Apostila - Curso Básico TEA
Apostila - Curso Básico TEA
Apostila - Curso Básico TEA
Ministrado por:
Cada vez mais o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ganha destaque pela
sua complexidade, pelas mudanças ocorridas nos conceitos diagnósticos e
principalmente, pelo seu índice de prevalência que em 2006 era de 1 de
cada 110 crianças e em 2014 passa à ser de 1 para cada 68 (Autism Speaks,
2015, Centers for Disease Control and Prevention, 2014).
O Autismo Infantil, explicado dessa maneira, foi descrito por primeira vez
por Leo Kanner em 1943.Para este psiquiatra americano de origem
austríaca, o principal problema consistia na incapacidade dessas crianças
de estabelecer relações com os demais e de reagir de maneira natural
diante das situações. Kanner descreveu 11 casos de crianças que estavam
entre os dois anos e meio e os oitos anos de id ades, selecionando algumas
características essenciais para o diagnóstico: grande carência de contato
afetivo para com outras pessoas, insistência em realizar rotinas repetitivas,
mutismo ou uma considerável anomalia na fala, fascinação por objetos e
destreza em manipula-los, altas habilidades viso -espaciais ou memoria
mecânica em contraste com dificuldades de aprendizagem em outra área,
por último, uma aparência agradável e inteligente. Ele acreditava que era
uma síndrome única, separada de outros transtorn os clínicos.
A primeira edição do DSM foi em 1952, onde a ideia sobre o autismo era
muito recente e não acabou recebendo um critério de diagnostico próprio.
As crianças que mostravam sintomas autista eram classificadas como
‘esquizofrenia infantil’.
O segundo DSM é publicado em 1968 e continua sem incluir uma categoria
própria para o autismo, continua com a nomenclatura de ‘esquizofrenia
infantil’, porém dentro dos seus critérios diagnósticos já se encontravam:
comportamento autista, atípico y retraído (American Psychiatric
Association, 1968, p. 35).
Esta terceira edição passa por uma revisão em 1987, sendo chamada de
DSM-III-R, em que se elimina o uso da categoria TGD para as idade s iniciais
da infância. Os profissionais da época também encontravam dificuldades
em diferencias entre um TGD atípico e um autismo infantil residual e
decidiram que o Transtorno Geral do Desenvolvimento incluiria somente
duas categorias: transtorno autista e TGD não especificado.
Citar estes aspectos nos aproxima a considerar o que nos faz sentir uma
criança diagnosticada de TEA. A família e os profissionais que convivem um
longo período de tempo com estas crianças, comprovam o difícil que pode
ser pensar diante das suas atitudes, o cansaço que pode produzir e uma
comunicação algumas vezes tão sem sentido, que levam a um desgaste
emocional (Brun, 2004).
Definitivamente, por mais saudável que possa ser a relação com uma
criança autista, o próprio diagnostico é uma dor, sem contar na sua
cronicidade e o que isso representa na adaptação da vida da criança e da
família que lhe acompanha. As dificuldade s de relação e comunicação
dificultam, em grande medida, sua integração social e da sociedade na sua
vida.
3. Síndromes e transtornos relacionados com o TEA
O gene FMR1 produz uma proteína que o cérebro necessita para crescer
adequadamente. Um defeito neste gene faz com que o corpo não produza
ou produza pouco dessa proteína .
Na última década essa síndrome aparece como umas das principais causas
de incapacidade intelectual, sendo responsável por um 30% de todas as
formas de deterioração cognitiva. Acredita -se que 1 de cada 259 mulheres
tem este gene nessas condições. A SXF impacta de maneira negativa no
desenvolvimento e gera dificuldades de aprendizagem, inclusive chegando
a um retardo mental severo, além de manifestar problemas de atenção,
hiperatividade e condutas autistas.
Características:
- Pés planos;
- Articulações flexíveis e tónus muscular baixo;
- O tamanho do corpo é relativamente grande;
- Orelhas ou rosto grande com uma mandíbula proeminente;
- Rosto alargado;
- Pele extremadamente suave.
Incidência:
Tratamento:
Incidência:
Apesar de não existir uma incidência comprovada, exis tem dois estudos,
um na Suécia que sugeri 1 de cada 20 mil crianças, e outro de Dinamarca
que sugeri 1 de cada 10 mil crianças.
Características:
- Atraso no desenvolvimento, funcionalmente severo;
- Discurso debilitado, nenhum uso o mínimo uso da linguage m;
- Capacidade de comunicação repetitiva;
- Linguagem não verbal superior a comunicação verbal;
- Desordem dos movimentos, presença de balanceio e movimento tremulo;
- Comportamento extremamente feliz e uma risada frequentemente sem
sentido aparente;
- Personalidade que se excita com facilidade demonstrando principalmente
agitando as mãos em um movimento repetitivo;
- Pouca capacidade de concentração.
Problemas associados:
- Estrabismo;
- Reflexos hiperativos de tendões;
- Mandíbula proeminente, boca e dentes amplos;
- Sensibilidade ao calor;
- Dispersão do sono;
- Babar constantemente e língua ressaltada;
- Epilepsia.
Tratamento:
É uma síndrome que dificulta determinar uma medicação adequada para a
epilepsia e os problemas de sono devido suas variáveis, que diferencia dos
casos comuns desses sintomas isolados.
Características:
- É congênita, isso quer dizer que está presente já ao nascer;
- Ao nascer costumam ser pequenos e flácidos;
- Os meninos podem apresentar criptorquidia, onde o testículo não desce
corretamente da cavidade abdominal;
- Afeta muitas partes do corpo, gerando: obesidade, diminuição do tono muscular e da
capacidade mental, pouca ou nenhuma produção hormonal por parte das glândulas
sexuais;
- Problemas para comer durante o período de amamentação;
- Olhos em forma de amêndoas;
- Desenvolvimento motor lento;
- Crânio bifrontal estreito;
- Aumento rápido de peso;
- Mãos e pés pequenos em relação ao corpo.
São crianças que apresentam uma ansiedade intensa pela comida e serão capazes de
fazer qualquer coisa por consegui-las. O que pode gerar uma obesidade mórbida,
gerando diabetes do tipo 2, hipertensão arterial e problemas pulmonares e articulares.
Tratamento:
A maior preocupação será o tema da obesidade que gerará um trabalho a todos que
convivem com a crianças: família, vizinhos, escola. Todos devem estar atentos nas
tentativas da criança em conseguir alimento como seja possível.
A síndrome de Williams é uma rara afetação causada por falta genes. Pode não existir
antecedentes familiares por parte dos pais, porém uma pessoa com essa síndrome tem
50% de probabilidade de transmitir o transtorno aos seus filhos. A causa costuma
acontecer de forma aleatória.
Características:
- Atraso no desenvolvimento e na linguagem;
- Tendência em se distrair com facilidade;
- Problemas de alimentação, apresentando cólicas, refluxos e vômitos;
- Dificuldades de aprendizagem;
- Retardo intelectual que pode ir de leve a moderado;
- Personalidade muito amigável, ingênuo, medo a sons altos e contato físico, porém
com afinidade pela música;
- Estatura pequena em relação aos demais da família;
- Rosto: nariz pequeno com a ponta para cima, borde largo na pele que do nariz ao
lábio superior, lábios proeminentes com uma boca aberta; pele que cobre a esquina do
olho, falta parcial dos dentes com esmalte defeituoso, pequenos e amplamente
espaçosos.
Tratamento:
Não existe cura e é necessário o tratamento cuidadoso com a alimentação pelos níveis
de assimilação de vitaminas. É muito indicado um seguimento psicológico, de
fisioterapia e de fonoaudiologia. Também se aconselha um suporte coordenado por
um geneticista especializado em está síndrome.
3.6 Síndrome Velocardiofacial ou DiGeorge
Características:
Se trata de um transtorno genético com quadro variáveis em cada pessoal
que o padece. As condições comuns incluem: dificuldades cardíacas,
aspectos do rosto, ausência ou subdesenvolvimento do timo e glândulas
paratireoides.
4. A comunicação, o trabalho e a atenção à criança diagnosticada de TEA
Autores como Folch e Meltzer, explicam como os bebes são capazes de ter
representações abstratas de qualidade perceptiva, en tre elas os sons
relacionais da mãe. Mesmo que o bebe não fale, as canções da mamãe, sua
forma de explicar as vivencias e as emoções, vão criando um código
compartilhado e é dessa mesma maneira que compartilham a experiência
de se comunicar e de se entender.
O que nos faz pensar que no caso do autismo este processo não chegou a
acontecer ou aconteceu de maneira bastante alterada. É como se não
tivessem criado códigos compartilhados e que a função comunicativa não
se desenvolveu ou aconteceu de forma anormal. Existindo uma grande
dificuldade de utilizar as funções que impliquem , claramente, uma outra
pessoa, por exemplo, pedir, chamar, perguntar, responder.
.
Referências
Brun, J. M. (2013). Comprensión del entorno familiar de los niños con autismo. Revista
de Psicopatología y Salud Mental del niño y del adolescente, 22, 43-49.
Center for Disease Control and Prevention. (2014). Prevalence of Autism Spectrum
Disorder among children aged 8 years. Surveillance Summaries, 63.
Wing, L. (1995). The autistic spectrum. A guide for parents and professionals. London:
Constable.