Projeto: Gestão Socioambiental
Projeto: Gestão Socioambiental
Projeto: Gestão Socioambiental
Projeto
Gestão
Socioambiental
de Municípios do Pará
Junho/2017
Este relatório apresenta os resultados da avaliação de efetividade de projeto
apoiado pelo Fundo Amazônia, denominado “Gestão Socioambiental de
Municípios do Pará” que foi encerrado em 2014. Essa avaliação foi realizada por
uma equipe de consultores independentes, sob a coordenação da cooperação
técnica entre o BNDES e a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento
Sustentável por meio da GIZ. Todas as opiniões aqui expressas são de inteira
responsabilidade dos autores, não refletindo, necessariamente a posição da
GIZ e BNDES. Este documento não foi submetido a revisão editorial.
©DeutscheGesellschaftfürInternationaleZusammenarbeit(GIZ)GmbH.
BancoNacionaldeDesenvolvimentoEconômicoeSocial–BNDES–2017
Equipe de Avaliação
Bernardo Anache
Heliandro Torres Maia
Leandro Beser
Monika Röper
É permitida a reprodução deste texto e dos dados nele contidos, desde que citada a fonte.
Lista de Quadros
Quadro 1. Conceitos importantes: o CAR, o PRAD e o PRA.................................................................................................................... 12
Quadro 2. Projetos no estado do Pará: SEMAS/PA e o Programa municípios Verdes (PMV)................................................................14
Quadro 3. Análise do desmatamento no Pará e nos municípios apoiados pelo projeto...................................................................... 17
Quadro 4. A realização do Cadastro Ambiental Rural apoiada pelo Imazon nos municípios visitados...............................................22
Lista de tabelas
Tabela 1. Objetivos dos projetos apoiados pelo Fundo Amazônia.........................................................................................................14
Tabela 2. Soma do incremento do desmatamento nos períodos: anterior, durante e no encerramento do projeto...........................18
Lista de abreviatura e siglas
APP Área de Preservação Permanente PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar
BNDES Banco Nacional do Desenvolvimento
Econômico e Social REDD+ Redução de Emissões de gases de efeito
estufa provenientes do Desmatamento e
CAR Cadastro Ambiental Rural
da Degradação florestal, considerando
CRA Cota de Reserva Ambiental o papel da conservação de estoques de
EMATER/PA Empresa de Assistência Técnica e carbono florestal, manejo sustentável
Extensão Rural do estado do Pará de florestas e aumento de estoques de
FA Fundo Amazônia carbono florestal (+)
GIZ D e u t s c h e Gesellschaft für RL Reserva Legal
Internationale Zusammenarbeit (GIZ) SAD Sistema de Alerta de Desmatamento
GmbH (Cooperação Alemã para o SEMAS Secretaria Estadual de Meio Ambiente e
Desenvolvimento Sustentável) Sustentabilidade
GTA Guia de Transporte Animal SFB Serviço Florestal Brasileiro
ha Hectare SiCAR Sistema Nacional de Cadastro Ambiental
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Rural
Estatística SIDRA Sistema IBGE de Recuperação
Idesp I n s t i t u t o d e D e s e n v o l v i m e n t o Automática
Econômico e Social do Pará SIG Sistema de Informações Geográficas
IMAZON Instituto do Homem e do Meio Ambiente SMMA Secretarias Municipais de Meio Ambiente
INCRA Instituto Nacional de Colonização e SR Sindicato Rural
Reforma Agrária
TAC Termo de Ajustamento de Conduta
INPE Instituto Nacional de Pesquisas
TNC The Nature Conservancy
Espaciais
UNFCCC United Nations Framework Convention on
IPAM Instituto de Pesquisa Ambiental da
Climate Change
Amazônia
ITERPA Instituto de Terras do Pará Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre a Mudança do Clima
LAR Licença Ambiental Rural
Simlam Sistema Integrado de Monitoramento e
MMA Ministério do Meio Ambiente
Licenciamento Ambiental
MPE Ministério Público Estadual
MPF Ministério Público Federal
OCDE Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico
OEMAs Órgãos Estatais de Meio Ambiente
ONG Organização não governamental
PA Pará
PAM Portal Ambiental Municipal
PIB Produto Interno Bruto
PMV Programa municípios Verdes
PPCDAm Plano de Ação para Prevenção e Controle
do Desmatamento na Amazônia Legal
PRA Programa de Regularização Ambiental
PRADs Planos de Recuperação de Áreas
Degradadas
PRODES projeto de Monitoramento do
Desmatamento na Amazônia Legal por
Satélite do Inpe
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Sumário
6
Resumo Executivo
1
O projeto contribuiu para a criação de bases para a gestão socioambiental de municípios críticos em relação ao desmatamento no Pará.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma organização internacional de 34 países que procura fornecer uma plataforma para com-
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parar políticas econômicas, solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais. A maioria dos membros da OCDE são economias com um
elevado PIB per capita e alto IDH (cf. http://www.oecd.org).
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Sumário
7
Sustentabilidade Relevância
A mobilização e sensibilização dos atores locais na A contribuição mais relevante do projeto foi a promo-
contribuição para o controle do desmatamento, bem ção da participação dos atores locais no controle do
como a estruturação das políticas e instituições am- desmatamento. Esta abordagem baseia-se no enten-
bientais são benefícios gerados que ainda permane- dimento de que há uma parcela do processo que pode
cem nos municípios. ser controlada pelo município a partir do empodera-
mento e da valorização dos atores locais.
Uma parte relevante das estratégias do projeto esteve
relacionada ao desenvolvimento e à implementação O modelo de gestão ambiental municipal desenvolvido
de ferramentas e procedimentos para a regularização pelo projeto tem uma base replicável e poderia ser uma
ambiental. O desenvolvimento metodológico desse boa referência para outros municípios na Amazônia.
tema ainda está em andamento e tem passado por
mudanças consideráveis desde o término do projeto. Várias ações do projeto tiveram validade no contexto
Portanto, vários insumos elaborados no âmbito do do momento da implementação, mas atualmente
projeto já não têm mais aplicabilidade imediata, mas constituem etapas de processos que, em parte, já
devem ser consideradas etapas de processo relevantes avançaram ou de outros que foram prematuros ou não
à época de sua construção. avançaram mais. Em relação às abordagens de CAR,
houve várias mudanças metodológicas e tecnológicas
A sustentabilidade das medidas de capacitação depen- que geraram novas estratégias, mas também com-
de fortemente da continuidade de pessoal nas institui- prometeram processos iniciados anteriormente, fora
ções. Alguns dos municípios visitados já contam com da governabilidade imediata do projeto. Já as ações
servidores concursados, o que favorece a continuida- direcionadas ao estabelecimento de pagamentos de
de. Mesmo assim, fatores como salários baixos e falta serviços ambientais se mostraram prematuras em
de planos de carreira, bem como opções mais vantajo- vista do quadro regulatório, não contribuindo para o
sas no setor privado persistem e podem comprometer alcance dos objetivos propostos.
os efeitos de médio prazo dos investimentos.
Eficácia
Entre os riscos a serem monitorados constam:
▶▶A evolução futura do desmatamento, uma vez Devido às formulações dos objetivos na construção do
que as análises indicam que a redução alcançada marco lógico e dos indicadores terem aspecto muito
não necessariamente é permanente, especialmente generalista, alguns objetivos foram cumpridos apenas
se não for acompanhada de medidas contínuas de parcialmente. A avaliação do cumprimento dos obje-
monitoramento e controle. tivos com base na formulação utilizada pelo Imazon é
mais condizente com a implementação. De modo geral,
▶▶A incidência crescente de polígonos de os objetivos foram atingidos, embora para isso tenham
desmatamento em áreas inscritas no CAR indica que sofrido algumas mudanças ao longo do projeto.
a efetividade do CAR como instrumento de controle
do desmatamento necessita de acompanhamento No entanto, em relação às ações visando ao pagamen-
e aprimoramento contínuo. to por serviços ambientais e o sequestro de carbono,
as expectativas dos próprios executores eram excessi-
▶▶Da mesma forma, é preciso monitorar a vamente otimistas.
capacidade de atuação efetiva das Secretarias
Municipais de Meio Ambiente no controle e
monitoramento, especialmente no contexto pós-
projeto, em que uma série de aportes operacionais
podem ser descontinuados.
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Sumário
8
Eficiência
Considerando o objetivo de “criar bases para a gestão ao projeto e simplesmente comparar o seu custo com
socioambiental”, seria complexo comparar o projeto outros projetos para medir a eficiência do projeto. Mais
a outras iniciativas direcionadas ao CAR. O projeto interessante é relacionar os custos da redução do des-
realizou inscrições de CAR, no âmbito dos mapeamen- matamento, que são aqueles de emissão dos alertas,
tos participativos, logo, não seria muito apropriado da capacitação dos técnicos e dos pactos municipais.
creditar todos os cadastros realizados nos municípios Sugere-se calcular o custo por município e ano:
Mesmo assim, é difícil definir valores de referência Quanto ao alcance dos objetivos dentro dos prazos
para avaliar a eficiência das ações, particularmente previstos, é necessário considerar o período decorrido
para as ações relacionadas à pesquisa (análise dos entre a elaboração e a contratação do projeto. Além
TACs, mapeamento da cobertura do solo, diagnóstico disso, a regularização ambiental representa um tema
de restauração e estudo sobre potencial de serviços novo, de modo que há uma forte dinâmica de mu-
ambientais). No relatório do Imazon, parece que os danças e avanços na regulamentação dessa política,
custos estão relacionados à elaboração dos relatórios levando à revisão de algumas ações previstas e ao
e publicações, quando, de fato, são majoritariamente comprometimento dos prazos em alguns casos.
custos de consultoria. No entanto, dividindo o custo
total relacionado à redução do desmatamento pelo
número de municípios atendidos e pela duração do
projeto, um custo de R$ 30 mil por município por ano
indica uma relação custo-benefício razoável.
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Sumário
9
Critérios Transversais
Redução da pobreza Equidade de gênero
Em função dos argumentos expostos em relação ao O projeto não integrou questões de gênero a suas es-
Componente de Atividades Produtivas Sustentáveis, tratégias e intervenções de forma adequada. Não se
consideramos que as ações do projeto não estão di- verificou o levantamento desagregado de informações
recionadas a medidas que viabilizem a redução da para o planejamento e o monitoramento do projeto.
pobreza, estando os seus impactos direcionados, prin-
cipalmente, ao monitoramento e controle ambiental, O indicador de gênero selecionado para o projeto,
bem como ao ordenamento territorial. que afere a evolução da participação de mulheres
em posições de chefia no Imazon, não é adequado
No entanto, o encaminhamento da regularização am- para dimensionar a contribuição do projeto para a
biental e, em parte, fundiária dos imóveis rurais são equidade de gênero. Embora relevante em termos de
consideradas medidas estruturantes que, em médio fortalecimento institucional da instituição executora,
prazo, podem viabilizar a estruturação de cadeias esse fortalecimento não foi objeto das estratégias de
produtivas sustentáveis e a substituição de usos eco- intervenção do projeto.
nômicos predatórios dos recursos naturais e florestais.
municípios
Amazônia
estados
Fundo
MMA
TEMAS/ATORES ESPECÍFICOS
Controle do desmatamento
Em vista da dinâmica ainda não consolidada do desmatamento, focar em
assegurar a efetividade das ações de controle por meio do monitoramento x x x x
contínuo.
Fortalecer a atuação efetiva das Secretarias Municipais de Meio Ambiente
no controle do desmatamento com base nas experiências do projeto, que
x x
demonstram a efetividade da atuação dos técnicos locais na verificação e
autuação dos alertas de desmatamento.
Lista de municípios prioritários para o controle do desmatamento
Reativar a edição regular da lista, registrando anualmente a entrada e
x
saída dos municípios.
Revisar os critérios de entrada e saída da lista, visando considerar de
forma adequada as diferenciações de tamanho e estoque florestal dos x
municípios.
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Sumário
10
1. Antecedentes
Figura 1. Localização dos municípios na região de atuação do projeto e desmatamento consolidado.
Desde o início dos anos 2000, a região, que tem um his- soja, e o plantio de palma para extração de óleo vege-
tórico marcado pela exploração madeireira predatória tal em alguns municípios (Pesquisa Pecuária Municipal
nas décadas de 1980 e 1990, que levou os estoques e Pesquisa Agrícola Municipal, IBGE).
madeireiros regionais ao quase esgotamento, encon-
trava-se em transição para uma base econômica ca- O desenho do projeto Gestão Socioambiental de mu-
racterizada pela pecuária de corte5. Atualmente, suas nicípios do Pará foi desenvolvido no contexto de três
principais atividades econômicas rurais são a pecuária eventos que haviam marcado a região no período ime-
de corte e leiteria, a agricultura, composta principal- diatamente anterior:
mente pelas lavouras temporárias de feijão, milho e
Os municípios apoiados pelo projeto foram: Abel Figueiredo, Bom Jesus do Tocantins, Dom Eliseu, Goianésia do Pará, Itupiranga, Jacundá, Moju, Paragominas, Rondon
3
▶▶Nos anos de 2008 a 2010, foram realizadas na re- ▶▶Em 2009, o Ministério Público Federal (MPF) no Pará
gião intensas operações de fiscalização, no âmbito propôs a realização de um Termo de Ajustamento
da implementação do Plano de Ação de Prevenção de Conduta (TAC)7 para o setor da pecuária, que
e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal permitia o comércio de carne bovina somente
(PPCDAm), em execução pelo Governo Federal entre produtores e frigoríficos ambientalmente
desde 2004. Essas operações geraram reações e até legalizados. Tanto a lista quanto os TACs previam a
mesmo conflitos na população local, particular- inscrição no Cadastro Ambiental Rural (CAR) como
mente em função da perspectiva de perda dos em- comprovação inicial da regularidade ambiental.
pregos associados às atividades sob fiscalização6.
Trata-se, portanto, de um momento em que se verifica
▶▶Nesse mesmo período, foi concebida, também no uma grande resistência dos produtores à realização
âmbito do PPCDAm, a lista de municípios prioritá- da regularização ambiental de suas propriedades,
rios para ações de controle e monitoramento do mas também uma intensa mobilização de atores do
desmatamento na Amazônia Legal. A lista passou poder público municipal e das representações do
a ser editada anualmente pelo Ministério do Meio setor produtivo no sentido de reverter os seus impac-
Ambiente (MMA) a partir de 2008, sendo a sua prin- tos socioeconômicos. Isto foi particularmente efetivo
cipal consequência o bloqueio do acesso ao crédi- em Paragominas, que, em 2010, articulou a assina-
to rural pelos municípios incluídos. Sua primeira tura de um amplo “Pacto Municipal de Redução do
edição listou 36 municípios da Amazônia Legal Desmatamento”. Associado a outras medidas direcio-
(posteriormente ampliados para 52), sendo quatro nadas à transição de sua base econômica, reunidas no
da região (Paragominas, Ulianópolis, Dom Eliseu e conceito de “município Verde”, o pacto permitiu que o
Rondon do Pará). No ano seguinte, foram incluídos município fosse o primeiro a conseguir a sua exclusão
Tailândia e Itupiranga. da lista, em 2010, passando a ser considerado “muni-
cípio com desmatamento monitorado” (cf. Anexo 11.6.
Imazon, 2011). a8b9
O Cadastro Ambiental Rural (CAR), “criado pela Lei nº 12.651/2012, no âmbito do Sistema Nacional de
Informação sobre Meio Ambiente, e regulamentado pela Instrução Normativa MMA nº 2, de 5 de maio de 2014,
é um registro público eletrônico de âmbito nacional, obrigatório para todos os imóveis rurais, com a finalidade
de integrar as informações ambientais das propriedades e posses rurais referentes às Áreas de Preservação
Permanente (APP)8, de uso restrito, de Reserva Legal (RL)9, de remanescentes de florestas e demais formas de
vegetação nativa, e das áreas consolidadas, compondo base de dados para controle, monitoramento, plane-
jamento ambiental e econômico e combate ao desmatamento” (Serviço Florestal Brasileiro, s.d.).
Com a realização da inscrição no CAR, o proprietário rural deve assinar o termo de adesão ao PRA, visando
à recuperação do passivo ambiental em áreas de RL ou APP, quando necessário. O proprietário executa seu
projeto de Recuperação de Área Degradada e Alterada (PRAD ou PRADA). Este projeto deve conter as me-
didas para a recuperação ou restauração das áreas alteradas ou degradadas, conforme as recomendações
pré-existentes de Órgãos Estatais de Meio Ambiente (OEMAs) para a recomposição dos impactos causados.
Por fim, o Programa de Regularização Ambiental (PRA) é um instrumento da Lei 12.651/2012 a ser imple-
mentado por cada estado. Esse Programa reúne as etapas necessárias a que o produtor terá que aderir para
atingir a adequação ambiental do imóvel rural.
6
Especialmente a operação “Arco de Fogo”, de 2008, envolveu ações incisivas de apreensão de madeira, embargo de serrarias e carvoarias irregulares, pesadas multas
a infratores e presença das equipes de fiscalização nos municípios atingidos por várias semanas. Por sua vez, o embargo é um instrumento utilizado para aplicação de
sanções à exploração irregular de recursos naturais, que causou danos irreparáveis à fauna e à flora. O embargo é utilizado para promover a paralisação total ou parcial da
atividade rural que o empreendedor vinha realizando na propriedade e a apreensão judicial dos bens utilizados para essas atividades.
7
O TAC da pecuária prevê a proibição da compra de gado bovino de fazendas que estejam na lista de propriedades embargadas pelo Ibama ou Ministério do Trabalho, e
também das que possuam denúncias criminais por trabalho escravo, que estejam situadas em áreas indígenas ou sejam terras “griladas” e que sejam objeto de desmata-
mento ilegal a partir da assinatura do TAC.
8
Conforme a Lei 12.651/2012, Área de Preservação Permanente é a “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”.
Conforme a Lei 12.651/2012, Reserva Legal é “área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar
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o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da
biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa”.
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Sumário
13
Nesse contexto, o projeto apoiado pelo Fundo ▶▶Auxiliar o planejamento e restauração de áreas de-
Amazônia/BNDES se insere nos componentes gradadas na bacia do Rio Uraim, em Paragominas;
“Monitoramento e Controle”, “Ordenamento
Territorial” e “Produção Sustentável” do Fundo ▶▶Avaliar o cumprimento de termos de ajustamento
Amazônia e esteve alinhado às principais políticas de conduta (TAC) e monitoramento das ações de
públicas correlatas, tais como o PPCDAm, o Plano regularização fundiária; e
Estadual de Prevenção e Controle do Desmatamento
estadual e o Programa municípios Verdes. Ao longo ▶▶Avaliar o potencial de negócios com sequestro de
de sua execução, o projeto recebeu o valor total de carbono no município de Paragominas.
R$ 9.736.473, integralmente apoiado pelo Fundo
Amazônia. Seu público alvo principal eram técnicos A partir dos objetivos propostos, os principais resulta-
das secretarias municipais de meio ambiente, pecu- dos esperados pelo projeto do Imazon em suas apre-
aristas e agricultores familiares dos onze municípios sentações sintéticas eram:
apoiados.
▶▶Consolidar um modelo de gestão socioambien-
Seus objetivos eram: tal de municípios que pudesse ser replicado na
Amazônia;
▶▶Contribuir para a redução do desmatamento e
da degradação florestal nos 11 municípios con- ▶▶Contribuir para a redução do desmatamento e da
templados pelo projeto, mobilizar instituições degradação florestal em 72 mil km2;
do Governo Estadual e municipais, produtores
rurais, sindicatos e associações para a adesão ao ▶▶Contribuir para adesão ao CAR e regularização
Cadastro Ambiental Rural (CAR); fundiária;
2. Introdução
Quadro 2. Projetos no estado do Pará: SEMAS/PA e o Programa municípios Verdes (PMV)
Para além do projeto Gestão Socioambiental de municípios do Pará, o Fundo Amazônia apoia mais projetos no estado. Destaca-
se a importância dos projetos cujas ações dialogam com a iniciativa do Imazon – os projetos Programa municípios Verdes (PMV)
e o da Secretaria de estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), ambos executados pelo Governo do estado. Abaixo,
é possível observar os objetivos dos projetos supracitados.
Além do fortalecimento da gestão ambiental e adesão ao CAR, o projeto Imazon visa otimizar as atividades de monitoramento
do desmatamento, mas somente em onze municípios do Pará.
O apoio do PMV entre 2011 e 2014/2015 se deu, principalmente, na forma de articulação, orientação técnica e planejamento do
conjunto de ações e de políticas públicas. Já o apoio com recursos do Fundo Amazônia na forma de equipamentos e capacita-
ções ainda se encontra em execução.
O projeto da SEMAS visou facilitar o acesso à regularização ambiental de produtores rurais além do alcance do CAR, como no
Imazon, apoiando a realização do licenciamento ambiental em todos os municípios do Pará. Como resultado do apoio do Fundo
à SEMAS, a Secretaria foi fortalecida com capacitações e também aquisições de equipamentos (veículos, materiais de infor-
mática, imagens de alta resolução e outros). Foram registrados 131.839 pedidos de adesão ao CAR, foram estruturadas quatro
unidades regionais da SEMAS para descentralização da gestão ambiental e foi montada uma sala de monitoramento capaz de
acompanhar os empreendimentos licenciados por meio do geoprocessamento e de sensoriamento remoto.
Por meio desses três projetos, tais instituições implementaram atividades necessárias à regularização ambiental no estado, reali-
zando-as de maneira complementar, promovendo o tema e sua implementação nos municípios em que atuaram.
10
As ações apoiadas pelo Fundo Amazônia devem observar as diretrizes do PPCDAm e dos respectivos planos estaduais.
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Sumário
15
3. Metodologia
A avaliação buscou analisar o cumprimento dos ob- Imazon e considerou a evolução do desmatamento e
jetivos e metas do projeto, apoiando-se nos critérios das inscrições no CAR, bem como questões logísticas e
da OCDE de relevância, eficácia, eficiência, impactos e de cronograma (Anexo 11.5).
sustentabilidade, incluindo como critérios adicionais
a redução da pobreza, a equidade de gênero e temas As principais formas de coleta de dados foram (i) não-
relacionados às salvaguardas de REDD+11, dispostos -reativa (fontes secundárias), (ii) entrevistas com ato-
no Marco Conceitual de Avaliação de Efetividade dos res chave, (iii) observação (durante as visitas, partici-
projetos Apoiados pelo Fundo Amazônia (GIZ e Fundo pativa ou individual) e (iv) dados geográficos matriciais
Amazônia, 2016). e vetoriais (imagens e mapas).
Na fase de preparação da avaliação, foi realizada a Ainda foram realizadas análises geográficas com base
coleta de dados oriundos de fontes secundárias em nos dados disponibilizados pela SEMAS, no intuito de
relação à área de atuação do projeto. Por meio desse identificar a qualidade e quantidade dos CAR nos mu-
levantamento, foi composto um memorandum inicial nicípios apoiados frente aos demais municípios, além
como fonte de referência e nivelamento com informa- de possíveis sobreposições nos cadastros em compa-
ções relativas ao projeto. Também foram analisados ração com dados da SEMAS. A análise contrafactual
os documentos elaborados no âmbito do projeto e teve como objetivo encontrar indicativos sobre a pos-
selecionados os municípios a serem visitados durante sível evolução dos principais temas em um município
a missão de campo. A partir dessas informações foi não contemplado com as ações do projeto.
composto o Relatório de Desenho da Avaliação, con-
tendo o plano de trabalho, a metodologia e a proposta Com base no relatório preliminar, foi realizada uma
da missão de campo. rodada de consulta com a participação do Grupo
de Referência da avaliação, de representantes do
A missão de campo foi realizada no período de 1 a 11 Ministério do Meio Ambiente e de atores chave do
de novembro de 2016, contemplando entrevistas e vi- projeto avaliado. Também foram convidadas algu-
sitas ao executor do projeto, aos órgãos governamen- mas organizações pares, tal como a ONG The Nature
tais em Belém e uma agenda de visitas e entrevistas a Conservancy e a SEMAS. Nessa rodada, foram reunidos
quatro dos onze municípios do projeto (Paragominas, insumos complementares, como comentários e justi-
Moju, Itupiranga e Tailândia). Também incluiu a visita a ficativas, que foram considerados na elaboração do
um município, Acará, que não fez parte do projeto, no relatório final.
intuito de obter uma análise contrafactual. A seleção
dos municípios foi realizada com apoio da equipe do
11
Redução de Desmatamento e Degradação Florestal, incluindo a conservação, o manejo florestal sustentável e o aumento dos estoques de carbono em área de floresta.
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Sumário
16
4. Resultados
A metodologia prevê que a avaliação seja realizada a elaborados ao longo da execução, a partir de propostas
partir dos componentes de apoio (quadro lógico do estruturadas pela equipe do Fundo Amazônia/BNDES.
projeto). Porém, a introdução sistemática dos quadros Os executores tiveram a oportunidade de analisar e
lógicos nos projetos do Fundo Amazônia ocorreu ape- contribuir com as propostas. No entanto, a equipe do
nas a partir de 2012. Para os projetos aprovados nos Imazon não passou a perceber o quadro como único
anos iniciais de atuação do Fundo, os quadros foram instrumento efetivo de gestão do projeto12.
áreas desmatadas e
Objetivos
Além disso, no intervalo entre a formulação inicial do com situação fundiária regular” e “áreas degradadas
projeto, sua aprovação e o início da execução, houve recuperadas com utilização econômica”.
mudanças de cenário e das perspectivas de alcance de
alguns dos resultados, que deverão ser considerados A mesma situação se dá no nível dos objetivos específi-
de forma mais detalhada na avaliação a seguir13. cos. Vários indicadores do marco lógico não contam com
metas, dificultando a avaliação do alcance dos objetivos.
Finalmente, a seleção e formulação de componentes, Em alguns casos, as metas foram estabelecidas de forma
objetivos e resultados, bem como seus respectivos in- cruzada (por exemplo, a redução do desmatamento
dicadores resultaram em limitações para a análise de prevista no objetivo geral é especificada pela meta de
efetividade e impactos em alguns aspectos. De forma municípios que saíram da lista, que é o indicador da mo-
geral, os objetivos gerais estabelecidos no marco dernização e estruturação dos processos de controle).
lógico são de natureza muito ampla e seu alcance de-
penderia de uma série de outros aportes, para além Dessa forma, em alguns momentos a análise utilizará
das possibilidades do projeto, como por exemplo, recursos além do quadro lógico e dos indicadores do
“assegurar o combate ao desmatamento”, “municípios Fundo para avaliar a efetividade dos resultados e as
trajetórias rumo aos impactos do projeto.
Um exemplo é que o relatório final de avaliação, elaborado pelo Imazon, estrutura o projeto em nove ações, em uma sequência e nomenclatura parcialmente distinta
12
zação do CAR em nível nacional levou a uma série de novas regulamentações e definições de atribuições institucionais, que impactaram na implementação desse instrumento.
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Sumário
17
Quadro 3. Análise do desmatamento no Pará e nos municípios apoiados pelo projeto
O projeto focou apenas em 11 dos 144 municípios do Pará. No intuito de compreender o que o projeto representou para o com-
bate ao desmatamento foram realizadas análises comparativas entre períodos e territórios.
Comparando o avanço do desmatamento nos onze municípios apoiados pelo projeto, nos municípios prioritários do MMA e
nos demais municípios do estado, nota-se que entre 2010 e 2014 houve uma queda 64% no desmate na área foco do projeto,
enquanto para o restante do estado houve uma queda de 44%. Já para os municípios prioritários da Amazônia, a queda foi de
62%. O Gráfico 1 aponta que durante o período de atuação do projeto (2011-2014), o desmatamento nos municípios apoiados
sempre esteve abaixo das outras classificações – do restante dos municípios e municípios prioritários – exceto em 2013, em
que o desmatamento desses 11 ficou acima dos demais municípios do Pará. No ano seguinte ao encerramento do projeto, tais
municípios tiveram um leve incremento em relação ao ano anterior, mas ainda notadamente abaixo das demais divisões.
Fonte: Prodes/INPE.
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Sumário
18
Para aprofundar a análise, focou-se somente nos municípios apoiados pelo projeto. Nesse contexto, por meio das somas dos
incrementos do desmatamento identificados pelo Prodes, foi possível verificar a queda do desmatamento durante o período de
vigência do projeto (2011-2014), totalizando 890 km², e após o encerramento deste, totalizando 167 km² (2015). Comparando
os períodos de execução com o anterior (2007-2010), houve uma queda de 61,55%, o que mostra que o projeto contribuiu ati-
vamente para a queda do desmatamento nos municípios apoiados e, consequentemente, para o principal objetivo do Fundo
Amazônia, a queda do desmatamento na região. Para o período posterior à execução do projeto foram captados dados mais
atuais, disponibilizados diretamente pelo INPE.
Fonte: Prodes/INPE.
Ao término do projeto, três municípios (Ulianópolis, Dom Eliseu e Tailândia) haviam deixado a lista efetivamente, registrando
consideráveis quedas de desmatamento. O combate ao desmatamento associado à realização do CAR foi importante para a
retirada dos municípios da lista, mas pode-se observar a necessidade da continuidade nas ações referentes à regularização
ambiental para se concretizar os avanços no combate ao desmatamento e uso da terra de forma sustentável.
14
O Portal Sigam fornece informações sobre o desmatamento e apoia o cruzamento de dados, sendo utilizado tanto pelos municípios como pela SEMAS.
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Sumário
20
que o pacto firmado em Paragominas é anterior a sua órgãos de controle ambiental. Na maior parte dos
vigência), superando a meta de seis pactos, proposta casos, os servidores municipais não têm preparo su-
como indicador, refletindo o compromisso da socieda- ficiente para lidar com agentes de desmatamentos em
de e das autoridades locais em relação à redução do maior escala e com grande poder de enfrentamento. A
desmatamento. Pode-se destacar a utilização desse articulação e atuação integrada com os órgãos estadu-
instrumento como momento inicial de articulação da ais e até mesmo federais – necessária para este tipo de
implementação do projeto nos municípios apoiados. enfrentamento – geralmente é precária e pouco efeti-
va, podendo resultar na exposição dos atores locais a
A adoção dos procedimentos de mobilização para a situações de periculosidade e violência.
preparação e assinatura dos pactos municipais aponta
para uma adaptação bem sucedida dos modelos ini- As metas de viabilização da saída dos municípios da
ciais a todos os municípios do projeto. Foi destacada lista do MMA foram apenas parcialmente alcança-
pela equipe do Imazon a importância do envolvimento das. Ao término do projeto, apenas três municípios
de atores chave nos processos de governança da ela- (Ulianópolis, Dom Eliseu e Tailândia) haviam deixado a
boração dos pactos, com destaque para os prefeitos lista efetivamente. No entanto, a situação dos municí-
– cujo protagonismo é visto como crucial para o pro- pios que permaneceram se mostrava bastante diferen-
cesso – e os gestores das SMMAs, bem como para as te da inicial. Com exceção de Itupiranga, todos os mu-
lideranças dos setores produtivos. O envolvimento do nicípios conseguiram reduzir o desmatamento anual
MPF nos municípios que constam na lista também foi para menos de 40 km², mas não conseguiram alcançar
um destaque positivo. o cadastramento ambiental de 80% de suas áreas.
A avaliação realizada ao início do projeto sobre o cum- Além disso, a partir de 2012, a lista de municípios prio-
primento de TACs para a regularização ambiental sub- ritários passou a perder prioridade e relevância no
sidiou a elaboração da Instrução Normativa 14/2011 nível federal. Sua última edição, assim como a da lista
da então SEMA/PA, com regras adicionais para a ob- de municípios que saíram dela e estão com o desma-
tenção do CAR, do licenciamento da atividade rural tamento monitorado e sob controle, data de outubro
e para a assinatura dos TACs para a recomposição de de 201315. O baixo nível de efetividade de suas implica-
passivos ambientais. A análise da efetividade dos TACs ções (por exemplo, em relação ao bloqueio de crédito)
e o acompanhamento contínuo dessa questão por comprometeu a motivação inicial dos municípios em
parte do Imazon foram contribuições importantes do canalizar esforços para deixar a lista. Em vista da hete-
projeto ao desenvolvimento e aprimoramento desse rogeneidade dos municípios em relação à extensão ter-
instrumento, que é visto como fundamental para o ritorial, características socioeconômicas (Anexo 11.4) e
comprometimento do setor privado com o enfrenta- perfil de desmatamento, a lista em sua concepção atual
mento do desmatamento. também perdeu força como instrumento de análise.
-de-ação-para-amazônia-ppcdam/lista-de-municípios-prioritários-da-amazônia>
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Sumário
21
fundamentais, mas ainda insuficientes para assegurar pequenos imóveis rurais, envolvendo a transferên-
os efeitos do CAR como instrumento de controle do cia da metodologia para técnicos locais e gerando
desmatamento. A realidade de campo mostra que os seguintes resultados:
uma implementação apenas formal dos TACs não ▶▶Paragominas: cobertura de 11.060 hectares
garante esses efeitos e o aumento da incidência de em 15 colônias, totalizando 237 CAR;
alertas de desmatamento em áreas com CAR também ▶▶Moju: cobertura de 8.883 hectares em 6 colô-
aponta nessa direção. Há indícios de vários casos em nias, totalizando 168 CAR; e
que fornecedores fazem o escoamento de carne para ▶▶Tailândia: 68 imóveis rurais, o equivalente a
os frigoríficos deslocando o gado de propriedades sem 4.987 hectares, mapeados para o CAR no as-
cadastro, ou mesmo embargadas, para um imóvel sentamento Fernão Dias.
com CAR regularizado (o chamado “esquentamento Além disso, o método foi disseminado para a
de CAR”), em um contexto em que os mecanismos Emater e o Incra no estado, assim como para fó-
de monitoramento e controle ainda são aplicados de runs que agregam especialistas no tema da regula-
forma incipiente pelos frigoríficos. Também há indícios rização ambiental e fundiária, como os grupos de
de que parte dos desmatamentos verificados em áreas trabalhos sobre assentamentos e CAR do Programa
com CAR se deve à compra e venda informal de imó- Estadual municípios Verdes.
veis cadastrados sem que sejam realizados os ajustes
no CAR, além de casos de invasão. Pontos Positivos
4.1.2. Objetivo Específico 2. Aumento
O projeto propiciou avanços nas primeiras etapas da
do número e área de imóveis no regularização ambiental, preparando insumos e atores
Cadastro Ambiental Rural (CAR) para a inscrição no CAR. A disponibilização das bases
de informação e as metodologias participativas de-
senvolvidas constituem insumos importantes para a
Diferente de outras iniciativas no tema, o projeto não realização do CAR com qualidade.
desenvolveu ações diretas de inscrição de imóveis no
CAR, tendo o seu foco no aprimoramento das bases Como em outros casos, a disponibilização das bases
de informação e na capacitação dos atores para o cartográficas e de dados territoriais, associada à capa-
processo. Seus principais aportes – a elaboração das citação dos atores locais para o seu manuseio, ampliou
bases de referência geográfica na escala de 1:50.000 de forma considerável o acesso dos municípios a infor-
(inicialmente concebida como base cartográfica ho- mações sobre o seu próprio território, gerando impac-
mologada) e a proposição de uma metodologia de ma- tos positivos para a concepção e implementação de
peamento fundiário participativo – representam con- políticas públicas locais para além da área ambiental,
tribuições indiretas para os resultados de aumento da incluindo, por exemplo, temas como o planejamento
área inscrita no CAR e de saída da lista de municípios da malha viária, o enfrentamento de conflitos fundiá-
que mais desmatam. Como resultados relacionados a rios, a facilitação de análises de acesso a crédito e à
esse objetivo, pode-se destacar que (Imazon, 2014): regularização fundiária, efeito confirmado pelo órgão
fundiário (Iterpa).
▶▶Foram elaboradas bases digitais para todos os ór-
gãos ambientais municipais, compostas por dados A metodologia de mapeamento participativo desen-
de estradas, drenagem e vegetação na escala de volvida permitiu a inclusão de áreas de pequenos
1:25.000, cartas planimétricas e cartas imagens na imóveis rurais (colônias, assentamentos, etc.) no CAR
escala de 1:50.000. de forma contínua, ampliando o escopo das iniciativas
de apoio ao cadastramento, que, nos anos iniciais, es-
▶▶Foi desenvolvido e validado um método de mape- tavam concentradas no cadastro de áreas de médios e
amento participativo de imóveis rurais. O método grandes imóveis.
combina o uso de imagens de satélite, com bases
refinadas de referência geográfica (malha de estra- O repasse da metodologia aos técnicos da Emater con-
das, drenagem e vegetação na escala de 1:25.000) tribuiu para promover o cadastramento dos pequenos
e o conhecimento local dos detentores dos imóveis imóveis em outras áreas do estado do Pará.
rurais, gerando um mapeamento mais preciso das
áreas mapeadas. Por meio dos testes da metodo-
logia em campo, foram realizados 405 cadastros de
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Sumário
22
Quadro 4. A realização do Cadastro Ambiental Rural apoiada pelo Imazon nos municípios visitados
A partir de insumos sobre as áreas dos municípios apoiados visitados durante a missão de campo, foi realizada uma análise para melhor compreender o avanço quantitativo das áreas cadastradas
nestes municípios e a qualidade do cadastro. Para isso, além de verificar a evolução dos critérios de saída da lista do MMA (percentual de área cadastrada e redução do desmatamento), a equipe
verificou as sobreposições existentes nos cadastros. Ao início da operacionalização do SiCAR a incidência de sobreposições era mais frequente, uma vez que o sistema permite atualizações e
aprimoramentos dos cadastros. A fase posterior da análise deve ter o intuito de corrigir e minimizar tais problemas.
A hipótese da avaliação era que, com o apoio oferecido pelo projeto à preparação dos municípios com treinamentos, insumos e metodologias para o cadastramento, a ocorrência de sobreposições
nos municípios apoiados deveria ser menor, refletindo uma melhoria na qualidade do cadastro. No entanto, tanto o fato de o projeto não ter atuado diretamente no cadastramento, quanto o
caráter declaratório da fase de inscrição no CAR fizeram com que a interpretação da ocorrência de sobreposições requeresse muita cautela. Assim, a utilização das sobreposições como indicativo
de qualidade no CAR demandaria estudos mais detalhados. Não obstante, as áreas de concentração das sobreposições possibilitam a priorização de regiões para os passos subsequentes de
análise e validação dos cadastros declarados pelos órgãos ambientais.
Há de se destacar que houve diferença entre os valores de área de CAR calculados pelo Imazon (base de CAR após migração para o SiCAR/SFB, referente a agosto de 2016; ver Anexo 11.3) e aqueles pro-
cessados pela equipe de avaliação. Para o cômputo das áreas cadastradas, a equipe de avaliação utilizou, fundamentalmente, a área total do imóvel delimitada por seu perímetro, fornecida pela SEMAS
(dado geográfico em formato vetorial), referente a outubro de 2016. Isso pode justificar, por exemplo, a divergência de valores apresentados para Itupiranga, que possui área cadastrada calculada
pelo Imazon com valor superior ao calculado pela equipe de avaliação16. Em termos metodológicos, tanto a equipe de avaliação quanto o Imazon utilizaram os mesmos procedimentos e ferramentas:
Cálculo: Taxa Percentual de Sobreposição = [(Área de Sobreposição Total / Área Total Cadastrada Municipal)*100]
As informações apresentadas no campo “análises descritivas” foram extraídas de referências bibliográficas, de dados obtidos com base em indícios constatados e de entrevistas realizadas durante
a missão de campo.
16
Após a migração do CAR do Simlam/PA para o Sicar, observamos que vários registros de CAR não migraram. Entretanto, não temos informação sobre o que aconteceu e sobre quais filtros foram aplicados. No caso específico do município de Tailândia, por
exemplo, há um grande imóvel rural (que responde por quase 15% da área cadastrável do município), cujo shapefile (arquivo vetorial) não consta mais no Sicar/SFB, mas a “ficha” de CAR do imóvel pode ser acessada via Sicar/PA (no site da SEMAS). Ainda
assim, apesar dos problemas apresentados, a migração de sistemas parece ter refinado os dados percentuais de cadastros realizados, principalmente, no que diz respeito à sobreposição, e, por esse motivo, os valores apresentam queda ao longo do período.
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Sumário
23
Para o entendimento das ações executadas com rela- ▶▶A partir da dificuldade de obter informações mais
ção a esse objetivo, é importante considerar que, para específicas da atuação do Iterpa nos municípios
o Imazon, o projeto também envolvia aspectos além do projeto, foi avaliado o cumprimento da Lei de
das questões específicas regionais, atreladas aos seus Acesso a Informações Públicas (Lei nº 12.527/2011)
demais focos de atuação, dentre os quais também pelo Iterpa, evidenciando que 54% das determina-
figura a regularização fundiária. Dessa forma, as aná- ções legais contavam com divulgação insuficiente
lises não podem ser restringidas ao âmbito regional, e 29% não eram divulgadas. Esses dados foram
envolvendo também perspectivas estaduais e até usados pelo Ministério Público Estadual (MPE/PA)
mesmo amazônicas. em um inquérito civil sobre o tema em 2013, levan-
do à assinatura de um TAC para o cumprimento da
Os principais resultados relacionados a esse objetivo lei pelo Iterpa e à criação de um comitê de monito-
foram (Imazon, Relatório de Avaliação de Resultados, ramento para o cumprimento do TAC no MPE.
2014):
▶▶Foram elaborados relatórios sobre as ações de re-
▶▶Um relatório sobre a atuação do Programa Terra gularização fundiária no Pará em 2012 e 2013, que
Legal, iniciativa federal de regularização das terras trazem os resultados do Programa Terra Legal e
federais devolutas na Amazônia Legal. O relatório do Iterpa no estado e incluem um estudo de caso
avalia o segundo ano do Programa, enfatizando as sobre a regularização fundiária em Paragominas.
ações de combate à grilagem e cancelamento de
títulos de terra falsos no Pará. Pontos Positivos
▶▶Um relatório sobre pendências fundiárias no Pará,
que apresenta os resultados de ações de regula- O projeto realizou contribuições importantes para es-
rização fundiária e reconhecimento territorial, os tabelecer um diálogo e uma interação contínua com
processos em curso para regularização e as áreas o Programa Terra Legal e o órgão fundiário estadual,
sem informações nos órgãos fundiários. Os resulta- Iterpa, especialmente sobre a melhoria nos procedi-
dos indicaram que 39% do território estadual apre- mentos e o aumento de transparência nos processos
sentava tais pendências, concentrando também a de regularização fundiária.
maior parte do desmatamento no estado (71%).
A maioria das áreas sem regularização (92%) não Ao compartilhar com o Iterpa o seu banco de dados
possuía processos de definição fundiária em curso. recém-coletados para o CAR (lista de possuidores de
imóveis rurais e shapefiles dos imóveis), o projeto faci-
▶▶Foram avaliadas as ações de regularização fun- litou e agilizou a titulação de, ao menos, 290 pequenos
diária do Iterpa e identificados os gargalos que imóveis rurais (abaixo de quatro módulos fiscais) em
impedem a efetiva regularização de imóveis com Paragominas. Além disso, o projeto identificou as prin-
celeridade e segurança: a falta de procedimen- cipais limitações na atuação do Iterpa e fez recomen-
tos escritos sobre análises no setor jurídico e no dações para seu aperfeiçoamento. Com base nessas
setor de georreferenciamento; a limitação de re- sugestões, em 2015, o Iterpa iniciou um processo de
cursos humanos em todos os setores envolvidos; revisão e modernização de seus procedimentos, que
a falta de transparência de ações; a utilização de ainda está em curso atualmente com apoio do Imazon.
base cartográfica inadequada e dados fundiários
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Sumário
27
O indicador estabelecido para o objetivo geral (“nú- ▶▶O mapeamento inicial das áreas de APP desmata-
mero de produtores rurais que estão colocando em das na Bacia do Rio Uraim, como base de plane-
prática as ações de recuperação ambiental em suas jamento, foi expandido para todos os municípios
propriedades”) está relacionado às ações desenvolvi- do projeto. No total, foram mapeados 445.182 hec-
das na Bacia do Rio Uraim, responsável pelo abaste- tares de APPs, dos quais 53,6% estão desmatados
cimento de água de cerca de 80% do município. Não e 46,4% constituem áreas de floresta, e elaborado
foram realizadas atividades diretas de restauração, um mapa das APPs para cada município.
mas diagnósticos e estudos piloto, gerando um banco
de dados de propriedades já inscritas no CAR que pos- ▶▶Foi realizado um diagnóstico para fins de restau-
suem passivos em Áreas de Preservação Permanente ração florestal das APPs da Bacia do Uraim, que
(APPs). Atualmente, as metodologias para a implemen- abrangeu 60 pequenos imóveis rurais, totalizando
tação da restauração ainda estão sendo estudadas. 2.032,9 hectares. Foram produzidos guias para a
No entanto, de acordo com informações da equipe do restauração das APPs de cada imóvel e entregues
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Sumário
28
O objetivo da presente análise contrafactual era obter O fato de não figurar na lista do MMA contribuiu para
indicativos sobre a possível evolução dos principais o que o município não fosse contemplado de forma
temas sem a realização do projeto. Dessa maneira, es- relevante em projetos de apoio à gestão municipal ou
perava-se identificar contribuições para a avaliação da de regularização ambiental. A Secretaria Municipal de
relevância do projeto e de suas ações. Meio Ambiente chegou a receber alguns equipamentos
pelo projeto da SEMAS (3 motocicletas, 2 computado-
Como o projeto atua em 11 municípios com diferentes res, 2 notebooks e impressora) e teve um técnico ca-
características socioeconômicas, foi estabelecida uma pacitado na realização de CAR no âmbito do PMV. No
metodologia para seleção do município contrafactual: entanto, não houve uma adesão formal ao PMV.
no caso, a abordagem escolhida foi a de uma breve
análise de um município localizado no mesmo contexto Em vista das ações mais relevantes do projeto executa-
regional que os municípios beneficiários, mas que não do pelo Imazon, a situação do município é a seguinte:
tivesse participado nem do projeto, nem das iniciativas
da SEMAS ou do PMV junto ao Fundo Amazônia. A partir ▶▶O município não dispõe de base temática para a
de uma interlocução com a equipe do Imazon, foi sele- realização do CAR e não recebe alertas de des-
cionado o município de Acará, considerando a sua loca- matamento. Os técnicos e gestores da Secretaria
lização contígua à área do projeto, com divisas com os Municipal de Meio Ambiente não desenvolvem
municípios de Moju e Tailândia. Foi realizada uma visita ações específicas de cadastramento e desconhe-
ao município, com entrevistas com gestores e técnicos cem esforços direcionados do Incra ou da Emater
da Secretaria Municipal do Meio Ambiente local. de realização do CAR nos projetos de assentamento.
5.1. A gestão ambiental em Acará ▶▶Não foi realizada nenhuma ação de mobilização
ou sensibilização da sociedade local em relação
ao desmatamento ou à regularização ambiental, a
Com 4.361 km² de extensão e cerca de 54 mil habitantes exemplo dos pactos municipais firmados nos mu-
(@cidades, IBGE), Acará tem aproximadamente o mesmo nicípios do projeto do Imazon. Como nos demais
tamanho que Tailândia. Além do setor de serviços, que municípios do estado, a Secretaria Municipal de
caracteriza a área urbana, a base econômica do municí- Meio Ambiente realiza o licenciamento das ativida-
pio é formada pela produção agroextrativista, com des- des rurais, exigindo e verificando os CARs dos imó-
taque para produtos como mandioca, dendê, pimenta veis no âmbito da emissão das licenças, contando
do reino e a criação de pequenos animais (IBGE/Sidra). com a atuação do técnico capacitado pelo PMV.
Assim, economicamente, o município se assemelha aos
municípios de Moju e Itupiranga, também caracterizados ▶▶As ações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente
por população ribeirinha e agricultores familiares. são de iniciativa própria e têm como foco a fiscali-
zação da poluição sonora na área urbana, a nego-
Considerando o período após 2010, Acará apresenta ciação do encerramento das atividades de serrarias
incrementos anuais de desmatamento entre 5 e 7 km² de pequeno porte irregulares e o atendimento de
por ano, de acordo com os dados do Prodes/INPE, o que denúncias de ilícitos ambientais (400 a 500 por ano).
está bastante abaixo do limite de 40 km² estabelecido
pelo MMA e, portanto, não integra a lista dos municípios De forma geral, é possível concluir que a ausência de
prioritários. Porém, o desmatamento acumulado ao apoio significativo por parte dos projetos não significa
longo dos anos fez com que, atualmente, a cobertura que os municípios não desenvolvam nenhum tipo de
florestal remanescente em Acará seja de apenas cerca ação de gestão ambiental municipal ou regularização
de 35%. O desmatamento está distribuído em todo o ambiental. No entanto, os avanços são significativa-
território, com concentrações ao longo das rodovias. mente mais lentos e menos estruturados, levando a re-
A prefeitura busca apoiar a diversificação produtiva e sultados menos expressivos, por exemplo, em termos
conter a expansão do cultivo de mandioca nas APPs por de área cadastrável incluída no CAR.
meio do incentivo ao plantio de açaí. O município não
conta com unidades de conservação ou terras indíge- Assim, na percepção dos gestores locais, os municípios
nas, mas tem nove projetos de assentamento. com maiores níveis de desmatamento terminam sendo
privilegiados em termos de equipamentos e capacitação,
enquanto aqueles que apresentam menor grau de destrui-
ção não são priorizados para ações de controle ambiental.
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Sumário
30
Para análise da gestão e monitoramento do projeto O Imazon também possui uma rotina de disponibiliza-
foram observados aspectos da capacidade de adminis- ção de materiais e informações acerca de dados sobre
tração e execução de recursos, bem como os gargalos temas como desmatamento e uso e ocupação da terra.
na implementação de atividades, na avaliação e no
envolvimento de parceiros na gestão do projeto. Desafios
O Imazon, por meio de seu corpo técnico, foi direta-
mente responsável pela gestão financeira e das ativi- Considerando que o projeto foi um dos primeiros a ser
dades do projeto. A organização interna, ao longo do negociado e aprovado no âmbito do Fundo Amazônia,
desenvolvimento deste, se deu da seguinte forma: nas fases iniciais foi necessário um aprendizado mútuo
coordenação geral das atividades, coordenações das entre a equipe do Fundo Amazônia e do Imazon em
ações propostas e equipes e, por fim, a parte admi- relação aos mecanismos de funcionamento das or-
nistrativa, que inclui prestação de contas semestral e ganizações não governamentais. Entre a elaboração
planejamento anual. da proposta e a execução do projeto, houve um lapso
temporal muito significativo, com a mudança no con-
Destaca-se que o quadro lógico (QL) do Fundo texto político em relação à regularização ambiental e
Amazônia foi utilizado como balizador para o projeto, financeira, que refletiu em orçamentos obsoletos, por
mas não foi o único instrumento de monitoramento exemplo, para aquisição de imagens de satélite para
do mesmo. Desta forma, o Imazon utilizou indicadores monitoramento.
adicionais com o intuito de apoiar o monitoramento
da implementação do projeto em campo. Sobre o plano de monitoramento, em um primeiro
momento o projeto recebeu do Fundo Amazônia uma
Pontos Positivos pré-proposta de matriz, baseada no conhecimento do
projeto pelo Fundo. Assim, foi levada ao Imazon uma
proposta com os eixos iniciais baseados nos objeti-
A comunicação com a equipe do Fundo Amazônia no vos específicos do Fundo, que, em alguns casos, não
BNDES foi célere e direta, beneficiando-se da existên- coincidia com a expectativa de geração de resultados
cia de um gestor específico para o projeto. do Imazon. Como exemplo, para a proposta dentro do
eixo de Atividades Produtivas Sustentáveis, o Imazon
O projeto promoveu a articulação entre diversos ato- não tinha a intenção de entregar algo relacionado à
res, prefeituras, estado, produtores rurais, agricultores comercialização, mas somente os levantamentos, es-
familiares, entre outros. O contato com esses atores tudos e diagnósticos.
era feito por meio de reuniões com os representantes
institucionais ou diretamente com os beneficiários. No Outro desafio posto é que não é possível prever a
âmbito da implementação das ações, foram usados sustentabilidade do aplicativo “PMV Indicadores
instrumentos participativos, tais como mapeamentos Municipais”. A intenção é mantê-lo ativo e atualizado
participativos e eventos nas comunidades. para o novo projeto do Imazon com o Fundo, mas
ainda não foram estabelecidas parcerias que pos-
Em relação ao monitoramento e acompanhamento, sam dar continuidade ao portal, já que o Instituto de
houve retorno periódico para os atores envolvidos, Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do
incluindo entrega de registros de CAR. Pará (Idesp), parceiro inicial da iniciativa, foi dissolvido
no atual Governo do estado.
Foi desenvolvido um aplicativo denominado “PMV
Indicadores Municipais” (http://www.statusmunicipal.
org.br/banco_de_dados/) que oferece dados acerca
das áreas ambiental, econômica e social. O Imazon
tem interesse em manter o portal como uma ferramen-
ta de dados para gestão ambiental.
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Sumário
31
7. Conclusões
Conforme visto ao longo desse relatório, o projeto O projeto foi bem sucedido nas suas iniciativas de trans-
Gestão Socioambiental de municípios do Pará propor- ferência, especialmente em suas ações de capacitação,
cionou consideráveis avanços na gestão ambiental dos na geração e disponibilização de informações para a
municípios que apoiou. preparação dos pactos de redução do desmatamento.
No entanto, decorridos dois anos após a sua conclusão,
O projeto focou especialmente naqueles elementos da não é possível verificar um nível significativo de atua-
gestão ambiental municipal que se relacionam com o ção conjunta ou integrada dos municípios no controle
fortalecimento da atuação dos atores locais no controle do desmatamento. Nem as condições socioeconômi-
do desmatamento e na regularização ambiental. Seu im- cas, nem a estruturas da gestão ambiental se mostram
pacto se deu tanto pelo envolvimento e responsabiliza- homogêneas entre os municípios. Municípios com base
ção dos atores municipais no âmbito do PPCDAm – parti- econômica no agronegócio, como Paragominas, en-
cularmente a lista de municípios prioritários – como pelo frentam desafios muito distintos daqueles caracteriza-
fortalecimento das bases para a inscrição dos imóveis dos pela agricultura familiar, como Moju ou Itupiranga.
rurais no CAR, inclusive como condição de saída da lista. Ainda assim, a oportunidade de promover intercâm-
bios e aprendizados conjuntos entre os municípios foi
Nesse contexto, destaca-se que, ao término do projeto, pouco aproveitada pelo projeto.
três municípios haviam deixado a lista de municípios
prioritários, Ulianópolis, Dom Eliseu e Tailândia, todos Ao mesmo tempo, o projeto também poderia ter repre-
registrando consideráveis quedas de desmatamento. O sentado uma oportunidade de abordar a questão do
combate ao desmatamento associado à realização do deslocamento do desmatamento17, de grande relevância
CAR foi importante para retirada dos municípios dessa no âmbito das discussões sobre a Redução de Emissões
lista. O monitoramento ambiental realizado pelas geradas por Desmatamento e Degradação Florestal
SMMAs, com base em sensores remotos, na apresenta- (REDD). Nesse contexto, para entender se os apoios que
ção de imagens e vídeos aos produtores rurais, que pu- os municípios receberam levaram a um efeito de borda
deram visualizar suas propriedades e respectivas áreas benéfico, no sentido de uma queda do desmatamento
desmatadas, e nos alertas de desmatamento disponibi- em nível regional, ou se houve uma migração dos mu-
lizados pelo Imazon produziram, em alguns casos, um nicípios mais visados pelas estratégias de controle para
efeito benéfico ao desencorajar o desmatamento ilegal. municípios vizinhos (ou mesmo regiões mais distantes),
ainda são necessárias análises mais aprofundadas no
Observou-se que nos 4 anos anteriores ao projeto contexto de uma abordagem com atuação territorial
foram desmatados 2.315 km² nos municípios apoia- regional.
dos, enquanto no período do projeto o desmatamento
foi de 890 km², uma redução de 61,5%. O projeto foi pioneiro ao buscar desenvolver me-
canismos adequados de apoio aos municípios que
Com a atuação nos onze municípios, o projeto levou conseguiram sair da lista dos municípios prioritários,
as abordagens desenvolvidas em Paragominas para ao exemplo de Paragominas. No entanto, ficou claro
um âmbito regional, permitindo a sua aplicação em que as iniciativas locais não conseguem vencer as bar-
um território contínuo. Embora já houvesse várias reiras da fragilidade de regulamentação desses me-
iniciativas anteriores que desenvolveram estratégias canismos, por exemplo, em relação à compensação
de controle de desmatamento em âmbito municipal, o ambiental ou ao pagamento de serviços ambientais e
projeto foi pioneiro ao buscar a aplicação destas estra- negócios de carbono.
tégias em um contexto regional.
17
Efeito de deslocamento é o resultado do transbordamento do desmatamento para outras áreas florestadas.
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Sumário
32
Barreiras relacionadas à articulação entre o nível local não é possível constatar que o desmatamento seja
e as esferas governamentais superiores também im- uma questão superada na região. Foram observadas,
pactaram as iniciativas do projeto no tema da regula- durante a avaliação, tendências de desgaste em ins-
rização fundiária, no qual a expectativa de promover trumentos que inicialmente foram vistos como pro-
avanços concretos no nível local foi abandonada em missores no controle do desmatamento, tais como a
função da necessidade de atuar no nível estadual e fe- inscrição no CAR e a aplicação dos TACs, indicando a
deral. O projeto realizou contribuições importantes no necessidade de abordagens novas ou aprimoradas.
acompanhamento e no aprimoramento de processos
nesses níveis, mas não conseguiu alinhar essa atuação O projeto contribuiu para demonstrar que o papel dos
à perspectiva inicial de avançar na regularização fundi- municípios nesse contexto é relevante e pode gerar
ária nos municípios. resultados efetivos. No entanto, a responsabilidade
pelo controle do desmatamento não poderá ficar a
De maneira geral, é possível constatar que o projeto cargo somente dos municípios, requerendo esforços
cumpriu com a sua proposta de criar bases para a ges- continuados e integrados de atores em todos os níveis.
tão municipal do enfrentamento do desmatamento. No
entanto, decorridos dois anos após a sua conclusão,
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Sumário
33
8. Recomendações
Executores
municípios
Amazônia
estados
Fundo
MMA
TEMAS/ ATORES ESPECÍFICOS
Controle do desmatamento
Efetuar o monitoramento contínuo para assegurar a efetividade das ações de
x x x x
controle do desmatamento, devido à dinâmica ainda não consolidada deste.
Fortalecer a atuação efetiva das Secretarias Municipais de Meio Ambiente
no controle do desmatamento com base nas experiências do projeto, que
x x x
demonstram a efetividade da atuação dos técnicos locais na verificação e
autuação dos alertas de desmatamento.
Considerar a atuação no nível local com estratégias integradas de monitoramento
e fiscalização, evitando que os técnicos locais fiquem expostos a situações de x x
ameaça e periculosidade.
Lista de municípios prioritários para o controle do desmatamento
Reativar a edição regular da lista, registrando anualmente a entrada e saída dos
x
municípios.
Revisar os critérios de entrada e saída da lista, visando considerar de forma
x
adequada as diferenciações por tamanho e estoque florestal dos municípios.
Pactos de Redução do Desmatamento
Rever a estratégia de elaboração e implementação dos pactos, utilizando
mecanismos de implementação e monitoramento do cumprimento de tais
x x x
compromissos para que não fiquem restritos à mobilização e sensibilização da
sociedade local. .
Elaborar planos focados em medidas concretas, cuja implementação esteja ao
x x x
alcance dos atores locais e que possam ser acompanhadas e monitoradas.
Termos de Ajustamento de Conduta a cargo dos Ministérios Públicos (MPF e MPE)
Desenvolver instrumentos para rastrear as cadeias principais do desmatamento e
x x x x
aumentar a participação local na governança.
Regularização Ambiental, especialmente CAR
Avançar na operacionalização da validação do CAR com urgência. x x
Considerando o aumento da incidência de desmatamento em áreas com CAR,
ampliar investimentos em mecanismos de monitoramento do CAR e das áreas
embargadas, assim como promover a elaboração e o cumprimento dos TACs e, x x x x
ainda, fortalecer a rastreabilidade das principais cadeias produtivas indutoras do
desmatamento (pecuária, grãos e madeira).
Estabelecer mecanismos para incorporar a validação do CAR que as Secretarias
Municipais de Meio Ambiente no Pará já estão realizando no âmbito da emissão x
das Licenças Ambientais Rurais no sistema padrão do estado.
Implementar a exigência de CAR para a emissão de Guias de Transporte Animal
(GTA) com rigor e qualidade, uma vez que se trata de uma medida urgente para a
x
contenção do chamado “esquentamento de CAR” (escoamento de gado oriundo
de várias propriedades sem CAR por outras que tenham o cadastro).
Atrelar a emissão de GTAs aos mecanismos da rastreabilidade da cadeia da
x
pecuária.
Envolver os municípios nos próximos passos da regularização ambiental,
aproveitando os aprendizados gerados pelas experiências de Paragominas x x
(restauração, uso de mecanismos locais de compensação ambiental, entre outros).
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Sumário
34
9. Lições aprendidas
O caso de Paragominas, primeiro município a sair da Por outro lado, a associação de regularização fundi-
lista de municípios prioritários para o controle do des- ária e ambiental no nível local, promovida de forma
matamento, tornou-se emblemático e as estratégias incipiente no âmbito do teste dos mapeamentos
adotadas foram objeto de várias análises, gerando fundiários participativos (alocados no Componente
lições aprendidas e insumos para outras iniciativas. de Monitoramento e Controle), poderia ter sido pro-
Portanto, desenvolver um desenho regional a partir movida de forma mais incisiva, utilizando os contatos
das experiências adquiridas em Paragominas é rele- e diálogos estabelecidos com os órgãos fundiários e
vante para o aprendizado, tanto no nível dos municí- metodologias adicionais, tais como os mutirões locais
pios envolvidos, como nas escalas mais ampliadas do realizados em outras regiões amazônicas.
estado do Pará e do próprio Fundo Amazônia.
O projeto representa mais um caso em que esforços
O projeto reafirmou a importância da articulação entre consideráveis foram absorvidos para viabilizar a ho-
escalas de políticas públicas com as SMMAs, sindicatos mologação das bases cartográficas apoiadas. Como
e demais atores para implementar processos para a em outros casos, essa perspectiva terminou mostran-
regularização ambiental, como no caso da realização do-se inviável, em função das exigências dos órgãos
do CAR apoiado pelo Imazon. O mesmo aconteceu na homologadores. Um esclarecimento prévio do pro-
elaboração de bases cartográficas, relevantes como cesso teria permitido um melhor aproveitamento do
insumos efetivos nos processos de regularização tempo e esforço dedicado ao tema.
ambiental.
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Sumário
36
10. Referências
_____. Ministério do Meio Ambiente (MMA). Gestão Ambiental Descentralizada: Um estudo comparativo de três
municípios na Amazônia Brasileira. Brasília, MMA, projeto de Apoio ao Monitoramento e Análise (Série de Estudos,
6). S.d.
Cooperação alemã para o desenvolvimento sustentável por meio da GIZ; Fundo Amazônia. Avaliação de efeti-
vidade dos projetos apoiados pelo Fundo Amazônia. Marco Conceitual. Janeiro, 2016. Disponível em: http://
www.fundoamazonia.gov.br/FundoAmazonia/export/sites/default/site_pt/Galerias/Arquivos/Marco_Conceitual_
Avaliacao_de_Efetividade_projetos_Fundo_Amazonia_2016.pdf
Esteves, Bernardo. O mentor. Um exército de Brancaleone contra o desmatamento na Amazônia. Revista Piauí.
2015. Disponível em: <http://piaui.folha.uol.com.br/materia/o-mentor/>
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Imazon 25 anos. S.d. Disponível em: http://imazon.
org.br/institucional/imazon-25-anos/
_____. municípios Verdes: caminhos para a sustentabilidade (Jayne Guimarães; Adalberto Veríssimo; Paulo Amaral;
Adnan Demachki). Belém, PA. 2011. Disponível em: http://municipiosverdes.com.br/arquivos/guia_mv_web.pdf
Pinto, Andréia. Amaral, Paulo. Jr. Souza, Carlos. Veríssimo, Adalberto. Salomão, Rodney. Gomes, Gleyce. Ribeiro,
Cíntia. Diagnóstico Socioeconômico e Florestal do município de Paragominas. Relatório Técnico. Belém/PA:
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia - Imazon. 65 p. 2009.
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Sumário
37
11. Anexos
11.1. Salvaguardas de Cancun
1.1 O projeto mostrou estar alinhado Controle” obtido o maior sucesso, quando comparado
aos outros eixos de análise. No entanto, decorridos dois
com o PPCDAM e os planos estaduais de anos após a sua conclusão, não é possível constatar que
prevenção e controle do desmatamento? o desmatamento seja uma questão superada na região.
O projeto se insere nos componentes “Monitoramento 1.2 Com quais outras políticas
e Controle, “Ordenamento Territorial” e “Produção
Sustentável” do Fundo Amazônia”. Desta forma, públicas federais ou acordos
esteve alinhado com o PPCDAm (e seus respecti- internacionais o projeto demonstrou
vos três eixos: Ordenamento Territorial e Fundiário, alinhamento? Em quais aspectos?
Monitoramento e Controle e Fomento às Atividades
Produtivas Sustentáveis), PPCD estadual e Programa
municípios Verdes. O projeto mostrou alinhamento com o Código Florestal
(Lei nº 12.651/2012) no que diz respeito à regulariza-
Visando ao monitoramento e ao controle do desmata- ção ambiental e recomposição de áreas degradadas.
mento, destacam-se as ações específicas direcionadas Conforme mencionado, o Código Florestal, normativa
a fortalecer a contribuição dos municípios para a re- que orienta a política pública federal de apoio à regu-
dução do desmatamento, com instrumentos de mo- larização ambiental, também instituiu o CAR em âm-
nitoramento, controle e responsabilização ambiental bito nacional. A regulamentação do CAR, por meio do
estruturados e ao aumento na inclusão dos imóveis Decreto nº 7.830 de 2012, estabelecendo o Sistema de
no CAR. Essas se deram tanto pelo envolvimento e Cadastro Ambiental Rural – SiCAR, tem o intuito de in-
responsabilização dos atores municipais desenvolvi- tegrar o Cadastro em todas as Unidades da Federação.
dos no âmbito do PPCDAm – particularmente, a lista
de municípios prioritários –, como pela necessidade Além deste, o projeto também se mostrou alinhado
de inscrição dos imóveis rurais no CAR, inclusive como à Política Nacional de Mudanças Climáticas – PNMC
condição de saída da lista, efetivando, assim, tais (Lei nº 12.187/2009), com destaque para o artigo 4º,
ações de monitoramento e controle. que apresenta as diretrizes da PNMC, no qual se pode
observar o alinhamento com as ações do projeto
Com relação às ações de ordenamento territorial, as que visaram ao desenvolvimento de mecanismos de
ações conjuntas de regularização ambiental e fundiária Pagamento por Serviços Ambientais e sequestro de car-
nos municípios do projeto foram reavaliadas, devido bono. Deve-se ressaltar que essas ações se mostraram
aos gargalos existentes no processo de regularização excessivamente ambiciosas para o contexto do projeto.
fundiária que exigiam uma atuação anterior e efetiva Ademais, sua implementação foi prejudicada pelas in-
nas escalas estadual e federal. certezas regulatórias que cercam o tema Pagamento de
Serviços Ambientais no nível nacional e estadual, bem
No que se refere à produção sustentável, destaca-se o como pela lentidão na implementação dos estágios
auxílio fornecido pelo projeto ao planejamento e res- mais avançados do Código Florestal, por exemplo, em
tauração de áreas degradadas na Bacia do Rio Uraim relação às Cotas de Reservas Ambientais (CRAs)
em Paragominas.
1.3 O projeto contribuiu ou poderá vir Com base nessas ações, foi realizada uma análise
a contribuir direta ou indiretamente do potencial para negócios com sequestro de car-
bono e outros serviços ambientais no município de
para a redução das emissões por
Paragominas, que evidenciou seu alto potencial para
desmatamento ou degradação projetos de REDD+, Reflorestamento, CRAs e Recursos
florestal? De que forma? Hídricos. Para coordenar os projetos de Pagamento por
Serviços Ambientais (PSA) no município, foi criada em
2011 a Agência de Serviços Ambientais de Paragominas
Pode-se dizer que o projeto tem contribuído para a re- (ASA Paragominas), como uma associação da socie-
dução de emissões por desmatamento ou degradação dade civil sem fins lucrativos. Foi realizada também
florestal. No âmbito dos municípios apoiados, no período uma análise do risco de desmatamento potencial de
dos 4 anos anteriores ao projeto, houve um desmatamen- Paragominas, estimando as emissões de dióxido de
to de 2.315 km²; no período do projeto, o desmatamento carbono (CO2).
foi de 890 km², uma redução de 61,5%; e, após seu encer-
ramento, a área desmatada totaliza 167 km² (2015). A mudança no uso da terra para o município foi proje-
tada comparando um cenário de desmatamento sem a
Outra forma de contribuição, que continuará sendo existência do Programa município Verde com o cenário
válida posteriormente ao projeto, foi o diagnóstico de desmatamento de até 40 km² por ano. O resultado
para fins de restauração florestal das APPs da Bacia apontou que o cenário PMV tem o potencial de reduzir
do Uraim, que abrangeu 60 pequenos imóveis rurais, em até três vezes as emissões do cenário histórico. Por
totalizando 2.032,9 hectares. Foram produzidos guias fim, também foi elaborada uma cartilha sobre Cotas
para a restauração das APPs de cada imóvel, entre- de Reserva Ambiental (CRA), em parceria com a Bolsa
gues aos seus respectivos responsáveis. A SMMA de Verde do Rio (BV Rio), com informações sobre a criação
Paragominas utilizou o mapeamento das APPs e os e negociação de acordos sob o Novo Código Florestal.
diagnósticos para preparar um projeto piloto de recu-
peração em parte da Bacia do Uraim.
Ainda assim, a oportunidade de promover intercâm- O projeto focou, principalmente, naqueles elementos
bios e aprendizados conjuntos entre os municípios da gestão ambiental municipal que se relacionam com
foi pouco aproveitada pelo projeto. Deve-se destacar o fortalecimento da atuação dos atores locais no con-
que barreiras relacionadas à articulação entre o nível trole do desmatamento e na regularização ambiental,
local e as esferas governamentais superiores também preparando insumos e atores para a inscrição de imó-
impactaram as iniciativas do projeto no tema de regu- veis rurais no CAR. O projeto foi bem sucedido nas suas
larização fundiária, no qual a expectativa de promover iniciativas de transferência, especialmente em suas
avanços concretos no nível local foi abandonada em ações de capacitação, na geração e disponibilização de
função da necessidade de atuar no nível estadual e informações (por exemplo, alertas de desmatamento,
federal. O projeto realizou contribuições importantes bases e mapeamentos temáticos, incluindo mapas
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Sumário
39
de APP para todos os municípios, entre outros) e na CAR e a aplicação dos TACs, indicando a necessidade
preparação dos pactos de redução do desmatamento. de abordagens novas ou aprimoradas.
De maneira geral, é possível afirmar que o projeto cum- O projeto contribuiu para demonstrar que o papel dos
priu com a sua proposta de criar bases para a gestão instrumentos de gestão pública, em nível local, são re-
municipal do enfrentamento do desmatamento. No levantes e podem gerar resultados efetivos. No entan-
entanto, dois anos após a sua conclusão, não é possí- to, a responsabilidade pelo controle do desmatamento
vel verificar um nível significativo de atuação conjunta não poderá ficar a cargo somente dos municípios, re-
ou integrada dos municípios no combate ao desma- querendo esforços continuados e integrados de atores
tamento. Nem as condições socioeconômicas, nem a em todos os níveis.
estruturas da gestão ambiental se mostram homogê-
neas entre os municípios. Foram observadas, durante Com relação ao ordenamento territorial, seus instru-
a avaliação, tendências de desgaste em instrumentos mentos de planejamento e gestão foram pouco traba-
que, inicialmente, foram vistos como promissores no lhados nas áreas de intervenção do projeto.
controle do desmatamento, tais como a inscrição no
3.2 Em que medida o projeto influenciou E, finalmente, emerge a questão do vazamento do des-
matamento. Até o momento, a questão foi analisada
o uso sustentável dos recursos à luz de hipóteses genéricas, mas requer o desenvol-
naturais na sua área de atuação? vimento de estudos e mecanismos de monitoramento
mais apurados para garantir o uso sustentável não so-
mente nas áreas de atuação do projeto, como também
As atividades de apoio ao processo de regularização nas áreas de influência afetadas pelo deslocamento do
ambiental nos imóveis rurais, desenvolvidas pelo desmatamento.
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Sumário
40
4.1 De que forma o projeto garantiu secretários municipais de meio ambiente, sindicatos
de produtores e de trabalhadores rurais, Ministério
o consentimento prévio e a forma
Público Federal, entre outros, para definir a cober-
local ou tradicional de escolha dos tura geográfica e temática mais apropriada face aos
representantes dos seus beneficiários desafios da gestão ambiental municipal, com ênfase
(especialmente dos povos indígenas no controle do desmatamento e no avanço do CAR. A
metodologia de mapeamento participativo desenvol-
e das comunidades tradicionais)? vida permitiu a inclusão de forma contínua de áreas
de pequenos imóveis rurais no CAR (colônias, assenta-
O projeto garantiu o consentimento de escolha, espe- mentos, etc.), permitindo, assim, ampliar o escopo das
cialmente das associações locais, por meio de reuni- iniciativas de apoio ao cadastramento, que, nos anos
ões preliminares entre os representantes ou direta- iniciais, estavam concentradas no cadastro de áreas de
mente com os atores envolvidos. Em seguida, houve médios e grandes imóveis.
a elaboração da carta de anuência para a participação
no projeto com o intuito de dar efetividade às ações 4.3 Em caso de projetos com fins
deste, apoiada essencialmente no envolvimento e
comprometimento dos grupos de atores. econômicos: eventuais benefícios
advindos do projeto foram acessados
Foram firmados Pactos pela Redução do de forma justa, transparente e
Desmatamento envolvendo diversos atores locais dos
municípios contemplados pelo projeto. A importância equitativa pelos beneficiários, evitando
do envolvimento de atores chave foi destacada pela uma concentração de recursos?
equipe do Imazon, por exemplo, com a escolha de
lideranças locais das comunidades rurais ou já orga-
nizadas em associações para compor a governança na Não se aplica a este projeto.
elaboração dos pactos.
4.4 Em que medida o projeto
Contudo, de acordo com a equipe de avaliação, os
efeitos desses pactos sociais foram considerados limi- proporcionou ao público em geral e
tados, pois geraram efeitos maiores durante o período aos seus beneficiários o livre acesso e
de construção e se mantiveram fortalecidos até a sua fácil entendimento das informações
assinatura. Entretanto, com o passar do tempo, foram
perdendo força em decorrência de vários aspectos: relacionadas às ações do projeto?
rápida perda de “memória” em relação aos compro-
missos assumidos; mudanças institucionais ou saída Durante a sua vigência, o projeto manteve um am-
de protagonistas; casos de perda de prioridade política biente web, acessível a partir da página principal do
junto aos gestores, entre outros. Imazon, no qual todas as suas atividades eram re-
portadas continuamente, bem como os dados gerais
4.2 Quais instrumentos participativos permaneciam disponíveis ao público em geral. Além da
exibição na página do Imazon, esse endereço web era
de planejamento e gestão o projeto amplamente divulgado em todos os eventos do proje-
aplicou durante o planejamento to (reuniões técnicas, seminários, capacitações, etc.).
e a tomada de decisão? Adicionalmente, para facilitar a comunicação e a troca
de experiências entre secretários de meio ambiente
dos municípios beneficiários, o Imazon criou também
O projeto foi concebido a partir das experiências ob- o “Fórum de Gestores Ambientais” e o seu blog (https://
tidas com o projeto “Paragominas município Verde” forumdegestoresambientais.wordpress.com).
e desenvolvido em diálogo constante com prefeitos,
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Sumário
42
4.5 O projeto conseguiu montar um O monitoramento de resultados também foi bem sim-
bom sistema de monitoramento de ples, basicamente acompanhando as entregas plane-
jadas e as entregas efetivadas, tais como: número de
resultados e impactos? Monitorou
publicações, número de pessoas treinadas, número de
e divulgou de forma sistemática os pactos assinados pelo combate e controle do desma-
resultados realizados e os seus efeitos? tamento, entre outros. Considerando o calendário se-
mestral de prestação de contas técnica e financeira do
projeto, o Imazon checava os indicadores e resultados,
O projeto teve basicamente dois indicadores de im- no mínimo, semestralmente. Quanto à divulgação,
pacto bem objetivos: taxa de desmatamento (anual, ela se dava de forma contínua no sítio do projeto na
Prodes/Inpe; e mensal, SAD/Imazon) e percentual de página do Imazon (acima referido), e também de acor-
área cadastrável inserida no CAR (Semas/PA), cujos do com o calendário de execução técnica, tais como:
dados foram, em geral, disponibilizados regularmente, lançamento de publicações, seminários de pactos e
possibilitando medições periódicas. repactuações, etc.
6.1 Quais fatores constituem riscos Para dar maior estabilidade aos resultados de REDD+,
à permanência de resultados de o projeto buscou a valorização de ativos florestais,
apoiando a criação da Agência de Pagamento por
REDD+? Como o projeto os abordou?
Serviços Ambientais (ASA) em Paragominas e anali-
sando o potencial do município referente à oferta de
A flexibilização quanto à recuperação de áreas degra- Cotas de Reserva Ambiental (CRA). Na relação com os
dadas no âmbito do Código Florestal trouxe impactos municípios, o projeto sempre buscou o envolvimento
durante a vigência do projeto. Na esfera municipal, do MPF, de sindicatos e de outras instituições “pere-
as eleições municipais também podem criar incer- nes”, para minimizar a possibilidade de retrocessos
tezas sobre a continuidade dos avanços ambientais ambientais pós-eleições.
conquistados.
7.1 Houve deslocamento das Ao mesmo tempo, o projeto também poderia ter repre-
emissões evitadas pelas ações do sentado uma oportunidade de abordar mais detalha-
damente a questão do deslocamento ou vazamento do
projeto para outras áreas? desmatamento, de grande relevância no âmbito das
discussões sobre a Redução de Emissões geradas por
O projeto foi desenhado para evitar vazamentos de Desmatamento e Degradação Florestal (REDD). Para
desmatamento. Por isso, no bloco de 11 municípios- entender se os apoios que os municípios receberam
-alvos, não havia apenas municípios com taxas eleva- levaram a um efeito de borda benéfico, no sentido de
das de desmatamento (e na lista do MMA), mas foram uma queda do desmatamento em nível regional, ou
incluídos também municípios adjacentes (Goianésia, se houve uma migração dos municípios mais visados
Jacundá, Bom Jesus do Tocantins, etc.) que, pela pelas estratégias de controle para municípios vizinhos
proximidade, acessibilidade e similaridade de solo e (ou mesmo regiões mais distantes), ainda são necessá-
clima, poderiam sofrer aumento de pressão de desma- rias análises mais aprofundadas no contexto de uma
tamento, sem capacidade de enfrentá-la. abordagem com atuação territorial regional.
11.1.1. Critérios transversais
8 Redução da pobreza
8.2 Em que medida o projeto influenciou e controle ambiental, bem como ao ordenamento
positivamente na redução da territorial. Contudo, conforme apresentado, entende-
-se que o processo efetivo de regularização ambiental
pobreza, na inclusão social e na
e, em parte, fundiária dos imóveis rurais são consi-
melhoria das condições de vida deradas medidas que, em médio prazo, viabilizam a
dos beneficiários (principalmente: estruturação de cadeias produtivas sustentáveis e a
comunidades tradicionais, assentados substituição de usos econômicos predatórios dos re-
cursos naturais e florestais. O projeto colaborou para a
e agricultores familiares) que titulação de aproximadamente 290 pequenos imóveis
vivem na sua área de atuação? rurais no município de Paragominas ao compartilhar
com o Iterpa o seu banco de dados do CAR. Dessa
forma, na medida em que desenvolveu ações específi-
De maneira geral, a avaliação não considerou que as cas direcionadas a pequenos produtores e agricultores
ações do projeto estão direcionadas a medidas que via- familiares (por exemplo, por meio do mapeamento
bilizam a redução da pobreza, estando os seus impac- fundiário participativo), é possível identificar algumas
tos direcionados, principalmente, ao monitoramento contribuições à inclusão social.
9 Equidade de gênero
O executor do projeto Gestão Socioambiental de muni- para monitorar a ocorrência de desmatamento ilegal
cípios do Pará, o Instituto do Homem e Meio Ambiente sobre as Áreas Protegidas (Unidades de Conservação
da Amazônia (Imazon), é uma ONG dedicada a pesqui- e Terras Indígenas) no Pará, Mato Grosso, Amapá e
sas e elaboração de estudos, visando ao desenvolvi- Roraima (Imazon, s.d.).
mento sustentável na Amazônia. Seu trabalho visa à
formulação de políticas públicas e disseminação de Por meio da análise de imagens de satélite, o Instituto
informações sobre o uso e ocupação da terra, bem realiza pesquisas sobre o desmatamento, a degradação
como sobre o desmatamento na região. florestal, a exploração madeireira, as estradas não ofi-
ciais e outras formas de pressão humana na Amazônia
Formada por uma equipe de pesquisadores locais, a Legal. Por meio de seu sistema próprio, o SAD (Sistema
ONG foi criada incialmente no intuito de suprir uma de Alerta de Desmatamento), o Instituto gera informa-
lacuna de dados e informações sobre a exploração ções sobre a tendência mensal dos desmatamentos
da floresta (Esteves, 2015), notadamente no muni- (áreas superiores a 12,5 hectares) nos estados, municí-
cípio de Paragominas, para assim contribuir para pios, assentamentos da reforma agrária e áreas prote-
a busca de alternativas à extração madeireira pre- gidas. Seus boletins mensais são enviados à imprensa,
datória, que caracterizou a região por muitos anos. às secretarias estaduais e municipais do Meio Ambiente,
Contemporaneamente, o Imazon desenvolve progra- ao Ministério Público e a outros órgãos governamentais.
mas visando apoiar iniciativas voltadas para o manejo
florestal, o monitoramento e controle do desmata- Assim, o Imazon é uma importante iniciativa para o
mento, bem como para o desenvolvimento sustentável combate ao desmatamento, seja por meio de ações
e estruturação dos órgãos de meio ambiente estaduais de desenvolvimento sustentável ou por meio da disse-
(OEMAs), principalmente no Pará. A organização tem minação estratégica de resultados de suas pesquisas,
parcerias relevantes, como com o Ministério Público contribuindo para a redução do desmatamento e de-
Federal (MPF) e o Ministério Público Estadual (MPE), gradação florestal.
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Sumário
46
Abel
61.427 61.084 26.068 42,7 27.888 46% 30.525 50% 25.621 42%
Figueiredo
Bom Jesus
281.648 213.831 143.204 67,0 146.126 68% 151.297 71% 155.604 73%
do Tocantins
Dom Eliseu 526.882 524.263 428.236 81,7 428.109 82% 439.405 84% 419.005 80%
Goianésia do
702.391 640.242 293.811 45,9 415.002 65% 454.844 71% 457.646 71%
Pará
Itupiranga 788.011 630.885 534.087 84,7 552.712 88% 556.308 88% 549.047 87%
Jacundá 200.832 167.736 106.235 63,3 110.069 66% 118.603 71% 122.018 73%
Moju 909.414 895.079 562.122 62,8 601.897 67% 623.167 70% 597.837 67%
Paragominas 1.934.225 1.828.312 1.620.000 88,6 1.634.000 89% 1.652.696 90% 1.605.678 88%
Rondon
824.644 821.518 480.403 58,5 524.359 64% 545.087 66% 588.117 72%
do Pará
Tailândia 443.022 440.150 365.708 83,1 368.672 84% 372.555 85% 314.402 71%
Ulianópolis 508.847 506.648 452.359 89,3 457.881 90% 466.975 92% 411.894 81%
Abel Figueiredo
Bom Jesus do
Tocantins
Dom Eliseu
Goianésia do Pará
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Sumário
48
Itupiranga
Jacundá
Moju
Paragominas
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Sumário
49
Rondon do Pará
Tailândia
Ulianópolis
Contrafactual
Acará
Características Gerais
Desmatamento
Área total Lista MMA % CAR (até
Município 2014/15 (km²)
População (km²) % % Áreas (Histórico) 01/2016)*
Prodes/Inpe
(IBGE 2016) Assentamentos* Protegidas*
IBGE 2015
Entrou em 2008
Paragominas 108.547 19.342 5,6% 5,2% 90,6% 24,2
e saiu em 2010.
Entrou em 2009 28,1
Itupiranga 51.806 7.880 37% 19,8% 87,4%
e não saiu. (48,3 em 2013/14)
Entrou em 2011
Moju 78.629 9.094 4,4% 1,0% 69,7% 25,7
e não saiu.
Entrou em 2009
Tailândia 100.300 4.430 4,2% 0%
e saiu em 2013.
85,6% 6,7
Município (contrafactual)
Não entrou
Acará 54.080 4.344 7,7% 0% na lista. Não 51,9% 7,0
aderiu ao PMV.
* Dados disponíveis em http://municipiosverdes.com.br/. Ver mapas em: http://www.statusmunicipal.org.br/
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Sumário
51
Municípios Prioritários e Monitorados com Destaque para a Área de Estudo do projeto. Fonte: MMA
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Sumário
52
11.7. Lista de entrevistados
Nome Instituição ou organização Cargo
“Seu” Mundico Paragominas Produtor rural
Andréia Pinto Imazon Diretora executiva
Brenda Brito Imazon Pesquisadora adjunta
Carlos Alexandre da Cunha Imazon Técnico florestal
Daniel Azeredo Ministério Público Federal Procurador
Daniel Lopes ITERPA Presidente do Iterpa
Danilo SMMA Moju Agrônomo (licenciamento ambiental)
Ediclelson SMMA Moju Engenheiro florestal (licenciamento ambiental)
Edson SMMA Moju Geólogo (licenciamento ambiental)
Francisco Pereira da Cunha Sindicato de Trabalhadores Rurais de Itupiranga Presidente
Giovani Tabosa Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Itupiranga Secretário
Jaqueline Peçanha SMMA Paragominas Secretaria SMMA
Justiniano Neto Programa municípios Verdes do Governo do Pará Secretario
Leonardo Biancardi SECTMA Tailândia Secretario Sectma
Marcele ITERPA Assessora
Mauro Lúcio de Castro Costa Sindicato dos produtores rurais de Paragominas Pecuarista e Ex-presidente do Sindicato
18
http://www.fundoamazonia.gov.br/FundoAmazonia/fam/site_pt/Esquerdo/projetos_Apoiados/Lista_projetos/IMAZON
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Sumário
54
▶▶Auxiliar o Fundo Amazônia na prestação de contas aos seus doadores sobre o tipo de projeto apoiado e seus efeitos;
▶▶Possibilitar a aprendizagem institucional do próprio Fundo, contribuindo para melhorar a qualidade dos projetos e a priorização
dos investimentos, subsidiando, assim, a tomada de decisões;
▶▶Verificar a observância pelos projetos apoiados pelo Fundo Amazônia das salvaguardas de Cancun acordadas no âmbito da
UNFCCC para ações de REDD+;
▶▶Verificar o alinhamento dos projetos com o PPCDAm19 e os planos estaduais de prevenção e controle do desmatamento;
▶▶Analisar as fortalezas e fragilidades da intervenção do projeto;
▶▶Identificar desafios e lições aprendidas; e
▶▶Constatar em que medida o projeto é relevante, eficiente, eficaz, sustentável e gera impactos.
3. Descrição da tarefa
3.1 Objeto e foco da avaliação
O projeto foi implementado nos anos de 2011 a 2014, atuando em municípios do Sudeste Paraense. Desta forma, o foco da avaliação
são as áreas em que o projeto teve intervenção, sendo objeto os seguintes resultados trabalhados:
▶▶Mobilizar instituições do governo estadual e municipais, os produtores rurais, sindicatos e associações para adesão ao Cadastro
Ambiental Rural (CAR);
▶▶Implementar o monitoramento e fiscalização ambiental acerca do desmatamento nos municípios por meio de imagens de saté-
lite e capacitações em geotecnologias, incluindo mapeamento fundiário participativo;
▶▶Auxiliar o planejamento e restauração de áreas degradadas na bacia do rio Uraim em Paragominas;
▶▶Avaliar o cumprimento de termos de ajustamento de conduta (TAC) e monitoramento das ações de regularização fundiária e;
▶▶Avaliar o potencial de negócios com sequestro de carbono no município de Paragominas.
3.2 A lógica de intervenção do projeto
Árvore de Objetivos do Quadro Lógico do projeto Gestão Socioambiental de municípios do Pará:
19
Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal - PPCDAm
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Sumário
55
http://www.fundoamazonia.gov.br/FundoAmazonia/export/sites/default/site_pt/Galerias/Arquivos/Marco_Conceitual_Avaliacao_de_Efetividade_projetos_Fundo_Amazo-
20
nia_2016.pdf
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Sumário
56
Decisão 1/CP 16: Redução de emissões do desmatamento; redução de emissões da degradação florestal; conservação de estoques de carbono florestal; manejo susten-
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6. Ações para tratar os riscos de Quais fatores constituem riscos à permanência de resultados de REDD+? Como o projeto
reversões em resultados de REDD+ os abordou?
7. Ações para reduzir o deslocamento de
Houve deslocamento das emissões evitadas pelas ações do projeto para outras áreas?
emissões de carbono para outras áreas
4. Metodologia
A metodologia a ser aplicada na avaliação deve ser baseada nos critérios e objetivos contidos no documento “Avaliação de Efetividade
dos projetos Apoiados pelo Fundo Amazônia - Marco Conceitual”.
Espera-se que sejam gerados os seguintes produtos: o Relatório de Desenho da Avaliação e o Relatório de Avaliação de Efetividade do
projeto Gestão Socioambiental de municípios do Pará. E ainda, em uma etapa intermediária, um Relatório Preliminar de Avaliação de
Efetividade, produto a ser utilizado na rodada de consulta.
Abaixo, segue a metodologia proposta para cada fase e suas respectivas etapas:
I. Fase de preparação: Nesta fase, devem-se definir os objetivos e realizar o planejamento da avaliação do projeto Gestão
Socioambiental de municípios do Pará. Após a elaboração do TdR e a contratação da equipe de avaliadores, deverão ser organiza-
dos os documentos-chave. Para tanto, deverão ser identificados, junto com o BNDES e a organização responsável pela execução,
os documentos, dados e relatórios que serão utilizados para a realização da avaliação. A equipe de Avaliação realizará, de forma
sistemática, uma coleta de dados de fontes secundárias, que tem como objetivo compor um “memorandum” que servirá de fonte
de referência, nivelamento e ajuda-memória de todas as informações relativas ao projeto a ser avaliado.
II. Fase de implementação:
▶▶Desenho da avaliação e ferramentas. O Relatório de Desenho da Avaliação a ser elaborado pela equipe de avaliadores deverá
apresentar o roteiro do trabalho de avaliação, a metodologia detalhada, uma lista de perguntas complementares caso seja
necessário e as ferramentas que serão utilizadas durante o trabalho de avaliação. Esse relatório deverá ter o seguinte roteiro: (a)
Dados básicos do projeto; (b) Introdução; (c) Análise do TdR; (d) Divisão de tarefas, Plano de Trabalho e Logística; (e) Desenho/
Metodologia; e (f) Anexos.
▶▶Coleta e análise de dados. A metodologia deve ser diversificada, utilizando três formas de coleta de dados: i) Não-reativa
(fontes secundárias: documentação do projeto, dados públicos e científicos disponíveis na área de atuação do projeto, além
dos documentos-chave já organizados na fase de preparação); ii) Enquete (pesquisa de campo: podendo ser por questionários
padronizados, por entrevistas com indivíduos ou grupos e pelo uso de ferramentas de análise, como o FOFA); e iii) Observação
(durante as visitas, participativa ou individual; pode ser utilizada uma abordagem contrafactual, ou seja, comparando com
casos semelhantes fora do projeto). Esta é a 1ª fase de análise dos dados, que tem o objetivo de analisar a lógica da interven-
ção, os produtos e serviços realizados pelo projeto e os resultados alcançados. Nessa fase, é importante levantar as dúvidas e
questões que precisam ser respondidas pelos executores e beneficiários, pois isso servirá de insumo para a próxima etapa, a
Missão de Campo.
▶▶Missão de campo. Tem como objetivo realizar parte da coleta de dados, de forma presencial em visita à região de atuação do
projeto. A Equipe de Avaliação realizará visitas em campo pelo tempo julgado necessário (deverá ser detalhado no Relatório de
Desenho da Avaliação), até o limite de doze (12) dias.
▶▶Relatório preliminar. Após a missão de campo, a equipe de avaliação deverá complementar a análise dos dados coletados.
Para tanto, deverá ser gerado um relatório preliminar da avaliação de efetividade do projeto. A divisão de atribuições e tarefas
de cada membro da equipe de avaliação deverá ser detalhada no relatório de desenho da avaliação.
▶▶Rodada de consulta. Nesta etapa, será realizado um workshop com a participação do Grupo de Referência da avaliação, do
Ministério do Meio Ambiente, de pessoas-chave do projeto avaliado e alguns pares, que são os especialistas que detém res-
ponsabilidades sob temas correlatos aos do projeto avaliado. A metodologia do workshop deverá ser descrita no Relatório de
Desenho da Avaliação.
III. Fase de análise e disseminação:
▶▶ Consolidação da análise de dados. Junto aos insumos complementares da Rodada de Consulta, deverá haver uma nova
análise baseada nos comentários e justificativas apresentados pelos envolvidos no projeto e os pares participantes.
▶▶Relatório final. A metodologia e a composição do Relatório de Avaliação de Efetividade do projeto Gestão Socioambiental
de municípios do Pará estão no documento “Avaliação de Efetividade dos projetos Apoiados pelo Fundo Amazônia – Marco
Conceitual”.
▶▶Divulgação dos resultados. O Relatório de Avaliação de Efetividade do projeto Gestão Socioambiental de municípios do Pará
e seu resumo executivo serão publicados na página do Fundo Amazônia (www.fundoamazonia.gov.br).
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Sumário
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Dias
Atividades Responsável Prazos Produtos
Úteis
Divulgar TdR, receber e organizar GIZ (responsável pela Propostas dos consultores
1 15 19/08/2016
propostas dos consultores contratação) recebidas organizadas
Contratar consultores e formar
Consultores contratados e
2 equipe de avaliação (consultores GIZ 10 26/09/2016
equipe formada
+ GIZ)
Preparar encontro inicial da
equipe com Fundo Amazônia/
Contatar a organização
responsável pelo projeto avaliado/ GIZ Proposta de desenho da
3 15 10/10/2016
avaliação
Analisar documentos relevantes/
Elaborar proposta de relatório
de desenho da avaliação
GERAV/BNDES DEFAM/
Proposta de relatório de
Comentar proposta de relatório BNDES Organização
4 3 14/10/2016 desenho de avaliação com
de desenho de avaliação responsável pelo
comentários
projeto
Revisar relatório de desenho da Relatório de desenho da
5 Equipe de avaliação 3 17/10/2016
avaliação avaliação revisado
GERAV/BNDES DEFAM/ Relatório de desenho da
6 Aprovar relatório revisado 3 20/10/2016
BNDES avaliação (final)
Implementar avaliação/
Realizar missão de campo/
7 Sistematizar resultados, etc./ Equipe de avaliação 28 09/12/2016 -
6. Equipe de avaliadores
O projeto Gestão Socioambiental de municípios do Pará será avaliado por uma equipe composta por quatro pessoas, sendo dois
(02) peritos da GIZ e dois (02) consultores externos a serem contratados pela GIZ após chamada de contratação divulgada na Rede
Brasileira de Monitoramento e Avaliação. Os peritos da GIZ terão o seguinte perfil: um (1) sênior com experiência em avaliação de
projetos e políticas públicas nos temas tratados e um (1) júnior para apoio no levantamento de dados e elaboração de diagnósticos
temáticos sob orientação da equipe. Os consultores externos deverão ter o seguinte perfil: um (01) consultor sênior ou pleno, com
experiência em avaliação de projetos, desenvolvimento de capacidades e politicas públicas ligadas aos temas de prevenção e con-
trole do desmatamento e um (01) consultor pleno com experiência em avaliação de projetos, regularização ambiental e fundiária. Em
relação às qualificações dos avaliadores, incluem as seguintes exigências:
▶▶Conhecimento técnico. A equipe de avaliadores, de forma multidisciplinar, deverá ter conhecimento sobre politicas públicas na
área de desenvolvimento sustentável e meio ambiente, sobre elaboração, monitoria e avaliação de projetos socioambientais e
sobre os temas abordados pelo projeto, principalmente: desenvolvimento de capacidades em prevenção e controle do desmata-
mento, regularização ambiental e fundiária, monitoramento e recuperação de áreas de preservação permanentes (APP).
▶▶Conhecimento metodológico. A equipe de avaliadores deverá ter conhecimento nas metodologias que serão utilizadas para
avaliação do projeto, em especial, às relacionadas aos métodos para coletar e analisar os dados, medir o alcance de resultados
e qualificar efeitos alcançados. Além disso, é importante conhecer instrumentos que permitam a combinação de métodos para
triangular a coleta dos dados, de forma a aumentar a confiabilidade dos resultados.
▶▶Expertise regional. A equipe de avaliadores deverá ter conhecimento sobre as questões regionais da Amazônia que são tratadas
no âmbito dos projetos apoiados pelo Fundo Amazônia. É desejável que tenham experiência profissional na Amazônia.
Os consultores não podem ter nenhum envolvimento anterior ou vínculo particular com o projeto a ser avaliado. A equipe de avalia-
ção trabalhará sem interferência externa, terá acesso aos dados dos projetos a serem avaliados e obterá apoio para levantar todas
as informações necessárias. Os peritos da GIZ e os consultores devem tratar toda a documentação do Fundo Amazônia e do projeto a
ser avaliado com confidencialidade e sigilo, ressalvadas as informações que deverão constar do Relatório de Avaliação de Efetividade.
7. Relatoria
Serão produzidos dois relatórios durante o processo de avaliação: o Relatório de Desenho da Avaliação e o Relatório de Avaliação de
Efetividade do projeto Gestão Socioambiental de municípios do Pará. O conteúdo desses relatórios observará o estabelecido no item
8.1.7 do documento “Avaliação de Efetividade dos projetos Apoiados pelo Fundo Amazônia – Marco Conceitual”.
8. Coordenação/ Responsabilidades
A avaliação de efetividade do projeto Gestão Socioambiental de municípios do Pará será acompanhada por um Grupo de Referência,
com a seguinte composição:
a. Representantes da Gerência de Avaliação de Efetividade e Emprego da Área de Planejamento do BNDES;
b. Representantes do Departamento de Gestão do Fundo Amazônia do BNDES;
c. Representantes da GIZ, no âmbito do projeto de Cooperação Técnica em vigor;
d. Representantes do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), responsável pela execução do projeto a ser
avaliado, e;
e. Integrantes da equipe de avaliação.
A coordenação do trabalho de avaliação será realizada pela GIZ. As responsabilidades de cada parte que compõem o Grupo de
Referência estão definidas no item 5.1 do documento “Avaliação de Efetividade dos projetos Apoiados pelo Fundo Amazônia – Marco
Conceitual”.
Junho/2017
Avaliação de Efetividade
Projeto Gestão Socioambiental
de Municípios do Pará
Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia | Imazon