Atmosfera

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Atmosfera

Durante um eclipse total do Sol, a coroa Solar pode ser vista a olho nu

Temperatura (linha contínua) e densidade (linha tracejada) da atmosfera solar a partir da base
da fotosfera

As camadas superiores à fotosfera são chamadas coletivamente de atmosfera solar. Estas


camadas podem ser vistas com telescópios operando em todo o espectro
eletromagnético do rádio, passando desde a luz visível até os raios gamas. São
compostas de cinco zonas principais: a "zona de temperatura mínima" (cromosfera),
a região de transição solar (coroa solar) e a heliosfera.[61] A heliosfera, que pode ser
considerado a região exterior tênue da atmosfera solar, estende-se além da órbita
de Plutão, até a heliopausa, onde forma uma onda de choque com o meio interestelar. A
cromosfera e a coroa são muito mais quentes do que a superfície do Sol.[61] Não se sabe
com exatidão porque isto acontece; evidências indicam que ondas de Alfvén podem ter
energia suficiente para aquecer a coroa.[66]
A camada mais fria do Sol é a região de temperatura mínima, localizada 500 km acima da
fotosfera, que possui uma temperatura de 4 100 K.[61] Esta parte do Sol é fria o suficiente
para suportar moléculas simples como monóxido de carbono e água, estas que podem ser
detectadas por seus espectros de absorção.[67]
Acima da camada de temperatura mínima localiza-se a cromosfera, camada que possui
cerca de 2 000 km de espessura e é dominada por espectros de emissões e linhas de
absorção.[61] O nome desta camada provém do grego "chroma", que significa "cor", porque
a cromosfera é visível como um flash colorido no início e fim de um eclipse total do
Sol.[51] A temperatura da cromosfera aumenta gradualmente com a altitude, chegando a até
20 000 K no topo.[61] No topo da cromosfera, hélio torna-se parcialmente ionizado.[68]
Acima da cromosfera localiza-se a zona de transição solar, uma camada fina com cerca de
200 km de espessura. Nela, a temperatura aumenta rapidamente de 20 000 K para níveis
próximos a 1 000 000 K.[69] O aumento rápido da temperatura é facilitado pela ionização
completa do hélio na região de transição, que diminui significantemente o resfriamento
radiativo do plasma.[68] A região de transição não ocorre em uma altitude bem definida. Ao
invés disso, forma um tipo de halo em torno de características da cromosfera, tais
como espículas e filamentos solares, possuindo uma moção constante e caótica.[51] A
região de transição não é facilmente visível da superfície da Terra, mas é facilmente
observável do espaço por instrumentos sensíveis ao extremo ultravioleta do espectro
eletromagnético.[70]
A coroa solar é a atmosfera estendida externa do Sol, que é muito maior em volume do
que o Sol propriamente dito. A coroa expande continuamente no espaço, formando o vento
solar, que preenche todo o interior do Sistema Solar.[71] A base da coroa, que localiza-se
muito próxima da superfície solar, possui uma densidade de partículas muito baixa, cerca
de 1015–1016 m−3 na base, diminuindo com a altitude.[68][nota 3] A temperatura média da coroa e
do vento solar varia entre um milhão e dois milhões de kelvins. A temperatura nas regiões
mais quentes alcança 8 a 20 milhões de Kelvins.[69] Atualmente, não existe uma teoria que
explique por completo a causa das altas temperaturas da coroa, sendo este um dos
maiores problemas da física solar.[72] Porém, sabe-se que parte do calor provém
de reconexão magnética.[69][71]

Diagrama mostrando a estrutura da heliosfera

A heliosfera, que é a cavidade em torno do Sol preenchida com o plasma do vento solar,
estende-se de 20 raios solares (0,1 UA), até o limite do Sistema Solar. Seu limite interior é
definido como a camada onde o vento solar torna-se "superalfvénico" — isto é, onde a
velocidade do vento solar torna-se maior que a velocidade das ondas de
Alfvén.[73] Turbulência e forças dinâmicas fora deste limite não podem afetar o formato da
coroa solar, uma vez que informação pode viajar apenas na velocidade das ondas de
Alfvén. O vento solar continuamente sopra em direção ao exterior do Sistema Solar dentro
da heliosfera, carregando material através do Sistema Solar, até encontrar a heliopausa, a
mais de 50 UA do Sol. A moção do vento solar faz com que o campo magnético
solar adquira um formato de espiral.[71] Em dezembro de 2004, a sonda espacial Voyager
1 passou por uma região de choque, que cientistas acreditam ser parte da heliopausa.
Ambas as sondas Voyagers registraram um aumento no número de partículas energéticas
à medida que elas se aproximaram do limite.[74]

Composição química
O Sol é composto primariamente dos elementos químicos hidrogênio e hélio; estes
compõem 74,9% e 23,8%, respectivamente, da massa do Sol na fotosfera.[75] Todos os
elementos mais pesados, chamados coletivamente de metais na astronomia, compõem
menos de 2% da massa solar. Os elementos químicos mais abundantes
são oxigênio (compondo cerca de 1% da massa do Sol), carbono (0,3%), néon (0,2%),
e ferro (0,2%).[76]
O Sol herdou sua composição química do meio interestelar do qual foi formado: o
hidrogênio e o hélio foram produzidos na nucleossíntese do Big Bang, enquanto que os
metais foram produzidos por nucleossíntese estelar em gerações de estrelas que
completaram sua evolução estelar, e retornaram seus materiais para o meio interestelar
antes da formação do Sol.[76] A composição química da fotosfera é normalmente
considerada representativa da composição do Sistema Solar primordial.[77] Porém, desde
que o Sol foi formado, o hélio e os metais presentes nas camadas externas gradualmente
afundaram em direção ao centro. Portanto, a fotosfera presentemente contém um pouco
menos de hélio e apenas 84% dos metais que o Sol protoestrelar tinha; este era composto
de 71,1% hidrogênio, 27,4% hélio, e 1,5% metais, em massa.[75]
Fusão nuclear no núcleo do Sol modificou a composição química do interior solar.
Atualmente, o núcleo do Sol é composto em 60% por hélio, com a abundância de metais
não modificados. Visto que o interior do Sol é radiativo e não convectivo, o hélio e outros
produtos gerados pela fusão nuclear não subiram para camadas superiores.[76]
As abundâncias dos metais descritas acima são tipicamente medidas
utilizando espectroscopia da fotosfera do Sol, e de medidas da abundância destes metais
em meteoritos que nunca foram aquecidos a temperaturas acima do ponto de
fusão.[78] Acredita-se que estes meteoritos retenham a composição do Sol protoestelar, e
portanto, não sejam afetados pelo afundamento dos elementos mais pesados.

Elementos ionizados do grupo 8


Durante a década de 1970, extensiva pesquisa foi realizada sobre as abundâncias dos
elementos do grupo 8 no Sol.[79][80] Apesar disso, a determinação da abundância de certos
elementos tais como cobalto e manganês fora difícil até 1978 por causa de suas estruturas
hiper-finas.[79]
A força vibracional de todos os elementos ionizados do grupo 8 foi produzida pela primeira
vez durante a década de 1960,[81] e melhorias nas forças de oscilamento foram produzidas
em 1976.[82] Em 1978, as abundâncias de elementos ionizados do grupo 8 foram
produzidas.[79]

Relação entre massa fracionada do Sol e dos planetas


Vários autores consideraram a existência de uma relação de massa fracionada entre as
composições isotópicas dos gases nobres do Sol e dos planetas,[83] tais
como néon e xénon.[84] Acreditava-se que todo o Sol possuía a mesma composição da
atmosfera solar, ao menos até 1983.[85]
Em 1983, uma nova teoria argumentando que o fracionamento do Sol é o que causa a
relação entre as composições isotópicas dos gases nobres dos planetas e do vento
solar.[85]

Campo magnético
Ver artigo principal: Campo magnético estelar
A corrente heliosférica difusa estende-se até as regiões exteriores do Sistema Solar, e resulta da
influência do campo magnético do Sol em rotação no plasma no meio interplanetário.[86]

O Sol é uma estrela magneticamente ativa, suportando um forte campo magnético, cujas
condições mudam constantemente, variando de ano para ano e revertendo-se em direção
aproximadamente a cada 11 anos, em torno do máximo solar.[87] O campo magnético do
Sol gera vários efeitos que são chamados coletivamente de atividade solar. Estes incluem
as manchas solares na superfície do Sol, as erupções solares e as variações no vento
solar.[88] Efeitos da atividade solar na Terra incluem auroras em médias a altas latitudes, a
disrupção de comunicação de rádio e potência elétrica. Acredita-se que a atividade solar
tenha tido um importante papel na formação e evolução do Sistema Solar. A atividade
solar constantemente muda a estrutura da ionosfera terrestre.[89]
Toda a matéria no Sol está presente na forma de gás e plasma, devido à sua alta
temperatura. Isto torna possível rotação diferencial, com o Sol girando mais rápido no seu
equador (onde o período de rotação é de 25 dias) do que em latitudes mais altas (com o
período de rotação solar sendo de 35 dias nos pólos solares). A rotação diferencial do Sol
faz com que as linhas do campo magnético entortem com o tempo, provocando a erupção
de anéis coronais em sua superfície, a formação de manchas solares e de proeminências
solares, via reconexão magnética. Este entortamento gera o dínamo solar e o ciclo
solar de atividade magnética, que repete-se a cada 11 anos, visto que o campo magnético
solar reverte-se a cada 11 anos.[90][91]
O campo magnético solar estende-se bem além do Sol. O plasma magnetizado do vento
solar transporta o campo magnético solar no espaço, formando o campo magnético
interplanetário.[71] Visto que o plasma pode se mover apenas nas linhas do campo
magnético, as linhas do campo magnético interplanetário inicialmente esticam-se
radialmente do Sol. Uma camada fina de correntes difusas no plano equatorial solar existe
pois campos acima e abaixo do equador solar possuem polaridades diferentes. Esta
camada é chamada de corrente heliosférica difusa.[71] À medida que a distância do Sol
aumenta, a rotação solar entorta as linhas do campo magnético e a corrente difusa,
formando uma estrutura similar a uma espiral de Arquimedes, chamada de espiral de
Parker.[71] O campo magnético interplanetário é muito mais forte do que o componente
dipolar do campo magnético solar. Enquanto que a última possui 50 a 400 T na fotosfera,
reduzindo com o cubo da distância para 0,1 T na órbita terrestre, o campo magnético
interplanetário na órbita terrestre é 100 vezes maior, com cerca de 5 T.[92]

Ciclo solar
Manchas solares
0:20

Um vídeo de várias ejeções de massa coronal em agosto de 2010

Ver artigo principal: Mancha solar


Quando o Sol é observado com os filtros apropriados, as características mais
imediatamente visíveis são geralmente suas manchas, áreas bem definidas na superfície
solar que aparentam ser mais escuras do que a região ao seu redor pelo fato de
possuírem temperaturas mais baixas. Manchas solares são regiões de intensa atividade
magnética onde convecção é inibida por fortes campos magnéticos, reduzindo transporte
de energia do interior quente do Sol, fazendo que estas regiões possuam uma temperatura
mais baixa do que ao redor. O campo magnético gera intenso aquecimento da coroa solar,
formando regiões ativas que são as fontes de erupções solares e ejeção de massa
coronal. As maiores manchas solares podem possuir dezenas de quilômetros de
diâmetro.[93]

Variação do ciclo solar nos últimos 30 anos

Número de manchas solares observadas nos últimos 250 anos, mostrando os ciclos solares, cada
uma com aproximadamente 11 anos de duração

O número de manchas solares visíveis no Sol não é constante, mas varia ao longo de um
ciclo de 11 anos chamado de ciclo solar. No início do ciclo solar (no chamado período de
atividade mínima), poucas manchas são visíveis, e por vezes nenhuma é vista. Estas que
aparecem estão em altas latitudes solares. À medida que o ciclo solar continua, o número
de manchas aumenta, e as manchas movem-se em direção ao equador solar, um
fenômeno descrito pela lei de Spörer. Manchas solares geralmente ocorrem em pares, de
polaridades opostas. A polaridade magnética dos pares alternam-se a cada ciclo solar
(relativo à posição do par), tendo um pólo magnético norte em um ciclo e sul no próximo (e
vice-versa na outra mancha).[94]
O ciclo solar possui grande influência na meteorologia do espaço, e influencia
significantemente o clima na Terra, visto que a luminosidade solar está diretamente
relacionada à atividade magnética do Sol. Quando o Sol está no período de atividade
mínima, costuma-se registrar temperaturas médias mais baixas do que o normal na Terra.
Por outro lado, temperaturas médias mais altas do que o normal
estão correlacionadas com ciclos solares mais longos que o geral. No século XVII, o ciclo
solar aparentemente parou por completo por várias décadas, visto que poucas manchas
solares foram observadas durante este período. A Europa experienciou temperaturas
muito baixas durante este século, fenômeno que foi denominado mínimo de
Maunder ou Pequena Idade do Gelo.[95] Períodos estendidos de atividade mínima mais
antigos foram descobertos através da análise de anéis de árvores, também aparentemente
coincidindo com temperaturas globais mais baixas do que o normal.[96]
Estudos de heliosismologia executados a partir de sondas espaciais permitiram observar
certas "vibrações solares", cuja freqüência cresce com o aumento da atividade solar,
acompanhando o ciclo de 11 anos de erupções.[97] A cada 22 anos existe a manifestação
do chamado hemisfério dominador, além da movimentação das estruturas magnéticas em
direção aos pólos, que resulta em dois ciclos de 18 anos com incremento da atividade
geomagnética da Terra e da oscilação
da temperatura do plasma ionosférico na estratosfera da atmosfera terrestre.

Possível ciclo a longo termo


Uma teoria recente argumenta que instabilidades magnéticas existentes no núcleo do Sol
causariam flutuações com períodos de 41 000 ou 100 000 anos. Isto poderia explicar
melhor as idades do gelo do que os ciclos de Milankovitch.[98][99]

Evolução

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