Conceitos Basicos PDF
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CURSO DE MESTRE
DE CABOTAGEM
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As práticas de natureza logística têm como objetivos principais reduzir custos relacionados à
alocação e distribuição de materiais e agregar valor aos bens e serviços de uma empresa. É
necessário salientar a importância de um fluxo de informações íntegro e eficiente tal qual o fluxo de
materiais, ou seja, a comunicação intra e interorganizacional deve ser baseada numa relação de
confiança, o que vai resultar em menores tempos de “lead time” e na satisfação dos consumidores.
Diante de um mercado cada vez mais globalizado, cujas fronteiras comerciais são cada dia
mais invisíveis, uma empresa pode vender seus produtos ou serviços a clientes situados a milhares de
quilômetros de distância, separados até por oceanos ou mares. Para isso a logística atua como
elemento indispensável, facilitando o deslocamento dos mais diversos tipos e volume de carga,
observando também a preferência dos negociantes quanto ao tempo de chegada e principalmente aos
custos a serem desembolsados.
O transporte de mercadoria e pessoas realizado por vias aquáticas (cabotagem) tem como
vantagem sua alta capacidade de carga e baixo custo em relação aos outros modais.
A busca pela melhor matriz ou a intermodalidade deve estar presente no cotidiano das
empresas, bem como o retorno de investimentos no setor realizados pelo governo federal e empresas
privadas através de concessões e privatizações, como cita Nazário (2000, p.1),
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No mundo globalizado em que vivemos a diminuição dos custos são necessários para fazer
frente à competição com outros países enfatizando a necessidade de maior incrementação na
utilização do modal aquaviário (cabotagem).
1.1 Problematização
O Brasil é privilegiado por possuir quase oito mil quilômetros de costa litorânea, o que lhe
confere enorme capacidade para a utilização do transporte aquaviário de cabotagem, o que contrasta
diretamente com a pouca utilização deste modal. O país transporta maior parte de suas cargas (58%)
através das rodovias, o que representa um desequilíbrio em sua matriz de transportes (REIS, 2013).
1.2 Objetivos
1.3 Justificativa
O Brasil com extensa costa navegável teria tudo para ter uma eficiência geoeconômica em
transporte. De acordo com o Instituto de Logística e Supply Chain (ILOS), apenas 9,6% do transporte
de carga no país é feito por cabotagem. Na União Europeia, o índice chega a 37% e a 48% na China.
Mesmo com a pouca utilização do transporte aquaviário, o referido modal vem sendo utilizado como
uma alternativa, principalmente, na intermodalidade. Portanto, é preciso analisar os reais benefícios
gerados pelo modal e mostrar de que forma o modal pode ser aproveitado, viabilizando um transporte
seguro e de baixo custo.
Diante de cenários cada vez mais competitivos e de característica peculiares da nova era
tecnológica, o Estado e as organizações vêm buscando excelência em seus serviços. A consolidação
da logística face às demandas atuais em um processo “real time” tem proporcionado maior
desempenho organizacional, visto que a gestão da logística dentro de um país busca obter maior
conhecimento do Supply Chain Management, das organizações e, sobretudo, da própria logística de
distribuição.
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Essa seção teve, também, por finalidade designar as diretrizes norteadoras da pesquisa:
definição temática e justificativa de investigação dos sistemas logísticos, devendo ser respondido a
partir da construção do levantamento dos dados e dos objetivos propostos. A partir daí originar-se-á
todo o apanhado teórico que será esboçado na seção seguinte.
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Segundo o ILOS (2013) a navegação de cabotagem no Brasil pode ser dividida entre os
grandes volumes e fluxos dedicados dos transportes de granéis líquidos e sólidos e os fluxos e
volumes de cargas gerais, soltas ou em contêineres.
O transporte de cabotagem no Brasil, esquecido nas últimas décadas, caminha hoje para um
futuro promissor. Em recente pesquisa do ILOS, seis entre dez das maiores empresas do país em
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faturamento afirmaram que pretendem aumentar o volume de carga movimentada pelo referido modal
(ARAÚJO, 2013).
A logística, hoje, é vista como uma ferramenta capaz de aumentar a eficiência da empresa por
meio da redução de custos e aceleração dos seus processos. Para Sales (2000, p.12) o conceito de
logística é:
Depreende-se a partir das citações supra, a logística como sendo um conjunto de atividades
para a movimentação eficiente tanto da matéria-prima como dos produtos da sua origem até o
consumidor, o que envolve a escolha do melhor modal de transporte para movimentar o maior número
de mercadorias com mínimo custo e menor tempo possível.
A logística evoluiu a partir do início do século XX em cinco etapas apontadas por Fleury et. al
(2000):
que afetam a distribuição dos produtos agrícolas. Este foi o primeiro texto a abordar tais
assuntos.
• A segunda etapa ocorreu entre os anos 40 e 60 do século passado, denominada “funções
segmentadas” com evidência na especialização e nos desempenhos funcionais. O enfoque
logístico era departamental carreando-se esforços para melhoria da eficiência dos elos, sem
a preocupação com a integração da cadeia.
• A terceira etapa com início nos anos 60, chamada “funções integradas” enfatizava a
integração da logística interna, conceituando custo total e tratamento sistêmico. Surge o
National Council of Physical Distribution Management (NCPDM), primeira grande
associação de profissionais e acadêmicos de logística, que define logística como: “Logística
consiste das atividades associadas à movimentação eficiente de produtos acabados, desde
o final da linha de produção até o consumidor, e, em alguns casos, inclui a movimentação
de matéria-prima da fonte de suprimentos até o início da linha de produção”. Estas
atividades incluem o transporte, a armazenagem, o manuseio dos materiais, o
empacotamento, o controle de estoques, a escolha da localização de plantas e armazéns, o
processamento de ordens, as previsões de ordens e os serviços aos clientes.” (1962).
• A quarta etapa surge a partir de 1980, com “foco cliente”, enfatizando o estudo da
produtividade e dos custos dos estoques. O NCPDM muda para CLM – Council of Logistical
Management. A definição de logística então passou a ser: “Logística é o processo de
planejamento, implementação e controle da eficiência, do custo efetivo do fluxo e
estocagem dos materiais, do inventário de materiais em processo de fabricação, das
mercadorias acabadas e correspondentes informações, desde o ponto de origem até o
ponto de consumo, com a finalidade de ajustar às necessidades do cliente”. (1986).
• A quinta etapa, atual, denominada “logística como elemento diferenciador” define a logística
como meio de obter vantagem competitiva. Surge nesta oportunidade o conceito de
gerenciamento da cadeia de suprimentos (supply chain management). Na década de 2000
o CLM muda seu nome para Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP)
e a definição de logística do novo conselho passa a ser: “Gerenciamento Logístico é a parte
da gestão da cadeia de suprimentos que planeja, implementa e controla de maneira
eficiente e efetiva os fluxos diretos e reversos, a armazenagem de bens, os serviços e
informações relacionadas entre o ponto de origem e o ponto de consumo a fim de encontrar
os requerimentos dos clientes”.
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Embora em desenvolvimento e ampliando cada vez mais o alcance de suas atividades, o termo
“Logística” pode ser conceituado como uma área da Administração Pública e/ou do Setor Privado que,
baseado no planejamento, integra todas as operações de uma cadeia produtiva, gerando um alto
desempenho coletivo desde a aquisição da matéria-prima com o fornecedor até a distribuição aos
clientes finais (CARDOSO, 2004).
De acordo com a Veloce Log, (2015), a missão da logística é disponibilizar o produto certo, na
quantidade certa, no lugar certo, no tempo certo e com o menor custo possível. Por estar incorporada à
estratégia empresarial (ou mesmo governamental) é importante considerá-la quando se elaboram
planos de negócios ou de crescimento e desenvolvimento econômicos. Os motivos pelos quais a
logística tem aumentado sua importância no mundo dos negócios podem assim ser resumidos:
Nas décadas de 60 e 70 o Brasil optou pela indústria como modelo desenvolvimentista com
incentivos às rodovias e empresas do setor automobilístico. O período caracteriza-se por ciclos dos
produtos mais longos e as incertezas do mercado mais controláveis. Os mercados não eram tão
dinâmicos e globalizados quanto os de hoje e as mudanças ocorriam de forma lenta, tendo os produtos
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um ciclo de vida longo. A década de 80 foi considerada como “a década perdida”, pois em que pese
uma oferta excessiva de derivados de petróleo, os preços do barril no mercado internacional eram
desfavoráveis para balança comercial conjugados com inflação e taxa de juros elevadas.
Na década de 90, foi implantado o Plano Real que teve como objetivo principal controlar a
inflação. Esta opção adotada pelo país, mercê da busca da estabilização e pela solvência financeira e
orçamentária direcionou desenvolvimento de longo prazo das políticas sociais e industriais. A economia
internacional foi marcada por sucessivas crises de liquidez, com forte impacto no Brasil.
O País possui uma matriz logística cara, que reduz sobremaneira a competitividade. Observa-
se a excessiva dependência de rodovias, malha ferroviária deficiente, burocracia nos portos, pífio
transporte aéreo e infraestrutura deficiente nos portos e aeroportos além de um incipiente modal
dutoviário (BATISTA; NOGUEIRA, 2015). Ver Gráfico 1:
que os gastos com logística representam 8,7% da receita líquida, considerando custos com transporte,
estoque e armazenagem. Atualmente apenas duas empresas a Vale e a Petrobrás tem a visão
intergrada de logística. A inadequação da matriz de transporte brasileira também é uma das razões
para seu baixo desempenho em relação a outras nações e a principal causa do custo logístico elevado.
Para um país com dimensões continentais como o Brasil é fundamental uma infraestrutura de
transporte, com vistas a constituir um mercado interno integrado e também possibilitar o seu acesso ao
mercado globalizado. Investir em transporte possibilita a diminuição de custos e distâncias com efeitos
em toda cadeia produtiva, o que favorece o desenvolvimento de setores econômicos e regiões. Ver
Figura 1:
O transporte aéreo comercial cresceu de importância com o surgimento de produtos com ciclo
de vida cada vez menor e maior valor agregado em termos de funcionalidade, acessibilidade, qualidade
e dimensões, onde se leva em conta o tempo de entrega e a segurança e não o valor do frete. Ele tem
influência direta na estruturação dos canais de suprimento e de distribuição, tornando-se mais atrativo,
devido à segurança e a redução do “lead time” em uma operação de suprimento e distribuição,
possibilitando a redução dos custos com estoque e armazenagem. Seu início se deu em 1927 com a
fundação da Viação Aérea Riograndense (VARIG). O Plano CNT de Transporte e Logística (2014)
descreve que,
O Modal Aéreo além de ser rápido, possui um alto custo de operação e manutenção. É
adequado para mercadorias de alto valor agregado, pequenos volumes ou com urgência na entrega.
Possui pouca capacidade de carga. Com limitações em relação à quantidade e especificação, pois
possui a baixa capacidade de transportar grandes quantidades e não é recomendado para produtos de
baixo valor agregado porque o custo de transporte é muito alto. Suas tarifas são muito altas, distinto de
países de primeiro mundo que tem uma política de tarifação adequada. O modal aéreo ainda é pouco
usado no Brasil, porque as exportações se concentram em produtos de baixo valor
(agregado/commodities), não compensando aos empresários investir neste setor.
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O Modal rodoviário é o mais utilizado para o transporte de cargas no Brasil, desde a década de
50. Esse modal desempenha um importante papel no desenvolvimento econômico e social do país,
além de permitir a integração entre os demais modais de transporte. Segundo os dados do Sistema
Nacional de Viação (SNV) de 2014, existem, no país, 1.760.000 km de rodovias, dos quais apenas
212.000 km são pavimentados, isto é, 12,0% da malha. Das rodovias pavimentadas, 65.930 km são
federais.
O Modal Rodoviário é o tipo de transporte mais utilizado Brasil. De acordo com Plano
Plurianual da União (PPA 2012 -2015), responde por mais de (58%) do volume de movimentação
nacional de cargas e (48%) do transporte interestadual de passageiros. Destina-se, sobretudo, ao
transporte de produtos acabados ou semiacabados a curta distância. O mesmo é indicado para
produtos de alto valor agregado ou perecíveis. Esse modal possui custos fixos baixos em razão das
malhas rodoviárias serem construídas com fundos públicos na maioria e um custo variável médio, com
muita manutenção nos transportes. Já para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC- 2014), este tipo de transporte possui a menor capacidade de carga em relação a todos
os modais, e um elevado custo operacional, assim como, a diminuição da eficiência das estradas em
épocas de grandes congestionamentos. O modal rodoviário possui as limitações de tamanho e
velocidade, pois falta capacidade para transportar grandes cargas e apesar de ser utilizado algumas
vezes em viagens longas, é mais indicado para transporte de pequenas e médias distâncias, por
exemplo, competir com ferrovias em termos de prever com precisão o tempo de entrega, dada sua
velocidade inconstante. É uma peça fundamental da multimodalidade e da intermodalidade.
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Desde a antiguidade produtos líquidos eram transportados por tubulações, seja com bambus
na China, materiais cerâmicos pelos egípcios e astecas e chumbo pelos gregos e romanos.
Este modal tem se revelado como uma das formas mais econômicas de transporte para
grandes volumes principalmente de petróleo e derivados, gás natural e álcool (etanol), especialmente
quando comparados com os modais rodoviário e ferroviário.
• Petróleo e seus derivados (Oleodutos): este tipo de carga pode ser transportado por oleodutos ou
gasodutos.
• Gás Natural (gasodutos): esse gás é transportado pelos gasodutos e é bastante semelhante aos
oleodutos, embora tenha suas particularidades, principalmente no sistema de propulsão da carga
compressores.
• Minério, cimento e cereais (minerodutos ou polidutos): o transporte destes materiais é feito por
tubulações que possuem bombas especiais, capazes de impulsionar cargas sólidas ou em pó.
Também se dá por meio de um fluido portador, como a água para o transporte do minério a média
e longas distâncias ou o ar para o transporte de cimento e cereais a curtas distâncias.
• Correspondências - carvão e resíduos sólidos (minerodutos): para o transporte deste tipo de carga
utiliza-se o duto encapsulado que faz uso de uma cápsula para transportar a carga por meio da
tubulação impulsionada por um fluido portador, água ou ar.
• Águas Servidas – esgoto (dutos de esgoto): as águas servidas ou esgotos produzidos pelo homem
devem ser conduzidos por canalizações próprias até um destino final adequado.
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• Água Potável (dutos de água): após a água ser coletada em mananciais ou fontes, a mesma é
conduzida por meio de tubulações até estações onde é tratada e depois distribuída para a
população, também por meio de tubulações. As tubulações envolvidas na coleta e distribuição são
denominadas adutoras.
dependendo das características de seus clientes. Por exemplo, se ambos, embarcador e destinatário,
possuírem desvios ferroviários, então o serviço porta a porta poderá ser feito. No entanto, se a malha
ferroviária não estiver disponível para ambos, o movimento das mercadorias deverá ser completado por
outro tipo de modal.
2012. A consequência foi que a participação percentual do transporte por ferrovias, na matriz brasileira
de transporte de carga, passou de aproximadamente 17% à época das concessões para algo em torno
de 25% em 2012, e a estimativa é de que atinja 47% no final da década de 2020 (POMPERMAYER, et
al, 2012). Ver Gráfico 3:
Em países com grandes extensões territoriais como o Brasil, as ferrovias devem ter uma
significativa participação na matriz de transportes, visto que os produtos básicos, tais como minério de
ferro, produtos agrícolas e carvão, tem forte participação no total das cargas movimentadas. Apesar de
ter um custo fixo de implantação e manutenção elevado, o modal ferroviário apresenta grande
eficiência energética e viabiliza a movimentação de grandes volumes de cargas de baixo valor
agregado, a altas velocidades, e a grandes distâncias (ARAÚJO, 2008).
O modal ferroviário brasileiro, a partir de uma gestão mais voltada ao mercado, caminha para
uma grande virada devido às privatizações do final da década de 1990 (concessões e Parceria Público
Privado-PPP) e, recentemente, com a série de investimentos e projetos previstos nos atuais planos do
Governo. A nova matriz do transporte ferroviário que está sendo desenhada para os próximos anos
dará novo fôlego à economia das regiões sul, sudeste e centro-oeste, permitindo que a produção
dessas regiões chegue aos mercados europeu, americano, caribenho e asiático pelo Norte e Nordeste.
A evolução da matriz de transporte pode ser vista sob os dados apresentados na Gráfico 5:
Ainda, é imprescindível expor que nos últimos anos, o transporte ferroviário de cargas no Brasil
experimentou um significativo incremento. De 2006 até 2012, a produção ferroviária obteve um
crescimento total de 26%, ou 4,4% ao ano em Tonelada por Quilometro Útil (TKU). A expansão de 29%
no transporte de minério de ferro foi a que mais contribuiu para a elevação na movimentação de carga.
O minério de ferro é o principal produto transportado pelo modal ferroviário, correspondendo a cerca de
73% do total movimentado (em TKU). As principais zonas produtoras no Brasil estão nos Estados de
Minas Gerais e no Pará e, em menor escala, no Mato Grosso do Sul. O Estado de Minas Gerais,
particularmente a região do Quadrilátero Ferrífero, foi o que produziu e embarcou a maior quantidade
de minério de ferro no país, em 2012.
O complexo soja (grão, farelo e óleo) e o minério de ferro são os principais produtos
transportados pelo modal ferroviário, seguidos do transporte de milho (3,79%). Entre os demais
produtos individuais, ganha destaque a movimentação de açúcar (2,01%) e carvão/coque (1,29%).
O Modal Aquaviário, de acordo com PPA da União (2012-2015) é um tipo de transporte para
mercadorias e passageiros que utiliza como via os mares abertos, rios e lagos. Até o ano de 2010 foi o
modal responsável por (94,4%) do volume de exportações brasileiras. As vantagens deste modal é a
grande quantidade de carga que pode ser transportada em longas distâncias, bem como, os custos
operacionais menores, pois transporta produtos de baixo valor agregado. Limita-se à movimentação de
cargas entre diferentes portos e regiões do mundo e por isso, é um dos principais elos das cadeias
multimodais, pois além de integrar com as outras modalidades, aperfeiçoa o transporte global e o
funcionamento de complexas cadeias logísticas. Tal modal possui a maior capacidade de carga em
relação aos demais (podendo atingir milhares de toneladas) por ter a característica de transportar
qualquer tipo de carga com um menor custo.
A produção de café, algodão e cacau, no final do século XIX, estimulou a economia no Brasil.
Para atender à demanda pela exportação desses produtos, foram realizados investimentos na
ampliação da malha ferroviária e nos portos. A cabotagem também contou com alguns avanços nessa
época, a exemplo do Decreto nº 5.585/1874 (considerado a primeira grande normatização do setor), e
a garantia, pela Constituição de 1891, aos navios nacionais do direito de realizar esse transporte. No
começo do século XX, a navegação mercante desvinculou-se do segmento militar com a criação da
Inspetoria Federal de Navegação (vinculada ao Ministério da Viação e Obras Públicas), responsável
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pela regulação e fiscalização do setor. Com isso, a Marinha passou a responder apenas pelas
questões militares. Um novo cenário governamental foi delineado, no século XXI, no âmbito da
conjuntura macroeconômica mais favorável. Nesse período, no setor aquaviário, foi criada a Agência
Nacional de Transporte Aquaviário (ANTAQ), em substituição ao Departamento Marinha Mercante
(DMM), para atuar na regulação e fiscalização do setor. Também foram ampliados os investimentos na
navegação mercante e na indústria naval, bem como as linhas de financiamento destinadas ao
segmento. (CNT, 2013).
De acordo com dados da ANTAQ (2014), o transporte Fluvial/Lacustre engloba tanto rios
navegáveis quanto lagos, formando as hidrovias interiores (percursos pré-determinados para o tráfego
sobre águas) para transporte de pessoas e mercadorias. Segundo Rodrigues (2007) economicamente
o principal sistema hidrográfico do Brasil é o Tietê-Paraná, o qual corre do litoral para o interior do país,
o que inibe sua conexão com portos marítimos.
Apesar das grandes bacias hidrográficas existentes no Brasil, as hidrovias (caminhos pré-
determinados para o tráfego aquático) não são muito utilizadas, pois um fato notório que se observa é a
preferência pelo modal rodoviário notada pela existência de grandes rodovias paralelas a locais
navegáveis que diminuiriam o custo dos transportes.
Ao longo dos quase 8000 km de costa, o Brasil possui 37 portos públicos organizados e 130
terminais de uso privado. Além disso, o país possui uma forte concentração costeira dos setores
produtivos e consumidor, com 80% da população vivendo entre as regiões litorâneas e a até 200 km da
costa. (ILOS,2013).Ver Figura 5:
• Transporte lento;
• Necessidade de portos/alfândegas.
Desde que a indústria automobilística se desenvolveu no país, a partir da década de 50, jamais
a cabotagem voltou a ser tão representativa quanto fora até então. Ao longo das décadas seguintes,
sofreu grande diminuição de sua importância na matriz de transportes, atingindo seu ponto mínimo em
1994, quando respondeu por apenas 10% da produção de transportes no país (PASSOS, 2005).
Segundo Oliveira (2007), é importante ressaltar a evolução das relações internacionais para
então, assim, entender a complexidade do cenário atual e embasar os acontecimentos recentes
através dos processos históricos. Diante disso, torna-se necessário salientar os principais fatos que
ajudaram a estabelecer a estrutura econômica contemporânea.
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A crise econômica de 1930, juntamente com a II Guerra Mundial, foram episódios que afetaram
negativamente o crescimento dos negócios entre países. As consequências destes fatos implicaram
numa resistência aos acordos internacionais, fortalecendo assim a teoria do protecionismo, que
representa o movimento antiglobalização, possuindo políticas que valorizam a atividade interna em
contraste ao livre comércio. Com o fim da guerra, as forças que foram estabelecidas por ela resolveram
reestruturar a economia mundial, dando início a um reordenamento que tinha como objetivo impedir
novas guerras e evitar os danos provocados pela imposição de barreiras comerciais (OLIVEIRA, 2007).
A partir daí esforços coletivos foram feitos com o intuito de criar mais facilidades e benefícios
para o comércio internacional, para isso foram realizados uma série de conferências, sendo adotados
sistemas que regrassem as relações comerciais e monetárias entre as nações. Estas reuniões
influenciaram na criação de algumas organizações que perduram até hoje, como a Organização das
Nações Unidas (ONU) e Organização Mundial de Comércio (OMC). Foi em Genebra, 1947, durante a
segunda reunião da comissão preparatória para a Conferência de Havana, que 23 países assinaram o
Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), entre eles o Brasil. O GATT representou um
documento que tratava de negociações multilaterais para a redução de barreiras tarifárias (OPORTO,
2003).
“[...] ao longo da última década o volume do comércio mundial cresceu num ritmo
mais rápido do que o volume da produção mundial. Nas últimas décadas, a
produção mundial cresceu em aproximadamente 30%, enquanto o comércio
internacional cresceu em mais de 50%.”
Do ponto de vista das empresas, o mercado global representa um desafio a ser enfrentado
com muito trabalho. Enquanto as organizações, na sua grande maioria, limitavam-se apenas aos seus
países, tendo como área de atuação sua extensão territorial, com planejamentos voltados para
consumidores locais, agora passam a ter outra visão de negócios, com possibilidades de cooptar
clientes nos mais diversos lugares do mundo e suprir suas necessidades ou desejos. Esse poder
comercial como ganho para as empresas é resultado dos impactos causados pelo desenvolvimento da
tecnologia, que influenciou diretamente na evolução dos sistemas de informação e transportes.
comércio mundial traz às empresas amplas oportunidades e novos caminhos a serem trilhados, por
outro, a empresa que entrar nesse ramo irá enfrentar uma concorrência acima da média, com
adversários comerciais mais preparados, tendo que se adaptar a diferentes ambientes nos aspectos
geográficos e culturais. Essa preocupação é destacada por Bateman (2010), segundo ele, as
oportunidades devem ser analisadas com atenção, levando em consideração não só o ponto de vista
competitivo ou financeiro, mas também o ponto de vista cultural e administrativo.
A Logística é uma área de grande potencial na conquista de melhorias e nos resultados das
empresas, além disso, ela é fator fundamental para a qualidade dos serviços prestados. O conceito de
logística integrada tem sido um dos pilares para a logística moderna, fazendo cada vez mais com que
as atividades deixem de ser isoladas e se tornem um processo operacional como um todo. Segundo
Alvarenga e Novaes (2000), para ter um sistema de transporte organizado, é necessário uma visão
sistêmica e planejada, onde pelo menos se conheça o nível de serviço atual e o nível de serviço
esperado.
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Nesta seção, tentou-se apresentar, mesmo que de forma sucinta, as condições dos modais de
distribuição logística, através de uma visão holística e mais especificamente do Modal Aquaviário
(Cabotagem), na tentativa de alicerçar as ferramentas de competitividade das operadoras de transporte
de produtos e serviços que operam no mercado. Esse embasamento teórico é importante para dá
fundamentação à pesquisa, sobretudo à seção IV quando da formatação do relatório final do Trabalho
de Conclusão de Curso (TCC).
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este estudo foi desenvolvido com a utilização de uma pesquisa aplicada, quantitativa, visando
descrever as características do modal aquaviário (cabotagem) e o estabelecimento de relações entre
suas variáveis. Através de uma pesquisa bibliográfica foram levantadas as informações, de trabalhos
acadêmicos, artigos publicados, em sites e revistas especializadas e pesquisa documental na literatura
especializada sobre o tema.
Como proposta temática, a partir da idealização de um estudo mais acurado sobre a Logística
Brasileira, suas políticas, vantagens, implicações e limitações na distribuição doméstica e
internacionalmente, o orientador desta Pesquisa, Prof. Dr. César Emanoel Barbosa de Lima, docente
do DCSA/CCSA/UFPB, dividiu o tema através de 05 (cinco) discentes dos Cursos de Administração e
Tecnologia em Gestão Pública, ambos Cursos do CCSA/UFPB, cada aluno pesquisando um modal, ou
seja, os modais Aéreo, Rodoviário, Ferroviário, Aquaviário(Cabotagem) e Dutoviário, para facilitar a
coleta, apuração e discussão dos dados, bem como a sistematização de um diagnóstico possível da
Logística Brasileira.
Nessa perspectiva, ficará cada discente responsável por um Modal encarregado de suprir as
Monografias, teoricamente, com dados coletados, a partir de suas pesquisas; ou seja, os Capítulos I, II
e III serão mesclados com as teorias da pesquisa de todos, que dará suporte aos Capítulos IV e V que
será executado de forma individual.
De acordo com Vergara (2007), a pesquisa científica é uma atividade básica da ciência que
possibilita o acesso ao conhecimento de maneira consistente, coerente, lógica e bem aceita pela
comunidade científica. Dessa forma, a autora classifica uma pesquisa científica de dois modos: Quanto
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aos fins e quanto aos meios. Para a mesma, quanto aos fins, a pesquisa pode ser: exploratória,
descritiva e aplicada.
Ainda de acordo com a autora supramencionada, quanto aos meios, podemos dizer que esse
trabalho se classifica como pesquisa bibliográfica, pois analisa sistematicamente a literatura
relacionada ao tema da dissertação. Assim a pesquisa bibliográfica abrange a leitura, análise e
interpretação de livros, periódicos, manuscritos, entre outros, pois se trata de uma leitura atenta e
sistemática que deve ser analisada e interpretada. Eventualmente servirá de base para toda a
fundamentação teórica desse trabalho.
O ambiente usado serão os meios eletrônicos, visto que a pesquisa foi efetivada em sites
oficiais, tais como: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Institui Brasileiro de Logística (IBRALOG),
Confederação Nacional de Transporte (CNT), Confederação Nacional da Indústria (CNI), Mundo
Logístico, Associação Brasileira de Movimentação e Logística (ABML), dentre outros, no intuito de
embasar o tema estudado.
De acordo com Marconi (1996), o termo variável pode ser considerado como uma classificação
ou medida, uma quantidade que varia. Assim, a pesquisa bibliográfica foi a fonte de construção desse
projeto baseando-se nas variáveis estudadas no decorrer deste trabalho, a saber: Logística; Logística
Internacional; Modal Aquaviário (Cabotagem); Gargalos da logística marítima. Portanto, os autores
escolhidos serão os que se enquadram em tais variáveis a fim de dar autenticidade ao estudo.
A coleta de material para a pesquisa foi feita através de dados secundários, que envolvem
obras literárias em geral, a saber: livros, artigos, teses, dissertações, periódicos, além de textos
disponíveis na internet, como também, meio eletrônico de banco de dados oficiais.
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De acordo com Vergara (2006), os dados poderão ser tratados através da abordagem
quantitativa e qualitativa. No tratamento quantitativo, utilizam-se procedimentos estatísticos. Já no
tratamento qualitativo procura codificar e apresentar os dados de forma mais estruturada, analisando-
os. No caso específico deste documento monográfico, os dados serão discutidos através da
abordagem qualitativa, por se tratar de uma pesquisa das ciências sociais aplicadas, assim, a pesquisa
realizada foi bibliográfica, no intuito de atingir os objetivos em questão, respondendo o problema
exposto. Dessa forma, por se tratar de uma pesquisa teórica, através da abordagem qualitativa, o
pesquisador poderá aprofundar-se na análise dos dados coletados, a fim de interpretá-los objetiva e
subjetivamente.
O trabalho foi delimitado no período de 2004 a 2014, por entender-se que o mesmo
representou as maiores mudanças para a expansão do modal aquaviário (cabotagem), uma vez que
esse modal é de extrema importância para matriz transporte brasileira mercê das dimensões
continentais do nosso país. Ainda, durante a pesquisa deparou-se com várias dificuldades, tais como:
No que pese as dificuldades citadas acima, ainda sim, conseguimos contorná-las e concluir a pesquisa.
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Portanto, essa seção apresentou os aspectos essenciais que a pesquisa deve seguir,
delineando o método proposto a fim de responder os objetivos propostos. Para tal proposta
metodológica, foram expostos os procedimentos e técnicas que serão utilizadas para que a pesquisa
obtenha êxito, ou seja, para que os objetivos sejam alcançados, é necessário que a estrutura
metodológica seja bem apresentada, indicando os caminhos a serem seguidos, os dados obtidos e os
resultados esperados.
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Nesta seção é apresentada uma rápida descrição do ambiente da pesquisa, os dados obtidos
em conformidade com a pesquisa proposta e discutidos os resultados, considerando os objetivos
propostos.
Para realização deste trabalho monográfico, lançou-se mão de ambientes de informação mais
diverso possível, tais como: livros, artigos, teses, dissertações, periódicos, além de textos disponíveis
na internet, como também, meio eletrônico de banco de dados oficiais tais como: Agência Nacional de
Transporte Aquaviário (ANTAQ), Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
Confederação Nacional de Transporte (CNT), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA), Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC), Ministério dos Transportes(MT), Secretaria dos Portos (SEP), dentre outros.
O modal aquaviário (cabotagem) é uma alternativa viável para compor a cadeia de suprimentos
da economia brasileira. O transporte de cabotagem depende diretamente dos investimentos feitos em
infraestrutura, em especial nos portos. No tocante ao setor portuário houve um incremento considerável
no volume de investimentos, tanto privado quanto público. A média dos investimentos realizados pelo
setor privado em cabotagem (portos), no período de 2002 a 2013, foi da ordem de R$ 1,59 bilhão,
sendo 60% de inversões financeiras através do BNDES e 40% correspondentes ao desembolso do
empreendedor (capital próprio).
marcos regulatórios do setor. O setor portuário, no período compreendido entre 2003 e 2008, foi
contemplado com um aumento expressivo do investimento público, da ordem de 280%.
A partir do ano de 2007 houve mais vigor no crescimento caracterizado pela implantação do
PAC, entretanto em face de ingerências políticas junto a Cia Docas, estatal encarregada de gerir os
investimentos públicos no setor portuário, a mesma não conseguiu aplicar todos os recursos a ela
alocados, criando um vácuo entre os recursos autorizados e os efetivamente aplicados no orçamento
das empresas estatais, verificando-se uma queda acentuada de investimentos de 62,1% entre os anos
2009 e 2013, passando de R$ 1,74 bilhão para R$ 660 milhões, respectivamente.Vale ressaltar que o
investimento médio do setor público no período 2002 a 2013 foi da ordem R$ 841 milhões (CAMPOS
NETO, 2014 ). Ver Gráfico 6:
indústria, empresas agrícolas, bem como para a sociedade, reduzindo acidentes nas estradas e custos
logísticos.
4.2.1 Importância do Modal Aquaviário (Cabotagem) para a distribuição doméstica e/ou internacional
A costa brasileira tem uma disponibilidade natural para o emprego do transporte aquaviário
(cabotagem) em face da sua grande extensão, viabilidade e facilidade da construção de portos. Além
disso, a cabotagem é de fundamental importância para a promoção e a integração do país interna e
externamente. Para Cecatto (2002) o transporte marítimo (cabotagem) é um dos modais mais
importantes para a indústria e a logística no Brasil, visto que sua importância está diretamente ligada a
multimodalidade, à geração de novos empregos, ao aumento na movimentação de cargas no país e ao
fortalecimento do setor de logística no mercado nacional.Nesse contexto a navegação de cabotagem
vem se mostrando como uma escolha viável do ponto de vista econômico e ambiental, principalmente
para o transporte de longas distâncias.
Vale frisar que alguns estudiosos no assunto defendem uma mudança na matriz de transporte
brasileira estimulando adoção do transporte multimodal que é essencial na composição de um sistema
logístico integrado, pois o aumento da competitividade do Brasil depende do reequilíbrio da matriz de
transporte nacional, sobretudo na multimodalidade e com isso um melhor aproveitamento entre os
diversos modais. (RODRIGUES, 2004).
Segundo a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) existem muitas vantagens com a
utilização do Transporte Multimodal tais como: melhor utilização da capacidade disponível da matriz de
transporte; utilização de combinações de modais mais eficientes energeticamente; melhor utilização
das tecnologias de informação; e ganhos de escala e negociações do transporte; melhor utilização da
infraestrutura para as atividades de apoio, tais como armazenagem e manuseio.
Ainda nesse sentido para Souza, et al. (2007) a multimodalidade é a forma de viabilizar os
produtos brasileiros em qualquer mercado a preços competitivos e a condições favoráveis e nesse
caso a navegação cabotagem surge como alternativas para integrar os diversos modais.
A participação da cabotagem nas atividades de transporte no Brasil é ainda baixa com relação
às características naturais e demográficas do país e às possibilidades de competitividade do modal.
O Brasil movimentou, no ano 2013, via navegação de cabotagem 21,7% do total da carga
transportada pelo modal aquaviário, o que corresponde a 193,4 milhões de toneladas, ficando
constatado um crescimento de 1,7% no mesmo período, em relação ao ano anterior. (ANTAQ, 2013).
• a bauxita que viabiliza a cadeia produtiva de alumínio nos Estados do Maranhão e Pará ;
• o sal que é utilizado para consumo e como insumo para a indústria de base (cloro, alimentos pré-
prontos e etc.).
• A madeira e celulose que abastece a indústria do papel retirando milhares de caminhões das
rodovias brasileiras por ano.
Segundo Cruz (2007) a navegação de cabotagem vem sendo a grande saída para o transporte
de carga em regiões costeiras do país, o que antes não passava do transporte de graneis hoje está
entrando na era dos contêineres. Ao longo do tempo o contêiner foi adaptado para suportar os mais
diferentes tipos de mercadorias e hoje é considerado um importante elemento de inovação em
logística.
Cabe destacar que nos últimos 10 anos a carga conteinerizada vem crescendo, beneficiada
pelo desenvolvimento mais rápido do Nordeste e pelo desenvolvimento da infraestrutura portuária
(ILOS, 2013). Ver Gráfico 8:
52
A utilização dos contêineres traz uma série de benefícios e vantagens para o transporte das
mercadorias, tais como: redução de preço, agilidade operacional e consequentemente aumento da
rotatividade dos navios pela diminuição do período de estadia nos portos; diminuição do índice de
danos nas mercadorias, redução de roubos, perdas e avarias, o que causa uma redução dos valores
dos preços de seguro além da redução da quantidade de mão de obra no manuseio de cargas e nas
operações de embarque e desembarque.
• Sujeito a pagamento de frete marítimo mínimo que pode exceder o frete da mercadoria.
Em média 60% dos custos logísticos correspondem ao transporte e, de uma forma geral, os
produtos com menor valor agregado apresentam uma maior participação das despesas de transporte
no faturamento da empresa. (FLEURY, 2002). Nesse sentido o frete acaba sendo o principal fator para
quem está escolhendo o modal para transportar mercadorias. Vale destacar, que em alguns casos o
transportador não dispõe de muitas opções e acaba se restringindo a um ou dois serviços de
transporte, por falta de infraestrutura ou pela urgência da carga, dependendo de cada situação. Além
disso, a decisão final pelo modal de transporte seja ele rodoviário, aquaviário, ferroviário, dutoviário ou
aeroviário depende das características do nível de serviço a ser prestado, assim como dos parâmetros
de medida em termos da quilometragem do sistema (BRAGA, 2011).
O custo comparativo entre uma modalidade e outra é uma das vantagens favoráveis
ao transporte de cabotagem – que chega a ser, em média, 20% inferior ao do
transporte rodoviário e “infinitamente inferior” ao aeroviário. Enquanto o valor do
frete na modalidade de cabotagem fica entre 18% e 23% menor, o aeroviário é
infinitamente mais alto por quilograma de mercadoria transportada, além de sofrer
com a restrição imposta a cargas que contém substâncias inflamáveis.
Já segundo Fleury (2003) existem dois modos de analisar os preços de fretes relativos aos
modais: a primeira é fazendo a comparação dos valores de frete, entre os modais de cada um dos
países, e a segunda é analisar a razão dos fretes entre os países escolhidos para cada modal.Para
ilustrar vamos analisar os preços de fretes relativos aos modais, fazendo uma comparação com valores
do frete entre Brasil e Estados Unidos compilados na Tabela 1:
TABELA 1 : Comparação da Participação e Custos dos Modais entre Brasil x Estados Unidos
Modal Brasil EUA Brasil / EUA
(US$ / Mil TKU) (US$ / Mil TKU)
Aéreo 1060 1107 0,958
Rodoviário 133 310 0,429
Aquaviário 30 10 3,000
Dutoviário 25 9 2,778
Ferroviário 22 29 0,759
Fonte: ILOS;CSCMP ,2012
Observa-se na Tabela 1 que preço do frete do modal aquaviário no Brasil é 35 vezes menor
que aéreo, 4,4 vezes menor que rodoviário e maior que frete dutoviário e ferroviário. Nos Estados
Unidos verificamos que o custo do frete aquaviário é 1/3 do praticado no Brasil e ao mesmo tempo é
segundo com valor mais baixo entre todos os modais.
Vale ressaltar que um dos parâmetros para a escolha do modal de transporte é o combustível,
entretanto a distorção da matriz de transporte brasileira vem priorizando o transporte rodoviário, sendo
concedidos, por parte do Governo Federal, expressivos subsídios aos combustíveis destinados ao
modal rodoviário em detrimento do combustível aquaviário, que sofre incidência de vários impostos.
Somando-se a isso ainda persiste no sistema portuário um excessivo contingente de mão de obra que
onera o custo global. Apesar dos progressos alcançados pelo Brasil em relação a sua navegação ainda
não houve avanço na questão tributária, um reflexo disso são os custos adicionais ao frete, como
exemplo, o Adicional ao Frete para a Renovação de Marinha Mercante (AFRMM).
além disso, maiores distâncias de operação. Isso porque, garantida a carga, o custo
adicional por km deslocado (custo variável) é decrescente e apresenta vantagens
significativas para o embarcador.
É sabido que o investimento necessário para otimizar e modernizar este setor demanda
grandes volumes de recursos e que a movimentação de cargas pelo modal não tem a mesma
velocidade do transporte aéreo ou ferroviário.A frota total de cabotagem brasileira é composta por 31
empresas, e em 2011 totalizava 156 embarcações. Ver Gráfico 9 :
No período de 2006 a 2011, conforme dados do gráfico 9 a frota brasileira de cabotagem teve
um crescimento de 13,9%. Vale ressaltar que a indústria naval brasileira vem se recuperando e as
empresas que atuam no setor estão investindo em renovação e expansão de capacidade de transporte
de cabotagem. O Programa de Modernização e Expansão da Frota da TRANSPETRO (PROMEF) e do
56
As embarcações brasileiras têm uma idade média de 16 anos. A considerar a vida útil de 25
anos para uma embarcação, a idade média da frota brasileira é bastante avançada, no entanto esta
situação está sendo corrigida, pois a maioria das empresas brasileiras de navegação estão renovando
a sua frota, com recursos do Fundo da Marinha Mercante (FMM). Ver Gráfico 10:
Citamos como exemplo a empresa Log-In, que encomendou a construção de cinco navios do
tipo porta-contêiner de 2.700 TEUs, com recursos do FMM. Desses cinco navios, quatro estão em
atraso, e a expectativa das entregas está prevista para período de outubro de 2015 à outubro de 2017.
(REVISTA VALOR ECONÔMICO, 2014)
A ampliação da frota brasileiras de embarcações traz uma série benefícios, pois a indústria
naval se aquece o que gera emprego. Nesse sentido Pires et al. (2014, p.69) assinala:
A partir da Lei n.º 8.630/1993(revogada), o modelo adotado pelo governo para exploração do
Sistema Portuário foi o modelo ‘Landlord Port’, onde o Estado é o provedor da infraestrutura e o setor
privado é o responsável pelo provimento da superestrutura e pela realização da operação portuária, por
58
meio de arrendamentos (concessão). Com advento da Medida Provisória nº 595, convertida em Lei n.º
12.815/2013 (novo marco regulatório dos Portos), foram adotados dois regimes de exploração portuária
(AQUINO,2013):
I) Porto Público –‘Landlord Port’ (Parceria Público Privada) onde Autoridade Portuária (pessoa jurídica)
é responsável pela infraestrutura, planejamento, fiscalização e etc. enquanto a Iniciativa Privada é
responsável pelos investimentos nos terminais e operação portuária;
II) Terminal Uso Privado instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área
do porto organizado.
Dentro do ordenamento jurídico o sistema portuário brasileiro é coordenado por três entidades,
cada uma com sua função específica. Ver Figura 7:
- A Secretaria de Portos da Presidência da República - SEP/PR foi criada por meio da Medida
Provisória (MP) n.º 369, de 07 de maio de 2007, essa MP foi convertida na Lei n.º 11.518/07. Tem por
finalidade: formular as políticas e diretrizes para o desenvolvimento e o fomento do setor de portos e
instalações portuárias marítimos, fluviais e lacustres e, especialmente, promover a execução e a
avaliação de medidas, programas e projetos de apoio ao desenvolvimento da infraestrutura e da
superestrutura dos portos e instalações portuárias marítimos, fluviais e lacustres.
- Agência Nacional de Transportes Aquaviários – ANTAQ, foi criada pela Lei n.° 10.233, de 5 de
junho de 2001, é uma agência reguladora integrante da Administração Federal Indireta, submetida ao
regime autárquico especial, é vinculada à Secretaria Especial de Portos. Tem por finalidade: Regular,
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- Ministério dos Transportes - órgão da Administração Pública Federal Direta. Tem competências nas
seguintes áreas: política nacional de transportes ferroviário, rodoviário e aquaviário; marinha mercante,
vias navegáveis e portos fluviais e lacustres, excetuados os outorgados às companhias docas e
participação na coordenação dos transportes aeroviários e serviços portuários.
Não existe falta de recursos para aplicação por parte do poder público e sim dificuldade para
aplicá-los conforme se depreende ao analisarmos os relatórios do PAC1(2007-2010) e PAC2 (2011-
2014).
61
O objetivo do PIL- Portos é desenvolver e modernizar o setor para elevar a sua capacidade
operacional e torná-lo mais eficiente. Foi previsto um investimento total de R$54,2 bilhões (recursos do
orçamento e recursos que podem ser financiado pelo BNDES), destinados a um conjunto de medidas
para incentivar a modernização da infraestrutura e gestão portuária, a expansão dos investimentos
privados no setor, a redução dos custos e o aumento da eficiência dos portos. Desse valor, R$ 31
bilhões serão investidos entre 2013 e 2015 em arrendamento e Terminais de Uso Privado (TUPs) o
restante (R$ 23,2 bilhões) será investido até 2017. Além disso, ainda no âmbito do PIL-Portos, estão
planejados investimentos de R$ 3,8 bilhões em acessos aquaviário e R$ 2,6 bilhões em acessos
terrestres a serem realizados pelo Governo Federal via Programa de Aceleração do Crescimento -
PAC. (CNT, 2013).
Itaqui (MA)
Santarém (PA)
Suape (PE)
Pecém (CE)
Rio de Janeiro (RJ)
Salvador (BA)
Itaguaí (RJ)
Aratu (BA)
Atualmente o setor portuário nacional conta com 26 Planos Mestres desenvolvidos para os
seguintes portos: Santarém (PA), Vila do Conde (PA), Paranaguá (SC), Rio Grande (RS), Rio de
Janeiro (RJ), Itaguaí (RJ), Itaqui (MA), Suape (BA), Vitória (ES), Itajaí (SC), Santos (SP), Fortaleza
(CE), Pecém (CE), Salvador (BA), Aratu (BA), Imbituba (SC), Ilhéus (BA), Manaus, Belém (PA),
Antonina (PR), Santana, Porto Alegre (RS), Pelotas (RS), Cabedelo (PB), São Francisco do Sul (SC) e
Forno (RJ) (SEP, 2014).
63
Cumpre destacar ainda que o Governo Federal, por meio da Secretaria de Portos, esta
trabalhando na implantação do Projeto de Incentivo à Cabotagem (PIC) - que visa desenvolver a
navegação realizada entre portos brasileiros, utilizando a via marítima ou a via marítima e as interiores
(PPA- 2012-2015). O PIC propõe a criação de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) para
integrar as entidades das comunidades envolvidas e também a criação de um gestor único para cada
porto, que seria a figura que centralizaria as operações dentro do porto. Vale ressaltar ainda, que 32
portos têm condições para trabalhar com a cabotagem, mas apenas 11 já o fazem com empresas
privadas. O intuito do PIC é utilizar a capacidade instalada ociosa dos outros 21 portos. Além disso, O
PIC já está com ações preliminares para a implementação nos portos de Natal (RN), São Sebastião
(SP), Antonina (PR), Cabedelo (PB), Fortaleza (CE), Suape (PE), Vitória (ES) e Pelotas (RS), mas não
há previsão para que o projeto esteja completamente implementado. (REVISTA PORTUÁRIA, 2010).
Importa ainda citar o Projeto Porto Sem Papel, iniciado em 2010, é um sistema de informação
que tem como objetivo principal reunir em um único meio de gestão as informações e a documentação
necessárias para agilizar a análise e a liberação das mercadorias no âmbito dos portos brasileiros.
Com isso tem-se buscado, assim, modernizar a análise e a liberação de mercadorias por parte das
autoridades, através de um documento eletrônico único, a chamada janela única portuária, em
conformidade com as boas práticas internacionais. Contudo, conforme foi apontado pela Pesquisa CNT
do Transporte Marítimo 2012, o Projeto não está efetivamente funcionando, já que algumas
autoridades públicas continuam exigindo os documentos físicos (CNT, 2013).
A cabotagem tem potencial para beneficiar todos os segmentos das indústrias que transportam
suas mercadorias por distâncias superiores a 1000 Km. Além disso, a cabotagem oferece diversos
benefícios logísticos, econômicos e ambientais, conforme assinalado a seguir:
A maior parte dos benefícios da cabotagem está relacionada aos ganhos de escala da
operação, ou seja, os benefícios desse tipo de transporte estão vinculados à grande capacidade de
movimentação de carga. Os custos do volume da carga transportada por cabotagem são divididos
entre toda a carga embarcada, o que se traduz por menor valor por unidade de carga. Ver Figura 10:
Elevar o volume de cargas transportadas pelo modal aquaviário via cabotagem trará
grandes benefícios para o país, tornando nossos produtos cada vez mais
competitivos. Em razão dessa premissa, uma grande mobilização está sendo feita
com o objetivo de minimizar os problemas existentes e conscientizar empresas,
sociedade, Governo e empresas privadas de que uma maior integração entre
embarcadores, recebedores, terminais portuários e provedores de transporte
terrestre e ferroviário pode possibilitar o desenvolvimento de melhores práticas para
a logística de cabotagem, com vantagem para todos.
Desde os primórdios dos tempos o homem sentiu a necessidade de se deslocar por variados
lugares. Por muito tempo a principal forma de deslocamento foi à tração animal e com a evolução
natural exigiu que os meios lhe permitissem deslocar-se de forma cada vez mais rápida.
Segundo Braga (2011) a navegação de cabotagem é estratégica para o país, pois atua como
plataforma de apoio logístico nas navegações de longo curso, ajuda de maneira eficiente a
redistribuição das mercadorias no desembarque, além disso, diminui o número de veículos de cargas
nas rodovias o que contribui para melhoria do meio ambiente.
FIGURA 12: Fatores que Contribuem para Aumento do Custo Brasil na Cabotagem
Fonte: Adaptado Plano CNT de Logística e Transporte, (2014).
Outro fator preponderante que determina o Custo Brasil é o alto preço da mão de obra do
trabalhador portuário e marítimo, pois com advento da Lei 12.815/2013, houve um acréscimo dos
custos da cabotagem, ao determinar uma maior incidência de encargos trabalhistas. Cabe destacar
ainda, que trabalhador rodoviário continuou menos oneroso do que o trabalhador portuário e marítimo.
Outro impeditivo ao desenvolvimento da navegação de cabotagem são as contratações dos
trabalhadores portuários, pois os portos públicos estão obrigados a contratar trabalhadores através do
Órgão de Gestão de Mão de Obra (OGMO). Esse órgão encarrega-se entre outras funções de
administrar o fornecimento da mão de obra do trabalhador portuário, estabelece o preço a ser cobrado,
a disponibilidade de cada trabalhador portuário, a escalação e também quais trabalhadores poderão
ingressar em seus quadros.
69
No entanto, os Terminais Privados não dependem dessa intermediação. Além disso, outro
fator para o aumento dos custos da cabotagem é a falta de capacitação da mão de obra do trabalhador
marítimo, uma vez que os cursos de formação são escassos e o processo de formação para a sua
habilitação é longo e burocrático. (SEP, 2014)
A navegação de cabotagem pode ser vista como uma forte alternativa para um maior equilíbrio
da matriz de transporte brasileira e, embora, apresentando uma série de vantagens (maior capacidade
de carga, menor emissão de poluentes, menor custo com seguro e menor risco de acidentes e etc.), ela
também tem algumas limitações que merecem ser citadas, tais como: o tempo de entrega da carga,
gargalos relacionados à infraestrutura dos portos, o excesso de mão de obra nas operações portuárias,
a baixa eficiência relativa na movimentação de contêineres e obstáculo com burocracia portuária, pois
a cabotagem está sujeita as mesmas regras do transporte de carga de longo curso. Além disso, a
cabotagem está sujeita a um tratamento tributário desigual em relação ao transporte marítimo de longo
curso, pois o preço do combustível marítimo é mais barato para as embarcações de navegação de
longo curso, por estarem isentas de impostos (ICMS, PIS e COFINS). Vale destacar que todos esses
fatores influenciam diretamente na elevação dos custos logísticos.
Mesmo com todas as limitações citadas a respeito do modal, ainda assim, a navegação de
cabotagem é de suma importância já que se trata de um modal que transporta grandes volumes de
cargas, a grandes distâncias e a preços competitivos, mercê dos ganhos de escala da operação,
conforme já citado anteriormente.
70
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta seção tem como objetivo apresentar as considerações conclusivas pertinentes ao conteúdo
investigado. Assim sendo, a presente seção apresenta apenas um resumo destas principais
considerações, apontando igualmente as recomendações finais decorrentes da execução deste estudo.
5.1 Conclusões
Torna-se primordial para a efetiva utilização da navegação de cabotagem que a execução dos
planos/programas do Governo Federal sejam executados nos prazos previstos, e não sofram solução
de descontinuidade. Para isso há necessidade que se elimine em curto prazo os gargalos existentes
tais como: infraestrutura dos portos, o excesso de mão de obra nas operações portuárias e facilidades
de acesso aos portos. Sem o que continuaremos a assistir a perda de competitividade dos produtos
brasileiros tanto no mercado interno quanto externo decorrentes do propalado “Custo Brasil”