Caderno Doutrinário 1 - Internvenção Policial
Caderno Doutrinário 1 - Internvenção Policial
Caderno Doutrinário 1 - Internvenção Policial
Intervenção Policial,
Verbalização e
Uso de Força
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Caderno Doutrinário 1
INTERVENÇÃO POLICIAL,
VERBALIZAÇÃO E USO DE FORÇA
Missão
Visão
Valores
b) Ética e Transparência.
d) Disciplina e Inovação.
e) Liderança e Participação.
f ) Coragem e Justiça.
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Caderno Doutrinário 1
INTERVENÇÃO POLICIAL,
VERBALIZAÇÃO E USO DE FORÇA
Belo Horizonte
2010
Direitos exclusivos da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG)
MINAS GERAIS. Polícia Militar de. Intervenção Policial, Verbalização e Uso de Força
1. Intervenção policial. 2. Uso de força. 3. Atuação policial. 4. Técnica e tática policial militar.
5. Verbalização policial. I. Título. II. Série
CDU 355.014
CDD 363.22
ADMINISTRAÇÃO:
2 PREPARO MENTAL. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3 AVALIAÇÃO DE RISCOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
3.2 Aplicação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
4 PENSAMENTO TÁTICO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
5 INTERVENÇÃO POLICIAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
7 USO DE FORÇA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
7.3.2 Roteiro básico de apuração referente ao uso de força e arma de fogo . . . . . . . . . 106
GLOSSÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109
REFERÊNCIAS. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 117
SEÇÃO 1
APRESENTAÇÃO
Caderno Doutrinário 1
1 APRESENTAÇÃO
1 Ressalta-se que as normas internacionais em que o Brasil é signatário, se incorporam ao ordenamento jurídico brasileiro, via de regra,
com força de lei ordinária.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Finalizando, a seção 7 dispõe sobre o uso de força, seus diferentes níveis, além
de trazer considerações e orientações sobre o uso de arma de fogo e de força
potencialmente letal, consistindo num referencial para que o policial tenha
segurança em utilizá-la, desde que em conformidade com os princípios éticos
e legais que regem seu emprego. É importante acrescentar que a elaboração
desta seção contou com a colaboração destacada de instrutores formados no
âmbito do projeto de integração das normas de Direitos Humanos à prática
policial, promovido pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
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Caderno Doutrinário 1
Este conjunto de “Cadernos Doutrinários” operacionais denomina-se Prática
Policial Básica e será composto pelos seguintes documentos:
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SEÇÃO 2
PREPARO MENTAL
Caderno Doutrinário 1
2 PREPARO MENTAL
É fato que cada ocorrência policial possui um conjunto de variáveis que a torna
única. Cada intervenção é singular, exigindo que o policial seja versátil e capaz
de adaptar-se às peculiaridades de cada situação do cotidiano operacional.
Nesse contexto, a segurança do policial, na execução das suas tarefas, está dire-
tamente relacionada ao seu preparo mental2.
2 No Manual de Prática Policial – Geral / Volume 1 (2002), o termo utilizado no Título do Capítulo II é “condicionamento mental”.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
3 No Manual de Prática Policial – Geral / Volume 1 (2002) são chamados de “estados de alerta”. De um modo geral é tratado
internacionalmente como “Early Warning System”, ou seja, sistema de alarme prévio, utilizado em várias atividades, principalmente em
Defesa Civil.
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Caderno Doutrinário 1
Exemplo: o policial de folga almoçando com sua família pode se encon-
trar no estado relaxado. Por outro lado, num patrulhamento, escutando
música com fone de ouvido ou conversando ao celular assuntos diversos
do policiamento ora executado, colocará a sua segurança e a de seu grupo
em risco, caso tenha que fazer sua própria segurança e de sua equipe
numa intervenção inesperada.
Neste estado de prontidão, o policial está atento, precavido, mas não está
tenso. Apresenta calma, porém, mantém constante vigilância das pessoas,
dos lugares, das coisas e ações ao seu redor por meio de uma observação
multidirecional e da atenção difusa (em 360º).
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Quando o policial se depara com uma ameaça para a qual não está pre-
parado ou quando se mantém num estado de tensão por um período de
tempo muito prolongado, seu organismo entra num processo de sobre-
carga física e emocional.
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Caderno Doutrinário 1
em uma espécie de “apagão”, o que impossibilita ao policial dar respostas
apropriadas ao nível da ameaça sob a qual estaria exposto.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Esse processo pode ser conduzido, logo após o desfecho da ocorrência, pelo
próprio comandante da guarnição, incentivando o grupo a conversar sobre a
experiência vivida. A manutenção do espírito de equipe e da confiança entre
líder e liderados são fatores importantes para minimizar o desgaste do profis-
sional.
Caso não haja preocupação com essas medidas, o policial estará mais pro-
penso a desenvolver um quadro de estresse crônico. Comportamentos de irri-
tabilidade, intolerância e impaciência são sintomas comuns e, agindo sobre os
efeitos deste quadro, o policial poderá responder de forma impulsiva quando
se deparar com situações de ameaça e perigo, ou ainda, com reações exage-
radas mesmo em ocorrências com baixo nível de risco e complexidade (nível
de força incompatível com a análise de risco e reação do abordado). Tudo isso
pode favorecer o surgimento de estados de pânico (preto) durante o serviço
operacional. Medidas que incentivam o retorno ao estado relaxado (branco)
e de atenção (amarelo) são, portanto, estratégias que contribuem tanto para a
prevenção da saúde mental do profissional de segurança pública quanto para
evitar a banalização de atos de violência nas intervenções policiais.
4 Interpretação institucional da PMMG do princípio 21 dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei (PBUFAF) e em conformidade com o Memorando 10.162/ 98 – EMPM/ PMMG que
recomenda o encaminhamento de policial militar envolvido em ocorrências com mortos e feridos ao psicólogo.
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Caderno Doutrinário 1
Quanto melhor preparado mentalmente, melhor condição o policial terá para:
• ter autodomínio para passar para um nível mais alto ou mais baixo de
prontidão, de acordo com a evolução da intervenção.
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SEÇÃO 3
AVALIAÇÃO
DE RISCOS
Caderno Doutrinário 1
3 AVALIAÇÃO DE RISCOS
Toda intervenção envolve algum tipo de risco potencial que deverá ser consi-
derado pelo policial. O risco é a probabilidade de concretização de uma ameaça
contra pessoa e bens; é incerto, mas previsível. Cada situação exigirá que ele se
mantenha no estado de prontidão compatível com a gravidade dos riscos que
identificar. Uma ponderação prévia irá orientar o policial sobre a necessidade e
o momento de iniciar a intervenção, escolhendo a melhor maneira para fazê-lo.
Toda ação policial deverá ser precedida de uma avaliação dos riscos envol-
vidos, que consiste na análise da probabilidade da concretização do dano e
de todos os aspectos de segurança que subsidiarão o processo de tomada de
decisão em uma intervenção, formando um componente importante do pen-
samento tático (ver Pensamento Tático - seção 4).
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
7 A palavra “repressivo” admite conotação depreciativa relacionada, principalmente, a fatores históricos, políticos, culturais e ideológicos
referentes à tríade classe, raça e gênero. Contudo, no âmbito da atividade policial, o termo é empregado para caracterizar ações de cunho
técnico e profissional voltadas a coibir de atos ilícitos que ameaçam direitos fundamentais.
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Caderno Doutrinário 1
• efetivo policial suficiente para atuar com supremacia de força;
3.2 Aplicação
Para cada nível de risco determinado, haverá uma conduta operacional esta-
belecida como referência para a ação policial, cabendo-lhe selecionar os proce-
dimentos mais adequados a cada situação.
8 Interpretação institucional da PMMG do princípio 4 dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei (PBUFAF) e em conformidade com o artigo 3º do Código de Conduta para os Encarregados
pela Aplicação da Lei (CCEAL).
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
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SEÇÃO 4
PENSAMENTO
TÁTICO
Caderno Doutrinário 1
4 PENSAMENTO TÁTICO
DIAGNÓSTICO DA INTERVENÇÃO
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
a) Área de segurança
b) Área de risco
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Caderno Doutrinário 1
Exemplo: a residência onde se encontram suspeitos da prática de um delito.
c) Ponto de foco
Os pontos de foco são partes dentro da área de risco que requerem moni-
toramento específico e demandam imediata atenção do policial, uma vez que
deles podem surgir ameaças que representem risco à segurança dos envol-
vidos. Portas, janelas, escadas, corredores, veículos, obstáculos físicos, escava-
ções, uma pessoa, ou qualquer outro elemento no local de atuação que possa
oferecer ameaça, mesmo que não imediatamente visível ou conhecida, podem
ser considerados como pontos de foco.
Seguindo o exemplo do item “b) Área de Risco”, os pontos de focos poderão ser
as janelas da residência onde se encontram suspeitos da prática de um delito.
d) Ponto quente
Seguindo o exemplo do item “c) Ponto de Foco”, o ponto quente será o suspeito
da prática de um delito, que está posicionado numa das janelas da residência.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Existem três questões chaves para uma correta leitura do ambiente, que levam
à identificação dos riscos presentes numa intervenção policial:
Na cena descrita, existem locais de ameaça que o policial ainda não con-
trola. Qualquer foco de ameaça que não esteja sob o controle visual de
pelo menos um policial é um risco que não se controla. No exemplo, o
policial não deve se colocar parado no passeio em frente à residência,
exposto a tais pontos de foco, pois aumenta o perigo potencial de sofrer
um ataque.
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Caderno Doutrinário 1
• Se esses riscos não estão controlados, como fazê-lo?
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
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Caderno Doutrinário 1
(vermelho) demanda muita atenção quando um ponto quente é identifi-
cado, sendo necessário avaliar qual ameaça é a mais séria e imediata e nela
concentrar esforços. Estando ela dominada, a probabilidade de agressão
diminui.
Consiste nas etapas percorridas por uma pessoa que intenciona agredir o poli-
cial, da seguinte maneira:
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Qualquer que seja a ordem, um provável agressor tem apenas esse processo
de pensamento para percorrer. Isso coloca o policial em desvantagem, pois,
enquanto o agressor passa por TRÊS passos para executar o ataque, o policial
terá, necessariamente, QUATRO fases, a fim de responder a ameaça.
b) surpresa: evitar que o agressor possa antecipar suas ações. Surpresa, por
definição, anda lado a lado com a ocultação. É, em outras palavras, agir sem
ser percebido diminuindo as possibilidades de ser agredido. Se o policial
pode ocultar-se ou mover-se de modo imperceptível, diminuirá a possibili-
dade de ser identificado e sofrer a ação decorrente de um plano de ataque.
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Caderno Doutrinário 1
c) distância: de uma maneira geral, o policial deverá manter-se a uma dis-
tância que dificulte qualquer tipo de ação por parte do abordado. Certa-
mente, se um ataque físico é a preocupação, quanto maior a distância a
ser percorrida pelo agressor para atacar, mais tempo ele demorará para
atingir o policial que, por sua vez, terá mais tempo para identificar, cer-
tificar, decidir e repelir a ameaça. Quanto mais próximo de um agressor,
maiores são as chances do policial ser atingido. O policial estará mais
seguro, quando permanecer a uma distância adequada e sob a proteção
de um abrigo.
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SEÇÃO 5
INTERVENÇÃO
POLICIAL
Caderno Doutrinário 1
5 INTERVENÇÃO POLICIAL
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Uma intervenção policial deve ser dividida em etapas para garantir o seu
sucesso:
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Caderno Doutrinário 1
ação deve ser elaborado de forma simples e verbal, ou exigir maior estru-
turação, conforme a avaliação da complexidade (ver Avaliação de riscos
– seção 3).
• O que fazer?
• Como atuar?
• Quando intervir?
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
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Caderno Doutrinário 1
O contato físico, necessário e inevitável em alguns tipos de abordagem (aquelas
que geram busca pessoal, principalmente), se torna um momento crítico, tanto
para os policiais quanto para os envolvidos. Por um lado, o abordado pode se
sentir constrangido pela intervenção à qual foi submetido e, por outro, pode
oferecer riscos ao policial. Por isso, ao realizar este procedimento, deve-se atuar,
respeitando a dignidade e os direitos fundamentais, sem descuidar-se das
medidas de segurança.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
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Caderno Doutrinário 1
A educação e a polidez devem sempre ser observadas nas abordagens, uma vez
que alguns desfechos são agravados pela postura inadequada adotada pelo
policial.
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SEÇÃO 6
VERBALIZAÇÃO
POLICIAL
Caderno Doutrinário 1
6 VERBALIZAÇÃO POLICIAL
• Emissor é aquele que fala, escreve, desenha, faz mímica; é o ponto de onde
parte a mensagem.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
9 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
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Caderno Doutrinário 1
6.1 Comunicação na abordagem policial
A APRESENTAÇÃO PESSOAL
É O CARTÃO DE VISITA DO POLICIAL.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Ao dirigir-se às pessoas, o policial não deve fazer uso de gírias ou palavras vul-
gares porque transmitem uma má impressão e afetam a credibilidade junto
aos envolvidos. Mantendo uma linguagem firme e cordial, o policial demonstra
profissionalismo e controle da situação.
Cabe ao policial fazer uma leitura do ambiente, para adequar o uso da voz a
cada situação, lembrando que o volume muito baixo inviabiliza a comunicação,
por dificultar o entendimento, e o volume muito alto, quando desnecessário,
pode se tornar agressivo, incômodo e deseducado. Devem ser levadas em con-
sideração as possíveis interferências sonoras (ruídos) presentes em um deter-
minado ambiente.
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Caderno Doutrinário 1
Outros fatores como o timbre (qualidade sonora que identifica a voz de uma
pessoa), a dicção (pronúncia correta dos sons das palavras) e a velocidade com
que se fala são determinantes para a qualidade da comunicação estabelecida.
Nos treinamentos, o policial deve buscar o timbre em que sua voz fique mais
clara, pronunciar as palavras com calma e correção e em velocidade que pos-
sibilite ao interlocutor compreender exatamente o que está sendo dito. A fala
confusa ou vagarosa causa a impressão de indecisão ou desânimo, gera des-
crédito e insegurança. Em contrapartida, falar muito rápido denota ansiedade,
dúvida e desatenção.
O diálogo deve ter uma sequência lógica. A fala do policial deve ser concisa,
expressa por meio de comandos simples, de fácil compreensão e execução e
que poderão ser repetidos se necessário. Conforme o quadro 1.
Postura do Policial
Elementos de Comunicação
ENÉRGICO FIRME AMENO
Expressão Verbal
Voz Alta Moderada Branda
Pausada e solicita
Fala Rápida e Imperativa Fluente e persuasiva
colaboração
Interpelação Sentença exclamatória Frases declarativas Pedido ou apelo
Expressão Facial
Olhos/Olhar Determinado e Repreensivo Firme e Confiante Ameno e Pacífico
Músculos faciais Tensos (contraídos) Normais Relaxados
Expressão Corporal
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Outro aspecto a ser considerado é que toda pessoa tem um espaço (área física
em seu entorno) que considera psicologicamente reservado para aqueles que
são íntimos a ela. Ao aproximar-se demasiadamente de uma pessoa, o policial
invade este “espaço pessoal” e pode provocar, no abordado, o desejo incons-
ciente de afastar, fugir, ou defender-se. Qualquer palavra dita nessa situação
poderá soar agressivamente. Ao abordar, não aponte o dedo indicador para
a face do abordado, nem toque no seu corpo, salvo nos casos em que se faz
necessário o controle de contato, o controle físico e a busca pessoal (ver Uso
de Força - seção 7). Respeitando seu espaço pessoal, será mais fácil obter sua
cooperação.
O policial precisa preocupar-se com a autoridade que representa, dar à sua fala
um conteúdo imperativo, proporcional ao nível de cooperação do abordado,
e primar pelo bom tratamento dispensado às pessoas. O policial modificará
e adequará os elementos da comunicação (volume, timbre, entonação e pos-
tura) de acordo com a necessidade, caso o abordado demonstre algum tipo de
resistência.
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Caderno Doutrinário 1
os controles físicos, as técnicas de menor potencial ofensivo e, como medida
extrema, o uso da arma de fogo.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Um grande número de pessoas não gosta de ser parado pela polícia, ainda que
seja para uma simples verificação de rotina, visto que, na maioria das vezes,
seja de senso comum a ideia de que foi “escolhido” por ter sido considerado
suspeito. Nesses termos, é razoável que o abordado, nas diversas intervenções,
tente argumentar ou questionar a forma ou a legalidade da ação policial, não
cumprindo de imediato as recomendações, alegando não admitir ser tratado
como “infrator”. É importante diferenciar essa compreensível sensação de incô-
modo vivenciada pelo abordado, de outra conduta mais séria que configure os
crimes de resistência, desobediência e/ou desacato.
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Caderno Doutrinário 1
Deve utilizar pausas e interromper a sua fala, aguardando a resposta do abor-
dado, para verificar se houve entendimento da sua mensagem e qual é o nível
preliminar de cooperação demonstrado.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
ou
ou
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Caderno Doutrinário 1
mendação dada, repetindo a mesma ordem por duas ou três vezes. Esse
procedimento de repetição literal da ordem, de forma pausada, sistemática e
firme, reforça a autoridade profissional da polícia, demonstrando determinação
e convicção, além de contribuir para que as eventuais testemunhas possam
confirmar a legalidade da ação.
Utilize expressões que facilitem a aproximação com o abordado. Não seja rís-
pido ou impaciente. Procure alcançar o receptor com seu discurso. Ao invés de
responder com negativas, use afirmativas que desestimulem a sua falta de coo-
peração:
ou
ou
ou
O policial deve considerar que poderão existir diversas razões para que o
abordado possa resistir de maneira passiva às ordens dadas pelo policial, por
exemplo:
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
• quando tem algo para esconder (armas, drogas, outros) e busca distrair a
atenção do policial;
Nesses casos, o policial deve se resguardar, sempre que possível, por meio do
testemunho de pessoas presumidamente idôneas que estejam próximas ao
local, acionando-as para que presenciem a repetição da ordem legal emitida e
o descumprimento, ou resistência/relutância do abordado em cumpri-la.
66
Caderno Doutrinário 1
10 Conforme artigo 4º do Código de Conduta para os Encarregados pela Aplicação da Lei (CCEAL).
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
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Caderno Doutrinário 1
6.3 Considerações finais
Algumas atitudes por parte do policial podem contribuir para tornar a comu-
nicação simples, rápida e eficaz, por abrangerem pontos importantes para o
sucesso em uma abordagem, dentre elas:
d) ser paciente, pois cada pessoa tem um ritmo, um modo e uma capacidade
de internalizar e compreender a mensagem;
11 Interpretação institucional da PMMG do princípio 20 dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei (PBUFAF).
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SEÇÃO 7
USO DE FORÇA
Caderno Doutrinário 1
7 USO DE FORÇA
A força, no âmbito policial, é definida como sendo o meio pelo qual a polícia
controla uma situação que ameaça a ordem pública, a dignidade, a integridade
ou a vida das pessoas. Sua utilização deve estar condicionada à observância
dos limites do ordenamento jurídico e ao exame constante das questões de
natureza ética12.
12 Interpretação institucional da PMMG do princípio 1 dos Princípios Básicos sobre a Utilização da Força e de Armas de Fogo pelos
Funcionários Responsáveis pela Aplicação da Lei (PBUFAF).
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Deve ficar claro para o policial que o uso de força não se confunde com vio-
lência14, haja vista que esta última é uma ação arbitrária, ilegal, ilegítima e não
profissional. O uso excessivo de força configura ato de violência e abuso de
poder.
O policial poderá usar a força no exercício das suas atividades, não sendo neces-
sário que ele ou outrem seja atacado primeiro, ou exponha-se desnecessaria-
mente ao perigo, antes que possa empregá-la. O seu emprego eficiente requer
uma análise dinâmica e contínua sobre as circunstâncias presentes, de forma
que a intervenção policial resulte num menor dano possível. Para tanto, é essen-
cial que ele se aperfeiçoe, constantemente, em procedimentos para a solução
pacífica de conflitos, estudos relacionados ao comportamento humano, conhe-
cimento de técnicas de persuasão, negociação e mediação, dentre outros que
contribuam para a sua profissionalização nesse tema15.
14 O assunto foi discutido no artigo “Uso de Força e a Ostensividade na Ação Policial”, de Jacqueline Muniz, Domício Proença Junior e
Eugênio Diniz, publicado no periódico Conjuntura Política. Boletim de Análise - Departamento de Ciência Política da UFMG, BELO
HORIZONTE, pp:22-26, 20 de abril de 1999.
15 Interpretação institucional da PMMG do princípio 20 dos PBUFAF e conforme artigo 3º. do Código de Conduta para os Encarregados
pela Aplicação da Lei (CCEAL).
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Caderno Doutrinário 1
Artigo 5º Nenhum funcionário responsável pela aplicação da lei pode infligir, instigar
ou tolerar qualquer ato de tortura ou qualquer outro tratamento ou pena cruel, desu-
mano ou degradante, nem nenhum destes funcionários pode invocar ordens supe-
riores ou circunstâncias excepcionais, tais como o estado de guerra ou uma ameaça
de guerra, ameaça à segurança nacional, instabilidade política interna ou qualquer
outra emergência pública, como justificativa para torturas ou outros tratamentos ou
penas cruéis, desumanos ou degradantes.
Os funcionários responsáveis pela aplicação da lei que tiverem motivos para acreditar
que houve ou que está para haver uma violação deste Código, devem comunicar o
fato aos seus superiores e, se necessário, a outras autoridades competentes ou órgãos
com poderes de revisão e reparação.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
O uso de força pelos policiais deve ser norteado pela preservação da vida, da
integridade física e da dignidade de todas as pessoas envolvidas em uma inter-
venção policial e, ainda, pelos princípios essenciais relacionados a seguir:
a) Legalidade
16 Interpretação institucional da PMMG do princípio 8 dos PBUFAF e em conformidade com o artigo 5º do CCEAL.
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Caderno Doutrinário 1
Exemplo: o princípio da legalidade não está presente se o policial usa de
força física (violência) para extrair a confissão de uma pessoa. A tortura é
vedada em qualquer situação e não justifica o objetivo a ser alcançado, por
meio de mecanismos que infringem o direito do indivíduo de não produzir
prova contra si mesmo ou declarar-se culpado.
b) Necessidade
O uso de força num nível mais elevado é considerado necessário quando, após
tentar outros meios (negociação, persuasão, entre outros) para solucionar o
problema, torna-se o último recurso a ser utilizado pelo policial19.
c) Proporcionalidade
O nível de força utilizado pelo policial deve ser compatível, ao mesmo tempo,
com a gravidade da ameaça representada pela ação do infrator, e com o obje-
tivo legal pretendido.
18 Conforme artigo 1º do CCEAL.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
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Caderno Doutrinário 1
d) Moderação
O emprego de força pelos policiais deverá ser dosado, visando reduzir possíveis
efeitos negativos decorrentes do seu uso ou até evitar que se produzam.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
e) Conveniência
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Caderno Doutrinário 1
7.1.1 Níveis de resistência da pessoa abordada
a) Cooperativo
b) Resistência passiva
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
c) Resistência ativa
Exemplo: o agressor que desfere chutes contra o policial quando este tenta
aproximar-se para efetuar a busca pessoal.
7.1.2 Uso diferenciado de força
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Caderno Doutrinário 1
Todo policial deverá utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) espe-
cíficos para sua atuação, além de alternativas de armamentos e tecnologias,
inclusive os de menor potencial ofensivo, para propiciar opções de uso dife-
renciado de força22. Não portar tais materiais no momento oportuno, muitas
vezes por negligência do policial, pode levá-lo a fazer uso de técnicas que con-
trariam os princípios do uso de força. Exemplo: o policial que não se equipou
com bastão Tonfa, em que pese estar disponível, e usa a arma de fogo para dar
coronhadas.
a) Nível primário
• Presença policial:
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
• Verbalização:
• Controles de contato:
• Controle físico:
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Caderno Doutrinário 1
23 Tais técnicas são utilizadas em circunstâncias em que o seu uso for inevitável e a força potencialmente letal representada pelo disparo
de arma de fogo torna-se inviável. Exemplo: agressor atracado ao policial, rolando ao solo, tentando tomar-lhe a arma.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
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Caderno Doutrinário 1
7.1.3 Modelo do uso de força
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Essa dinâmica, entre os níveis do uso de força, deve ser realizada de um modo
consciente, com ética e profissionalismo, nunca prevalecendo os sentimentos
como a raiva, o preconceito ou a retaliação. A avaliação dessas variáveis propi-
ciará, ao policial, o equilíbrio de suas ações.
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Caderno Doutrinário 1
caso, a responsabilidade caberá também aos superiores que tenham dado
ordens ilegais27;
As armas de fogo e munições utilizadas não devem causar danos ou lesões des-
necessárias. Assim, não é permitido alterar as armas e munições com este fim
(diminuição do cano da arma, corte nas pontas dos projéteis, alteração na carga
das munições, entre outras)31.
89
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Cada policial é responsável pela guarda, pelo destino e pela utilização da arma
e da munição recebidas32 (ver Manual de Administração do Armamento e
Munição da PMMG).
• ao receber uma arma de fogo, tenha como rotina verificar se ela está ou
não carregada e em perfeitas condições de funcionamento;
90
Caderno Doutrinário 1
• mantenha a arma de fogo apontada em direção segura, com o dedo fora
do gatilho, até que esteja em condições de disparo;
Os verbos usar ou empregar arma de fogo devem ser entendidos como sinô-
nimos e correspondem às ações do policial, de empunhar ou apontar sua arma
na direção da pessoa abordada (com efeito dissuasivo), sem, contudo, dispará-
-la.
91
PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
A ação do policial em levar a mão até a arma (arma localizada) enquanto verba-
liza demonstra ao abordado um grau de força mais elevado do que se estivesse
falando com as mãos livres. A posição com a arma de fogo empunhada, como
uma demonstração de força, permite que o policial também esteja pronto para
defender-se, caso necessite dispará-la contra uma eventual agressão letal. De
igual maneira, efeito fortemente dissuasivo pode ser obtido quando, durante a
intervenção, já com a arma empunhada, decide apontá-la na direção do corpo
da pessoa abordada.
a) Posição 1 - arma localizada: com a arma ainda no coldre, leva a mão até a
coronha, como se estivesse pronto para sacá-la;
35 As posições de uso ou emprego de armas de fogo serão tratadas no Caderno Doutrinário 2 - Tática Policial, Abordagem a Pessoas e
Tratamento às Vítimas.
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Caderno Doutrinário 1
verbalização e o controle do abordado. Sempre que o critério de segurança
indicar, deve evitar iniciar a abordagem com a arma na posição 4, porque além
de demonstrar agressividade, não há flexibilidade de evolução para um nível
superior de força que não seja efetuar o disparo, correndo ainda o risco de dis-
paro acidental com graves consequências.
Os verbos atirar ou disparar arma de fogo devem ser entendidos como sinô-
nimos e correspondem ao efetivo disparo feito pelo policial na direção da
pessoa abordada. Ele disparará (atirará) contra essa pessoa, como último
recurso, em caso de legítima defesa própria ou de terceiros, contra perigo imi-
nente de morte ou lesões graves36.
Quando um policial dispara sua arma de fogo no exercício das suas atividades,
como último recurso na escala de uso diferenciado de força, não o faz para
advertir, assustar, intimidar ou ferir um agressor. Ele o faz para interromper, de
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
imediato, uma ação que atente contra a vida ou ameace uma pessoa de feri-
mento grave.
Portanto, quando o policial atira contra um agressor está fazendo uso de força
potencialmente letal (e não o uso de força letal), reafirmando sua intenção
de controlar a ameaça e não a de produzir um resultado morte.
38 A inobservância do dever de cuidado existe quando, mesmo o policial não querendo, o resultado ocorre por imprudência, negligência
ou imperícia, podendo ser punido pelo excesso culposo.
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Caderno Doutrinário 1
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Nos casos em que o policial dispara sua arma de fogo contra uma pessoa, é
importante considerar as diversas circunstâncias que poderão interferir na pre-
cisão do tiro, conforme descrição contida nas “variáveis parcialmente contro-
ladas pelo policial”. Tomando-se em conta essas variáveis e, para assegurar que
este disparo seja efetivo (atinja seu objetivo de interromper imediatamente o
ataque), o policial apontará sua arma para a parte central do corpo (região torá-
cica) do agressor.
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Caderno Doutrinário 1
7.2.6 Procedimentos para o disparo da arma de fogo
a) O policial, antes de disparar sua arma de fogo, deve, sempre que dispo-
nível, abrigar-se imediatamente, e seguir o protocolo40:
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
c) O perigo de morte a que se refere a regra deve ser iminente, atual, impe-
rioso e urgente, portanto, não corresponde a uma ameaça remota, poten-
cial, distante, presumida ou futura.
e) O policial que disparou sua arma de fogo deverá comunicar o fato ver-
balmente e imediatamente aos seus superiores (comandante responsável
pela Unidade ou Fração) e confeccionará o Relatório de Eventos de Defesa
Social (REDS) ou o Boletim de Ocorrência (BO) e o respectivo Auto de Resis-
tência (AR), detalhando todos os motivos de sua intervenção e suas con-
sequências, assim como as medidas decorrentes adotadas (ver roteiro de
relatório a ser confeccionado pelo policial no item 7.3.1 b).
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Caderno Doutrinário 1
regado da segurança da equipe (grupo ou pelotão) poderá disparar sua
arma de fogo, nos casos de legítima defesa própria ou de terceiros, contra
ameaça iminente de morte ou ferimento grave. Esses disparos devem ser
dirigidos a um alvo específico (agente causador da ameaça) e na quanti-
dade minimamente necessária para fazer cessar a agressão. Somente serão
utilizados quando não for possível empregar outros meios menos lesivos.
Antes de atirar, deverá dedicar especial atenção à segurança do público e
empregar munições ou armas adequadas (tipo, potência e alcance)44.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
• que os disparos efetuados com esse tipo de munição têm pouca precisão;
• que devem ser evitados os disparos diretos contra as partes mais sensíveis
do corpo, principalmente locais de risco de lesões graves: cabeça, olhos,
ouvidos, entre outros. Os disparos devem ser dirigidos para a região dos
membros inferiores;
d) Disparos táticos: são realizados para obter uma vantagem tática, para dar
mais segurança ao reposicionamento da equipe de policiais no terreno.
Não devem ser dirigidos contra pessoas. São aqueles normalmente efetu-
ados pelo policial, para dar cobertura a companheiros durante confrontos
armados (técnica de “fogo e movimento”), também, para diminuir a lumi-
nosidade de um ambiente, romper a fechadura de uma porta ou outros
obstáculos. O policial que o realiza deve estar devidamente treinado, para
não colocar em risco a sua integridade física e a de outras pessoas.
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Caderno Doutrinário 1
Nessas situações, ele deve considerar as possíveis consequências (riscos)
de disparar, e sua responsabilidade na proteção da vida de outras pessoas.
Para isso observará:
• esses disparos têm pouca eficácia para fazer parar um veículo e os projé-
teis podem ricochetear (no motor ou nos pneus) ou atravessar o veículo
ou, até mesmo, não atingi-lo, convertendo-se em “balas perdidas”;
• se o condutor for atingido, existe um risco elevado de que ele perca o con-
trole do veículo e cause acidentes graves;
• esses disparos têm pouca precisão, a pontaria fica prejudicada pelo movi-
mento do veículo e pelo balanço provocado por ele, inclusive quando efe-
tuados por atiradores experientes;
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
• nos disparos feitos para cima, o projétil retorna ao solo com força sufi-
ciente para provocar lesões ou morte. Nos disparos feitos contra o solo ou
paredes, ele pode ricochetear e também provocar lesões ou morte;
• esses disparos podem fazer com que outros policiais que estejam atuando
nas proximidades pensem, de maneira equivocada, que estão sendo alvos
de tiros de agressores, provocando neles uma reação indevida;
47 Constituição Federal art. 225, § 1º, inciso VII; Lei nº 9.605/98 que trata dos crimes ambientais, em especial o que dispõe o seu art. 32,
caput; Decreto Federal nº 24.645/34; Contravenção penal (art. 64 da LCP).
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Caderno Doutrinário 1
7.2.8 Procedimentos após o disparo de arma de fogo
• acionar a perícia;
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
• lesões produzidas;
• detalhes do evento;
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Caderno Doutrinário 1
b) Situações de uso de força potencialmente letal – disparo de arma de
fogo:
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Sempre que o uso de força pelo policial causar lesões, morte de pessoas e danos
patrimoniais, seu superior imediato deve determinar uma investigação, objeti-
vando verificar se os princípios essenciais foram respeitados. O roteiro a seguir
facilitará o trabalho de apuração sobre esses tipos de intervenção policial.
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Caderno Doutrinário 1
resistência oferecida?
• Qual tipo de arma foi utilizado pelo agressor? Quantos e quais agressores
dispararam as suas armas? Quantos disparos foram realizados por cada um
dos agressores?
• Havia outras opções de defesa da vida que não o disparo de arma de fogo?
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
52 MANUAL DE PROCESSOS E PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS-DISCIPLINARES DA POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS: art. 101
- Entende-se por ação policial legítima a intervenção (resposta) ou desempenho do servidor da PMMG, isolada ou em conjunto, em
ocorrência policial-militar, quer por determinação, solicitação ou iniciativa própria, desde que tal atuação se faça comprovadamente
necessária e se paute nos estritos parâmetros autorizados pela lei.
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GLOSSÁRIO
Abordado cooperativo – pessoa que acata todas as determinações do policial
durante a intervenção, sem apresentar resistência.
Abrigos – são proteções físicas utilizadas pelo policial para se proteger de dis-
paros de arma de fogo ou de quaisquer objetos que possam atingi-lo.
Ameaça - ato delituoso pelo qual alguém, verbalmente ou por escrito, por gesto
ou por qualquer outro meio simbólico e inequívoco, faz injustamente um mal
grave a determinada pessoa.
Área de risco – é a área na qual a polícia não detém o domínio da situação, consis-
tindo na parte do “teatro de operações” de onde podem surgir ameaças durante
uma intervenção.
Busca – ação policial que se pratica com o objetivo de descobrir e apreender pes-
soas e coisas.
Cobertas – são proteções visuais usadas pelo policial, como meio de preservar o
princípio da surpresa, durante uma intervenção.
Cobertura – proteção dada a um policial durante uma ação por outro(s) policial(is).
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Caderno Doutrinário 1
Equipamentos de menor potencial ofensivo - compreende todos os artefatos,
excluindo as armas e munições, desenvolvidos e empregados com a finalidade de
minimizar ferimentos e número de mortes.
Estado de pânico (preto) – estado de prontidão em que o policial não está pre-
parado para reagir a uma situação de perigo, caracterizado por um descontrole,
que produz paralisia ou uma reação desproporcional.
Força – ato discricionário, legal, legítimo e profissional, pelo qual a polícia con-
trola uma situação que ameaça a ordem pública, a dignidade, a integridade ou a
vida das pessoas, observados os princípios legais.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Infrator – pessoa que infringe a lei, viola as regras, não obedece à norma ou à
ordem legal.
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Caderno Doutrinário 1
Modus operandi – modo de ação, geralmente associado a conduta de infra-
tores.
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PRÁTICA POLICIAL BÁSICA
Ponto quente – é uma ameaça clara e presente que deve ser imediatamente con-
trolada pelo policial, para garantir a segurança a todos os envolvidos.
Processo mental da agressão – etapas percorridas por uma pessoa que inten-
ciona agredir o policial (identificar, decidir e agir).
Resistência ativa sem agressão física – resistência por parte do abordado que
reage fisicamente, com o objetivo de impedir a ação legal, contudo, não agride e
nem direciona ameaças ao policial.
Resistência ativa com agressão não letal – resistência por parte do abordado
agredindo os policiais ou pessoas envolvidas na intervenção, contudo, tais agres-
sões, aparentemente, não representam risco de morte.
Resistência ativa com agressão letal – resistência por parte do abordado que
utiliza de agressão, que põe em perigo de morte o policial ou as pessoas envol-
vidas na intervenção.
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Caderno Doutrinário 1
Resistência passiva – resistência por parte do abordado em que ele apenas
retarda a intervenção, não acata, de imediato, as determinações do policial, entre-
tanto não reage e nem o agride fisicamente.
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REFERÊNCIAS
BALESTRERI, Ricardo Brisolla. Direitos humanos: Coisa de Polícia. Passo Fundo,
RS: CAPEC; Pater Editora,1998.
ROVER, Cees de. Para Servir e Proteger. Direitos Humanos e Direito Interna-
cional Humanitário para Forças Policiais e de Segurança: manual para instrutor.
Genebra. Comitê Internacional da Cruz Vermelha, 1998, p. 70, 141-152.
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