtiva;
- Promoção da inclusão produtiva para beneficiários do programa Bolsa Família –
PBF e do Benefício de Prestação Continuada;
- Projetos e programas de enfrentamento à pobreza;
- Projetos e programas de enfrentamento à fome; grupos de produção e economia
solidária; geração de trabalho e renda.

O trabalho do profissional da Psicologia dentro do CRAS

Atribuições:
- Realização da busca ativa no território e desenvolvimento de projetos que visam
prevenir aumento de incidência de situações de risco;
- Alimentação de sistema de informação, registro das ações desenvolvidas e
planejamento do trabalho de forma coletiva.
- Articulação de ações que potencializem as boas experiências no território de
abrangência;
- Realização de encaminhamento, com acompanhamento, para a rede
socioassistencial;
- Realização de encaminhamentos para serviços setoriais;
- Participação das reuniões preparatórias ao planejamento municipal;
- Participação de reuniões de planejamento das ações.

Os profissionais da psicologia não devem adotar o atendimento psicoterapêutico no CRAS,


mas intervir de forma a utilizar dos seus recursos teóricos e técnicos para:

- compreender os processos subjetivos que podem gerar ou contribuir para a


incidência de vulnerabilidade e risco social de famílias e indivíduos;
- contribuir para a prevenção de situações que possam gerar a ruptura dos vínculos
familiares e comunitários;
- favorecer o desenvolvimento da autonomia dos usuários do CRAS. Esses
profissionais devem fazer encaminhamentos psicológicos para os serviços de saúde,
quando necessários.

Os psicólogos no CRAS devem:


- promover e fortalecer vínculos sócio-afetivos, de forma que as atividades de
atendimento gerem progressivamente independência dos benefícios oferecidos e
promovam a autonomia na perspectiva da cidadania.
- oferecer serviços de qualidade, diminuir sofrimentos, evitar a cronificação dos
quadros de vulnerabilidade, defender o processo democrático e favorecer a
emancipação social.

O importante, no entanto, é compreender a demanda dos usuários, em seus aspectos


históricos, sociais, pessoais e contextuais, para se realizar uma intervenção psicológica
mais efetiva e resolutiva, com base na demanda planejada (construída pelo diálogo entre o
saber do técnico e do população referenciada).

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Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS)

O Sistema Único de Assistência Social (SUAS), criado a partir da Política de Assistência


Social, se organiza em dois níveis de proteção:

- Proteção Social Básica (PSB)


- Proteção Social Especial (PSE)

CREAS – Sistema de Garantia de Direitos

- O CREAS tem como papel constituir-se em lócus de referência, nos territórios, da


oferta de trabalho social especializado no SUAS a famílias e indivíduos em situação
de risco pessoal ou social, por violação de direitos.
- O público chega ao CREAS encaminhado por juízes, promotores ou conselheiros
tutelares, a partir de denúncias, eventos de violência intrafamiliar, ato infracional ou
por busca ativa.
- O CREAS compõe assim o Sistema de Garantia de Direitos - SGD.

Proteção Social Especial (PSE) - Situações de Vulnerabilidade

Modalidades de atendimento socioassistenciais se destinam a famílias e indivíduos que se


encontram em situação de risco pessoal e social por violação de direitos, tais como:

- Situações de abandono;
- Abuso sexual;
- Violência física e/ou psicológica;
- Uso de substâncias psicoativas;
- Situação de rua;
- Adolescentes e jovens em cumprimento de medidas socioeducativas;
- Trabalho infantil;
- Afastamento do convívio familiar;
- Entre outras.
Serviços Socioassistenciais - CREAS

Nome do Serviço: Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos


– PAEFI
Descrição do Serviço: Serviço de apoio, orientação e acompanhamento a famílias com um
ou mais de seus membros em situação de ameaça e violação de direitos.
Unidade de Oferta do Serviço: Deve ser ofertado por todas as Unidades CREAS.

Nome do Serviço: Serviço Especializado em Abordagem Social


Descrição do Serviço: O Serviço tem como finalidade assegurar trabalho social de
abordagem e busca ativa que identifique, nos territórios, a incidência de trabalho infantil,
exploração sexual de crianças e adolescentes, situação de rua, dentre outras.
Unidade de Oferta do Serviço: Pode ser ofertado pelo CREAS ou unidade específica
referenciada ao CREAS, nos territórios onde se identificar demanda.

Nome do Serviço: Serviço de Proteção Social Especial para Pessoas com Deficiência,
Idosas e suas Famílias
Descrição do Serviço: É um serviço para pessoas com deficiência ou idosas com algum
grau de dependência e suas famílias, que tiveram suas limitações agravadas por violações
de direitos, como isolamento, confinamento, atitudes discriminatórias e preconceituosas,
falta de cuidados adequados por parte do cuidador, entre outras situações que aumentam a
dependência e comprometem o desenvolvimento da autonomia.
Unidade de Oferta do Serviço: Pode ser ofertado pelo CREAS ou unidade específica
referenciada ao CREAS, nos territórios onde se identificar demanda.
- O aumento de idosos requer a oferta de serviços de atendimento especializados
para este segmento da população, e dentre os serviços ofertados, estão os
Centros-Dia para Idosos, que ao contrário dos Centros de Convivência da Terceira
Idade, oferecem um espaço de reabilitação, e não apenas de convivência e lazer.

Nome do Serviço: Serviço de Proteção Social a Adolescentes em Cumprimento de Medida


Socioeducativa de Liberdade Assistida e de Prestação de Serviços à Comunidade
Descrição do Serviço: O Serviço tem por finalidade prover atenção socioassistencial e
acompanhamento a adolescentes (12 a 18 anos) e jovens (18 a 21 anos) em cumprimento
de medidas socioeducativas em meio aberto, determinadas judicialmente.
Unidade de Oferta do Serviço: Deve ser ofertado pelo CREAS, nas localidades onde se
identificar demanda, articulando ações complementares com a rede.
- Na sua operacionalização é necessária a elaboração do Plano individual de
Atendimento (PIA) com a participação do (a) adolescente e da família, devendo
conter os objetivos e metas a serem alcançados durante o cumprimento da medida,
perspectivas de vida futura, dentre outros aspectos a serem acrescidos, de acordo
com as necessidades e interesses do (a) adolescente.

Proteção Social Especial (PSE) - Alta Complexidade

De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais a PSE de Alta


Complexidade inclui os seguintes serviços nominados abaixo:

Serviço de Acolhimento Institucional, nas seguintes modalidades:


- Abrigo institucional;
- Casa-Lar;
- Casa de Passagem;
Residência Inclusiva:
- Serviço de Acolhimento em República;
- Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora;
- Serviço de Proteção em Situações de Calamidades Públicas e de Emergências.

A Proteção Social Especial de Alta Complexidade, por sua vez, tem como o objetivo ofertar
serviços especializados, em diferentes modalidades e equipamentos, com vistas a afiançar
segurança de acolhida a indivíduos e/ou famílias afastados temporariamente do núcleo
familiar e/ou comunitários de origem.

Psicologia na Atenção Especial

- A Norma Operacional Básica de Recursos Humanos do SUAS (NOB-RH/SUAS)


determina que tanto os serviços da média quanto da alta complexidade devem
contar com psicólogas(os) em suas equipes de referência;
- Embora os documentos normativos não definem o papel da Psicologia, eles deixam
claro que o SUAS não é lugar de psicoterapia, sendo que casos que necessitam de
tal forma de atendimento devem ser encaminhados a serviços de saúde.

Atividades no CREAS:
- Visita domiciliar, quando necessário;
- Articulação com a rede;
- Entrevista de acolhimento e avaliação inicial;
- Atendimento psicossocial;
- Construção do Plano de Atendimento;
- Elaboração de relatórios técnicos sobre o acompanhamento realizado;
- Ações de mobilização e enfrentamentos;
- Acompanhamentos dos encaminhamentos.

Atuação da (o) Psicóloga (o) no CREAS: Principais Atividades

Acolhida

- É o contato inicial com a pessoa e/ou família que será atendida e inserida no
acompanhamento.
- Momento de estabelecimento de vínculos, exige do profissional escuta sensível das
demandas.
- É o momento também de apresentar o serviço e fornecer informações sobre o que é
ofertado, esclarecendo possíveis dúvidas. Deve possibilitar a aproximação do
usuário com o serviço.

Acompanhamento Psicossocial

- Nessa intervenção o foco está em conhecer o individuo e/ou família identificando


demandas explícitas e implícitas, levando em conta seu contexto social, cultural, a
rede que acessa e/ou conta, as dificuldades vivenciadas, expectativas dentre outros
aspectos.

Entrevista

- Procedimento de coleta de dados e orientação, mas também de continuidade da


acolhida para aquele que chega e busca inserção no serviço. Este procedimento
integra o acompanhamento psicossocial.
- A entrevista contribui para o aprofundamento de aspectos relevantes na
compreensão de indivíduos e famílias, dinâmicas de relações estabelecidas,
percepção de mundo, motivações para a busca do serviço ou nos casos de
encaminhamento e também sobre o motivo gerador do referenciamento ao CREAS.

Visita Domiciliar

- A visita domiciliar se constitui em uma das estratégias de aprofundamento do


acompanhamento psicossocial.
- É uma forma de atenção com o objetivo de favorecer maior compreensão a respeito
da família, de sua dinâmica, valores, potencialidades e demandas, orientações,
encaminhamentos, assim como de estabelecimento de vínculos fortalecedores do
processo de acompanhamento.

Intervenções grupais

- O trabalho com grupos propicia a construção e troca de conhecimento, oportunidade


de construir enfrentamento de situações vivenciadas, fortalecimento e identificação
de potencias, fortalecimento de autonomia e vínculos.

Articulação em Rede

- Importante para a completude dos objetivos estabelecidos no atendimento e no


acompanhamento. Viabiliza o acesso do destinatário aos direitos e inserção em
diferentes serviços e programas, incluindo outras políticas, não apenas os serviços
socioassistenciais.

Nessa direção, destaca-se, que é particularmente importante a articulação do CREAS com:

- CRAS;
- Gestão do Cadastro Único para Programas Sociais e dos Programas de
Transferência de Renda e Benefícios (PETI, Bolsa Família, Benefício de Prestação
Continuada - BPC);
- Serviços de Saúde, em especial a Saúde Mental;
- Órgãos de Defesa de Direitos (Conselho Tutelar, Ministério Público, Poder Judiciário,
Defensoria Pública, Delegacias Especializadas);
- Rede de Educação;
- Serviços de Acolhimento;
- Trabalho e geração de renda.
Registro de Informação

- Procedimento presente em todo processo de funcionamento do CREAS e do


acompanhamento às famílias e/ou indivíduos, imprescindível para a construção de
informações e para subsidiar a definição e construção das ações.
1) Prontuários – Nos prontuários estarão registradas as informações de cada
indivíduo/família contendo especificidades de cada caso. Devem ser registrados
todos os procedimentos adotados.
2) Relatório Técnico - Devem conter informações sobre as ações desenvolvidas no
atendimento aos indivíduos e/ou famílias acompanhadas pela equipe no CREAS.

Reunião de equipe

- Tem como objetivo debater e problematizar o trabalho articulado e integrado, avaliar


e definir caminhos possíveis para seu desenvolvimento.
- Traz para reflexão questões operacionais e referentes às relações e articulações da
equipe.
- Momento em que o trabalho desenvolvido deve ser debatido e avaliado,
possibilitando rever o planejamento e metas estabelecidas.

Reunião para estudo de caso

- Espaço para estudo e análise dos casos em acompanhamento no serviço.


- O objetivo é ampliar a compreensão de indivíduos e famílias em suas relações,
particularidades e especificidades, na busca de estratégias e metodologias de
intervenção para alcance dos resultados identificados e apontados no Plano de
Acompanhamento individual e/ou familiar, avaliando resultados alcançados e
demandas, assim como necessidade de readequações.
- Deve contar com todos os envolvidos no caso atendido, contemplando não apenas a
equipe do CREAS, mas também profissionais da rede conforme pertinência.
- A troca entre profissionais de diferentes áreas é privilegiada neste espaço
contribuindo para o trabalho interdisciplinar.

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REDE DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL - RAPS

- A Rede de Atenção Psicossocial é destinada às pessoas em sofrimento psíquico ou


transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas no âmbito do Sistema Único de Saúde.
- A Rede de Atenção Psicossocial é sistematizada para responder a condições
específicas de saúde mental e dependência de álcool e drogas, por meio de um ciclo
completo de atendimentos, que implica a continuidade e a integralidade da atenção
à saúde nos diferentes níveis Atenção Primária, Secundária e Terciária.
Integralidade do cuidado:

- Rede de Atenção Psicossocial: conjunto de ações e serviços de saúde articulados


em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade
da assistência à saúde.

Rede de Atenção Psicossocial: Princípios

Princípios para o cuidado na RAPS:


- Respeito aos Direitos Humanos
- Cuidado em Liberdade
- Combate aos estigmas e preconceitos
- Cuidado Integral
- Diversificação das estratégias de cuidado
- Promoção de autonomia
- Estratégias de redução de danos
- Controle social dos usuários e seus familiares
- Estratégias de educação permanente
- Construção do projeto terapêutico singular

Rede de Atenção Psicossocial: Objetivos

- Ampliar o acesso à atenção psicossocial da população em geral;


- Promover a vinculação das pessoas com transtornos mentais e com necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas, e suas famílias aos pontos de
atenção;
- Garantir a articulação e integração dos pontos de atenção das redes de saúde no
território, qualificando o cuidado por meio do acolhimento, do acompanhamento
contínuo e da atenção às urgências.

Essa rede se conecta, em cada um dos seus pontos, com outras políticas públicas:
assistência social, educação, habitação, trabalho e emprego, direitos humanos, proteção e
defesa civil, entre outras. Exemplos:
- Centro de Atenção Psicossocial (CAPS);
- Reabilitação psicossocial;
- Hospital Geral;
- Núcleo de Apoio à Saúde da Família - Equipes multiprofissionais/Unidades
Especializadas
- Estratégia de Saúde da Família
- Unidades de Pronto Atendimento (UPA)
- Serviço de Atendimento Móvel Urgente (SAMU)
- Atenção Residencial de Caráter Transitório
- Unidade Básica de Saúde (UBS)
- Estratégias de Desinstitucionalização
- Centro de Convivência
- Consultório na Rua
Componentes da RAPS

- Atenção Básica em Saúde


- Atenção Psicossocial Estratégica
- Atenção de Urgência e Emergência
- Atenção residencial de caráter transitório
- Atenção hospitalar
- Estratégias de Desinstitucionalização
- Estratégias de Reabilitação Psicossocial

Quais são os pontos de atenção da “Atenção Básica em Saúde”?

- Realizar atendimento universal a usuários com transtorno ou sofrimento mental e


usuários de álcool e outras drogas;
- Cuidado integral a usuários considerados leves a moderados;
- Realizar o mapeamento e identificação de usuários disfuncionais;
- Identificar intoxicações graves e moderadas;
- Suporte e apoio aos familiares;
- Acolher usuários que demandem ajuda, mesmo que não queiram interromper o
consumo;
- Redução de danos;
- Realizar ações de promoção, prevenção e educação em saúde;
- As ações de saúde mental devem obedecer ao modelo de redes de cuidado, de
base territorial e atuação transversal com outras políticas específicas que busquem
o estabelecimento de vínculos e acolhimento.

Atenção Básica em Saúde - Equipes de Atenção Básica para populações em


situações específicas

Consultório na Rua:

- A equipe de Consultório na Rua é constituída por profissionais que atuam de forma


itinerante, ofertando ações e cuidados de saúde para a população em situação de
rua, considerando suas diferentes necessidades de saúde, sendo responsabilidade
dessa equipe, no âmbito da Rede de Atenção Psicossocial, ofertar cuidados em
saúde mental (BRASIL, 2017).

Centro de Convivência e Cultura (CECCO)

- O Centro de Convivência e Cultura é uma unidade pública, articulada às Redes de


Atenção à Saúde, em especial à RAPS, onde são oferecidos à população em geral
espaços de sociabilidade, produção e intervenção na cultura e na cidade (BRASIL,
2017).
- Esses centros são estratégicos para a inclusão social das pessoas com sofrimento
ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de
crack, álcool e outras drogas, por meio da construção de espaços de convívio e
sustentação das diferenças na comunidade e em variados espaço da cidade
(BRASIL, 2017).
Quais são os pontos de atenção da “Atenção Psicossocial Estratégica”?

“Um dos dispositivos estratégicos mais eficientes para a superação do modelo manicomial
são os Centros de Atenção Psicossocial. Por serem comunitários, esses serviços estão
inseridos em determinada cultura, num território definido, com dificuldades, problemas e
potencialidades. São locus onde as crises precisam ser enfrentadas, crises oriundas de
uma teia complexa de aspectos individuais, familiares e sociais” (Alves, 2001 apud
Quinderé et. al., 2014).

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) - Modalidades:


- CAPS i
- CAPS I
- CAPS II
- CAPS III
- CAPS AD
- CAPS AD III
- CAPS AD IV

Quais são os pontos de atenção da “Atenção de Urgência e Emergência”?

Atenção de Urgência e Emergência

- Os pontos de atenção de urgência e emergência são responsáveis, em seu âmbito


de atuação, pelo acolhimento, classificação de risco e cuidado nas situações de
urgência e emergência das pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com
necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas.
- SAMU 192, UPA 24 horas, as portas hospitalares de atenção à urgência/pronto
socorro.
- O Mistério da Saúde lançou no dia 01/09/21 o curso de formação de multiplicadores
em urgências e emergências em saúde mental. O objetivo do curso é capacitar os
profissionais do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) com orientação
de condutas humanizadas e terapêuticas para os pacientes em sofrimento psíquico.

Quais são os pontos de atenção da “Atenção residencial de caráter transitório”?

Atenção Residencial de Caráter Transitório

a) Unidade de Acolhimento (UA):


- A Unidade de Acolhimento é um componente de atenção residencial de caráter
transitório da Rede de Atenção Psicossocial.
- Devem oferecer acompanhamento terapêutico e protetivo, garantindo o direito de
moradia, educação e convivência familiar/social com a possibilidade de acolhimento
prolongado (de até 6 meses).
- As unidades poderão ser destinadas para adultos, ou para crianças e adolescentes
em situação de vulnerabilidade social e familiar, e encaminhadas pela equipe do
Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de referência.
- O CAPS de referência será responsável pela elaboração do projeto terapêutico
singular de cada usuário, levando em conta as necessidades do mesmo,
considerando a hierarquização do cuidado, e priorizando a atenção em serviços
comunitários de saúde.
- Estas unidades deverão ter o espaço físico adequado ao desenvolvimento de
atividades individuais e grupais, incluindo espaço externo para lazer, quartos para
até 4 pessoas, além de outros cômodos como cozinha, espaço para refeições,
banheiros, e outros.
b) Serviços de Atenção em Regime Residencial:
- Comunidades Terapêuticas - serviço de saúde destinado a oferecer cuidados
contínuos de saúde, de caráter residencial transitório por até nove (09) meses para
adultos com necessidades clínicas estáveis decorrentes do uso de crack, álcool e
outras drogas.

Unidade de Acolhimento (UA): Fluxo de Atendimento

- Acolhimento Voluntário pela equipe da UA;


- Construção do Projeto Terapêutico Singular em parceria com o CAPS de referência
que redirecionou o usuário;
- Acompanhamento clínico e psicossocial do usuário e familiar;
- Articulação com outros serviços de saúde ou outros setores (Ex: educação,
habitação, CRAS, CREAS);
- Reinserção social e sustentável (Ex: projetos de geração de trabalho e renda,
economia solidária, programas culturais).
- O acesso às Unidades de Acolhimento só deve ocorrer por meio dos CAPS’s e,
necessariamente, o usuário deve estar e se manter sob os cuidados do CAPS. É um
serviço que deve estar inserido na comunidade para favorecer a interlocução com os
recursos comunitários imprescindíveis para que as pessoas com problemas em
decorrência do uso nocivo e dependência de drogas possam desenvolver outros
projetos de vida, mediado pelos profissionais de referência do CAPS e da Unidade
de Acolhimento. A previsão é que as pessoas estejam neste espaço por até 06
meses, a depender do projeto terapêutico singular (PTS). Portanto, aqueles
pacientes que saem de uma internação para desintoxicação devem ingressar nos
cuidados do CAPS, que poderá, em conformidade com o PTS, referenciar para
acolhimento provisório na Unidade de Acolhimento.

Serviços de Atenção em Regime Residencial: Fluxo de Atendimento

- Consentimento expresso do usuário, após esclarecimento sobre o funcionamento da


entidade;
- Acolhimento pela entidade;
- Construção do Projeto Terapêutico Singular em parceria com o CAPS de referência
que redirecionou o usuário;
- Acompanhamento clínico e psicossocial do usuário e familiar pelo CAPS, com
encontros quinzenais entre o usuário residente e a equipe técnica;
- Saída programada do usuário em articulação com seus familiares e o CAPS,
buscando sua reinserção social.

Quais são os pontos de atenção da “Atenção hospitalar”?


Atenção Hospitalar

- Entre os pontos de atenção do componente atenção hospitalar destacam-se os


leitos de saúde mental em hospital geral e o serviço hospitalar de referência para
atenção às pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades
decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas no hospital geral (BRASIL,
2017).
- Os estabelecimentos hospitalares para internação especializada em Saúde Mental e
psiquiatria devem desenvolver a função de retaguarda para os demais
estabelecimentos e serviços da RAPS, contar com equipe multiprofissional
(psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros, entre outros),
proporcionando o acompanhamento integral à saúde conforme seu projeto de
cuidado, desenvolvido de forma singular. Estes estabelecimentos devem estar
integrados à RAPS e articulados aos demais serviços da rede de atenção à saúde
(RAS), seguindo os princípios básicos de legalidade, da ética da saúde pública e dos
direitos humanos.
- Leitos em hospital geral: Oferecer tratamento hospitalar para casos graves
relacionados aos transtornos mentais e ao uso de álcool, crack e outras drogas, em
especial de abstinências e intoxicações severas com internação de curta duração
até a estabilidade clínica. Leitos de saúde mental: Até 15% do total de leitos do
hospital, em um máximo de 25 leitos.

Quais são os pontos de atenção da “Estratégias de Desinstitucionalização”?

Estratégia de Desinstitucionalização

- Esse componente é constituído por iniciativas que visam garantir às pessoas com
transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras
drogas, em situação de internação de longa permanência, o cuidado integral por
meio de estratégias substitutivas, na perspectiva da garantia de direitos com a
promoção de autonomia e o exercício de cidadania, buscando sua progressiva
inclusão social. Os serviços residenciais terapêuticos e o Programa de Volta para
Casa são pontos de atenção deste componente (BRASIL, 2017).

Estratégia de Desinstitucionalização: Serviços Residenciais Terapêuticos

- O serviço residencial terapêutico (SRT) ou residência terapêutica ou simplesmente


“moradia” são casas inseridas na comunidade, destinadas a acolher pessoas
egressas de internação de longa permanência (dois anos ou mais ininterruptos),
egressas de hospitais psiquiátricos e hospitais de custódia, entre outros (BRASIL,
2017).

Estratégia de Desinstitucionalização: Programa de Volta para Casa (PVC)

- O Programa de Volta para Casa (PVC) é uma política pública de reabilitação e


inclusão social que visa contribuir e fortalecer o processo de desinstitucionalização.
Foi instituído pela Lei 10.708/2003 e prevê um auxílio reabilitação de caráter
indenizatório para pessoas com transtorno mental egressas de internação de longa
permanência. Toda pessoa com mais de 2 anos ininterruptos tem direito ao PVC.

Estratégias de Reabilitação Psicossocial

- Atualmente, considera-se reabilitação psicossocial como o processo que facilita, ao


usuário, com limitações, uma melhor reestruturação de autonomia de suas funções,
na comunidade.
- Iniciativas de geração de trabalho e renda;
- Empreendimentos solidários e cooperativas sociais.

Reabilitação Psicossocial

- São iniciativas que têm por objetivo gerar trabalho e renda, incluem as cooperativas,
os núcleos e empreendimentos solidários. São ações intersetoriais destinadas à
reabilitação psicossocial, por meio da inclusão produtiva, formação e qualificação
para o trabalho das pessoas com transtornos mentais ou com uso prejudicial de
álcool e outras drogas.

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