Trabalho de Mic TCC
Trabalho de Mic TCC
Trabalho de Mic TCC
ii
DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu, Dércio Sérgio Neves, declaro por minha honra que este trabalho nunca foi apresentado em
nenhuma outra instituição académica, para obtenção de qualquer grau académico. Este relatório,
constitui o fruto de trabalho de campo e de pesquisa bibliográfica, estando as fontes utilizadas
registadas no texto e nas referências bibliográficas.
______________________________
iii
EPÍGRAFE
Antoine Lavoisier
iv
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais, principalmente a minha mãe, as minhas irmãs e a todos
aqueles que apoiaram-me directa ou indirectamente
v
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente a Deus pelo dom da vida e pela saúde, agradecer aos meus
pais, principalmente a minha mãe por acreditar em mim e pelo apoio que tem me dado por todo
esse tempo, e também as minhas irmãs que vem me apoiando directa ou indirectamente.
vi
ÍNDICE
DECLARAÇÃO DE HONRA ..................................................................................................................... iii
DEDICATÓRIA ........................................................................................................................................... v
AGRADECIMENTOS ................................................................................................................................. vi
LISTA DE ACRÓNIMOS, SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS .................................................. ix
LISTA DE TABELAS .................................................................................................................................. x
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................................................. xi
LISTA DE ANEXOS .................................................................................................................................. xii
RESUMO ................................................................................................................................................... xiii
CAPITULO I ................................................................................................................................................. 1
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1
1.1. Problema ....................................................................................................................................... 2
1.2. Justificativa da Escolha do Tema .................................................................................................. 2
1.3. Objectivos ..................................................................................................................................... 2
1.3.1. Geral ............................................................................................................................................ 2
1.3.2. Específicos .................................................................................................................................. 2
1.4. Hipóteses ....................................................................................................................................... 3
CAPITULO II ............................................................................................................................................... 4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................................................. 4
2.1. A cultura do Cajueiro ......................................................................................................................... 4
2.2. Substrato............................................................................................................................................. 6
2.2.1. Compostagem .................................................................................................................................. 7
2.2.2. Coco verde ...................................................................................................................................... 7
2.2.3. Lodo de esgoto ................................................................................................................................ 8
2.2.4. Esterco de galinha ......................................................................................................................... 10
2.3. Sistema de produção de mudas de cajueiro ...................................................................................... 11
CAPITULO III ............................................................................................................................................ 13
3. MATERIAL E MÉTODOS .................................................................................................................... 13
3.1. Localização e caracterização da área experimental .......................................................................... 13
3.2. Delineamento experimental.............................................................................................................. 13
3.3. Material vegetal utilizado, tratamentos e condução do experimento ............................................... 14
3.4. Análises realizadas ........................................................................................................................... 16
3.4.1. Análises nas mudas ....................................................................................................................... 16
3.4.2. Análises dos substratos.................................................................................................................. 17
vii
3.4.3. Análises de dados estatísticos ....................................................................................................... 19
CAPITULO IV ............................................................................................................................................ 20
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................................................ 20
CAPITULO V ............................................................................................................................................. 23
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................................................... 23
5.1. Conclusões ....................................................................................................................................... 23
5.2. Recomendações ................................................................................................................................ 23
CAPITULO V.I ........................................................................................................................................... 24
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................... 24
ANEXOS..................................................................................................................................................... 25
viii
LISTA DE ACRÓNIMOS, SIGLAS, ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ix
LISTA DE TABELAS
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 2: Substratos utilizados no experimento. Lodo de Esgoto (A); Coco verde (B); Substrato
Comercial (C) ………………………………………………………………………………. … 13
Figura 3: Eliminação de ervas daninha…………………………………………………………. 14
Figura 5: Diferentes estágios de germinação. Plantais não germinadas (A); plantas em início de
germinação (B); e plantais germinadas (C) ……………………………………………. ……. 15
Figura 6: Método da densidade. Preenchimento da proveta com substrato (A); Pesagem em
balança de precisão (B); proveta caindo de uma altura de 10 cm com auxílio de suporte (C);
nivelamento da quantidade de substrato compactado (D) …………………………………… 16
xi
LISTA DE ANEXOS
xii
RESUMO
xiii
CAPITULO I
1. INTRODUÇÃO
(BEZERRA et al., 2007), dentre eles o género Anacardium que contém 22 espécies e apenas uma
única é cultivada comercialmente no mundo: a Anacardium occidentale L, que compreende os
tipos comum (ou gigante) e anão-precoce.
O uso de substratos é uma técnica amplamente difundida e que apresenta algumas vantagens,
dentre elas podemos citar as económicas, como o baixo custo, as vantagens do ponto de vista
agronómico, como a melhor capacidade de retenção de água, desejável teor de nutrientes e
aeração, além de ser capaz de favorecer a actividade fisiológica das raízes (Gonçalves et al.,
2000).
1
1.1. Problema
Nos últimos anos, a preocupação por um mundo mais sustentável vem ganhando cada vez mais
relevância e com isso várias práticas alternativas ao que é tradicional estão sendo implantadas
nos mais diversos sectores de produção. Uma dessas novas práticas é o uso de resíduos agro-
industriais para a formação de substratos na agricultura, visando não somente a economia com os
gastos e a qualidade do material para o plantio, como também a minimização dos impactos
ambientais causados pelo descarte incorrecto e inconsciente desses resíduos (VIEIRA et al.,
2014).
O tema que escolhi é relevante porque o sector do caju em Moçambique tem uma importância
estratégica para o desenvolvimento económico do país. A produção de caju gera renda para mais
de um milhão de famílias rurais podendo representar até 70% da receita monetária para essas
famílias, o processamento de castanha assegura emprego para milhares de trabalhadores, em
particular nas zonas rurais do Norte e sul do país. Dada a importância da actividade cajuícola
para Moçambique, qualquer estudo ou prática que possa contribuir para a produção de caju é de
grande importância para os produtores desta cultura. Esse estudo também poderá trazer alguns
benefícios tais como:
1.3. Objectivos
1.3.1. Geral
O objectivo geral da presente pesquisa é avaliar o uso de diferentes substratos para a produção de
mudas de cajueiro.
1.3.2. Específicos
1.4. Hipóteses
H0: O uso de diferentes substratos para a produção de mudas de caju não é mais económico e a
as matérias-primas não são encontradas com facilidade em qualquer região.
H1: O uso de diferentes substratos para a produção de mudas de caju é mais económico e as
matérias-primas são encontradas com facilidade em qualquer região.
3
CAPITULO II
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Dentre as características botânicas, podemos citar o cajueiro como uma planta perene,
apresentando porte variado e pouca ramificação. O cajueiro do tipo comum apresenta porte alto,
podendo alcançar 20 metros de altura, mas normalmente atinge uma altura de 12 a 14 metros
com 5 a 8 metros de envergadura. Já o cajueiro anão-precoce caracteriza-se pelo porte baixo,
alcançando em média 4 metros de altura com 8 m de envergadura (EMBRAPA, 2015). O sistema
radicular é representado por uma raiz pivotante (bifurcada), com raízes laterais bem distribuídas
horizontalmente ao seu redor, além de apresentar raízes verticais ao longo de todo o perfil do
solo. Suas folhas são simples, alternas, inteiras, com aspecto subcoriáceo, ovadas, obtusas,
pecioladas, possuindo um comprimento de 10 a 20 centímetros com largura de 6 a 12
centímetros. Sua coloração quando novas é roxo avermelhada e quando maduras é verde-
amarelada, ocorrendo a senescência após atingir a total maturação (VIDAL NETO et al., 2013).
Sendo uma planta andromonoica, apresenta tantoflores masculinas (estaminadas) como
4
hermafroditas em uma Inflorescência do tipo panícula, em que as flores, que são pequenas e
curto-pediceladas, ficam alojadas em proporções variadas. O pseudofruto gerado é bem
característico, de coloração que varia do amarelo ao vermelho, sendo o pedúnculo bem carnudo e
de tamanho maior, por isso geralmente é confundido como sendo o fruto verdadeiro, no caso a
castanha, totalmente diferente, um aquênio de cor marrom acidentada com aparência de um rim
humano de tamanho reduzido (SERRANO & OLIVEIRA, 2013).
Para Lopes et al. (2012), o pedúnculo do caju é carnoso e suculento, além de ser nutritivo, pois é
rico em ferro e vitamina C. Sua amêndoa é rica em fibras, proteínas, minerais, complexo B e
vários aminoácidos importantes para a alimentação humana. O pedúnculo corresponde a 90% do
peso total, os outros 10% correspondem ao peso da castanha, entretanto, essa relação varia entre
os clones existentes (Oliveira, 2002). Pelo grande valor nutritivo, o pseudofruto é largamente
utilizado na indústria para a produção dos mais variados produtos, que são elaborados em nível
artesanal ou em pequenas e médias empresas. Dentre os produtos fabricados a partir do
beneficiamento do caju, estão os sucos, polpas, compotas, doces, geleias, tortas, néctares,
bebidas não alcoólicas, como por exemplo, a cajuína, dentre outros, sempre com a preocupação
de agregar valor ao subproduto. A reprodução do cajueiro ocorre predominantemente por
alogamia, o que significa que a polinização é cruzada, ou seja, há transferência de pólen entre
plantas diferentes. Porém, pelo fato de uma mesma planta e panícula possuir tanto flores
masculinas como hermafroditas, a abertura ao mesmo tempo das duas flores pode facilitar a
ocorrência da auto polinização e com isso favorecer a endogamia dentro da espécie (EMBRAPA,
2015). A aptidão agrícola para o plantio do cajueiro referente ao solo, de acordo com BARROS
et al. é a seguinte:
[...] um solo para ser considerado bom para o cajueiro deve ser profundo, ou seja, o substrato
rochoso ou outro impedimento qualquer situa-se abaixo de 200 cm. Solos com impedimento a
uma profundidade de até 150 cm não são recomendados ou têm indicação de uso restrito. [...]
sendo considerados aptos os solos bem drenados e acentuadamente drenados; e inadequados ou
de uso restrito aqueles excessivamente ou imperfeitamente drenados. [...] Com relação à
fertilidade, os solos mais adequados são aqueles com boa reserva de nutrientes e que não
apresentem toxidez por alumínio, outros elementos prejudiciais ou mesmo sais solúveis, devendo
apresentar um valor mínimo de 25% para a saturação de bases (V) e capacidade de troca de
catiões (T) maior do que 8 mE /100g de solo. (EMBRAPA - CNPAT, 1993, p.11,12)
5
Em relação ao índice pluviométrico, o ideal para a cultura é um valor próximo a 800 mm por
ano, já a temperatura do ar deve estar entre a faixa de 15 º C a 40 º C, além da humidade do ar
estar situada em torno de 65% a 85%, não sendo adequada uma condição muito seca para o
cultivo (EMBRAPA, 2015). A cultura do cajueiro é encontrada em diversas partes do mundo
devido à ampla dispersão realizada desde os colonizadores no século XVI, portanto, a planta é
cultivada nos mais diversos locais com diferentes condições climáticas e ecológicas, o que
evidencia a grande capacidade adaptativa do cajueiro (FROTA; PARENTE, 1995).
2.2. Substrato
Para Vence (2008) qualquer material de natureza porosa, que proporcione níveis adequados de
humidade e oxigenação para o desenvolvimento das plantas, podendo ser usado de forma pura ou
em combinação com outros materiais, é considerado substrato. Segundo Blanc (1987), o termo
substrato é definido ainda, como todo material, natural ou artificial, que permita a fixação e
desenvolvimento radicular e sirva como meio de suporte de sustentação às plantas. Um factor
que é indispensável para o sistema radicular é a areação, devido ao suprimento de energia
necessária ao absorver os nutrientes do meio (SALSAC et al., 1997). Um substrato que possui
um teor adequado de água e oxigénio em torno das raízes promove um melhor desempenho das
actividades fisiológicas, e ao mesmo tempo minimiza os riscos de aparecimento de doenças
radiculares, principalmente as podridões causadas por fungos e bactérias (Andriolo et al., 1999).
A minimização dos impactos ambientais no solo também é observada frente ao aumento do uso
de materiais com alta potencialidade para função de substrato na produção de plantas. Isso se
deve ao fato do solo não sofrer mais o processo de degradação, causado pelas constantes
6
retiradas das camadas superficiais de 0-20 cm do perfil de solo, aplicação intensiva de
fertilizantes e manejo incorrecto da irrigação.
2.2.1. Compostagem
Na actual sociedade, existe uma grande preocupação quanto à produção e ao destino correcto dos
mais diversos resíduos orgânicos que são fabricados em larga escala. Muitas práticas ainda são
responsáveis pela poluição e degradação do meio ambiente, como por exemplo, tratamentos de
esgoto inadequados, lixos a céu aberto e o descarte irregular desses resíduos.
Nesse contexto, a compostagem vem sendo apontada como uma das soluções eficientes para
minimizar impactos ambientais. Esse processo de tratamento de resíduos sejam eles de origem
urbana, industrial ou agrícola, possui baixo custo e vem passando por aprimoramentos, se
tornando mais acessível à sociedade, garantindo não somente material para a produção vegetal,
como também a reestruturação do solo, promovendo a sustentabilidade do meio.
Sanches (1999) mostra através de vários estudos com diversos autores, que as propriedades
físico-químicas da matéria-prima do coco, diversificam em decorrência da origem e do
processamento. Segundo Noguera et al. (1998), as percentagens de lignina (35- 45%), celulose
(23-43%) e hemicelulose (3-12%) encontradas na fibra de coco, dificultam a degradação e
resultam em uma característica de durabilidade, sendo o seu uso indicado para culturas de ciclos
longos, como ornamentais.
O substrato proveniente somente da fibra de coco não possui nutrientes necessários para o
desenvolvimento da planta, por isso é indispensável fornecer nutrientes por meio de adubo ou
usando da fertilização para atender as necessidades da cultura produzida (CARRIJO et al., 2002).
A maior parte de resíduos proveniente das actividades industriais como, por exemplo, o lodo de
esgoto, é destinada para aterros sanitários ou é directamente descartada na natureza sem antes
passar sequer por algum tratamento, causando impactos ambientais significativos.
Para Metcalf-eddy (1991) o lodo é, entre todos os subprodutos do esgoto, o mais volumoso e
cujo tratamento é provavelmente, um dos mais complexos desafios para os profissionais que
actuam no processamento da água residual, pois sem a destinação correcta desse resíduo, as
vantagens do saneamento são comprometidas.
8
O valor das operações para o tratamento do lodo de esgoto pode chegar a 60% dos custos das
estações e por esse motivo não deve haver falta de comprometimento por parte de todos os
envolvidos nesse processo (WEBBER & SHAMES, 1984).
O lodo de esgoto somente poderá ser liberado para uso na agricultura quando apresentar depois
do tratamento, composição química e características sanitárias adequadas, que proporcionem
uma melhoria nas propriedades do solo e possa contribuir para a produtividade, sem colocar em
risco a segurança do produtor, consumidor e o ambiente. Para avaliar o potencial desse material
com finalidade no sector agrícola, os seguintes factores são avaliados: quantificação de metais
pesados, descrição das características sanitárias, valor agronómico, teor de humidade e
consistência, além da estabilidade do resíduo (ANDREOLI et al., 1999).
O uso do lodo de esgoto no sector agrícola é uma alternativa bem promissora, promovendo o
regresso de nutrientes ao solo, principalmente em regiões onde necessitam de recuperação
devido o intemperismo, além de ser de baixo custo, tornando sua produção economicamente
viável para matéria-prima, seja de um substrato para plantas ou mesmo de um condicionador de
solo (ANDREOLI et al., 1999).
Segundo Bettiol & Camargo (2006), a composição do esgoto varia conforme a origem, tipos de
resíduos, época do ano, entre outros factores. Por esse motivo, apesar de apresentar muitas
vantagens, o subproduto também pode apresentar toxidade e patogenicidade ao homem.
Para Fernandes & Silva (1999) a aplicação do lodo no solo sem passar por um tratamento
adequado pode colocar a saúde pública em perigo. Uma solução mais consciente e menos
poluente para o tratamento seria a compostagem, uma vez que a alta temperatura promove a
desinfecção do resíduo, resultando em um material com características agronómicas bastante
eficazes e desejadas na agricultura.
Segundo Bettiol & Camargo (2006) a aplicação do lodo de esgoto nos solos agrícolas favorece a
incorporação tanto de macro nutrientes (nitrogénio e fósforo) como de micro nutrientes (ferro,
9
cobre, zinco, manganês e molibdénio). Além disso, influencia na retenção e no aumento
considerável de carbono orgânico e CTC do solo (MELO E MARQUES, 2000; MELO,
MARQUES E SANTIAGO, 1993).
Para Burés (1997), o esterco é composto por excretas dos animais e camas, podendo estar
misturadas a alguns materiais, como folhas secas, serragem, casca de arroz e até mesmo o solo.
Possui um pH básico e uma densidade que varia de acordo com seu estado de decomposição.
Por possuir uma alta concentração de nutrientes, o esterco de galinha acaba interferindo
directamente no vigor e qualidade das plantas mesmo em pequenas porções, comparando-o ao
esterco de gado, por exemplo, sendo considerada uma excelente fonte de nutrientes para o solo,
tornando-se uma prática economicamente viável ao produtor. (MAZZUCHELLI et al., 2014).
10
Segundo Schaeffer (2009), a compostagem é uma das alternativas mais comuns e indicadas para
transformar o esterco, em um material estabilizado ou em um fertilizante orgânico. E mesmo
sendo muito empregada, a compostagem do esterco de aves em geral, não é muito estudada, por
isso os efeitos dessa técnica como, por exemplo, a perda de nitrogênio durante o processo de
estabilização do composto, não são conhecidos (SCHAEFFER, 2009).
Para Weinartner et al. (2006), o esterco de aves é um material que depois de curtido, se torna
bem farelado, escuro e frio, sendo abundante em nitrogênio e matéria orgânica, essas
características explicam sua elevada utilização na agricultura. No entanto, é recomendado o uso
dos componentes do substrato em forma de mistura, pois se usados isoladamente podem
apresentar características indesejáveis as plantas (CALDEIRA et al., 2011a; WENDLING et al.,
2006).
Um pomar formado por cajueiros oriundos de sementes não garante uma homogeneidade das
plantas, devido a sua espécie ser heterozigótica, não possibilitando um melhor aproveitamento
comercial, principalmente pela ausência de sincronia entre os estádios de desenvolvimento das
plantas (CAVALCANTI JÚNIOR et al., 2001). O melhoramento vegetal possibilitou a clonagem
de plantas e posteriormente a propagação vegetativa conhecida como “clone copa”,
intensificando a produção de plantas que apresentavam características desejáveis
agronomicamente, como a precocidade, produtividade e o pequeno porte, além de aperfeiçoar
atributos como tamanho, cor e sabor do pedúnculo e da castanha, gerando satisfação tanto para
os produtores como para os consumidores (CAVALCANTI JÚNIOR et al., 2001). Diante desse
quadro, a primeira atitude a ser tomada quando se pretende obter um pomar com alta
produtividade e frutos de qualidade é optar pela produção de mudas. Mas, para isso uma série de
quesitos deve ser assegurada, como a utilização de material propagativo de alto padrão genético,
segurança fitossanitária e a garantia de insumos agrícolas indispensáveis ao cultivo.
11
de exportação, além de uma produtividade maior e com padrão de qualidade, o que poderá ser
alcançado se for empregado técnicas de propagação adequadas. Sendo assim, para não gerar
pomares improdutivos, com pouca ou nenhuma qualidade fitossanitária, devem ser atendidas, no
mínimo, as necessidades básicas para a formação de mudas, tais como, material de propagação
de origem confiável, substratos desinfestados e adequados, fonte hídrica segura e de qualidade,
além de viveiros com instalações apropriadas para a actividade. Um factor importante na
produção de mudas e que maximiza a potencialidade do viveiro é a selecção de porta-enxertos e
enxertos compatíveis para a técnica da enxertia, pois estes podem possibilitar uma maior taxa de
pegamento e de sucesso na formação de novas mudas enxertadas de cajueiro (CALVACANTE
JÚNIOR, 2013; SERRANO et al., 2013a). Os propágulos utilizados na produção de mudas
devem ser preferencialmente oriundos de jardins clonais e os mesmos devem ser escolhidos em
função das condições dos porta-enxertos, uma vez que ambos devem ter o mesmo diâmetro e a
mesma consistência de tecidos, permitindo que as áreas cambiais se ajustem na nova planta. Na
formação dos porta-enxertos, os clones são os mais usados em função das características que
expressam: porte reduzido, precocidade e alta taxa de germinação (<80%), além de apresentar
boa compatibilidade com a maioria dos clones utilizados para enxerto (VIDAL NETO et al.,
2013). A segurança sobre a qualidade da muda produzida é tão importante quanto às outras
variáveis que são analisadas na tomada de decisão antes do plantio, por esse motivo envolve os
mais diversos conhecimentos, necessitando de uma infinidade de profissionais, como por
exemplo, o agrónomo.
12
CAPITULO III
3. MATERIAL E MÉTODOS
13
3.3. Material vegetal utilizado, tratamentos e condução do experimento
No que diz respeito aos tratamentos, foram utilizados quatro substratos diferentes: lodo de esgoto
+ esterco de galinha; coco verde + esterco de galinha; coco verde + lodo de esgoto + esterco de
galinha; substrato comercial da Embrapa (Figura 2), nas proporções volumétricas de 3:1, excepto
o tratamento do coco verde + lodo de esgoto + esterco de galinha, que foi usado na proporção de
3:1:1.
A B
Figura 2: Substratos utilizados no experimento. Lodo de Esgoto (A); Coco verde (B); Substrato
Comercial (C). Fonte: Autor
Os tratos culturais realizados até as plantas estarem aptas a enxertia, foram basicamente a
irrigação manual realizada duas vezes ao dia (às 9h da manhã e às 16h da tarde,
aproximadamente), utilizando água do poço profundo e a eliminação de ervas daninha,
manualmente, que esporadicamente nasciam dentro dos tubitos (Figura 3).
Aos 55 dias após a sementeira (DAS), os porta-enxertos apresentaram características ideais para
a execução da enxertia em tubetes, com haste única, erecta e médias aproximadas de 16 cm de
altura, 4 mm de diâmetro do caule (distando 5 cm da base), e 8 folhas (Cavalcanti Júnior, 2001).
No dia 15 de Agosto (54 DAS) foi realizada a enxertia por meio do método da garfagem lateral,
utilizando-se garfos, de aproximadamente 10 cm de comprimento e 5 mm de diâmetro,
apresentando gema terminal em início de brotação, conforme Cavalcanti Júnior (2005).
Inicialmente, o porta-enxerto foi decapitado para facilitar o desenvolvimento do enxerto, em
seguida foi realizada uma fenda lateral no mesmo, visando à junção das duas partes vegetais e
promovendo um melhor contacto dos câmbios vasculares, sendo as partes presas por uma fita de
plástico para aumentar a fixação. Os garfos foram envolvidos por sacos plásticos, mantendo a
humidade e diminuindo a transpiração demasiada, além de evitar o ataque de pragas.
15
Ao final da execução desta técnica, os tubetes foram transferidos para o viveiro com telhado de
50% de sombreamento (Figura 4), em que permaneceram por aproximadamente 40 dias (período
em que foi realizada a contagem das mudas pegas na enxertia).
Figura 4: Mudas enxertadas em viveiro telhado com sombra a 50%. Fonte: Autor
16
Figura 5: Diferentes estágios de germinação. Plantais não germinadas (A); plantas em início de
germinação (B); e plantais germinadas (C). Fonte: EMBRAPA (2011)
Um mês após a enxertia foi avaliado se as mudas pegaram, observando quantas já apresentavam
sucesso em relação ao método empregado. Diante dos dados levantados, foi possível determinar
a taxa de pegamento da enxertia [(nº de plantas com sucesso na enxertia / nº de plantas
enxertadas) x 100].
Foram realizados amostragens de cada um dos cinco substratos, a fim de determinar os teores de
nutrientes minerais encontrados e disponíveis para as mudas, além da densidade de cada
composto orgânico.
Para determinar a densidade de cada material foi realizado o método da densidade através da
auto-compactação. O procedimento, feito em triplicata que consistia em usar uma proveta
graduada de 500 ml, preenchida com o substrato até a marcação de 300 ml, e em seguida deixava
a mesma cair de uma altura de 10 cm, com auxílio de um suporte com barra de ferro, por acção
do seu próprio peso, 10 vezes seguidas.
17
Figura 6: Método da densidade. Preenchimento da proveta com substrato (A); Pesagem em
balança de precisão (B); proveta caindo de uma altura de 10 cm com auxílio de suporte (C);
nivelamento da quantidade de substrato compactado (D). Fonte: Autor
Com os dados obtidos de massa (g) e volume (ml), calculou-se a densidade em kg m-3 dos 5
substratos pela seguinte equação: [(massa (g) / volume (ml)) x 1000]. Os valores de densidade
obtidos pelo método podem ser observados na Tabela 1.
Os teores de nutrientes foram obtidos pelo método da extracção de nutrientes solúveis em água,
cujo procedimento em duplicata consistia em utilizar uma massa conhecida (calculada
previamente e equivalente a 60 ml de cada substrato, transferir para Erlenmeyer de vidro com
500 ml de capacidade, adicionando 300 ml de água desionizada. Os Erlenmeyers devidamente
fechados foram submetidos à agitação de 40 rpm por 60 minutos.
18
3.4.3. Análises de dados estatísticos
19
CAPITULO IV
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
80
67.5
58.75 61.25
60
38.75
40
20
0
0
Fibra de Comercial Lodo de Fibra+Lodo
coco esgoto
TRATAMENTOS
Pode-se observar que a taxa de germinação final das castanhas não foi influenciada pelos
tratamentos, mostrando que os substratos alternativos, bem como o comercial possuem
características favoráveis à germinação. Para Farias et al. (2012), um bom substrato deve
20
favorecer o melhor suprimento de água e fornecimento de oxigénio. Esses resultados corroboram
com os encontrados por Bezerra et al. (2009), que ao avaliar a produção de mudas de beringela
com substratos à base de compostos orgânicos, as produzidas com o substrato comercial
(Hortimix solanáceas). A elevada taxa de germinação obtida com as castanhas avaliadas, também
foi apresentada em estudos de Araujo et al. (2009), Carneiro et al. (2002) e Nakagawa (1999),
esse último, afirma que sementes de menor tamanho e menor massa, como as sementes de
cajueiro-anão-precoce, embebem água mais rapidamente e em volumes proporcionais,
favorecendo a germinação e resultando em um alto índice de emergência das plântulas. Quanto a
primeira contagem, foi possível notar que o coco verde furado e triturado apresentou um maior
percentual de plântulas germinadas, mostrando que este material possui uma maior velocidade de
emergência em relação aos demais, concordando com Rosa et al. (2001), que afirmam que
resíduos provenientes do coco são óptimos materiais indicados para substrato. Todavia, ressalta-
se que a contagem final não revela diferenças entre as taxas de germinação dos tratamentos
utilizados. Pode-se verificar que apenas as variáveis altura de plantas e percentagem de pega (%
PEGA) foram influenciadas significativamente pelos tratamentos, a 1 e a 5% de probabilidade
pelo teste F, respectivamente. As demais variáveis não apresentaram respostas significativas, ou
seja, independente dos tratamentos aplicados o diâmetro do caule (DC) e o número de folhas
(NF) apresentaram respostas estatisticamente iguais.
No que diz respeito a variável altura de plantas, o tratamento do coco verde apresentou os
melhores resultados em relação aos demais, e obtendo médias de 16,18 e 17,61 cm de altura,
respectivamente. Ao compará-los com o tratamento de menor resultado (fibra + lodo de esgoto)
que apresentou média de 12,85 cm de altura.
Resultados semelhantes foram observados por Costa et al. (2005), que trabalhando com
diferentes substratos no cultivo de graviola (Annona muricata). Nessa perspectiva, Carrijo et al.
(2002) afirmam que resíduos provenientes do coco apresentam características favoráveis ao
cultivo de hortaliças, devido suas propriedades físicas e baixo custo ao produtor, enquanto que
Correia et al. (2003), indicam o uso na proporção de 20% como um dos componentes de
substrato na produção de mudas em tubetes de cajueiro-anão-precoce, em substituição ao solo
hidromórfico. O desempenho do tratamento Coco verde + Lodo de esgoto contraria o resultado
obtido por Faustino et al. (2005), em que a combinação desses compostos usado como substrato
na produção de mudas de Senna siamea (Cássia-amarela), alcançou o melhor resultado quanto
aos dados de altura e diâmetro do caule, em relação aos demais substratos analisados no estudo.
21
O fato das plantas cultivadas em substrato contendo a mistura de lodo de esgoto e coco verde
apresentarem menor altura pode ser explicado pelo elevado teor de Zn contido nesse substrato,
provavelmente oriundo da própria natureza do resíduo orgânico (coco verde) juntamente com o
resíduo industrial (lodo de esgoto), pois o zinco é um dos micros nutrientes responsáveis pela
síntese e conservação de auxinas, hormônios vegetais envolvidos no crescimento das plantas, e o
seu excesso pode acarretar o comprometimento de suas funções.
No presente estudo, o uso do lodo de esgoto como substrato, tanto empregado sozinho como
associado ao coco verde, não favoreceu o pegamento da enxertia em comparação com os demais
substratos, visto que apresentou os menores índices. Resultados contrários foram observados por
Abreu et al. (2017), onde verificaram que a mistura de lodo de esgoto com coco verde, furado e
triturado, apresentaram resultados superiores ao comercial na produção de mudas de dedaleiro
O resultado positivo apresentado pelo composto coco verde, assemelhando-se ao comercial, pode
ser explicado através do alto teor de Magnésio encontrado nesse substrato. Segundo Oliveira et
al. (2000), esse elemento é o que mais influencia no desenvolvimento do cajueiro, depois do N e
K, pois o mesmo é integrante da molécula de clorofila e activador enzimático, auxiliando assim
nos processos metabólicos das plantas. A matéria-prima para o substrato de coco verde é de
difícil acesso em algumas regiões de Moçambique onde não se produz muito a planta do
coqueiro.
22
CAPITULO V
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
5.1. Conclusões
Chegando ao fim, com base nos experimentos feitos e os dados colectados, foi possível chegar a
seguinte conclusão:
A taxa de germinação final não foi influenciada pelos tratamentos, indicando que o substrato
comercial pode ser substituído por qualquer um dos substratos alternativos avaliados, sem haver
decréscimo na germinação final das sementes de cajueiro-anão-precoce.
O uso do lodo de esgoto em combinação com o coco verde furado e triturado, não favoreceu o
desenvolvimento das mudas de cajueiro-anão-precoce, visto que apresentou os menores índices
de crescimento e de sucesso no pegamento da enxertia quando comparado aos demais substratos
testados.
5.2. Recomendações
De acordo com as soluções alcançadas no que se refere ao uso de diferentes substratos para
produção de mudas de caju, importa deixar algumas declarações em forma de recomendações
como:
23
CAPITULO V.I
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAMBE, Maria Albertina Gomes Chale. Sistemas de produção agrícola do caju e o modo de
vida dos pequenos produtores familiares de Manjacaze. Brasília, (2011), 199 p.
FERRÃO, Virgílio. Compreender Moçambique. Maputo: DINAME, 2002.
INCAJU. Relatório anual. Maputo: INCAJU, 2012.
INE-Moçambique. Censo agro-pecuário 1999-2000: resultados definitivos – Nampula. Maputo:
INE-Moçambique, 2002.
ANDREOLI, C.V. et al. Uso e Manejo do Lodo de Esgoto na Agricultura. Curitiba: Sanepar,
Finep, 1999. 98p.
BETTIOL, W.; CAMARGO, O.A. de (Coord.). Lodo de Esgoto: Impactos Ambientais na
Agricultura. Jaguariúna:Embrapa Meio Ambiente, 2006. 11p.
BOOMAN, J. L. E. Evolução dos substratos usados em horticultura ornamental na Califórnia. In:
KAMPF, A. N.; FERMINO, M. H. (Ed.) Substratos para plantas: a base da produção vegetal em
recipientes. Porto Alegre: Gênesis, 2000. pag. 43-65 Brasil. 2006.
CARRIJO, O.A.; LIZ, R.S.; MAKISHIMA, N. Fibra da casca do coco verde como substrato
agrícola. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 20, n. 4, p. 533-535, Dezembro, 2002.
COSTA, A. M. G. COSTA, J. T. A.; CAVALCANTI JUNIOR A. T.; CORREIA, D. &
MEDEIROS FILHO, S. Influência de diferentes combinações de substratos na formação de
porta-enxertos de gravioleira (Annona muricata L.). Revista Ciência Agronômica, v. 36, p.299-
305,2005.
FARIAS, W. C. et al., Caracterização física de substratos alternativos para produção de mudas.
Revista Agropecuária Científica no Semiárido, v. 8, p.01-06, 2012.
FERNANDES, S.A.P. SILVA, S.M.C.P. da. Manual Prático para a Compostagem de
Biossólidos. Londrina: Prosab,Finep, 1999. Pag. 84
MAZZUCHELLI, H. L E.; MAZZUCHELLI, C. L. R. DE; BALDOTTO, V. P. Aplicação de
diferentes dosagens de esterco de galinha no substrato para produção de mudas de melão.
ROSA, M. F. et al. Caracterização do pó da casca de coco usado como substrato agrícola.
Fortaleza: Embrapa Agroindustrial Tropical, 2001. Pag. 6. (Comunicado Técnico, 54).
24
ANEXOS
25
Imagem I: Propágulos de cajueiro anão-precoce usados como garfos na enxertia. Fonte: Autor
Imagem II: Método da extracção de nutrientes. Pesagem da massa conhecida de substrato (A);
adição de água desionizada com auxílio de proveta (B); mistura pronta e Erlenmayers fechados
(C); agitação dos Erlenmayers (D). Fonte: Autor
26