Livro PNAE 23 05 22 Compressed PDF
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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro poderá ser reproduzida,
sejam quais forem os meios empregados, sem a permissão, por escrito, do IFSULDEMINAS.
Aos infratores aplicam-se as sanções previstas nos artigos 102, 104, 106 e 107 da Lei no 9.610, de
19 de fevereiro de 1998.
https://portal.ifsuldeminas.edu.br/index.php/pro-reitoria-extensao/publicacoes-proex
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Rita de Cássia Machado da Silva CRB – 05-1697
Inclui bibliografia
ISBN: 978-65-88862-19-3 (E-book)
DOI: 10.5797/9786588862193
1. Alimentação escolar. 2. PNAE. 3. Educação alimentar. I. Hirata, Aloisia
Rodrigues. II. Pio, Juliana do Carmo de Jesus. III. IFSULDEMINAS. IV. Título.
CDD – 371.716
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO..........................................................................8
O livro “PNAE nas Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica” é
resultado do trabalho e experiência de diversos servidores da rede federal com o PNAE. Seu objetivo
é realizar uma atualização do Manual do PNAE para a Rede Federal publicado em 2015 que tem sido
uma importante fonte de consulta para os servidores envolvidos na execução do PNAE.
Lançar a segunda edição deste livro significou não somente atualizar o conteúdo do
manual que vem sofrendo atualizações a cada curso ofertado, mas também incluir experiências
das instituições da rede acumuladas nos últimos anos.
Dessa forma, o livro está dividido em duas partes, sendo que a primeira parte apresenta
uma atualização dos conteúdos abordados nos cursos do PNAE destinados aos servidores da
rede federal que vem sendo realizado pelo IFSULDEMINAS nos últimos anos. Essa parte é
dividida em 4 capítulos: Conhecendo o PNAE: Do direito à garantia da alimentação escolar;
Educação Alimentar e Nutricional; A aquisição de alimentos da Agricultura Familiar e Execução
dos recursos do PNAE. Trata-se de um material didático que pretende instrumentalizar o
leitor a trabalhar com o PNAE no âmbito da rede federal, abordando informações importantes
para o desenvolvimento das atividades, auxiliando-o na compreensão da alimentação escolar
como direito, na constituição do PNAE, na apropriação do conceito da educação alimentar e
nutricional, na aproximação com os agricultores familiares e sua contribuição no processo
da alimentação escolar e, ao final, compreenderá todos os processos legais para aquisição de
gêneros alimentícios oriundos da agricultura familiar.
A segunda parte reúne as experiências com o PNAE de diferentes institutos abordando
temas como o desenvolvimento de projetos de ensino, pesquisa e extensão com o PNAE, ações de
educação alimentar e nutricional, compra de alimentos da agricultura familiar e a execução do
PNAE na pandemia.
Desejamos que esta publicação seja mais uma fonte de consulta para os servidores
que estejam atuando ou queiram atuar nesse importante programa e ainda que as experiências
apresentadas inspirem outras experiências.
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PARTE 1:
GESTÃO DO PNAE NA
REDE FEDERAL EPCT
CONHECENDO O PNAE: DO DIREITO À GARANTIA
DA ALIMENTAÇÃO ESCOLAR
A
o falar sobre alimentação escolar é necessário construir o entendimento de
que a alimentação, mais do que o meio pelo qual se satisfaz as necessidades
biológicas e físicas do ser humano, também compõe o conjunto dos direitos
sociais responsáveis pela garantia da proteção social da população brasileira.
Segundo o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA):
1 Assistente Social no IFSULDEMINAS Campus Machado, mestre e doutora em Serviço Social. Contato:
[email protected]
10 / p. 1 - 19
Partindo da definição de alimentação enquanto direito, é importante ressaltar que o
protagonismo do Estado é imprescindível para sua garantia. Sendo assim, foi realizada uma
pesquisa e encontrou-se um amplo aparato legal que afirma e regulamenta o papel do Estado
no cumprimento do seu dever na efetividade desse direito. A seguir alguns exemplos que
compõem esse aparato.
A Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 (2015), prevê em seu artigo 25:
Artigo XXV - 1. Toda pessoa tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar
a si e a sua família saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação,
cuidados médicos e os serviços sociais indispensáveis, o direito à segurança, em caso
de desemprego, doença, invalidez, viuvez, velhice ou outros casos de perda dos meios
de subsistência em circunstâncias fora de seu controle. (PGE/SP, 2021, grifo nosso).
Nesse sentido, a Constituição Federal (CF) de 1988 garante ao tratar “Dos Direitos Sociais”,
a alimentação como direito, em consonância com a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia,
o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a
assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
VII- atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde.
Art. 212. §4º - Os programas suplementares de alimentação e assistência à
saúde previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos provenientes de
contribuições sociais e outros recursos orçamentários. (BRASIL, 1988, grifo nosso).
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Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a
garantia de:
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio
de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação
e assistência à saúde; (BRASIL, 1996).
Assim, é necessário qualificar a Educação enquanto política pública como dever do Estado
e concretizada a partir do desenvolvimento do processo educacional composto por diversos
elementos, a partir da articulação do tripé ensino/pesquisa/extensão, que visam desenvolver
e fortalecer a relação ensino e aprendizagem. A alimentação escolar compõe esse universo
educacional, diverso, plural e amplo.
Sendo assim, se tratando da educação em toda sua plenitude, com a afirmação da alimentação
enquanto direito, e fundamentada no conceito de segurança alimentar e nutricional, surge
o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), coordenado pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE). A partir do que prevê a CF de 1988, é responsabilidade de
todos os entes federados — União, Estados, Distrito Federal e Municípios — assegurar a alimentação
escolar para os estudantes da educação básica pública e também de escolas filantrópicas e
comunitárias, conveniadas com o poder público.
A LDBN de 1996 em seu capítulo I, informa de que forma a educação escolar é composta,
Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino fundamental e ensino médio;
II - educação superior. (BRASIL, 1996).
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Desta forma, vale o destaque, o estudante do subsequente é compreendido no universo
da educação básica, portanto, alvo das ações que envolvem a alimentação escolar.
A partir de 2008, a educação profissional e tecnológica no Brasil, é regulamentada e
organizada na Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, a partir da Lei n.
11.892/2008. A Rede garante em lei a reserva de 50% das vagas (no mínimo) para cursos técnicos,
portanto, 50% das vagas destinam-se a um público do PNAE. (BRASIL, 2008).
Uma dimensão importante, quanto aos institutos federais (e demais instituições da Rede),
é como o PNAE pode (e deve) se relacionar com as ações de permanência estudantil. Ao entender a
permanência estudantil como as condições que determinam a inserção do estudante no processo
educacional a partir de sua condição social, econômica, política e cultural. A alimentação escolar
se apresenta como uma das possibilidades de garantia dessas condições para que os estudantes
dos cursos técnicos e EJA se insiram e permaneçam no processo educacional.
O conjunto das instituições que compõe essa Rede se caracteriza por uma diversidade
da estrutura física (considerando inclusive as estruturas herdadas das antigas escolas) o que
conduz a diferentes formas de desenvolvimento das ações que garantem as ações da alimentação
escolar. Isso impacta também nas condições de orçamento e, sobretudo, das equipes multidisciplinares
(ex: nutricionistas, assistentes sociais, etc.) que vão intervir nas ações não apenas da alimentação
escolar, mas também na permanência estudantil, tanto no âmbito psicossocial, quanto no âmbito
da saúde e pedagógico.
As ações de permanência estudantil na Rede Federal tem como referência o Programa
Nacional de Assistência Estudantil (PNAES), entendendo que a assistência estudantil é uma
possibilidade central para a garantia da permanência estudantil.
A assistência estudantil é orientada pelo Decreto n. 7234/2010 que define o PNAES, e sua
regulamentação deve ser construída por cada Instituição a partir do entendimento que o decreto
reconhece a particularidade dos institutos federais. (BRASIL, 2010).
Nesse sentido, é importante dimensionar o PNAE nas ações de permanência estudantil,
o que pressupõe uma articulação com as ações da Assistência Estudantil a partir das Políticas
constituídas nas instituições. (BRASIL, 2010).
Bom, até aqui deu para perceber que a alimentação escolar é um direito no processo
educacional e que pode contribuir na permanência estudantil.
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Sendo assim, no próximo tópico é importante que você conheça melhor o PNAE.
Nota: As entidades executoras (EEx) Estado, Município, Distrito Federal e Institutos Federais, são responsáveis
pela execução do PNAE, inclusive pela utilização e complementação dos recursos financeiros transferidos
pelo FNDE, pela prestação de contas do Programa, pela oferta de alimentação nas escolas por, no mínimo
800 horas/aula, distribuídas em, no mínimo, 200 (duzentos) dias de efetivo trabalho escolar, e pelas ações
de educação alimentar e nutricional a todos os estudantes matriculados.
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OBJETIVOS E DIRETRIZES DO PNAE
https://www.youtube.com/watch?v=OGNvyi2CWoI
Saiba mais:
Constituição Federal de 1988; Art. 6º e 208
LDBN - Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996
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Lei n. 11.947 de 16 de junho de 2009
Resolução MEC/FNDE n. 06 de 08 de maio de 2020
Dica do Capítulo I: Recomenda-se a série produzida a partir do livro “História da Alimentação
no Brasil”.
Segue o link do primeiro vídeo e o site da série:
https://vimeo.com/244996524/dd57729606
Site da série:
https://www.historiadaalimentacao.com.br/
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Outra alteração que surge em tempos de pandemia, mas que traz alterações que
permanecerão no pós-pandemia (ainda que seja difícil prever e indicar quando isso se dará), foi
a publicação da Resolução n. 06, de 08 de maio de 2020, que revogou as resoluções CD/FNDE n.
26, de 17 de junho de 2013; n. 04, de 23 de abril de 2015; n. 01, de 08 de fevereiro de 2017; n. 18, de
26 de setembro de 2018, e outras disposições. (BRASIL, 2020d). O Ministério da Educação, por
meio do FNDE e Conselho Deliberativo (CD) formula a Resolução n. 06 a fim de dispor sobre a
operacionalização do atendimento da alimentação escolar aos educandos da educação básica no
âmbito do PNAE. Essa resolução será vista com mais detalhes nos próximos capítulos.
Fonte: Ascom IFSULDEMINAS-Campus Machado (2020) Fonte: Ascom IFSULDEMINAS-Campus Machado (2020)
REFERÊNCIAS
ASCOM, Portal IFSULDEMINAS Campus Machado. Disponível em: https://portal.mch.ifsuldeminas.edu.br/todas-
noticias/2841-doacao-de-kits-de-alimentos. Acesso em: 23 de abril de 2021.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência
da República. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art208.
Acesso em: 14 set. 2021.
BRASIL. Decreto nº. 7234 de 19 julho de 2010. Dispõe sobre o Programa Nacional de Assistência Estudantil - PNAES. Disponível
em: https://bit.ly/3tM3sBL. Acesso em: 13 maio 2021.
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BRASIL. Decreto Legislativo n. 06 de 2020. Reconhece, para os fins dos art. 65 da Lei Complementar n. 101, de 4 de
maio de 2020, a ocorrência do estado de calamidade pública, nos termos da solicitação do Presidente da República
encaminhada por meio da Mensagem n. 93, de 18 de março de 2020. 2020c. Disponível em: http://www.planalto.gov.
br/ccivil_03/portaria/DLG6-2020.htm. Acesso em: 15 set. 2021.
BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Censo da Educação Básica
2019: notas estatísticas. Brasília, 2020. Disponível em: https://bit.ly/2XjHWbw. Acesso em: 14 set. 2021.
BRASIL. Lei nº. 9394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível
em: https://bit.ly/3tM3sBL. Acesso em: 14 set. 2021.
BRASIL. Lei nº. 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa
Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; [..]. 2009. Disponível em: https://bit.ly/3zneH56.
Acesso em: 14 set. 2021.
BRASIL. Lei nº. 13.987 de 07 de abril de 2020. Altera a Lei n. 11.947, de 16 de junho de 2009, para autorizar, em caráter
excepcional, durante o período de suspensão das aulas em razão de situação de emergência ou calamidade pública, a
distribuição de gêneros alimentícios adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
aos pais ou responsáveis dos estudantes das escolas básicas de educação básica. Diário Oficial da União: Seção: 1, n. 67-B,
p. 9, 07 abr. 2020a. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-13.987-de-7-de-abril-de-2020-251562793.
Acesso em: 14 set. 2021.
BRASIL. Ministério da Educação (MEC). Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Secretaria de Educação
a Distância. Formação pela escola: Programa nacional de formação continuada a distância nas ações do FNDE. 8.
ed., atual. Brasília: MEC, FNDE, 2018. Disponível em: http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/fpe/
ce_pnae.pdf. 15 set. 2021.
BRASIL. Resolução Nº 6, de 8 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da
educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Diário Oficial da União, Seção:
1, n. 89, p. 38, 12 maio 2020d Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-6-de-8-de-maio-
de-2020-256309972. Acesso em: 15 set. 2021.
BRASIL. Tribunal de Contas da União. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, Conselho de Alimentação
Escolar. Cartilha para conselheiros do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Brasília: TCU, 2017.
Disponível em: https://bit.ly/2XoH7Ou. Acesso em: 15 set. 2021.
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PACHECO, Íris. “Não há soberania alimentar, se não temos uma alimentação de qualidade e diversa”: debate
online marcou a relação da soberania alimentar em tempos de COVID-19 com o direito fundamental dos povos à
vida. Movimento dos trabalhadores rurais sem terra - Brasil, 11 maio 2020. Disponível em: Notíciashttps://mst.
org.br/2020/05/11/nao-ha-soberania-alimentar-se-nao-temos-uma-alimentacao-de-qualidade-e-diversa-afirma-
maria-emilia-pacheco/. Acesso em: 13 set. 2021.
PGE/SP. Procuradoria Geral do Estado de São Paulo. Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948).
Tratado Internacional PGE, 2021. Disponível em: http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/
instrumentos/2decla.htm. Acesso em: 13 set. 2021.
UNICEF. Fundo das Nações Unidas para a Infância. Declaração Universal dos Direitos Humanos: adotada e
proclamada pela Assembleia Geral das Nações Unidas (resolução 217 A III) em 10 de dezembro de 1948. UNICEF/
BRASIL, 2021. Disponível em: https://www.unicef.org/brazil/declaracao-universal-dos-direitos-humanos.
Acesso em: 13 set. 2021.
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A AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS DA AGRICULTURA FAMILIAR
O
Brasil é um país considerado por muitos como tradicionalmente agrícola,
pois, em todas as suas regiões e/ou municípios, é fácil perceber a presença da
Agricultura. Dentre aqueles que desenvolvem ações no campo, os agricultores
familiares se destacam.
1 Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Campus Inconfidentes,
MG. Doutor em Agronomia/Entomologia. E-mail: [email protected]
2 Foto da agricultora Rosângela de Souza Paiva, Poço Fundo, MG.
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A agricultura familiar é uma forma de produção onde predomina a interação entre
gestão e trabalho; são os agricultores familiares que dirigem o processo produtivo,
dando ênfase na diversificação de atividades e valorizando o trabalho familiar que,
eventualmente complementado pelo trabalho assalariado (COSTA et al., 2012).
Você deve estar se questionando… mas qual a relevância de uma produção de pequenas
áreas, em um país tão extenso e com mais de 200 milhões de pessoas?
Bom, neste caso, vale a pena consultar os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
estatística (IBGE), onde constata-se que:
Em função de todos estes dados, em termos legais, no ano de 2006, o Brasil aprovou a Lei
11.326, que estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar
e Empreendimentos Familiares Rurais, um importante marco para o país. Esta Lei estabelece
os conceitos, princípios e instrumentos destinados à formulação das políticas públicas e define
critérios para o enquadramento do produtor como agricultor familiar:
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III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas
do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder
Executivo; (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011);
IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família.
§ 1o O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de
condomínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a fração
ideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais. (BRASIL, 2006),
Você sabia...? que cerca de 70% do alimento que vai à mesa do brasileiro vem da agricultura
familiar? Segundo dados do IBGE (2006) o Brasil possui mais de 5 mil estabelecimentos
rurais e destes cerca de 76% são considerados familiares, segundo os critérios da lei 11.326/06
e ocupam uma área equivalente a apenas 23% da área plantada. Apesar da pequena área, a
agricultura familiar responde por mais de 70% do alimento que vai à mesa dos brasileiros.
Com a criação da Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, ficou determinado que no mínimo
30% do valor repassado a estados, municípios e Distrito Federal pelo FNDE para o Pnae devem ser
utilizados obrigatoriamente na compra de gêneros alimentícios provenientes da agricultura familiar.
A Lei estabeleceu algumas diretrizes que auxilia na compreensão da importância desta compra:
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V - o apoio ao desenvolvimento sustentável, com incentivos para a aquisição de
gêneros alimentícios diversificados, produzidos em âmbito local e preferencialmente
pela agricultura familiar e pelos empreendedores familiares rurais, priorizando as
comunidades tradicionais indígenas e de remanescentes de quilombos;
VI - o direito à alimentação escolar, visando a garantir segurança alimentar e
nutricional dos alunos, com acesso de forma igualitária, respeitando as diferenças
biológicas entre idades e condições de saúde dos alunos que necessitem de atenção
específica e aqueles que se encontram em vulnerabilidade social. (BRASIL, 2009).
Para a gestão dos recursos liberados pelo FNDE para aquisição de alimentos, a Lei
11.947/2009 estabeleceu também o limite mínimo para a compra direta da agricultura familiar,
conforme o artigo 14, transcrito a seguir:
Art. 14. Do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE,
no mínimo 30% (trinta por cento) deverão ser utilizados na aquisição de gêneros
alimentícios diretamente da agricultura familiar e do empreendedor familiar rural
ou de suas organizações, priorizando-se os assentamentos da reforma agrária, as
comunidades tradicionais indígenas e comunidades quilombolas.
§ 1º A aquisição de que trata este artigo poderá ser realizada dispensando-se o
procedimento licitatório, desde que os preços sejam compatíveis com os vigentes
no mercado local, observando-se os princípios inscritos no art. 37 da Constituição
Federal, e os alimentos atendam às exigências do controle de qualidade
estabelecidas pelas normas que regulamentam a matéria. (BRASIL, 2009).
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DOCUMENTO DE IDENTIFICAÇÃO DO(A) AGRICUTOR(A) FAMILIAR
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Art. 1º As políticas públicas direcionadas à agricultura familiar deverão considerar
a unidade Familiar de Produção Agrária - UFPA, os empreendimentos familiares
rurais, as formas associativas de organização da agricultura familiar e o Cadastro
Nacional da Agricultura Familiar - CAF. (BRASIL, 2017).
b) cooperativa central da agricultura familiar - aquela que comprove que a soma dos
agricultores familiares com inscrição ativa no CAF constitua mais de cinquenta por
cento do quantitativo de cooperados pessoas físicas de cooperativas singulares; e
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DAP atualizado (o Extrato pode ser retirado pelo Agricultor ou por qualquer interessado no site do
MAPA: http://dap.mda.gov.br/.
O Extrato da DAP nos ajuda a confirmar a situação atual do(a) Agricultor(a) e tem validade de 60 dias.
Existem duas modalidades de DAP: a DAP Física (Emitida para unidade Familiar de
Produção Agrária) e a DAP Jurídica (Emitida para associações e/ou cooperativas com percentual
de agricultores familiares superior a 50%).
Saiba mais...
Lei 11.947: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11947.htm
Lei 11.326: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11326.htm
Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP): http://dap.mda.gov.br/
Decreto 10.688/2021: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.688-de-26-de-
abril-de-2021-316016356
26 / p. 20 - 39
ser vistos como parceiros, com potencial de ir muito além da simples realização da gestão de
um recurso. São eles:
- Pró-Reitoria de Extensão
Nas Pró-reitorias, podemos considerar que normalmente temos os parceiros políticos
e os parceiros técnicos.
Os representantes políticos, apesar de em muitos casos não participarem diretamente
das ações, podem desempenhar papel fundamental junto às instâncias decisórias da instituição.
Reuniões de colégios de dirigentes, conselhos superiores e outros espaços, sejam consultivos
ou deliberativos, podem ser importantes para a criação de uma atmosfera proativa entre
os envolvidos e possibilitar o incentivo, a visibilidade e a consolidação das ações e o
fortalecimento do programa.
Os representantes técnicos relacionam-se aos servidores das Pró-Reitorias e dos campi
e podem facilitar a integração das ações intercampus e também com outras Instituições. No
IFSULDEMINAS, por exemplo, a participação dos representantes da Pró-reitoria de Extensão
tem sido fundamental para o sucesso e avanço das ações, sendo decisivas nas articulações com
os parceiros (agricultores e seus representantes), prefeituras e câmaras municipais e com o
FNDE, incluindo as articulações para a realização de cursos.
- Coordenação de Extensão
As coordenações de extensão são responsáveis por encaminhar demandas, fomentar
projetos, estimular servidores, acompanhar e compilar resultados de extensão. Neste sentido,
o seu envolvimento nas ações do PNAE fortalece e motivar a participação de mais servidores.
É importante que no início das ações, estes já sejam envolvidos, criando assim um espírito
coletivo forte na equipe.
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Sendo assim, as escolas estaduais e prefeituras, mesmo não possuindo os setores,
departamentos e/ou as pessoas presentes nas Instituições da Rede EPCT, vem realizando o
PNAE há vários anos.
Figura 3 - Reunião de servidores do IFSULDEMINAS - Campus Inconfidentes com agricultores familiares da região.
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integração com os agricultores da região. Os NEAs estão inseridos em uma rede nacional e podem
contar com o apoio e experiências de outros Núcleos para implementar as suas ações.
- Comissão de Compras
Para a execução da chamada pública de aquisição de alimentos da agricultura familiar
é aconselhável a criação de uma comissão específica, visto as particularidades do procedimento.
No IFSULDEMINAS, tem uma Comissão Especial de Compras da agricultura familiar que se
responsabiliza pelas principais etapas do processo tendo as seguintes atribuições:
i. realizar a articulação com os atores envolvidos no processo de compras da agricultura
familiar e/ou Tradicional;
ii. elaborar o projeto básico ou termo de referência com as especificidades e condições
do processo de compra;
iii. elaborar a lista de produtos locais e calendário de entregas;
iv. realização do levantamento de preços;
v. elaboração e publicização do Edital da chamada pública;
vi. recebimento, julgamento e seleção das propostas de vendas;
vii. recebimento de amostra para o controle da qualidade;
viii. convocação para assinatura contrato de fornecimento;
ix. indicação do técnico responsável e fiscal de contrato;
x. Demais atividades operacionais e administrativas referentes ao processo de compra,
chamada pública.
No trato destas questões nas esferas estaduais e municipais, as escolas e prefeituras
contam com o CAE, funcionando como órgão colegiado de caráter fiscalizador, permanente,
deliberativo e de assessoramento. Na Rede de EPCT não existe esta estrutura organizacional (do
CAE) e por isso é importante a designação de uma comissão de compras.
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Conforme definido no art. 43 da Resolução 006/CD/FNDE/2020, o CAE é composto
por representantes da Entidade Executora e também por representantes da sociedade civil.
(BRASIL, 2020). Assim, como forma de ampliar as discussões e o caráter de transparência no
trato dos recursos públicos, é desejável que a comissão de compras apresente também em sua estrutura as
representações de órgãos e setores institucionais, dos estudantes e da sociedade civil (agricultores ou pais).
Neste sentido, é importante que a comissão na instituição tenha em sua composição:
- representante dos setores administrativos (Diretoria de Administração, Coordenação
de Administração, Setor de Compras ou Setor de licitações, preferencialmente);
- representante do setor de alimentação escolar;
- representante institucional ligado a área de extensão (Coordenação de extensão ou
servidores inteirados e motivados com o tema);
- representação estudantil (líderes de sala, representações de grêmios, diretórios
acadêmicos ou outras formas organizacionais representativas)
- representantes da sociedade civil (pais e/ou agricultores interessados no processo).
Acredita-se que a formação de uma equipe interessada e focada na ação e na obtenção
dos resultados esperados seja um grande passo para o sucesso na realização e concretude da
chamada pública.
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A elaboração do projeto básico ou termo de referência será abordada no capítulo 4 deste E-Book
Art. 31 O preço de aquisição dos gêneros alimentícios deve ser determinado pela EEx,
com base na realização de pesquisa de preços de mercado (modelo no Anexo V).
§ 1º O preço de aquisição deve ser o preço médio pesquisado por, no mínimo, três
mercados em âmbito local, priorizando a feira do produtor da agricultura familiar,
quando houver, acrescido dos insumos exigidos no edital de chamada pública, tais
como despesas com frete, embalagens, encargos e quaisquer outros necessários
para o fornecimento do produto.
§ 2º Na impossibilidade de a pesquisa ser realizada em âmbito local, esta deve
ser realizada ou complementada em âmbito das regiões geográficas imediatas,
intermediárias, estadual ou nacional, nessa ordem, conforme estabelece o IBGE 2017
(Divisão Regional do Brasil em Regiões Geográficas Imediatas e Regiões Geográficas
Intermediárias)
§ 3º Previamente à abertura das chamadas públicas, poderão ser realizadas
audiências públicas abertas à participação de todos os interessados com vistas a
coletar subsídios e sanear eventuais dúvidas do processo de aquisição dos gêneros
da agricultura familiar
§ 4º Os preços de aquisição definidos pela EEx devem constar na chamada pública, e
devem ser os preços pagos ao agricultor familiar, empreendedor familiar rural e/ou
suas organizações pela venda do gênero alimentício.
§ 5º Na impossibilidade de realização de pesquisa de preços de produtos
agroecológicos ou orgânicos, a EEx pode acrescer aos preços desses produtos
em até 30% (trinta por cento) em relação aos preços estabelecidos para produtos
convencionais, analogamente ao estabelecido no art. 17 da Lei nº 12.512/2011.
§ 6º O(s) projeto(s) de venda a ser(em) contratado(s) deve(m) ser selecionado(s)
conforme os critérios estabelecidos pelo art. 35.
§ 7º A relação dos proponentes dos projetos de venda será apresentada em sessão
pública e registrada em ata, ao término do prazo de apresentação dos projetos.
(BRASIL, 2020, grifo nosso).
31 / p. 20 - 39
Para a realização da chamada pública, a Entidade deverá realizar a definição dos preços
médios dos produtos que deseja adquirir. A cotação pode ser realizada de forma simples em pelo
menos três mercados locais (atentando-se para produtos de características iguais ou similares
aos desejados), nas quitandas e nas feiras-livres. Quando não houver no município ou região as
condições para obtenção dos preços, a pesquisa poderá ser realizada em mercados atacadistas.
Após a realização de três cotações válidas para cada produto da sua lista, você deverá
determinar o preço médio do item, para que este seja informado no Edital da Chamada. Os
preços devem considerar, se for o caso, os custos para a entrega, quando esta for realizada em
lugares distantes ou exigirem cuidados especiais no transporte ou outras despesas específicas
não computadas no preço cotado.
Você deve ter percebido que a etapa de Levantamento de Preços não pode ser uma ação
puramente mecânica, mas deve ser acompanhada de cautela e observação, pois a divulgação
equivocada de preços pode influenciar diretamente no resultado da Chamada.
Obs. A maioria das Feiras Livres não apresenta um CNPJ próprio para constar na cotação.
Entretanto, é comum contar com um Coordenador da Feira, que poderá assinar o
levantamento de preços e fornecer o seu CPF.
Você pode perceber que há uma relação ganha-ganha, pois, desta maneira, o Agricultor
comercializa pelo preço de mercado, sem os prejuízos dos atravessadores e a instituição adquirirá
um produto de qualidade, regional, fresco e pelo preço de mercado. Além disso, promoverá uma
importante ação para desenvolvimento da região.
32 / p. 20 - 39
- Priorização das propostas recebidas
Diferentemente do que acontece nas licitações públicas onde a disputa é realizada com
base no menor preço, na realização de uma chamada pública a Resolução 006/CD/FNDE/2020
estabelece critérios para a priorização/seleção de projetos habilitados que melhor atendam aos
objetivos da instituição. Desta maneira, a seleção passou a ser realizada priorizando os agricultores
do próprio município, conforme previsto no Art. 35 da Resolução, descrito a seguir:
Art. 35 Para seleção, os projetos de venda (modelos no Anexo VII) habilitados devem ser
divididos em: grupo de projetos de fornecedores locais, grupo de projetos das Regiões
Geográficas Imediatas, grupo de projetos das Regiões Geográficas Intermediárias,
grupo de projetos do estado, e grupo de projetos do país.
§ 1º Entende-se por local, no caso de DAP Física, o município indicado na DAP.
§ 2º Entende-se por local, no caso de DAP Jurídica, o município onde houver a maior
quantidade, em números absolutos, de DAPs Físicas registradas no extrato da DAP
Jurídica.
§ 3º Entre os grupos de projetos, deve ser observada a seguinte ordem de prioridade
para seleção:
I – o grupo de projetos de fornecedores locais tem prioridade sobre os demais grupos;
II – o grupo de projetos de fornecedores de Região Geográfica Imediata tem prioridade
sobre o de Região Geográfica Intermediária, o do estado e o do País;
III – o grupo de projetos de fornecedores da Região Geográfica Intermediária tem
prioridade sobre o do estado e do país;
IV – o grupo de projetos do estado tem prioridade sobre o do País.
§ 4º Em cada grupo de projetos, deve-se observar a seguinte ordem de prioridade para
seleção:
I – os assentamentos de reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e as
comunidades quilombolas, não havendo prioridade entre estes;
a) para efeitos do disposto neste inciso, devem ser considerados Grupos Formais e
Grupos Informais de assentamentos da reforma agrária, comunidades quilombolas
e/ou indígenas aqueles em que a composição seja de, no mínimo, 50%+1 (cinquenta
por cento mais um) dos cooperados/associados das organizações produtivas
respectivamente, conforme identificação na(s) DAP(s);
b) no caso de empate entre Grupos Formais de assentamentos da reforma agrária,
comunidades quilombolas e/ou indígenas, em referência ao disposto no § 4º inciso
I deste artigo, têm prioridade organizações produtivas com maior porcentagem de
assentados da reforma agrária, quilombolas ou indígenas no seu quadro de associados/
cooperados. Para empate entre Grupos Informais, terão prioridade os grupos com
maior porcentagem de fornecedores assentados da reforma agrária, quilombolas ou
indígenas, conforme identificação na(s) DAP(s).
33 / p. 20 - 39
II – os fornecedores de gêneros alimentícios certificados como orgânicos ou
agroecológicos, segundo a Lei nº 10.831/2003, o Decreto nº 6.323/2007 e devido
cadastro no MAPA;
III – os Grupos Formais sobre os Grupos Informais, estes sobre os Fornecedores
Individuais, e estes, sobre Cooperativas Centrais da agricultura familiar (detentoras
de DAP Jurídica conforme Portarias do MAPA que regulamentam a DAP);
a) no caso de empate entre Grupos Formais, em referência ao disposto no § 4º inciso
III deste artigo, têm prioridade organizações produtivas com maior porcentagem
de agricultores familiares e/ou empreendedores familiares rurais no seu quadro de
associados/ cooperados, conforme DAP Jurídica;
b) em caso de persistência de empate, deve ser realizado sorteio ou, em havendo
consenso entre as partes, pode-se optar pela divisão no fornecimento dos produtos a
serem adquiridos entre as organizações finalistas.
IV – Caso a EEx não obtenha as quantidades necessárias de produtos oriundos do
grupo de projetos de fornecedores locais, estas devem ser complementadas com
os projetos dos demais grupos, de acordo com os critérios de seleção e priorização
estabelecidos no caput e nos § 1º e § 2º; (BRASIL, 2020).
Importante: é comum ouvirmos de servidores e gestores a seguinte frase: “temos que comprar
da agricultura familiar para ajudar os agricultores”. Ressaltamos que todos somos dependentes
de alimentos, que são produzidos diariamente por agricultores comprometidos e dedicados,
34 / p. 20 - 39
porém, desvalorizados pela sociedade. Portanto, temos que agradecê-los pela continuidade e
por colocar em nossas mesas o alimento diário. Assim, podemos entender que eles nos apoiam,
muito mais do que nós a eles.
Saiba mais…
Sobre a contaminação dos alimentos e os riscos dos agrotóxicos à nossa saúde, Sugestões de filmes sobre
o tema.
O Veneno Está na Mesa
https://www.youtube.com/watch?v=8RVAgD44AGg
O veneno está na mesa II
https://www.youtube.com/watch?v=fyvoKljtvG4
Documentário O Uso Inseguro dos Agrotóxicos
https://www.youtube.com/watch?v=HVdZV4JaKAs
35 / p. 20 - 39
- Reconhecendo os produtos orgânicos
Durante a realização do processo de compras para a aquisição de alimentos orgânicos, uma
das dúvidas que comumente aparece é: como saber se o produto ofertado é realmente orgânico?
Para responder esta pergunta recorre-se à legislação brasileira sobre o assunto3, que estabelece
três formas para que o(a) agricultor(a) garanta a qualidade orgânica do seu produto ao consumidor:
a) por meio de uma Organização de Controle Social (OCS). Entidade de agricultores
familiares cadastrada no MAPA. Esta modalidade
não utiliza o selo de produtos orgânicos e tem sua
comercialização limitada à venda direta (feiras, PNAE
e PAA). No ato da Chamada pública os agricultores
devem apresentar a “Declaração de Cadastro de Agricultor
Vinculado à OCS”.
b) Por meio de uma certificação por Auditoria. Esse modelo de certificação é chamado
de Certificação por terceira parte, pois, a certificação e a
fiscalização da unidade de produção são realizadas por
uma empresa de auditoria credenciada pelo Ministério da
Agricultura, sendo responsável pela emissão do Certificado
de Conformidade Orgânica em nome do(a) agricultor(a),
possibilitando a este o uso do selo de produto orgânico em
seus produtos.
No ato da Chamada pública os agricultores devem apresentar “Certificado de
Conformidade Orgânica” e com os dados do agricultor, a comissão poderá confirmar a autenticidade
das informações no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (https://www.gov.br/agricultura/
pt-br/assuntos/sustentabilidade/organicos/cadastro-nacional-produtores-organicos).
c) Por meio de um Sistema Participativo de Garantia/Organismo Participativo de
Avaliação da Conformidade (SPG/OPAC). Neste formato, o(a) agricultor(a) é vinculado(a) a
um SPG que tem o seu OPAC credenciado ao MAPA para avaliar a conformidade orgânica das
propriedades. O processo de avaliação da conformidade é compartilhado entre agricultores e
colaboradores (técnicos, consumidores e outros interessados) que de forma participativa realizam
os procedimentos e possibilita a obtenção do selo.
36 / p. 20 - 39
No ato da Chamada pública os agricultores devem apresentar “Certificado de Conformidade
Orgânica”. Com os dados do agricultor, a comissão poderá confirmar a autenticidade no Cadastro
Nacional de Produtores Orgânicos.
https://www.gov.br/agricultura/pt-br/assuntos/sustentabilidade/organicos/cadastro-nacional-
produtores-organicos.
Saiba mais…
Para saber mais sobre o assunto, pode consultar nossos vídeos disponíveis na internet:
Sobre a Legislação Orgânica: https://youtu.be/sQAaZuXPnFk
Sobre os Sistemas Participativos de Garantia: https://youtu.be/9LcGpZ8Lu44
Sobre as Organizações de Controle Social (OCS): https://youtu.be/R1V6cbRGXdg
37 / p. 20 - 39
- é necessário que o grupo responsável pelos procedimentos de compras, dentro dos
princípios legais, busque as saídas criativas e motivadoras para a solução das dificuldades
encontradas;
- é fundamental que os membros da comissão “queiram que o processo dê certo”,
perseguindo sempre o resultado positivo;
- e por último, é importante que o NEA tenha pessoas conhecedoras e comprometidas
com o sucesso da atividade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Decreto nº 6.323, de 27 de dezembro de 2007. Regulamenta a Lei no 10.831, de 23 de dezembro de 2003,
que dispõe sobre a agricultura orgânica, e dá outras providências. 2007. Disponível em: https://bit.ly/2Xwxk97.
Acesso em: 17 set. 2021.
BRASIL. Decreto nº 9.064, de 31 de maio de 2017. Dispõe sobre a Unidade Familiar de Produção Agrária, institui o Cadastro
Nacional da Agricultura Familiar e regulamenta a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006, que estabelece as diretrizes para a
formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e empreendimentos familiares rurais. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/decreto/d9064.htm. Acesso em: 17 set. 2021.
BRASIL. Decreto nº 10.688, de 26 de abril de 2021. Institui o Cadastro Nacional da agricultura familiar e regulamenta
a Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006. Diário Oficial da União: Seção: 1, n. 77, p. 3, 27 abr. 2021. Disponível em: https://
www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.688-de-26-de-abril-de-2021-316016356. Acesso em: 17 set. 2021.
BRASIL. Lei nº 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras providências. 2003.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.831.htm. Acesso em: 17 set. 2021.
BRASIL. Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006. Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da
Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. 2006. Disponível em: https://bit.ly/3kiFBGO. Acesso em:
05 maio 2021.
BRASIL. Lei nº 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa
Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; [..]. 2009. Disponível em: https://bit.ly/3zneH56. Acesso em:
14 set. 2021.
BRASIL. Lei 11.892 de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica, cria os institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Disponível em:
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm. Acesso em 08 de fevereiro de 2015.
BRASIL. Resolução Nº 6, de 8 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação
básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Diário Oficial da União: Seção: 1, n. 89, p.38, 12
maio 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-6-de-8-de-maio-de-2020-256309972.
Acesso em: 15 set. 2021.
BRASIL. Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Estabelece as Diretrizes para a Extensão na Educação Superior
Brasileira e regimenta o disposto na Meta 12.7 da Lei nº 13.005/2014, que aprova o Plano Nacional de Educação - PNE
2014-2024 e daì outras providências. Diário Oficial da União: Seção: 1, n. 243, p. 49, 19 dez. 2018. Disponível em: https://bit.
ly/3lEcInZ. Acesso em: 17 set. 2021.
38 / p. 20 - 39
COSTA, Josimar Souza; FREITAS, Ana Rita Pinheiro de; MAIA, Anna Beatriz Grangeiro Ribeiro; CARNEIRO, Juciane Costa;
LIMA, Bruno Chaves Correia; SILVA FILHO, José Carlos Lázaro da. Inovação Social, Prazer e Sofrimento no Trabalho: o
caso do Projeto Mandalla no Ceará. EnANPAD: XXXVI Encontro da ANPAD. Rio de Janeiro, RJ, 22 a 26 set. 2012. Disponível
em: http://www.anpad.org.br/admin/pdf/2012_GPR2787.pdf. Acesso em: 17 set. 2021.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agro 2017: população ocupada nos estabelecimentos
agropecuários cai 8,8%. Agencia de notícias IBGE, 25 out. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3zigFmY. Acesso em:
16 set. 2021.
39 / p. 20 - 39
EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL
O
PNAE, além do fornecimento balanceado de macros e micronutrientes para
a promoção de um estado nutricional adequado, vai ao encontro dos Objetivos
de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 das Nações Unidas,
contribuindo com a erradicação da fome e da miséria, a garantia da educação de qualidade para
todos, a garantia da qualidade de vida e a sustentabilidade ambiental.
1 Maria do Socorro Martinho Coelho: Nutricionista do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de
Minas Gerais - Campus Machado/MG. Mestre em Política Social. E-mail: [email protected]
40 / p. 40 - 61
De acordo com o Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as
Políticas Públicas:
Sendo que estas ações de EAN deverão ser planejadas, executadas e documentadas.
Portanto, o Nutricionista responsável técnico do PNAE tem como obrigação zelar pela preservação,
promoção e recuperação da saúde, alimentação e nutrição no ambiente escolar.
41 / p. 40 - 61
ATRIBUIÇÕES DO NUTRICIONISTA DO PNAE E RESPONSABILIDADE TÉCNICA
A atuação do nutricionista nos estabelecimentos de ensino é de extrema relevância
social, sobretudo, porque ele será responsável pela alimentação de pessoas que vivem um período
de intenso desenvolvimento físico e psicológico. Desse modo, uma alimentação inadequada,
além de trazer prejuízos para o crescimento e o desenvolvimento das crianças, adolescentes e
adultos,
adu ltos, poderá ocasionar doenças, além de diminuir a capacidade de aprendizagem dos alunos,
que, inevitavelmente, apresentarão um rendimento escolar insatisfatório.
Inicialmente, os nutricionistas dos institutos federais, responsáveis técnicos pelo
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), deverão fazer seu cadastro no FNDE,
atendendo ao previsto no § 1º do art. 15 da Resolução nº 6/2020 do FNDE. Esse cadastro deve ser
feito por meio de formulário específico, (Anexo II da Resolução nº 26/2013 FNDE) disponível no
sítio do FNDE, o seguinte endereço: https://bit.ly/3u7xaBt, na página da Alimentação Escolar, o
qual deverá ser devidamente preenchido e assinado pela (o) Nutricionista, responsável técnica
(o), com o respectivo carimbo de identificação e, ainda, com a anuência expressa do gestor
responsável pela Entidade Executora. O documento acima citado, original ou cópia autenticada,
deverá ser encaminhado ao FNDE, sendo de inteira responsabilidade da (o) Nutricionista e do
gestor responsável pela EE as informações declaradas. (BRASIL, 2013).
As atribuições do profissional Nutricionista que trabalha com o PNAE estão mencionadas
na Resolução CFN nº 465/2010 e na Lei 11.947/2009, portanto porta essa legislação deve ser lida
atentamente pelo estudante.
Para efeito de estudo destacam-se alguns itens mais importantes:
- Realizar o diagnóstico e o acompanhamento do estado nutricional dos educandos;
- Planejar, elaborar, acompanhar e avaliar os cardápios da alimentação escolar, adequados
às necessidades nutricionais, às faixas etárias, ao perfil epidemiológico dos escolares, respeitando
a cultura alimentar e a vocação agrícola da região, utilizando produtos da agricultura familiar,
sempre que possível, orgânicos e/ou agroecológicos;
- Elaborar o Plano Anual de Trabalho, contemplando os procedimentos adotados para o
desenvolvimento das atribuições;
- Planejar, orientar e supervisionar as atividades de seleção, compra, armazenamento,
produção e distribuição dos alimentos, zelando pela qualidade e conservação dos produtos;
- Propor e coordenar ações de educação alimentar e nutricional;
- Elaborar fichas técnicas de preparações do cardápio;
- Interagir com os agricultores familiares e empreendedores familiares rurais e
suas organizações;
42 / p. 40 - 61
- Participar do processo de licitação e da compra direta da agricultura familiar para a
aquisição de gêneros alimentícios. (CFN, 2010; BRASIL, 2009).
É pertinente destacar que para se alcançar uma educação alimentar e nutricional
no ambiente escolar, deve-se incorporar o tema no projeto político-pedagógico da escola,
perpassando todas as áreas de estudo e propiciando experiências no cotidiano das atividades
escolares. Desse modo, resta clara a inquestionável importância da contribuição de toda a
comunidade escolar (diretores, professores, pedagogos, assistentes sociais, psicólogos, médicos,
enfermeiros, todos os profissionais ligados à saúde e à assistência ao educando) para o êxito do Programa.
Além disso, em maio de 2018, o Senado Federal aprovou alteração na Lei de Diretrizes
e Bases da Educação, passando a vigorar dentro do Art. 26, o § 9º-A. “A educação alimentar e
nutricional será incluída entre os temas transversais de que trata o caput” (BRASIL, 2018, grifo
nosso). tornando-se obrigatório a inclusão da EAN como tema transversal dentro do currículo
de biologia.
É de fundamental importância a participação de todos para o desenvolvimento dos
alunos, visto que a alimentação não se reduz a uma questão puramente nutricional; na verdade,
trata-se de um importante ato social, inserido em um contexto cultural.
Saiba mais...
Lei nº 13.666, de 16 de maio de 2018.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13666.htm
I M P O R TÂ N C IA DA PA R T I C I PAÇ ÃO D O N U T R I C I O N I S TA N O P R O C E S S O DA
C HA M A DA P Ú B L I C A
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A compra de alimentos da agricultura familiar promove a preservação das tradições
alimentares locais e da produção com baixo impacto ambiental, desde que sejam produtos
agroecológicos; o relacionamento direto com o produtor; e, a integração da agricultura familiar
com a educação.
A aquisição de alimentos da agricultura familiar planejada pelo nutricionista deve
adequar-se à demanda da escola (cardápio e infraestrutura) com o fornecimento dos alimentos,
por exemplo: o tamanho das embalagens, frequência e local de entrega, sempre respeitando as
normas da legislação vigente. A escassez de mão-de-obra é um problema frequente na agricultura
familiar e muitas vezes algumas exigências desnecessárias acabam prejudicando o fornecimento
destes alimentos.
O PNAE tem um grande potencial no que diz respeito aos problemas associados à produção
e ao desenvolvimento rural e aqueles associados ao consumo e à saúde pública, interligando a
produção de alimentos local com o mercado consumidor local.
Saiba mais...
Aquisição de Produtos da agricultura familiar para a Alimentação Escolar
https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-area-gestores/pnae-manuais-
cartilhas/item/8595-manual-de-aquisi%C3%A7%C3%A3o-de-produtos-da-agricultura-
familiar-para-a-alimenta%C3%A7%C3%A3o-escolar
44 / p. 40 - 61
profissionais de educação e do responsável técnico e demais nutricionistas, a inclusão
da educação alimentar e nutricional – EAN no processo de ensino e aprendizagem, que
perpassa de maneira transversal o currículo escolar, abordando o tema alimentação e
nutrição e o desenvolvimento de práticas e habilidades que promovam modos de vida
saudáveis, na perspectiva da segurança alimentar e nutricional. (BRASIL, 2020a).
Isso indica que toda escola pública que recebe recursos do FNDE deve ter um Nutricionista
responsável pela elaboração do cardápio e desenvolvimento de outras atividades relativas à sua função.
Infelizmente, essa não é a realidade em todo Brasil, nem todos os municípios, Estados
e escolas federais têm profissionais nutricionistas suficientes para o atendimento do Programa.
Em relação às lanchonetes e cantinas terceirizadas dos institutos, é importante observar
que no art. 12. da Resolução CFN nº465/2010 está claro que não é possível o Nutricionista de uma
empresa terceirizada responder pelo PNAE daquela instituição escolar, leiam:
Sabe-se também, que alguns campi novos ainda não têm restaurante, ou têm restaurantes,
ou lanchonetes terceirizados, e por várias dificuldades, ainda não estão servindo uma alimentação
adequada como define a lei do PNAE e tão pouco outras ações do programa. Alertamos os gestores
das Instituições Federais de Ensino que várias instituições já estão sendo cobradas pelos órgãos de
fiscalização e controle quanto ao cumprimento dessa legislação.
É importante atentarmos para o fato de que toda a legislação criada relativa ao PNAE, até
os dias de hoje, é baseada na alimentação escolar do ensino infantil, fundamental, médio e EJA,
voltadas para escolas municipais e estaduais, sendo que o ensino nos IFs é um pouco diferenciado.
Os estudantes do Ensino Técnico Integrado, Subsequente ou Concomitante permanecem até dois
45 / p. 40 - 61
períodos dentro da Instituição, necessitando assim, na maioria, mais de uma refeição diária
e em alguns casos, em alguns campi, existe o sistema de moradia estudantil onde o estudante
permanece dentro da Instituição por 24h/dia, ou seja, ele mora dentro da instituição e muitas
vezes, permanece dentro dela inclusive aos finais de semana e feriados, (se ele está a uma grande
distância de seu município de residência). No momento atual, em que os recursos para a educação
estão escassos, é muito importante que cada Instituição encontre a melhor forma de utilizar
esse recurso, evitando assim devolver e usar outra fonte para garantir o direito dos estudantes à
alimentação escolar.
Não tem sido tarefa fácil para os institutos federais fornecer uma alimentação adequada
aos estudantes com os valores repassados. De acordo com a legislação do PNAE, a Entidade
Executora é a responsável pela execução do PNAE, inclusive pela utilização e complementação
dos recursos financeiros transferidos pelo FNDE, além da prestação de contas do Programa, visto
que, o recurso disponibilizado pelo FNDE é considerado como uma suplementação. As antigas
Escolas Agrotécnicas geralmente tem uma fazenda produtiva e conseguem, com certa facilidade,
fazer essa complementação, o que não é a realidade da maioria dos campi.
Apesar dos desafios, é necessário cumprirmos a nossa parte tentando servir uma
refeição de qualidade e adequada aos nossos estudantes com os recursos financeiros, materiais
e humanos disponíveis e, ao mesmo tempo, buscarmos soluções para a complementação desses
recursos dentro dos IFs. Hoje sabemos que grande parte dos IFs utilizam dos recursos próprios
da Instituição para complementar a alimentação escolar, mas o número de Nutricionistas ainda é
muito pequeno, e isso tem sido um entrave para a implementação do PNAE.
Muitos gestores não priorizaram a contratação do profissional da nutrição por desconhecimento
sobre a obrigatoriedade da oferta da alimentação escolar e da importância desse profissional para a
implementação do PNAE e isso tem gerado conflitos, pois o profissional, em muitos IFs tem se sentido
pressionado pela gestão a assumir Responsabilidades Técnicas em locais distantes de suas bases, onde
fica às vezes impossível o Nutricionista desenvolver as atividades que lhe são atribuídas legalmente.
Por outro lado, é extremamente importante lembrarmos que, se almejamos cumprir
com a legislação e garantir o direito dos alunos de ter alimentação dentro das escolas, faz-
se necessário que utilizemos todo o recurso que nos é disponibilizado, buscando superar as
dificuldades encontradas na implementação da alimentação escolar, garantindo o direito do
aluno e cumprindo o dever institucional.
46 / p. 40 - 61
Saiba mais...
Resolução CFN nº465/2010
http://www.cfn.org.br/eficiente/sites/cfn/pt-br/site.php?secao=resolucoes&pub=1772
Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009
http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/711767/lei-11947-09
Resolução/CD/FNDE nº 6, de 08 de maio de 2020
https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-6-de-8-de-maiode-2020-256309972
Manual de Apoio para as Atividades Técnicas do Nutricionista do Âmbito do PNAE.
https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-area-gestores/pnae-
manuais-cartilhas/item/10493-manual-de-apoio-para-as-atividades-t%C3%A9cnicas-do-
nutricionista-no-mbito-do-pnae
ELABORAÇÃO DE CARDÁPIOS
De acordo com o Guia Alimentar para a População Brasileira, publicado pelo Ministério
da Saúde em 2014, apesar da intensa redução da desnutrição em crianças, as deficiências de
micronutrientes e a desnutrição crônica ainda são prevalentes em grupos vulneráveis da população,
como em indígenas, quilombolas, e crianças e mulheres que vivem em áreas vulneráveis.
Simultaneamente, o Brasil vem enfrentando aumento expressivo do sobrepeso e da obesidade em
todas as faixas etárias, e as doenças crônicas são a principal causa de morte entre adultos. O excesso
de peso acomete um em cada dois adultos e uma em cada três crianças brasileiras. (BRASIL, 2014).
Ainda de acordo com Guia Alimentar, 2014, o país passou por diversas mudanças
políticas, econômicas, sociais e culturais que evidenciaram transformações no modo de vida
da população, além de mudanças importantes no padrão de saúde e consumo alimentar da
população brasileira. (BRASIL, 2014).
Conheça rapidamente através deste vídeo quais são os 10 passos para uma alimentação
saudável e adequada de acordo com o Guia alimentar para população brasileira.
Acesse esse link: https://www.youtube.com/watch?v=x5EwVBmVk8o
47 / p. 40 - 61
O cardápio significa uma sequência de pratos a serem servidos em uma refeição, ou todas
as refeições de um dia, ou por um período determinado. Ele é a ferramenta que inicia o processo
produtivo e serve como instrumento gerencial para a administração do serviço de alimentação.
A partir do seu planejamento podem ser dimensionados os recursos humanos e materiais, o
controle de custos, o planejamento de compras, a fixação dos níveis de estoque, a determinação
dos padrões a serem utilizados na confecção das receitas, servindo ainda para a pesquisa e análise
das preferências alimentares dos alunos.
PLANEJAMENTO DO CARDÁPIO
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Manual de Apoio para as Atividades Técnicas do Nutricionista no Âmbito do PNAE:
https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-area-gestores/pnae-
manuais-cartilhas/item/10493-manual-de-apoio-para-as-atividades-t%C3%A9cnicas-do-
nutricionista-no-mbito-do-pnae
EXECUÇÃO DE CARDÁPIOS
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PLAN PNAE – Ferramenta de planejamento de cardápio
https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-area-gestores/ferramentas-
de-apoio-ao-nutricionista/item/12820-plan-pnae-ferramenta-de-planejamento-de-
card%C3%A1pio
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Segurança Alimentar e Nutricional - COSAN, é denominada Índice de Qualidade da Coordenação
de Segurança Alimentar e Nutricional (IQ COSAN). Assim, o principal objetivo do IQ COSAN é a
padronização das análises dos cardápios, não somente pela equipe técnica do FNDE, mas também
pelos Nutricionistas e demais atores que atuam no âmbito do PNAE, que desejam verificar se
os cardápios elaborados atendem às diretrizes do Programa e aos pilares de uma alimentação
adequada e saudável.
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http://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-area-gestores ferramentas-de
apoio-ao-nutricionista/item/12142-iq-cosan
TESTE DE ACEITABILIDADE
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http://www.fnde.gov.br/arquivos/category/110-alimentacao-e-nutricao?download=5096:manual-para-
aplicacao-dos-testes-de-aceitabilidade-no-pan.
Na Resolução CD/FNDE nº6/2020, em seu capítulo IV, Seção II que trata da Dos
Cardápios Da Alimentação Escolar, no art.18, “Os cardápios devem ser planejados para
atender, em média, as necessidades nutricionais estabelecidas na forma do disposto no Anexo
IV desta Resolução”, sendo que: os cardápios deverão ser planejados para atender, em média, às
necessidades nutricionais de modo a suprir determinadas porcentagens relativas ao tempo de
permanência do aluno na escola e ao número de refeições que ele fará dentro da instituição. De
tal forma, é de bom senso os Nutricionistas dos institutos federais pensarem na realidade dos
seus campi, sendo que, isso varia de acordo com cada tipo de curso. Podem existir estudantes
que permanecem apenas em 1 período, como, por exemplo, estudantes do curso EJA, estudantes
do técnico integrado que permanecem por 2 períodos na instituição e ainda, casos em que o
estudante mora dentro da instituição e passa 24h dentro dela, ou seja, esse estudante terá que
ter, no nosso entendimento, 100% das suas necessidades nutricionais atendidas.
A Resolução nº6 de 8 de maio de 2020 vem para garantir o fornecimento de mais frutas
e hortaliças e incluir a obrigatoriedade de alimentos fonte de ferro heme (carnes, vísceras, aves e
peixes) no mínimo quatro vezes por semana. A norma também aumenta a restrição de produtos
cárneos (como embutidos, aves temperadas, empanados, pratos prontos), conservas, bebidas
lácteas com aditivos ou adoçados, legumes ou verduras em conserva, biscoito, bolacha, pão, bolo,
margarina e creme vegetal.
É preciso ficar atento e fazer algumas observações com relação a alguns nutrientes ou
preparações como Sódio: o PNAE recomenda a oferta máxima de 600mg de sódio per capita
quando ofertada uma refeição (período parcial); 800mg quando ofertadas duas refeições (período
parcial); e 1400mg quando ofertadas três ou mais refeições (período integral).
A oferta de doces fica limitada a uma vez por mês e preparações regionais doces a, no
máximo, duas vezes por mês em unidades escolares que ofertam alimentação escolar em período
parcial; e a, no máximo, uma vez por semana em unidades escolares que ofertam alimentação
escolar em período integral. São considerados doces: balas, confeitos, bombons, chocolates e
similares; bebidas lácteas sabores diversos; produtos de confeitaria com recheio e/ou cobertura;
biscoitos e similares com recheio e/ou cobertura; sobremesas; gelados comestíveis; doces em pasta
e geleias de fruta. Doce de leite; mel; melaço, melado e rapadura; compota ou fruta em calda; frutas
cristalizadas; cereais matinais com açúcar; barras de cereais.
51 / p. 40 - 61
Alimentos Restritos: é restrita a aquisição de alimentos enlatados, embutidos, doces,
alimentos compostos, preparações semiprontas ou prontas para o consumo, ou alimentos
concentrados, independentemente do seu valor nutricional de sódio e gordura saturada.
Alimentos Proibidos: é proibida a utilização de recursos no âmbito do PNAE para aquisição
dos seguintes alimentos e bebidas ultraprocessados: refrigerantes e refrescos artificiais, bebidas ou
concentrados à base de xarope de guaraná ou groselha, chás prontos para consumo e outras bebidas
similares, cereais com aditivo ou adoçado, bala e similares, confeito, bombom, chocolate em barra e
granulado, biscoito ou bolacha recheada, bolo com cobertura ou recheio, barra de cereal com aditivo
ou adoçadas, gelados comestíveis, gelatina, temperos com glutamato monossódico ou sais sódicos,
maionese e alimentos em pó ou para reconstituição.
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Art.17, 18, 19 e anexo IV da Resolução FNDE nº6/2020
http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-6-de-8-de-maio-de-2020-256309972
Manual de Apoio para as Atividades Técnicas do Nutricionista no Âmbito do PNAE
https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-area-gestores/pnae-manuais-
cartilhas
Nota Técnica nº 01/2014 – COSAN/CGPAE/DIRAE/FNDE sobre a restrição da oferta de doces e
preparações doces na alimentação escolar, em: www.fnde.gov.br
Atribuições do Nutricionista do PNAE
https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/resolucoes/Res_465_2010.htm
Portaria Interministerial nº 1010, de 8 de maio de 2006
http://www.fnde.gov.br/acessibilidade/item/3535-portaria-interministerial-n%C2%BA-1010-
de-8-de-maio-de-2006
Manual de Orientação sobre a alimentação escolar para pessoas com Diabetes, Hipertensão,
Doença Celíaca, Fenilcetonúria e Intolerância à Lactose
https://www.unifesp.br/campus/san7/images/cecane/manual_orientacao_diabetes.pdf
Estratégia Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade: recomendações para Estados
e Municípios.
https://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/seguranca_alimentar/estrategia_
prevencao_obesidade.pdf
52 / p. 40 - 61
minimizando, dessa forma, a possibilidade da ocorrência de doenças de origem alimentar ou
Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA).
As DTAs doenças provocadas pelo consumo de alimentos contaminados, geralmente, por
microorganismos prejudiciais à saúde. Os sintomas mais comuns de DTA são vômitos e diarréias,
podendo também ocorrer dores abdominais, dores de cabeça, febre, dentre outros. Para adultos
sadios, a maioria das DTA dura poucos dias e não deixa sequelas; para crianças, grávidas e idosos as
consequências podem ser mais graves, podendo inclusive levar à morte.
Devido à sua importância em termos de saúde coletiva e considerando a relação entre a
qualidade sanitária dos alimentos e a saúde da população, o PNAE destaca em suas normativas a preocupação
com a oferta de alimentos seguros.
Neste sentido, cabe às Entidades Executoras (EEx.) ou às Unidades Executoras (UEx.)
adotar medidas que garantam a aquisição, o transporte, a estocagem e o manuseio/preparo de
alimentos com adequadas condições higiênico-sanitárias até o seu consumo final pelos alunos do PNAE.
Assim, os alimentos devem atender às normas sanitárias estabelecidas pelos órgãos de
controle (Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA do Ministério da Saúde – MS e pelo
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA , sendo que a EEX. ou a UEX. poderá
solicitar amostras para comprovação da qualidade do produto antes da homologação do resultado
da chamada ou licitação.
Diante dessas informações, o FNDE destaca também a importância da formação dos
manipuladores de alimentos, no que refere à sua responsabilidade na segurança alimentar e na
garantia da oferta de uma alimentação escolar de qualidade. Além dos manipuladores de alimentos,
cabe ao nutricionista responsável técnico, entre outras atribuições, elaborar e implantar o Manual
de Boas Práticas para Serviços de Alimentação, de acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada
da ANVISA RDC n° 216/2004, que dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços
de Alimentação.
O Manual de Boas Práticas descreve as atividades e procedimentos que os locais que
produzem, manipulam, transportam, armazenam e/ou comercializam alimentos adotam para
garantir que os alimentos produzidos são seguros e atendem à legislação sanitária em vigor. Cabe
ao nutricionista RT do PNAE a elaboração do Manual de Boas Práticas de Fabricação para o Serviço
de Alimentação de cada unidade escolar.
Para auxílio na elaboração do Manual de Boas Práticas, acesse a Ferramenta para as Boas
Práticas na Alimentação Escolar, desenvolvida pelo CECANE da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) e o CECANE da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), com o
apoio do FNDE disponível em:
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https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-area-gestores/pnae-manuais-
cartilhas/item/5320-ferramenta-de-boas-pr%C3%A1ticas-de-fabrica%C3%A7%C3%A3o-de-alimentos
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Resolução ANVISA RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html
Material Orientativo para Formação de Manipuladores de Alimentos que atuam na
Alimentação Escolar
https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-area-gestores/pnae-manuais-
cartilhas/item/9483-manual-orientativo-para-forma%C3%A7%C3%A3o-de-manipuladores-
de-alimentos
Folder – Controle de Qualidade
http://www.fnde.gov.br/component/k2/item/5842-folder-pnae
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) possui como uma de suas diretrizes
a Educação Alimentar e Nutricional (EAN), que objetiva estimular a adoção voluntária de práticas
e escolhas alimentares saudáveis que colaborem para a aprendizagem, a boa saúde do escolar e a
qualidade de vida do indivíduo.
O normativo do PNAE define que a EAN é um campo de conhecimento e de prática
contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional (BRASIL, 2020a).
Assim, visa promover a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis, no
contexto da realização do Direito Humano à Alimentação Adequada (DHAA) e da garantia da
Segurança Alimentar e Nutricional (SAN).
O aspecto contínuo caracteriza-se pelas atividades desenvolvidas de forma sistemática
no ambiente escolar; o aspecto permanente indica que a EAN precisa estar presente ao longo do
curso da vida, respondendo às diferentes demandas que o indivíduo apresente, desde a formação
dos hábitos alimentares na primeira infância à organização da sua alimentação fora de casa na
adolescência e idade adulta; a transdisciplinaridade estabelece que o alimento deve ser trabalhado
em todas as disciplinas do currículo escolar de forma transversal, sendo inserido no projeto
político-pedagógico (PPP) da instituição escolar pelos profissionais da educação; o conceito de
multiprofissionalismo é a necessidade de realizar um trabalho conjunto com professores,
nutricionistas, manipuladores de alimentos, entre outros profissionais, sobre a importância
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de desenvolver ações de EAN vinculadas às suas atividades em prol da alimentação adequada; a
intersetorialidade refere-se a ações conjugadas resultantes da articulação dos distintos setores
governamentais.
Assim, em âmbito federal, o FNDE trabalha com os mais diversos ministérios, secretarias
e instituições visando um diálogo de todas as vertentes sobre alimentação escolar. Da mesma
forma, isso tem que ser efetuado nos estados, municípios e na Rede Federal.
De acordo com o art. 14 § 3º da Resolução nº 6 de 8 de maio de 2020 do FNDE, em seus
incisos de I a IX, devemos observar os seguintes princípios no processo de ensino e aprendizagem
das ações de EAN:
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- Teatros, oficinas culinárias, gincanas, jogos e palestras, rodas de conversa e outras
atividades educativas que propiciem maior envolvimento dos alunos;
- Hortas escolares pedagógicas;
- Inclusão do tema “alimentação saudável” no currículo escolar, conjuntamente com outras
disciplinas;
- Abordagem do tema em datas específicas de acordo com o contexto local.
A instituição escolar é considerada um espaço propício para desenvolver atividades de
melhoria das condições de saúde e do estado nutricional de toda a comunidade escolar, englobando
pais, familiares, professores, diretores e demais funcionários da escola.
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Manual de apoio para as atividades técnicas do Nutricionista no Âmbito do PNAE
https://bit.ly/3hITpsz
Marco de referência de educação alimentar e nutricional para as políticas públicas
http://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/marco_EAN.pdf
BEZERRA, José Arimatea Barros. Educação alimentar e nutricional: articulação de saberes.
Fortaleza: Edições UFC, 2018.
Orientação para Alimentação Escolar na Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino
Médio e na Educação de Jovens e Adultos.
https://alimentacaoescolar.org.br/media/acervo/documentos/manual_etapas_ensino_-_2ed.pdf
56 / p. 40 - 61
ser encontrada no link: https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-area-gestores/
pnae-manuais-cartilhas, além de, publicar material de orientação para execução da Lei n. 13.987/2020
através de perguntas e respostas, para retirada de dúvidas mais frequentes, que também pode ser vista
no link a seguir: https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-perguntas-frequentes.
Importante saber que, com a publicação de tais leis, resoluções e materiais orientativos,
tornou-se possível a distribuição e até mesmo a compra de gêneros alimentícios durante o período
que perdurar as aulas remotas, para distribuição aos pais ou responsáveis pelos estudantes, com os
recursos enviados pelo FNDE para alimentação escolar.
De acordo com a noc aegislação citada acima, deve-se garantir a universalidade do programa
mesmo neste momento de suspensão de aulas, para a correta execução do PNAE neste momento
excepcional.
O planejamento e a definição dos gêneros alimentícios que deverão compor o Kit de alimentos,
que deverão ser distribuídos aos estudantes, será realizado pelo Nutricionista RT, que seguirá as
mesmas diretrizes da alimentação escolar em tempos normais. A equipe responsável pelo recebimento
dos gêneros alimentícios, que irão compor os Kits, deverá seguir as recomendações sanitárias
conforme a Resolução RDC nº 216 de 2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA,
2004) e ainda atender às recomendações do Ministério da Saúde para o período da pandemia como
uso de máscaras, luvas, e higienização frequente das mãos, para manipular alimentos.
O Nutricionista e sua equipe devem ainda observar tais cuidados:
1. Verificar o estoque.
2. Fazer um planejamento prévio sobre quais refeições deverão ser atendidas com o Kit.
3. Observar a qualidade nutricional dos gêneros alimentícios a serem distribuídos, visando
fornecer, preferencialmente alimento in natura ou minimamente processado.
4. Definir a quantidade per capita de cada gênero alimentício de acordo com: a) a faixa etária
do estudante; b) número de refeições por dia que o estudante faria na escola; c) número de dias que
o Kit deverá atender, a critério da gestão local.
5. O fornecimento semanal de porções de frutas in natura e de hortaliças deve ser mantido,
sempre que possível. Dar preferência às frutas, hortaliças, tubérculos e raízes de maior durabilidade.
6. Observar o respeito aos hábitos alimentares, à cultura local, às especificidades culturais
das unidades indígenas e quilombolas.
7. Verificar a necessidade de fornecimento de gêneros alimentícios para o atendimento aos
estudantes com necessidades alimentares especiais.
8. Garantir a qualidade higiênico-sanitária dos gêneros durante a seleção e o armazenamento
dos itens.
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9. Verificar a data de validade dos gêneros alimentícios, distribuindo primeiro aqueles
com menor prazo de prateleira.
10. Recebimento dos gêneros adquiridos: a) Verificar se a quantidade e a qualidade de
cada item estão de acordo com aquelas definidas na requisição; b) Fazer o controle higiênico-
sanitário, verificando as condições das embalagens, condições de temperatura - caso haja gêneros
congelados ou refrigerados.
11. Distribuição dos gêneros alimentícios: a) Definir um cronograma de distribuição; b)
Determinar o local das entregas, o calendário, horário, logística; c) Definir a equipe de profissionais
que irá realizar a distribuição. (ANVISA, 2004).
Na hora de distribuir os kits, recomenda-se que sejam incluídas orientações às famílias
dos estudantes para que limpem as embalagens com álcool em gel ou lavem com água e sabão
todos os produtos e embalagens entregues, de preferência, antes destes entrarem na moradia.
A distribuição dos Kits deverá ser a critério da gestão local. A gestão escolar poderá optar
pela distribuição dos alimentos aos equipamentos públicos, tais como: cozinhas comunitárias,
restaurantes populares, Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e outros. É importante
esclarecer e salientar que em qualquer local de distribuição dos Kits, o gestor e a equipe de nutricionistas
da alimentação escolar deverão se certificar de que os estudantes terão acesso à alimentação.
Outra possibilidade de distribuição de alimentos aos familiares dos alunos do PNAE, que
ficou mais esclarecido através do material disponibilizado pelo FNDE, de perguntas e respostas
para retirada de dúvidas mais frequentes, que pode ser visto no link a seguir: https://www.fnde.gov.
br/index.php/programas/pnae/pnae-perguntas-frequentes, seria a distribuição de cestas básicas
com recursos próprios da Instituição com a possibilidade de fazer um recorte social como, por
exemplo distribuir somente para os alunos que comprovarem necessidade devido à sua situação
sócio econômica durante o período de pandemia, com a sugestão de que todas as tomadas de
decisões da gestão sejam documentadas e arquivadas.
O cenário de pandemia nos impôs novas formas de executar o PNAE, levando em
conta também a diversidade de situações em que operam as Entidades Executoras.
Considerando a importância do PNAE para a garantia de uma alimentação em qualidade,
quantidade e regularidade necessárias aos estudantes e seu papel como um relevante mercado
para os agricultores familiares e suas organizações, o Governo Federal adotou medidas para
a manutenção do Programa durante o período de pandemia. Em função da recomendação de
distanciamento social, está permitido às Entidades Executoras realizar as novas chamadas públicas
totalmente por meios eletrônicos, contemplando todas as etapas referentes ao processo de aquisição e
finalizando com o contrato de compra e venda.
58 / p. 40 - 61
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Através das Cartilhas disponibilizadas pelo FNDE para o período da pandemia do
Coronavírus (Covid-19)
Cartilha Orientações para a execução do PNAE - Pandemia do Coronavírus (Covid-19)
https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-area-gestores/pnae-manuais-
cartilhas
Recomendações para a execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar no retorno
presencial às aulas durante a pandemia da Covid-19
https://www.fnde.gov.br/index.php/centrais-de-conteudos/publicacoes/category/116-
alimentacao-escolar?download=14192:cartilha-pnae-volta-as-aulas
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (BRASIL). Resolução n° 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe
sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília, DF: 2004. Disponível em: https://
bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html. Acesso em: 20 set. 2021.
BRASIL. Lei n. 13.987 de 07 de abril de 2020. Altera a Lei n. 11.947, de 16 de junho de 2009, para autorizar, em caráter
excepcional, durante o período de suspensão das aulas em razão de situação de emergência ou calamidade pública, a
distribuição de gêneros alimentícios adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) aos
pais ou responsáveis dos estudantes das escolas básicas de educação básica. Diário Oficial da União: Seção: 1, n. 67-B,
p. 9, 07 abr. 2020b. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-13.987-de-7-de-abril-de-2020-251562793.
Acesso em: 20 set. 2021.
59 / p. 40 - 61
BRASIL. Resolução n. 06 de 08 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da
educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. Diário Oficial da União: Seção:
1, n. 89, p. 38, 12 maio 2020a. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-6-de-8-de-maio-
de-2020-256309972. Acesso em: 18 set. 2021.
BRASIL. Decreto Legislativo n. 06, de 2020. Reconhece, para os fins dos art. 65 da Lei Complementar n. 101, de 4 de
maio de 2020, a ocorrência do estado de calamidade pública, nos termos da solicitação do Presidente da República
encaminhada por meio da Mensagem n. 93, de 18 de março de 2020. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/portaria/DLG6-2020.htm. Acesso em: 21 set. 2021.
BRASIL. Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre atendimento da alimentação escolar e do Programa
Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; e dá outras providências. Presidência da República, Brasília,
2009. Disponível em: http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/711767/lei-11947-09. Acesso em: 21 set. 2021.
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência de educação alimentar e
nutricional para as políticas públicas. Brasília, DF: MDS; Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional,
2012. Disponível em: https://bit.ly/2Z6dWAF. Acesso em: 18 set. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para
a população brasileira. 2. ed., 1. reimpr. Brasília: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.
br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em: 18 set. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Manual de apoio para atividades
técnicas do nutricionista no âmbito do PNAE. Brasília: FNDE, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3hITpsz. Acesso em:
19 set. 2021.
BRASIL. RDC nº 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento técnico de boas práticas para serviços de
alimentação. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 16 de setembro de 2004. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.
br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html. Acesso em: 21 set. 2021.
CFN. Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução CFN nº 465, de 23 de agosto de 2010. Dispõe sobre as atribuições
do Nutricionista, estabelece parâmetros numéricos mínimos de referência no âmbito do Programa de Alimentação
Escolar (PAE) e dá outras providências. 2010. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/resolucoes/
Res_465_2010.htm. Acesso em: 18 set. 2021.
FNDE. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ministério da Educação. Perguntas frequentes sobre a
execução do PNAE durante a pandemia do Coronavírus: programa nacional de alimentação escolar. 2020. Disponível
em: https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-perguntas-frequentes. Acesso em: 21 set. 2021.
60 / p. 40 - 61
FNDE. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ministério da Educação. Plan PNAE: Ferramenta de
Planejamento de Cardápio. 2020. Disponível em: https://www.fnde.gov.br/index.php/programas/pnae/pnae-
area-gestores/ferramentas-de-apoio-ao-nutricionista/item/12820-plan-pnae-ferramenta-de-planejamento-de-
card%C3%A1pio. Acesso em: 21 set. 2021.
GUIA ALIMENTAR para a População Brasileira ensina 10 simples passos para uma alimentação saudável. 1 vídeo
(2h34min). Publicado pelo canal PAHO TV. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=x5EwVBmVk8o. Acesso
em: 21 set. 2021.
VASCONCELOS, Francisco de Assis Guedes de (Org.) et al. O Papel do nutricionista no Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE). 2. ed. - Brasília: PNAE: CECANE- SC, 2012. Disponível em: https://bit.ly/3hPeem7. Acesso
em: 19 set. 2021.
61 / p. 40 - 61
EXECUÇÃO DOS RECURSOS FINANCEIROS DO PNAE
Rogério Robs Fanti Raimundo1
1 Técnico administrativo do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais, Campus
Inconfidentes, MG, coordenador do CECANE IFSULDEMINAS. Mestre em Desenvolvimento Sustentável e Extensão.
E-mail: [email protected]
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IDENTIFICAÇÃO DOS RECURSOS DO FNDE NA INSTITUIÇÃO
E
m seu art. 208, inciso VII, a Constituição Federal de 1988, previu o direito à alimentação
escolar a todos os alunos do ensino fundamental. Sendo responsabilidade dos
governos federal, distrital, municipais e estaduais, incluir em seus planos plurianuais
a ação de alimentação escolar, com previsão orçamentária, ou seja, destinar recursos financeiros nas
leis orçamentárias anuais, para o atendimento desse direito. (BRASIL, 1988).
O Governo Federal então cumpre seu dever por intermédio do Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação – FNDE, sendo este o gestor e financiador do Programa
Nacional de Alimentação Escolar - PNAE, responsável pelos cálculos dos valores financeiros a
serem repassados, pela transferência dos valores aos órgãos beneficiários, estabelecimento de
normas, pela fiscalização, monitoramento e fiscalização da execução dos recursos, bem como da
avaliação da eficiência, efetividade e eficácia do programa.
Os recursos financeiros federais destinados ao PNAE, provêm do Tesouro Nacional e
estão anualmente assegurados no Orçamento da União.
No caso da Rede Federal de ensino, esses recursos são descentralizados do FNDE ao
órgão, anualmente em uma única parcela, normalmente no primeiro trimestre do ano, levando
em consideração o quantitativo de alunos matriculados no ano anterior, como veremos a seguir.
Lembre-se
Os recursos financeiros do FNDE são complementares, ou seja, são somados aos recursos
próprios dos órgãos executores, e não devem substituir as responsabilidades desses entes em
relação a aplicação de recursos próprios de seus orçamentos destinados à alimentação escolar.
Toda Entidade Executora – EE, seja Estado, Município, Distrito Federal e escolas federais,
que mantenham alunos matriculados na educação básica, em suas diversas modalidades de
atendimento, durante os duzentos dias letivos anuais mínimos tem direito de receber os
recursos do PNAE de forma automática.
Todos os alunos matriculados na educação básica das redes públicas federal, estadual,
distrital e municipal, em conformidade com o Censo Escolar do exercício anterior realizado pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira do Ministério da Educação
– INEP/MEC, são beneficiários do PNAE.
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Os alunos beneficiários no âmbito das IFEs são os matriculados em qualquer curso da
educação básica, incluindo os cursos técnicos ofertados de forma integral, os cursos técnicos
concomitantes e sequenciais, bem como os do programa EJA, devidamente informados no Censo
Escolar do ano anterior.
Os valores repassados para a entidade executora tem como base o número de alunos
matriculados e informados no censo do ano anterior, o número de dias de atendimento e o nível/
modalidade de atendimento.
Há duas formas bem simples de levantar esses dados:
a) Basta entrar em contato com o servidor que desempenhe a função de Pesquisador/
Procurador Institucional, e solicitar tais informações que também podem ser solicitadas à
secretaria escolar. Nos IFs, o Pesquisador/Procurador Institucional é o responsável pelo
levantamento, elaboração, registro e divulgação de tais dados nos sistemas gestores oficiais
b) Acessar o site do FNDE, onde essas informações estão disponíveis para consulta pública.
Além das informações do censo escolar, explicado anteriormente, é necessário conhecer o
valor per capita definido pelo PNAE para cada nível/modalidade, conforme demonstrado no Quadro 1.
Quadro 1 - Valor Per capita suplementar de alimentação escolar a ser repassado pelo FNDE
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VT = A x D x C Sendo:
A = Número de alunos;
Integral Proeja
(R$ 0,36)
Escola A 570 514 37 200 R$ 153.404,00
Escola B 279 482 0 200 R$ 123.148,00
Escola C 165 56 0 200 R$ 23.864,00
Memorial de cálculo
Escola A
VT = (570 alunos x R$0,36) +(514 alunos x R$ 1,07) +(37 alunos x R$ 0,32) x200 dias = R$ 153.404,00
Escola B
VT = (279 alunos x R$0,36) + (482 alunos x R$ 1,07) x 200 dias = R$ 123.236,00
Escola C
VT = (165 alunos x R$0,36) + (56 alunos x R$ 1,07) x 200 dias = R$ 23.864,00
Para saber se o recurso foi descentralizado para sua instituição é necessário entrar em
contato com o setor financeiro que irá consultar o sistema SIAFI. O sistema depende de login e
senha controlados para verificar se os valores foram ou não repassados.
A título de orientação, o servidor operador do SIAFI poderá consultar a liberação financeira
oriunda do FNDE destinado ao PNAE, pela seguinte tela do sistema.
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UTILIZAÇÃO ADEQUADA DOS RECURSOS
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Importante
Do total dos recursos finaceiros repassados pelo FNDE, no âmbito do PNAE, no mínimo 30%
(trinta por cento) deverá ser utilizado na aquisição de gêneros alimentícios diretamente da
agricultura familiar e do Empreendedor Familiar Rural ou suas organizações, priorizando os
assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comunidades
quilombolas, conforme art. 14, da Lei nº 11,947/2009.
MODALIDADE DE COMPRA
Inicialmente cabe fazer algumas considerações, a respeito das modalidades. Toda compra
realizada com recursos públicos, como é o caso dos recursos do FNDE, deve cumprir os dispositivos
da Lei 8.666/93 e suas alterações, do Decreto 7892/13 entre outros. No caso das compras para
alimentação escolar, não é diferente. Conforme previsãodo Art. 27 da Resolução 06/2020, a aquisição
de gêneros alimentícios no âmbito do PNAE, ressalvadas as hipóteses de dispensa de licitação
previstas no art. 24, inciso I, deverá ser realizada por meio de licitação pública, na modalidade de
pregão, na forma eletrônica, nos termos da Lei 10.520, de 17 de julho de 2002 e do Decreto nº 10.024,
de 20 de setembro de 2019.
No entanto, do total dos recursos financeiros repassados pelo FNDE no âmbito do
PNAE, no mínimo 30% (trinta por cento) deve ser utilizado na aquisição de gêneros alimentícios
diretamente da agricultura familiar e do Empreendedor Familiar Rural ou suas organizações, pri-
orizando os assentamentos da reforma agrária, as comunidades tradicionais indígenas e comuni-
dades quilombolas, conforme o art. 14, da Lei nº 11.947/2009.
Neste caso específico, podemos nos amparar no art. 14 da Lei 11.947/2009 e Art. 30 da
Resolução CD/FNDE 06/2020, que estabelece algumas possibilidades que veremos a seguir.
Apesar da legislação definir as modalidades de licitação, ressaltamos que no caso das
compras de alimentos direto da agricultura familiar, por experiências já realizadas, entendemos que
o processo deve ser o mais simples possível, uma vez que o produtor rural dificilmente se interessaria
em participar das modalidades tradicionais, devido às diversas fases, procedimentos e exigências
documentais, operacionais e administrativas dos ritos processuais de algumas modalidades, tendo
grande possibilidade de resultar em processos frustrados.
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Neste sentido, o fomento à participação dos agricultores familiares se deu, em 2009, com
a obrigatoriedade de aquisição de no mínimo 30% da agricultura familiar na alimentação escolar,
possibilitando a dispensa do processo licitatório tradicional para este fim.
Vejamos o que prevê o art. 14 da Lei nº 11.947/09 e os Art. 30 da Resolução FNDE – nº 06/2020
estabelecem o seguinte:
Fica claro, que poderá ser adotada a dispensa de licitação com prévia chamada pública
para seleção da proposta, no caso da aquisição de alimentos da agricultura familiar para no
mínimo de 30% dos recursos do FNDE.
Neste sentido, a chamada pública é o procedimento administrativo que assegura
o cumprimento dos princípios constitucionais da legalidade e da eficiência, ao passo que
possibilita o desenvolvimento sustentável, com o apoio à inclusão social e produtiva local e à
promoção da segurança alimentar e nutricional, com a participação diretamente dos produtores
rurais familiares.
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A chamada pública, desta forma, é o procedimento com amparo legal mais adequado
para a aquisição mínima obrigatória de 30% de alimentos da agricultura familiar, podendo ainda
ser ampliado para até a totalidade dos recursos da alimentação escolar repassados pelo FNDE,
desde que voltados para a aquisição de produtos da agricultura familiar, respeitando os critérios
e normas vigentes.
Para realizar a compra pela chamada pública, algumas condições devem ser atendidas,
conforme segue:
a) os preços devem ser compatíveis com os vigentes no mercado local, conforme pesquisa
de preços realizada;
b) ser observados os princípios inscritos da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência, conforme artigo 37 da Constituição Federal;
c) os alimentos devem atender às exigências do controle de qualidade estabelecidas pelas
normas que regulamentam a matéria;
d) os editais deverão ser publicados em jornal de circulação local e na forma de mural em
local público de ampla circulação, no endereço do órgão na internet, caso haja, e divulgar para
organizações locais da agricultura familiar e para entidades de assistência técnica e extensão rural
do município ou do estado. Se necessário, publique-se em jornal de circulação regional, estadual
ou nacional e em rádios locais.
e) as chamadas públicas deverão permanecer abertas para recebimento dos projetos de
venda por um período mínimo de 20 dias.
Vale ressaltar que poderá ser adotado a modalidade tradicional de pregão eletrônico
para a aquisição de demais itens de gênero alimentícios com recursos do PNAE, respeitando o
quantitativo mínimo com as aquisições diretas da agricultura familiar.
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b) Justificativa - deve conter os motivos pelos quais estão sendo solicitados a compra do
objeto listado;
c) Estimativa de preço - a comprovação da realização de pesquisas de preços no mercado
local para os produtos requisitados; Resolução 06/2020, Art. 31 O preço de aquisição dos gêneros
alimentícios deve ser determinado pela EEx, com base na realização de pesquisa de preços de
mercado. O preço de aquisição deve ser o preço médio pesquisado por, no mínimo, três mercados
em âmbito local, priorizando a feira do produtor da agricultura familiar, quando houver, acrescido
dos insumos exigidos no edital de chamada pública, tais como despesas com frete, embalagens,
encargos e quaisquer outros necessários para o fornecimento do produto.
Na impossibilidade de realização de pesquisa de preços de produtos agroecológicos
ou orgânicos, a EEx pode acrescer aos preços desses produtos em até 30% (trinta por cento) em
relação aos preços estabelecidos para produtos convencionais, analogamente ao estabelecido no
art. 17 da Lei nº 12.512/2011.
d) Fornecimento - periodicidade, parcelamento e condições de entrega;
e) Demais informações relevantes - outras informações que serão relevantes e essenciais
para nortear as condições da aquisição como: obrigações das partes, condições de aceitabilidade
da proposta de venda, métodos e estratégias de suprimento, fiscalização, sanções administrativas
entre outras.
FORMALIZAÇÃO DO PROCESSO
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Despesa e PI dos recursos a serem utilizados. Ainda nesse mesmo documento deve ser confirmado
e justificado o enquadramento licitatório da compra, com os respectivos embasamentos legais.
b) Autorização do gestor
Confirmada a disponibilidade orçamentária, o processo deve ser encaminhado ao gestor
máximo do órgão ou campus, para que este emita a autorização para abertura ou andamento
dos procedimentos licitatórios necessários. Em alguns casos essa autorização consta no próprio
documento da disponibilidade orçamentária, cabe usar o modelo de sua instituição.
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e) Análise Jurídica
Elaboradas todas as peças devidamente autuadas no processo administrativo, resta juntar
uma cópia da portaria de nomeação da Comissão Especial de Compras da agricultura familiar -
CECAF e encaminhar o processo para a análise jurídica de seu órgão. (FNDE, 2020).
Com todas as peças elaboradas e aprovadas pelos respectivos setores e com a aprovação
jurídica, o próximo passo é fazer a publicação e divulgação da chamada pública.
Os editais das chamadas públicas deverão permanecer abertos para recebimento dos
projetos de venda por um período mínimo de 20 dias corridos.
A entidade executora deve publicar a demanda de aquisição de gêneros alimentícios da
agricultura familiar para alimentação escolar em:
a) Jornal de circulação local, regional, estadual ou nacional;
b) Página na internet;
c) Mural em local público de ampla circulação;
d) Rádios locais e na Rede Brasil Rural;
e) Empresas de ATER, associação de produtores, sindicatos e outros.
Atenção: Para que o planejamento da chamada pública realizado tenha o sucesso esperado,
ou seja, os produtos da agricultura familiar sejam adquiridos, é essencial que os órgãos e os produtores
potenciais fornecedores sejam contactados para informá-los da divulgação da chamada pública. Uma
vez que os mesmos muitas vezes não tomam conhecimento, devido a sua atividade cotidiana em suas
propriedades. Esta ação de divulgação e comunicação aos produtores é extremamente importante para
o êxito da chamada pública
MODELO
AVISO DA CHAMADA PÚBLICA 1/2015 - UASG 158975
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Brasil - Câmpus Alvorada, UASG 158975, leva ao
conhecimento dos interessados que realizará chamada pública em atendimento ao Art. 14 da Lei 11.947/2009,
para aquisição de gêneros alimentícios da agricultura familiar para atendimento ao Programa Nacional de
Alimentação Escolar – PNAE, por meio da Dispensa de Licitação 01/2015, processo 23344.000183/2014-81.
Total de itens: 35. Edital disponível a partir de 28/04/2015 (solicitar pelo e-mail: [email protected]).
Abertura das propostas: 19/05/2015, às 9 horas. Endereço: Sala de Reunião do Câmpus Alvorada, localizada
na Praça da Uva, 200, Centro, 37987-000, Alvorada, MG. Entrega das propostas: até o dia e horário definido
para abertura, no Setor de Licitações, no endereço mencionado.
Roberto da Silva Rodrigues
CECAF
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RECEBENDO OS PROJETOS DE VENDA
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a) Para seleção, os projetos de venda habilitados serão divididos em:
I. grupo de projetos de fornecedores locais;
II. grupo de projetos de Regiões Geográficas Imediatas;
III. grupo de projetos Regiões Geográficas Intermediárias;
IV. grupo de projetos do estado;
V. grupo de propostas do País.
Entende-se por local, no caso de DAP Física, o município indicado na DAP. Entende-se
por local, no caso de DAP Jurídica, o município onde houver a maior quantidade, em números
absolutos, de DAPs Físicas registradas no extrato da DAP Jurídica.
Entre os grupos de projetos, será observada a seguinte ordem de prioridade de seleção:
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Finalizada a análise da documentação e proposta de venda, deverá ser redigida a ata da sessão
descrevendo os atos da comissão, bem como o resultado da seleção dos projetos de venda e a classificação
final, abrindo o prazo recursal de 2 dias úteis, a partir da publicação do resultado no D.O.U.
O resultado deve ser publicado no Diário Oficial da União para dar publicidade e legalidade
ao ato, bem como ser divulgado nos mesmos meios utilizados para a publicação e divulgação do
edital da chamada pública.
Havendo recursos contra a classificação, a comissão deve receber, analisar e decidir
respeitando os princípios previstos no Art. 37 da Constituição Federal bem como nas legislações
pertinentes ao tema.
MODELO
RESULTADO DA HABILITAÇÃO E JULGAMENTO DA CHAMADA PÚBLICA 1/2015 - UASG
158975
A Comissão de Avaliação de chamada pública do Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Brasil - Câmpus Alvorada-MG, UASG 158975, torna público o resultado de habilitação
e julgamento da chamada pública 1/2015, Processo 23344.000183/2014-8, para a aquisição de gêneros
alimentícios da agricultura familiar. Todos os seis participantes foram considerados habilitados, os
quais foram vencedores dos seguintes itens: COOPERATIVA DOS AGRICULTORES FAMILIARES E
REGIÃO LTDA, item: 30; GRUPO INFORMAL DO BAIRRO DOS ZÉ, itens: 29 e 34; os fornecedores
individuais, GEOVANI MANOEL DIAS, itens: 3, 7, 17, 22, 23, 26 e 28; JOSÉ MARIA DE SOUZA, itens:
1 e 9; MANOEL ANDRADE FERREIRA, itens: 4, 13 e 18; e OSVALDO ANTUNES, itens: 6 e 25. Fica
aberto o prazo de dois dias úteis para recurso.
Roberto da Silva Rodrigues
CECAF
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MODELO
CONVOCAÇÃO PARA APRESENTAÇÃO DE AMOSTRAS DA CHAMADA PÚBLICA 1/2015 -
UASG 175605
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Brasil - Câmpus Alvorada-MG, UASG
175605, convoca os adjudicatários da chamada pública 1/2015, processo 23344.000183/2015-81,
para apresentarem as amostras dos produtos ofertados no referido processo, para os quais foram
vencedores. As amostras deverão ser entregues na forma do item 11 do respectivo edital, no prazo
de dois dias úteis, no refeitório do Câmpus Alvorada-MG, localizado na Praça da Uva, 200, Centro,
CEP 37987-000, Alvorada, MG, em dia útil, nos seguintes horários: das 7h30 às 10h30 ou das 13h30 às 15h.
Roberto da Silva Rodrigues
CECAF
HOMOLOGAÇÃO
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PROCEDIMENTOS PARA A CONTRATAÇÃO
Agora que temos todo o processo definido passaremos a fase de contratação. A primeira
providência é o registro da chamada pública / Dispensa de Licitação no Sistema Divulgação de
Compras do Siasgnet.
Com o registro no sistema, ocorrerá automaticamente a divulgação do Extrato de Dispensa
de Licitação no D.O.U no dia correspondente ao informado no momento do registro.
Para facilitar o entendimento siga os passos apresentados a seguir:
a) Emissão de Nota de Empenho - após a publicação do extrato de dispensa no Diário Oficial
da União, deve ser juntado o comprovante deste no processo e encaminhado ao Setor Financeiro para a
emissão das Notas de Empenho de acordo com os dados registrados. Depois de emitidas e juntadas ao
processo, o mesmo deve retornar a CECAF, para providenciar o contrato de fornecimento.
b) Elaboração do Contrato e convocação – Para efetivar a contratação, os dados das notas de
empenho devem ser inseridas nos contratos em elaboração. Este deve respeitar a minuta divulgada
juntamente ao edital, não podendo sofrer alterações exceto aquelas previstas em Lei. Emitido o
contrato, deve-se convocar os fornecedores selecionados, na pessoa do responsável legal, para no
prazo de 48 h compareçam para a devida assinatura.
c) Publicação do Contrato – Colhida as assinaturas das partes, sendo de um lado os
fornecedores selecionados e de outro o órgão, o contrato deverá ser registrado no SICON – SIASG,
que irá automaticamente publicar um extrato do contrato no D.O.U. O comprovante da divulgação
deve ser juntado ao processo, a partir daí as obrigações das partes já estão valendo, ou seja, já
pode-se iniciar o efetivamente fornecimento dos gêneros alimentícios contratados.
Para instruir como realizar a operação de publicação do contrato, consulte o manual do SICON.
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Observe que a Resolução CD/FNDE – nº 06/2020 no seu artigo 33, prevê a possibilidade
de substituição dos produtos no momento do fornecimento, nas seguintes condições:
Os gêneros alimentícios a serem entregues ao contratante devem ser os definidos na
chamada pública de compra, podendo ser substituídos quando ocorrer a necessidade, desde que
os produtos substitutos constem na mesma chamada pública e sejam correlatos nutricionalmente e
que a substituição seja atestada pelo Responsável Técnico, que poderá contar com o respaldo do CAE.
Concluída esta etapa de recebimento e controle de qualidade, a comissão ou servidor deve
emitir seu atestado de recebimento e anexar a nota fiscal, os quais serão encaminhados ao setor
responsável pelo pagamento.
Art. 70. Parágrafo único. Prestará contas qualquer pessoa física ou jurídica, pública
ou privada, que utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre dinheiros, bens e
valores públicos ou pelos quais a União responda, ou que, em nome desta, assuma
obrigações de natureza pecuniária. (BRASIL, 1988).
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No caso dos institutos federais, com a gestão dos recursos do PNAE descentralizadas, os
campi devem elaborar suas prestações de contas na unidade central, ou seja, Reitoria, que por sua
vez consolida essas informações elaborando a prestação da entidade executora.
A prestação de contas a ser realizada pela entidade executora, consiste na comprovação do
atingimento do objeto e do objetivo do Programa, quanto aos recursos financeiros repassados de
cada exercício e ao cumprimento dos aspectos técnicos.
No caso dos estados e municípios, essa prestação é feita via Sistema de Gestão de Prestação
de Contas – SiGPC com parecer dos conselheiros no Sistema de Gestão de Conselhos – SIGECON.
Porém no caso dos institutos federais, ainda há a discussão junto ao FNDE e aos órgãos de controle,
para a definição de como deverá ser realizada. Atualmente esta prestação de contas é feita nos
relatórios de gestão do órgão para apresentação ao TCU e não diretamente ao FNDE.
Assim para atender tal exigência legal, embasando a prestação de contas futura, orienta-se
que seja elaborado um relatório anual contendo todas as informações sobre a execução dos recursos,
contendo no mínimo os seguintes documentos comprobatórios: cardápios, notas fiscais e recibos,
comprovante de entrega dos alimentos nas escolas, extratos bancários ou documento similar
contendo todas as informações das operações realizadas com os recursos específicos do PNAE,
documento relacionado ao procedimento licitatório, ou chamada pública, contratos, comprovantes
de pagamento etc.
A EEx deverá manter em seus arquivos, em boa guarda e organização, pelo prazo de cinco
anos, a partir da conclusão da análise da respectiva prestação de contas pelo FNDE e da aprovação
da prestação de contas anual do FNDE/MEC, pelo TCU, os documentos referentes à prestação de
contas, juntamente com todos os comprovantes de pagamentos efetuados com recursos do PNAE,
ainda que a execução esteja a cargo das respectivas escolas:
Os documentos de que trata o parágrafo anterior deverão ser disponibilizados, sempre que
solicitado, ao TCU, ao FNDE, ao Sistema de Controle Interno do Poder Executivo Federal e ao CAE.
Essa documentação deve ser arquivada mantendo vias originais para futuras auditorias e
solicitação dos órgãos de controle.
O gestor, responsável pela prestação de contas, será responsabilizado civil, penal
e administrativamente, caso insira ou facilite a inserção de dados falsos, altere ou exclua
indevidamente dados na prestação de contas, com o fim de obter vantagem para si ou para outrem
ou para causar danos ao erário.
A título de orientação apresentamos um modelo criado para registrar minimamente as
informações de execução do PNAE nos IFs, considerando os formatos dos relatórios de prestação de
contas anuais apresentados à Coordenadoria Geral da União.
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SITUAÇÃO EMERGENCIAL – PANDEMIA COVID 19
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REFERÊNCIAS
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da
República. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art208. Acesso
em: 21 set. 2021.
BRASIL. Decreto Nº 10.024, de 20 de setembro de 2019. Regulamenta a licitação, na modalidade pregão, na forma
eletrônica, para a aquisição de bens e a contratação de serviços comuns, incluídos os serviços comuns de engenharia, e
dispõe sobre o uso da dispensa eletrônica, no âmbito da administração pública federal. 2019. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D10024.htm. Acesso em: 22 set. 2021.
BRASIL. Lei nº. 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro
Direto na Escola aos alunos da educação básica; [..]. 2009. Disponível em: https://bit.ly/3zneH56. Acesso em: 14 set. 2021.
BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, institui normas
para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Presidência da República, Brasília, 1993.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8666cons.htm. Acesso em: 22 set. 2021.
BRASIL. Lei nº 10.520, de 17 de julho de 2002. Institui, no âmbito da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, nos
termos do art. 37, inciso XXI, da Constituição Federal, modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de
bens e serviços comuns, e dá outras providências. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/
l10520.htm. Acesso em: 22 set. 2021.
BRASIL. Lei nº 11.326, de 24 de julho de 2006. Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da
Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
ato2004-2006/2006/lei/l11326.htm. Acesso em: 22 set. 2021.
BRASIL. Resolução Nº 6, de 8 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação
básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Diário Oficial da União, Seção: 1, n. 89, p. 38,
12 maio 2020d Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-6-de-8-de-maio-de-2020-256309972.
Acesso em: 22 set. 2021.
FNDE. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ministério da Educação. Resolução nº 6, de 08 de maio de 2020.
Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da educação básica no âmbito do Programa Nacional de
Alimentação Escolar – PNAE. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3CAsTtm. Acesso em: 21 set. 2021.
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PARTE 2:
RELATO DE EXPERIÊNCIAS
PROJETOS DE ENSINO,
PESQUISA E EXTENSÃO
A EXPERIÊNCIA DO IFSULDEMINAS COM O PNAE
INTRODUÇÃO
F
alar sobre a experiência do PNAE no IFSULDEMINAS é falar um pouco
de determinação, criatividade, comprometimento. Isso porque o PNAE no
IFSULDEMINAS não aconteceu só para cumprir com uma obrigação legal e
sim porque alguns servidores acreditaram e compreenderam que o programa poderia ser
uma ferramenta para melhorar a educação alimentar e nutricional dos estudantes e também
uma oportunidade de contribuir com o desenvolvimento sustentável da região por meio do
desenvolvimento de ações e projetos alinhados à missão institucional do IFSULDEMINAS. Diante
deste entendimento e do compromisso social assumido por um grupo de servidores, diversas ações
que extrapolaram a compra de alimentos para alimentação escolar foram desenvolvidas na instituição.
Este relato apresenta uma trajetória e um acúmulo de quase 10 anos de experiências do
IFSULDEMINAS com o desenvolvimento de ações relacionadas ao PNAE que inclui atividades
dentro e fora do instituto como eventos, compras da agricultura familiar, oferta de cursos,
desenvolvimento de projetos, além do trabalho com o Centro Colaborador de Alimentação e
Nutrição Escolar (CECANE).
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primeiros procedimentos para a aquisição de alimentos diretamente da agricultura familiar que
foi difundido em 2014 para os demais campi do IFSULDEMINAS.
Esta ação proporcionou uma aproximação com o antigo Ministério do Desenvolvimento
Social (MDS) e com a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec). Nesta ocasião,
o MDS iniciava uma articulação com diversas instituições federais para alavancar o Programa
de Aquisição de Alimentos (PAA) na modalidade Compra Institucional. Assim, em 2014, com a
parceria do MDS e da Secretaria de Educação Tecnológica (SETEC), foi realizado o I Seminário
da Rede Federal EPCT sobre Aquisição de alimentos, direto da Agricultura Familiar, reunindo
representantes de 18 Institutos Federais. Nessa ocasião, foi realizado um diagnóstico para
compreender a situação dos institutos em relação ao PNAE. Os principais desafios identificados
para a implantação do programa nos institutos federais foram a infraestrutura insuficiente, a
falta de profissionais especializados, e, principalmente, o desconhecimento sobre o PNAE nas
instituições da Rede Federal.
Diante do contexto apresentado, o IFSULDEMINAS sendo uma das poucas instituições
da rede federal com experiência na execução dos recursos do PNAE, dispôs-se a elaborar uma
proposta para atuar como Centro Colaborador de Alimentação e Nutrição Escolar (CECANE)
junto ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), visando contribuir com
informações para toda a Rede Federal EPCT. Assim, foi idealizado o primeiro curso sobre gestão
dos recursos do PNAE nos Institutos Federais, voltado aos servidores, com foco no fornecimento
de alimentos da agricultura familiar e de produtos orgânicos na alimentação escolar.
A proposta para implantação de um Cecane no IFSULDEMINAS foi apresentada em
2015, porém, a parceria só foi formalizada em 2017. Com isso, em 2016 foi firmada uma parceria
com a SETEC por um termo de Execução Descentralizado (TED) que possibilitou prosseguir com
as ações sobre o PNAE visando apoiar sua implantação nas instituições da rede federal.
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Por meio das diversas atividades e fóruns de discussão promovidos pelos cursos, foi
possível conhecer melhor a realidade dos institutos, assim como os fatores que impedem ou
limitam a execução do programa, em especial os relacionados à aquisição de gêneros alimentícios
diretamente da agricultura familiar.
A alta demanda pelo curso, aliada às avaliações positivas recebidas pelos participantes
da primeira turma, garantiu a continuidade da parceria com a SETEC e posteriormente com o
FNDE para a continuidade do curso “Gestão do PNAE para a Rede Federal EPCT” que vem sendo
oferecido anualmente desde 2016.
Figura 1 - Fotografia da aula inaugural do curso Gestão do PNAE para a rede estadual, Passos, MG (2018).
A publicação do “Manual Gestão do PNAE para a Rede Federal EPCT”, em 2017, foi outro
esforço de compartilhar a experiência e disponibilizar uma fonte de consulta dos conteúdos
abordados nos cursos para os servidores federais que atuam ou tenham interesse em atuar com o
PNAE em sua instituição.
A experiência adquirida com a construção e oferta destes cursos habilitou um grupo de
servidores para estender o curso para outras esferas, como servidores municipais e estaduais da
rede pública de ensino. Os principais temas abordados nos cursos são: o PNAE enquanto direito,
a educação alimentar e nutricional, a aquisição de alimentos, direto da agricultura familiar e os
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procedimentos para a execução dos recursos do PNAE com o passo-a-passo para a elaboração da
chamada pública. No caso dos cursos destinados à rede municipal e estadual de ensino, também
são abordados conteúdos relacionados ao Conselho de Alimentação Escolar (CAE).
Em 06 anos o IFSULDEMINAS ofertou 11 cursos, sendo 06 para os servidores da rede
federal EPCT, 03 para servidores da rede estadual de ensino de MG, 02 para os atores do PNAE
da rede municipal de ensino de MG e 01 destinado aos estudantes que atuam nos Núcleos de
Estudos em Agroecologia (NEA) do Brasil. Ao todo foram ofertadas mais de 2000 vagas. Para
a realização dos cursos, além da SETEC, o IFSULDEMINAS também contou com o apoio da
SEAD e do FNDE/CECANE.
Além dos cursos e materiais didáticos como o manual, outras ações vêm sendo
desenvolvidas demonstrando comprometimento e alinhamento da missão institucional com as
diretrizes do PNAE.
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técnico e operacional na implementação da alimentação saudável nas escolas, bem como
desenvolver outras ações pertinentes à boa execução do PNAE.
O CECANE IFSULDEMINAS iniciou suas atividades em 2017, sendo a primeira e
atualmente a única instituição da rede federal a ter sua proposta de trabalho do Cecane habilitada
pelo FNDE. Desde então, faz parte da rede de CECANES com outras 16 universidades.
Entre as atividades desenvolvidas destacam-se:
88 / p. 82 - 93
O monitoramento e assessoria à execução do PNAE ao estado e municípios é considerado
um dos principais produtos do plano de trabalho do Cecane IFSULDEMINAS devido ao alcance
desta ação. Tem como propósito disponibilizar apoio técnico e operacional aos atores sociais
envolvidos no PNAE com vistas ao aprimoramento da execução do programa. O público atendido
são os atores sociais envolvidos com o PNAE em âmbito municipal e estadual como, por exemplo,
os gestores da alimentação escolar, membros do Conselho de Alimentação Escolar (CAE),
profissionais da educação, nutricionistas e outros.
O assessoramento deverá ser precedido de uma análise situacional dos municípios,
sendo realizado um levantamento de informações, seguido de orientação/capacitação técnica aos
atores envolvidos, com vistas ao aprimoramento do programa e à correção tempestiva de falhas
na execução.
A metodologia a ser utilizada no monitoramento e assessoria deverá seguir os seguintes passos:
- Seleção dos municípios para as visitas (realizada pela COMAV/CGPAE/DIRAE/FNDE);
- Seleção e contato com os municípios que participam do encontro com os atores do PNAE;
- Atividades prévias à visita à entidade executora;
- Realização das atividades de campo;
- Assessoria a distância;
- Processamento e análise de dados;
- Envio de relatórios.
As oficinas regionais para o levantamento da demanda da alimentação escolar e da
produção da agricultura familiar tem como objetivo promover a aproximação dos atores do
PNAE e agricultores familiares, possibilitando o encontro da demanda da alimentação escolar
com a oferta da produção da agricultura familiar, visando atender o disposto no Artigo 14 da
Lei 11.947 que determina que 30% dos recursos do PNAE devem ser gastos com a compra de
alimentos diretamente da agricultura familiar.
Além do levantamento da oferta e demanda de alimentos para o PNAE, as oficinas tam-
bém buscam identificar os principais entraves à compra de alimentos diretamente da agricultura
familiar para a alimentação escolar, mobilizar a assistência técnica local desses municípios para
uma atuação conjunta e parceira. As oficinas regionais promovem o encontro e o diálogo entre os
atores pertinentes às duas pontas da cadeia de oferta, e demanda e seus colaboradores.
A formação dos membros dos CAEs, outra ação do Cecane IFSULDEMINAS, tem como
objetivo fortalecer o conselho como instância de controle social do PNAE por meio da ampliação
da capacitação técnica dos seus conselheiros.
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Para o desenvolvimento dessas ações, o CECANE conta com uma equipe multidisciplinar
formada pelos servidores do IFSULDEMINAS que atuam na coordenação do CECANE e na oferta
dos cursos, pelos agentes do PNAE (extensionistas e nutricionistas) contratados para atuação no
CECANE, além de assistente administrativo e estudantes bolsistas que auxiliam nas questões
administrativas e divulgação das atividades.
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Programa. A definição do preço médio praticado deve ser baseada em pesquisa de mercado, local
ou regional, realizada em pelo menos três locais de comercialização, priorizando a feira do produtor
da agricultura (FNDE, 2020). Uma vez definidos os preços, estes devem ser divulgados na chamada
pública e utilizados para pagamento aos agricultores. A realização das pesquisas de mercado para a
formação do preço de aquisição dos produtos tem sido relatada por diversas entidades executoras
do PNAE como fator dificultador.
Foi possível constatar problemas relativos aos valores dos produtos sub ou
superestimados, apresentando muitas variações entre entidades executoras do mesmo
município ou cotação com referência a produto diferente do almejado, provocando lentidão no
processo de cotação de preços, ocasionando atrasos e problemas na publicação das chamadas
públicas. Esses fatores, em conjunto ou isolados, dificultam a participação dos produtores
contribuindo para o insucesso das chamadas públicas. Objetivando amenizar essas dificuldades,
o IFSULDEMINAS, Campus Inconfidentes, iniciou, em 2016, em parceria com a EMATER-MG e
com apoio da SETEC/MEC, o desenvolvimento do sistema referencial de preços da agricultura
familiar para comercialização no PNAE no sul de Minas Gerais.
No primeiro ano em que o projeto aconteceu, foram escolhidas seis cidades sul-
mineiras para a realização da referência dos preços, tendo como critérios de seleção a produção
de alimentos, o histórico de comercialização no PNAE e a localização geográfica, de forma que
os municípios informantes ficassem, no máximo, a 50 km de distância um do outro. A área de
abrangência do projeto se limitou aos municípios vinculados às Superintendências Regionais
de Ensino do Estado de Minas Gerais das cidades de Pouso Alegre e Itajubá. O projeto buscou
a realização do estudo sobre os principais produtos comercializados pelo PNAE e o respectivo
levantamento dos preços nos municípios selecionados.
Após cotação de preços e sistematização das informações levantadas, foi realizada a
produção e divulgação de um boletim online trimestral direcionado às entidades executoras,
associações de produtores e demais interessados. A divulgação dos dados possibilitou a melhor
especificação dos produtos, o valor médio por município ou região, assim como a identificação
dos fornecedores em potencial e a maior facilidade para a realização das chamadas públicas.
Em 2017 e 2018, o Sistema de Referência de preço ampliou sua abrangência
contemplando outros municípios do Sul de Minas. O projeto teve como principais par-
ceiros as Superintendências Regionais de Ensino (SRE) do Sul de Minas e a EMATER-MG. O
projeto contou com o apoio da SETEC e do CECANE, desenvolvido nos referidos anos com a participação
de servidores e bolsistas de outros campi do IFSULDEMINAS, em especial, o Campus Passos.
Em 2019, o projeto foi encerrado por falta de recursos e pessoas para sua execução,
levando a discussão para uma instância estadual. Nesse sentido, foi realizada uma reunião em
2019 entre o Cecane, o SEBRAE e a EMATER-MG para discutir a construção de um projeto em
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nível estadual. Devido alguns fatores e falta de consenso na metodologia, o projeto não avançou em
2019 e com a pandemia as discussões foram encerradas. Entretanto, a demanda pela continuidade
existe e a discussão está em aberto.
Outro projeto de extensão de apoio ao PNAE desenvolvido de 2015 a 2017 pelo IFSULDEMINAS
foi o projeto “Desenvolvimento de produtos de mandioca e polvilho para inserção na alimentação
escolar, na perspectiva da segurança alimentar e empoderamento das mulheres rurais de Conceição
dos Ouros”. O referido projeto, aprovado em edital do CNPq, aconteceu em parceria com a EMATER-
MG e Associação de Produtores Rurais e Agroindústria de Conceição dos Ouros. Seu objetivo foi
desenvolver uma linha de produtos alimentícios viáveis do ponto de vista econômico e nutricional
para comercialização no PNAE.
O município de Conceição dos Ouros-MG tem vasta tradição na produção e processamento
de mandioca e seus derivados. Inicialmente, os esforços foram dedicados à realização de um
diagnóstico para identificação das habilidades e competências das mulheres e quais os produtos
tradicionais de maior aceitação na alimentação escolar.
Alicerçados nos resultados do diagnóstico, a equipe do projeto trabalhou na realização de
testes e adaptações de receitas, para tornarem os produtos adequados à alimentação escolar do ponto
de vista nutricional e sensorial, economicamente viáveis e preservando os aspectos culturais de
cada formulação. Essa ação promoveu oportunidades de envolvimento dos servidores e estudantes
de cursos técnicos e superiores da área de alimentos com o grupo de mulheres participantes do
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projeto. A participação dos profissionais e estudantes do IFSULDEMINAS foi fundamental para
o desenvolvimento de receitas de alimentos saudáveis e com boa aceitação, segundo relato dos
parceiros e beneficiárias.
As ações do projeto promoveram a valorização do trabalho da mulher rural, além de
dar mais segurança e motivação para que elas buscassem na organização o acesso ao mercado
e às políticas públicas de comercialização dos produtos da agricultura familiar, como, por exemplo a
comercialização dos biscoitos para o IFSULDEMINAS e para a prefeitura municipal por meio do PNAE.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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EXPERIÊNCIAS DE EXTENSÃO DO NEA PARA APOIAR A
CECAF DO IF SUDESTE MG-CAMPUS RIO POMBA
Henri Cócaro1
Francele Contarin Teodolino2
Priscila de Souza Dias3
Daniane Campos de Oliveira4
Rakel Silveira Arantes5
INTRODUÇÃO
A
o fim de 2016 e impulsionada por um projeto aprovado no CNPq/MCTIC edital Nº
016/2016, a equipe de extensão do Núcleo de Estudos em Agroecologia, Soberania,
e Segurança Alimentar e Nutricional do IFSUDESTEMG-Campus Rio Pomba
(NEASSAN-IFRP) iniciou um trabalho com a Comissão Especial de Compras da Agricultura
Familiar (CECAF) para aumentar o número de agricultores nas chamadas públicas do PNAE.
Este relato aborda as experiências desenvolvidas em 2018 e 2019 para: 1) Auxiliar as ações da
CECAF; 2) Estimular os estudantes à reflexão sobre consumo de açúcar; e 3) Qualificar os
agricultores para ofertarem alimentos em transição agroecológica.
1 Doutor em Administração em Organizações, Gestão e Sociedade (UFLA). Prof. do Instituto Federal do Sudeste de
Minas Gerais (IF Sudeste MG) / Campus Rio Pomba/DACG. E-mail: [email protected].
2 Estudante de Mestrado do Programa de Pós-graduação em Agroecossistemas UFSC). Bacharel em Agroecologia
(IF Sudeste MG/Campus Rio Pomba). E-mail: [email protected].
3 Estudante de Bacharelado em Agroecologia (IF Sudeste MG/Campus Rio Pomba). E-mail: [email protected].
4 Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos (IF Sudeste MG/Campus Rio Pomba). Nutricionista do Setor de
Alimentação e Nutrição do IF Sudeste MG/Campus Rio Pomba. E-mail: [email protected].
5 Mestre em Ciência e Tecnologia de Alimentos (IF Sudeste MG/Campus Rio Pomba). Nutricionista do Setor de
Alimentação e Nutrição do IF Sudeste MG/Campus Rio Pomba. E-mail: [email protected].
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Essa experiência iniciou no final de 2016, com a finalidade de aumentar o número
de agricultores ofertantes na chamada de 2017. Essa chamada foi realizada e contemplou
10 agricultoras e 6 agricultores, totalizando 16 agricultores familiares, adquiriu 14 gêneros
alimentícios totalizando mais de 6 toneladas de alimentos ao valor total de R$ 44.682,00.
Em 2019 a CECAF participou da construção e execução da chamada pública e contemplou oito
agricultoras e três agricultores totalizando 11 agricultores familiares, adquiriu 18 gêneros
alimentícios totalizando mais de 10 toneladas de alimentos no valor total de R$ 50.361,41, que
fizeram parte do cardápio oferecido aos estudantes no refeitório da instituição.
As ações desenvolvidas foram:
Participação nas reuniões da CECAF e auxílio na sistematização de atas;
Acompanhamento da reunião do grupo informal de agricultores organizada pela
EMATER (Fotos 1);
Articulação de reunião entre agricultores e CECAF para esclarecimento de dúvidas e
construção da chamada pública de 2019 (Fotos 1);
Preparação do cronograma individual de entregas, semanais e anuais, para cada agricultor;
Comunicação semanal com os agricultores para confirmar quais os alimentos que eles
deveriam entregar no refeitório para compor o cardápio;
Análise de quais alimentos deram mais ou menos problemas na chamada;
Proposta de inserção de novos alimentos para 2020.
Simultaneamente às ações de 2019, o NEASSAN-IFRP iniciou um trabalho preparatório
junto a CECAF para a chamada pública de 2020. O núcleo participou de reuniões organizadas
por duas associações de agricultores do município, responsáveis por mais de 50% da oferta
de alimentos ao PNAE de 2018, para tratar da construção da chamada e ouvir os agricultores
sobre as questões levantadas nas reuniões da CECAF (TEODOLINO, CÓCARO, 2020). A
realização desta chamada ocorreu durante o período da pandemia da COVID-19 e contemplou
cinco agricultores e oito agricultoras totalizando mais de 21 toneladas de alimentos com valor
empenhado de R$ 57.756,95. Esta chamada ainda está em execução por meio da entrega de
kits a partir do preenchimento de cadastro dos estudantes interessados no recebimento. Até a
redação dessa experiência já foram entregues 147 kits.
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Figura 1 - Fotos das ações na CECAF6
6 Fotos 1: Na linha superior: Reuniões mediadas pelo NEASSAN-IFRP junto com os agricultores e CECAF para preparação
das chamadas públicas de 2017 e 2018. Na linha inferior: Reunião com a EMATER e agricultores para participarem como
grupo informal na chamada de 2019; Entrega de alimentos por agricultora; Equipe do Setor de Alimentação e Nutrição
do IF Sudeste MG-Campus Rio Pomba (850 refeições/dia em 2018); Bancada de refeições. Fonte: Arquivos fotográficos
NEASSAN - IFRP (2016, 2017, 2018, 2019).
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Fonte: Os autores (2011).
O resultado dessas ações foi positivo para garantir a participação dos agricultores e o
aumento na qualidade do cardápio ofertado aos estudantes. Salienta-se que o cardápio oferecido
aos estudantes do campus tem três fontes principais para sua composição: os pregões; o PNAE,
e a produção interna que vem do setor de laticínios, carnes e olericultura. Esta última, tem uma
contribuição importante para melhoria substancial da qualidade da refeição ofertada aos estudantes,
já que frutas, legumes e verduras são produzidos naquele setor com princípios da agricultura ecológica.
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produtos alimentícios com alto teor de açúcar como: bebidas açucaradas, sucos de caixa,
refrigerantes, achocolatado, e biscoitos recheados. Com base nas informações nutricionais,
calculou-se o peso em gramas de açúcar presente em cada um desses produtos e esta quantidade
foi simbolicamente apresentada em copos transparentes dispostos à frente de cada produto.
No geral, esses produtos possuem alta adição de açúcares, além de gorduras, substâncias
sintéticas e, principalmente, conservantes. Devido a sua pobre composição nutricional, o seu
consumo excessivo tem efeitos negativos sobre a saúde humana, causando distúrbios metabólicos
que causam doenças como a diabetes, aumento de colesterol e aumento da pressão sanguínea.
Como resultados, percebeu-se que a maioria dos estudantes não faziam a
leitura dos rótulos e que era necessário investir nessa ação, já que na fase da adolescência
constroem-se hábitos alimentares para a vida adulta. Ao parar para perguntar, muitos estudantes
se impressionaram com o alto teor de açúcar presente nos produtos ultraprocessados e a equipe
do NEASSAN-IFRP informava sobre as recomendações da Organização Mundial da Saúde
(OMS, 2004) em que, no máximo, 10% das calorias diárias devem ser provenientes do consumo de
açúcar. Considerando uma dieta de 2.000 calorias, essa taxa equivale a 50 gramas de açúcar por dia.
Apesar das ações terem sido circunscritas, a Semana do Alimento Orgânico de 2018
e 2019, evento realizado pelo NEASSAN-IFRP em consonância com a Campanha Anual de
Promoção do Produto Orgânico articulada pelo MAPA e CPORG-MG, a temática da alimentação
saudável pautada nos hábitos alimentares dos jovens estudantes criou um espaço para apoiar o
Setor de Alimentação e Nutrição nas suas ações de educação alimentar e nutricional.
Figura 2 – Stand oficina pedagógica NEASSAN-IFRP7
7 Fotos 2: Na linha superior: Oficina pedagógica durante a Semana do Alimento Orgânico de 2018. Na linha inferior:
Oficina pedagógica durante a Semana do Alimento Orgânico de 2019. Fonte: Arquivos fotográficos NEASSAN -
IFRP (2018; 2019).
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Fonte: Os autores (2021).
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QUALIFICAÇÃO DE AGRICULTORES PARA OFERTA DE ALIMENTOS EM
TRANSIÇÃO AGROECOLÓGICA AO PNAE
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acaba diminuindo o quantitativo de venda para cada agricultor, reconhecem a importância do
deste na garantia da venda, pois considera o PNAE como um mercado que promove renda certa,
diferentemente de outros mercados.
A 3ª rodada de visitas foi um retorno da 2° rodada de visitas, tendo como base os elementos
diagnosticados construíram em conjunto com os agricultores, o Caderno de Manejo de campo,
que teve como base o Caderno do Plano de Manejo Orgânico do Ministério da Agricultura, onde
foi feita uma adaptação (MAPA, 2017).
O uso contínuo do Caderno de Manejo permitirá no curto, médio e longo prazo um
panorama sobre os plantios, manejos, receitas geradas, canais de comercialização alcançados
e um excelente instrumento para alcançar a certificação. De forma conjunta, o escalonamento
produtivo, também foi construído para aumentar a oferta de alimentos.
Figura 3 – Foto das Rodada de visitas8
8 Na linha superior: 1ª, 2ª, 3ª e 4ª rodada de visitas. Na linha inferior: 4ª, 5ª e 6ª rodada de visitas. Fonte: Arquivos
fotográficos NEASSAN - IFRP (2018;2019).
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Fonte: Os autores (2021).
Já na 4ª e 5ª rodadas, a equipe percebeu que houve redução dos agricultores que estavam
sendo visitados, pelo fato desses não terem participado das chamadas em 2019, também houve
redução na produção dos agricultores que tinham acessado, quando comparado às outras visitas.
Uma das justificativas pode ter sido o sucateamento de outros programas públicos de fomento à
agricultura familiar, como por exemplo o Programa de Aquisição da Agricultura Familiar (PAA)
e a falta de acesso a outros canais de comercialização. Em média, de dois a três agricultores
acompanhados pela equipe de extensão participaram das chamadas e tiveram que impulsionar
102 / p. 94 - 104
a produção para atender aos cronogramas. Foi possível o registro das primeiras anotações no
Caderno de Manejo.
Através da metodologia avaliativa-participativa Biazote ; Almeida; Tavares, (2017, p.
77), Que bom!, Que pena! e Que tal? Foi registrada a opinião dos agricultores na 6ª rodada, onde
consideram que a orientação técnica possibilitou o fortalecimento do processo de transição,
impactando diretamente na qualidade e quantidade das culturas plantadas. As visitas também
oportunizaram um momento de diálogo, antes não vivenciado por outras entidades de assistência técnica.
Como considerações finais dessas atividades destaca-se a forte participação de
mulheres agricultoras no PNAE evidenciando a sua contribuição para a garantia da soberania e
segurança alimentar no município, após as seis rodadas de visitas. Sobre o processo de transição
agroecológica, tendo como base os diferentes níveis, os agricultores acompanhados se encaixam
no nível de Transição-redesenho, pois além de substituir os insumos, realizam o redesenho de
suas propriedades, a partir de um enfoque ecológico e sistêmico, e aplicando simultaneamente a
práticas agrícolas de base ecológica (CAPORAL, 2015).
A orientação técnica também oportunizou momentos de experiências favoráveis ao
desempenho tanto profissional quanto pessoal, dos alunos de agroecologia envolvidos na equipe.
Entretanto, o trabalho da equipe de orientação técnica é contínuo, para que as informações
obtidas possam ser comparadas no médio e longo prazo, exigindo continuidade no trabalho,
sistematização de informações e manutenção de uma equipe composta por agroecólogos e
estudantes de agroecologia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O principal ponto forte dos NEAs está no reconhecimento da sua capacidade de articular
ensino, extensão e pesquisa a fim de contribuir com a execução de políticas públicas relacionadas à
agricultura familiar especialmente PNAE, PAA, PRONAF e PRONATEC.
No caso apresentado demonstrou-se o potencial de um NEA para auxiliar a CECAF e o
Setor de Alimentação e Nutrição para execução da Lei nº 11.947/2009.
Para além da elaboração de cardápios, acompanhamento das preparações e distribuições
das refeições, devido a todas as demandas administrativas que permanentemente sobrecarregam
este setor, como exemplo: a realização orçamentos, termos de referência, pesquisa em painel de
preços, formalização de demanda e outras atividades necessárias para licitações de legumes,
hortaliças, frutas, carnes, alimentos semiperecíveis, mão de obra terceirizada, material de
limpeza, copa e cozinha; atestes de notas fiscais; solicitações de empenhos; gestão de contratos;
controle de estoques; participação em várias comissões; e outras demandas, conclui-se que a
participação de um NEA pode auxiliar este setor na execução do PNAE.
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AGRADECIMENTOS
Ao CNPq; Aos agricultores e diretoria do STRAAF-RP; Aos integrantes do NEASSAN-
IFRP; Aos TAEs Josilaine Maria Lima Guilarducci, Fagner José de Carvalho Lourenço, Elaine Souza
Cócaro pelo apoio na CECAF; Aos TAEs dos demais setores envolvidos com o PNAE.
REFERÊNCIAS
BIAZOTE, A; ALMEIDA, N; TAVARES, P. (Orgs). Caderno de metodologias: inspirações e experimentações na construção do
conhecimento agroecológico. Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2017. Disponível em: https://bit.ly/3mT2G32. Acesso
em: 13 out. 2021.
BORTOLINI, G. A.; MOURA, A. L. P.; LIMA, A. M. C.; MOREIRA, H. O. M.; MEDEIROS, O.; DIEFENTHALER, I. C.
M.; OLIVEIRA, M. L. de. Guias alimentares: estratégia para redução do consumo de alimentos ultraprocessados e
prevenção da obesidade. Rev Panam Salud Publica, n. 43, Dec. 2019. Disponível em: https://bit.ly/3FBbZgB. Acesso em:
12 out. 2021.
CAPORAL, F. R. (Coord.). Extensão Rural e Agroecologia: temas sobre um novo desenvolvimento rural, necessário e possível.
Brasília: 2015.
COELHO, F. M. G. A arte das orientações técnicas no campo: concepções e métodos. 2. ed., rev. e ampl. Viçosa, MG: Suprema, 2014.
MAPA. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Brasil. Caderno do plano de manejo orgânico. 11 jan.
2017. Disponível em: https://bit.ly/3FKIp8o. Acesso em: 13 out. 2021.
OMS. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Estratégia Global para a Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde. 57ª
Assembléia Mundial de Saúde: Wha 57.17 8.ª sessão plenária de 22 de Maio de 2004. Disponível em: https://bit.ly/3mOAgXR.
Acesso em: 27 ago. 2021.
TEODOLINO, F. C.; CÓCARO, H. Diagnóstico da oferta de alimentos entregues no Programa Nacional de Alimentação
Escolar do Município de Rio Pomba/MG. In: Anais do 58º Congresso da Sociedade Brasileira de Economia,
Administração e Sociologia Rural (SOBER), 26 a 28 de outubro de 2020, Foz do Iguaçu-PR: Cooperativismo, inovação e
sustentabilidade para o desenvolvimento rural. Anais... Foz do Iguaçu (PR) UNIOESTE, 2020. Disponível em: https://
bit.ly/3FJ60X4. Acesso em: 13 out. 2021.
104 / p. 94 - 104
ALIMENTAÇÃO, NUTRIÇÃO E TECNOLOGIA POR UM MUNDO
MAIS SUSTENTÁVEL
INTRODUÇÃO
E
sse relato aborda a experiência de um projeto desenvolvido em parceria entre o
Colégio Pedro II (Campus Tijuca 2) e o Sense & Learn (SELEA 21). O Colégio Pedro
II integra a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
Possui um complexo escolar de grande porte, composto por quatorze campi e um Centro de
Referência em Educação Infantil, distribuídos em seis bairros da cidade do Rio de Janeiro e
nos municípios de Duque de Caxias e Niterói. Reúne cerca de 13.000 alunos e 2.500 servidores,
entre docentes e técnicos administrativos em educação, e oferece turmas da Educação Infantil
ao Ensino Médio Regular e Integrado, além da Educação de Jovens e Adultos (Proeja) (COLÉGIO
PEDRO II, 2021).
O SELEA 21 é um programa internacional iniciado na Dinamarca que foi aculturado
para a realidade brasileira, tendo por objetivo a elaboração de estratégias de aprendizagem
(UNIVERSITY OF COPENHAGEN, 2021). Tem subsídio do Programa Internacional de Rede (INP)
e, no Brasil, trata-se de uma colaboração entre a Universidade de Copenhagen (Dinamarca), a
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO- Brasil), a Universidade de Aprendizado
e Educação (Beijing, China), a organização Green Rio 21, CEFET-RJ Campus Maracanã e o Centro
Dinamaquês de Inovação para Educação Futura (São Paulo, Brasil).
Considerando que o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) tem por
objetivo contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o
rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis de alunos e alunas de escolas
1 Nutricionista do Quadro Técnico do Programa Nacional de Alimentação Escolar- Colégio Pedro II - Campus Tijuca 2.
E-mail: [email protected].
2 Coordenadora do projeto SELEA 21 Brasil, projeto interface Brazil/Dinamarca e consultora em Saúde Global e
Sustentabilidade. E-mail: [email protected].
3 Professora adjunta da Escola de Nutrição da UNIRIO, Membro integrante do projeto e coordenadora do SELEA 21
na UNIRIO; membro do CECANE-UNIRIO. E-mail: [email protected].
Figura 1 - Foto 1. Print da tela durante a oficina com relato de alguns participantes pelo chat.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome. Marco de referência de educação alimentar e
nutricional para as políticas públicas. Brasília, DF: MDS; Secretaria Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional,
2012. Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2017/03/marco_EAN.pdf. Acesso em: 13 out. 2021.
CSWD. Center For Social Well-Being and Development. About the Center. 2021. Disponível em: https://cswd.gwu.
edu/. Acesso em: 13 out. 2021.
COLÉGIO PEDRO II. Sobre o CPII. 2021. Disponível em: https://bit.ly/3mWb15P. Acesso em: 04 set. 2021.
SOUZA, C. A. N. DE; LONGO-SILVA, G.; MENEZES, R. C, E.; ARAUJO, A. DA C.; TOLONI, M. H. DE A.; OLIVEIRA,
M. A. DE A. Adequação nutricional e desperdício de alimentos em Centros de Educação Infantil. Ciência & Saúde
Coletiva, v. 23, n. 12, p. 4177-4188, dez. 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/ndgtdt84HFrfSD7YHwV5
XYg/?lang=pt. Acesso em: 14 out. 2021.
UNIVERSITY OF COPENHAGEN. Departamento de Geociências e Gestão de Recursos Naturais. Sense & Learn
(SELEA 21). Disponível em: https://ign.ku.dk/english/selea/. Acesso em: 05 set. 2021.
INTRODUÇÃO
A
Lei n. 11.947 de 2009 instituiu, no âmbito do Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE), a obrigatoriedade de utilização de pelo menos
30% dos recursos descentralizados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação (FNDE) em escolas federais, estaduais e municipais, para a aquisição de gêneros
alimentícios da agricultura familiar (BRASIL, 2009). Essa orientação é resultado da luta política
de diferentes segmentos ligados ao espaço rural, os quais têm buscado não somente ter seus
direitos reconhecidos pela sociedade e pelo Estado, mas assumir o protagonismo de estratégias
promotoras do desenvolvimento como no caso de agricultores familiares (ROZENDO; BASTOS;
MOLINA, 2015).
Representa também, uma conquista importante no que se refere às iniciativas de compras
públicas sustentáveis articuladas ao fortalecimento da agricultura familiar, criando mecanismos
de gestão para a compra direta do agricultor cadastrado, democratizando e descentralizando
as compras públicas, criando mercado para os pequenos produtores, dinamizando a economia
local e seguindo em direção ao fornecimento de uma alimentação mais adequada (BRASIL,
2015). A compra da agricultura familiar para a alimentação escolar traz várias potencialidades
1 Nutricionista. Técnico Administrativo em Educação no Instituto Federal Farroupilha Campus Panambi - Rio Grande do
Sul. E-mail: [email protected].
2 Docente no Instituto Federal Farroupilha Campus Panambi - Rio Grande do Sul. E-mail: odair.dalagnol@
iffarroupilha.edu.br.
3 Estudante. Discente de Tecnologia em Processos Químicos no Instituto Federal Farroupilha Campus Panambi - Rio
Grande do Sul. E-mail: [email protected]
4 Estudante. Discente de Licenciatura em Química no Instituto Federal Farroupilha Campus Panambi - Rio Grande
do Sul. E-mail: [email protected].
5 Docente no Instituto Federal Farroupilha Campus Panambi - Rio Grande do Sul. E-mail: laura.spanivello@
iffarroupilha.edu.br.
MÉTODO
Trata-se de um relato de experiência, descritivo, qualitativo, baseado no
desenvolvimento de um projeto extensão executado entre 2018 e 2019, para agroindústrias do
município de Panambi/RS sobre a elaboração do Manual de Boas Práticas de Fabricação (MBPF)
e Procedimentos Operacionais Padronizados (POPs), realizado de forma conjunta, entre
Escritório Municipal da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER), Vigilância
Sanitária de Ijuí e Instituto Federal Farroupilha Campus Panambi.
Todas as agroindústrias cadastradas na EMATER do município de Panambi foram
convidadas a participar do projeto em uma reunião presencial, as que aceitaram, foram incluídas
no cronograma para elaboração dos documentos de acordo com as normas da RDC nº 275, de
21 de outubro de 2002, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária9, Portaria nº 216, de 15 de
setembro de 2004, que dispõe sobre o regulamento técnico de boas práticas para serviços de
alimentação (BRASIL, 2004) e a Portaria SVS/MS nº326, de 30 de julho de 1997 (BRASIL, 1997a).
Para construção do MBPF e dos POPs foram utilizados modelos de documentos
disponibilizados pelo Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (CECANE) e adaptados de forma individualizada para a realidade
de cada agroindústria. (CECANE UFRGS, 2021).
Nesta etapa foi realizado um diagnóstico situacional com o proprietário de cada agroindústria,
sendo levantadas todas as informações necessárias para a elaboração dos documentos. Também,
foram realizadas orientações por parte da coordenação do projeto, aluna bolsista e voluntários, a fim
de melhorar os processos produtivos e promover o desenvolvimento de ações de segurança alimentar.
Após a construção do MBPF e dos POPs, foram disponibilizadas versões impressas e digitais, tanto para
as agroindústrias, quanto para a EMATER, possibilitando as atualizações anuais nas edições futuras.
Além disso, foram elaborados materiais gráficos referentes aos POPs, com texto e imagem, para cada
agroindústria possibilitando a visualização e compreensão do conteúdo.
CONCLUSÃO
As BPF abrangem um conjunto de medidas que devem ser adotadas pelas agroindústrias
a fim de garantir a segurança e a qualidade dos produtos destinados ao mercado consumidor. A
adoção das BPF é prerrogativa indispensável à concessão do registro sanitário para liberação da
comercialização de seus produtos. Os riscos oferecidos por alimentos produzidos em condições
higiênico-sanitárias insatisfatórias é um problema de saúde pública e é de interesse de todos,
inclusive do PNAE que os gêneros alimentícios ofertados pela agricultura familiar estejam em
conformidade. Assim, acredita-se que este estudo trouxe contribuições para o aprimoramento
no processo de compra dos produtos da agricultura familiar, a qual traz variadas potencialidades
para o desenvolvimento local sustentável e para a valorização de uma alimentação saudável dos
estudantes beneficiados pelo programa.
BRASIL. Lei nº. 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa
Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; [..]. Brasília, DF: Presidência da República, 2009. Disponível
em: https://bit.ly/3zneH56. Acesso em: 14 set. 2021.
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de Procedimentos Operacionais Padronizados aplicados aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de
Alimentos e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos Produtores/Industrializadores
de Alimentos. Diário Oficial da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 23 de out. 2002.
Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2002/anexos/anexo_res0275_21_10_2002_rep.pdf.
Acesso em: 15 out. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria nº 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe
sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília, DF: Diário Oficial da União, 16 set.
2004. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html. Acesso em:
15 set. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância Sanitária. Portaria nº 326, de 30 de julho de 1997. Brasília,
DF: Diário Oficial da União, 1997a. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/svs1/1997/
prt0326_30_07_1997.html. Acesso em: 15 out. 2021.
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Portaria nº 368, de 04 de setembro de 1997. Brasília,
DF: Diário Oficial da União, 1997b. Disponível em: https://bit.ly/3jbsTZD. Acesso em: 15 out. 2021.
BRASIL. Resolução Nº 6, de 8 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da
educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Brasília, DF: Diário Oficial da
União, Seção: 1, n. 89, p. 38, 12 maio 2020d Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-6-de-8-
de-maio-de-2020-256309972. Acesso em: 15 out. 2021.
CECANE UFRGS. Centro Colaborador em Alimentação e Nutrição Escolar da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Educação Permanente, Extensão, Pesquisas. 2021. Disponível em: http://www.ufrgs.br/cecane/index.php.
Acesso em: 15 out. 2021.
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pdf. Acesso em: 15 out. 2021.
ROZENDO, C.; BASTOS, F.; MOLINA, W. DE S. L. Desafios institucionais para a inclusão da agricultura familiar no
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periodicos.ufrn.br/cronos/article/view/6335/pdf. Acesso em: 15 out. 2021.
Gedeli Ferrazzo1
Sari Possari dos Santos2
INTRODUÇÃO
C
omo um dos fatores fundamentais para uma educação de qualidade, a
alimentação escolar perpassa as interpretações de caráter meramente
assistencialista da escola, ao ser vinculada à um planejamento que prioriza o
desenvolvimento biopsicossocial dos educandos. Da mesma forma, sem desprezar o fato da
expressiva desigualdade social presente na sociedade brasileira que impede diversos brasileiros
de receberem uma nutrição adequada, entende-se a oferta universal da alimentação escolar como
um pressuposto da equidade educacional. No entanto, a alimentação escolar no Brasil percorreu
um longo caminho até ser incorporada como uma política de Estado.
Apesar da garantia constitucional da alimentação escolar aos estudantes da educação
básica pública, apenas em 2009, por meio da Lei n° 11.947, que o Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE) foi universalizado, beneficiando todos os estudantes da educação
básica, independente da condição socioeconômica, raça, cor, etnia e religião. (BRASIL, 2009). A
universalização do programa possibilitou o repasse financeiro a todas as instituições públicas
de ensino do país, incluindo as escolas federais.
Entre as instituições de ensino contempladas pelo PNAE, enquadra-se o Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO), autarquia federal criada a partir
da Lei Federal n° 11.892/2008, especializada na oferta de educação profissional e tecnológica, com
atuação na educação básica, profissional e superior (BRASIL, 2008)Atualmente, o IFRO possui
dez campi presenciais, implantados em municípios estratégicos do estado de Rondônia. Para fins
1 Professora de Filosofia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) Campus Porto
Velho Calama. E-mail: [email protected].
2 Professora de Sociologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO) Campus Porto
Velho Calama. E-mail: [email protected].
Quadro 1 - Permanência dos estudantes do Curso Técnico em Edificações integrado ao Ensino Médio no horário oposto ao habitual
Para levantar tal informação, cada estudante foi questionado sobre a frequência em
que eles costumavam realizar as principais refeições diárias (café da manhã e almoço) na escola
(trazendo alimento de casa), aos arredores do instituto (como restaurantes, lanchonetes ou no
shopping center), em casa e na cantina da instituição, cujo serviço de alimentação é explorado por
uma empresa terceirizada.
No que pese ao café da manhã, a maior parte dos estudantes do PPC de 3 anos alegam
realizem a respectiva refeição na cantina da instituição ao menos uma vez por semana. Já os
estudantes matriculados no turno matutino que frequentam o curso no tempo de integralização
de 4 anos informaram, em sua maioria, realizarem o consumo de alimentos trazidos de casa.
Por outro lado, todos os estudantes, independente do turno ou do tempo de integralização
do curso ao qual pertence, alegam almoçarem ao menos uma vez por semana na cantina ou nos
arredores da instituição. Neste tocante, 5 dos 67 participantes da pesquisa comentaram que
quando não provêm de recursos para almoçar na instituição, ficam sem se alimentar. Destes, 4
cursam o itinerário de 3 anos e, são forçados a permanecer ao menos 1 vezes por semana para o
contraturno. No mais 2 recebem auxílio estudantil.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº. 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro
Direto na Escola aos alunos da educação básica; [..]. Brasília, DF: Presidência da República, 2009. Disponível em:
https://bit.ly/3zneH56. Acesso em: 14 out. 2021.
BRASIL. Lei 11.892 de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica,
cria os institutos federais de Educação, Ciência e Tecnologia, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da
República, 2008. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11892.htm. Acesso em:
31 ago. 2021.
IFRO. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia. Ministério da Educação. Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Superior. REIT - CONSUP. Resolução nº 04, de 07 de fevereiro de 2017.
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Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do IFRO – Campus Porto Velho Calama do IFRO. Disponível em:
https://portal.ifro.edu.br/component/phocadownload/category/2412-resolucao-n-04-consup-ifro-de-19-de janeiro-
de-2017?download=9071:resolucao-n-04-consup-ifro-de-19-de-janeiro-de-2017. Acesso em: 15 out. 2021.
INTRODUÇÃO
V
erificaram-se os principais efeitos imediatos da crise do Covid-19, em particular,
sobre a comercialização de hortaliças produzidas em estabelecimentos agropecuários
denominados familiares. O estudo apontou que a maior diferenciação social entre os
produtores, decorrente da pandemia teve estreita relação com o canal de comercialização dominante.
Nesse sentido, os produtores, que comercializam para os supermercados, diretamente ou indiretamente,
conseguiram manter o escoamento de forma mais regular, uma vez que esses estabelecimentos
seguiram abertos, mesmo durante restrições de circulação oficiais, por serem “serviços essenciais”.
Parte considerável dos agricultores familiares que dependem do funcionamento dos
restaurantes e das feiras, relatou estar em situação de maior vulnerabilidade econômica. Outro
importante canal de comercialização para o agricultor familiar e os Pequenos Produtores Rurais
(PPRs) são as compras institucionais, em especial, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA),
modalidade mais utilizada pelos agricultores familiares e o Programa Nacional de Alimentação
Escolar (PNAE). Este, por sua vez, diminuiu as aquisições em função da suspensão das aulas em
vários municípios da região dos Campos Gerais-PR. Além da produção de alimentos, entende-se
que a agricultura familiar possui também uma função ambiental, econômica e social. Devido a
essa característica, acredita-se que a produção agrícola familiar em bases agroecológicas é a única
capaz de estabelecer condições sustentáveis de produção alimentar, o alicerce para a garantia da
segurança alimentar.
BOCCHI, C. P.; MAGALHÃES, E. S.; RAHAL, L.; GENTIL, P.; GONÇALVES, R. S. A década da nutrição, a política de
segurança alimentar e nutricional e as compras públicas da agricultura familiar do Brasil. Rev. Panam Salud Publica, v. 43,
16 dez. 2019: Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6913207/. Acesso em: 15 out. 2021.
BRASIL. Lei nº 10.696, de 2 de julho de 2003. Dispõe sobre a repactuação e o alongamento de dívidas oriundas de operações
de crédito rural, e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2003. Disponível em: https://bit.ly/3aNAkSc.
Acesso em: 15 out. 2021.
BRASIL. Lei nº 12.512, de 14 de outubro de 2011. Institui o Programa de Apoio à Conservação Ambiental e o Programa de
Fomento às Atividades Produtivas Rurais; altera as Leis nºs 10.696, de 2 de julho de 2003, 10.836, de 9 de janeiro de 2004,
e 11.326, de 24 de julho de 2006. Brasília, DF: Presidência da República, 2011. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
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Cidadania, no valor de R$ 500.000.000,00, para o fim que especifica. Brasília, DF: Presidência da República, 2020a.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/Mpv/mpv957.htm. Acesso em: 15 out. 2020.
BRASIL. Lei n. 13.987 de 07 de abril de 2020. Altera a Lei n. 11.947, de 16 de junho de 2009, para autorizar, em caráter
excepcional, durante o período de suspensão das aulas em razão de situação de emergência ou calamidade pública,
a distribuição de gêneros alimentícios adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
aos pais ou responsáveis dos estudantes das escolas básicas de educação básica. Brasília, DF: Diário Oficial da União:
Seção: 1, n. 67-B, p. 9, 07 abr. 2020b. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-13.987-de-7-de-abril-
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BRASIL. Resolução CD/FNDE nº 02, de 09 de abril de 2020. Dispõe sobre a execução do Programa Nacional de
Alimentação Escolar – PNAE durante o período de estado de calamidade pública, reconhecido pelo Decreto Legislativo
nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do novo
Coronavírus – COVID-19. Brasília, DF: Presidência da República,Diário Oficial da União, Seção 1, 70, p. 27, 13 abr.
2020c. Disponível em: https//bit.ly:/3Kq7jMk. Acesso em: 15 out. 2021.
FNDE. Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Ministério da Educação. Balanço MEC 2019: FNDE divulga
números dos principais programas. 09 jan. 2020. Disponível em: https://bit.ly/3AOxjvl. Acesso em: 15 out. 2020.
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IBGE, 2019. Disponível em: https://censos.ibge.gov.br/agro/2017/templates/censo_agro/resultadosagro/index.html.
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SCHNEIDER, S.; CASSOL, A.; LEONARDI, A.; MARINHO, M. de M. Os efeitos da pandemia da COVID-19 sobre o
agronegócio e a alimentação. Estudos Avançados, v. 34, n. 100, p. 167-188, 2020. Disponível em: https://www.revistas.
usp.br/eav/article/view/178766. Acesso em: 15 out. 2021.
A
agricultura familiar brasileira está presente em todo o território nacional, e cada região possui
suas particularidades. Essas particularidades referem-se à organização e o desenvolvimento das
áreas rurais e às políticas públicas voltadas para esta categoria conforme o local em que está
inserida. É dever do Estado desenvolver e implementar políticas públicas de valorização e incentivo
para a agricultura familiar. Isso pode ocorrer através da inclusão social e do desenvolvimento econômico e
territorial, tendo em vista que o agricultor familiar é um dos principais atores sociais no desenvolvimento
do país. A agricultura familiar é uma grande geradora de renda e criadora de postos de trabalho. Para isso
é necessário criar mecanismos que possam viabilizar a produção e o comércio, para valorizar o meio rural.
Para isso ocorrer, é necessário a elaboração de projetos e políticas que possam fortalecer essa dinâmica, de
modo que se possa propiciar melhores condições para as populações que vivem e tiram o seu sustento por
meio da agricultura familiar (ABRAMOVAY, 1999). O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é
um programa de alimentação escolar com abrangência nacional, pois trata-se de uma política social no
processo de atendimento aos educandos, e principalmente no desenvolvimento social e econômico da
agricultura familiar (LOPES, 2017). Pode se dizer que o marco inicial do PNAE foi instituído em 31 de março
de 1955, através do Decreto nº 37.106, que implantou no país a Campanha da Merenda Escolar, subordinada
ao MEC (BRASIL, 1955; BRASIL, 2018; PEIXINHO, 2011). O PNAE surge como uma nova proposta aos
agricultores familiares, convidando-os a fornecerem gêneros alimentícios para a merenda escolar da
educação básica. A promulgação da Lei nº 11.947 de 2009 trouxe uma nova diretriz ao programa ao propiciar
a compra de gêneros alimentícios da agricultura familiar. Grisa e Schneider (2015) colocam que o programa
se trata de uma política pública que veio com a proposta de inserir os agricultores familiares no mercado
de compras públicas. Uma das propostas da Lei nº 11.947 de 2009 consiste em fortalecer as dinâmicas locais
e sociais da agricultura familiar, valorizando a produção local e regional na produção de alimentos. Esta lei
1 Técnico Administrativo em Educação. Instituto Federal Catarinense – Campus Rio do Sul. E-mail:
2 Nutricionista. Instituto Federal Catarinense – Campus Rio do Sul. E-mail:
REFERÊNCIAS
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e Bases da Educação Nacional), para incluir o tema transversal da educação alimentar e nutricional no currículo
escolar. 2018. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13666.htm. Acesso em:
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Médio Integrado Regular e na Modalidade EJA (PTDEM). [recurso eletrônico]. 2012. Disponível em: https://portal.
ifrn.edu.br/ifrn/institucional/projeto-politico-pedagogico-1/lateral/menu-1/ptdem. Acesso em: 7 set. 2021.
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PINTO, V. L. X.; MEDEIROS, M.; BEZERRA, I. W. L. (Org.). Promoção da alimentação saudável nas escolas: ideias e
ações que conjugam educação, saúde e justiça social. Natal/RN: EDUFRN, 2019. p. 132-168.
VALE, D.; AMORIM, G. K. D; DANTAS, R. F; DAS VIRGENS, I. P. A; SILVA, L. L. Educação alimentar e nutricional de
adolescentes para resiliência e autonomia. In: VALE, D (Org.). Educação alimentar e nutricional de adolescentes:
complexidade, resiliência e autonomia. Natal/RN: IFRN, 2020. p. 153-209. p. 167-188, 2020. Disponível em: https://
www.revistas.usp.br/eav/article/view/178766. Acesso em: 15 out. 2021.
INTRODUÇÃO
A
situação internacional de emergência pública em virtude do novo coronavírus
culminou em várias modificações no funcionamento das instituições públicas
de ensino, como a suspensão do calendário acadêmico e a flexibilização de
legislações que versam sobre os programas de atendimento aos estudantes, dentre eles, o
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE). Nesse contexto, a Lei 13.987, de 7 de abril
de 2020, alterou a Lei 11.947 de 16 de junho de 2009, que dispõe sobre o PNAE, no sentido de
autorizar, em caráter excepcional, a distribuição de alimentos adquiridos com recursos do
programa aos estudantes, pais e/ou responsáveis. (BRASIL, 2020; BRASIL, 2009).
Diante desta possibilidade, o Instituto Federal de Goiás (IFG) abriu uma Chamada Pública
de Compras para a aquisição de cestas de alimentos exclusivamente originados da Agricultura
Familiar compostas por frutas, verduras, doces, farinhas e panificados. A distribuição de alimentos
adquiridos com recursos do PNAE às famílias dos estudantes do IFG se fez relevante ao proporcionar
o acesso a alimentos saudáveis e impulsionar o escoamento da produção agrícola familiar em Goiás.
2) Os Vídeos:
Os vídeos deram origem ao seriado “Vamos comer”, composto por quatro episódios que
tratam do recebimento da cesta do PNAE por um estudante do IFG e seus pequenos diálogos
com sua mãe. No primeiro vídeo, aborda-se o recebimento da cesta, informações sobre o PNAE
e como fazer a higienização dos alimentos, também o personagem comenta sobre o link do
folder que dá acesso ao livreto de receitas. No segundo episódio a mãe prepara um almoço para
o filho com mandioca. Eles conversam sobre alguns aspectos culturais da mandioca e seu valor
alimentar. O terceiro vídeo trata da chegada da mãe do trabalho, que é surpreendida pelo filho
com um café da manhã, onde eles conversam sobre o milho e o filho apresenta a pamonha de
forno, fazendo referência ao livreto de receitas do PNAE. No quarto e último, após um descanso,
o filho prepara o almoço com uma receita com abóbora, eles conversam na mesa sobre a situação
da pandemia e a mãe fala de um sonho que ela teve onde todos se curam e deseja saúde a todos.
O processo de filmagem consistiu em uma produção de preparações, cortes demonstrativos,
procedimentos e gravação de áudio e vídeo. As filmagens foram realizadas no Laboratório de
Agroindústria Familiar do IFG – Cidade de Goiás dentro das normas e protocolos de segurança
estabelecidos pela instituição. Respeitando sempre o limite de pessoas, uso de protetores e
distanciamento. O Projeto de Extensão Preparação de Álcool Etílico Glicerinado 80%: solução
tópica como ação afirmativa e voluntária para o combate à pandemia de COVID-19, do Campus
Senador Canedo, forneceu álcool para prevenção durante as filmagens. Para as filmagens foi
seguido o protocolo da ANCINE que trata sobre o uso de equipamentos de proteção individual
dentre outras estratégias de segurança sanitária. Neste sentido os personagens que dialogam
nas cenas (mãe e filho) dividem uma mesma casa na vida real. A equipe técnica foi orientada
dentro dos padrões de segurança e seguimos todas as normas quanto a manipulação de
equipamentos, higienização da locação, cuidados na alimentação no set e tempo de filmagens.
Contou-se também com material doado pela Diretoria de Comunicação Social do IFG como
a camiseta da instituição e o folder do IFG que foi usado em substituição ao folder do projeto
durante as filmagens. Também as bolsas doadas e material de papelaria foram de grande
importância para cada participante ter o seu material. O material foi editado e montado
em trabalho remoto dentro das definições estabelecidas pelo roteiro com as informações
necessárias. Este material foi produzido pelos estudantes do curso Bacharelado em Cinema e
Audiovisual do Campus Cidade de Goiás: Henrique da Rocha Hernande, César David Rodríguez
Pulido e Thamires Fortunato Martins, sob coordenação do professor Diogo de Souza Pinto.
A tradução dos produtos audiovisuais foi realizada pela Marcela Gabriela de Assis Cirqueira,
3) O Livreto
Esse material visou contribuir com a Educação Alimentar e Nutricional para a
comunidade em geral com dicas sobre alimentação saudável e consumo consciente de
alimentos, opções de receitas diversificadas, fáceis, de baixo custo e nutritivas com base nos
alimentos que compõem as cestas distribuídas no IFG via PNAE bem como fazem parte da
cultura alimentar do goiano. O conteúdo aborda: receitas com os alimentos que compõem as
cestas, informações relativas ao aproveitamento integral de alimentos e formas de diminuição
do desperdício de alimentos, protagonismo de frutas e verduras em preparações culinárias,
valorização da agricultura familiar e dos alimentos produzidos localmente, valorização de
alimentos e preparações regionais, higienização e cuidados com os alimentos.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº. 11947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa
Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica [...]. Brasília, DF: Presidência da República, 2009. Disponível
em: https://bit.ly/3FP427l. Acesso em: 16 out. 2021.
BRASIL. Lei n. 13.987 de 07 de abril de 2020. Altera a Lei n. 11.947, de 16 de junho de 2009, para autorizar, em caráter
excepcional, durante o período de suspensão das aulas em razão de situação de emergência ou calamidade pública, a
distribuição de gêneros alimentícios adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
aos pais ou responsáveis dos estudantes das escolas básicas de educação básica. Brasília, DF: Diário Oficial da União:
Seção: 1, n. 67-B, p. 9, 07 abr. 2020b. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-13.987-de-7-de-abril-
de-2020-251562793. Acesso em: 20 set. 2021.
EP01 - Minissérie Vamos Comer. Goiás: Instituto Federal de Goiás (IFG). 2021. 1 fita de vídeo (2h43min). Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=1YPlrO5Q_W4&list=PLLu1twkgUtG0i_VlD36T5x9xMTGntizeK. Acesso em:
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Visualiza%C3%A7%C3%A3o.pdf. Acesso em: 16 out. 2021.
IFG. Instituto Federal de Goiás. Cartilha Pró agroecologia: a feira interinstitucional agroecológica: uma experiência
Exitosa. 2. ed. 2020. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/342212119_Cartilha_Agroecologica.
Acesso em: 16 out. 2021.
INTRODUÇÃO
[...] ensinar é igualzinho a cozinhar. O professor é um chef que prepara e serve refeições
de palavras aos seus alunos. Aconselho os professores a aprender seu ofício com as
cozinheiras (ALVES, 2006, p. 38-39, grifo do autor).
S
e, nas palavras de Rubem Alves (2006), o professor é “um chef que prepara
refeições de palavras aos seus alunos”, a escola é um espaço propício a oferecer
preparações que envolvam educação alimentar e nutricional, psicoeducação e
formação para a cidadania aos seus educandos. Quando esses são adolescentes, a apresentação
de temáticas relacionadas ao corpo, alimentação e nutrição é fundamental para a formação
desses sujeitos na perspectiva da formação humana integral, referendada e difundida pelo
Projeto Político Pedagógico (IFRN, 2012) de nossa instituição escolar.
Nesse contexto, as questões de vida com repercussões nutricionais e psicossociais podem
ser identificadas pelos diversos atores escolares, como professores, psicólogos e nutricionistas.
A partir desses diferentes olhares especializados, podem ser construídas ações curriculares e
extracurriculares que abordem assuntos importantes ao desenvolvimento da autonomia discente,
para a prática do autocuidado e do cuidado comunitário.
Lanche coletivo#
Fonte: As autoras (2021).
5 Organização da recepção do setor de saúde com colchonetes, música ambiente, mesa com café e frutas
# Receita do dia, frutas e pipoca de milho
ALIMENTAÇÃO E TRABALHO
Essa ação educativa foi realizada em uma turma do segundo período do Curso
Técnico Subsequente em Equipamentos Biomédicos no primeiro módulo do semestre 2021.1,
no Ensino Remoto Emergencial. O conteúdo programático do módulo de Sociologia para esse
período aborda o eixo Trabalho e Sociedade, de acordo com os documentos já mencionados.
No componente curricular Sociologia do Trabalho, a atividade interdisciplinar teve como
objetivo educacional discutir sobre a alimentação e nutrição em diferentes contextos de
trabalho, assim como abordou brevemente o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT).
Para tanto foram realizadas as seguintes ações: (1) disponibilização de uma reportagem sobre
o cotidiano de trabalhadores em grandes cidades; (3) momento expositivo dialogado com
nutricionista; e (4) disponibilização de uma playlist6 de músicas sobre trabalho, cotidiano
e alimentação. Além das atividades mencionadas, como atividades prévias ao momento
expositivo com o nutricionista, os discentes estudaram os seguintes conteúdos: (1) história
das relações de trabalho; (2) exploração e alienação do trabalho; (3) as lutas dos trabalhadores:
conquistas e perdas de direitos.
Nessa experiência, estudantes e profissionais puderam dialogar sobre como as condições
e rotinas de trabalho, os direitos trabalhistas e suas mudanças históricas interagem recursivamente
com as condições de alimentação, nutrição e saúde da população. Durante essas ações de educação
alimentar e nutricional foi possível conversar, por exemplo, sobre alimentação como direito, o
comer e o momento das refeições; e a fome, a saciedade e a satisfação.
REFERÊNCIAS
ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação. 16. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2006.
BRASIL. Lei nº 13.666, de 16 de maio de 2018. Altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Nacional), para incluir o tema transversal da educação alimentar e nutricional no currículo escolar. 2018.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13666.htm. Acesso em: 16 out. 2021.
IFRN. Instituto Federal do Rio Grande do Norte. Proposta de Trabalho das Disciplinas nos Cursos Técnicos de Nível Médio
Integrado Regular e na Modalidade EJA (PTDEM). [recurso eletrônico]. 2012. Disponível em: https://portal.ifrn.edu.br/
ifrn/institucional/projeto-politico-pedagogico-1/lateral/menu-1/ptdem. Acesso em: 7 set. 2021.
VALE, D. Da vivência à experiência: o lugar das merendeiras na promoção da alimentação saudável nas escolas. In: PINTO,
V. L. X.; MEDEIROS, M.; BEZERRA, I. W. L. (Org.). Promoção da alimentação saudável nas escolas: ideias e ações que
conjugam educação, saúde e justiça social. Natal/RN: EDUFRN, 2019. p. 132-168.
VALE, D.; AMORIM, G. K. D; DANTAS, R. F; DAS VIRGENS, I. P. A; SILVA, L. L. Educação alimentar e nutricional de
adolescentes para resiliência e autonomia. In: VALE, D (Org.). Educação alimentar e nutricional de adolescentes:
complexidade, resiliência e autonomia. Natal/RN: IFRN, 2020. p. 153-209.
Diôgo Vale1
Fernanda Cristina Nonato Bonini2
Janekeyla Gomes de Sousa3
Maria Eduarda da Costa Andrade4
Thais Teixeira dos Santos5
INTRODUÇÃO
N
este capítulo serão relatadas as experiências construídas a partir das vivências
na formação remota de manipuladores de alimentos de escolas para prevenção
de COVID-19 baseada em m-learning, desenvolvida por nutricionistas do
Instituto Federal do Rio Grande do Norte em 2020.
Trata-se de um relato de experiência, cujo marco teórico referencial foi construído a
partir das ideias de dois autores: Paulo Freire, em especial pelo conceito de dialogia, e as noções de
formação, vivência e experiência de Marie-Christine Josso. Todo o relato foi baseado na estratégia de
Análise do vivido, a qual consiste na descrição detalhada do projeto de formação e em considerações
críticas e propositivas sobre ação desenvolvida (VALE, 2019).
Nossas reflexões estão sistematizadas nos tópicos a seguir. Em “Para entender nosso
contexto” buscou-se explicitar o momento histórico e sanitário em que essa estratégia de formação de
manipuladores da alimentação escolar foi planejada. “Transformando em realidade” apresentamos
como foi a execução da sequência didática e as mudanças que aconteceram a partir do exercício
reflexivo e crítico durante as ações. Por fim, em “Aprendizagens e caminhos futuros” destacamos as
lições aprendidas com essas vivências, experiências e as perspectivas que imaginamos para que esse
tipo de formação não seja isolada e sirva de inspiração para outras ações de educação alimentar e
nutricional com diferentes sujeitos da comunidade escolar.
TRANSFORMANDO EM REALIDADE
Cientes da necessidade de realizar a formação com os manipuladores de alimentos e
aproveitando a redução de atividades diárias com a paralisação dos serviços de alimentação,
decidimos transformar a ideia em ação. Para transformar nosso planejamento em realidade,
foi primeiramente construída uma cartilha sobre o assunto. Após essa etapa, desfrutamos das
vivências nas formações dos manipuladores de alimentos usando a metodologia m-learning. A
seguir, descreveremos um pouco desse caminho formativo.
“Esse curso precisa ser para todo mundo das escolas”: a criação de um repositório virtual
Durante a segunda turma, o GT Nutrição IFRN decidiu registrar as experiências para que
elas pudessem ser acessadas por outros profissionais que trabalham com alimentação escolar. Para
tanto foi construído site, hospedado no Google Sites (https://sites.google.com/view/nacozinhadoifrn/
p%C3%A1gina-inicial), para servir de repositório dos materiais de apoio utilizados no curso (cartilha,
vídeos e avaliações).
REFERÊNCIAS
ANVISA. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA (BRASIL). Resolução n° 216, de 15 de setembro de 2004.
Dispõe sobre Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação. Brasília, DF: 2004. Disponível em:
https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa/2004/res0216_15_09_2004.html. Acesso em: 16 out. 2021.
BRASIL. Portaria nº 356, de 11 de março de 2020. Dispõe sobre a regulamentação e operacionalização do disposto
na Lei nº 13.979, de 6 de fevereiro de 2020, que estabelece as medidas para enfrentamento da emergência de saúde
pública de importância internacional decorrente do coronavírus (COVID-19). Brasília, DF: Diário Oficial da União:
Seção: 1, n. 49, p. 185, 13 mar. 2020a Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-356-de-11-de-
marco-de-2020-247538346. Acesso em: 16 out. 2021.
BRASIL. Resolução nº 2, de 9 de abril de 2020. Dispõe sobre a execução do Programa Nacional de Alimentação Escolar
- PNAE durante o período de estado de calamidade pública, reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20 de março
de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do novo coronavírus - Covid-19.
Brasília, DF: Diário Oficial da União: Seção: 1, n. 70, p. 27, 13 mar. 2020b. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/
web/dou/-/resolucao-n-2-de-9-de-abril-de-2020-252085843. Acesso em: 16 out. 2021.
OLIVEIRA, E.S.G. Modalidades de ofertas educacionais com tecnologias: Unidade 2: Formas de ensinar e aprender
com mediação das tecnologias de informação e comunicação. UFRN; LAIS; SEDIS: Natal, 2020.
VALE, D. Da vivência à experiência: o lugar das merendeiras na promoção da alimentação saudável nas escolas. In:
PINTO, V. L. X.; MEDEIROS, M.; BEZERRA, I. W. L. (Org.). Promoção da alimentação saudável nas escolas: ideias e
ações que conjugam educação, saúde e justiça social. Natal/RN: EDUFRN, 2019. p. 132-168.
INTRODUÇÃO
A
Educação Alimentar e Nutricional no ambiente escolar desempenha importante
papel para a formação de hábitos dos estudantes, contribuindo na valorização
das diferentes expressões da cultura alimentar, no fortalecimento de hábitos
regionais, na redução do desperdício de alimentos, na promoção do consumo sustentável e na
alimentação saudável (BRASIL, 2012), melhorando o estado nutricional e favorecendo o aprendizado.
O alimento, por ser elemento constitutivo do mundo que se relaciona com a economia,
com a saúde, com a cultura, com o trabalho, com o prazer e com os sentidos (BARBOSA, 2013),
é um tema importante e sua relevância deve ser abordada no ambiente escolar, além disso, a
inserção do tema alimentação e nutrição em conteúdos e atividades das disciplinas escolares
faz parte das diretrizes do Programa Nacional de Alimentação Escolar (BRASIL, 2020). Muitos
estudantes do ensino médio dos Institutos Federais sentem-se sobrecarregados pelo conteúdo
das disciplinas, o que dificulta seu interesse e participação de forma voluntária nas atividades
que promovem a Educação Alimentar e Nutricional, desta forma a inserção dessas atividades nas
disciplinas curriculares pode ser mais eficaz.
OBJETIVOS
- Inserir o tema alimentação nas disciplinas escolares;
- Possibilitar que os estudantes reflitam sobre a culinária regional e sua importância econômica;
- Estimular os estudantes a criarem receitas, despertando o interesse por práticas culinárias;
- Sensibilizar os estudantes sobre a importância da alimentação saudável.
RESULTADOS
CONCLUSÃO
BRASIL. Resolução n. 06 de 08 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da
educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE. Diário Oficial da União: Seção:
1, n. 89, p. 38, 12 maio 2020a. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-6-de-8-de-maio-
de-2020-256309972. Acesso em: 18 out. 2021.
BARBOSA, N. V. S. et al. Alimentação na escola e autonomia - desafios e possibilidades. Ciência e saúde coletiva, Rio
de Janeiro, v. 18, n. 4, p. 937-945, abr. 2013. Disponível em: https://bit.ly/3n6xo8W. Acesso em. 18 out. 2021.
O
presente relato teve como objetivo apresentar a experiência do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Maranhão (IFMA) na implementação do Programa Nacional de
Alimentação Escolar (PNAE) a partir da busca pela garantia da alimentação escolar como direito
do estudante a partir da formação de um Grupo de Trabalho intersetorial. Parte-se do resgate histórico das
primeiras iniciativas do IFMA na execução dos recursos do PNAE, estratégias utilizadas para a ampliação
da implementação do programa nos Campi, a importância dos diferentes atores institucionais envolvidos,
bem como as ações realizadas para fortalecimento da Agricultura Familiar. Igualmente, foram pontuadas
as estratégias de execução do programa a partir das orientações da Resolução n°02, de 09 de abril de 2020,
que dispõe sobre a execução do PNAE durante o período de estado de calamidade pública, reconhecido
pelo Decreto Legislativo n° 06, de 20 de março de 2020, e da Emergência de Saúde Pública de importância
internacional decorrente do novo coronavírus – Covid19. Como resultado das ações institucionais
elaboradas pelo Grupo de Trabalho, o IFMA amplia a implementação do PNAE quando parte em 2018 de
quatro (04) Campi que executavam o programa para vinte um (21) Campi no ano de 2020.
INTRODUÇÃO
3 Grupo de Trabalho do PNAE: Presidente - Washington Luís Ferreira Conceição. Membros: Dayse da Silva Rocha
Araújo, Juariedson Lobato Belo, José Evangelista Silva Pereira, Rosa-Lima Vasconcelos Coêlho Duailibe, Flávia
Arruda de Sousa, Mayanna de Jesus Silva, Dalva Muniz Pereira, João da Paixão Soares, Wady Lima Castro Junior,
Madalena Martins de Sousa Neves. Silvana Maria Ribeiro Pereira.
REFERÊNCIAS
BOSQUILIA, S. G. C. de C.; PIPITONE, M. A. P. A Soberania Alimentar e o Programa Nacional de Alimentação Escolar
no município de Piracicaba (SP): concepções e redefinições. Segurança Alimentar e Nutricional, Campinas, SP, v.
23, n. 2, p. 973–983, 2016. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/san/article/view/8647779.
Acesso em: 19 out. 2021.
BRASIL. Lei nº. 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa
Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; [..]. Brasília, DF: Presidência da República. 2009. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11947.htm. Acesso em: 19 out. 2021.
BRASIL. Resolução CD/FNDE nº 02, de 09 de abril de 2020. Dispõe sobre a execução do Programa Nacional
de Alimentação Escolar – PNAE durante o período de estado de calamidade pública, reconhecido pelo Decreto
Legislativo nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente
do novo Coronavírus – COVID-19. Brasília, DF: Diário Oficial da União, Seção 1, 70, p. 27, 13 abr. 2020c. Acesso em:
29 de dez. 2021.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. População no último Censo. Brasil/Maranhão, 2010. Disponível
em: https://bit.ly/3vwetbd. Acesso em: 19 out. 2021.
IFMA. Instituto Federal do Maranhão. Plano de Desenvolvimento Institucional: IFMA - 2019-2023. Ministério da
Educação. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Maranhão, São Luis, jun. 2019. Disponível em: https://portal.ifma.edu.br/wp-content/uploads/2019/09/IFMA-PDI-
PRINCIPAL-v18-20190626-visualizacao.pdf. Acesso em: 19 out. 2021.
INTRODUÇÃO
O
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) tem por objetivo oferecer
refeições que cubram as necessidades nutricionais dos estudantes durante o
período letivo para que esses cresçam, se desenvolvam biopsicossocialmente,
tenham um bom rendimento escolar e, através de ações de educação alimentar e nutricional,
absorvam e pratiquem hábitos alimentares saudáveis (BRASIL, 2009).
Sigman et al. (2014) ratificam a relação existente entre a aprendizagem e a alimentação
destacando que, independente dos métodos pedagógicos empregados, a alimentação inadequada,
mais comum em estudantes de classes menos favorecidas socioeconomicamente, dificulta o
aprendizado. De acordo com as informações cedidas pelos estudantes no ato da matrícula, a gestão
do campus observou que em torno de 60% são oriundos da rede pública. Visando a importância do
PNAE para a comunidade escolar, como também a necessidade de implementar estratégias que
contribuam para permanência e êxito dos discentes, o Campus Caruaru resolveu unir esforços
para iniciar a oferta de alimentação para seus estudantes. Dessa forma, pretende-se relatar as
articulações realizadas pela gestão e equipe do campus a fim de executar o programa.
1 Nutricionista, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE). E-mail: monica.gomes@
caruaru.ifpe.edu.br.
2 Nutricionista, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE). E-mail: jamillemendonca@
barreiros.ifpe.edu.br.
3 Nutricionista, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE). E-mail: silvia.oliveira@
reitoria.ifpe.edu.br.
4 Professora EBTT, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE).E-mail: dg@caruaru.
ifpe.edu.br.
5 Auxiliar em Administração, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE). E-mail:
[email protected].
Figura 2 - Atividade de Educação Alimentar e Nutricional com alunos dos cursos integrados - Caruaru, 2019.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº. 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro
Direto na Escola aos alunos da educação básica; [..]. Brasília, DF: Presidência da República. 2009. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11947.htm. Acesso em: 21 out. 2021.
BRASIL. Resolução/CD/FNDE nº 6 de 8 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da
educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Diário Oficial da União, Seção 1, n. 89, p.
38, 12 maio 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-6-de-8-de-maio-de-2020-256309972.
Acesso em: 21 out. 2021.
MONTEIRO, L. C.; MENDES, R. M. de O.; TONEZER, C. Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e a Segurança
Alimentar na aquisição de produtos provenientes da Agricultura Familiar em São Lourenço do Oeste – SC. Territórios,
Redes e Desenvolvimento Regional: perspectivas e desafios Santa Cruz do Sul, RS, Brasil, 13 a 15 de setembro de 2017.
Disponível em: https://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/sidr/article/view/16513/4360. Acesso em: 21 out. 2021.
SIGMAN, M.; PEÑA, M.; GOLDIN, A. P.; RIBEIRO, S. Neuroscience and education: prime time to build the bridge. Nature
Neuroscience, v. 17, n. 4, p. 497-502, abr. 2014. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24671066/. Acesso em:
6 set. 2021.
INTRODUÇÃO
O
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas – IFAM/
Campus Eirunepé, integra o programa de expansão da Rede Federal de
Educação Profissional e Tecnológica na região Norte do Brasil. O município
de Eirunepé está localizado em plena Floresta Amazônica, maior floresta equatorial do mundo.
Pertence à Microrregião do rio Juruá e à Mesorregião do Sudoeste Amazonense. As atividades
acadêmicas e administrativas no Campus Eirunepé tiveram início no ano de 2014.
Contudo, a publicação do primeiro Edital da Chamada Pública Nº 001/2019 no IFAM/
Campus Eirunepé, que tratava da aquisição de gêneros alimentícios da Agricultura Familiar,
Empreendedor Familiar Rural, Associações ou Cooperativas da Agricultura Familiar para atender
aos alunos matriculados na Rede Pública de Ensino, visando à oferta da alimentação para os
estudantes dos cursos Técnicos de Nível Médio na forma Integrada, Educação de Jovens e Adultos,
e Subsequentes.
O IFAM/Campus Eirunepé constituiu uma comissão para organizar os trabalhos e todos
os trâmites para a realização do Edital da Chamada Pública, tomando as seguintes medidas:
levantamento de preço no mercado, busca por parceiros para contribuir com a implantação do
programa: Cooperativas, Associações de Produtores Rurais, visita à Sede da Fundação Nacional do
índio (FUNAI) e Instituto de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas (IDAM), participamos
A não participação dos indígenas Kulina e Kanamari na Chamada Pública acabou nos
intrigando. Assim, decidimos compreender o motivo para que pudéssemos oportunizar a participação
deles no próximo edital. Foram detectados diversos entraves: ausência de Associações representativas,
declaração de aptidão do Pronaf – DAP, carência de assistência técnica, barreiras linguísticas, como não
falarem na Língua Portuguesa, entrega dos alimentos na cidade em função do alto preço do combustível.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, G. M. de. Ações de educação alimentar e nutricional no Programa Nacional de Alimentação Escolar.
2014. 142 f. Dissertação (Mestrado em Nutrição) - Universidade Federal de Goiás, Faculdade de Nutrição (FANUT),
Programa de Pós-graduação em Nutrição e Saúde, Goiânia, 2014. Disponível em: http://repositorio.bc.ufg.br/tede/
bitstream/tede/4261/5/Disserta%c3%a7%c3%a3o%20-%20G%c3%a9ssica%20Mercia%20de%20Almeida%20-%202014.
pdf. Acesso em: 21 out. 2021.
AMORIM, Genoveva Santos. Entre viajar e morar: narrativas sobre a territorialidade kulina. 2019. 299 f. Tese
(Doutorado em Antropologia Social) - Universidade Federal do Amazonas, Manaus, 2019. Disponível em: https://tede.
ufam.edu.br/handle/tede/7105. Acesso em: 29 ago. 2021.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência
da República, 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art208.
Acesso em: 14 set. 2021.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília,
DF: Presidência da República, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em:
21 out. 2021.
BRASIL. Lei nº. 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa
Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; [..]. Brasília, DF: Presidência da República, 2009. Disponível
em: https://bit.ly/3zneH56. Acesso em: 14 set. 2021.
MAGALHÃES, Priscila Hanaku Ishi de. Kanamari do Juruá (Família Katukina): aspectos fonológicos e morfossintáticos.
2018. 218 f. Tese (Doutorado) - Curso de Linguística, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2018. Disponível
em: http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/332897/1/Magalhaes_PriscilaHanakoIshyDe_D.pdf. Acesso em:
01 set. 2021.
RESUMO
O
relato descreve a experiência de distribuição dos kits alimentares aos estudantes do IF Baiano,
Campus Serrinha, durante a suspensão das atividades presenciais em decorrência da pandemia
da COVID-19, com o objetivo de dar visibilidade às ações institucionais e demonstrar esforços
empregados para manutenção do PNAE, assim promover meios de inclusão social. Foi realizado um
planejamento prévio e divisão do trabalho, envolvendo a aquisição e recepção dos gêneros alimentícios,
em seguida a montagem e distribuição dos kits alimentares. Todos os estudantes do ensino básico e do
superior matriculados no campus que solicitaram foram contemplados com os kits alimentares, contendo
uma variedade de gêneros alimentícios (a exemplo de grãos, cereais, hortifrutis, lácteos, ovos, produtos
regionais da agricultura familiar etc.). A realização do trabalho só foi possível por causa do empenho
coletivo dos servidores que acreditaram na proposta, a atividade se aprimorou na segunda e na terceira
distribuição, tornando-a mais organizada. Foi um aprendizado para os envolvidos, importante para ser
socializado, mostrando as possibilidades de execução do Programa, mesmo durante a pandemia.
INTRODUÇÃO
O relato descreve a experiência de distribuição dos kits alimentares aos estudantes do IF
Baiano, Campus Serrinha, com o objetivo de dar visibilidade às ações institucionais e demonstrar
esforços empregados para manutenção do PNAE durante a suspensão das atividades presenciais em
decorrência da pandemia da COVID-19, assim promover meios de inclusão social. Fundamentado
na Resolução n° 02, de 09/04/2020 do FNDE, o Instituto Federal Baiano autorizou a utilização
Responsáveis Ações desenvolvidas na fase Ações desenvolvidas fase de recepção dos gêneros
aquisição dos gêneros alimentícios alimentícios e entrega dos kits alimentares
e preparação do campus
Equipe administrativa - Solicitação dos EPIs e insumos de - Organização dos servidores (efetivos e/ou terceirizados)
limpeza; para o recebimento das mercadorias.
Fonte: Figura elaborada por uma servidora do IF Baiano, Campus Serrinha, 2020.
Foi uma mobilização coletiva, com muitas reuniões virtuais e trocas de mensagens
para delinear as estratégias possíveis. Entretanto, a realização do trabalho só foi possível por
causa do empenho dos servidores (efetivos e terceirizados) que acreditaram na proposta. Durante
2020 foram três entregas de kits alimentares (nos meses de junho, setembro e novembro), em
cada foram distribuídos 210 kits em média para todos os estudantes matriculados solicitantes. A
atividade se aprimorou na segunda e na terceira distribuições, tornando-a mais organizada.
Sabemos que a ação não resolve por completo o complexo problema social entranhado
na história do nosso país, contudo concebemos que cumprimos nosso papel no apoio para o
desenvolvimento local, amenizando o desassossego daquela comunidade ainda mais abalada pelas
consequências da pandemia. Alguns depoimentos, como os relatados a seguir, corroboram com a
expectativa empregada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei n. 13.987 de 07 de abril de 2020. Altera a Lei n. 11.947, de 16 de junho de 2009, para autorizar, em caráter
excepcional, durante o período de suspensão das aulas em razão de situação de emergência ou calamidade pública, a
distribuição de gêneros alimentícios adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
aos pais ou responsáveis dos estudantes das escolas básicas de educação básica. Brasília, DF: Diário Oficial da União:
Seção: 1, n. 67-B, p. 9, 07 abr. 2020b. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-13.987-de-7-de-abril-
de-2020-251562793. Acesso em: 18 out. 2021.
PACHECO, E. (Org,). Os Institutos Federais, uma revolução na educação profissional e tecnológica. Natal, RN: IFRN, 2010.
INTRODUÇÃO
O
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) teve origem ainda na
década de 40 no Brasil, fomentado nas ideias do Instituto de Nutrição que
defendia a oferta de alimentação aos alunos da rede pública pelo Governo Federal,
porém, como o governo não dispunha de recursos, este programa não pode ser posto em prática
(ÁVILA; CALDAS; ASSAD., 2013).
Com sua implantação apenas no ano de 1955, o PNAE é um programa do Governo Federal
que vem contribuindo para o crescimento, desenvolvimento, a aprendizagem, o rendimento
escolar dos estudantes e a formação de hábitos alimentares saudáveis, por meio da oferta da
alimentação escolar e de ações de educação alimentar e nutricional (SOUZA et al., 2020).
Para Vilela (2020), ao avaliar a implantação do PNAE no Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Minas Gerais – Campus São João Evangelista (IFMG/SJE) e o Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – Campus Senhor do Bonfim (IFBaiano/SB),
a implementação do Programa é instigada pela maneira como esses atores implementadores
interagem entre si e, ainda, pelo modo que eles reproduzem no ambiente institucional suas
concepções sobre a política pública e sobre o papel da instituição e desses implementadores diante
do Programa Nacional de Alimentação Escolar.
1 Prof. Dr. Instituto Federal da Paraíba, Campus Princesa Isabel. E-mail: [email protected].
2 Administrador, Instituto Federal da Paraíba, Campus Princesa Isabel. E-mail: [email protected].
3 Auxiliar em administração, Instituto Federal da Paraíba, Campus Princesa Isabel. E-mail: E-mail: robson.lima@
ifpb.edu.br.
4 Técnico em agropecuária, Instituto Federal da Paraíba, Campus Princesa Isabel. [email protected].
5 Prof. Dr. Instituto Federal da Paraíba, Campus Princesa Isabel. E-mail: [email protected].
A primeira contratação feita pelo campus foi no final do exercício de 2018, em parceria
com o IFPB Campus Sousa. Essa parceria ocorreu por meio de uma única Chamada Pública, a qual
foi dividida em lotes, onde cada lote abrangia os itens de alguns campi do IFPB. Essa prática se
mostrou a mais recomendada, pois não tínhamos, no quadro de servidores do Campus, pessoas
com conhecimento nesse molde de contratação, bem como devido à celeridade que se mostrava
necessária naquele momento, haja vista a iminência de devolução dos recursos, com a chegada do
final do exercício financeiro. No lote destinado para nosso Campus, apenas um único fornecedor
enviou proposta e os itens se resumiam a apenas frutas in natura, que eram laranjas, banana-
prata e manga. Além disso, cumpre informar que essa foi a primeira contratação e execução desse
recurso, por parte do IFPB Campus Princesa Isabel, motivo de orgulho e reconhecimento, no
âmbito do IFPB.
Como no ano de 2019 não houve execução, devido aos entraves e barreiras já mencionadas,
a gestão do campus se preparou para execução em 2020, inclusive com o planejamento de
contratação sendo feito pelo próprio Campus. Um dos materiais que contribuíram para a formação
foi o Manual de Gestão do PNAE para a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica do IFSULDEMINAS (HIRATA et al., 2017).
Assim que houve a informação que o recurso do PNAE foi descentralizado pelo FNDE/
MEC ao IFPB, nosso campus já manifestou interesse em executar o recurso, entretanto veio a
pandemia e com ela, a suspensão das atividades presenciais, como medida de enfrentamento à
Figura 2 - Kits oriundos da agricultura familiar (A) sendo transportados ao Campus Princesa Isabel (B).
Figura 3- Composição dos Kits da agricultura familiar entregues aos estudantes no ano de 2021.
REFERÊNCIAS
AVILA, M. L.; CALDAS, E. L.; ASSAD, S. S. Sinergia e coordenação em políticas públicas: o caso do PAA e PNAE. Sociedade
e Desenvolvimento Rural, Brasília, v. 7, n. 3, p. 68-81, jul. 2013. Disponível em: https://core.ac.uk/download/pdf/37521552.
pdf. Acesso em: 19 out. 2021.
BRASIL. Lei n. 13.987 de 07 de abril de 2020. Altera a Lei n. 11.947, de 16 de junho de 2009, para autorizar, em caráter
excepcional, durante o período de suspensão das aulas em razão de situação de emergência ou calamidade pública,
a distribuição de gêneros alimentícios adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
aos pais ou responsáveis dos estudantes das escolas básicas de educação básica. Diário Oficial da União: Seção: 1, n. 67-
B, p. 9, 07 abr. 2020b. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-13.987-de-7-de-abril-de-2020-251562793.
Acesso em: 19 out. 2021.
BRASIL. Lei n. 13.987 de 07 de abril de 2020. Altera a Lei n. 11.947, de 16 de junho de 2009, para autorizar, em caráter
excepcional, durante o período de suspensão das aulas em razão de situação de emergência ou calamidade pública,
a distribuição de gêneros alimentícios adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
aos pais ou responsáveis dos estudantes das escolas básicas de educação básica. Diário Oficial da União: Seção: 1, n. 67-
B, p. 9, 07 abr. 2020b. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-13.987-de-7-de-abril-de-2020-251562793.
Acesso em: 19 out. 2021.
HIRATA, A. R.; ROCHA, L. C. D.; RAIMUNDO, R.R.F.; COELHO, M.S.M.; BRANT, N. L. C. Manual de gestão do PNAE para a
rede federal de educação profissional, científica e tecnológica. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica, Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais. Pouso Alegre: Ifsuldeminas, 2017. Disponível em: https://
portal.ifsuldeminas.edu.br/images/PDFs/proex/pnae/Manual_de_Gestao_do_PNAE_para_os_IFs_-_Rog%C3%A9rio_
Socorro_e_Luizinho.pdf. Acesso em: 19 out. 2021.
SOUZA, S. F.; SOUZA, A. R.; SANTOS, R. B. N.; RAMOS, M. C. P. Impactos do Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE) no Estado da Paraíba, Brasil. Revista de Ciências Agrárias, v. 43, Especial 1, p. 95-105, 2020. Disponível em: https://
revistas.rcaap.pt/rca/article/view/18972/15204. Acesso em: 19 out. 2021.
TESOURO GERENCIAL. Recurso do Programa Nacional de Alimentação Escolar. Disponível em: https://tesourogerencial.
tesouro.gov.br. Acesso em 05 de jul. 2022.
VILELA, K. F. Dinâmica relacional da implementação do Programa Nacional de Alimentação Escolar nos Institutos
Federais brasileiros. 2020. 279 f. Tese (Doutorado em Extensão Rural) - Universidade Federal de Viçosa, Programa de
Pós-Graduação em Extensão Rural, Viçosa, MG. 2020. Disponível em: https://www.locus.ufv.br/handle/123456789/27694.
Acesso em: 19 out. 2021.
INTRODUÇÃO
E
ste texto relata a experiência sobre a distribuição de kits de alimentação durante os
anos de 2020 e 2021, durante a pandemia do COVID-19, para estudantes do IFSC
– Campus São Carlos. O objetivo da atividade foi distribuir alimentos adquiridos
por meio de Chamada Pública 07/2020 para os estudantes de Ensino Técnico Integrado ao
Ensino Médio, Educação de Jovens e Adultos Profissionalizante e Ensino Técnico Subsequente
do campus. Esses eram os estudantes atendidos pela distribuição de frutas como banana, maçã,
bergamota, e panificados como grostoli, palito salgado, bolacha e cuca durante os intervalos das
aulas presenciais. Com a suspensão das atividades presenciais respeitando o distanciamento
social, foi necessário criar outra forma para que os alimentos chegassem até os estudantes.
A distribuição dos kits a cada duas semanas foi a alternativa encontrada para garantir o
direito dos estudantes da Educação Básica, conforme garante a Constituição Federal de 1988:
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
VII- atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de
programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e
assistência à saúde. (BRASIL, 1988).
Assim, foi garantido o direito do educando de ter acesso à alimentação escolar, mesmo
não estando na escola, mas desempenhando atividades escolares em seu lar.
A mobilização para a distribuição dos alimentos para os estudantes durante a pandemia
do Covid-19 iniciou em maio de 2020, quando foi realizada a Chamada pública 07/2020 cujos
vencedores foram a Cooper Sabor Colonial – fornecedor de frutas – e a Senhora Marilda Lauschner –
fornecedora de panificados.
REFERÊNCIAS
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da
República. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art208. Acesso em:
19 out. 2021.
RESUMO
O
objetivo deste relato é discorrer acerca das experiências relacionadas ao processo de execução
conjunta da Chamada Pública 05/2021/Dispensa de licitação 08/2021 para a aquisição de gêneros
alimentícios pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) entre os campi Canoinhas,
Caçador e Joinville do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC).
Para isso, realizamos uma pesquisa qualitativa, do tipo relato de experiência. O processo trouxe um
grande aprendizado aos servidores envolvidos e também ao IFSC, pois gerou uma experiência coletiva
e parcerias entre agricultores familiares, cooperativas e entidades articuladoras municipais, estaduais e
federais, como também o fortalecimento da missão e dos valores do IFSC com a comunidade estudantil.
INTRODUÇÃO
O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), segundo Peixinho (2013, p. 910),
é considerado “como a política pública de maior longevidade do país na área de segurança
alimentar e nutricional”, pois as primeiras ações referentes “à alimentação e nutrição no Brasil
datam da década de 1930, quando a fome e a desnutrição foram reconhecidas como graves
problemas de saúde pública no país”. Desde então, o programa, gerenciado pelo Fundo Nacional
de Desenvolvimento da Educação (FNDE), tem-se incumbido de garantir a sua continuidade,
uma vez que “a alimentação escolar é direito dos alunos da educação básica pública e dever
CONSIDERAÇÕES
As experiências vivenciadas propiciaram a construção de conhecimento e partilha de
saberes por todos os envolvidos na execução do processo de compra dos gêneros alimentícios do
PNAE. Além disso, possibilitaram estreitar as parcerias entre agricultores familiares, cooperativas
e entidades articuladoras municipais, estaduais e federais. É importante frisar que as parcerias e a
visibilidade que o processo adquiriu ao longo da sua execução, fortaleceram os laços de cooperação
e a consolidação da missão e dos valores do IFSC com a comunidade estudantil.
Vale destacar que, com a pandemia da Covid-19, várias adaptações foram realizadas,
desde o edital até a forma de execução, outrora presencial e agora online, as quais potencializaram
a realização de chamadas públicas por meio das tecnologias digitais, o que aproximou os
agricultores familiares das novas metodologias e da dinâmica da instituição, bem como contribuiu
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei nº. 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa Dinheiro
Direto na Escola aos alunos da educação básica; [..]. Brasília, DF: Presidência da República, 2009. Disponível em:
https://bit.ly/3zneH56. Acesso em: 19 out. 2021.
BRASIL. Resolução CD/FNDE nº 02, de 09 de abril de 2020. Dispõe sobre a execução do Programa Nacional de
Alimentação Escolar – PNAE durante o período de estado de calamidade pública, reconhecido pelo Decreto Legislativo
nº 6, de 20 de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância internacional decorrente do novo
Coronavírus – COVID-19. Brasília, DF: Diário Oficial da União, Seção 1, 70, p. 27, 13 abr. 2020a. Acesso em: 19 out. 2021.
BRASIL. Resolução CD/FNDE nº 02, de 09 de abril de 2020. ia de saúde pública de importância internacional
decorrente do novo Coronavírus – C, Seção 1, 70, p. 27, 13 abr. 2020a. Disponível em: https://bit.ly/3Kq7jMk.
Acesso em: 19 out. 202
BRASIL. Resolução Nº 6, de 8 de maio de 2020. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar aos alunos da
educação básica no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE. Brasília, DF: Diário Oficial da
União, Seção: 1, n. 89, p. 38, 12 maio 2020b. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-6-de-8-
de-maio-de-2020-256309972. Acesso em: 19 out. 2021.
IFSC. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina. Instrução Normativa nº 15, de 24 de
julho de 2020. Estabelece medidas de caráter excepcional no âmbito do Programa de Atendimento ao Estudante
em Vulnerabilidade Social (PAEVS) e Programa de Alimentação Estudantil do IFSC, devido à Pandemia Covid-19.
Florianópolis: IFSC, 2020. Disponível em: https://bit.ly/3E40hJP. Acesso em: 19 out.. 2021.
LOPES, M. V. O. Sobre estudos de casos e relatos de experiências. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, v. 13,
n. 4, 2012. Disponível em: http://www.periodicos.ufc.br/rene/article/view/4019. Acesso em: 19 out. 2021.
PEIXINHO, A. M. L. A trajetória do Programa Nacional de Alimentação Escolar no período de 2003: relato do gestor
nacional. Revista Ciência e Saúde Coletiva, v. 18, p. 909-916, abr. 2013. Disponível em: https://bit.ly/3vwDRxD.
Acesso em: 19 out. 2021.
SANTA CATARINA. Secretaria de Estado da Saúde e Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento
Rural. Portaria conjunta SES/SAR n° 459, de 07 de junho de 2016. Diário Oficial do Estado de Santa Catarina: Florianópolis,
ano 82, n. 20.358, p. 5-6, 10 ago. 2016. Disponível em: http://www.cidasc.sc.gov.br/defesasanitariavegetal/files/2017/08/
Di%C3%A1rio-Oficial-Portaria-SES-SAR-459-2016-pg-5-e-6.pdf. Acesso em: 1 out. 2021.
INTRODUÇÃO
O
presente relato visa compartilhar uma experiência de trabalho
interdisciplinar, entre as áreas de Serviço Social e Nutrição, com a criação e
desenvolvimento do Programa de Segurança Alimentar e Nutricional (PSAN),
no Campus Macaé do IFFluminense, durante a pandemia do COVID-19.
AS MOTIVAÇÕES
A alimentação escolar é imediatamente associada à merenda ofertada aos estudantes
no espaço da instituição de ensino em horários de intervalos das aulas. Porém, a alimentação
escolar não é mera garantia de refeições entre atividades letivas. Ela cumpre, em muitos casos,
especialmente quando tratamos de instituições públicas de ensino, a função social de segurança
alimentar e nutricional dos estudantes que, em grande parte das vezes, têm nesta(s) refeições a
única ou a principal fonte de nutrientes diária.
Cabe lembrar que a alimentação é um direito social, estabelecida pela Constituição
Federal Brasileira, assinalando como dever do Estado a adoção de políticas e ações necessárias
para promover e garantir a segurança alimentar e nutricional da população (BRASIL, 2010). A Lei
1 Nutricionista do IFFluminense - Campus Macaé, pós-graduada em Nutrição Clínica Funcional pela Universidade
Cruzeiro do Sul – UNICSUL, coordenadora do projeto de extensão Promoção de Ações de Educação Alimentar e
Nutricional no Instituto Federal Fluminense (IFF), Campus Macaé, em uma Perspectiva Política e Multidimensional.
E-mail: [email protected].
2 Assistente social do IFFluminense - Campus Macaé, doutoranda em Serviço Social pela UERJ, mestre em Serviço
Social pela UFJF, uma das idealizadoras do projeto de extensão Tecendo Relações: saberes e estratégias de
promoção de saúde mental no âmbito escolar. E-mail: [email protected].
3 Assistente social no IFFluminense - Campus Macaé, mestre em Serviço Social pela UFRJ, coordenadora do projeto de
extensão Tecendo Relações: saberes e estratégias de promoção de saúde mental no âmbito escolar. E-mail: jessica.
[email protected].
Art. 4º O Programa Nacional de Alimentação Escolar - PNAE tem por objetivo contribuir
para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento
escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos, por meio de ações
de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas
necessidades nutricionais durante o período letivo (BRASIL, 2009).
No entanto, o contexto colocado pela pandemia trouxe situações inéditas no que se refere
à alimentação escolar. Diante da suspensão repentina das aulas presenciais no país, parte da
equipe de assistência estudantil do Campus Macaé do IFF, composta por duas assistentes sociais e
uma nutricionista, identificou a urgente necessidade de repensar a alimentação escolar.
As ações imediatas decorreram do repasse, aos estudantes atendidos pelo Programa de
Assistência Estudantil da unidade, dos alimentos perecíveis e/ou com prazos de validade curtos,
guardados em estoque. Essa medida, além de garantir o não desperdício dos alimentos adquiridos
com os recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e do Programa Nacional
de Assistência Estudantil (PNAES), garantiu um atendimento imediato aos estudantes, que já se
encontravam em situação econômica vulnerável, e condições de planejamento da equipe para os
meses seguintes.
Ao perceber que a suspensão das aulas perduraria por, pelo menos, mais alguns meses e
com respaldo do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) que alertou, em Nota Pública, para a
necessidade de políticas de segurança alimentar e nutricional no momento em que uma parcela
significativa da população brasileira se encontrava em situação de vulnerabilidade social decorrente
ou agravada pelos impactos da pandemia de coronavírus (CFN, 2020), a equipe multidisciplinar
propôs aos gestores do campus a construção de alternativas de atendimento. Possibilidades que
também foram colocadas pela Lei n.º 13.987 de 2020, que autorizou a execução dos recursos
oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) disponibilizados através
do PNAE para realizar, em caráter excepcional, a distribuição de gêneros alimentícios adquiridos
com o referido recurso para estudantes e seus familiares.
A percepção do agravamento das condições socioeconômica dos estudantes em
decorrência da pandemia, se deu por meio de atendimentos e relatos destes e familiares às
assistentes sociais. Posteriormente, em uma pesquisa realizada também pelas assistentes
sociais da unidade, constatou-se que mais de 50% das famílias dos respondentes haviam tido
As ações de atendimento previstas pelo PSAN são múltiplas, se configurando como uma
política emergencial contínua, enquanto permanecer a suspensão das aulas presenciais. São elas:
1) auxílio financeiro aos estudantes inscritos e/ou habilitados no valor de R$ 200,00 (duzentos
reais) por mês; 2) repasse de kits de alimentos, de acordo com a classificação dos estudantes,
segundo a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA)5 e com a disponibilidade dos itens
alimentícios; 3) orientações nutricionais, assistenciais e articulações possíveis com a rede de
políticas públicas municipais àqueles que necessitem.
Ao longo de seu desenvolvimento, que já completa mais de doze meses, o PSAN está em
seu terceiro edital. O primeiro operou de maio a dezembro de 2020, com todas as ações acima
descritas. O segundo esteve vigente de janeiro a agosto de 2021, atendendo, porém, apenas com o
repasse de kit de alimentos da agricultura familiar, devido aos lamentáveis cortes no orçamento
da educação pública brasileira, que consequentemente impactou a verba destinada ao PNAES e
custeio. O terceiro edital é bem recente e objetiva atender, com o auxílio financeiro6 e repasse de
kits de alimentos, tanto os alunos atendidos no edital anterior, quanto os alunos novos, ingressados
no campus em agosto para o ano letivo de 2021 e demais que passaram a necessitar.
4 Pesquisa sobre condições dos discentes do IFF, Campus Macaé, no período da pandemia. Disponível em: http://
portal1.iff.edu.br/nossos-campi/macae/noticias/pesquisa-aponta-condicoes-dos-discentes-de-macae-na-pandemia
5 A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) é uma escala psicométrica, que avalia de maneira direta uma
das dimensões da segurança alimentar e nutricional em uma população, por meio da percepção e experiência com
a fome. Estudo Técnico Nº 01/2014, vide referências bibliográficas.
6 Possibilitado mediante orçamento com o não retorno presencial do funcionamento do campus.
REFERÊNCIAS
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da
República. 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art208.
Acesso em: 14 set. 2021.
BRASIL. Emenda Constitucional nº64, de 04 de fevereiro de 2010. Altera o art. 6º da Constituição Federal, para
introduzir a alimentação como direito social. 2010. Brasília, DF: Presidência da República. 2010. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc64.htm. Acesso em: 19 out. 2021.
BRASIL. Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006. Cria o Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional –
SISAN com vistas em assegurar o direito humano à alimentação adequada e dá outras providências. Brasília, DF:
Presidência da República. 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11346.
htm. Acesso em: 19 out. 2021.
BRASIL. Lei nº. 11.947 de 16 de junho de 2009. Dispõe sobre o atendimento da alimentação escolar e do Programa
Dinheiro Direto na Escola aos alunos da educação básica; [..]. Brasília, DF: Presidência da República. 2009. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l11947.htm. Acesso em: 19 out. 2021.
BRASIL. Lei n. 13.987 de 07 de abril de 2020. Altera a Lei n. 11.947, de 16 de junho de 2009, para autorizar, em caráter
excepcional, durante o período de suspensão das aulas em razão de situação de emergência ou calamidade pública,
a distribuição de gêneros alimentícios adquiridos com recursos do Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE) aos pais ou responsáveis dos estudantes das escolas básicas de educação básica. Diário Oficial da União:
Seção: 1, n. 67-B, p. 9, 07 abr. 2020b. Disponível em: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/lei-n-13.987-de-7-de-abril-
de-2020-251562793. Acesso em: 19 out. 2021.
CFN. Conselho Federal de Nutricionistas. Nota Pública sobre a execução do PNAE durante o período de estado de
calamidade pública e da emergência de saúde pública decorrente do novo coronavírus. Brasília-DF, 13 abr. 2020.
Disponível em: https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/2020/04/NOTA_PNAE.pdf. Acesso em: 19 out. 2021.