Custo Padrão

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MATERIAL 02 - CUSTO PADRÃO

Conceito

O Custo Padrão é um custo estimado, isto é, calculado antes mesmo de se iniciar o processo de fabricação.
Com base nos Custos de Produção de períodos anteriores, a empresa industrial pode fixar, como padrão,
custos para cada produto a ser fabricado. Assim, define-se o padrão para os gastos com Materiais, Mão de
Obra e Gastos Gerais de Fabricação. Quanto maior for o detalhamento do padrão em relação a cada
elemento componente do custo, melhores resultados serão obtidos.

O Custo Real ou Custo Histórico é apurado após concluído o processo de fabricação, que efetivamente
ocorreram.

Vantagens de se estabelecer o custo padrão:


a) Possibilidade de fixação do preço de venda
b) Otimização do processo produtivo, utilizando ao máximo os recursos humanos, físicos e financeiros
disponíveis.

O Custo Padrão Corrente é utilizado com a finalidade de formação do preço de venda para compor
orçamentos, visando fechamento de contratos nos casos de fabricação por encomenda. Neste caso a
empresa terá como meta atingi-lo no curto ou médio prazo, ou seja, somente visando a produção daquele
lote que ira fabricar conforme acordado com seu cliente.

Alguns cuidados são necessários envolvendo fatores internos que podem influenciar o custo padrão:
a) Paradas para manutenção de máquinas e equipamentos;
b) Rotatividade de pessoal.
c) Férias com substituição;
d) Desperdícios de materiais;
e) Aquisição de produtos inferiores

O Custo Padrão Ideal constitui a meta a ser atingida, buscando maior qualidade e menor custo. A empresa
fixa metas a serem atingidas no longo prazo.

Pode-se dizer que o Custo Padrão serve de parâmetro para o Real, e enquanto o Custo Real representa
aquele que efetivamente ocorreu, o Custo Padrão representa aquele que deveria ter ocorrido.

O Custo Padrão deve ser fixado de forma segregada para os materiais, mão-de-obra e para gastos gerais de
fabricação (custos indiretos), sendo fixado em valores e quantidades. Trata-se de um custo planejado, sendo
cada fator de produção considerado em condições normais de fabricação. Permite a avaliação de
desempenho, através da análise das variações entre o padrão e o real.

EXEMPLO

Suponhamos que a Companhia Industrial Caçapava S.A., com base na produção dos meses de janeiro,
fevereiro e março, tenha apurado um Custo Médio para a produção de um determinado produto. Esse Custo
Médio apurado, que foi igual a $ 50,00 por unidade, corresponde ao Custo Padrão a ser utilizado no mês de
abril. Dessa forma, o Custo Padrão foi obtido pelo somatório dos seguintes custos:

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• Valor padrão dos gastos com Materiais ............................ 25
• Valor padrão dos gastos com Mão de Obra ...................... 15
• Valor padrão dos gastos com Gastos Gerais de Fabricação 10
Total ................................................................................ 50

Suponhamos que, no final do mês de abril, o Custo Histórico ou Real tenha sido:
• Custo Real dos Materiais ................................................ 30
• Custo Real da Mão de Obra ........................................... 20
• Custo Real dos Gastos Gerais de Fabricação .................... 10
Total................................................................................ 60

Nesse caso, um exame minucioso dos componentes do Custo Real ocorrido no mês de abril deve ser feito
para que sejam verificados os motivos que provocaram a variação de $ 10,00 entre o Custo Padrão e o Custo
Real. Na análise devem ser levados em conta possíveis aumentos no preço dos materiais aplicados, bem
como reajustes de salários e tarifas etc. Caso não tenha ocorrido aumento nos preços nem reajustes de
salários, a administração poderá concluir que o aumento do Custo Real, em relação ao Padrão, pode ter
ocorrido em função de desperdícios de materiais, mão de obra ociosa etc.

Na realidade, embora o Custo Padrão constitua importante instrumento para a administração avaliar o
desempenho da produção, servindo inclusive de base para tomadas de decisões enquanto não se conhece o
Custo Real, a sua adoção gera para a empresa duas tarefas: calcular previamente o Custo Padrão e, depois,
com base em dados reais, calcular o Custo Histórico ou Real.

A Determinação do custo padrão deve ser feita de forma a favorecer a congruência de metas entre os
funcionários e a empresa. Não pode ser fixada em um patamar muito alto e inalcançável, pois gera
frustração e desânimo. Tampouco pode ser muito baixo, pois gera acomodação e ineficiência.
Este sistema de custeio contribui ainda para a redução de custos, na medida em que obriga a reavaliação dos
métodos de produção.
Normalmente em todo processo produtivo sempre haverá certo nível de desperdício de material. A
quantidade padrão de material direto deve considerar o que seria um nível aceitável de desperdício.

EXEMPLO DE CÁLCULO DE DESPERDÍCIO ACEITÁVEL.

(Exame Suficiência – I/2003) Uma empresa fabrica um produto que utiliza dois tipos de matérias primas
pesando 2,5 kg, sendo 1,40 kg de matéria prima A e 1,10 kg de matéria prima B. em agosto de 2002, os
custos unitários das requisições foram: Matéria Prima A = R$276,00/kg e Matéria Prima B = R$632,00/kg.
Durante o processo de fabricação existe uma perda de 8% na quantidade requisitada de matéria prima. O
custo estimado da matéria prima para cada unidade é de:
a) R$454,00
b) R$587,83
c) R$908,00
d) R$1.175,65

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Para determinar as horas padrão de mão de obra muitas vezes são necessários estudos de tempos e
movimentos em todas as fases do processo de produção. Também nesse caso é necessário considerar a
existência de intervalos, retrabalhos e ineficiências até um nível aceitável.
Após a definição dos padrões físicos será necessário atribuir valor ao material e à mão de obra. Os preços de
material direto devem considerar os preços normalmente praticados a vista, pois o padrão não deve
incorporar custo financeiro. Também é adequado projetar os aumentos de preços prováveis de ocorrer
durante o período que vigorará o pedido.

No caso da mão de obra, os custos devem incluir o custo médio da remuneração dos trabalhadores mais os
encargos sociais. Também nesse caso devem ser considerados os aumentos salariais previstos.

Um custo real diferente do padrão é um indicador de que há algo errado que precisa ser investigado. É fato
que a variação entre o custo real e o custo padrão pode ser consequência de estimativas erradas. Nesse
caso, o custo padrão deve ser ajustado. Na maioria das vezes, porém, é sintoma de que há falhas e
ineficiência no processo produtivo. A partir da identificação e delimitação do problema deverão ser
desenvolvidas ações corretivas e preventivas.

A análise das variações busca explicar e qualificar as eventuais diferenças entre o custo real e custo padrão
do produto. A variação total é obtida subtraindo-se o custo padrão do custo real. Logo:

“VARIAÇÃO TOTAL = CUSTO REAL – CUSTO PADRÃO”

O custo real é dado pelas quantidades reais valorizadas ao preço real e o custo padrão é dado pelas
quantidades padrão valorizadas ao preço padrão:

VARIAÇÃO TOTAL = (QUANTIDADE REAL X PREÇO REAL) – (QUANTIDADE PADRÃO X PREÇO PADRÃO)

Como o padrão está sendo subtraído do real, o resultado negativo indica que o custo real foi menor que o
previsto e, portanto, a variação é considerada favorável. Quando o resultado for um número positivo,
significa que o custo real foi maior que o esperado e a variação é considerada desfavorável.

EXEMPLO

(Exame Suficiência – II/2001) Uma empresa previu que gastaria 15 quilos de matéria prima a um custo de
R$45.000,00 o quilo, para produzir uma unidade de determinado produto. Ao final do período, constatou
que, embora tivesse economizado 20% no preço do material, havia um gasto de 20% a mais de material que
o previsto. A variação do custo padrão da empresa é:
a) Desfavorável em R$45.000,00
b) Desfavorável em R$27.000,00
c) Favorável em R$27.000,00
d) Favorável em R$45.000,00

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A variação da quantidade de materiais, também chamada de variação de uso de matéria prima, é a diferença
entre a quantidade real usada e a quantidade padrão. Se foi consumida mais matéria prima que o esperado,
a variação é desfavorável. Isso poderá ocorrer por falhas e ineficiências no processo produtivo, falta de
capacitação de funcionários, material de qualidade inferior, defeito em equipamentos ou vários outros
fatores. Em qualquer caso o custeio padrão ajuda a identificar o problema.

A variação da quantidade de horas trabalhadas, também chamada de variação de eficiência de mão de obra,
é a diferença entre a quantidade real de horas trabalhadas e a quantidade padrão. Se foram gastas mais
horas que o previsto, essa variação é desfavorável. Isso pode ocorrer por diversos problemas com a força de
trabalho, tais como problemas de saúde, falta de capacitação, etc. . Também aqui o custeio padrão pode
ajudar a identificar o problema.

EXEMPLO

(Exame Suficiência – II/2012) Uma sociedade estabeleceu os seguintes padrões para sua principal matéria
prima e para a mão de obra direta:

Itens Consumo Preço


Matéria prima 2 kg por unidade R$4,00/Kg
Mão de obra 3 horas por unidade R$2,00/hora

 A produção do período foi de 5.000 unidades


 Foram utilizados 12.000 kg de matéria prima e 15.500 horas de mão de obra direta.
 O custo de mão de obra direta foi de R$29.450,00
 No início do período não havia estoque de matéria prima.
 Durante o período foram comprados 50.000 kg de matéria prima ao custo total de R$205.000,00.
Considerando os dados e a apuração de custos é correto afirmar que, em relação a quantidade:
a) Variação de matéria prima é R$1.200,00 negativa e a variação da mão de obra é R$1.550,00 positiva.
b) b) a variação da Matéria Prima é R$8.000,00 negativa e a variação da Mão de obra é R$1.000,00
negativa.
c) c) a variação da Matéria Prima é R$8.000,00 positiva e a variação da Mão de obra é R$1.000,00
positiva.
d) d) a variação da Matéria Prima é R$9.200,00 negativa e a variação da Mão de obra é R$550,00
positiva.

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A variação de preço de materiais é a diferença entre o custo real e o custo padrão da matéria prima. A
variação de preço da taxa horária da mão de obra é a diferença entre a taxa real e a taxa padrão. A variação
é considerada desfavorável quando o preço real do material dor maior do que o preço padrão. Da mesma
forma, a variação da taxa de mão de obra é considerada desfavorável quando a taxa real de mão de obra for
maior do que a taxa padrão.

Como tanto a variação de quantidade como a variação de preço são calculadas em função dos valores
padrões, a soma dessas duas variações não explica a variação total. É que haverá uma variação decorrente
do produto das variações de quantidade pelas variações de preço. É a chamada variação mista, que é um
indicador que combina as variações de preço e quantidade e é dada pela fórmula:

VARIAÇÃO MISTA = (QUANTIDADE REAL – QUANTIDADE PADRÃO) X (PREÇO REAL – PREÇO PADRÃO)

EXEMPLO:

(ENADE Contábeis, 2012) O Departamento de Orçamento da Indústria de Bebidas Figueira S.A., com base em
seus custos reais do ano de 2010, estabeleceu padrões de custos de produção que formam os custos de seu
único produto para o ano de 2011, conforme tabela a seguir.

CUSTO PADRÃO
Item Quantidade Preço Unitário
Matéria prima 2 kg R$3,00
Material Secundário 1 litro R$1,00
Mão de obra direta 2 horas R$5,00

No final do ano de 2011 foram constatados os seguintes custos reais:

CUSTO REAL
Item Quantidade Preço Unitário
Matéria prima 4 kg R$2,00
Material Secundário 1,5 litro R$2,00
Mão de obra direta 1,5 horas R$6,00

Diante das informações acerca do custo real, percebe-se que ocorreu grande variação nos custos.
Nessa situação, as variações da matéria-prima em quantidade, em preço e em quantidade e preço (mista)
foram, respectivamente,
a) $ 6 desfavorável, $ 2 favorável e $ 2 favorável.
b) $ 2 desfavorável, $ 2 desfavorável e $1 favorável.
c) $ 4 desfavorável, $ 4 favorável e $ 2 desfavorável.
d) $ 6 favorável, $ 8 desfavorável e $ 2 desfavorável.
e) $ 3 favorável, $ 0,50 desfavorável e $ 4,50 desfavorável.

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Quando a empresa utiliza o custeio por absorção será necessário definir também um padrão de custos
indiretos fixos. Nesse caso poderá ser definida uma taxa predeterminada, ou pode ser feita uma estimativa
global. O custo indireto fixo unitário é obtido a partir da divisão dessa estimativa pelo volume de produção
projetado para o período. A análise das variações dos custos indiretos fixos é a diferença entre custos fixos
planejados e o custo real.

Também em relação às vendas é possível fazer análise das variações. Normalmente são observadas
variações de preço e de volume de vendas.
A variação de preço indica a diferença entre os preços estabelecidos e os preços efetivamente praticados.
A variação do volume de vendas indica a diferença entre o volume planejado e o volume efetivamente
alcançado.

Neste caso a qualificação das variações obedecerá a uma lógica inversa à dos custos. Se a empresa vender
mais unidades que o previsto ou por um preço maior que o esperado, a variação é favorável.

EXEMPLO

(Exame Suficiência – II/2002) No primeiro semestre de 2002, as vendas orçadas de uma determinada
empresa foram de R$ 1.530.000,00 (85.000 unidades x R$ 18,00 a unidade), porém, neste mesmo período,
as vendas efetivas totalizaram R$ 1.600.000,00 (80.000 unidades x R$ 20,00 a unidade). A diferença entre as
vendas reais e as vendas orçadas devido ao fator quantidade e aos valores das vendas totais são,
respectivamente:
a) Uma redução de R$ 90.000,00 e um aumento de R$ 70.000,00.
b) Uma redução de R$ 70.000,00 e um aumento de R$ 90.000,00.
c) Um aumento de R$ 70.000,00 e uma redução de R$ 160.000,00.
d) Um aumento de R$ 160.000,00 e uma redução de R$ 90.000,00.

FONTE:

GUERRA, Luciano. Manual de Custos para o Exame de Suficiência. São Paulo: Atlas 2014.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de custos. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade de Custos. 3ª. Ed. São Paulo: Atlas, 2013.

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