A Desconstrucao Do Logocentrismo e A Ori

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Compreender ou ler envolveria, portanto, a descoberta e o resgate daquilo que o emissor ou o autor quis dizer. Ja que nesse contexto € o desejo do autor © fator determinante para a emergéncia e a fixacao do significado, 0 significante (a palavra, o texto) funciona novamente como o envélucto duradouro e resistente capaz de aprisionar através dos tempos e em qualquer citcunstincia o significado autoral conscientemente preten- dido. Ao leitor/receptor cabe apenas, nesse enredo, um papel filial tum papel essencialmente respeitador e protetor dos descjos “inseridos” no tex ‘A projecio da origem do significado para Bais sujeito “recey tor” ¢ de seu contexto de leitura, conseqiiéncia do desejo de ur ‘significado transcendental”, neutro_e independente da situagio de € ineficiéncia. Afinal, apenas p: lidade ¢ de literariedade mencionadas acima, nenhuma teoria ‘i if de inimeras ¢ incansveis tentativas, essa mesma tradigdo logocéntrica ndo conseguiu produzir uma tinica leitura unanimemente aceitavel, resistente & passagem do tempo e as mudangas de contexto, de nenhum texto, mesmo daqueles “cléssicos” que sdo lidos, geracdo apés geracdo, hé mais de dois milénios. A frustraglo do desejo de estabilidade que acompanha qualquer projeto lingifstico filiado ao logocentrismo nao encontra solugo nem mesmo nos prinefpios éticos que com freqiiéncia sao invocados na defesa de algum nivel de objetividade que garanta a nao-interferéncia do leitor ou “receptor” no proceso de leitura. A argumentacao de E.D. Hirsch é, nesse sentido, exemplar. Em The Aims of Interpreta- iscussio especifica, ver “A Noglo de Literalidade: Metéfora (neste volume). 36 tion, Hirsch reconhece a impossibilidade de se formular, por exemplo, uma distingao objetiva entre o literdrio € 0 néoditerétio enquanto caracteristicas inerentes a0 texto: 'No literary theorist from Coleridge to the present has succeeded in formulating a viable distinction between the nature of ordinary written speech and the nature of literary written speech. For reasons I shall not pause to detail in this place, I believe the distinction can never be successfully formulated, and the futility of attempting the distinction will come to be generally recognized (pp. 9091). Apesar disso, entretanto, Hirsch nao desiste de buscar outra “origem” estvel para essa distingio e tenta localizé-la no prinefpio de ética ‘que prescreve o respeito as intengdes do autor: Moreover, if it is seen that there is no viable distinction between “literature” and other classifications of written speech, it will | . also come to be recognized that the ethics of language hold gaad~”> in all uses of language, oral and written, in poetry as well as in philosophy. All are ethically governed by the intentions of the author. To treat an author's words merely as grist for one's own~) inl fs ethically analogous to using another ian merely Tor one’s ‘own purposes (p--91).— o!) )Q4-- que Hirsch nao esclarece, comd’alids nenhum outro te6rico defensor de argumentos semelhantes, € exatamente 0 método que empregaria para esse resgate de intengSes, um projeto que pressuporia, ais, tam- bém uma concepgao de “consciéncia” como uma categoria per mente controlével e distinguivel da “inconsciéneia”. ‘Ao levar as tiltimas conseqiiéneias a concepcdo do signo arbitrério al proposta por Saussure, a reffexio desconst ‘necessariamente revisa e redimensiona as nogdes tradicionais se ag ‘em diltima andlise, para a necessidade de eae eto © que desemboca nesse pacto. Se acei jtamos a tese da convene jonalidade do signo, ou seja, a nogdo de que ifieado & necessariamente construido ¢ atribuido a partir de ur poderemos, portanto, exit outro processo de it de lizagao d de signos, de uma origem vat ‘ttugio e A producdo de_significados. ‘© desmascaramento do “desejo exigente, potente, sistematico € irreprimfvel de um significado transcendental”, nas palavras de Der. ‘anto,-como conseqiiéncia res} ¥ rferéncia a des dos significados la_reflexio desconstrutivista, traz, por La necessidade de se assumir a ponsabilidade pela ineviti a inevitével produgio de in Na totes ar atividades relagces humana Ee demmatenre ee Sula & passagem do tempo ou seja, de-um signi 8 outros — “tempord do pelo logocentrismo passa a se " Autoral nos textos que Ié. A figura filial s “contidos” no texto que 0 logoce sume seu inevitével desejo edipiano do Outro, que a a citar. Como sugere Baril Texto. O Texto pode ser ej08 ai © conceito significado”, ferto principio funcional através do qual, em nosea cultura, limi- amos, excliimos em resumo, impe livre composigéo, © escolhemos [significados ‘dimos a livre circulagao, a Ii ue provocou também seu nascimento, Como lembra Foucault, A figura do autor é, entre nés, historicamente recente: r Textos, livros e discursos realmente comegaram a ter autores 27 (que néo fossem figuras miticas, “sacralizadas” e “sacralizantes”) NO momento em que os autores se tornaram sujeitos & punicao, Ou sea, no momento em que os discursos podiam ser transgres. \y sores, Em nossa cultura (ec, sem diivida, em muitas outras), ol dliscurso no foi originalmente um produto, uma coisa, um tipo de mercadoria; era essencialmente um ato — um ato localizado no campo bipolar do sagrado e do profano, do licito ¢ do. do religioso ¢ do blasfemo (p. 148, minha tradugao), Se a figura do autor nasceu, como lembra Foucault, no final do século XVIII ¢ inicio do século XIX, exatamente_para segula Construgao_dos significades que poderiam circular numa deter cultura e numa determinada época, também a figura do leitor e o espago que poderé ocupar no processo de leitura, bem como a ética que regulamenta as préticas da autorie, da comunicacdo e da leitura, ¢ tudo aquilo que numa determinada época e num determinado lugar & possivel ¢ aceitavel de se fazer com os textos e com os. dependem, portanto, das convengées que _ s¢_estabelecem_sublimi FRente no tecido sécio-cultural em que vivemos. Assim, para a reflexao | desconstrutivist,o significado no se encontra preservado no texto, [) nem na redoma supostamente protetora das intengSes conscientes de seu_autor, tampouco nasce dos caprichos indi vidualistas de um Ieitor rebelde ido se encontra, sim, na trama das convengdes que, determinam, inclusive, o perfil, os desejos, as circunstincias e os limi” tes do proprio letor. BIBLIOGRAFIA BARTHES, R. (1979). “From Work to Text". In HARARI 1979 (pp. 73-81). DERRIDA, J. (1973). Gramatologia, Séo Paulo: Perspectiva, FOUCAULT, M. (1979). “What Is an Author?”. In HARARI 1979 (pp. 141-159), HARARI J. (ed.) (1979). Textual Strategies ~ Perspectives in Post-Structu: ralist Criticism. Whaea: Cornell University, Press HIRSCH, ED. (1978). The Aims of Interpretation. Chicago: The University of Chicago Press 39,

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