Conselheiro Terapêutico

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

SUMÁRIO

1- O PREÇO DE SER BOM 3

2- TREINAMENTO DE ASSERTIVIDADE 5

3- GRUPOS DE APOIO A FAMÍLIA, QUAL IMPORTÂNCIA NO TRATAMENTO 13

4- UM OLHAR PSICANALÍTICO SOBRE OS

GRUPOS DE APOIO A FAMÍLIAS DE DROGADICTOS 23

5- TRANSFORMAR DE DENTRO PARA FORA 37

6- PARA QUE SERVE A TERAPIA 43

7- BENEFÍCIOS DE UM ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO BEM FEITO 49

REFERÊNCIAS

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1- O PREÇO DE SER BOM

Muita gente confunde bondade com incapacidade de dizer “não”, de colocar limites,
de dizer o que gosta e o que não gosta, de satisfazer as próprias necessidades.

Aprender a dizer “não” não é sair chutando a porta por aí. É estar pronto para
amadurecer com confiança, certo de que não deixará de ser amado só porque decidiu
levar seus desejos e opiniões em consideração.

Não se trata de dizer que “não somos obrigados a nada”, e sim de entender que é
importante aprender a se posicionar diante da vida, das exigências do dia a dia, das
pessoas e do que cada situação exige.

A vida exige rupturas. Exige que abandonemos nossos ninhos no alto das árvores e
ganhemos o céu. Mesmo que o preço seja cair e nos ferir algumas vezes, a
recompensa de nos tornarmos quem realmente somos faz valer a pena.

Esqueceram de nos contar que podíamos recusar aquele convite, que não era pecado
dizer “não” àquilo que não estávamos dispostos a fazer, que não devíamos nos sentir
culpados quando impúnhamos limites ou sentíamos necessidade de nos agradar em
primeiro lugar.

Esqueceram de nos contar que ser “bonzinho” é diferente de ser bom. Que quando
me desagrado para agradar aos outros estou descumprindo a lei do amor que diz:
“Ame a teu próximo como a ti mesmo”.

Ser bom é ter empatia, é se compadecer da dor do outro e estar a postos para ajudar,
é ter compaixão, tolerância e respeito pelos que nos cercam. Já ser “bonzinho”
é satisfazer as expectativas dos outros, o que nem sempre satisfaz as nossas próprias
expectativas. É carregar um fardo nas costas, já que é exaustivo corresponder
fielmente ao que é esperado por todos, mas nem sempre está de acordo com o que
intimamente queremos.

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O preço de ser bonzinho é a fragilidade. Pois enquanto preferirmos corresponder às


expectativas externas em detrimento de nosso próprio bem estar, estaremos frágeis,
susceptíveis ao julgamento externo, vulneráveis ao que pensam ou deixam de pensar
a nosso respeito. Quem deixa de ser “bonzinho” se fortalece. Descobre que tem valor
mesmo quando recusa um favor ou prefere pintar o cabelo de azul.

A vida ensina sussurrando. Enquanto não aprendermos a ser autênticos no querer ou


não querer, no permitir ou não permitir, no autorizar ou não autorizar, iremos sofrer as
consequências de não sermos gentis com nosso próprio espírito. Não se trata de ser
egoísta, e sim de se respeitar em primeiro lugar. Só assim estaremos prontos para
ajudar. Só assim estaremos aptos a amar…

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2- TREINAMENTO DE ASSERTIVIDADE

Assertividade é uma habilidade regularmente mencionada no treinamento de


habilidades sociais e de comunicação.

Ser assertivo significa ser capaz de defender os seus direitos ou os de outras pessoas
de forma calma e positiva, sem ser agressivo ou aceitar passivamente algo que não
concorda.

Assertividade, reparem que a palavra é escrita com dois esses “SS” ao invés de um
“C”. Portanto, logo de cara podemos concluir que assertividade ou ser assertivo não
tem nada a ver com acertar, acerto ou estar correto. É tudo uma questão de
comportamento, posicionamento e inteligência emocional acima de tudo. Lembrando
que inteligência emocional pode ser definida como a habilidade de identificar e
gerenciar emoções e sentimentos tanto próprios quanto daqueles que estão ao seu
redor.

Na Psicologia, assertividade pode ser descrita como “uma auto-expressão direta,


firme, positiva e, quando necessário, persistente – destinada a promover a igualdade
nas relações pessoa a pessoa” (Alberti & Emmons, 2008).

Comportamentos assertivos

Aqueles que se comportam de forma assertiva sempre respeitam os


pensamentos, sentimentos e crenças de outras pessoas, assim como os seus
próprios. Em todas as interações com outras pessoas, seja em casa ou no trabalho,
com chefes, clientes ou colegas, a assertividade ajuda a se expressar de forma clara,
aberta e razoável, sem prejudicar os próprios direitos ou dos outros.

A assertividade permite que os indivíduos atuem em seu próprio interesse, se


defendam sem ansiedade indevida, expressem sentimentos honestos e demandas
específicas sem negar os direitos dos outros. A doma de nossos sentimentos,
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sentidos, instintos, emoções e vontades de forma a adequar a comunicação ao perfil


do interlocutor e o ambiente em que ambos estão inseridos resume bem o conceito.

Uma pessoa é assertiva quando:

 Analisa todos ao seu redor antes de falar;


 Considera as percepções desta análise na hora de se posicionar;
 Não ofende;
 Não omite:
 Parabeniza o correto;
 Pontua o errado;
 É educado e elegante, usa da franqueza e educação tanto para o certo quanto
para o errado;
 Não aponta o dedo;
 Assume a responsabilidade pelos erros;
 Partilha os acertos;

4 comportamentos relacionados a assertividade

Comportamento Passivo

O indivíduo imediatamente concorda com o que é dito ou com os acontecimentos a


sua volta, mesmo que no fundo não concorde. Ou, antes mesmo de ter uma opinião
formada sobre a questão. Geralmente é tímido (mas nem sempre), evita
envolvimentos, não pergunta o porquê das coisas, tem medo de dizer não, de reclamar
e frequentemente tem falta de confiança. Guarda quase tudo o que sente, mas quando
chega no seu limite, explode. Vai imediatamente para o outro extremo, provocando
rompimentos.

Comportamento Agressivo

O comportamento agressivo é baseado em ganhar. O indivíduo faz o que é do seu


próprio interesse, sem considerar os direitos, necessidades, sentimentos ou desejos
de outras pessoas. Isso não quer dizer que esteja errado, mas a forma como se

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posiciona desconsidera o interlocutor. Quando se é agressivo, se é também egoísta


de forma a não engajar as demais partes naquilo que é proposto por exemplo.

Comportamento Passivo/Agressivo

É um comportamento peculiar, são ocasiões em que se tem algo a dizer, porém nem
sempre é dito. Por vezes o indivíduo não tem coragem para expressar o que pensa,
mas reclama pelas costas. Faz uso de ironia e sarcasmo, acaba agredindo e irritando
embora esteja sempre “brincando”. Evita o conflito e raramente se manifesta. Porém,
é agressivo por trás dos panos. É o famoso “duas caras”, por vezes considerado falso.
Fica em cima do muro e não manifesta opinião. No entanto, fala dos demais pelas
costas. É o tipo de pessoa que não olha muito nos olhos e até distorce as palavras do
outro.

Comportamento Assertivo

A assertividade é baseada no equilíbrio. Requer ser direto sobre seus desejos e


necessidades, ainda considerando os direitos, necessidades e desejos dos outros.
Quando você é assertivo, você está seguro de si mesmo e extrair o poder disso para
entender com firmeza, justiça e com empatia. É transparente para falar e sabe ouvir.
Sabe ouvir críticas sem partir para o ataque pessoal. Tem a postura segura e
comedida. Trata as pessoas com respeito. Aceita acordos. Vai direto ao ponto sem
ser áspero.

Atenção!

As pessoas não apresentam só um tipo de comportamento em todas as situações.


Muitas vezes é possível ser agressivo com o colega de trabalho, passivo em casa,
mas assertivo com amigos;

O comportamento assertivo pode não ser apropriado em todos os locais de trabalho.


Algumas culturas, de alguns países, podem entender um comportamento assertivo
como grosseiro ou mesmo ofensivo. O Brasil é um exemplo onde assertividade é

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confundida com agressividade ou com “fulano não vai com a minha cara”. Algumas
pessoas podem interpretar um feedback assertivo de forma equivocada, levando para
questões pessoais/emocionais e por vezes carregando rancor de forma
desnecessária.

Por que ser assertivo?

Um indivíduo assertivo lida melhor com os confrontos, tem menos estresse, é


mais autoconfiante, sabe agir com mais tato, melhora a credibilidade, lida melhor com
as tentativas de manipulação e chantagem emocional. Ser assertivo é uma forma de
se sentir melhor e contribuir para que os outros também se sintam melhor e,
consequentemente, o ambiente seja mais produtivo e saudável.

Como ser assertivo? Assertividade na prática!

Nem sempre é fácil identificar um comportamento verdadeiramente assertivo. Há uma


linha bem tênue entre assertividade e agressão. Alguns indivíduos, por vezes,
confundem as duas coisas.

11 dicas para melhorar sua assertividade

Bom, eu sou o rei da não assertividade. Não me orgulho disso mas, depois de levar
tanta porrada por não ser assertivo, consegui enxergar e entender exatamente as
minhas falhas. Isso me torna uma pessoa assertiva? Não!! Apenas uma pessoa
consciente dos meus erros. Além, é claro, de me colocar no caminho correto. Isso
porque não é do dia para noite que se “vira a chave”. Portanto, levei um tempo fazendo
errado, outro tempo entendendo o que estava errado e agora estou na jornada de
corrigir tudo isso. E isso leva um outro tempo… De qualquer forma, baseado na minha
própria experiência, separei 11 dicas para melhorar a assertividade. Essa lista deve
aumentar em breve, vamos lá:

1. Não grite

Essa é bem básica mas, acreditem, acontece o tempo todo (ainda!). Por vezes, o tom
de voz alterado, mesmo que não seja uma gritaria propriamente dita, já tira a

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autoridade e respeito de quem o faz. O indivíduo acaba passando como mais um


desequilibrado que não consegue lidar com as adversidades e pressão do que um
membro da equipe. Acredite, isso só serve para reduzir a autoridade, passar a
sensação de insegurança e fomentar a rádio peão ou conversas do café.

2. Não seja sarcástico

Essa talvez seja uma das atitudes mais irritantes, porque o indivíduo que a faz não foi
passivo, nem agressivo e muito menos assertivo. A pessoa sarcástica é azeda e
irônica. Usa de sarcasmos para fazer piada e não parecer mal, embora continue
colocando o dedo da ferida e dando risada, esperando que o interlocutor também ache
graça e mais… que entenda o recado. Pouco provável que ocorra. Dizer “Estou só
brincando” não desculpa seus comentários. Tenha cuidado ao utilizar essa frase como
desculpa para seu comportamento.

3. Feedback all the time (em duas vias)

Nunca postergue um feedback, tampouco se atenha unicamente aos momentos


formais de feedback definidos pelas empresas. Vamos seguir um paralelo aqui, um
pão é melhor consumido fresco ou amanhecido (não devemos considerar rabanada
neste cenário pois é sensacional e feita com pão amanhecido, ok?)? Pois bem, não
deixe para amanhã, sob pena de esquecimento ou relativização do erro cometido. O
que está errado agora precisa ser comunicado e entendido agora. Simples assim,
porém ao fazê-lo, não esqueça do item 6 desta lista. Ahh e não se esqueça, peça
feedback. É muito importante saber ouvir o que os outros têm a dizer sobre seu

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comportamento. Procure sempre observar a força de sua atuação e trabalhe de modo


positivo para aperfeiçoar os pontos de melhoria. Ninguém é autossuficiente.

4. Franqueza modo hard

Especialmente no Brasil gostamos de embrulhar as coisas para presente,


minimizando os erros ou por vezes negligenciando-os. Por favor, vamos parar com
isso. Eu sei que é uma questão cultural, afinal não queremos magoar as pessoas.
Mas, acreditem, esse tipo de atitude com o passar do tempo faz mais bem do que mal.
Tive a oportunidade de trabalhar por um tempo nos EUA, quando ainda era consultor.
Lá eu vi, na prática, o que é receber um feedback extremamente duro durante o dia
(daqueles que fazem você repensar o que está fazendo) e, ao término do expediente,
jantar na casa de quem deu o feedback sem problema nenhum. Sem rancor,
sem ódio e tampouco sede de vingança. Bom, aqui é um pouco diferente, as pessoas
carregam mágoas, lembram de muitas coisas, ignoram os próprios erros, culpam os
outros, suavizam os fatos… enfim uma infinidade de artifícios para fugir da franqueza.

5. Aparte as ovelhas

Não importa a natureza, tampouco o teor do erro cometido, expor o indivíduo que o
fez não é uma opção saudável no longo prazo. A exposição em função de um erro é
fatal, destrói o indivíduo, a equipe e consequentemente a empresa. Deseja dar um
show na frente de todos? Use das qualidades ou atingimentos de alguém para fazê-
lo, jamais os erros. Os erros precisam ser pontuados “face to face”. Elogie em público,
corrija em particular!

6. Você não sabe de tudo (embora gostemos de pensar que sim)

Resumindo este item: baixe a bola. Por quê? Simplesmente porque saber tudo é
humanamente impossível! Se soubéssemos tudo teríamos empresas de um homem
só. Portanto, se você tem um time, cuide dele, instrua, oriente, ensine e também
aprenda com ele. A grande fortaleza das organizações é construída com times e não
lobos solitários, principalmente quando as coisas crescem.
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7. Você provavelmente trabalha com pessoas de gerações diferentes da sua

Simplesmente aceite, e este fato muda muito a forma pela qual interagimos com as
pessoas. As diferenças entre gerações têm se tornado mais gritantes, assim como o
intervalo entre elas tem se tornado mais curto. Por vezes, é preciso adequar a
linguagem e a forma pela qual se comunica. Isso não quer dizer distorcer a
mensagem, muito menos deixar de dá-la. É mais uma questão de ambiente e… vejam
só…. Assertividade!

8. Aprenda a dizer “Não”

Dizer “não” é bem difícil, especialmente quando você não está acostumado a fazê-lo
(o bom moço ou moça). Dizer não é vital se você quer se tornar mais assertivo.
Conhecer seus próprios limites e quanto trabalho você pode assumir irá ajudá-lo a
gerenciar suas tarefas de forma mais eficaz e identificar as áreas do trabalho que
fazem você se sentir mais aproveitado. Aqui um grande aliado pode ser a psicoterapia.
Um bom psicólogo pode ajudá-lo a trabalhar a comunicação e ensiná-lo a dizer NÃO.

9. Reconheça que você não pode controlar o comportamento dos outros

Não cometa o erro de se responsabilizar pela forma como as pessoas reagem a sua
assertividade. Se, por exemplo, reagirem negativamente em sua direção, tente evitar
devolver na mesma moeda.

10. Se expresse de forma positiva

É importante dizer o que está em sua mente, mesmo quando você tem um problema
difícil para lidar. De qualquer forma você deve fazê-lo de forma construtiva e sensível.
Não tenha medo de se defender e enfrentar pessoas que o desafiem. Você pode até
estar com muita raiva! Lembre-se de controlar suas emoções e permanecer
respeitoso.

11. Dê voz às suas necessidades

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Não espere que alguém reconheça o que você precisa. Você pode esperar para
sempre! Tome a iniciativa e comece a identificar as coisas que você deseja agora. Em
seguida, estabeleça metas para que você possa alcançá-las e comunique-as de forma
clara!

Por que buscar a assertividade?

Um dos principais benefícios de ser assertivo é que este tipo de comportamento torna
a pessoa mais segura de si mesma. Além disso, em geral, pessoas assertivas:

 Tornam-se grandes gestoras. São pessoas que tratam as demais com justiça
e respeito e são tratadas pelos outros da mesma maneira. Isso significa que
são bem-quistas e vistas como líderes com os quais as pessoas confiam e
desejam trabalhar;
 Negociam soluções bem-sucedidas no estilo ganha-ganha. São capazes de
reconhecer o valor da posição de seu oponente e podem rapidamente
encontrar um terreno comum e aceitável para ambos os lados;
 São solucionadores de problemas. Se sentem capacitados para fazer o que for
preciso para encontrar a melhor solução para os problemas que surgem;
 São mais resilientes. São indivíduos seguros de si mesmos e não se sentem
ameaçados ou vitimizados quando as coisas não saem conforme planejado.

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3- GRUPOS DE APOIO A FAMÍLIA, QUAL IMPORTÂNCIA NO TRATAMENTO

GRUPOS DE APOIO: IMPORTÂNCIA, BENEFÍCIOS E COMO FREQUENTAR

Os grupos de apoio são parte importante no tratamento da dependência química,


especialmente quando combinados com outras estratégias terapêuticas.

Eles representam um espaço no qual é possível compartilhar a própria história com


outras pessoas que vivem situações semelhantes, sem qualquer julgamento.

Dessa forma, contribuem com o processo de acolhimento do paciente e com os


próprio estágio de contemplação, no qual ele adquire consciência de que uma
mudança de comportamento se faz necessária.
Nesse sentido, vale citar uma pesquisa da SUNY Downstate Health Sciences
University, que compilou uma série de estudos sobre o assunto e listou benefícios das
reuniões.

De todas contribuições citadas, a que considero como a mais importante se refere


justamente ao maior envolvimento do paciente com o tratamento.

Segundo a pesquisa, ouvir e compartilhar experiências, inclusive sobre recaídas,


ajuda o indivíduo a ser mais vigilante com as suas limitações em relação à
dependência química.

Também os encontros são muito importantes para as famílias.

Não por acaso, há grupos específicos para oferecer suporte a pais, amigos e pessoas
próximas ao dependente químico, o que só repercute positivamente na sua motivação.

Ao longo deste artigo, vou abordar o tema a partir de suas diferentes perspectivas,
para permitir uma compreensão mais ampla.

Então, continue a leitura.

O que são os grupos de apoio e como funcionam?

Os grupos de apoio, também conhecidos como irmandades de mútua ajuda, podem


ser definidos como entidades filantrópicas que recebem e dão assistência não

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profissional e não clínica a indivíduos e familiares que possuem algum histórico


de dependência química.

Funcionam a partir de reuniões periódicas, que colocam frente a frente pessoas que
já sofreram ou ainda sofrem para abandonar o uso abusivo de álcool e outras drogas.

Um ponto importante é o compartilhamento de situações desagradáveis que foram


causadas pelo consumo.

A diferença é que, ao lado, estão indivíduos que sabem exatamente como é passar
por aquilo.

É possível que você já tenha ouvido sobre Alcoólicos Anônimos (AA) ou Narcóticos
Anônimos (NA).

Eles são os exemplos mais conhecidos de grupos de apoio, mas existem outros, sobre
os quais ainda vou falar neste texto.

O que são os 12 passos?

Ainda que não possam ser consideradas entidades de suporte profissional aos
dependentes químicos, as irmandades de mútua ajuda utilizam técnicas e
metodologias amplamente testadas.

Estou falando do programa dos 12 passos. Você já ouviu falar?


A abordagem funciona como uma espécie de cartilha, na qual o indivíduo avança
etapa após etapa, indo desde o reconhecimento da sua dependência até a busca por
autoconhecimento, as mudanças comportamentais e o compartilhamento desses
valores.

Vou explicar, resumidamente, cada um dos 12 passos.

Passo 1: Admitir a impotência perante o vício

A primeira etapa do programa é reconhecer a dependência e admitir a sua impotência


diante do seu vício.

Nos grupos de apoio, essa aceitação é chamada de “rendição”.

Ela representa o momento em que surge a percepção real sobre a proporção tomada
pelo problema e como ele afeta a rotina.
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Passo 2: Encontrar um poder superior

Aqui, a ideia é encontrar alguma força que sirva de inspiração para vencer o vício.

Muita gente busca esse estímulo na fé, na crença e na espiritualidade.

No entanto, a resposta não é, necessariamente, essa.

A grande questão é voltar a acreditar que a recuperação é possível.

Para algumas pessoas, isso pode significar olhar para si mesmo com confiança e
generosidade.

Passo 3: Acreditar que esse poder superior vai trazer a redenção

O terceiro passo nada mais é do que uma materialização do anterior.

Não basta apenas ir em busca de uma força superior: também é preciso acreditar que
ela, independente da representação que tiver, pode fazer a diferença no seu caminho
de recuperação.

Passo 4: Fazer o inventário moral

Uma das grandes chaves na recuperação da dependência química é o


autoconhecimento.

O paciente precisa fazer uma retrospectiva completa da sua vida para tentar entender
o que levou ele ao consumo abusivo de drogas.

Para isso, é vital escrever o chamado inventário moral, um registro de todas as


escolhas que o trouxeram até aqui.

Quanto maior for a riqueza de detalhes nesse relato, melhor.

O propósito é compreender o passado para definir o que será feito a partir dali.

Passo 5: Admitir as suas falhas

Com o inventário moral pronto, fica mais fácil reconhecer as fraquezas que levaram o
indivíduo à dependência química.

Esse diagnóstico é a etapa preliminar para o quinto passo: admitir para outros
integrantes do grupo de apoio as suas falhas.

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É quando se começa a estabelecer uma relação de confiança entre os membros da


irmandade.

Aos poucos, após ouvir os relatos de seus pares, os demais passam a se sentir
seguros e acolhidos para compartilhar as suas histórias.

Passo 6: Remover os “defeitos de caráter”

Pode parecer estranho definir como “defeitos de caráter” eventuais erros que o
indivíduo tenha cometido para chegar ao estágio atual.

Por isso, prefiro chamar de fraquezas.

Ao se propor a removê-las, o paciente permite que a força superior definida o ajude a


superar pensamentos, ações e comportamentos negativos.

Esse deve ser um processo diário, construído diante de cada uma das dificuldades
que possam surgir.

Passo 7: Desenvolver a humildade para superar as fraquezas

Para vencer as fraquezas, é fundamental desenvolver uma competência específica: a


humildade.

Sem ela, todo o programa fica inviável.

É sobre isso, justamente, que trata o passo de número 7.

Passo 8: Fazer uma lista das pessoas prejudicadas durante a dependência

Durante a fase aguda da dependência química, é comum que os indivíduos, de forma


involuntária, machuquem ou prejudiquem pessoas ao seu redor.

Nesta etapa, portanto, a ideia é reunir os nomes de todos que tenham sido atingidos
negativamente em algum momento durante a adicção ativa..

Passo 9: Buscar a reparação pelos danos causados

Com a lista reunida, o adicto com a orientação do seu padrinho, já pode ir atrás dos
envolvidos e buscar uma reparação de danos.

O objetivo é que o dependente químico apresente, de forma genuína, um pedido de


desculpas.
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Em alguns casos, as pessoas atingidas podem guardar certa mágoa e não aceitar o
perdão, é verdade.

Mas o importante é que o exercício seja posto em prática e se possa seguir em frente
com a consciência tranquila.

Passo 10: Continuar o inventário pessoal

A dependência química é uma doença que não permite descuidos.

Qualquer desvio pode significar uma recaída – o que implica em ter de começar a
caminhada novamente.

Por isso, o décimo passo é uma lembrança de que a construção do inventário moral
é um processo diário e contínuo.

Passo 11: Encontrar na prece e na meditação uma forma de reflexão

Existem diferentes maneiras de se buscar o autoconhecimento e um contato mais


próximo com a espiritualidade.

A penúltima etapa do programa sugere a oração e a meditação como caminhos para


se exercer a reflexão.

O essencial é criar uma conexão profunda.

Passo 12: Repassar os aprendizados aos outros

O 12° e último passo, na verdade, não é o final, mas um recomeço de ciclo.

Atingir este estágio é sinal de que se está pronto para repassar os aprendizados
adiante e fazer a roda girar.

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Qual a importância dos grupos de apoio para a recuperação dos dependentes

O programa dos 12 passos é uma ótima demonstração de como os grupos de apoio


podem ser importantes na recuperação de dependentes químicos.

O ponto central das irmandades de ajuda mútua é oferecer suporte aos indivíduos e
seus familiares sem qualquer tipo de julgamento e com conhecimento de causa.

Não estou me referindo aqui ao domínio técnico da doença, mas da experiência


prática de quem passou e passa pelos desafios da dependência todos os dias.

Além disso, não se trata de uma estratégia isolada.

O ideal, inclusive, é que o programa de 12 passos seja adotado em conjunto com


outras opções de tratamento, preferencialmente com suporte profissional
especializado.

Conheça os grupos de apoio mais famosos

Agora que você já sabe para que servem os grupos de apoio, vale conhecer quais
são.

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Antes de apresentar alguns deles de forma mais detalhada, trago uma lista com alguns
que utilizam o programa de 12 passos e o foco da abordagem:

 Alcoólicos anônimos (A.A.) – pessoas com problemas com o álcool


 Narcóticos anônimos (N.A.) – pessoas com problemas com droga e álcool
 Neuróticos anônimos (N.A.) – pessoas com problemas mentais e emocionais
 Emocionais anônimos (E.A.) – pessoas com problemas mentais e emocionais
 Dependentes de amor e sexo (D.A.S.A.) – pessoas com problemas relacionados ao
sexo
 Jogadores anônimos (J.A.) – pessoas com problemas com jogos.
 Mulheres que amam demais anônimas (M.A.D.A) – mulheres com comportamento
afetivo obsessivo
 Al-anon – para familiares de pessoas que tem problemas com o álcool.
 Nar-anon – para familiares de pessoas que tem problemas com drogas e álcool.
 Amor exigente – para familiares de pessoas que tem problemas com drogas e álcool.

Todos eles têm um trabalho muito importante na sociedade.

Particularmente no contexto da dependência química, destaco aqueles que abordam


doenças emocionais, comportamento obsessivos relacionados ao sexo e ao jogo, já
que esses são fatores que podem motivar o dependente a voltar ao uso de drogas.

Também é importante enaltecer o trabalho de grupos de apoio para familiares, como


Al-anon, Nar-anon e Amor Exigente.

Eles estão entre os mais indicados para famílias que têm entes internados no Grupo
Recanto.

Para que você entenda a essência de grupos assim, veja mais detalhes sobre três
deles:

Alcoólicos Anônimos

Certamente, é o grupo de apoio mais famoso.

O AA, também conhecido como Alcoólicos Anônimos, nasceu nos Estados Unidos na
década de 1930.

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A irmandade é a grande responsável pela criação do programa dos 12 passos, em


1939, e também pela fundação de outras associações.

No Brasil, o Alcoólicos Anônimos começou suas reuniões em 1947, a partir da


chegada de um dos criadores do movimento nos Estados Unidos aqui no Brasil.

Com o tempo, foram surgindo ramificações dentro do próprio grupo, com o objetivo de
focar nas particularidades de cada caso.

Narcóticos Anônimos

Uma das correntes que surgiram a partir do AA foi o NA.

O Narcóticos Anônimos tem os seus primeiros registros de atividades também nos


Estados Unidos, mas no final da década seguinte – no caso, a de 1940.

A entidade surgiu com o intuito de prestar suporte para pacientes com vício em outros
tipos de drogas além do álcool.

No Brasil, o grupo se estabeleceu bem mais tarde, em 1978.

A cidade de São Paulo foi a primeira a organizar uma reunião da irmandade.

Mulheres que Amam Demais (MADA)

Com o tempo, a metodologia passou a ser utilizada para oferecer suporte a diferentes
tipos de compulsão, não necessariamente ligados à dependência química.
Com base no livro homônimo de Robin Norwood nasceu o MADA, uma irmandade
que também tem inspiração no AA, pois adaptou o programa dos 12 passos para a
realidade de suas integrantes.

O propósito do grupo é dar suporte a mulheres que sofrem de dependência emocional,


um quadro em que o amor ultrapassa fronteiras, se transformando em sacrifício.

5 benefícios dos grupos de apoio

Não há dúvidas de que os grupos de apoio só têm a agregar no tratamento e na


recuperação de dependentes químicos.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Ainda assim, é importante destacar cinco benefícios que considero como os mais
importantes em toda essa jornada.

Vamos à lista:

1. Ouvir e compartilhar experiências semelhantes às suas sem qualquer tipo de


julgamento
2. Encontrar motivações e inspirações para superar desafios e razões para seguir em
frente
3. Tomar consciência sobre as próprias limitações em relação à dependência química
4. Redescobrir as relações interpessoais por meio do reconhecimento das próprias
falhas
5. Desenvolver o autoconhecimento.

Por que o dependente químico deve frequentar um grupo de apoio?

Mais do que encarar as reuniões em grupos de apoio como parte do tratamento, o


dependente químico deve frequentar os encontros como uma forma de se reencontrar
enquanto indivíduo.

Com base na minha experiência, posso dizer que as recaídas são mais frequentes
quando o paciente não desenvolve um novo propósito de vida ou não entende o que
o levou até o quadro de dependência química.

O papel do grupo de apoio é, então, de permitir encarar a própria realidade e falar em


voz alta sobre ela, como forma de superação.

Existe grupo de apoio para a família dos dependentes químicos?

Desde o princípio deste artigo, ressaltei a importância dos grupos de apoio não
somente para os dependentes químicos, mas também para o suporte a amigos e
familiares.

Não à toa, existem irmandades específicas para aqueles que sofrem com o quadro
vivido por alguém que amam.

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Entre as associações mais conhecidas, posso citar o Al-anon, o Nar-anon, o Amor


Exigente e o Projeto Ame, Mas Não Sofra, da Secretaria de Justiça e Cidadania do
Distrito Federal.

Como frequentar um grupo de apoio?

Como vimos até aqui, o grupo de apoio deve fazer parte da rotina do paciente, que
estará em permanente tratamento da dependência química.

Conforme mostrei, o programa dos 12 passos não tem fim e representa uma eterna
reafirmação de etapas.

Para iniciar, basta descobrir quais são os grupos disponíveis na sua região e ir até o
local no horário dos encontros.

Falar não é obrigatório, o que diminui a pressão e permite que a comunicação só


aconteça quando a pessoa se sentir verdadeiramente confortável.

Conclusão

Aqui no Grupo Recanto, compreendemos a importância do modelo de mútua ajuda no


tratamento da dependência química.

Justamente por isso, incorporei o programa dos 12 passos nas abordagens


terapêuticas utilizadas em nossas clínicas.

Isso porque, se tem algo que aprendi em minha trajetória é que compreensão,
paciência e muito apoio fazem toda a diferença.

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4- UM OLHAR PSICANALÍTICO SOBRE OS GRUPOS DE APOIO A FAMÍLIAS


DE DROGADICTOS

A drogadicção atinge uma grande parcela da população, desde a infância até a


terceira idade. Vários estudos têm sido relatados por pesquisadores das diferentes
áreas da saúde (Alvarez, Gomes, Oliveira, & Xavier, 2012; Epele, 2012; Grilo,
Policarpo, & Veríssimo, 2011), inclusive da Psicologia (Medeiros, Maciel, Sousa,
Tenório-Souza, & Dias, 2013; Sousa, Ribeiro, Melo, Maciel, & Oliveira, 2013; Terada,
Celidonio, Silva, & Ávila, 2012;); entretanto, poucos são encontrados do ponto de vista
da psicanálise (Brasiliano, 2008: Ribeiro, 2009; Santos & Prada, 2012).

O presente estudo apresenta uma reflexão sobre o funcionamento de grupos de apoio


aos familiares de drogadictos fundamentada na psicanálise, tendo como ponto de
partida a vivência da autora como coordenadora de grupo no programa Amor
Exigente. Este programa, segundo Menezes (2008), foi fundado nos EUA por David e
Phyllis York e trazido para o Brasil pelo padre Harold Joseph Rahm, o qual iniciou em
1978 um trabalho para tratamento e recuperação de dependentes químicos. O
programa encontra-se em atividade no Brasil há mais de 20 anos e conta atualmente
com 579 grupos atuantes no país (Amor Exigente, 2014).

CONHECENDO O PROBLEMA

A drogadicção deve ser analisada simultaneamente como doença e denúncia,


comprometendo todo o entorno do meio onde prolifera, pois a sociedade que reprime
o adicto, de certa forma também fomenta a adição (Kalina & Kovadloff, 1980). Os
autores ressaltam que, entre os fatores que levam à identidade drogadictiva, está a
desesperança quanto a modificar o meio social opressor, que demonstra
incompreensão e intolerância quanto às necessidades afetivas mais profundas.

23
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Além de considerar a drogadicção como conduta psicótica, Kalina e Kovadloff (1980)


afirmam que o adicto não suporta a solidão, circunstância em que seu ego fica
desamparado e volta a experimentar a insuficiência do apoio recebido na infância. O
reencontro com o ausente (os afetos) equivale à vivência da morte; trata-se de um
sentimento insuportável do qual tenta se livrar através do consumo das drogas.

O adicto busca, quimicamente, evitar a desintegração psicótica. A droga funciona


como um objeto idealizado, cuja função é eliminar a ansiedade paranóide e
persecutória, além de superar a fragilidade do ego. Dificilmente tolera o ingresso na
posição depressiva, pois sua vivência implica entrar em contato com objetos inteiros,
relacionar-se com aspectos bons e maus do mesmo objeto, lidar com a culpa e
reparação, além da sensação de exclusão (Klein, 1975/1991). Além disso, parece ter
pouco desenvolvidas tanto a capacidade de ficar sozinho como a de se preocupar,
estudadas por Winnicott (1979/1983).

O adicto dissocia o mundo interior do exterior, o subjetivo do objetivo, e privilegia a


ideia de que só é possível modificar a percepção da realidade e não a própria
realidade. Entretanto, o que de fato existe é a "impotência, a intolerância à frustração,
a impossibilidade de manter um projeto, devido à incapacidade de esperar, de
conceber o transcurso do tempo como um aliado e não apenas como uma força
destruidora" (Kalina & Kovadloff, 1980, p. 23).

A ingestão de drogas favorece a fuga das situações frustrantes e ansiolíticas e


também evita pensar sobre as experiências emocionais vividas. A capacidade de
tolerar a frustração, necessária e imprescindível para desenvolver o "aparelho para
pensar os pensamentos" (Bion, 1967/1984, p. 128), é restrita nos adictos. A reflexão,
tão difícil e aparentemente impraticável pelo drogadicto, é uma experiência de
desorganização, de crise e de impotência.

Winnicott (1979/1983, p. 124) diferencia as falhas ambientais na psicose e na


tendência antissocial, considerando que, na primeira, a privação ocorre em momento
tão precoce que a pessoa sequer teria condição de perceber a falta de algum cuidado.
Na tendência antissocial ocorre a de-privação, em que, a princípio, houve uma
provisão razoável e a falha ambiental teria sido vivenciada mais tarde. Situações em
24
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

que a criança desde o início da vida é atendida quando a mãe necessita dela e não
quando ela dela necessita, chamadas de microabandono (Kalina, 1999 citado por
Domingues & Domingues, 2013), e aquelas em que o abandono ocorre de forma
manifesta, quando é deixada aos cuidados de outras pessoas por dias e até meses,
contribuem de forma significativa para o aparecimento dos sintomas da drogadicção
(Kalina & Kovadloff, 1980), como também para o aparecimento da tendência
antissocial, que pode culminar nos distúrbios de caráter (Winnicott, 1979/1983) tão
comuns nos usuários de substâncias químicas.

Por outro lado, Broecker e Jou (2007) estudaram atitudes parentais percebidas por
adolescentes (14 a 19 anos) com e sem dependência química. Verificaram que entre
os dependentes químicos, foram encontradas atitudes parentais consideradas
socialmente indesejáveis, comumente encontradas em pais demasiadamente
autoritários e pouco afetivos, contribuindo para a manifestação de dificuldades em
habilidades sociais e escolares, alterações de humor, baixa autoestima e altos níveis
de depressão, fatores que poderiam levar ao consumo de drogas de forma pesada
como tentativa de se esquivar dos problemas vivenciados.

A ligação com o filho adicto é muito intensa. Pais e filhos mostram-se regredidos e
fusionados. Os pais têm dificuldade em perceber as reais características do filho,
justificando suas ações como se fossem eles os culpados pela dependência química.
Em muitos casos, tem-se a impressão de que os pais (principalmente as mães)
mantêm-se em tal estado de fusão com o filho drogadicto que não conseguem
perceber os sintomas do uso, nem as atitudes e comportamentos antissociais
vivenciados com o intuito de obtenção da droga. Aparentemente funcionam como se
ainda mantivessem o estado de não diferenciação eu-outro existente entre mãe e filho
no início da vida (Winnicott, 1971/1975). Essa "con-fusão" vivida pelos pais, ao invés
de contribuir para a recuperação do drogadicto, acaba por alimentar sua busca
compulsiva pela substância química. Da mesma forma que a mãe necessita de
alguém que a auxilie a se afastar do bebê a ponto de permitir que alcance a
dependência relativa e continue se desenvolvendo rumo à independência (Winnicott,
1979/1983), os pais de drogadictos precisam de auxílio para conseguir um

25
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

afastamento suficiente para visualizá-lo de forma independente, perceber a


sintomatologia e então ajudá-lo na busca pelo tratamento adequado.

A drogadicção, do ponto de vista da psicanálise, demanda pelo menos duas


possibilidades de diagnóstico, quais sejam: a psicose e a tendência antissocial. O
início do uso das substâncias químicas geralmente ocorre na adolescência, período
em que o indivíduo se afasta dos pais e demais educadores, busca apoio e certeza
para suas atitudes em seus pares de mesma idade, os quais muitas vezes lhes
apresentam o mundo da drogadicção. Logo, o ambiente também deve ser
considerado como fator interveniente na etiologia, diagnóstico e tratamento da
drogadicção.

Winnicott (1979/1983) menciona a importância de atendimentos em grupos


multidisciplinares para cuidar dos portadores de tendência antissocial (que pode
culminar em distúrbios de caráter), dando a forte impressão de que a psicoterapia
individual é insuficiente para dar conta do problema, havendo a necessidade de cuidar
do ambiente familiar e social circundante. O autor ressalta a existência de inúmeros
casos tratados apenas por controle, especialmente algumas crianças adotadas,
criadas por terceiros ou colocadas em casas que "funcionam como instituições
terapêuticas" (p. 195). Ele chama atenção, ainda, para a importância do trabalho de
grupos psicanalíticos em lançar bases para a compreensão dos fenômenos,
ocorrendo em grupos que obtêm êxito na prevenção e tratamento dos distúrbios de
caráter.

A clínica psicanalítica com drogadictos enfrenta muitos impasses (Brasiliano, 2008),


havendo necessidade de o analista ter certa flexibilidade, considerando que a técnica
não poderá estar limitada à interpretação. Por outro lado, o analista precisa entrar em
contato com outros saberes e práticas, vivenciando o contexto da interdisciplinaridade.
Conforme afirmação de Winnicott (1979/1983), realizar o tratamento do drogadicto
apenas através do atendimento individual é missão quase impossível, pois as causas
da enfermidade e a manutenção dos sintomas estão seriamente relacionadas ao seu
mundo social. Há necessidade de trabalhar não apenas com a pessoa em questão,
mas também com aquelas do seu convívio, especialmente a família. O atendimento
psicológico demanda estratégias diferenciadas, pois o drogadicto apresenta grande
26
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

dificuldade em aderir ao tratamento psicanalítico e/ou psicoterápico. Sendo assim,


Birman (1993, citado por Brasiliano, 2008) considera que, na clínica com drogadictos,
a preservação do setting está diretamente relacionada à capacidade do analista de
criar e ousar.

Em revisão bibliográfica sobre as terapias psicodinâmicas voltadas para os


adolescentes drogadictos, Kessler, Brandão, Scheidt, Grillo e Ramos (2003)
concluíram que, em longo prazo, mostram-se mais efetivas que as terapias
comportamentais. Entretanto, deveria haver estabilização na abstinência relativa ao
uso da substância química e também a percepção de sofrimento psíquico para que o
paciente adira ao tratamento psicanalítico. Os autores ressaltam a possibilidade de o
comprometimento da função paterna, relativo ao monitoramento e estabelecimento de
limites, contribuir para o desencadeamento e a manutenção da dependência química.

O drogadicto, muitas vezes, passa por internamentos para desintoxicação e


posteriormente necessita contar com uma rede de apoio além da família (Craus &
Abaid, 2012) para conseguir continuar o processo de recuperação e a manutenção da
abstinência. Nesse sentido, estudos tais como o de Santos (2007) ressaltam a
importância da psicoterapia psicanalítica/psicodinâmica voltada para pacientes
usuários de álcool e outras drogas, enfatizando que medidas psicossociais associadas
à psicoterapia potencializam a eficácia dos tratamentos. Ao analisar desenhos e falas
de alcoolistas atendidos em grupos de ajuda em CAPS-AD, Jahn, Verginia, Oliveira e
Melo (2007) constatam que os pacientes consideravam o grupo como substituto das
relações familiares, representando um local onde podiam partilhar suas vivências com
pessoas que os compreendiam por passarem por problemática semelhante. Terada
et al. (2012) consideram o vínculo como o melhor aliado ao tratamento de drogadictos,
uma vez que conseguem perceber o significado de seus atos mais facilmente em
grupo do que individualmente. Alvarez et al. (2012) ressaltam a importância do grupo
de apoio aos familiares de adictos realizados em CAPS-AD, como estratégia de
cuidado tão importante que, de certa forma, funciona como alternativa aos
internamentos em hospitais psiquiátricos.

Segundo Vinha (2011), o Programa de Atenção Integral a Usuários de Álcool e outras


Drogas considera que a rede de assistência social constituída pelas associações de
27
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

ajuda mútua e entidades da sociedade civil deve complementar o atendimento


prestado pelo SUS, CAPS-AD, ambulatórios, unidades hospitalares e de referência.
Entidades tais como AA (Alcoólicos Anônimos), NA (Narcóticos Anônimos), entre
outras, deveriam "ser considerados como parceria para o tratamento" (p. 30).

Os grupos de autoajuda funcionam como grupos operativos terapêuticos e são


conduzidos pelos próprios membros, podendo ou não receber consultoria de um
provedor de saúde. As pessoas se agrupam espontaneamente, sentindo-se
identificadas por características semelhantes. Tais grupos merecem destaque por sua
eficácia terapêutica e abrangência (Spadini & Souza, 2011). Entre os programas de
apoio aos adictos e seus familiares encontramos o Amor Exigente, que será descrito
a seguir.

AMOR EXIGENTE

No programa Amor Exigente (Ferreira, 2007; Menezes, 2008) os grupos funcionam


semanalmente, sendo que os drogadictos e os familiares são atendidos
separadamente. Inicialmente há uma breve exposição sobre os princípios básicos do
programa, seguida por reunião de grupo onde os integrantes partilham suas vivências
relacionadas a problemas decorrentes da drogadicção. Os princípios norteadores
versam sobre raízes culturais, função materna/paterna na hierarquia familiar,
sentimento de culpa, importância da disciplina, do apoio e da cooperação, afetividade
e amor entre os integrantes da família. Os coordenadores de grupo são voluntários,
sendo a maioria constituída por professores de diferentes áreas, comerciantes,
empresários e mães de família que não exercem atividades profissionais. Os
voluntários adquirem conhecimentos sobre a drogadicção nas reuniões semanais e
também em cursos específicos promovidos pelo programa, em que profissionais da
área de saúde ministram palestras sobre a questão.

Nos grupos com familiares, a tônica é a maneira como pais e cônjuges lidam com os
comportamentos decorrentes do uso abusivo de drogas, na tentativa de resgatar o
equilíbrio emocional dos familiares e aprender a lidar com os efeitos colaterais da

28
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

drogadicção. Por outro lado, nos grupos de adictos, os princípios norteadores do


programa são utilizados como forma de promover a discussão de temas correlatos,
visando não só à abstinência das drogas como também à formação de novos hábitos,
o desenvolvimento de responsabilidades sobre suas próprias ações, o resgate do
respeito às figuras parentais e a consideração com os demais membros da família.
Participam desde adolescentes até idosos, usuários/dependentes de diferentes tipos
de substância química (álcool, maconha, cocaína, crack), sendo alguns egressos de
tratamentos em comunidades terapêuticas e outros realizando a primeira tentativa de
recuperação.

O programa se fundamenta em alterações comportamentais, sem haver uma análise


mais profunda dos aspectos afetivo-emocionais envolvidos, uma vez que funciona
como grupo de apoio e não como psicoterapia de grupo. Entretanto, a participação da
autora como voluntária mobilizou uma série de reflexões a respeito das vicissitudes
da drogadicção nas famílias dos usuários, considerando a dimensão afetivo-
emocional, as relações objetais e a psicopatologia da drogadicção do ponto de vista
da psicanálise.

EXPERIÊNCIA VIVIDA

Os fenômenos vivenciados pela autora como coordenadora de grupos de apoio a


familiares de drogadictos durante aproximadamente três anos foram analisados com
a intenção de refletir sobre o que foi observado, sem intenção de fazer quaisquer
julgamentos quanto à efetividade do programa Amor Exigente.

Os grupos funcionavam semanalmente. A participação era voluntária, sendo cada


grupo constituído por no máximo 12 pessoas, geralmente pais, cônjuges e/ou avós.
Muitas famílias já haviam buscado atendimento psiquiátrico e/ou psicológico, bem
como internamentos em comunidades terapêuticas específicas para a drogadicção.
Entretanto, a adesão e a manutenção dos tratamentos nem sempre foram bem
sucedidas.

29
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

A constatação da dependência química, associada ao diagnóstico de psicose ou


tendência antissocial, geralmente não era compreendida e aceita pelas famílias. Os
pais chegavam literalmente destroçados, à beira do caos, com a desesperança
estampada em suas faces. Na ânsia por defender o filho das drogas e da morte
eminente, acabavam por tentar engolfá-lo, como se fosse possível mantê-lo
eternamente protegido, minimizando a dor e afastando-o dos traficantes a qualquer
custo, mesmo que isso demandasse entregar todos os bens materiais e, se preciso,
até a própria vida.

As falas dos familiares demonstravam que os drogadictos apresentavam dificuldades


em lidar com as frustrações e tentavam tamponar seus desejos, carências e vazios
interiores por meio do consumo de drogas. Não se sentiam aceitos nem
compreendidos pelas famílias. O mundo dos não usuários os temiam e o ambiente
dos drogadictos passava a ser visto como algo a ser evitado. Muitas vezes
vivenciavam a sensação de ficar sem lugar no mundo.

Os princípios do programa fomentavam discussões que ajudavam o grupo a funcionar


como um continente para as angústias e dificuldades enfrentadas na relação pais-filho
adicto. O grupo de apoio era percebido de forma menos persecutória, pelo fato de lá
encontrar pessoas com problemas similares lutando contra o vício. Poucos filhos
adictos estavam realizando ou já haviam se submetido a algum tipo de atendimento
psicoterápico ou psiquiátrico. As experiências relatadas denotavam pouca ou
nenhuma adesão aos referidos tratamentos.

As verbalizações dos pais denunciavam que os filhos drogadictos apresentavam


sintomas característicos de personalidades psicóticas (Zimmerman, 1999), tais como
desintegração do ego, falta de percepção da realidade, dificuldade extrema em tolerar
as frustrações, entre outras. As tendências antissociais (Winnicott, 1979/1983) eram
frequentes, sendo comuns os relatos de situações em que os bens (dinheiro,
eletrodomésticos, celulares e outros pertences) eram retirados das residências e
vendidos para a aquisição de drogas, além de delitos praticados na comunidade,
incluindo agressões, pequenos furtos e até assalto à mão armada.

30
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Os pais tentavam aplacar a angústia e o temor causados pelos efeitos colaterais da


drogadicção por meio de mecanismos de defesa bastante primitivos. Acabavam por
não conseguir distinguir as características do falso e verdadeiro self (Winnicott,
1979/1983) dos filhos drogadictos. As famílias, e não apenas seus filhos drogadictos,
estavam doentes, sendo que os pais apresentavam sintomas e defesas
característicos da posição esquizo-paranoide (Klein, 1975/1991), tais como negação
onipotente, dissociação, idealização dos próprios filhos e denegrimento das pessoas
que porventura tentassem intervir nas suas percepções sobre o que estava
acontecendo. Eram comuns falas como: "é só quando usa droga, fora isso é o melhor
filho do mundo." "meu filho é o único bandido honesto naquela prisão" "os amigos
fizeram com que ele ficasse assim."

Em muitas circunstâncias, a desestruturação familiar era tamanha que os pais


apresentavam uma linguagem parecida com a "salada de palavras" (Zimerman, 1999,
p. 229) típica das personalidades psicóticas, demonstrando dificuldade em expressar
suas experiências emocionais em forma de pensamentos e os pensamentos em forma
de palavras. Por vezes relatavam os fatos, mas pareciam não conseguir pensar as
experiências emocionais vivenciadas.

Durante as "partilhas", momentos em que os participantes comentavam as suas


vivências junto aos entes envolvidos com a drogadicção, percebia-se a intolerância à
frustração dos filhos/adictos, acompanhada pela tentativa dos pais em atender às
suas necessidades visando sanar carências e evitar a fuga para as drogas. Tais
atitudes acabavam por produzir uma corrente, cujos elos eram constituídos por medo
e alienação, entrelaçados por vínculos patológicos em que a dependência mútua
estava sempre presente.

Frustrados pelos insucessos em diversas tentativas de tratamento, pelo excesso de


violência emocional e até mesmo física às quais eram submetidos, os familiares
necessitavam que alguém deles se encarregasse, realizando um
verdadeiro holding para que pudessem enfim funcionar como pais suficientemente
bons, parafraseando Winnicott (1979/1983), na tentativa de recuperação do
drogadicto. O grupo acolhia as angústias dos pais e os convidava a pensar sobre o
que se passava. Esse "pensar sobre" era permeado por relatos de situações
31
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

semelhantes outrora vividas pelos demais participantes que, auxiliados pela


coordenadora, buscavam identificar aspectos ainda não percebidos em relação ao
problema.

Através dos pais percebia-se que o drogadicto precisava ser amparado, acolhido e
sustentado emocionalmente enquanto buscava controlar o vício e livrar-se daquela
compulsão. Mesmo quando conseguia abster-se da substância, necessitava de
amparo constante. Por outro lado, os pais mostravam-se fragilizados, de tal forma
identificados com seus filhos que, ao invés de auxiliá-los na busca pelo tratamento
adequado, acabavam funcionado de forma iatrogênica, favorecendo e incrementando
os sintomas psicopatológicos. O grupo de apoio buscava levar os pais a refletirem
sobre suas atitudes e o quanto poderiam estar contribuindo para a manutenção da
dependência, inclusive, química, dos adictos.

Havia um paradoxo, pois os pais buscavam tamponar os seus temores causados


pelos efeitos nocivos da drogadicção facilitando inconscientemente aos filhos o
acesso às drogas. A dependência emocional e financeira, a baixa ou nula participação
em atividades de estudo ou trabalho, o alto grau de participação em eventos e
ambientes onde o álcool e outras substâncias tóxicas eram comercializados,
praticamente eram pouco percebidas ou valorizadas. Algumas mães, especialmente,
chegavam a comprar drogas e/ou fornecer dinheiro para subsidiar o vício, acreditando
que assim evitariam a dívida com traficantes, roubos e o risco de os filhos serem
assassinados. Os jovens, e mesmo adultos drogadictos acabavam sendo
superprotegidos, permanecendo ao mesmo tempo como prisioneiros e algozes do
ambiente em que viviam.

As intervenções do grupo visando favorecer o pensar sobre a situação soavam até


como agressão, pois os pais acreditavam fazer o bem e não contribuir para a
manutenção da compulsão. Mais tarde, o depoimento dos participantes que haviam
passado por momentos semelhantes, mencionando as dificuldades ocorridas e as
estratégias utilizadas para superar o problema, levavam a discussões sobre o tema e,
de certa forma, mobilizavam os demais a refletir. Assim, ao invés de criticados, os pais
sentiam-se compreendidos. Os pais encontravam no grupo um ambiente que
funcionava de forma continente, possibilitando apoio emocional, estabelecimento de
32
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

limites em si mesmos, ponderação sobre os hábitos, lugares e ambientes sociais


frequentados pela família e/ou pelo ente drogadicto que favoreciam o uso da droga.

Ao longo das vivências foi possível perceber que a evolução dos grupos apresentava
seis fases distintas, sendo que na primeira, os pais mostravam-se desconfiados e
temerosos em relação aos demais participantes. Na segunda, passavam muitas
reuniões falando sobre os percalços da drogadicção, em que chegavam a se sentir
culpados pela compulsão apresentada pelos respectivos filhos. Usavam o grupo, e
especialmente o coordenador, como "seio latrina" (Meltzer, 1971) depositário de toda
a fétida dor causada pela drogadicção. Na terceira, o coordenador (representando o
programa em si) era considerado como o salvador de todos os males. Os pais
apresentavam uma certa dependência das falas do coordenador, como se fosse
possível usar receitas mágicas para solucionar todos os problemas. As colocações
feitas pelos demais participantes eram vistas com desconfiança, levando muitas vezes
a manifestações de fuga da situação e denegrimento das atitudes tomadas pelos
outros pais em relação aos seus respectivos filhos. Em algumas circunstâncias, era
necessário analisar e mostrar aos participantes os supostos básicos (Bion, 1963/1997)
que estavam norteando o funcionamento do grupo (dependência, luta-fuga e
acasalamento) e dificultavam a percepção e os possíveis insights sobre as emoções
vividas.

Na quarta fase, o pensar sobre as vivências emocionais na relação pais-filhos


contribuía para a percepção de suas angústias/temores, facilitando o rompimento da
intensa ligação pais-filho que os mantinha aprisionados nas vicissitudes da
drogadicção. Os pais começavam a compreender, de alguma maneira, a problemática
vivenciada pelo filho e também as dificuldades de suas relações com ele. A partir de
então, surgia a quinta fase, onde a relação transferencial com o grupo passava a se
manifestar de maneira mais positiva. O grupo era visto de forma mais confiável, tanto
no acolhimento das angústias quanto na possibilidade de ajudar a pensar sobre a
busca de soluções para a problemática enfrentada pela família. Aparentemente, a
tarefa de cuidadores, antes exercida por pai e mãe, agora ficava a cargo do grupo. A
transferência positiva agora percebida em relação ao grupo era facilitada pelo fato de
ser homogêneo, facilitando a emergência da transferência horizontal e não vertical

33
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

(Venosa, 2011). Os pais se sentiam entre "iguais", onde a autoridade era delegada e
não imposta e a função paterna do grupo parecia mais fácil de ser aceita. Surgia então
uma fase em que as opiniões dos pais cujos filhos já haviam obtido algum sucesso
em se afastar da drogadicção eram mais valorizadas e aceitas pelo grupo.

Na sexta e última fase, pai e mãe passavam então a refletir sobre as próprias vidas,
antes e durante a descoberta da drogadicção. O filho-droga deixava de ser o tema
principal e eles voltavam suas atenções para si mesmos, para as relações afetivas
com outros membros e para a organização das funções parentais na hierarquia
familiar. De certa forma, o caos vivenciado pela família começava a ser percebido,
decifrado e organizado. Aos poucos os pais resgatavam e/ou desenvolviam sua
função de autoridades, deixavam de se sentir prisioneiros da drogadicção e, além
disso, percebiam os drogadictos como portadores de uma psicopatologia grave que
demandava tratamento sério.

À medida que os pais conseguiam perceber os filhos como pessoas independentes e


diferentes de si próprios, com defeitos e qualidades, com sintomas passavam a
ocorrer. A relação, que antes era com o problema da droga, passava a ser com o filho
portador de psicopatologia que demandava cuidados. Assim, ao invés de os pais
viverem paralisados pela culpa permanente, passavam a buscar e/ou incentivar
alternativas de tratamento que pudessem amenizar o problema. Por outro lado, os
drogadictos, que poderiam estar à deriva da vida familiar, acabavam sendo
resgatados, não por meio da superproteção parental, mas do apoio relativo às devidas
intervenções psicoterápicas, psiquiátricas e psicossociais às quais poderiam ser
encaminhados.

Considerando que a participação nos grupos era voluntária e sem controle de


frequência, sempre havia o ingresso de novos participantes. Assim, o grupo era
constantemente renovado e as seis etapas descritas acabavam se repetindo. Todavia,
verificava-se que os participantes mais antigos apresentavam-se cada vez mais
continentes das angústias dos recém chegados, auxiliando-os a suportar as dores, ao
mesmo tempo fortalecendo a si próprios. Logo, o grupo funcionava com
características de autoajuda e ajuda mútua.

34
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho realizado por meio dos grupos de apoio constitui uma ajuda importante
para as famílias, tanto no programa descrito quanto naqueles mencionados
anteriormente no final do tópico "Conhecendo o problema" (Santos, 2007; Spadini &
Souza, 2011; Vinha, 2011). O grupo funciona como depositário e continente (Bion,
1967/1984) de emoções diversas, ao mesmo tempo dando sustentação e segurança
às famílias para que realizem o seu papel de parceiros no processo de recuperação.
Logo, é vivenciado como substituto da função paterna para os drogadictos enquanto
ajuda os pais a resgatar uma função que ainda pode ser sua na luta pela melhora da
saúde física e mental, além da qualidade de vida do drogadicto e da família.

A etiologia da drogadicção, os aspectos psicóticos, as tendências antissociais e os


distúrbios de caráter não necessariamente são analisados nos grupos de apoio, uma
vez que a maioria dos coordenadores carece de formação profissional para tanto.
Mas, de certa forma, o grupo de apoio possibilita às famílias suprir algumas lacunas
decorrentes seja da privação ou da de-privação anteriormente vividas pelos
drogadictos.

Por outro lado, foi possível constatar que, a partir das vivências nos grupos de apoio,
alguns drogadictos conseguiram se afastar das drogas e, então, passaram a
manifestar o desejo e/ou a busca pela psicoterapia. Em outras situações, houve casos
de pais que, percebendo o que aconteceu com um elemento da família, começavam
a detectar sintomas de uso abusivo de substâncias químicas em outros filhos e
buscavam então o atendimento psicoterápico para si mesmos e/ou para algum dos
familiares. Logo, o grupo de apoio funcionava não apenas como coadjuvante ao
tratamento, mas também como prevenção da drogadicção e suas vicissitudes.

Ao analisar a experiência vivenciada, fica a certeza de que, se os participantes


estivessem em grupos de psicoterapia psicanalítica (Venosa, 2011), poderiam ser
muito beneficiados quanto ao conhecimento de si mesmos e das relações objetais
presentes na família e à compreensão da psicopatologia da drogadicção, e

35
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

certamente poderiam melhorar as condições de saúde mental individual e familiar.


Nesse sentido faz-se necessário refletir sobre a importância de criar e/ou ampliar os
serviços de atendimento às famílias de drogadictos do ponto de vista da psicologia e
da psicanálise, visando não só ao melhor atendimento psicoterápico como também à
prevenção.

36
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

5- TRANSFORMAR DE DENTRO PARA FORA

Quer entender quais os benefícios da terapia e tudo o que ela pode trazer de bom
para a sua vida?
Tenha em mente que a terapia é um momento de exclusividade, um momento em
que um profissional para tudo o que está fazendo para escutar e entender o que está
acontecendo com você. E o mais importante: te ajudar.
Neste texto, vamos falar não apenas sobre os todos os benefícios que a terapia pode
trazer, como também sobre como funciona uma sessão.

O que a terapia proporciona de benefícios?


A psicoterapia tem uma ampla gama de aplicações, desde a área de relacionamentos
e comunicação, até questões de qualidade de sono, por exemplo.

Dentro da terapia, tentamos avaliar de que forma a sua demanda atual se


desenvolveu. Nesse sentido, o terapeuta vai escutar o que você está trazendo, ao
mesmo tempo que vai fazer perguntas e questionamentos, de maneira a entender
todo o seu caso.

Também, você aprende uma nova maneira de se relacionar consigo mesmo. Uma
maneira mais auto compassiva, ou seja, que você consiga trazer mais auto
compaixão, nos momentos de maior dificuldade e também no dia a dia.

Como funciona a terapia?

37
CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

A metáfora que mais utilizamos é que a terapia é um encontro entre duas pessoas.
Mas, não só entre duas pessoas, e sim entre dois experts:
 O cliente: um expert na sua vida, que entende o que aconteceu ao longo da sua
história e o que está acontecendo hoje;
 O terapeuta: que é um expert em terapia.
Através da cooperação entre os dois, é possível dizer, um para o outro, como que a
terapia está fluindo e, principalmente, se existe algum tipo de desafio logo à frente.
Em outras palavras, se algo bom está para ocorrer ou se vocês precisam parar e
conversar mais sobre o que está passando.

O que acontece durante a terapia?


A terapia funciona semanalmente, ou seja, toda semana você tem um encontro
marcado com um terapeuta, que dura aproximadamente 50 minutos, até uma hora.
Vocês conversam sobre as demandas que te trouxeram até a terapia, mas também
praticam técnicas para lidar com elas. Então, é comum que dentro de uma sessão
você faça respiração diafragmática, ensaie uma conversa difícil e se permita sentir
emoções que têm sido muito desafiadoras para você.

O ambiente da psicoterapia é um ambiente seguro para você se expressar da


maneira que você precisar e da maneira que quiser.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

O terapeuta está totalmente focado no que está acontecendo, no que você está
sentindo no momento, e faz perguntas para garantir que ele está entendendo o que
está acontecendo.
O terapeuta pode passar para você algum exercício para realizar ao longo daquela
semana. Se isso ocorrer, logo no início da sessão, ele vai perguntar para você como
é que foi fazer esse desafio. Na sequência, vocês seguem falando sobre como isso
está ajudando você de alguma forma, ou como isso não está ajudando.
No final da sessão, o terapeuta resume o que vocês trabalharam e passa uma tarefa
de casa (que deve ser combinada de livre e espontânea vontade, você não é obrigado
a nada).
Terapia resolve mesmo? Para que serve a terapia?
Tudo o que estamos trazendo nesse texto é sobre os benefícios da terapia que
praticamos na Eurekka. Existem muitas outras abordagens terapêuticas e várias
linhas dentro da psicoterapia. Então, se hoje você faz terapia e não está parecendo
com o que estamos descrevendo aqui, fique tranquilo.

Existem vários estudos científicos mostrando a eficácia e a efetividade da


psicoterapia, em diferentes contextos. Dentro da Eurekka, priorizamos bastante
a evidência científica, ou seja, o quão embasada é uma determinada intervenção,
uma determinada terapia. Por isso, estamos o tempo inteiro procurando novas
técnicas e novas estratégias para poder ajudar você.
Infelizmente, a maioria das pessoas que procura a psicoterapia está ali porque algo
não vai muito bem e porque quer um resultado rápido, quer que aquilo funcione. No
entanto, ninguém pode garantir, com total certeza, a cura de determinadas questões.

Não teríamos como dar para você uma receita de bolo, indicando uma terapia X ou Y,
que garantiria que seus problemas se resolveriam. O que podemos garantir para você
é que, na terapia da Eurekka, o profissional vai se dedicar ao máximo para ajudar
você em qualquer demanda que seja.
Qual é a importância da terapia psicológica?

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Muitas pessoas acham que terapia é apenas para quem está em um estágio muito
avançado de algum sofrimento, ou que terapia é apenas para loucos. Porém, essas
ideias não poderiam estar mais incorretas!

Tem sido estudado, desde os anos 90, como a psicoterapia faz bem e pode ajudar
você a alcançar objetivos, e não apenas a sair de um sofrimento. Ou seja, você ir
do zero para o positivo, no lugar de sair do negativo e ir para o zero.
A psicoterapia tem, cada vez mais, se aprimorado, de forma a poder ser um
trampolim das suas conquistas na vida. Então, mesmo que hoje você não esteja
em um sofrimento elevado, mas tenha dúvidas e questionamentos, você pode
participar de um processo terapêutico.
E claro, se você hoje se encontra em um momento mais difícil, se sentindo esgotado,
está na hora de você buscar por um profissional de saúde, que vai ajudar você com
os desafios que você está vivendo.

Quais os maiores benefícios da terapia?

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Se você está na dúvida sobre procurar um psicólogo, entender os benefícios da


terapia é importante para essa decisão.

Podemos elencar vários benefícios da terapia psicológica, porque cada terapia é


diferente. No sentido de que cada ser humano é um ser único, que está trazendo toda
a sua bagagem, histórico e questões pessoais para o ambiente terapêutico.
Entretanto, existem alguns benefícios “universais”. Ainda assim, não se sinta mal se
eles não se apresentarem para você.

Muitas pessoas se perguntam ao longo da vida:

 Como lidar melhor com emoções?


 De que modo estudar de uma maneira mais eficiente?
 Como eu posso ter uma conversa difícil com meu namorado?
 De que forma eu posso ser mais assertivo e colocar melhor os meus limites dentro da
minha vida pessoal?
Tudo se resume em você entender melhor como você funciona. Todos nós
nascemos e chegamos até aqui sem um manual de instruções. A terapia é como se
fosse essa jornada de autoconhecimento, em que você passa a se conhecer melhor,
a conhecer um pouco mais sobre pensamentos, sobre emoções e sobre como você
pode viver cada vez com mais bem estar, qualidade de vida e inteligência
emocional.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Embora o principal dos benefícios da terapia seja o autoconhecimento, se você está


indo hoje para a terapia com uma questão bem específica, tudo bem. Ela também
pode ajudar você com isso. Você acaba, ao fim, solucionando uma questão que está
atrapalhando você e se conhecendo mais ao refletir sobre determinadas questões.

Se o seu medo era entrar na terapia e nunca mais poder sair, pode ficar bem tranquilo.
Pois é, por ter sempre o protagonismo, você é livre para encerrar a terapia, quando
sentir que consegue fazer as coisas mais sozinho.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

6- PARA QUE SERVE A TERAPIA

Através de encontros semanais e de muita conversa, a terapia tem como função tratar
problemas psicológicos. Existem muitas abordagens, cada qual voltada para aliviar as
dores emocionais dos pacientes conforme as suas necessidades.

É normal que uma pessoa não reaja bem a uma vertente e obtenha resultados mais
concretos com outra. A terapia acompanha a diversidade de personalidades das
pessoas. Assim, o psicólogo pode aplicar diversos tipos de tratamento.

A terapia é o processo correto para trabalhar a ansiedade, depressão, estresse, luto,


conflitos nos relacionamentos, autoestima baixa, desespero, e uma infinidade de
problemas que, aos olhos do paciente, podem parecer não ter solução.

Outro cenário comum é o acompanhamento psicológico de pacientes que não


possuem um transtorno mental ou vivem situações estressantes, mas desejam se
conhecer melhor, descobrir suas potencialidades e encontrar um propósito para as
suas vidas.

A terapia ajuda, ainda, em casos de doenças psicossomáticas, as quais estão


relacionadas a emoções e pensamentos. Em outras palavras, são patologias oriundas
de uma má administração de sentimentos.

Um exemplo bastante comum é o nervosismo extremo que pode ocasionar o


aparecimento de uma gastrite nervosa ou de prisão de ventre.

Como funciona a terapia?

A terapia é um processo de médio a longo prazo. Não existe realmente uma data limite
para o tratamento. O psicólogo vai auxiliando o paciente através de questionamentos,
análises comportamentais e incentivos à mudança de hábitos até quando for
necessário.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Durante as sessões semanais ou quinzenais, o paciente fala sobre as suas


perturbações atuais. Estas podem ser qualquer coisa desagradável, seja resultado de
uma situação recente ou de uma história antiga.

Ao mesmo tempo em que o psicólogo orienta como lidar com os problemas, analisa
o comportamento e a personalidade do paciente para definir os melhores métodos
para ajudá-lo. Além disso, identifica possíveis origens para condutas prejudicais com
base em conversas sobre o passado.

Embora não seja necessário tocar em tópicos dolorosos ao longo das sessões, são
naturalmente trazidos à tona pelo próprio paciente à medida que se abre para o
psicólogo e compreende mais sobre si mesmo.

Por isso, algumas pessoas costumam dizer que a terapia é um processo doloroso,
mas necessário.

A pessoa pode cessar o tratamento a qualquer instante, porém, não é recomendado


fazê-lo sem a orientação do profissional. Afinal, a importância da terapia reside no
tratamento completo de fatores problemáticos para o paciente para gerar uma
mudança de vida.

O tratamento de transtornos mentais mais graves, como síndrome do


pânico ou agorafobia, geralmente envolve o uso de medicamentos psiquiátricos. No
entanto, é possível fazer ambos os tratamentos simultaneamente, pois cada um
oferece benefícios próprios para a saúde do paciente.

Benefícios da terapia

Se você ainda não está convencido de para que serve o processo da terapia, veja
alguns dos benefícios mais típicos abaixo.

 Desenvolvimento da inteligência emocional;


 Fortalecimento dos relacionamentos interpessoais;
 Quebra de círculos viciosos e padrões de comportamento nocivos;
 Aumento da autoestima e da autoconfiança;

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 Melhora do desempenho profissional;


 Compreensão de pontos fortes e qualidades e de como utilizá-los;
 Superação de situações traumáticas;
 Tratamento de transtornos mentais;
 Desenvolvimento de hábitos sadios, estimulando a saúde mental diariamente;
 Aquisição de um propósito de vida;
 Mudança de percepção – de pessimista para otimista.

Quando procurar a terapia?

Você pode procurar a terapia em qualquer momento de sua vida. Como mencionado
anteriormente, você não precisa estar experimentando sintomas de um transtorno
mental para buscar ajuda profissional.

Caso #01 – “Quero mudar comportamento X ou Y”

Por exemplo, você recebeu uma avaliação negativa no trabalho e, ao refletir sobre
ela, percebeu que aquele comportamento já afetou outras áreas de sua vida. Porém,
não sabe como pode melhorar para corresponder às expectativas do empregador.

O processo da terapia pode ajudá-lo a compreender o porquê de certo padrão de


conduta e desenvolver estratégias para lidar com ele. Pode ser que você esteja preso
em um padrão que se repete desde a sua infância.

É difícil fazer mudanças sozinho. Isso porque o cérebro demora a assimilar hábitos e
crenças novas, especialmente se cultivados desde criança. Mesmo hábitos negativos
para nós podem nos fazer sentir bem de alguma forma.

É assim que surgem as compulsões. Pessoas procuram aliviar sentimentos negativos


através de compras desenfreadas ou comidas de seu gosto ou jogos de azar. Apesar
de essas situações trazerem consequências ruins, são também fonte de conforto.

Para desenvolver as suas potencialidades e acabar com condutas desagradáveis,


opte pelo acompanhamento psicológico.

Caso #02 – “Acho que tenho um transtorno mental”


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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

A ansiedade, depressão, pânico, entre outros distúrbios mentais, são comuns em


nossa sociedade. Eles podem ser reflexos diretos do ambiente hiperconectado,
acelerado e estressante em que vivemos, ou possuírem origem genética.

Quando as pessoas notam a existência de comportamentos atípicos, logo concluem


que estão ficando loucas. Será que tem algo errado comigo?, divagam. Este
pensamento, embora comum, deve ser combatido. Transtornos mentais são como as
doenças físicas: enfermidades que carecem do processo de tratamento.

Se você acredita que está muito ansioso, desmotivado ou estressado e não entende
porque, não tenha vergonha de procurar a terapia.

Um transtorno mental não diagnosticado causa muito sofrimento. Uma pessoa sem o
conhecimento de sua saúde mental não sabe cuidar de si mesma apropriadamente
ou responder a críticas alheias.

É importante recorrer ao psicólogo assim que os sintomas começarem a afetar a vida


diária para que não se tornem incapacitantes.

Caso #03 – “Quero superar um trauma”

Um cenário extremamente comum são pessoas que procuram um psicólogo após


uma morte na família, um acidente, um divórcio, uma situação violenta (assalto ou
abuso), uma demissão, uma reprovação na escola, entre outros. São ocasiões que
mexem com as emoções e a autopercepção.

Uma pessoa pode se sentir desmotivada, inútil ou incapaz ao ser mandada embora
ou se estiver muito tempo desempregada. Esses sentimentos negativos podem
ocasionar o surgimento de uma depressão. No cenário brasileiro atual, esta história
não é incomum.

A terapia capacita os pacientes para lidar com eventos


negativos, frustrações e traumas. Conversar sobre esses assuntos pode ser
desagradável, mas é uma parte importante do processo.
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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Quando expressamos as nossas preocupações, tirando um pouco do peso de dentro


de nós, a situação ruim fica mais leve. Não é nada saudável guardar esses
sentimentos tão intensos em nosso interior.

Através da digestão dos mesmos, o psicólogo pode ajudar a passar pelo momento
difícil ou ressignificar eventos do passado que afetam o paciente.

Caso #04 – “Quero encontrar respostas”

Viver é uma experiência intensa. Passamos por muitas vitórias e fracassos ao longo
da nossa existência. Seja lá em qual momento da vida você estiver agora, chegar até
ele não foi nada fácil, não é?

Diante de tantos caminhos para seguir é natural sentir incerteza. Algumas pessoas
procuram a terapia para encontrar um direcionamento para suas vidas. É comum
estudantes do ensino médio ou universitários buscarem ajuda profissional para
receber orientações sobre o futuro ou para administrar uma situação complicada.

Por exemplo, quando há muitos conflitos dentro de casa, todos os residentes são
afetados. Na terapia, embora talvez não seja provável chegar ao fim deste,
principalmente quando envolve terceiros, é possível encontrar respostas para
administrar a situação de forma que não lhe afete tanto.

Outro exemplo são fases da vida que costumam levantar muitos questionamentos,
como na adolescência, início da vida adulta ou aposentadoria.

“Como proceder? O que devo fazer agora? Para onde devo ir?”, você pode se
perguntar ao se encontrar em alguma delas. A terapia serve como um guia para
passar por essas situações com mais tranquilidade.

Terapia Online X Terapia Presencial

O tratamento psicólogo tanto na terapia presencial quanto na terapia online é idêntico.


O diferencial está apenas na forma de comunicação. Com a facilidade da tecnologia,
o tratamento online se tornou possível para milhares de pessoas.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Se você está à procura de respostas, mas possui uma agenda apertada e


compromissos quase intermináveis, a terapia online pode ser a escolha perfeita para
o seu estilo de vida.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

7- BENEFÍCIOS DE UM ACOMPANHAMENTO PSICOLÓGICO BEM FEITO

Um acompanhamento psicológico de qualidade pode se tornar a sua melhor armadura


para enfrentar as dificuldades do dia a dia.

Nos dias atuais, com tanta correria e obrigações, perdemos a noção do tempo.
Quando vemos, o fim de semana já começou e acabou e mais cinco dias de
responsabilidades praticamente infinitas se iniciam em seguida. Assim, para
encontrarmos as pessoas que amamos ou nos dedicarmos a momentos de lazer, é
preciso praticamente montar um quebra cabeça com nossos horários.

Porém, também não podemos nos esquecer das questões pessoais. Nossas próprias
crenças, bloqueios, lembranças e emoções, as quais afetam todas as nossas
decisões e a maneira como vemos o mundo e tratamos as pessoas.

Como estamos acostumados a balancear todos esses fatores, não costumamos dar
a verdadeira importância para como eles interferem em nossa saúde mental e física.
E é aí que entra a terapia.

Benefícios do acompanhamento psicológico

Autoconhecimento

O autoconhecimento nos permite adquirir insights valiosos sobre quem somos nós.
Através dele, descobrimos qualidades, defeitos, medos, inseguranças, desejos e
fortalezas. Dessa forma, passamos a administrá-los com mais inteligência.

Um exemplo muito comum é aquela pessoa que está presa a um trabalho que não
gosta. Não para de reclamar que quer sair, mas tem medo de começar do zero. Nem
se quer sabe o que deseja fazer de verdade. Ela não se conhece.

O acompanhamento psicológico pode auxiliá-la a encontrar a força para se distanciar


do emprego ou carreira infrutífera e traçar um caminho novo apesar de todas as

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

incertezas. Já que o autoconhecimento mergulha fundo em nosso íntimo, a nossa


verdadeira essência é levada à superfície.

Inteligência Emocional

Todos nós possuímos capacidade de lidar com as situações a nossa volta. Todavia,
às vezes, essa habilidade está adormecida.

Um dos maiores benefícios da terapia é trabalhar a inteligência emocional para tomar


decisões melhores, saber com o que você deve gastar a sua energia, relacionar-se
bem com as pessoas e manter o bom humor.

Com a inteligência emocional desenvolvida, obtemos a capacidade de avaliar os


próprios sentimentos de forma não sentimental. Em outras palavras, entendemos as
nossas emoções a ponto de escolher não ser mais dominados por elas. Sabemos
quando e como utilizá-las para tirar o melhor proveito das situações.

Esta é uma habilidade indispensável para quem possui um transtorno mental,


principalmente ansiedade e depressão, que costumam perturbar os sentimentos da
pessoa.

Em vez de se permitir levar por pensamentos negativos, acarretando crises de


ansiedade ou episódios depressivos intensos, o indivíduo aprende a lidar com o que
não lhe faz bem.

Paz com o passado

A maioria dos nossos problemas hoje é reflexo direto de eventos passados. Eles se
originam na infância e se manifestam em idades mais avançadas. Por isso, muitas
pessoas desconhecem porque agem ou pensam de determinada maneira.

Por vezes, os acontecimentos do passado nos trazem infelicidade e angústia. Alguns


podem até ser traumáticos. São bloqueios que nos impedem de aproveitar a vida hoje.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

O acompanhamento psicológico bem feito desvenda as amarras que nos prendem ao


que já aconteceu assim como aponta os impactos do passado sob o presente. Assim,
é possível fazer pazes com esses eventos negativos e ressignificá-los para que
deixem de nos atrapalhar no presente.

Qualidade de vida no dia a dia

Os benefícios da terapia são sentidos no dia a dia. A vida rotineira de obrigações e


compromissos se torna mais feliz porque aprendemos a balancear o tempo com
sabedoria. A ansiedade e preocupação diminuem e a autoestima aumenta.

O resultado não é milagroso, é claro. Essas melhorias são sentidas com o


progresso do acompanhamento. À medida que você trabalha assuntos mais
complexos e difíceis de falar em voz alta, percebe uma mudança extremamente
positiva em diversos aspectos de sua vida diária.

Além disso, a presença no cotidiano aumenta. Nosso cérebro gosta de viver no piloto
automático sem ter que se preocupar em evoluir. Isso ajuda a guardar energia para
os afazeres do dia.

Porém, não é muito benéfico para nós. É mais trabalhoso quebrar hábitos e padrões
de conduta nocivos no piloto automático.

Melhores relacionamentos interpessoais

Os seus relacionamentos também mudam. Com o conhecimento sobre si mesmo e a


autoestima elevada recém-adquirida, você consegue enxergar quais conexões são
sadias e devem ser mantidas. As suas habilidades sociais melhoram, sendo mais fácil
fazer amizades ou conviver com pessoas difíceis.

Precisamos ter jogo de cintura para lidar com os outros, especialmente no ambiente
profissional, um dos maiores causadores de estresse. Um acompanhamento
psicológico bem feito vai ajudá-lo a administrar seus relacionamentos de forma a evitar
conflitos desnecessários e intrigas que não levam a lugar nenhum.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

Também vai ajudá-lo a compreender os sentimentos, modo de pensar e


comportamento das outras pessoas. Consequentemente, você não levará
comentários ou ações para o pessoal. Muitas vezes, a forma como as pessoas nos
tratam tem mais a ver com elas do que conosco.

Autoestima elevada

É comum iniciar um acompanhamento psicológico com insegurança. A autoestima


baixa costuma ser a raiz de muitas perturbações.

Vivemos em uma sociedade que prega a humildade incessantemente, mas não nos
ensina a vivê-la da forma correta. É importante, sim, valorizar as nossas capacidades
e conquistas como se fossem o feito mais incrível do mundo. Infelizmente, muitos se
colocam para baixo ou ignoram as suas vitórias por instinto.

Durante o acompanhamento, somos incentivados a nos apaixonar por nos mesmos.


Se existem defeitos inconvenientes, aprendemos a coexistir com eles em paz. Uma
das premissas mais marcantes da terapia é, afinal, pensar em você primeiro. Não de
forma egoísta, mas de forma merecida.

Desenvolvimento das potencialidades

Assim que você descobrir as suas paixões através do autoconhecimento, já poderá


iniciar o processo de alimentá-las.

O medo de iniciar algo novo ou sair da zona de conforto é paralisante. Neste estado
de inércia, deixamos muitas oportunidades passarem, concorda?

É extremamente comum encontrar pessoas com medo do próprio potencial. Elas


se autossabotam, acreditando não valer a pena chegar lá. Mas estão enganadas.

Na terapia, aprendemos a melhor maneira de desenvolver os nossos pontos fortes,


sejam esses traços de personalidade ou habilidades. O medo e a insegurança são

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dissolvidos para dar lugar à autoconfiança. O processo é longo e costuma ser


demorado para a maioria das pessoas. O importante, contudo, é persistir.

Como funciona o acompanhamento psicológico?

Se você nunca considerou consultar com um psicólogo, vou explicar o básico das
sessões para clarear as suas dúvidas. As consultas duram cerca de uma hora. O
tempo do acompanhamento em sua totalidade depende de cada caso. Não há um
limite de sessões.

No primeiro encontro, o profissional irá fazer perguntas para conhecê-lo e descobrir


como pode ajudá-lo a solucionar os seus problemas. É comum travar na pergunta
referente ao motivo que o levou a buscar ajuda profissional.

Nem sempre conseguimos falar dos nossos sentimentos abertamente. A


probabilidade de você não saber exatamente o que o aflige também é grande. O
psicológico vai ajudá-lo a encontrar as respostas para os seus próprios dilemas de
acordo com as suas respostas.

Não fique ansioso esperando ser forçado a falar sobre tópicos desconfortáveis. Você
apenas irá tocar em assuntos delicados quando o psicológico julgar que está pronto
para isso.

Muitas pessoas têm medo de serem analisadas quando estão cara a cara com um
psicólogo ou psicanalista ou psiquiatra, como se esses profissionais pudessem
descobrir os seus segredos apenas com o olhar.

Isso é mito. Durante o acompanhamento psicológico, o que você deve fazer é apenas
ser você mesmo sem se preocupar com julgamentos ou invasão de privacidade.

Ao longo das sessões, você desvendará a sua personalidade, os seus pensamentos,


o seu passado, as suas crenças até encontrar a origem do incômodo existencial. O
psicólogo vai ajudá-lo a encontrar soluções possíveis para reduzir a sua dor,
encorajando-o a enfrentar medos e receios com cautela.

Quando buscar acompanhamento psicológico?


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Quando você quiser.

Não é preciso ter um transtorno mental para procurar um psicólogo ou estar


vivenciando os sintomas de um. Obviamente, este é o cenário mais comum, porém,
você pode iniciar um acompanhamento psicológico simplesmente pelo desejo de ter
uma vida melhor e saber mais sobre você.

Está com dificuldades no trabalho? Na família? Na universidade? No relacionamento?


Com os amigos? Todas essas são razões perfeitamente aceitáveis para buscar ajuda
profissional.

As maiores vantagens são que você não precisa sair de casa ou fazer grandes
modificações em sua agenda apertada para encontrar um horário para a consulta.

Tomar a decisão de iniciar um acompanhamento psicológico requer muita coragem e


honestidade consigo mesmo. Não se envergonhe por querer cuidar melhor de você.
Assim que você passa a merecidamente cuidar mais de si mesmo, os demais
aspectos da sua vida automaticamente melhoram.

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CONSELHEIRO TERAPÊUTICO

REFERÊNCIAS

https://www.asomadetodosafetos.com/2017/04/o-preco-de-ser-
bonzinho.html>acesso em 14/12/2020

https://www.vittude.com/blog/assertividade-dicas-ser-mais-assertivo/>acesso em
14/12/2020

https://www.gruporecanto.com.br/blog/grupos-de-apoio-importancia-beneficios-e-
como-frequentar/>acesso em 14/12/2020

http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1677-
29702014000200009>acesso em 14/12/2020

https://eurekka.me/beneficios-da-terapia/>acesso em 14/12/2020

https://www.vittude.com/blog/para-que-serve-a-terapia-e-quando-devo-usar-o-
processo-a-meu-
favor/#:~:text=Assim%2C%20o%20psic%C3%B3logo%20pode%20aplicar,podem%2
0parecer%20n%C3%A3o%20ter%20solu%C3%A7%C3%A3o.>acesso em
14/12/2020

https://www.vittude.com/blog/7-beneficios-de-um-acompanhamento-psicologico-bem-
feito/>acesso em 14/12/2020

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