Contabilidade Pública - Teoria

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Contabilidade Pública – Parte teórica

Setor Público Administrativo Setor Público Empresarial


• Central EPR*
• Regional
• Local
• Segurança Social

*Entidades Públicas Reclassificadas – entidades públicas que são reclassificadas no setor


público administrativo (ficam sujeitas às mesmas regras que todas as outras). [existem empresas
que para fugir às regras viram fundações]

Lei 8/90, DL 155/92 RAFE


A Lei 8/90 estabeleceu 2 regimes na administração central:
• O regime geral composto pelos serviços de autonomia administrativa também
designados serviços integrados são serviços sem personalidade jurídica, sem
património próprio, estando integrados na pessoa coletiva Estado.
• O regime excecional composto pelos serviços de autonomia administrativa e financeira
também designados por serviços e fundos autónomos, têm personalidade jurídica e
património próprio.

De acordo com a legislação terá autonomia financeira, que tenha receitas próprias
correspondentes a pelo menos 2/3 das suas despesas totais.
Esta autonomia pode ser concedida por diploma legal.

Serviços integrados deveriam ter contabilidade de caixa (só se reconhece pagamentos e


recebimentos ex: Estado Português)

Serviços fundos autónomos deveriam seguir contabilidade de acréscimos (POC)

Características das Entidades Públicas


I. Transações sem contraprestação
II. Orçamento do Estado na entidade
• o orçamento aprovado autoriza a entidade pública a cobrar aquelas receitas e a
pagar aquelas despesas.
III. Continuidade da entidade
IV. Relação com o relato estatístico
V. Natureza e finalidade de ativos e passivos

O Estado possui bens de domínio público, e estão classificados como tal na legislação. Estes bens
não estão sujeitos às regras do comércio privado, logo não podem ser vendidos ou penhorados.
Ex: Torre de Belém

Contribuições para o património líquido: aumento do património líquido provenientes dos


detentores de capital agindo nessa qualidade ex: prestações suplementares
Distribuições de património líquido: saída do património líquido para os detentores de capital
ex: distribuição dos lucros
Rendimentos: aumento do património líquido que não sejam as entradas de capital
provenientes dos detentores de capital agindo nessa qualidade.
Gastos: diminuição do património líquido

Estrutura Conceptual

A EC aborda as seguintes matérias:


a) Objetivos das demonstrações financeiras;
b) Características qualitativas que determinam a utilidade da informação contida nas
demonstrações financeiras;
c) Definição da entidade que relata;
d) Elementos das demonstrações financeiras;
e) Reconhecimento dos elementos das demonstrações financeiras;
f) Mensuração dos ativos e passivos das demonstrações financeiras.

Características qualitativas:

Relevância: A informação financeira e não financeira é relevante se for capaz de fazer a


diferença no alcance dos objetivos do relato financeiro, isto é, quando tiver valor confirmativo,
valor preditivo ou ambos.

Fiabilidade: Para ser útil, a informação financeira deve ser uma representação fiel dos
fenómenos económicos e outros que pretende representar. Consegue-se uma representação
fiel quando a descrição dos fenómenos é completa, neutra e isenta de erros materiais.

Compreensibilidade: Qualidade da informação que permite aos utilizadores das demonstrações


financeiras compreenderem o seu significado A compreensibilidade é melhorada quando a
informação é classificada, caracterizada e apresentada de forma clara e concisa.

Oportunidade: Significa ter a informação disponível para os utilizadores das demonstrações


financeiras antes de deixar de ser útil para efeitos de responsabilização pela prestação de
contas e tomada de decisões.

Comparabilidade: Qualidade da informação que permite que os utilizadores das demonstrações


financeiras identifiquem semelhanças e diferenças entre dois conjuntos de fenómenos.

Verificabilidade: Qualidade da informação que ajuda a assegurar aos utilizadores que a


informação incluída no relato financeiro representa os fenómenos económicos e outros que
pretende representar.
LEO (Lei 151/2015, Lei 91/01)
As entidades públicas estão sujeitas ao cumprimento de toda a legislação que regula o processo
orçamental, nomeadamente, a lei de enquadramento do orçamento que estabelece princípios
e regras orçamentais:
a) Anualidade e pluralidade – o Orçamento é anual (apesar de incorporar um período
complementar). Os orçamentos dos serviços e das entidades que compõem os
subsetores da administração central e da segurança social integram os programas
orçamentais e são enquadrados pela Lei das Grandes Opções em matéria de
Planeamento e da Programação Orçamental Plurianual;
b) Unidade e universalidade – compreende todas as receitas e despesas dos Serviços
integrados, Serviços e fundos autónomos e Segurança social;
c) Estabilidade orçamental – as receitas têm de ser suficientes para cobrir as receitas. A
estabilidade orçamental consiste numa situação de equilíbrio ou excedente orçamental;
d) Não compensação - receitas e despesas inscritas pelo valor global sem qualquer
dedução
e) Não consignação: ou não afectação, excepto em situações previstas na lei;
f) Especificação: transparência das despesas e receitas, sem utilizações abusivas de
“Diversos”. Classificação das receitas e despesas

Juros 1.000€ Hipótese A: receita = 750€


IRC 250€ Hipótese B: receita = 1.000€ / despesa = 250€
V.Liq 750€ ^ devido ao princípio da não compensação

• Operações orçamentais: são as que decorrem da execução do orçamento da entidade


• Receitas correntes: são aquelas que em regra se renovam todos os anos ex: propinas
• Receitas de capital: são aquelas que têm caráter pontual ou ocasional, normalmente
associadas à venda de bens de investimento ex: venda de PC’s, empréstimo bancário.
• Despesas correntes: são as relativas ao funcionamento da entidade, tendo também um
caráter anual. [Classe 6 e 3] ex: pagamento de ordenados
• Despesas de capital: associadas à aquisição de bens de investimento ex: compra de
computadores.

O Estado, como entidade contabilística, tem os impostos como principal receita.


Locação Financeira: transfere para o locatário todos os benefícios e risco inerentes à
propriedade do bem. [Classe 4 e 25] – despesa de capital
Locação Operacional:
• Rendas e alugueres
• Despesa corrente
DL 26/02 – classificador económico:
• Operações orçamentais – são as que decorrem da execução do orçamento da entidade.
➢ Receitas
❖ Correntes - em regra, se renovam todos os anos ex: propinas
❖ Capital - são as relativas ao funcionamento da entidade e têm um
carater regular ex: venda de um computador, empréstimo bancário
➢ Despesas
❖ Correntes - receitas com caráter pontual ou ocasional normalmente
associadas a venda de bens de investimentos ex: pagamento de
ordenados, seguros e rendas
❖ Capital - estão associadas à aquisição de bens de investimento ex:
compra de um computador

NOTA: Paralelismo com o SNC: as despesas de capital estão associadas à classe 4 e as despesas
correntes estão associadas à classe 3 e 6

• Operações extraorçamentais ou de tesouraria – são fluxos de recebimentos e de


pagamentos com impacto na tesouraria, mas sem expressão orçamental – a entidade é
mera intermediária → recebe e entrega e não pode usar para usufruto próprio.
➢ Receita (classificação 17)
➢ Despesa (classificação 12)

Exemplo: caução
• A ANSR, cobrou 10.000€ de coimas por infrações do código da estrada. Desse valor,
20% são receitas próprias da entidade, sendo o restante para entrega a terceiros.
Classifique essa receita na ANSR.
R: Os 20% são receita orçamental (servirá para pagar a despesa orçamental) os restantes
80% são receita de operações de tesouraria (pagará despesas de tesouraria)
SNC AP
09 Contas de ordem – reconhecem as operações que não têm impacto nem na contabilidade
financeira, nem na orçamental ex: conceção de um avale

Os passivos contingentes são reconhecidos pelo crédito na 091 e a débito na 0991

Abertura do orçamento inicial (aprovado)


• Receitas
- 012 prov. corrigidas + 011 prov. iniciais + 014 prov. p/
liquidar -
Prov.Iniciais Prov.Iniciais
C.E C.E

• Despesas
- 024 dotações disp. + 021 dotações iniciais + 022
dotação corrigida -
Dot.Iniciais Dot.Iniciais
C.E C.E
Exemplo:
Reconheça o seguinte orçamento aprovado da entidade A:
• Receita
- 06 03 01 Transferências correntes OE: 100.000€
• Despesa
- 01 01 03 Pessoal dos quadros 90.000€
- 02 02 01 Encargos mistos: 10.000€

Conta Valor
Data Operação Descrição
SNC-AP C.E Débito Crédito
011 06 03 01 100.000
1 jan 1 Orç. inicial receita 012 06 03 01 100.000
011 06 03 01 100.000
014 06 03 01 100.000
021 01 01 03 90.000
024 01 01 03 90.000
022 01 01 03 90.000
2 Orc. inicial 021 01 01 03 90.000
despesa 021 02 02 01 10.000
024 02 02 01 10.000
022 02 02 01 10.000
021 02 02 01 10.000

REGRA:
• Só podem ser cobradas receitas que estejam previstas no orçamento podendo a
cobrança exceder o valor previsto
• As despesas só podem ser pagas se estiverem previstas no orçamento e até ao limite da
respetiva dotação
Exemplo:
02 02 02 5.000€ posso fazer esta despesa de 6.000€ ? não pois excede o limite

02 02 01 5.000€ - 0.000 = 5.000


02 02 02 5.000€ - 1.000 = 4.000
02 02 04 5.000€ - 1.000 = 1.000
02 02 04 loc. Edifício 1.000
Alterações orçamentais (Modificativas e permutativas)

As Alterações orçamentais são um instrumento de gestão orçamental que permite a adequação


do orçamento à execução orçamental ocorrendo a despesas inadiáveis, não previsíveis ou
insuficientemente dotadas, ou receitas imprevistas. As alterações orçamentais podem ser
modificativas ou permutativas, assumindo a forma de inscrição ou reforço, anulação ou
diminuição ou crédito especial.

Modificativas: procede à inscrição de uma nova natureza de receita ou de despesa ou da qual


resulta o aumento do montante global de receita, de despesa ou de ambas, face ao orçamento
que esteja em vigor. Aumentam o valor global do orçamento e/ou inscrevam novas naturezas
(rubricas) de despesa ou receita.

Permutativas: procede à alteração da composição do orçamento de receita ou de despesa da


entidade, mantendo constante o seu montante global. Quando o valor global do orçamento se
mantem constante e não seja inscrita uma nova natureza da receita ou da despesa.

1º Exemplo:
02 01 04 Limp. e hig. (aquisição bens) 4.000€
02 02 02 Limp. e hig. (aquisição serviços) 6.000€

Posso efetuar a seguinte despesa? Não pois não temos dotação suficiente
02 02 02 6.500€
1º a rubrica existe
2º a dotação não tem o mesmo valor

Alterações:
02 01 04 4.000€ - 500 = 3.500€
02 02 02 6.000€ + 500 = 6.500€
R: Esta alteração é permutativa (o valor global mantêm-se)

2º Exemplo:
Posso efetuar a seguinte despesa?
02 02 01 Enc. Inst. 500€
R: Não, porque a rubrica não está prevista no orçamento.

Alteração:
02 01 04 4.000€ = 4.000€
02 02 02 6.000€ - 500 = 5.500€
02 02 01 Enc. Inst. + 500 = 500€
R: A alteração é modificativa porque foi inscrita uma nova natureza.

As alterações orçamentais podem assumir as seguintes formas:


• Reforço ou inscrição - Será reforço, quando se aumenta o valor já existente na rubrica
(1º exemplo) e inscrição quando a rubrica não existir (2º exemplo).
• Anulação ou diminuição - Em ambos os casos há uma redução do valor da rubrica,
sendo que, na anulação, o valor final será 0€.
• Crédito especial – Nesta alteração, existe um aumento do valor do orçamento global da
despesa compensado com um aumento do valor global do orçamento da receita (receita
que tem de estar previamente cobrada).
Nas alterações orçamentais por transferências de verbas há lugar a um reforço/inscrição de uma
despesa/receita compensada com uma diminuição/anulação de outra rubrica da
despesa/receita.

Orçamento:
Receita 100 Despesa 100
02 01 … 50
02 02 … 50 → 55
Ou aumento a receita, ou diminuo uma rubrica da despesa e aumento a outra

Exemplo:
Orçamento:
Receita 100€ Despesa 100€
OE 90
RP 10
RP cobrança 50 posso cobrar porque está prevista a natureza (cobrança de +40)
Quanto posso gastar na minha despesa? R: 100€

Alteração de crédito especial


Receita 100€ + 40 Despesa 100€ + 40
OE 90
RP 10

Transferência de verbas em rubricas de receita


Receita 100€ Despesa 100€
OE 90 - 40
RP 10 + 40

Alterações orçamentais (reconhecimento):

Receita:
• Reforços/inscrições
- 012 prov. corr + 01311 01312 + 014 prov.
p/liq -

C.E C.E

• Anulações/diminuições
- 012 prov. corr + 01321 01322 + 014 prov.
p/liq -
x x x x
• Créditos Especiais
- 012 prov. Cor + 01331 01322 + 014 prov.
p/liq -

C.E C.E

Despesa
• Reforços/Inscrições
- 024 D.disp + 02312 02311 + 022 dotação
cor -

C.E C.E

• Anulações/diminuições
- 024 D.disp + 02322 02321 + 022 dotação
cor -
x x x x

• Créditos Especiais
- 024 D.disp + 02332 02331 + 022 dotação
cor -

C.E C.E

--------------------
DL 192_2015
Previsões iniciais ≥ Despesas iniciais
Previsões corrigidas ≥ Despesas corrigidas

+ 022 02 01 08 - + 022 02 02 14 -
4.000 6.000 50
50
Cativos ou cativações
A lei do orçamento aprova cativos às dotações iniciais dos serviços da administração
central. Ao longo do ano, podem ser aprovadas mais cativações. As cativações/cativos reduzem
as dotações disponíveis não alterando o orçamento. Durante o ano é possível solicitar a
descativação de verbas que têm de ser devidamente autorizadas.

CATIVO DESCATIVO
- 02341 + - 024 D.disp + - 024 D.disp + 02342

C.E C.E

Slide 37 – Processo de execução da despesa (DL 155/92)


O cabimento consiste na reserva de dotações disponíveis
Na administração pública, as aquisições são reguladas pelo código dos contratos
públicos.
O compromisso consiste na encomenda ao fornecedor feita através de nota de
encomenda, contrato, requisição oficial ou outro documento equivalente.
A lei dos compromissos e dos pagamentos em atraso é a lei 8/2012 estabelece que só
podem ser assumidos compromissos pros quais existam fundos disponíveis. Os fundos
disponíveis consistem nas receitas já cobradas e nas que se preveem cobrar a 3 meses (6 meses
nas autarquias locais) deduzidos dos compromissos já assumidos. Estes são calculados
mensalmente.
O processamento/obrigação consiste no reconhecimento de uma dívida a pagar (com
base numa fatura devidamente conferida)
A liquidação consiste na listagem das obrigações a pagar.

As fases de execução da despesa reconhecidas na contabilidade são: cabimento,


compromisso, a obrigação e o pagamento.

Pergunta: Uma entidade só pode assumir compromissos se existirem:


a) Cabimentos
b) Dotações disponíveis
c) Cabimentos e fundos disponíveis
d) Nenhuma das anteriores
Reconhecimento das fases do processo da despesa contabilisticamente

Cabimento
- 024 Dotações Disponíveis + - 0251 Cabimentos registados +
C.E
Cabimento

Compromisso
- 0252 Cabimentos c/ compromissos + - 0261 Compromissos assumidos
+
C.E
Compromisso

Obrigação
- 0262 Compromissos c/ obrigação + - 0271 Obrigações Processadas +
C.E
Obrigação

Pagamento
- 0281/0282 Pagamentos … + - 0272 Obrigações pagas +
C.E
Pagamento

028 Pagamentos: o pagamento é do período ou de períodos findos em função do ano da


respetiva obrigação ou seja, será do ano se a obrigação for deste ano, e de períodos findos, se a
obrigação tiver transitado de períodos anteriores.

0263 Compromissos a transitar: Só se movimenta em 31/12/N compromissos a transitar uma


única vez. Esta conta é creditada no final do ano, pelos compromissos para os quais ainda não
existe a respetiva obrigação por contrapartida da conta 0261.

No ano seguinte, têm de ser reconhecidos os cabimentos e os compromissos relativos aos


valores transitados no ano anterior

0273 Obrigações a transitar: No final do ano, a conta é creditada por contrapartida da conta
0271 pelo valor das obrigações que ainda não foram pagas. No início do ano seguinte, o valor
das obrigações transitadas tem de ser reconhecido nos cabimentos, compromissos e nas
obrigações (apenas orçamental).
Pedidos ao orçamento de Estado para fazer pagamentos – receita para fazer face à despesa.
[Se eu não pagar, o dinheiro tem de ser devolvido no final do ano]

Subsídios à exploração - para fazer face a despesas correntes. São reconhecidos em resultados
e diferidos pela conta 75 – transferência de subsídios obtidos.

Subsídio ao investimento – para fazer face a ativos de investimento. É reconhecido diretamente


em património líquido. Conta 593 – transferência de subsídios de capital em contrapartida da
conta 7883 – Imputação de subsídios

Especificações
Condição – se eu não cumprir, tenho de devolver o ativo. Reconheço logo ativo e rendimento
Se tiver uma expectativa elevada de que não vou cumprir a condição, devo reconhecer uma
provisão.

Restrição – eu recebo um ativo que tem uma restrição e tenho de a cumprir. Se eu não a cumprir,
não tenho de devolver o ativo, mas pode uma penalidade (por exemplo: multa)
A partir de quando é que sei que o ativo é mesmo meu?
Quando cumpro a condição, deixa de ser passivo e passa a ser rendimento.

PLC/STF

Os serviços e organismos solicitam, mensalmente, à Direcção-Geral do Orçamento a


libertação de créditos (transferências do Orçamento do Estado (OE) de receitas gerais/de
impostos) por um montante que tenha em consideração as necessidades de pagamento.
Este pedido designa-se de Pedidos de Libertação de Créditos (PLC) nos Serviços
Integrados e por Solicitações de Transferência de Fundos (STF) nos Serviços e Fundos
Autónomos.
Com estes pedidos solicitam-se transferências de dinheiro do OE (correntes ou de
capital) para fazer face aos pagamentos da entidade. Em caso de não utilização do dinheiro, ou
seja, se os pagamentos não forem realizados (no todo ou em parte), o valor tem de ser devolvido
(também no todo ou em parte).
O reconhecimento dos PLC/STF assenta no estabelecido na NCP 14: Rendimento de
Transações sem Contraprestação
Transações sem contraprestação são transações que não sejam transações com
contraprestação. Numa transação sem contraprestação, uma entidade ou recebe valor de uma
outra entidade sem dar diretamente em troca valor aproximadamente igual, ou dá valor a uma
outra entidade sem receber diretamente em troca valor aproximadamente igual.
Exemplos:
• Impostos; e
• Transferências (sejam de caixa ou não) incluindo transferências financeiras (correntes e de
capital), subsídios, perdão de dívidas, multas e outras penalidades, legados, ofertas, doações
e bens em espécie e a parte não transacionada em mercado de empréstimos bonificados.
Os PLC/STF consistem em transferências com condições uma vez que o activo terá de ser
restituido ao cedente no caso de as condições serem violadas, ou seja, dos pagamentos não
terem sido realizados. Deste modo, considera-se que as condições são cumpridas quando
os pagamentos das despesas ocorrem.
O activo deve ser reconhecido por contrapartida de um passivo. À medida que se
cumpram as condições, o passivo será reduzido e reconhecido um rendimento.
Quando se cumpram as condições, paguem as despesas com o dinheiro solicitado ao
OE, o passivo é desreconhecido (D2821/2822) por contrapartida de uma conta de rendimentos
(conta 75[corrente] ou conta 593 [capital]).
---------------

Exemplo:
Em dezembro de N foi prestado um serviço no valor de 1.000€, cuja fatura for emitida em N+1.
Qual o reconhecimento em N+1?

31/12/N – só reconheço na financeira porque a fatura ainda não foi emitida


D 2721 / C 72 – 10.000€

Em dezembro de N foi estimado o consumo de eletricidade no valor de 500€. Em que ano é que
este valor deverá ser feito o cabimento (deve ser reconhecido em N+1, porque eu faço
cabimentos para pagar, não para reconhecer gastos), compromisso, obrigação e pagamento?
Todos em N+1
D 6241 / C 2722 – 500€
----------------------------
Impacto orçamental e na contabilidade financeira
• Liquidação – direito a receber
• Cobrança –

Acréscimo de rendimento – só na contabilidade financeira


Diferimento de rendimento – impacto na contabilidade financeira e na orçamental

PLC e/ou STF – pedido de dinheiro ao OE (entidade contab. Estado) – NCP 14 para pagar
despesas. Não dou nada em troca. São transferências com condições usar o dinheiro todo para
pagar as despesas.
Reconheço o ativo quando é autorizado o pedido. Reconheço na conta 201.
Enquanto não reconheço o rendimento, reconheço um passivo.

Demonstração de execução orçamental da receita


Tem como finalidade permitir o controlo da execução orçamental da receita durante o
período.
Demonstração de execução orçamental da despesa

Demonstração do desempenho orçamental


Deverão ser evidenciadas as importâncias relativas a todos os recebimentos e
pagamentos ocorridos no período, quer se reportem à execução orçamental quer a
operações de tesouraria. Nele se evidenciam também os correspondentes saldos (da
gerência anterior e para a gerência seguinte) desagregados de acordo com a sua
proveniência (execução orçamental e operações de tesouraria).

O Saldo para a gerência seguinte consiste no dinheiro que sobrou no final do período, pelo que
deverá ser conciliado com o valor de caixa considerado na Demonstração dos Fluxos de Caixa.
Reconhecimento do IVA na Contabilidade Orçamental

Para efeitos de elaboração e controlo do orçamento, as quantias do IVA liquidado ou dedutível


integram o respetivo valor da receita e da despesa, enquanto para efeitos de contabilidade
financeira o valor dessas contas não inclui as quantias do IVA liquidado ou dedutível

Reconhecimento de operações com retenções na Contabilidade Orçamental

“Nesse sentido, as obrigações são processadas pelos valores brutos, no quadro do


processamento de remunerações. O pagamento total das obrigações será repartido pelo
pagamento dos valores líquidos aos beneficiários das remunerações e pela entrega das
retenções ou descontos às entidades beneficiárias.

O saldo da conta 0271- Obrigações processadas conjugado com o saldo da conta 0281-
Pagamentos do período evidencia por natureza da despesa o montante retido na fonte que
ainda não foi objeto de entrega às respetivas entidades credoras, devendo este montante ser
consistente com o saldo da conta 24-Estado e outros entes públicos e outros terceiros aplicáveis,
discriminado em função do tipo de entidade credora das retenções.

Assim, a despesa orçamental paga com natureza de “despesas com o pessoal”, será escriturada
no subsistema da contabilidade orçamental do SNC-AP, nos momentos em que ocorrer a
escrituração dos exfluxos de caixa no subsistema da contabilidade financeira”.
Despesas de Períodos Futuros (conta 04)
Nova designação da conta: 04 Despesa a pagar em períodos futuros.
04 — Despesa de períodos futuros — Duas situações:

• Responsabilidades (compromissos): 041 e 042, com incidência em períodos futuros


(exemplo, um contrato de aquisição de serviços de segurança e vigilância por um
prazo superior a um ano);

Quando fazemos um contrato de locação operacional, estamos só na fase do


Compromisso

• As que geram também contas a pagar (obrigações) com incidência em períodos


futuros (os contratos de locação financeira para aquisição de equipamento
informático).

Quanto fazemos um contrato de locação financeira (contrato de arrendamento),


reconhecemos o ativo e o passivo quando recebemos o contrato, estamos na fase do
compromisso mas também já estamos na fase de obrigação.
As contas “041 Orçamento” (n+1), “042 Compromissos assumidos” (n+2), “043
Compromissos com obrigação” (n+3) e “044 Obrigações” (n+4).
Na abertura de período, os compromissos da conta “0421 Período (n+1)” e as
obrigações da conta “0441 Período (n+1)” dão origem a nova despesa até à fase do
compromisso (fase presente, conta 02), e têm de ser reconhecidos em Cabimentos e
Compromissos do ano presente — crédito “0251 Cabimentos registados” pela “024
Dotações disponíveis” e crédito da “0261 Compromissos assumidos” pela “0252
Cabimentos com compromisso”. Na fase de obrigação, tudo o que estiver reconhecido
na conta 0441 Obrigações, reconhece-se em Cabimentos, Compromissos e Obrigações
do ano presente (conta 02). Crédito da conta “0271 Obrigações processadas” por
contrapartida de “0262 Compromissos com obrigação” —, respetivamente.
Receita de Períodos Futuros (conta 03)
Nova designação da conta: 03 Receita a receber em períodos futuros
03 — Receita de períodos futuros — Esta conta reconhece as receitas liquidadas, no
ano presente ou em anteriores, cuja cobrança só é feita em anos futuros. A liquidação
ou está a ocorrer agora, ou já ocorreu em anos anteriores. Na financeira, há uma conta
receber, há um ativo. Na 01, só é reconhecida a receita com cobrança no ano corrente.

Na abertura de período, as liquidações registadas a débito da conta “0321 Período


(n+1)” e a crédito da conta “0311 Período (n+1)”, ficam a débito da conta “0152
Liquidações emitidas” por contrapartida da conta “014 Previsões por liquidar”.
As liquidações registadas nas contas relativas ao período (n+2) deverão ser registadas
nas contas relativas ao período (n+1), e assim sucessivamente, revertendo sempre em
um ano a contabilização de liquidações com incidência em períodos futuros.
Reposições abatidas aos pagamentos (conta 029)
Consiste na devolução de dinheiro por terceiros no mesmo ano em que ocorreu o
pagamento indevido ou em excesso que a reposição vem corrigir.
Se a reposição tiver lugar em ano posterior ao do pagamento indevido, designa-se por
RNAP (reposição não abatida aos pagamentos), sendo reconhecida como receita.

A cobrança do valor é reconhecido como uma correção ao pagamento, pelo que as


contas anteriores têm de ser movimentadas ao contrário tendo por contrapartida a
conta 029.

Na orçamental, dependendo do momento em que ocorrer a sua cobrança, o momento


da emissão e da cobrança coincidem no tempo, logo so é contabilizada a emissão e a
cobrança no momento em que se recebe o valor.
Na financeira a nota de débito deverá ser contabilizada em dois momentos: o da
emissão e o da cobrança.
Se a emissão da nota de crédito ocorrer no mesmo ano em que teve lugar o pagamento
indevido, ela so sera reconhecida na financeira.
A emissão e cobrança da RAP só terá lugar quando o valor for recebido (desde que
recebido nesse ano).
A nota de crédito só tem reconhecimento na orçamental se for emitida em ano posterior
ao do pagamento indevido.
Corrigem-se as restantes fases da despesa anteriores ao pagamento pela ordem
contrária (obrigação, compromisso e cabimento).
Liquidações anuladas (conta 016)
As liquidações anuladas podem ter sido emitidas em períodos contabilísticos anteriores
(liquidações transitadas) ou no período contabilístico corrente (liquidações emitidas).
Ter em conta que se está a corrigir uma liquidação transitada (0151) ou foi liquidação
emitida no ano (0152).
Assim, se pela liquidação transitada tinha sido feito o seguinte movimento:

Para anular a liquidação transitada, as mesmas contas terão de ser movimentadas ao


contrário: debita-se a 0161 (Liq transitadas anuladas) pela 0151 (Liq transitadas).

Para as liquidações emitidas (0152), para anular, debita-se a conta 0162 Liq emitidas
anuladas e credita-se a 0152 Liq emitidas.
Reembolsos e restituições (conta 018)
Consistem na devolução de dinheiro a terceiros como correção de uma cobrança
indevida. Independentemente do ano em que ocorreu a cobrança, os reembolsos e
restituições são sempre reconhecidos como abate à receita.
A contabilização é identica ao RAP,
Inicialmente temos uma cobrança:

Para corrigir, se esta restituição corrige sempre a receita, temos de fazer uma menos
cobrança, debitamos a 0153 a débito e a 0171 a credito.
Assim, pela devolução do valor (por abate à receita), as mesmas contas terão de ser
movimentadas ao contrário, por contrapartida da conta 018.

Não esquecer que se a fatura foi anulada, há também de reconhecer a anulação da


liquidação. Se corrigirmos a cobrança e se a liquidação também estiver errada,
também temos de reconhecer a anulação da liquidação.
Foram abertas duas novas subcontas na 018:

• 0183 – Reembolsos e restituições transitados – Debitada pela “0153 Liquidações


recebidas”, a quantia de reembolsos e restituições emitidas no período anterior,
mas que não chegaram a ser pagas, e por esse motivo constituíam, à data de relato,
o saldo da conta “0184 Reembolsos e restituições a transitar”.

• 0184 – Reembolsos e restituições a transitar – Debitada pela “0181 Reembolsos e


restituições emitidos”, pelo montante dos reembolsos ou restituições emitidos no
período corrente e não pagos, ou pela “0183 Reembolsos e restituições transitados”,
quando o montante transitado não tenha sido inteiramente objeto de pagamento.
Nota: Os reembolsos e restituições relativos a receitas cobradas em anos anteriores não
dão lugar à anulação da liquidação.
Encerramento da Contabilidade Orçamental
As contas da classe zero que respeitem a operações orçamentais ficarão todas
saldadas no final do ano.
As contas que não se saldam entre si são encerradas pela 08
A conta 08 já só tem duas subcontas

A conta 082 recebe os saldos da 017 e da 028 (recebimentos e pagamentos).


A conta 081 recebe os saldos das restantes contas da classe 0 que não saldam entre si.
Esta conta como envolve todas as classificações orçamentais apresentará sempre saldo
nulo ou devedor (caso em que teríamos um excedente orçamental).
O saldo da conta 081 e 082 caduca no final do período
Estas contas têm como objetivo encerrar as contas da classe 0. Como a conta 08 fica
com saldo, caduca no final do ano.
Operações de tesouraria (conta 07)
Recebemos dinheiro e temos de o entregar posteriormente a terceiros. Somos apenas
intermediários. Não são operações orçamentais.
Sempre que eu recebo, a 071 fica a debito e a 0791 fica a crédito.
Sempre que eu pago, a 0792 fica a débito e a 072 fica a crédito.
No final do ano, o saldo da conta 072 é transferido para a conta 071 (e as 079
movimentadas de forma semelhante).
O saldo final da conta 071 será o seu saldo inicial no ano seguinte.
A conta 07 não fica saldada pois não é uma conta orçamental.

Contas de Ordem (conta 09)


Novo nome: Responsabilidades contigentes e contas de controlo
Ter em conta que a conta 09 tem sub contas novas e uma nova designação.
Passivo contigente: é so divulgado no Anexo. Reconhece as transações que não têm
implicações orçamentais, nem financeiras. Não há nada para pagar, mas há um risco,
logo o passivo contigente tem de ser divulgado no anexo.
O saldo da conta 09 transita para periodos futuros.
Ou seja, as contas 07 e 09 não são saldadas no final do ano.

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