Conselheiro Terapêutico
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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO
SUMÁRIO
2- TREINAMENTO DE ASSERTIVIDADE 5
REFERÊNCIAS
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Muita gente confunde bondade com incapacidade de dizer “não”, de colocar limites,
de dizer o que gosta e o que não gosta, de satisfazer as próprias necessidades.
Aprender a dizer “não” não é sair chutando a porta por aí. É estar pronto para
amadurecer com confiança, certo de que não deixará de ser amado só porque decidiu
levar seus desejos e opiniões em consideração.
Não se trata de dizer que “não somos obrigados a nada”, e sim de entender que é
importante aprender a se posicionar diante da vida, das exigências do dia a dia, das
pessoas e do que cada situação exige.
A vida exige rupturas. Exige que abandonemos nossos ninhos no alto das árvores e
ganhemos o céu. Mesmo que o preço seja cair e nos ferir algumas vezes, a
recompensa de nos tornarmos quem realmente somos faz valer a pena.
Esqueceram de nos contar que podíamos recusar aquele convite, que não era pecado
dizer “não” àquilo que não estávamos dispostos a fazer, que não devíamos nos sentir
culpados quando impúnhamos limites ou sentíamos necessidade de nos agradar em
primeiro lugar.
Esqueceram de nos contar que ser “bonzinho” é diferente de ser bom. Que quando
me desagrado para agradar aos outros estou descumprindo a lei do amor que diz:
“Ame a teu próximo como a ti mesmo”.
Ser bom é ter empatia, é se compadecer da dor do outro e estar a postos para ajudar,
é ter compaixão, tolerância e respeito pelos que nos cercam. Já ser “bonzinho”
é satisfazer as expectativas dos outros, o que nem sempre satisfaz as nossas próprias
expectativas. É carregar um fardo nas costas, já que é exaustivo corresponder
fielmente ao que é esperado por todos, mas nem sempre está de acordo com o que
intimamente queremos.
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2- TREINAMENTO DE ASSERTIVIDADE
Ser assertivo significa ser capaz de defender os seus direitos ou os de outras pessoas
de forma calma e positiva, sem ser agressivo ou aceitar passivamente algo que não
concorda.
Assertividade, reparem que a palavra é escrita com dois esses “SS” ao invés de um
“C”. Portanto, logo de cara podemos concluir que assertividade ou ser assertivo não
tem nada a ver com acertar, acerto ou estar correto. É tudo uma questão de
comportamento, posicionamento e inteligência emocional acima de tudo. Lembrando
que inteligência emocional pode ser definida como a habilidade de identificar e
gerenciar emoções e sentimentos tanto próprios quanto daqueles que estão ao seu
redor.
Comportamentos assertivos
Comportamento Passivo
Comportamento Agressivo
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Comportamento Passivo/Agressivo
É um comportamento peculiar, são ocasiões em que se tem algo a dizer, porém nem
sempre é dito. Por vezes o indivíduo não tem coragem para expressar o que pensa,
mas reclama pelas costas. Faz uso de ironia e sarcasmo, acaba agredindo e irritando
embora esteja sempre “brincando”. Evita o conflito e raramente se manifesta. Porém,
é agressivo por trás dos panos. É o famoso “duas caras”, por vezes considerado falso.
Fica em cima do muro e não manifesta opinião. No entanto, fala dos demais pelas
costas. É o tipo de pessoa que não olha muito nos olhos e até distorce as palavras do
outro.
Comportamento Assertivo
Atenção!
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confundida com agressividade ou com “fulano não vai com a minha cara”. Algumas
pessoas podem interpretar um feedback assertivo de forma equivocada, levando para
questões pessoais/emocionais e por vezes carregando rancor de forma
desnecessária.
Bom, eu sou o rei da não assertividade. Não me orgulho disso mas, depois de levar
tanta porrada por não ser assertivo, consegui enxergar e entender exatamente as
minhas falhas. Isso me torna uma pessoa assertiva? Não!! Apenas uma pessoa
consciente dos meus erros. Além, é claro, de me colocar no caminho correto. Isso
porque não é do dia para noite que se “vira a chave”. Portanto, levei um tempo fazendo
errado, outro tempo entendendo o que estava errado e agora estou na jornada de
corrigir tudo isso. E isso leva um outro tempo… De qualquer forma, baseado na minha
própria experiência, separei 11 dicas para melhorar a assertividade. Essa lista deve
aumentar em breve, vamos lá:
1. Não grite
Essa é bem básica mas, acreditem, acontece o tempo todo (ainda!). Por vezes, o tom
de voz alterado, mesmo que não seja uma gritaria propriamente dita, já tira a
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Essa talvez seja uma das atitudes mais irritantes, porque o indivíduo que a faz não foi
passivo, nem agressivo e muito menos assertivo. A pessoa sarcástica é azeda e
irônica. Usa de sarcasmos para fazer piada e não parecer mal, embora continue
colocando o dedo da ferida e dando risada, esperando que o interlocutor também ache
graça e mais… que entenda o recado. Pouco provável que ocorra. Dizer “Estou só
brincando” não desculpa seus comentários. Tenha cuidado ao utilizar essa frase como
desculpa para seu comportamento.
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5. Aparte as ovelhas
Não importa a natureza, tampouco o teor do erro cometido, expor o indivíduo que o
fez não é uma opção saudável no longo prazo. A exposição em função de um erro é
fatal, destrói o indivíduo, a equipe e consequentemente a empresa. Deseja dar um
show na frente de todos? Use das qualidades ou atingimentos de alguém para fazê-
lo, jamais os erros. Os erros precisam ser pontuados “face to face”. Elogie em público,
corrija em particular!
Resumindo este item: baixe a bola. Por quê? Simplesmente porque saber tudo é
humanamente impossível! Se soubéssemos tudo teríamos empresas de um homem
só. Portanto, se você tem um time, cuide dele, instrua, oriente, ensine e também
aprenda com ele. A grande fortaleza das organizações é construída com times e não
lobos solitários, principalmente quando as coisas crescem.
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Simplesmente aceite, e este fato muda muito a forma pela qual interagimos com as
pessoas. As diferenças entre gerações têm se tornado mais gritantes, assim como o
intervalo entre elas tem se tornado mais curto. Por vezes, é preciso adequar a
linguagem e a forma pela qual se comunica. Isso não quer dizer distorcer a
mensagem, muito menos deixar de dá-la. É mais uma questão de ambiente e… vejam
só…. Assertividade!
Dizer “não” é bem difícil, especialmente quando você não está acostumado a fazê-lo
(o bom moço ou moça). Dizer não é vital se você quer se tornar mais assertivo.
Conhecer seus próprios limites e quanto trabalho você pode assumir irá ajudá-lo a
gerenciar suas tarefas de forma mais eficaz e identificar as áreas do trabalho que
fazem você se sentir mais aproveitado. Aqui um grande aliado pode ser a psicoterapia.
Um bom psicólogo pode ajudá-lo a trabalhar a comunicação e ensiná-lo a dizer NÃO.
Não cometa o erro de se responsabilizar pela forma como as pessoas reagem a sua
assertividade. Se, por exemplo, reagirem negativamente em sua direção, tente evitar
devolver na mesma moeda.
É importante dizer o que está em sua mente, mesmo quando você tem um problema
difícil para lidar. De qualquer forma você deve fazê-lo de forma construtiva e sensível.
Não tenha medo de se defender e enfrentar pessoas que o desafiem. Você pode até
estar com muita raiva! Lembre-se de controlar suas emoções e permanecer
respeitoso.
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Não espere que alguém reconheça o que você precisa. Você pode esperar para
sempre! Tome a iniciativa e comece a identificar as coisas que você deseja agora. Em
seguida, estabeleça metas para que você possa alcançá-las e comunique-as de forma
clara!
Um dos principais benefícios de ser assertivo é que este tipo de comportamento torna
a pessoa mais segura de si mesma. Além disso, em geral, pessoas assertivas:
Tornam-se grandes gestoras. São pessoas que tratam as demais com justiça
e respeito e são tratadas pelos outros da mesma maneira. Isso significa que
são bem-quistas e vistas como líderes com os quais as pessoas confiam e
desejam trabalhar;
Negociam soluções bem-sucedidas no estilo ganha-ganha. São capazes de
reconhecer o valor da posição de seu oponente e podem rapidamente
encontrar um terreno comum e aceitável para ambos os lados;
São solucionadores de problemas. Se sentem capacitados para fazer o que for
preciso para encontrar a melhor solução para os problemas que surgem;
São mais resilientes. São indivíduos seguros de si mesmos e não se sentem
ameaçados ou vitimizados quando as coisas não saem conforme planejado.
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Não por acaso, há grupos específicos para oferecer suporte a pais, amigos e pessoas
próximas ao dependente químico, o que só repercute positivamente na sua motivação.
Ao longo deste artigo, vou abordar o tema a partir de suas diferentes perspectivas,
para permitir uma compreensão mais ampla.
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Funcionam a partir de reuniões periódicas, que colocam frente a frente pessoas que
já sofreram ou ainda sofrem para abandonar o uso abusivo de álcool e outras drogas.
A diferença é que, ao lado, estão indivíduos que sabem exatamente como é passar
por aquilo.
É possível que você já tenha ouvido sobre Alcoólicos Anônimos (AA) ou Narcóticos
Anônimos (NA).
Eles são os exemplos mais conhecidos de grupos de apoio, mas existem outros, sobre
os quais ainda vou falar neste texto.
Ainda que não possam ser consideradas entidades de suporte profissional aos
dependentes químicos, as irmandades de mútua ajuda utilizam técnicas e
metodologias amplamente testadas.
Ela representa o momento em que surge a percepção real sobre a proporção tomada
pelo problema e como ele afeta a rotina.
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Aqui, a ideia é encontrar alguma força que sirva de inspiração para vencer o vício.
Para algumas pessoas, isso pode significar olhar para si mesmo com confiança e
generosidade.
Não basta apenas ir em busca de uma força superior: também é preciso acreditar que
ela, independente da representação que tiver, pode fazer a diferença no seu caminho
de recuperação.
O paciente precisa fazer uma retrospectiva completa da sua vida para tentar entender
o que levou ele ao consumo abusivo de drogas.
O propósito é compreender o passado para definir o que será feito a partir dali.
Com o inventário moral pronto, fica mais fácil reconhecer as fraquezas que levaram o
indivíduo à dependência química.
Esse diagnóstico é a etapa preliminar para o quinto passo: admitir para outros
integrantes do grupo de apoio as suas falhas.
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Aos poucos, após ouvir os relatos de seus pares, os demais passam a se sentir
seguros e acolhidos para compartilhar as suas histórias.
Pode parecer estranho definir como “defeitos de caráter” eventuais erros que o
indivíduo tenha cometido para chegar ao estágio atual.
Esse deve ser um processo diário, construído diante de cada uma das dificuldades
que possam surgir.
Nesta etapa, portanto, a ideia é reunir os nomes de todos que tenham sido atingidos
negativamente em algum momento durante a adicção ativa..
Com a lista reunida, o adicto com a orientação do seu padrinho, já pode ir atrás dos
envolvidos e buscar uma reparação de danos.
Em alguns casos, as pessoas atingidas podem guardar certa mágoa e não aceitar o
perdão, é verdade.
Mas o importante é que o exercício seja posto em prática e se possa seguir em frente
com a consciência tranquila.
Qualquer desvio pode significar uma recaída – o que implica em ter de começar a
caminhada novamente.
Por isso, o décimo passo é uma lembrança de que a construção do inventário moral
é um processo diário e contínuo.
Atingir este estágio é sinal de que se está pronto para repassar os aprendizados
adiante e fazer a roda girar.
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O ponto central das irmandades de ajuda mútua é oferecer suporte aos indivíduos e
seus familiares sem qualquer tipo de julgamento e com conhecimento de causa.
Agora que você já sabe para que servem os grupos de apoio, vale conhecer quais
são.
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Antes de apresentar alguns deles de forma mais detalhada, trago uma lista com alguns
que utilizam o programa de 12 passos e o foco da abordagem:
Eles estão entre os mais indicados para famílias que têm entes internados no Grupo
Recanto.
Para que você entenda a essência de grupos assim, veja mais detalhes sobre três
deles:
Alcoólicos Anônimos
O AA, também conhecido como Alcoólicos Anônimos, nasceu nos Estados Unidos na
década de 1930.
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Com o tempo, foram surgindo ramificações dentro do próprio grupo, com o objetivo de
focar nas particularidades de cada caso.
Narcóticos Anônimos
A entidade surgiu com o intuito de prestar suporte para pacientes com vício em outros
tipos de drogas além do álcool.
Com o tempo, a metodologia passou a ser utilizada para oferecer suporte a diferentes
tipos de compulsão, não necessariamente ligados à dependência química.
Com base no livro homônimo de Robin Norwood nasceu o MADA, uma irmandade
que também tem inspiração no AA, pois adaptou o programa dos 12 passos para a
realidade de suas integrantes.
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Ainda assim, é importante destacar cinco benefícios que considero como os mais
importantes em toda essa jornada.
Vamos à lista:
Com base na minha experiência, posso dizer que as recaídas são mais frequentes
quando o paciente não desenvolve um novo propósito de vida ou não entende o que
o levou até o quadro de dependência química.
Desde o princípio deste artigo, ressaltei a importância dos grupos de apoio não
somente para os dependentes químicos, mas também para o suporte a amigos e
familiares.
Não à toa, existem irmandades específicas para aqueles que sofrem com o quadro
vivido por alguém que amam.
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Como vimos até aqui, o grupo de apoio deve fazer parte da rotina do paciente, que
estará em permanente tratamento da dependência química.
Conforme mostrei, o programa dos 12 passos não tem fim e representa uma eterna
reafirmação de etapas.
Para iniciar, basta descobrir quais são os grupos disponíveis na sua região e ir até o
local no horário dos encontros.
Conclusão
Isso porque, se tem algo que aprendi em minha trajetória é que compreensão,
paciência e muito apoio fazem toda a diferença.
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CONHECENDO O PROBLEMA
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que a criança desde o início da vida é atendida quando a mãe necessita dela e não
quando ela dela necessita, chamadas de microabandono (Kalina, 1999 citado por
Domingues & Domingues, 2013), e aquelas em que o abandono ocorre de forma
manifesta, quando é deixada aos cuidados de outras pessoas por dias e até meses,
contribuem de forma significativa para o aparecimento dos sintomas da drogadicção
(Kalina & Kovadloff, 1980), como também para o aparecimento da tendência
antissocial, que pode culminar nos distúrbios de caráter (Winnicott, 1979/1983) tão
comuns nos usuários de substâncias químicas.
Por outro lado, Broecker e Jou (2007) estudaram atitudes parentais percebidas por
adolescentes (14 a 19 anos) com e sem dependência química. Verificaram que entre
os dependentes químicos, foram encontradas atitudes parentais consideradas
socialmente indesejáveis, comumente encontradas em pais demasiadamente
autoritários e pouco afetivos, contribuindo para a manifestação de dificuldades em
habilidades sociais e escolares, alterações de humor, baixa autoestima e altos níveis
de depressão, fatores que poderiam levar ao consumo de drogas de forma pesada
como tentativa de se esquivar dos problemas vivenciados.
A ligação com o filho adicto é muito intensa. Pais e filhos mostram-se regredidos e
fusionados. Os pais têm dificuldade em perceber as reais características do filho,
justificando suas ações como se fossem eles os culpados pela dependência química.
Em muitos casos, tem-se a impressão de que os pais (principalmente as mães)
mantêm-se em tal estado de fusão com o filho drogadicto que não conseguem
perceber os sintomas do uso, nem as atitudes e comportamentos antissociais
vivenciados com o intuito de obtenção da droga. Aparentemente funcionam como se
ainda mantivessem o estado de não diferenciação eu-outro existente entre mãe e filho
no início da vida (Winnicott, 1971/1975). Essa "con-fusão" vivida pelos pais, ao invés
de contribuir para a recuperação do drogadicto, acaba por alimentar sua busca
compulsiva pela substância química. Da mesma forma que a mãe necessita de
alguém que a auxilie a se afastar do bebê a ponto de permitir que alcance a
dependência relativa e continue se desenvolvendo rumo à independência (Winnicott,
1979/1983), os pais de drogadictos precisam de auxílio para conseguir um
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AMOR EXIGENTE
Nos grupos com familiares, a tônica é a maneira como pais e cônjuges lidam com os
comportamentos decorrentes do uso abusivo de drogas, na tentativa de resgatar o
equilíbrio emocional dos familiares e aprender a lidar com os efeitos colaterais da
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EXPERIÊNCIA VIVIDA
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Através dos pais percebia-se que o drogadicto precisava ser amparado, acolhido e
sustentado emocionalmente enquanto buscava controlar o vício e livrar-se daquela
compulsão. Mesmo quando conseguia abster-se da substância, necessitava de
amparo constante. Por outro lado, os pais mostravam-se fragilizados, de tal forma
identificados com seus filhos que, ao invés de auxiliá-los na busca pelo tratamento
adequado, acabavam funcionado de forma iatrogênica, favorecendo e incrementando
os sintomas psicopatológicos. O grupo de apoio buscava levar os pais a refletirem
sobre suas atitudes e o quanto poderiam estar contribuindo para a manutenção da
dependência, inclusive, química, dos adictos.
Ao longo das vivências foi possível perceber que a evolução dos grupos apresentava
seis fases distintas, sendo que na primeira, os pais mostravam-se desconfiados e
temerosos em relação aos demais participantes. Na segunda, passavam muitas
reuniões falando sobre os percalços da drogadicção, em que chegavam a se sentir
culpados pela compulsão apresentada pelos respectivos filhos. Usavam o grupo, e
especialmente o coordenador, como "seio latrina" (Meltzer, 1971) depositário de toda
a fétida dor causada pela drogadicção. Na terceira, o coordenador (representando o
programa em si) era considerado como o salvador de todos os males. Os pais
apresentavam uma certa dependência das falas do coordenador, como se fosse
possível usar receitas mágicas para solucionar todos os problemas. As colocações
feitas pelos demais participantes eram vistas com desconfiança, levando muitas vezes
a manifestações de fuga da situação e denegrimento das atitudes tomadas pelos
outros pais em relação aos seus respectivos filhos. Em algumas circunstâncias, era
necessário analisar e mostrar aos participantes os supostos básicos (Bion, 1963/1997)
que estavam norteando o funcionamento do grupo (dependência, luta-fuga e
acasalamento) e dificultavam a percepção e os possíveis insights sobre as emoções
vividas.
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(Venosa, 2011). Os pais se sentiam entre "iguais", onde a autoridade era delegada e
não imposta e a função paterna do grupo parecia mais fácil de ser aceita. Surgia então
uma fase em que as opiniões dos pais cujos filhos já haviam obtido algum sucesso
em se afastar da drogadicção eram mais valorizadas e aceitas pelo grupo.
Na sexta e última fase, pai e mãe passavam então a refletir sobre as próprias vidas,
antes e durante a descoberta da drogadicção. O filho-droga deixava de ser o tema
principal e eles voltavam suas atenções para si mesmos, para as relações afetivas
com outros membros e para a organização das funções parentais na hierarquia
familiar. De certa forma, o caos vivenciado pela família começava a ser percebido,
decifrado e organizado. Aos poucos os pais resgatavam e/ou desenvolviam sua
função de autoridades, deixavam de se sentir prisioneiros da drogadicção e, além
disso, percebiam os drogadictos como portadores de uma psicopatologia grave que
demandava tratamento sério.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho realizado por meio dos grupos de apoio constitui uma ajuda importante
para as famílias, tanto no programa descrito quanto naqueles mencionados
anteriormente no final do tópico "Conhecendo o problema" (Santos, 2007; Spadini &
Souza, 2011; Vinha, 2011). O grupo funciona como depositário e continente (Bion,
1967/1984) de emoções diversas, ao mesmo tempo dando sustentação e segurança
às famílias para que realizem o seu papel de parceiros no processo de recuperação.
Logo, é vivenciado como substituto da função paterna para os drogadictos enquanto
ajuda os pais a resgatar uma função que ainda pode ser sua na luta pela melhora da
saúde física e mental, além da qualidade de vida do drogadicto e da família.
Por outro lado, foi possível constatar que, a partir das vivências nos grupos de apoio,
alguns drogadictos conseguiram se afastar das drogas e, então, passaram a
manifestar o desejo e/ou a busca pela psicoterapia. Em outras situações, houve casos
de pais que, percebendo o que aconteceu com um elemento da família, começavam
a detectar sintomas de uso abusivo de substâncias químicas em outros filhos e
buscavam então o atendimento psicoterápico para si mesmos e/ou para algum dos
familiares. Logo, o grupo de apoio funcionava não apenas como coadjuvante ao
tratamento, mas também como prevenção da drogadicção e suas vicissitudes.
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Quer entender quais os benefícios da terapia e tudo o que ela pode trazer de bom
para a sua vida?
Tenha em mente que a terapia é um momento de exclusividade, um momento em
que um profissional para tudo o que está fazendo para escutar e entender o que está
acontecendo com você. E o mais importante: te ajudar.
Neste texto, vamos falar não apenas sobre os todos os benefícios que a terapia pode
trazer, como também sobre como funciona uma sessão.
Também, você aprende uma nova maneira de se relacionar consigo mesmo. Uma
maneira mais auto compassiva, ou seja, que você consiga trazer mais auto
compaixão, nos momentos de maior dificuldade e também no dia a dia.
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A metáfora que mais utilizamos é que a terapia é um encontro entre duas pessoas.
Mas, não só entre duas pessoas, e sim entre dois experts:
O cliente: um expert na sua vida, que entende o que aconteceu ao longo da sua
história e o que está acontecendo hoje;
O terapeuta: que é um expert em terapia.
Através da cooperação entre os dois, é possível dizer, um para o outro, como que a
terapia está fluindo e, principalmente, se existe algum tipo de desafio logo à frente.
Em outras palavras, se algo bom está para ocorrer ou se vocês precisam parar e
conversar mais sobre o que está passando.
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O terapeuta está totalmente focado no que está acontecendo, no que você está
sentindo no momento, e faz perguntas para garantir que ele está entendendo o que
está acontecendo.
O terapeuta pode passar para você algum exercício para realizar ao longo daquela
semana. Se isso ocorrer, logo no início da sessão, ele vai perguntar para você como
é que foi fazer esse desafio. Na sequência, vocês seguem falando sobre como isso
está ajudando você de alguma forma, ou como isso não está ajudando.
No final da sessão, o terapeuta resume o que vocês trabalharam e passa uma tarefa
de casa (que deve ser combinada de livre e espontânea vontade, você não é obrigado
a nada).
Terapia resolve mesmo? Para que serve a terapia?
Tudo o que estamos trazendo nesse texto é sobre os benefícios da terapia que
praticamos na Eurekka. Existem muitas outras abordagens terapêuticas e várias
linhas dentro da psicoterapia. Então, se hoje você faz terapia e não está parecendo
com o que estamos descrevendo aqui, fique tranquilo.
Não teríamos como dar para você uma receita de bolo, indicando uma terapia X ou Y,
que garantiria que seus problemas se resolveriam. O que podemos garantir para você
é que, na terapia da Eurekka, o profissional vai se dedicar ao máximo para ajudar
você em qualquer demanda que seja.
Qual é a importância da terapia psicológica?
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Muitas pessoas acham que terapia é apenas para quem está em um estágio muito
avançado de algum sofrimento, ou que terapia é apenas para loucos. Porém, essas
ideias não poderiam estar mais incorretas!
Tem sido estudado, desde os anos 90, como a psicoterapia faz bem e pode ajudar
você a alcançar objetivos, e não apenas a sair de um sofrimento. Ou seja, você ir
do zero para o positivo, no lugar de sair do negativo e ir para o zero.
A psicoterapia tem, cada vez mais, se aprimorado, de forma a poder ser um
trampolim das suas conquistas na vida. Então, mesmo que hoje você não esteja
em um sofrimento elevado, mas tenha dúvidas e questionamentos, você pode
participar de um processo terapêutico.
E claro, se você hoje se encontra em um momento mais difícil, se sentindo esgotado,
está na hora de você buscar por um profissional de saúde, que vai ajudar você com
os desafios que você está vivendo.
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Se o seu medo era entrar na terapia e nunca mais poder sair, pode ficar bem tranquilo.
Pois é, por ter sempre o protagonismo, você é livre para encerrar a terapia, quando
sentir que consegue fazer as coisas mais sozinho.
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Através de encontros semanais e de muita conversa, a terapia tem como função tratar
problemas psicológicos. Existem muitas abordagens, cada qual voltada para aliviar as
dores emocionais dos pacientes conforme as suas necessidades.
É normal que uma pessoa não reaja bem a uma vertente e obtenha resultados mais
concretos com outra. A terapia acompanha a diversidade de personalidades das
pessoas. Assim, o psicólogo pode aplicar diversos tipos de tratamento.
A terapia é um processo de médio a longo prazo. Não existe realmente uma data limite
para o tratamento. O psicólogo vai auxiliando o paciente através de questionamentos,
análises comportamentais e incentivos à mudança de hábitos até quando for
necessário.
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Ao mesmo tempo em que o psicólogo orienta como lidar com os problemas, analisa
o comportamento e a personalidade do paciente para definir os melhores métodos
para ajudá-lo. Além disso, identifica possíveis origens para condutas prejudicais com
base em conversas sobre o passado.
Embora não seja necessário tocar em tópicos dolorosos ao longo das sessões, são
naturalmente trazidos à tona pelo próprio paciente à medida que se abre para o
psicólogo e compreende mais sobre si mesmo.
Por isso, algumas pessoas costumam dizer que a terapia é um processo doloroso,
mas necessário.
Benefícios da terapia
Se você ainda não está convencido de para que serve o processo da terapia, veja
alguns dos benefícios mais típicos abaixo.
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Você pode procurar a terapia em qualquer momento de sua vida. Como mencionado
anteriormente, você não precisa estar experimentando sintomas de um transtorno
mental para buscar ajuda profissional.
Por exemplo, você recebeu uma avaliação negativa no trabalho e, ao refletir sobre
ela, percebeu que aquele comportamento já afetou outras áreas de sua vida. Porém,
não sabe como pode melhorar para corresponder às expectativas do empregador.
É difícil fazer mudanças sozinho. Isso porque o cérebro demora a assimilar hábitos e
crenças novas, especialmente se cultivados desde criança. Mesmo hábitos negativos
para nós podem nos fazer sentir bem de alguma forma.
Se você acredita que está muito ansioso, desmotivado ou estressado e não entende
porque, não tenha vergonha de procurar a terapia.
Um transtorno mental não diagnosticado causa muito sofrimento. Uma pessoa sem o
conhecimento de sua saúde mental não sabe cuidar de si mesma apropriadamente
ou responder a críticas alheias.
Uma pessoa pode se sentir desmotivada, inútil ou incapaz ao ser mandada embora
ou se estiver muito tempo desempregada. Esses sentimentos negativos podem
ocasionar o surgimento de uma depressão. No cenário brasileiro atual, esta história
não é incomum.
Através da digestão dos mesmos, o psicólogo pode ajudar a passar pelo momento
difícil ou ressignificar eventos do passado que afetam o paciente.
Viver é uma experiência intensa. Passamos por muitas vitórias e fracassos ao longo
da nossa existência. Seja lá em qual momento da vida você estiver agora, chegar até
ele não foi nada fácil, não é?
Diante de tantos caminhos para seguir é natural sentir incerteza. Algumas pessoas
procuram a terapia para encontrar um direcionamento para suas vidas. É comum
estudantes do ensino médio ou universitários buscarem ajuda profissional para
receber orientações sobre o futuro ou para administrar uma situação complicada.
Por exemplo, quando há muitos conflitos dentro de casa, todos os residentes são
afetados. Na terapia, embora talvez não seja provável chegar ao fim deste,
principalmente quando envolve terceiros, é possível encontrar respostas para
administrar a situação de forma que não lhe afete tanto.
Outro exemplo são fases da vida que costumam levantar muitos questionamentos,
como na adolescência, início da vida adulta ou aposentadoria.
“Como proceder? O que devo fazer agora? Para onde devo ir?”, você pode se
perguntar ao se encontrar em alguma delas. A terapia serve como um guia para
passar por essas situações com mais tranquilidade.
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Nos dias atuais, com tanta correria e obrigações, perdemos a noção do tempo.
Quando vemos, o fim de semana já começou e acabou e mais cinco dias de
responsabilidades praticamente infinitas se iniciam em seguida. Assim, para
encontrarmos as pessoas que amamos ou nos dedicarmos a momentos de lazer, é
preciso praticamente montar um quebra cabeça com nossos horários.
Porém, também não podemos nos esquecer das questões pessoais. Nossas próprias
crenças, bloqueios, lembranças e emoções, as quais afetam todas as nossas
decisões e a maneira como vemos o mundo e tratamos as pessoas.
Como estamos acostumados a balancear todos esses fatores, não costumamos dar
a verdadeira importância para como eles interferem em nossa saúde mental e física.
E é aí que entra a terapia.
Autoconhecimento
O autoconhecimento nos permite adquirir insights valiosos sobre quem somos nós.
Através dele, descobrimos qualidades, defeitos, medos, inseguranças, desejos e
fortalezas. Dessa forma, passamos a administrá-los com mais inteligência.
Um exemplo muito comum é aquela pessoa que está presa a um trabalho que não
gosta. Não para de reclamar que quer sair, mas tem medo de começar do zero. Nem
se quer sabe o que deseja fazer de verdade. Ela não se conhece.
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Inteligência Emocional
Todos nós possuímos capacidade de lidar com as situações a nossa volta. Todavia,
às vezes, essa habilidade está adormecida.
A maioria dos nossos problemas hoje é reflexo direto de eventos passados. Eles se
originam na infância e se manifestam em idades mais avançadas. Por isso, muitas
pessoas desconhecem porque agem ou pensam de determinada maneira.
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Além disso, a presença no cotidiano aumenta. Nosso cérebro gosta de viver no piloto
automático sem ter que se preocupar em evoluir. Isso ajuda a guardar energia para
os afazeres do dia.
Porém, não é muito benéfico para nós. É mais trabalhoso quebrar hábitos e padrões
de conduta nocivos no piloto automático.
Precisamos ter jogo de cintura para lidar com os outros, especialmente no ambiente
profissional, um dos maiores causadores de estresse. Um acompanhamento
psicológico bem feito vai ajudá-lo a administrar seus relacionamentos de forma a evitar
conflitos desnecessários e intrigas que não levam a lugar nenhum.
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Autoestima elevada
Vivemos em uma sociedade que prega a humildade incessantemente, mas não nos
ensina a vivê-la da forma correta. É importante, sim, valorizar as nossas capacidades
e conquistas como se fossem o feito mais incrível do mundo. Infelizmente, muitos se
colocam para baixo ou ignoram as suas vitórias por instinto.
O medo de iniciar algo novo ou sair da zona de conforto é paralisante. Neste estado
de inércia, deixamos muitas oportunidades passarem, concorda?
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Se você nunca considerou consultar com um psicólogo, vou explicar o básico das
sessões para clarear as suas dúvidas. As consultas duram cerca de uma hora. O
tempo do acompanhamento em sua totalidade depende de cada caso. Não há um
limite de sessões.
Não fique ansioso esperando ser forçado a falar sobre tópicos desconfortáveis. Você
apenas irá tocar em assuntos delicados quando o psicológico julgar que está pronto
para isso.
Muitas pessoas têm medo de serem analisadas quando estão cara a cara com um
psicólogo ou psicanalista ou psiquiatra, como se esses profissionais pudessem
descobrir os seus segredos apenas com o olhar.
Isso é mito. Durante o acompanhamento psicológico, o que você deve fazer é apenas
ser você mesmo sem se preocupar com julgamentos ou invasão de privacidade.
As maiores vantagens são que você não precisa sair de casa ou fazer grandes
modificações em sua agenda apertada para encontrar um horário para a consulta.
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REFERÊNCIAS
https://www.asomadetodosafetos.com/2017/04/o-preco-de-ser-
bonzinho.html>acesso em 14/12/2020
https://www.vittude.com/blog/assertividade-dicas-ser-mais-assertivo/>acesso em
14/12/2020
https://www.gruporecanto.com.br/blog/grupos-de-apoio-importancia-beneficios-e-
como-frequentar/>acesso em 14/12/2020
http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
29702014000200009>acesso em 14/12/2020
https://eurekka.me/beneficios-da-terapia/>acesso em 14/12/2020
https://www.vittude.com/blog/para-que-serve-a-terapia-e-quando-devo-usar-o-
processo-a-meu-
favor/#:~:text=Assim%2C%20o%20psic%C3%B3logo%20pode%20aplicar,podem%2
0parecer%20n%C3%A3o%20ter%20solu%C3%A7%C3%A3o.>acesso em
14/12/2020
https://www.vittude.com/blog/7-beneficios-de-um-acompanhamento-psicologico-bem-
feito/>acesso em 14/12/2020
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